ARTIGO DE REVISÃO Influência da quimioterapia no peso corporal de mulheres com câncer de mama The influence of chemotherapy on the body weight of women with breast cancer Bianca Costa e Silva1 Renata Costa Fernandes1 Karine Anusca Martins2 Maria Grossi Machado1 RESUMO Introdução: O câncer de mama é o segundo tipo de neoplasia mais frequente no mundo e o mais comum entre as mulheres. É consenso na literatura que todas as mulheres com câncer de mama podem apresentar algum risco em relação à saúde, já que os vários tipos de tratamentos, em especial a quimioterapia, podem resultar em efeitos colaterais que afetam o estado nutricional com consequente perda ou ganho de peso corporal. Objetivo: Retratar a influência da quimioterapia no peso corporal das mulheres com câncer de mama, de forma a propiciar aos profissionais de saúde maior conhecimento sobre o assunto para que possam realizar intervenções mais eficazes. 1 Curso de Nutrição. Pontifícia Universidade Católica de Goiás, Goiânia-GO 2 Faculdade de Nutrição. Universidade Federal de Goiás, Goiânia-GO Correspondência Karine Anusca Martins Rua 227, Quadra 68 s/n.º - Setor Leste Universitário, Goiânia-GO. 74.605-080, Brasil. [email protected] Recebido em 01/setembro/2010 Aprovado em 21/dezembro/2010 Metodologia: Realizou-se levantamento bibliográfico de artigos científicos indexados nas bases de dados: Scientific Eletronic Library Online (SciELO), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (Medline) da National Library of Medice nos últimos dez anos (2000 – 2010), além de algumas referências clássicas e prioritárias. Considerações Finais: Em razão da alta frequência de alterações de peso verificadas nos estudos, principalmente relacionadas ao aumento ponderal, o acompanhamento nutricional é importante, pois visa detectar tais mudanças precocemente e prevenir as possíveis complicações desencadeadas pela quimioterapia. Palavras-chave: Câncer de mama; Neoplasia da mama; Quimioterapia; Peso corporal. ABSTRACT Introduction: Breast cancer is the second most frequent neoplasm in the world and the most common among women. It is a consensus in the Com. Ciências Saúde. 2010;21(3):245-252 245 Silva BC et al. literature that all women with breast cancer may present some health-related risk since the various treatments, especially chemotherapy, which may result in side effects which affect nutritional state with a consequent loss or gain of body weight. Objective: To describe the influence of chemotherapy on the body weight of women with breast cancer in order to provide health professionals with a greater understanding of the subject so that they may carry out more effective interventions. Methodology: A bibliographic survey of scientific articles indexed in the following databases: Scientific Electronic Library Online (SciELO), Latin American and Caribbean Health Sciences Literature (LILACS), and Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (Medline) of the National Library of Medicine over the last ten years (2000-2010) was carried out with the addition of certain classic and priority references. Final Considerations: Due to the high frequency of weight change found in the studies, especially weight gain, nutritional follow-up is important, since its purpose is to detect such changes early on and to prevent the possible complications triggered by chemotherapy. Key words: Breast cancer; Breast neoplasms; Chemotherapy/drug therapy; Body weight. INTRODUÇÃO A taxa de incidência de câncer de mama vem aumentando significativamente em todo o mundo1,2. Em função disso, o câncer de mama tornou-se um grande problema de saúde pública no país, necessitando, assim, de maior atenção e investimento por parte das instituições governamentais e não governamentais3. 246 tre mortes por câncer e má nutrição7. Desde então, outros estudos buscaram investigar o tema em questão até os dias atuais8,9. É consenso na literatura que todas as mulheres com câncer de mama podem apresentar algum risco em relação à saúde, já que os vários tipos de tratamentos podem resultar em efeitos colaterais que afetam o estado nutricional com consequente modificação do peso corporal8,10. Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA)4, este tipo de neoplasia é o mais frequente no sexo feminino, com altas taxas de incidência e mortalidade. No Brasil, entre mulheres, essa doença representa a maior taxa de mortalidade por câncer4,5,6 em razão do atraso no diagnóstico e da escolha do tipo de tratamento antineoplásico a ser realizado5. Sendo assim, pesquisas com mulheres diagnosticadas com câncer de mama demonstram relação entre tratamento antineoplásico, peso corporal e o estado geral de saúde, interferindo de forma significativa nas taxas de sobrevida11. A partir dos anos de 1920, pesquisas que associavam o estado nutricional e o câncer começaram a surgir e, com elas, a investigação da relação en- Entre os vários tratamentos antineoplásicos existentes, a quimioterapia se destaca no controle do câncer de mama e tem como objetivo eliminar as Com. Ciências Saúde. 2010;21(3):245-252 Influência da quimioterapia no peso em câncer de mama células cancerígenas por meio da combinação de medicamentos12. Entretanto, durante o processo, podem ser desencadeados efeitos colaterais prejudiciais ao organismo, os quais podem comprometer de maneira significativa o peso corporal da mulher13. A avaliação nutricional, quando realizada da maneira adequada, é um método eficiente no acompanhamento e na recuperação de mulheres com câncer, entre eles o câncer de mama14,15. Portanto, é essencial avaliar a influência da quimioterapia no peso corporal, e a interferência da alteração deste parâmetro antropométrico no estado geral de saúde e nutricional das portadoras de câncer de mama, para que assim, os profissionais da área da saúde possam realizar um atendimento mais específico e com prognósticos favoráveis. O objetivo da presente revisão foi retratar a influência da quimioterapia no peso corporal das mulheres com câncer de mama, de forma a propiciar aos profissionais de saúde maior conhecimento sobre o assunto para que possam realizar intervenções mais eficazes. METODOLOGIA Realizou-se levantamento bibliográfico com intuito de responder à seguinte questão norteadora: “Que tipo de influência a quimioterapia pode exercer no peso corporal de mulheres portadoras de câncer de mama?” Como fonte bibliográfica utilizaram-se artigos científicos indexados nas seguintes bases de dados: Scientific Eletronic Library On-line (SciELO), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (Medline) da National Library of Medice nos últimos dez anos (2000-2010), com exceção de algumas referências clássicas e prioritárias. Os descritores em saúde utilizados foram: câncer de mama, neoplasia da mama, quimioterapia, peso corporal, ganho de peso e perda de peso, com seus respectivos sinônimos em inglês: breast cancer, breast neoplasms, drug therapy/chemotherapy, body weight, weight gain e weight loss. Foram selecionadas 28 referências que abordavam a temática referida e os objetivos propostos. Do total de artigos, 12 eram na língua inglesa, um na língua espanhola e os demais, na língua portugue- sa. A seguir, foram realizados resumos e catalogações de cada um destes, para que fossem priorizados os temas de discussão do artigo. Câncer de mama: características clínicas, epidemiológicas e terapêuticas O câncer de mama é uma doença complexa, com alto potencial metastático, caracterizada pelo crescimento anormal de células mamárias e, na maioria das vezes, apresenta-se como um nódulo16. É o segundo tipo de neoplasia mais frequente no mundo e o mais comum entre as mulheres4. Em função disso, merece destaque e atenção especial. Segundo o Ministério da Saúde, estima-se o surgimento de 49.240 novos casos de câncer de mama para os anos de 2010 e 2011 no Brasil, com um risco estimado de 49 casos para cada 100 mil mulheres4. As taxas de mortalidade por câncer de mama no Brasil permanecem altas, possivelmente porque a doença, na maioria dos casos, é diagnosticada em fases avançadas17. Na região Centro-Oeste, a estimativa para os anos de 2010 e 2011 é que surjam 2.690 novos casos, o que representa 5,46% do total de casos no país. No Estado de Goiás, a estimativa para o mesmo período é de 1.070, já em Goiânia, a previsão é de 360, o que representa uma taxa bruta de incidência por 100.000 mulheres de 34,44 e 51,87 novos casos de neoplasia mamária, respectivamente4. O diagnóstico para determinar o tipo de câncer de mama é realizado por meio do exame histopatológico da biópsia ou peça cirúrgica. Com o resultado, é possível estabelecer o grau de estadiamento da doença e o tratamento específico18. A mamografia e o exame físico levam à descoberta de mais de 40% dos cânceres de mama em estágio inicial e por isso é de extrema importância para a mulher realizá-los de forma periódica19. A doença, de maneira geral, se diagnosticada e tratada precocemente e de forma correta, favorece o prognóstico positivo19. Quando o câncer de mama é diagnosticado, a vida da mulher é alterada de forma significativa, por ser uma doença que afeta os aspectos físico, psíquico e social20. Portanto, é necessário que haja planejamento adequado das intervenções realizadas pelos profissionais da saúde, de forma a englobar tanto o tratamento físico, emocional e social18. Com. Ciências Saúde. 2010;21(3):245-252 247 Silva BC et al. As várias formas de tratamento para o câncer de mama evoluem de maneira a melhorar sua eficácia, assim como minimizar os efeitos colaterais e deletérios para a saúde e propiciar a melhora da vida social da mulher21. Contudo, ainda hoje, os tratamentos antineoplásicos causam uma série de complicações, inclusive nutricionais17. Existem vários tipos de tratamentos antineoplásicos que podem ser realizados para tratar o câncer de mama, tais como a quimioterapia, cirurgia, radioterapia e hormonioterapia ou a combinação destes13. A escolha do tipo de tratamento depende da análise da mamografia, da localização e do tamanho do tumor19. Cada um dos diversos tipos de tratamentos exerce uma influência específica sobre o peso corporal das mulheres com câncer de mama. Entre eles, a quimioterapia é um dos métodos mais novos e eficazes no controle deste tipo de neoplasia4. No entanto, apesar de auxiliar no controle do câncer de mama, estudos mostram que o tratamento quimioterápico pode gerar consequências indesejáveis no organismo da mulher, como alterações no peso corporal8,22. Portanto, é necessário compreender a influência da quimioterapia no peso corporal de tais mulheres para propor intervenções mais adequadas em relação ao seu estado nutricional. Quimioterapia e seus efeitos Colaterais A quimioterapia é uma modalidade de tratamento que, uma vez direcionada ao tratamento oncológico, é denominada quimioterapia antineoplásica4. É uma terapia sistêmica a qual é classificada em quatro tipos, de acordo com os objetivos desejados. Pode ser curativa, quando o objetivo é a eliminação total do tumor, adjuvante, quando realizada após o procedimento cirúrgico com o intuito de controlar as possíveis metástases subsequentes, neoadjuvante, quando se pretende reduzir parcialmente o tumor para facilitar o tratamento antineoplásico posterior (cirurgia e/ou radioterapia) ou paliativa, quando não possui intenção curativa, utilizada apenas para minimizar os sintomas da doença4. Na quimioterapia são usados medicamentos, geralmente intravenosos, que eliminam as células tumorais, as quais possuem como característica a proliferação acelerada20. É um tratamento eficaz, porém os efeitos colaterais são queixas comuns re- 248 Com. Ciências Saúde. 2010;21(3):245-252 latadas pelas pessoas que passam por este tipo de tratamento12. As mulheres com câncer de mama que são submetidas à quimioterapia apresentam resultados positivos quanto ao tratamento, contudo, os efeitos colaterais gerados por este tipo de terapia são comuns e levam a consequências significativas como a perda ou o ganho de peso corporal23,24,25. Entre os vários efeitos colaterais que podem ser citados têm-se as náuseas, vômitos, mucosite, estomatite e disfagia, os quais podem levar à redução da ingestão calórica12,26. Nestas situações, as mulheres podem sofrer alterações em relação ao padrão alimentar, diminuindo o apetite e, consequentemente, a ingestão de alimentos, podendo levar a uma suposta perda de peso.12,26 Contudo, alguns estudos8,13,22 afirmam que as mulheres, na tentativa de minimizar esses sintomas, aumentam o consumo alimentar (hiperfagia), o que pode levar ao aumento de peso corporal. Várias causas são atribuídas ao surgimento destes efeitos colaterais, entre eles os aspectos psicológicos como ansiedade, estresse e nervosismo e as consequências da ação dos medicamentos no organismo12. Outros efeitos relacionados a esta terapêutica são alterações no paladar e olfato, além de xerostomia19. Estes efeitos colaterais podem ocasionar modificações na percepção dos odores, o qual se torna mais aguçado, o que pode acarretar rejeição de certos tipos de alimentos com aromas fortes. Assim, as mulheres costumam tolerar comidas mais doces e frias e tendem a aceitar menos alimentos protéicos, principalmente de origem animal, o que pode desencadear uma alteração nutricional, com aumento da ingestão calórica proveniente de carboidratos e redução da ingestão protéica, levando ao aumento de peso corporal8. O ganho de peso corporal observado nas mulheres durante a quimioterapia pode ser correlacionado com a redução significativa da prática de atividade física. Este ganho ponderal ocorre pelo possível acúmulo de gordura no tecido subcutâneo sem aumento da massa magra (obesidade sarcopênica)8,22. A gravidade dos efeitos colaterais deste tipo de tratamento depende da extensão da área tratada, volume e dose dos medicamentos utilizados e do tempo da terapia ministrada15. Estudos afirmam que quanto mais agressivo for o tratamento, maiores serão as complicações nutricionais acarretadas, Influência da quimioterapia no peso em câncer de mama o que irá desencadear uma piora no estado geral de saúde da mulher e, portanto, um prognóstico desfavorável10,15. Por isso é tão importante o acompanhamento nutricional desde o diagnóstico até a fase final da terapia15. Quimioterapia e sua influência no peso corporal As alterações nutricionais relacionadas com a modificação do peso corporal em mulheres com câncer de mama durante e após o tratamento antineoplásico são situações estudadas por muitos autores, em especial no que se refere à quimioterapia13,23,27. A mulher submetida ao tratamento quimioterápico, com intenção curativa ou paliativa, está propícia a apresentar alterações no seu peso corporal em razão das particularidades da terapia, ao potencial agressivo dos agentes antineoplásicos e aos efeitos colaterais provocados por este tipo de tratamento8,10. Apesar da maioria das mulheres com câncer de mama submetidas à quimioterapia relatarem sintomas relacionados à perda de peso, tais como náuseas, vômitos e mucosites, vários estudos constatam que o ganho de peso é comum entre elas11,13,23. A partir do exposto, um estudo com 36 mulheres na pré-menopausa com câncer de mama em tratamento quimioterápico adjuvante verificou aumento de peso, em média de 2,1 kg22. Esta alteração ponderal ocorreu com redução da prática de atividade física, associada a taxas metabólicas basais menores, o que levou ao balanço energético positivo das mulheres estudadas. O aumento do consumo alimentar, no entanto, foi considerado pelos autores como um modesto preditor de ganho de peso22. Além disso, observou-se que o ganho ponderal ocorreu com aumento do tecido adiposo e água corporal, sem aumento do tecido muscular, o que pode ser definido como obesidade sarcopênica22. Já em outro estudo realizado com 30 mulheres na menopausa com câncer de mama também submetidas à quimioterapia adjuvante, os autores verificaram ganho de peso de aproximadamente 3,0 kg, com aumento tanto de massa magra, quanto de massa gorda, provavelmente em razão do estado menopausal das mulheres estudadas24. Este aumento ponderal foi relacionado à fatores como alterações psicológicas, agentes quimioterápicos, dose e duração do tratamento. Também pôde ser observada redução na taxa metabólica basal24. Em outro estudo com mulheres que passaram por tratamento quimioterápico adjuvante e neoadjuvante, os pesquisadores observaram ganho de peso médio de 0,50 kg por mês de tratamento e correlação negativa entre presença de doença metastática e ganho de peso. Neste mesmo estudo, as mulheres submetidas à quimioterapia paliativa reduziram em média 0,52 kg do peso corporal por mês de tratamento23. Em uma pesquisa mais recente, os autores avaliaram 272 mulheres submetidas à quimioterapia adjuvante e constataram que 60% delas ganharam cerca de 3,9 kg de peso corporal após um ano de tratamento quimioterápico. Neste estudo, verificou-se a importância do acompanhamento nutricional, associado a estratégias de controle do peso e prática de atividade física25. A modificação do peso corporal de mulheres com câncer de mama consequente à quimioterapia, constatada por meio de alguns estudos, é apresentada na Tabela 1. As causas do ganho de peso ainda não foram totalmente esclarecidas. Várias são as teorias existentes que explicam o aumento de peso em mulheres com câncer de mama as quais são submetidas à quimioterapia. Em geral, o ganho ponderal ocorre devido ao balanço energético positivo13,22. Alguns estudos relatam aumento da ingestão calórica devido à hiperfagia8,28 e outros descrevem redução do gasto energético, com diminuição da taxa metabólica basal e prática de atividade física22,24. Além disso, outros fatores podem estar associados com o aumento do peso corporal como o tipo de tratamento quimioterápico realizado, medicação adjuvante para minimizar os efeitos colaterais (esteróides, glicocorticóides e antieméticos), variação das taxas hormonais e estado menopausal8,22,24. Existe a afirmação de que o tratamento isolado, no caso, um tipo de quimioterapia, pode ser responsável pela modificação do peso corporal, independente destas variáveis28. Com. Ciências Saúde. 2010;21(3):245-252 249 Silva BC et al. Tabela 1 Estudos relacionados às alterações do peso corporal consequentes à quimioterapia. Autores/Ano Costa LJM, Varella PC, Del Giglio A23, 2002 Lankester KJ, Philips JE, Lawton PA13, 2002 Freedman RJ, Aziz N, Albanes D, Hartman T, Danforth D, Hill S et al.27, 2004 Saquib N, Flatt SW, Natarajan L, Thomson CA, Bardwell WA, Caan B et al.28, 2007 Tredan O, Bajard A, Meunier A, Roux P, Fiorletta I, Gargi T et al.25, 2010 Amostra 106 100 20 3.088 272 Alteração do Resultados peso corporal Ganho e perda de peso No grupo em quimioterapia adjuvante e neoadjuvante, houve um ganho de peso médio de 0,91kg do peso por mês de tratamento. No grupo com doença metastática (quimioterapia paliativa), constatou-se uma perda de peso média de 0,52kg do peso corpóreo por mês de tratamento Ganho e perda de peso 64% das mulheres ganharam mais de 2,0kg, sendo que algumas delas (6%) ganharam mais de 10,0kg. 5% das mulheres perderam mais de 2,0kg Ganho e perda de peso Houve variação de ganho de peso de 1,09 a 2,46kg durante o final da quimioterapia e 6 meses após o término. Houve redução de peso de 0,83 a 3,62kg antes do início da quimioterapia e redução de 0,5 a 3,4kg imediatamente após o término do tratamento Ganho de peso Pôde-se associar o ganho de peso com a quimioterapia, independente do tipo. Apenas 10% dessas mulheres voltaram ao peso pré-câncer durante o tempo do estudo. Ganho de peso Em um ano pósquimioterapia adjuvante, 60% das mulheres tinham ganhado peso com um aumento médio de 3,9kg. Em relação à perda de peso consequente à quimioterapia, os estudos são escassos e as razões ainda não são conhecidas13,23,27. Pesquisas verificaram perda de peso em algumas mulheres, contudo esta redução não foi significativa13,27. Freedman et al.27 relacionaram a perda de peso com a curta duração do tratamento realizado e com os modernos esquemas de quimioterapia ministrados. Costa, Varella, Del Giglio23, observaram uma possível as250 Com. Ciências Saúde. 2010;21(3):245-252 sociação entre a perda de peso e o tratamento paliativo23 em razão da doença estar em fase mais avançada, em que o catabolismo é intenso. A redução de peso em mulheres com câncer de mama submetidas a este tipo de tratamento pode estar relacionada com perda de massa corporal e tecido adiposo (caquexia), anorexia e outros fatores que determinam a presença de doença avançada23. CONSIDERAÇÕES FINAIS Observou-se que a quimioterapia pode exercer diferentes influências no peso corporal de mulheres com câncer de mama com consequente modificação do estado nutricional tanto devido à perda quanto ao ganho de peso, com maior frequência deste último. No entanto, são necessários mais estudos para esclarecer a relação entre o tratamento quimioterápico e a modificação do peso corporal, especialmente no que diz respeito à perda ponderal. Tanto o ganho quanto a perda de peso são distúrbios nutricionais preocupantes que podem levar a um prognóstico ruim da doença. O ganho de peso corporal predispõe a doenças cardiovasculares, hipertensão arterial, diabetes, dislipidemias, entre outras. Além disso, afeta a qualidade da vida da mulher e, apesar de não conclusivo, existe a possibilidade do aumento de peso relacionar-se com maior frequência de recidiva do câncer de mama. A perda de peso por sua vez, pode levar a fraqueza muscular, apatia, redução da resposta imune do organismo, carências nutricionais, além de redução do tempo de sobrevida. Em razão da alta incidência de alterações do peso corporal verificadas nos estudos, o acompanhamento nutricional é fundamental, pois visa detectar estas alterações precocemente e prevenir as possíveis complicações desencadeadas pelo tratamento quimioterápico, reduzindo o risco de desenvolvimento de um quadro de distúrbio nutricional, como obesidade ou desnutrição. Aliado ao acompanhamento nutricional, a prática de atividade física em mulheres com câncer de mama submetidas à quimioterapia deve ser estimulada, no sentido de reduzir a gordura corporal e aumentar a massa magra, tanto nos casos de ganho quanto na perda de peso. Assim, além de proporcionar melhora da composição corporal, a atividade física pode contribuir para o aumento da qualidade de vida, da autoestima e do tempo de sobrevida das mulheres. Influência da quimioterapia no peso em câncer de mama Deste modo, verifica-se a importância do acompanhamento multi e interdisciplinar antes, durante e após o tratamento quimioterápico, com enfoque nutricional, para que os efeitos colaterais causados pela quimioterapia possam ser minimizados e as mulheres consigam evoluir da melhor forma possível, tendo uma melhor qualidade de vida. REFERÊNCIAS 1. Jemal A, Siegel R, Ward E, Hao Y, Xu J, Thun MJ. Cancer statistics, 2009. CA Cancer J Clin. 2009;59(4):1-25. 11. Ishikawa NM, Derchain SFM, Thuler LCS. Fadiga em pacientes com câncer de mama em tratamento adjuvante. Rev Bras Cancerol. 2005;51(4):313-18. 2. Garófolo A, Avesani CM, Camargo KG, Barros ME, Silva SRJ, Taddei JAAC, et al. Dieta e câncer: um enfoque epidemiológico. Rev Nutr. 2004;17(4):491505. 12. Martins CL, Filho CF, Del Giglio A, Munhoes DA, Trevizan LLB, Herbst LG, et al. Desempenho profissional ou doméstico das pacientes em quimioterapia para câncer de mama. Rev Assoc Med. 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