história da lingüística - Universidade Castelo Branco

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VICE-REITORIA DE ENSINO DE GRADUAÇÃO E CORPO DISCENTE
COORDENAÇÃO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
HISTÓRIA DA LINGÜÍSTICA
Rio de Janeiro / 2007
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS À
UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO
UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO
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quaisquer meios - eletrônico, mecânico, fotocópia ou gravação, sem autorização da Universidade Castelo
Branco - UCB.
U n3p
Universidade Castelo Branco.
História da Lingüística. –
Rio de Janeiro: UCB, 2007.
28 p.
ISBN 978-85-86912-40-5
1. Ensino a Distância. I. Título.
CDD – 371.39
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Responsáveis Pela Produção do Material Instrucional
Coordenadora de Educação a Distância
Prof.ª Ziléa Baptista Nespoli
Coordenador do Curso de Graduação
Denilson P. Matos - Letras
Conteudista
Denilson P. Matos
Supervisor do Centro Editorial – CEDI
Joselmo Botelho
HISTÓRIA DA
LINGÜÍSTICA
Apresentação
Prezado(a) Aluno(a):
É com grande satisfação que o(a) recebemos como integrante do corpo discente de nossos cursos de graduação,
na certeza de estarmos contribuindo para sua formação acadêmica e, conseqüentemente, propiciando
oportunidade para melhoria de seu desempenho profissional. Nossos funcionários e nosso corpo docente
esperam retribuir a sua escolha, reafirmando o compromisso desta Instituição com a qualidade, por meio de uma
estrutura aberta e criativa, centrada nos princípios de melhoria contínua.
Esperamos que este instrucional seja-lhe de grande ajuda e contribua para ampliar o horizonte do seu
conhecimento teórico e para o aperfeiçoamento da sua prática pedagógica.
Seja bem-vindo(a)!
Paulo Alcantara Gomes
Reitor
Orientações para o Auto-Estudo
O presente instrucional está dividido em três unidades programáticas, cada uma com objetivos definidos e
conteúdos selecionados criteriosamente pelos Professores Conteudistas para que os referidos objetivos sejam
atingidos com êxito.
Os conteúdos programáticos das unidades são apresentados sob a forma de leituras, tarefas e atividades
complementares.
As Unidades 1 e 2 correspondem aos conteúdos que serão avaliados em A1.
Na A2 poderão ser objeto de avaliação os conteúdos das três unidades.
Havendo a necessidade de uma avaliação extra (A3 ou A4), esta obrigatoriamente será composta por todos os
conteúdos das Unidades Programáticas.
A carga horária do material instrucional para o auto-estudo que você está recebendo agora, juntamente com os
horários destinados aos encontros com o Professor Orientador da disciplina, equivale a 30 horas-aula, que você
administrará de acordo com a sua disponibilidade, respeitando-se, naturalmente, as datas dos encontros
presenciais programados pelo Professor Orientador e as datas das avaliações do seu curso.
Bons Estudos!
Dicas para o Auto-Estudo
1 - Você terá total autonomia para escolher a melhor hora para estudar. Porém, seja
disciplinado. Procure reservar sempre os mesmos horários para o estudo.
2 - Organize seu ambiente de estudo. Reserve todo o material necessário. Evite
interrupções.
3 - Não deixe para estudar na última hora.
4 - Não acumule dúvidas. Anote-as e entre em contato com seu monitor.
5 - Não pule etapas.
6 - Faça todas as tarefas propostas.
7 - Não falte aos encontros presenciais. Eles são importantes para o melhor aproveitamento
da disciplina.
8 - Não relegue a um segundo plano as atividades complementares e a auto-avaliação.
9 - Não hesite em começar de novo.
SUMÁRIO
Quadro-síntese do conteúdo programático..............................................................................................................9
Contextualização da disciplina.............................................................................................................................. 10
UNIDADE I
GRAMÁTICA
1.1 – Conceituação: o que é gramática?.........................................................................................................................11
1.2 – Gramática natural................................................................................................................................................11
1.3 – Gramática teorética................................................................................................................................................12
1.4 – Gramática descritiva, normativa (descrição e normatização)............................................................................13
UNIDADE II
LINGÜÍSTICA
2.1 – Conceituação...................................................................................................................................................17
2.2 – Lingüística e outras áreas de estudo sobre linguagem........................................................................................17
UNIDADE III
HISTÓRIA DA LINGÜÍSTICA
3.1 – A tese religiosa.................................................................................................................................................19
3.2 - Período helênico, período helenístico, a Idade Média e o Renascimento...............................................20
Glossário ......................................................................................................................................................................24
Gabarito ............................................................................................................................................................................ 25
Referências bibliográficas ................................................................................................................................................27
Quadro-síntese do conteúdo
programático
UNIDADES DO PROGRAMA
OBJETIVOS
I - GRAMÁTICA
1.1 – Conceituação: o que é gramática
1.2 – Gramática natural
1.3 – Gramática teorética
1.4 – Gramática descritiva, normativa (descrição e
normatização)
• Conceituar gramática;
• Distinguir gramática teorética de gramática
natural;
• Apresentar algumas questões relacionadas ao
ensino de gramática, nas aulas de língua
portuguesa;
• Discutir a questão sobre o que é a língua e o que
deveria ser.
II - LINGÜÍSTICA
2.1 – Conceituação
2.2 – Lingüística e outras áreas de estudo sobre
linguagem
• Conceituar Lingüística;
• Apresentar algumas interações da Lingüística com
outras ciências.
III - HISTÓRIA DA LINGÜÍSTICA
3.1 – A tese religiosa
3.2 – Período helênico, período helenístico, a Idade
Média e o Renascimento
• Apresentar um panorama histórico dos estudos
lingüísticos anteriores ao século XX.
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10
Contextualização da Disciplina
O estudo da lingüística é extremamente importante para qualquer pessoa que deseje enveredar-se pelos
caminhos da compreensão da língua. Nela, podemos encontrar muitas respostas para as várias dúvidas que se
têm desde o surgimento da escrita ou mesmo da fala.
Neste sentido, tal conteúdo é imprescindível a quaisquer estudantes da área de Letras que desejem mergulhar
nas questões da língua sob uma perspectiva científica, exploratória, descritiva. Assim, toda tentativa no sentido
de compreender a língua perpassa pelo estudo lingüístico.
Neste material, o que se pretende apresentar, de forma panorâmica, são alguns fundamentos gerais, alguns
princípios de estudo que vão nortear todo o caminho do aluno na compreensão do que seria a lingüística e,
automaticamente, a língua, porque, afinal, qualquer falante que pretenda compreender a língua, seja a língua
pátria, seja qualquer língua no mundo, vai percorrer um estudo lingüístico.
A lingüística, então, é a ciência que pretende compreender e entender os movimentos que a língua faz. O
estudo pode ser feito através de um recorte no tempo, o que chamamos de sincronia, ou ao longo do tempo, o
que chamamos de procedimento diacrônico.
Do mesmo modo, através da disciplina História da Lingüística, podemos apresentar, de forma sucinta, quais os
estudos determinantes para a compreensão da importância do estudo lingüístico em nossa área de atuação
profissional.
Esta disciplina, enfim, busca dar uma noção geral do que seria a lingüística em termos históricos, mostrando
seus conceitos fundamentais e a iniciação dos estudos lingüísticos.
UNIDADE I
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GRAMÁTICA
1.1 – Conceituação: O que é Gramática?
Antes de entrarmos no mérito da discussão sobre a
lingüística em si, convém que nesta primeira unidade
trabalhemos um tema extremamente recorrente na
maioria dos debates sobre a língua: a gramática.
Primeiro, precisamos entender que o termo gramática,
por si só, já suscita uma série de questionamentos, afinal,
a partir de um falante da língua, ou mesmo de um
estudioso, podemos ouvir várias definições para esse
termo, inclusive aquela que está presente no dicionário:
Gra.má.ti.ca s.f. 9ª) 1. Parte do estudo da língua que trata
das formas e estruturas das palavras (morfologia), de sua
disposição nas frases (sintaxe) e de cada um dos sons
elementares da fala (fonologia): quem é contra a gramática,
é contra a ordem, contra o bom senso. 2. Sistema de estrutura
e arranjo de palavras numa língua num dado tempo: a
gramática inglesa é diferente da gramática portuguesa. 3.
Sistema de regras para falar e escrever numa dada língua,
baseado no estudo da sua gramática (2): Volta e meia tenho
de lhe corrigir a gramática. 4. Livro que traz essas regras:
ter uma boa gramática na biblioteca (SACONNI, Luiz
Antonio. Dicionário Essencial, 2001).
Todavia, aqui, a nossa preocupação em abordar a
gramática é para entender o seguinte: o que seria a
gramática para um estudioso de língua portuguesa,
que é o nosso caso?
A gramática, para o senso comum, é o conjunto de
regras de uma determinada língua, assim, temos a
gramática da língua portuguesa, do alemão, do
inglês, etc.
Efetivamente, ela é concebida por muitos como uma
espécie de Bíblia Sagrada, como se fosse o grande
livro da linguagem. Muitos acreditam que através dela
somos capazes de resolver todos os problemas que
dizem respeito à língua. Esse, certamente, é o primeiro
grande mito sobre a interpretação da função da
gramática, que é muito mais do que um conjunto de
regras. Muitos estudantes acreditam ou têm a
expectativa de encontrar na gramática todas as regras
previstas numa língua.
No entanto, devido a todos os momentos em que
nos deparamos com um fenômeno novo de nossa
língua, afirmar que todas as respostas para as nossas
dúvidas sobre a língua encontram-se na gramática é,
no mínimo, uma falácia, um engodo, um engano. Por
quê?
Porque a gramática, pela sua própria natureza, é um
livro que traz um conjunto de regras de uma língua
concebida estaticamente, ela não tem como dar conta
da língua em uso, na sua mais plena funcionalidade,
ou seja, a gramática tenta registrar o que seria o uso
da língua.
Vale ressaltar que a gramática a qual nos referimos é
aquela que está na sala de aula, que está na tradição e
traz, conforme Bechara (2001:51), “a forma eleita entre
as várias formas de falar que constitui a língua
histórica”. Assim, essa gramática, que é normativa,
colabora para manter o registro exemplar de uma língua,
repelindo variações não previstas. Porém o uso,
representado pela língua funcional, permite que a
comunicação continue acontecendo – emissor e
receptor em franca interação –, independentemente
do registro padrão.
Convém esclarecer que, embora questionemos a
gramática tradicional, não pretendemos desprezar seu
papel e utilidade. Vale recordar Mattoso Câmara (1976:
15), que afirma:
A gramática normativa tem o seu lugar e não se anula (...).
Mas é um lugar à parte, imposto por injunções de ordem
prática dentro da sociedade.
Resumindo:
Gramática é, na sua concepção primária, um livro que
traz as regras para escrever bem. A que estamos
acostumados a tratar é a normativa: nela estão as regras
concebidas, consagradas, admitidas, exemplares.
1.2 - Gramática Natural
Diante do exposto em 1.2, podemos afirmar que o
falante se relaciona e estabelece contato comunicandose indistintamente, e nem por isso pode-se dizer que
um analfabeto, por exemplo, se comunica pior do que
um letrado só porque não domina as regras gramaticais.
Então, o primeiro desejo que temos aqui é o de
desmistificar essa concepção do que seria a gramática.
Vamos tentar entender a gramática sob outro prisma,
entendê-la como um estudioso da língua. Inicialmente,
12
precisamos saber que há uma gramática que é natural,
isto é, qualquer língua possui um conjunto de regras
gerais de como estruturar as palavras para que estas
tenham algum sentido. Essas regras acontecem em
diversos níveis. Não podemos, em português, por
exemplo, considerar possível a frase:
“Alegre comprou menino bola o”.
Do mesmo modo, não podemos terminar palavras
com a letra P.
Ou ainda dizermos, em linguagem denotativa,
“Preciso por livro com estudar”, desconsiderando que
tais palavras (por e com) não estão previstas na ligação
das outras (preciso, livro e estudar).
É provável que a maioria das pessoas corrija essa
combinação estranha e diga que o correto deve ser:
“Preciso de um livro para estudar”, para manter a
gramaticalidade. Segundo Garcia (2003: 33):
Dentro da liberdade de combinações que é própria da fala ou
discurso – liberdade que permite a cada qual expressar seu
pensamento de maneira pessoal, sem ter de repetir sempre,
servilmente pela gramática, limites que impedem invenção
de uma nova língua cada vez que se fala. Nossa liberdade de
construir frases está, assim, condicionada a um mínimo de
gramaticalidade – que não significa apenas nem
necessariamente correção (há frases que, apesar de, até certo
ponto, incorretas, são plenamente inteligíveis). Carentes da
articulação sintática necessária, as palavras se atropelam,
não fazem sentido – e, quando não há nenhum sentido
possível, não há frase mas apenas um ajuntamento de
palavras. “Cada qual é livre para dizer o que quer, mas sob a
condição de ser compreendido por aquele a quem se dirija. A
linguagem é comunicação, e nada é comunicado se o discurso
não é compreendido. Toda mensagem deve ser inteligível”,
diz Jean Conhen (Structure du langage poétique, p.105-6).
Assim, a escolha, a seleção e a combinação de
palavras ocorrem de forma natural.
Porque é da natureza do falante, o qual é capaz de produzir
textos legíveis, compreensíveis graças a sua competência
lingüística, isto é, a partir de sua gramática natural.
Para reforçar o conceito, imaginemos os exemplos:
Uma criança abre a porta de casa, ao retornar do
colégio, e diz para sua mãe:
– Mamãe, eu “di” meu boneco.
Mesmo não conhecendo os paradigmas do verbo
(pretérito perfeito do indicativo), a criança sabe que
está falando de algo no passado, e, certamente, sua
mãe vai entender que o boneco que ela comprou para
ele com todo o carinho não está mais com ele, porque
ele deu para algum colega de classe.
Do mesmo modo, quando uma criança diz:
- Fulano é “roubador”.
Embora tal palavra não esteja dicionarizada, mesmo
assim todos vão entender que “roubador” é aquele
que rouba.
Os dois exemplos acima servem para demonstrar que:
se por um lado temos um problema de correção
gramatical ou problema no uso do registro padrão, em
termos de gramática normativa, de forma alguma isso
se dá em termos de gramática natural.
Resumindo:
Regras de gramaticalidade, inerentes a qualquer
língua, são dominadas pelos seus falantes e isso se dá
de forma natural, logo esse conjunto de regras é
chamado de gramática natural.
É natural por quê?
1.3 - Gramática Teorética
Junto à gramática natural, num patamar inferior, vem o
que chamamos de gramática teorética. O que seria isso?
A gramática teorética é exatamente o que o próprio
nome diz, é uma gramática teórica, ou seja, é uma
tentativa de entender o que seria a gramática natural.
Assim, toda vez que tentamos, por exemplo,
compreender por que vem uma preposição antes e não
outra, por que colocamos o verbo conjugado dessa
maneira e não de outra, num modo e não em outro, é
porque se está buscando teorizar o que acontece na
gramática natural. A gramática teorética seria, na
verdade, o próprio procedimento teórico gerado a partir
da gramática natural.
Poderíamos dividi-la em três grandes grupos:
• Gramática descritiva
• Gramática normativa
• Gramática produtiva
Gramática Natural
Gramática Teórica
Gramática Prescritiva
Gramática Descritiva
Não vamos tratar da gramática produtiva agora,
pois ela está muito voltada à questão da
gramática gerativa, a qual pertence a outras
discussões que faremos em momentos
posteriores, quando já tivermos aprofundado
nossos conhecimentos sobre a lingüística. Há
quem proponha uma divisão da gramática
normativa, por incursão metodológica, a saber:
teórica e pedagógica.
Finalmente, como complemento dessa última exposição,
pode-se afirmar que, sobretudo no que concerne ao conceito
de gramática normativa, é possível ainda arriscar um
desdobramento que resulte na ocorrência de dois outros
tipos de gramática: a normativa pedagógica, que não são
senão os célebres manuais didáticos, isto é, livros preparados
com a clara intenção de adoção em sala de aula, por isso
mesmo com apresentação de exercícios após a lição
teórica; e a normativa teórica, aquela que, sem uma explícita
intenção didática, procura registrar regras e preceitos
voltados para o uso supostamente correto de um
determinado idioma, a partir de uma variante culta que se
constitui, assim, na norma padrão da língua (SILVA,
2006:04).
1.4 - Gramática Descritiva, Normativa (Descrição e
Normatização)
Concentrar-nos-emos na gramática normativa e na
gramática descritiva, que poderiam ser resumidas em
duas frases básicas:
1- A gramática descritiva diz ou demonstra ou
apresenta a língua como ela é.
2- A gramática normativa, também chamada de
prescritiva, diz como a língua deveria ser.
Vejamos o que se pode falar e/ou exemplificar sobre
tais frases:
Para entender a primeira, podemos apresentar o
seguinte exemplo:
Ao registrar a fala de duas pessoas que moram no
interior do Brasil, no nordeste ou sertão da Paraíba,
somos capazes de perceber e identificar o registro que
está sendo usado ali. Não apenas o sotaque, mas os
diversos usos que são feitos pelos falantes,
verificando que estruturas participam desta frase e
não daquela, que verbos são normalmente usados
neste caso e que em outro são usados diferentemente,
etc. Essa é a tarefa da gramática descritiva, ela vai
descrever efetivamente como a linguagem é produzida,
não importando a questão do certo ou do errado. E
por quê? Porque o que importa é o uso, é a realidade,
é o que está de fato acontecendo.
Por outro lado, nós temos a gramática prescritiva, o
próprio nome já diz: prescreve, então é uma gramática
em que se prescreve como o uso deveria ser.
Ora, essa tentativa de tentar entender a gramática,
registrar e estabelecer moldes é da natureza da
gramática normativa, com a qual lidamos na sala de aula.
Foi essa gramática que chegou até nós no colégio, por
causa dela disseram que não podemos fazer usos do
tipo: “agente vamos”, “nois mermo” ou “houveram
reclamações na assembléia”. Porque isso seria um erro,
seria uma prova do desconhecimento da língua.
Todavia Evanildo Bechara (2001) diz algo muito
importante na sua última versão da gramática, da
editora Lucerna: existe aquilo que é exemplar, aquilo
que é aceito, aquilo que é admitido.
Há de distinguir-se cuidadosamente o exemplar do correto,
porque pertencem a planos conceituais diferentes. Quando
se fala do exemplar, fala-se de uma forma eleita entre as
várias formas de falar que constitui a língua histórica, razão
por que o eleito não é nem correto nem incorreto.(...) modo
exemplar pertence à arquitetura da língua histórica, enquanto
o correto (ou incorreto) se situa no plano da estrutura da
língua funcional. Cada língua funcional tem sua própria
correção à medida que se trata de um modo de falar que
existe historicamente (BECHARA, 2001: 51-52).
Ainda segundo Bechara (2001: 38), “o sucesso da
educação lingüística é transformar [o falante] num
poliglota dentro de sua própria língua nacional”. Essa
frase expressa exatamente nossa discussão principal
na introdução dos estudos da lingüística, isto é, até
que ponto importa apenas o conhecimento das regras
da gramática normativa para se viver em sociedade.
Por outro lado, nós temos uma gramática teorética,
que identifica, entende, compreende, registra e
descreve o que seria a gramática natural. É óbvio que
qualquer exercício teórico que se faça em direção a
algo que está em pleno funcionamento e é dinâmico
ficará aquém do elemento primeiro: o natural.
13
14
Por isso é ingenuidade achar que o domínio, mesmo
que pleno, de uma gramática normativa, por exemplo,
possa resolver todas as nossas necessidades
lingüísticas e sociais.
do mesmo modo, também não iríamos a um casamento
vestidos de biquíni (pelo menos por enquanto).
Um professor desavisado, iniciante, que coloca
debaixo do braço uma gramática (Celso Cunha, Rocha
Lima ou mesmo a do Evanildo Bechara), com todas as
regras decoradas, e sai pela rua ou vai para sala de
aula achando que sabe tudo de língua, está
redondamente enganado. Essa consciência do engano
também seria, entre tantas outras, uma grande
contribuição para os estudos lingüísticos. Por quê?
Dois amigos, andando pela rua, conversando,
distraídos. A poucos metros, dois buracos da
CEDAE (Companhia Estadual de Águas e Esgotos)
de aproximadamente 2 metros, sem tampa. Cada
buraco na direção de cada um dos amigos. Como
estão distraídos, não percebem os buracos e caem
dentro deles. O primeiro, grita:
- Alguém poder-me-ia salvar!!!!
O segundo grita:
- Socorro!!!!!
Porque começamos a entender que o domínio da língua
necessariamente não está associado à compreensão do
domínio de uma regra. Se você não tem consciência do
uso e da importância da regra de uma língua, não adianta
conhecer ou decorar essa regra, pois ela não será
suficiente para dar conta de todas as suas necessidades
comunicativas, sociais e lingüísticas. Assim, a gramática
normativa é apenas uma tentativa de registrar, de forma
estática, algo que está em pleno funcionamento: a língua.
A língua está sempre em funcionamento porque
enquanto está em uso, está funcionando e enquanto
está funcionando, é quase que impossível amarrar o
seu movimento. E esse não deve ser o desejo de um
professor de língua portuguesa.
Então qual deve ser nosso principal desejo como
profissionais de língua portuguesa?
Apresentar ao aluno a língua como ela é. Cada aluno
que chega a um colégio, a uma escola, traz consigo a
sua realidade lingüística. Nós, professores, devemos
entender que cada um tem a sua própria gramática,
sua própria competência lingüística, a sua própria
maneira de se comunicar, e que o fato de usar gíria, ou
uma concordância errada não faz com que o aluno
deixe de ser um falante eficiente de sua língua.
O que não podemos perder de vista, e Evanildo
Bechara diz isso magistralmente, é que devemos ser
poliglotas em nossa própria língua, ou seja, devemos
ser capazes de lidar com as realidades lingüísticas, sejam
elas quais forem, conforme o momento social, o contexto
social. Bechara (2001), em suas palestras, exemplifica
dizendo que não iríamos à praia de terno e gravata para
tomar banho de sol numa cadeira, numa espreguiçadeira,
Outro exemplo:
Pergunta:
• Quem será atendido?
Provavelmente, a resposta será o segundo. E por quê?
Porque tudo depende do momento, devemos estar
prontos para fazer o uso lingüístico adequado a cada
situação social. Afinal, qual a utilidade da mesóclise
numa situação como essa?
Por outro lado, numa entrevista para emprego ou
algo parecido, talvez o uso da mesóclise dê mais certo.
Certas situações esperam um tipo de registro
lingüístico mais formal.
Num outro extremo, como um falante não nativo
poderia aprender a língua de outra pátria senão através
da modalidade padrão? Como se poderia estudar,
aprender uma língua se não tivéssemos um parâmetro?
Por isso em nossa perspectiva, não abandonamos a
gramática normativa, só não a consideramos única, a
melhor, ou a forma exclusiva de se comunicar bem. Ela
não trata de certas questões do discurso, certas
questões do uso, não é esse o seu papel. O erro, na
verdade, não está na gramática em si, o problema está
em como é ensinada.
Resumindo:
Devemos ser poliglotas em nossa própria língua, ou
seja, conhecer o registro padrão, o exemplar e ter conta
da importância de conhecer também a maior quantidade
possível de registros.
Texto Complementar
Com o intuito de auxiliar a leitura do tema central
desta unidade, segue um recorte da obra Pequeno
manual de lingüística geral e aplicada, de Senna
(1991, passim: 7, 8 e 9):
“Existem alguns termos que qualquer ser humano
ocidental já deve ter pronunciado pelo menos umas
mil vezes. Considere, por exemplo, palavras como
‘coca-cola’, ‘macarronada’, ‘lâmpada’, ‘carro’,
‘sapato’. Não existe quem não saiba o que significam
estas palavras ou a que o falante se refere ao empregálas como essas outras já citadas, mas cujo significado
nem sempre é igualmente transparente e comum a
todos os falantes. É o caso, por exemplo, de ‘síndrome’,
‘utopia’, ‘instituição’, ‘engajamento’ ou, até mesmo,
‘gramática’. Experimente reunir um grupo de
estudantes, professores de língua portuguesa e
pesquisadores de lingüística e, em seguida, perguntarlhes o que cada um entende por ‘gramática’. Você vai
observar tantas e tão diferentes respostas, que acabará
por concluir que se trata de alguma coisa próxima do
indefinível. Mais do que isso: vai se perguntar como é
que as pessoas conseguem entender quando falam de
gramática, já que cada uma considera um objeto tão
diferente.
Nem sempre a ambigüidade do termo ‘gramática’ é
evitável e, por esta razão, achei conveniente abrir este
manual com a apresentação dos objetos que são
representáveis através da mesma palavra:
GRAMÁTICA. São basicamente cinco as
possibilidades de emprego desse. Vou apresentá-las
comentando algumas das definições mais comuns entre
diferentes autores que representam, respectivamente,
diferentes linhas de abordagem da questão gramatical.
A primeira e mais concreta das definições de
‘gramática’ é a que a tomo como ‘livro onde se expõem
as regras da linguagem,’ (FERREIRA, 1986: 862). Todos
nós temos esta interpretação de gramática
internalizada no léxico e a manifestamos através de
sentenças como ‘comprei uma gramática nova’ ou
‘preciso encapar esta gramática, porque ela está toda
despencada’. Nem todo livro que trata de fatos da
língua ou de sua descrição é chamado de gramática.
Este livro, por exemplo, trata destes assuntos, mas
nem eu nem ninguém mais o chamaria de gramática,
porque ele não apresenta certas características
específicas. É muito vaga a consciência que temos
acerca destas características. Talvez, o próprio Aurélio
Buarque de Holanda Ferreira nos esclareça estas
características em uma segunda definição, que diz:
‘estudo ou tratado dos fatos da linguagem falada e
escrita, e das leis naturais que regulam’ (FERREIRA,
Id: Ibd). Esta definição já introduz um argumento novo
à gramática: a noção de que se refere a um tipo de
estudo ou ciência.
A gramática enquanto ciência tem duas leituras possíveis,
que não devem se confundir. A primeira delas foi
predominante durante séculos e, ainda hoje, pode ser
encontrada na fala de muitos professores. Enéas de Barros
assim a resume: ‘considerados os seus étimos, gramática é
a ciência da escrita que abrange, com suas regras, todos os
que usam as letras para ler e escrever’ (BARROS, 1985: 24).
Esta definição coloca em evidência o caráter prescritivo,
dominante nas gramáticas destinadas ao ensino.
Outra concepção da gramática enquanto ciência
deriva de Saussure, já no início deste século. Para
Saussure, a gramática tinha uma abrangência muito
maior do que a que seus seguidores lhe concederam a
partir de então.
A definição apresentada por ele é muito simples:
‘estudo de uma língua examinada como sistema de
expressão’, (SAUSSURE, 1922: 156). A esta definição,
que já não mais trata de ‘língua escrita’ e ‘regras
normativas’, seguiram-se muitas outras. A maioria
delas, porém, deixa de enfatizar a relação entre realizado
e a análise da língua como ‘sistema de expressão’.
Vejamos algumas:
I- ‘Estudo de uma língua, em particular das estruturas
morfológicas e sintáticas’ (DUBOIS, 1980: 581).
II- ‘... é o estudo dos morfemas, ou morfologia, e dos
processos de estruturação do sintagma’ (CÂMARA
JR., 1977: 130).
III- ‘Gramática é... o estudo das estruturas lingüísticas
em plano sincrônico’ (AZEVEDO F., 1975: 16).
Nestas três definições a gramática assume que seu
objetivo são fatos gramaticais da língua (morfológico e
sintáticos), distanciando-se assim da amplitude designada
por Saussure quando fala de ‘sistema de expressão’.
Verifica-se em (III), acima, uma proposição derivada de
Saussure, acerca da impossibilidade conceitual de
existirem gramáticas históricas ipso facto. Estudos
diacrônicos são leitura de diversos estágios sincrônicos
de uma mesma língua. Portanto, estas gramáticas são, na
realidade, compostas por comparações de diversas
gramáticas da língua, cada qual relacionada a um
determinado estágio de seu desenvolvimento.
Seguem-se estas definições que apresentam a
gramática como um tipo de estudo, outras definições
que a tornam como um objeto em si mesmo. Nestas
concepções a gramática ganha vida própria e autônoma
do lingüista que a analisa, constituindo, assim, um
objeto de investigação e não o produto dela. Exemplo
disto é a definição de Francisco Borba: ‘em sentido
amplo, sistema finito de regras que determina uma
língua, isto é, conjunto de princípios responsáveis pela
sua organização’ (BORBA, 1976: 56).
Proponho, então, que um quarto tipo de definição de
gramática seja aquele em que se admitam duas das
definições mais comuns e sujeitas à ambigüidade. É o
que se vê em ‘usamos o termo gramática com uma
ambigüidade sistemática. De um lado, o termo se refere
à teoria explícita construída pelo lingüista e proposta
como uma descrição da competência do falante. Do
outro lado, usamos o termo para referir à própria
competência’ (CHOMSKY et HALLE, 1968:03).”
15
16
Desta feita, esta unidade pretendeu acabar com o
mito de que a gramática não deve ser ensinada, muito
pelo contrário, a gramática deve ser ensinada, o que
não se pode é achar que o domínio de uma regra
gramatical vá determinar o domínio de uma língua, ou
seja, domínio da capacidade de se comunicar
eficientemente em sociedade.
Exercícios
1 - Defina o que é gramática natural.
2 - Defina o que é gramática teorética.
3 - Distinga, em poucas palavras, a gramática descritiva da gramática normativa.
4 - O que fazer com um aluno que chega à sala de aula cometendo vários erros de ortografia, de concordância,
de vocabulário? A partir do que foi exposto nesta unidade, devemos entender que esse aluno fala errado, que
esse aluno precisa aprender a falar corretamente ou que sugestão você daria como professor de língua portuguesa?
Atividade Complementar
Fazer uma pesquisa na Internet ou em bibliotecas e escolher um dos livros sugeridos a seguir. Escolhida a obra,
fazer fichamento.
Sugestões bibliográficas para o fichamento:
SENNA, Luís A. G. Pequeno manual de lingüística geral e aplicada. Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1991.
ROBINS, R. H. Pequena história da lingüística. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1979.
CÂMARA JR., Joaquim Mattoso. Princípios de lingüística geral. Rio de Janeiro: Acadêmica, 1973.
COSERIU, Eugênio. Lições de lingüística geral. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1980.
Ou quaisquer obras que versem sobre a “história da lingüística” ou “a evolução do pensamento lingüístico.”
UNIDADE II
17
LINGÜÍSTICA
2.1 – Conceituação
Pode-se defini-la como:
• Ciência da linguagem verbal que tem no lingüista
aquele que se dedica a esse estudo.
Podemos dizer que a lingüística é uma ciência nova
que data do século XX, mais precisamente com o
surgimento dos estudos de Ferdinand Saussure. Foi
nesse período que a lingüística passou a ser
reconhecida como uma ciência, principalmente a partir
da obra Curso da Lingüística Geral que data do ano
de 1916.
Diz-se que essa obra foi, na verdade, resultado de
uma série de anotações dos alunos de Ferdinand
Saussure, conforme Pimenta-Bueno (2004:113), “o
Cours de Linguistic Générale não foi escrito de
próprio punho, mas sim por três ex-alunos seus: Albert
Riedlinge (1870-1946), Albert Sechehaye (1865-1947) e
Charles Bally (1865-1947).”
Há uma discussão a respeito dessa afirmação, vários
estudos têm sido feitos e há algumas contestações.
Certos estudiosos concordam, outros não, mas
independente da autoria em si, a motivação veio de
Ferdinand Saussure, e isso não se discute. O que se
discute, às vezes, é: até que ponto Saussure participou
ou não de tudo o que está escrito no Curso de
Lingüística Geral. Todavia isso realmente não tem
muita importância para nossos estudos, pois o que
importa é o valor científico de tudo que se gerou a
partir dele, “nas palavras de Lepschy (1998:01) foi
talvez o texto mais influente em lingüística, pelo menos
até a publicação da obra de Chomsky (1967)”
( PIMENTA-BUENO, 2004:119).
Assim, estabeleceu-se a lingüística como ciência,
mas, conforme veremos na unidade III, os estudos
lingüísticos já aconteciam há muito tempo, bem
anterior à sua consagração como ciência.
2.2 – Lingüística e Outras Áreas de Estudo Sobre
Linguagem
De fato, a lingüística, logo após seu estabelecimento
como ciência, começou a alçar vôos a partir de vários
estudos que foram feitos desde então. No começo,
seja por uma frente européia, seja por uma frente
americana, os estudos lingüísticos foram seguindo até
o ponto em que chegamos hoje, passando pelo préestruturalismo saussureano ou Escola Estrutural
Norte-Americana de Bloomfield (1933), ou pelo Círculo
Lingüístico de Praga (CLP), ou pela teoria gerativa de
Chomsky, e por tantos outros estudos importantes,
inclusive os mais recentes sobre o funcionalismo,
demonstrando o tamanho e da importância dessa
ciência tão nova.
Vemos a lingüística se estabelecendo como um
estudo extremamente importante, acessível,
interessante e utilizado por outras ciências,
como a psicolingüística, a neurolingüística, a
p r ó p r i a so c i o l i n g ü í s t i c a e a so c i o l o g i a d a
linguagem. Estas duas últimas perpassam pela
concepção da língua em uso, da linguagem em
sociedade. E tantas outras que já vêm
trabalhando com os conceitos da lingüística ou
dos estudos lingüísticos para a formulação das
teorias de outras ciências num processo que a
Pedagogia chama de interdisciplinaridade.
A pesquisa lingüística é feita por muitos especialistas
que, geralmente, não concordam harmoniosamente sobre
o seu conteúdo. Russ Rymer disse, ironicamente, que:
A lingüística é a parte do conhecimento mais fortemente
debatida no mundo acadêmico. Ela está encharcada com o
sangue de poetas, teólogos, filósofos, filólogos, psicólogos,
biólogos e neurologistas além de também ter um pouco de
sangue proveniente de gramáticos (RYMER, apud
FAUCONNIER & TURNER, 2002: 353).
Podemos afirmar com tranqüilidade que a lingüística
tem papel preponderante numa série de estudos que
ocorrem hoje sobre língua/linguagem. Por exemplo, as
pesquisas lingüísticas que vão desde o próprio estudo
da forma, da palavra, do sentido e vão até as relações
sociais através dos aspectos da conversação, do
discurso; das questões com texto escrito e falado.
Em suma, a lingüística hoje é um espaço aberto para
vários estudos sobre a linguagem, seja a partir de
nossa língua ou a de quaisquer nações do mundo.
18
Na atualidade, um profissional das Letras não pode,
em hipótese alguma, desconsiderar a importância da
lingüística para suas pesquisas e sua formação
profissional.
Exercícios
Responda às questões a seguir:
1 - Quem foi Ferdinand Saussure?
2 - Defina o que é lingüística.
3 - Cite duas ciências que estejam relacionadas à lingüística.
4 - Em sua opinião, qual a importância da lingüística para o professor de língua portuguesa?
Atividade Complementar
Faça a leitura do livro Curso da Lingüística Geral, de Ferdinand Saussure, com o objetivo de começar a
entender os estudos lingüísticos a partir desse autor.
UNIDADE III
19
HISTÓRIA DA LINGÜÍSTICA
A partir de todas as discussões que já foram feitas até
aqui, vamos mais pontualmente tratar da História da
Lingüística propriamente dita, ou seja, vamos ver desde
o surgimento das primeiras análises e pesquisas sobre
o estudo da língua até o que há de mais moderno.
Convém salientar, entretanto, que nossa perspectiva
é panorâmica, vamos apenas apontar os caminhos
para que, posteriormente, você possa aprofundarse no estudo.
3.1 – A Tese Religiosa
Vale dizer que um dos pontos mais interessantes desse
estudo é entender que a lingüística (os estudos
lingüísticos) se sustentou, inicialmente, pelo que
chamamos de Tese Religiosa I.
Embora essa concepção tenha sua origem na
antiguidade, ainda se vê hoje algumas conotações
religiosas impregnando certas culturas, no que se refere
à língua/linguagem. Por exemplo, quando se fala de Bíblia
Sagrada, diz-se que é a palavra de Deus, ou seja, a
concepção de que a língua está associada ao divino1 ou
a algo supremo maior de que o próprio homem não foi
totalmente perdida.
Desde o mito até as mais elaboradas especulações filosóficas,
levantou-se, sempre, o problema da origem da língua (...). As
crenças e as religiões atribuem essa origem a uma força divina,
aos animais e a seres fantásticos que o homem teria imitado
(KRISTEVA,1969:61).
Vejamos especificamente a Tese Religiosa no que
consideramos interessante: esse é o período em que o
domínio de uma determinada língua, a capacidade de se
conhecer a língua, dava àquele que tinha esse domínio
uma espécie de pureza, uma espécie de capacidade
superior aos outros, e isso desde os Hindus.
Os indianos, muito tempo antes de Cristo, tentavam
explicar o funcionamento da sua língua – o sânscrito.
Os Vedas (os quatro textos em sânscrito que formam a
base do extenso sistema de escrituras sagradas do
hinduísmo, que representam a mais antiga literatura de
qualquer língua indo-européia) e os Bramanas
(compreendem tratados que se reportam ao sacrifício e
justificam-lhe as complicadas minúcias, quer pela
etimologia, quer por lendas sobre os deuses. Devem ter
sido compostos entre os anos 800 e 600 antes da era
cristã) são textos que confirmam como os estudos
lingüísticos são antigos. Toda a cultura era repassada
oralmente de geração em geração através dos
sacerdotes, os quais detinham o domínio sobre tais
escrituras sagradas. Todavia, com o passar dos anos,
1
por uma questão inerente à modalidade oral, alguns
sons vocais foram perdidos, o que representava um
problema, pois os religiosos acreditavam que a
utilização incorreta dos sons poderia provocar a
insatisfação dos deuses e toda a cerimônia seria
invalidada.
Em conseqüência, os sacerdotes, por uma
motivação totalmente religiosa, começaram a
estudar os sons vocais e as formas do sânscrito,
objetivando reconstruir a língua desde os tempos
mais remotos.
Esse procedimento de tentar remontar um
determinado dialeto ou língua, seguindo um percurso
através do tempo, historicamente, já denunciava um
procedimento de pesquisa lingüística que se faz
atualmente.
Veja o que diz Maurice Leroy (1971: 17):
Os Hindus
Foi por motivos religiosos que os antigos hindus
foram inicialmente levados a estudar sua língua.
Importava, com efeito, que os textos sagrados,
reunidos no Veda, não sofressem alteração alguma
no momento de serem cantados ou recitados durante
os sacrifícios, de onde o esforço feito para conserválos na sua pureza primitiva. Depois, os gramáticos
hindus – dos quais célebre é Pãnini (cerca do século
IV a.C.) – dedicaram-se ao estudo do valor e do
emprego das palavras e fizeram de sua língua, com
precisão e minúcia admiráveis, descrições fonéticas
e gramaticais que são modelares no gêneros; por
muito tempo esquecidas, foram elas descobertas
pelos sábios ocidentais nos fins do século XVIII e
constituíram o ponto de partida indispensável à
criação da gramática comparada.
É interessante conceber esse aspecto porque muito tempo se passou e muitos ainda hoje consideram a língua algo que vem de
Deus. Ninguém pretende aqui estabelecer uma discussão religiosa a respeito de nossas crenças sobre a origem da língua, todavia
para uma ciência esta perspectiva seria insustentável.
20
Mas eram estudos puramente estáticos, relativos
apenas ao sânscrito, efetuados, ademais, por
homens totalmente desprovidos de senso histórico,
de acordo com o gênero próprio da Índia, pelo que
se limitavam a classificar os fatos sem procurar-lhes
a explicação.
3.2 - Período Helênico, Período Helenístico, a
Idade Média e o Renascimento
Ao longo de todo o percurso dos estudos lingüísticos,
passando pelos gregos, pela Idade Média, vemos que,
por vezes, os estudos vão transitar pelo mote filosófico
ou mesmo religioso. Entretanto, na Idade Média,
conseguimos perceber uma concepção mais próxima
da pesquisa lingüística que temos hoje.
Não desconsideramos, é claro, que todo estudo,
inclusive o do período da Tese Religiosa, é importante
para que possamos entender a evolução do
pensamento lingüístico.
Assim, prosseguindo com a nossa visão panorâmica
sobre os estudos lingüísticos, abordaremos o período
dos estudos realizados pelos gregos. Esse período
pode ser dividido em duas fases: o período helênico e
o helenístico. “Esses dois períodos são,
respectivamente, associados ao apogeu e ao declínio
da civilização grega” (SENNA, 1991: 16).
Podemos dizer que se avançou pouco no que diz
respeito às línguas não gregas, tidas por eles como
bárbaras, sem importância. Isso fez com que os estudos
lingüísticos desse período se concentrassem
especialmente na língua grega. Dessa forma, o período
helênico caracteriza-se por privilegiar a questão da
significação no interior da linguagem: o que é
significativo na linguagem e como a significação se dá.
Veja o que diz Maurice Leroy (1971:18) sobre os
estudos lingüísticos a partir dos gregos:
Os gregos não deixaram de sua língua nenhuma
descrição comparável à dos Hindus e, por outro lado,
pode parecer estranho que este povo tão amante da
História, tão apreciador de anedotas, não nos tenha
quase legado informações válidas sobre os falares
das populações com as quais esteve em contato;
Heródoto, que nos transmitiu tantos pormenores
preciosos sobre os numerosos países por onde viajou,
não achou necessário fornecer a mínima observação
acerca da língua de seus habitantes. E, entretanto,
grande número de gregos – marinheiros, colonos,
soldados – tiveram de aprender línguas estrangeiras,
mas os conhecimentos transmitidos pelos intérpretes
se perderam: sobreviveram apenas algumas
mesquinhas indicações, recolhidas sem ordem nem
método, por um outro lado escoliasta ou lexicógrafo.
É que, na realidade, os helenos, imbuídos de suas
tradições e convencidos, não sem razão, de sua
superioridade intelectual, consideravam com
desprezo essas línguas estrangeiras, que só
consistiam em estudar por motivos práticos; o termo
“bárbaro” – palavra imitativa que designava,
originalmente, o pipilar dos pássaros –, que
aplicavam indistintamente a toda língua estrangeira,
por que lhes era tão inelegível quanto o gorjeio dos
alados, adquiriu rapidamente, entre os gregos, valor
pejorativo; a antítese heleno/bárbaro, que se tornou
uma das constantes do pensamento grego, fez passar
despercebidas as semelhanças evidentes que certos
idiomas vizinhos apresentavam com o grego, e o
exército de Alexandre Magno voltou das fronteiras
da Índia sem trazer consigo a revelação do sânscrito.
Vale ressaltar a importância de Aristóteles, pois suas
pesquisas dariam margem a reflexões sobre a
linguagem, na direção da constituição da gramática.
Durante muito tempo se concebeu que a linguagem
ou a língua grega era uma marca de poder, uma marca
de identidade2, o que hoje não é muito diferente, mas
naquela época isso era levado às últimas
conseqüências. Qualquer realização da língua grega
que representasse uma variação era tida como
deformação, principalmente no período helenístico.
Para o grego, no período helenístico, que é o período
mais expressivo para representar esse momento
histórico, em que a língua grega deveria ser perfeita,
correta, de acordo com os cânones da Grécia, podemos
afirmar que a noção de correto é tão forte que qualquer
uso diferente, qualquer variação, qualquer mudança
era tida como defeito, como algo que deveria ser
expurgado, expelido do convívio social.
2
Um país que respeita a língua e entende que ela é marca da sua identidade constrói uma cultura muito mais forte. Por isso, talvez
no nosso país a língua portuguesa, cada vez menos prestigiada, demonstre o valor e a importância da identidade do nosso país.
Se observarmos os norte-americanos, veremos que o inglês é uma língua respeitada e talvez seja isso esteja faltando para o nosso
povo. Não é por acaso que a dificuldade com a língua portuguesa tem sido para nós algo crônico, algo que está sempre presente
nas nossas aulas, sejam elas para alunos de Letras, para alunos da área da saúde, para área de ciências sociais, etc.
Essa característica, que a nossa gramática normativa
herdou, ainda hoje pode ser verificada, pois o que é
correto sempre é aquilo que está previsto nos
cânones, desvalorizando o aspecto da variação, que
é com certeza a forma mais produtiva de observar a
língua e suas mudanças.
No que diz respeito à Idade Média e ao
Renascimento, Pimenta–Bueno (2004) resume de
forma bastante eficiente o que de mais urgente
precisamos saber sobre esses dois momentos, no que
diz respeito aos estudos lingüísticos:
Ao longo da Idade Média, os estudos lingüísticos
continuam a ser realizados sob a dominância das
concepções da Antigüidade Clássica.
A influência do alexandrino Dionysius da Trácia e
do quadro gramatical por ele elaborado perdura nos
estudos acerca da linguagem, não apenas por toda a
Idade Média, mas também durante a Renascença
(séculos XIV a XVI) e até mesmo depois desta.
Contudo, a influência de Dionysius da Trácia se
faz sentir não diretamente, mas sim por meio das
gramáticas didáticas elaboradas pelos latinos
Donatus e Priscianus, que retomaram os estudos de
Dionysius da Trácia como modelo. As gramáticas
elaboradas na Idade Média, via de regra, seguiram
as gramáticas de Donatus e Priscianus, embora
tenha havido, na época, a elaboração de
gramáticas simplificadas, especificamente
destinadas a facilitar o aprendizado do latim por
parte de principiantes.
Ainda em Pimenta–Bueno:
Os estudos lingüísticos realizados na Renascença eram
nitidamente subsidiários ao propósito pragmático maior
que se tinha, na época, de tornar a literatura clássica
acessível, o que, novamente, dava um cunho utilitarista,
didático às gramáticas então elaboradas. Seu objetivo
era o de facilitar o aprendizado do latim clássico, de
modo a possibilitar o acesso à leitura clássica.
Sob esse aspecto, então, vemos repetir-se, aí, o que
já havia dado com o grego na fase alexandrina dos
estudos lingüísticos: a elaboração da gramática do
latim não visava tanto o conhecimento científico da
estrutura dessa língua, mas sim a facilitação de seu
aprendizado, como uma segunda língua, de modo a
possibilitar o acesso à literatura clássica a nãofalantes nativos do latim (na Idade Média), como
ocorrera antes com o grego (na época helênica).
Contudo, há uma novidade marcante nos estudos
lingüísticos empreendidos na Renascença: o interesse e
o nacionalismo emergente, decorrente da recente
formação dos estados monárquicos de cunho nacional
e, ainda, entre tal interesse e o deslocamento das
pretensões imperiais das elites dominantes européias
para o âmbito das colônias recém-descobertas, sobretudo
no novo mundo, com sua riqueza lingüística própria (...).
No que tange ao português, a primeira gramática
publicada foi a de Fernão de Oliveira, entitulada
Gramática de Linguagem Portuguesa (1536). Logo
após, publicou-se a gramática de João de Barros
(1540) (IBIDEM: passim 52 - 54).
Ao longo de toda a Idade Média, o latim clássico,
mesmo sendo uma língua estrangeira, a ser
aprendida como segunda língua na escola, era a
língua do ensino, da erudição, além de ser a língua
das relações diplomáticas e a língua usada pela
Igreja em suas atividades, no que concerne à Europa
Ocidental. Já na Europa Oriental, a influência da
língua grega era absolutamente dominante.
Com efeito, o fervor religioso estimulado pela Reforma
Protestante provoca a tradução de livros sagrados para
vários dialetos, aliás, deve-se salientar a própria
impulsão nos estudos sobre a língua, provocada pela
invenção da imprensa e seu desenvolvimento. Por conta
disso, os estudos lingüísticos começam a transcender
o limite do latim, tendo fim o período de desvalorização
das chamadas línguas bárbaras.
O contato travado pelo cristianismo com povos de
línguas bárbaras não conduziu a um interesse pelo
estudo destas, visto que os evangelizadores as
encarnavam como meros instrumentos de
propaganda, e não como objetos dignos de estudo.
(PIMENTA-BUENO, 2004: 45 - 46).
O surgimento de gramáticas em outras línguas foi
decisivo para os estudos lingüísticos.
Agora, temos uma noção da importância dos estudos
lingüísticos realizados na Idade Média e no
Renascimento.
Exercícios
1- Explique a Tese Religiosa.
2 - Em que podemos aproximar o período helenístico de algumas concepções que se tem de gramática normativa
atualmente?
21
22
3 - Quem elaborou o quadro gramatical que perdura nos estudos acerca da linguagem, não apenas por toda a
Idade Média, mas também, durante a Renascença (séculos XIV a XVI) e até mesmo depois desta?
4 - Há uma ampliação de abrangência dos estudos lingüísticos na Renascença. Explique essa afirmação.
5 - Cite a primeira gramática da língua portuguesa, seu autor e o ano da publicação.
Atividade Complementar
Construa um texto que resuma toda a unidade III.
23
Se você:
1)
2)
3)
4)
concluiu o estudo deste guia;
participou dos encontros;
fez contato com seu tutor;
realizou as atividades previstas;
Então, você está preparado para as
avaliações.
Parabéns!
24
Glossário
Escoliasta: s.m. e s.f. Comentarista e exegeta de textos antigos.
Exegeta: pessoa que se dedica a exegese.
Exegese: s.f. Interpretação, explicação ou comentário (gramatical, histórico, jurídico etc.) de textos, principalmente
da Bíblia.
Grego: A língua grega (em grego
) deriva do ramo indo-europeu e conta com mais de três mil
anos de história documentada.
Hindu: Que provém da Índia. A forma Hindustão (ou Indostão) deriva do vocábulo persa para “Terra dos
hindus”, embora alguns apliquem esse termo apenas ao norte da Índia.
Indo-européia: uma ampla família lingüística que engloba a maior parte das línguas européias antigas e atuais.
Tem esse nome porque corresponde à região geográfica que se estende da Europa e Irão até a Índia setentrional.
São cerca de 450 línguas, faladas na Europa e nos países colonizados pelos europeus, na Índia e em algumas
outras partes da Ásia. A sua grande expansão resulta em grande parte (mas não maioritariamente) dos
empreeendimentos coloniais europeus a partir do século XV. As línguas pertencentes a essa superfamília
mostram semelhanças significativas no vocabulário, na flexão e na gramática.
Julia Kristeva: nasceu na Bulgária e mora na capital francesa desde 1966. Psicanalista, professora de lingüística
na Universidade de Paris e autora de livros de sucesso no mundo acadêmico, é uma das mais respeitadas
intelectuais da atualidade. Seu pensamento combina várias disciplinas: filosofia, semiologia, teoria literária e
psicologia.
Neurolingüística: é a ciência que estuda a elaboração cerebral da linguagem. Ocupa-se com o estudo dos
mecanismos do cérebro humano que suportam a compreensão, produção e conhecimento abstrato da língua,
seja ela falada, escrita, ou assinalada. Trata tanto da elaboração da linguagem normal, como dos distúrbios
clínicos que geram suas alterações.
Psicolingüística: estudo das conexões entre a linguagem e a mente.
Gabarito
Unidade I
1 - Conjunto de regras inerentes ao falante de uma determinada língua, que o possibilita comunicar-se sem
necessariamente dominar o conjunto de regras previstas na gramática normativa.
2 - A gramática teorética é exatamente o que próprio nome diz, é uma gramática teórica, ou seja, é uma tentativa
de entender o que seria a gramática natural.
3 - A gramática descritiva demonstra ou apresenta a língua como ela é, enquanto a gramática normativa, também
chamada de prescritiva, diz como a língua deveria ser.
4 - Questão subjetiva.
Pontos imprescindíveis a serem considerados na resposta:
1- O fato de que o aluno deve ser respeitado, independente das diferenças dialetais, regionais, em termos de uso
da língua.
2- Quanto aos supostos erros de ordem gramatical, devemos explicar ao aluno que sua deficiência deve ser
corrigida por questões de ascensão social, ou seja, o registro padrão é aceito socialmente como o mais importante
por questões profissionais, inclusive, precisamos ter conhecimento da gramática e de suas regras.
3- A questão de ser um poliglota em sua própria língua, reconhecendo que nem sempre o pleno domínio das
regras gramaticais resolve nossas necessidades lingüísticas e sociais.
Unidade II
1 - Ferdinand Saussure, considerado um dos mais importantes nomes da lingüística, foi o motivador da obra
Curso da Lingüística Geral, 1916, quando a lingüística passou a ser reconhecida como uma ciência, a partir
principalmente dessa obra.
2 - É a ciência da linguagem.
3 - Neurolingüística e psicolingüística.
4 - Subjetiva.
Pontos que não podem deixar de ser considerados na resposta:
1- A questão do reconhecimento da língua como ela realmente é.
2- O fato de o professor ter de ser antes de tudo um pesquisador de sua própria língua.
3- A lingüística pode auxiliar em várias questões que urgem na sala de aula (escrita, fala, o social, etc.).
Unidade III
1 - Os indianos tentavam explicar o funcionamento da sua língua – o sânscrito – analisando os Vedas e o os
Bramanas. Toda essa cultura era repassada oralmente de geração em geração através dos sacerdotes que
detinham o domínio sobre tais escrituras sagradas. Todavia, por uma questão inerente à modalidade oral, com
o passar dos anos, alguns sons vocais foram perdidos, o que representava um problema, pois os religiosos
acreditavam que a utilização incorreta dos sons poderia provocar a insatisfação dos deuses e toda a cerimônia
seria invalidada.
Em conseqüência, os sacerdotes, por uma motivação totalmente religiosa, começaram a estudar os sons
vocais e das formas do sânscrito, objetivando reconstruir a língua desde os tempos mais remotos.
2 - Para o grego, no período helenístico, que é o período mais expressivo para representar esse momento
histórico, em que a língua grega deveria ser perfeita, correta, de acordo com os cânones da Grécia, podemos
afirmar que a noção de correto é tão forte que qualquer uso diferente, qualquer variação, qualquer mudança era
tida como defeito, como algo que deveria ser expurgado, expelido do convívio social. Essa característica que a
nossa gramática normativa herdou, ainda hoje pode ser verificada, pois o que é correto sempre é aquilo que está
25
26
previsto nos cânones, desvalorizando o aspecto da variação, que é com certeza a forma mais produtiva de
observar a língua e suas mudanças.
3 - Dionísio da Tracia (Dionysius da Trácia).
4 - O fervor religioso estimulado pela Reforma Protestante provoca a tradução de livros sagrados para vários
dialetos, aliás, deve-se salientar a própria impulsão nos estudos sobre a língua, provocada pela invenção da
imprensa e seu desenvolvimento. Por conta disso, os estudos lingüísticos começam a transcender o limite do
latim, tendo fim o período de desvalorização das chamadas línguas bárbaras.
O que trouxe uma conseqüência decisiva para os estudos lingüísticos foi o surgimento de gramáticas em
outras línguas.
5 - A primeira gramática publicada foi a de Fernão de Oliveira, entitulada Gramática de Linguagem Portuguesa
(1536). Logo após, publicou-se a gramática de João de Barros (1540).
Referências Bibliográficas
BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. 37 ed. rev. ampl. Rio de Janeiro: Lucerna, 2001.
_____. Moderna Gramática Portuguesa. 37 ed. Rio de Janeiro: Editora Lucerna, 1999.
CÂMARA JR., Joaquim Mattoso. Princípios de lingüística geral. Rio de Janeiro: Acadêmica, 1973.
_____. Estrutura da Língua Portuguesa. 7 ed. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 1976.
COSERIU, Eugênio. Lições de lingüística geral. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1980.
FIORIN, José Luiz. Introdução à lingüística: objetivos teóricos. São Paulo: Contexto, 2005.
GARCIA, Othon Moacyr. Comunicação em prosa moderna. 23 ed. Rio de Janeiro: FGV, 2003.
JAKOBSON, Roman. Lingüística e comunicação. São Paulo: Cultrix, 1975.
LEROY, Maurice. As grandes correntes da lingüística moderna. São Paulo: Cultrix, 1971.
KRISTEVA, Julia. História da Linguagem. Coleção signos. Lisboa: Edições 70, 1969.
PIMENTA-BUENO, Mariza do Nascimento Silva. A evolução do pensamento lingüístico. Parte I: Dos gregos
à modernidade. 2 ed. Rio de Janeiro: Papel Virtual Editora, 2004.
ROBINS, R. H. Pequena história da lingüística. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1979.
RYMER, Russ. Annals of Science: A Silent Childhood - I. In FAUCONNIER, Gilles & TURNER, Mark. Blending
and the Mind’s Hidden Complexities. New York: Basic Books, 2002.
SACONNI, Luiz Antonio. Dicionário Essencial. São Paulo: Escala Educacional, 2001.
SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de lingüística geral. 7 ed. São Paulo: Cultrix, 1975.
SENNA, Luiz A. G. Pequeno manual de lingüística geral e aplicada. Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1991.
SILVA, Maurício. REVISTA LETRA MAGNA – Revista Eletrônica de Divulgação Científica em Língua Portuguesa,
Lingüística e Literatura - Ano 03- n.04 -1º Semestre de 2006 - ISSN 1807-5193 – A GRAMÁTICA BRASILEIRA
NOVECENTISTA: UMA HISTÓRIA.
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