Estratégicas de Marketing para Inserção do Vinho Brasileiro no

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Estratégicas de Marketing para Inserção do
Vinho Brasileiro no Mercado Alemão
Estratégicas de Marketing para Inserção do
Vinho Brasileiro no Mercado Alemão
SILVANA DA SILVA
SILVANA DA SILVA
[email protected]
[email protected]
EDUARDO EUGÊNIO SPERS
EDUARDO EUGÊNIO SPERS
Mestrado Profissional em Administração/UNIMEP
[email protected]
Mestrado Profissional em Administração/UNIMEP
[email protected]
Resumo: Este estudo exploratório analisa e propõe estratégias para a inserção do vinho nacional no
exterior. A partir de uma visão ampla dos aspectos mercadológicos, caracteriza a percepção dos agentes envolvidos na produção, industrialização e comercialização em relação aos possíveis esforços a
serem adotados para que o vinho brasileiro conquiste o posicionamento de reconhecimento nacional e internacional. Foram realizadas entrevistas em profundidade com associações, enólogos, exportadores e importadores do produto para coletar opiniões sobre os fatores que envolvem o processo
de exportação e identificar quais são as perspectivas em relação à inserção do vinho brasileiro, especificamente, no mercado alemão. O estudo possibilitou traçar um panorama das oportunidades e dificuldades enfrentadas pelos empresários brasileiros na inserção internacional de um produto ainda
não bem consolidado no mercado nacional.
Resumo: Este estudo exploratório analisa e propõe estratégias para a inserção do vinho nacional no
exterior. A partir de uma visão ampla dos aspectos mercadológicos, caracteriza a percepção dos agentes envolvidos na produção, industrialização e comercialização em relação aos possíveis esforços a
serem adotados para que o vinho brasileiro conquiste o posicionamento de reconhecimento nacional e internacional. Foram realizadas entrevistas em profundidade com associações, enólogos, exportadores e importadores do produto para coletar opiniões sobre os fatores que envolvem o processo
de exportação e identificar quais são as perspectivas em relação à inserção do vinho brasileiro, especificamente, no mercado alemão. O estudo possibilitou traçar um panorama das oportunidades e dificuldades enfrentadas pelos empresários brasileiros na inserção internacional de um produto ainda
não bem consolidado no mercado nacional.
Palavras-chave: Marketing, vinho, internacionalização.
Palavras-chave: Marketing, vinho, internacionalização.
Abstract: This exploratory study analyzes and proposes strategies for the national wine
internationalization. Starting from a wide vision of marketing aspects, it evaluates the adopted efforts
that the Brazilian wine producers could adopt to conquer position and recognition in the national
and international markets. Interviews were accomplished with associations, wine experts, exporters
and importers of the product to collect opinions about the factors which involve the export process
and to identify the perspectives regarding the internationalization of the Brazilian wine specifically
in the German market. The study makes possible the drawing of a panorama of the opportunities
and threats still faced by the Brazilian entrepreneurs for the international market, considering that
the product of a product is not yet well consolidated in the national market.
Abstract: This exploratory study analyzes and proposes strategies for the national wine
internationalization. Starting from a wide vision of marketing aspects, it evaluates the adopted efforts
that the Brazilian wine producers could adopt to conquer position and recognition in the national
and international markets. Interviews were accomplished with associations, wine experts, exporters
and importers of the product to collect opinions about the factors which involve the export process
and to identify the perspectives regarding the internationalization of the Brazilian wine specifically
in the German market. The study makes possible the drawing of a panorama of the opportunities
and threats still faced by the Brazilian entrepreneurs for the international market, considering that
the product of a product is not yet well consolidated in the national market.
Key-words: Marketing; wine; internacionalization.
Key-words: Marketing; wine; internacionalization.
1. Introdução
O intuito desta pesquisa foi avaliar e propor
estratégias de marketing para a inserção do vinho brasileiro na Alemanha. Para tanto, foi caracterizada a importância do mercado alemão
para a internacionalização dos produtos brasileiRev. de Negócios Internacionais, Piracicaba, 4(7):43-49, 2006
ros, bem como as oportunidades para o aumento das exportações e fortalecimento das relações
comerciais entre o Brasil e Alemanha. Cerca de
1.200 empresas de capital alemão atuam no Brasil, gerando 250 mil empregos, com receita
anual em torno de U$ 33 bilhões e com pers43
1. Introdução
O intuito desta pesquisa foi avaliar e propor
estratégias de marketing para a inserção do vinho brasileiro na Alemanha. Para tanto, foi caracterizada a importância do mercado alemão
para a internacionalização dos produtos brasileiRev. de Negócios Internacionais, Piracicaba, 4(7):43-49, 2006
ros, bem como as oportunidades para o aumento das exportações e fortalecimento das relações
comerciais entre o Brasil e Alemanha. Cerca de
1.200 empresas de capital alemão atuam no Brasil, gerando 250 mil empregos, com receita
anual em torno de U$ 33 bilhões e com pers43
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pectivas para, nos próximos quatro anos, mais
de 100 empresas se instalarem no Brasil. Algumas das marcas alemãs mais conhecidas no Brasil são Volkswagen, Basf e Bayer. Apesar do Brasil registrar déficits desde 1993 na relação comercial com a Alemanha, vem aumentando sua participação neste mercado, com as exportações de
grandes variedades de produtos (EXPORTAÇÕES, 2005).
O marketing é uma ferramenta que possibilita a determinada empresa ficar conhecida e
lançar seu produto no exterior; porém, é relevante compreender quais, como e quando trabalhar os aspectos que envolvem essa ferramenta. Primeiramente, são levantados dados do ambiente em que se vai trabalhar e, depois, planejase qual será a estratégia para aquele determinado
mercado. Cada país tem uma cultura diferente,
onde uma ação pode funcionar ou não, dependendo das características locais da região visada,
por exemplo. Um dos aspectos que podem ser
trabalhados é a imagem do Brasil, pois grande
parte dos estrangeiros, tradicionalmente, não vê
o Brasil como um país capaz de fabricar produtos de qualidade.
A escolha da Alemanha como mercado para
este estudo ocorreu em função de sua boa relação
comercial com o Brasil. Mesmo o Brasil sendo deficitário nas relações de troca, já é importador de
vinho brasileiro e apreciador da cachaça brasileira.
No entanto, deve ser desenvolvida uma estratégia
de marketing para esse mercado em função de sua
característica de difícil acesso e exigente.
O Brasil, apesar de possuir condições propícias para a produção e já exportar o produto para a Alemanha em pequenas quantidades, ainda
não é visto como um país tradicional na produção de vinhos. Contudo, tem potencial para
configurar-se entre os grandes países exportadores, dependendo de sua capacidade gerencial de
constatar e vencer os entraves que impedem esse
avanço, desenvolvendo as estratégias consideradas adequadas para adentrar em novos mercados. Um dos principais obstáculos envolve trabalhar melhor a imagem e o produto no exterior, pois muitos países não reconhecem o Brasil
como um produtor de vinhos.
44
A inserção do vinho no exterior é um grande desafio para os empresários brasileiros, pois o
Brasil terá que competir com países já tradicionais na produção e exportação de vinhos como
a França e a Itália, que têm a preferência de 17%
e 12%, respectivamente do mercado alemão
(MINISTÉRIO, 2005). As perspectivas das entidades que participam dos projetos para a internacionalização do vinho no exterior são otimistas, pois a passos lentos os vinicultores estão
conquistando seu espaço, participando de importantes feiras internacionais que são consideradas um dos principais veículos para a comunicação e inserção no mercado externo.
2. A Produção de Vinho no Brasil
Os tipos de uva podem ser divididos em
dois grupos principais: i) Vitis vinifera (vinhos finos) e ii) Vitis labrusca (vinhos comuns). As
uvas da espécie Vitis vinifera são cultivadas praticamente nos estados de temperaturas mais frias,
como Rio Grande do Sul e Santa Catarina; porém, existe a produção na região de Pernambuco, ao longo do Rio São Francisco. As da espécie Vitis labrusca, devido à rusticidade e resistência, são cultivadas nos Estados de Minas Gerais,
São Paulo e Paraná. Os vinhos produzidos com
esta espécie, em geral, têm forte cheiro da uva, o
que prejudica sua qualidade. Uma terceira espécie, menos expressiva, é a Vitis bourquina, que,
ao contrário da labrusca, tem falta de aroma (VINÍCOLAS, 2005).
O Estado do Rio Grande do Sul é o maior
pólo vitivinícola do Brasil, com 90% dos vinhos
produzidos, onde em 2003 foram produzidos
202.545.724 litros de vinho comum e
29.551.457 litros de vinhos de viníferas, destacando os municípios de Bento Gonçalves, Caxias do Sul e Garibaldi. Existem nessa região importantes associações como a da Uvibra (União
Brasileira de Vitivinicultura) e da ABE (Associação Brasileira de Enologia), que são entidades
que lutam para a melhoria do vinho brasileiro
(EMBRAPA, 2005). Também essa região está
próxima das condições geo-climáticas ideais para o melhor desenvolvimento dos vinhedos. No
entanto, o que prejudica é o excesso de chuvas,
Rev. de Negócios Internacionais, Piracicaba, 4(7):43-49, 2006
pectivas para, nos próximos quatro anos, mais
de 100 empresas se instalarem no Brasil. Algumas das marcas alemãs mais conhecidas no Brasil são Volkswagen, Basf e Bayer. Apesar do Brasil registrar déficits desde 1993 na relação comercial com a Alemanha, vem aumentando sua participação neste mercado, com as exportações de
grandes variedades de produtos (EXPORTAÇÕES, 2005).
O marketing é uma ferramenta que possibilita a determinada empresa ficar conhecida e
lançar seu produto no exterior; porém, é relevante compreender quais, como e quando trabalhar os aspectos que envolvem essa ferramenta. Primeiramente, são levantados dados do ambiente em que se vai trabalhar e, depois, planejase qual será a estratégia para aquele determinado
mercado. Cada país tem uma cultura diferente,
onde uma ação pode funcionar ou não, dependendo das características locais da região visada,
por exemplo. Um dos aspectos que podem ser
trabalhados é a imagem do Brasil, pois grande
parte dos estrangeiros, tradicionalmente, não vê
o Brasil como um país capaz de fabricar produtos de qualidade.
A escolha da Alemanha como mercado para
este estudo ocorreu em função de sua boa relação
comercial com o Brasil. Mesmo o Brasil sendo deficitário nas relações de troca, já é importador de
vinho brasileiro e apreciador da cachaça brasileira.
No entanto, deve ser desenvolvida uma estratégia
de marketing para esse mercado em função de sua
característica de difícil acesso e exigente.
O Brasil, apesar de possuir condições propícias para a produção e já exportar o produto para a Alemanha em pequenas quantidades, ainda
não é visto como um país tradicional na produção de vinhos. Contudo, tem potencial para
configurar-se entre os grandes países exportadores, dependendo de sua capacidade gerencial de
constatar e vencer os entraves que impedem esse
avanço, desenvolvendo as estratégias consideradas adequadas para adentrar em novos mercados. Um dos principais obstáculos envolve trabalhar melhor a imagem e o produto no exterior, pois muitos países não reconhecem o Brasil
como um produtor de vinhos.
44
A inserção do vinho no exterior é um grande desafio para os empresários brasileiros, pois o
Brasil terá que competir com países já tradicionais na produção e exportação de vinhos como
a França e a Itália, que têm a preferência de 17%
e 12%, respectivamente do mercado alemão
(MINISTÉRIO, 2005). As perspectivas das entidades que participam dos projetos para a internacionalização do vinho no exterior são otimistas, pois a passos lentos os vinicultores estão
conquistando seu espaço, participando de importantes feiras internacionais que são consideradas um dos principais veículos para a comunicação e inserção no mercado externo.
2. A Produção de Vinho no Brasil
Os tipos de uva podem ser divididos em
dois grupos principais: i) Vitis vinifera (vinhos finos) e ii) Vitis labrusca (vinhos comuns). As
uvas da espécie Vitis vinifera são cultivadas praticamente nos estados de temperaturas mais frias,
como Rio Grande do Sul e Santa Catarina; porém, existe a produção na região de Pernambuco, ao longo do Rio São Francisco. As da espécie Vitis labrusca, devido à rusticidade e resistência, são cultivadas nos Estados de Minas Gerais,
São Paulo e Paraná. Os vinhos produzidos com
esta espécie, em geral, têm forte cheiro da uva, o
que prejudica sua qualidade. Uma terceira espécie, menos expressiva, é a Vitis bourquina, que,
ao contrário da labrusca, tem falta de aroma (VINÍCOLAS, 2005).
O Estado do Rio Grande do Sul é o maior
pólo vitivinícola do Brasil, com 90% dos vinhos
produzidos, onde em 2003 foram produzidos
202.545.724 litros de vinho comum e
29.551.457 litros de vinhos de viníferas, destacando os municípios de Bento Gonçalves, Caxias do Sul e Garibaldi. Existem nessa região importantes associações como a da Uvibra (União
Brasileira de Vitivinicultura) e da ABE (Associação Brasileira de Enologia), que são entidades
que lutam para a melhoria do vinho brasileiro
(EMBRAPA, 2005). Também essa região está
próxima das condições geo-climáticas ideais para o melhor desenvolvimento dos vinhedos. No
entanto, o que prejudica é o excesso de chuvas,
Rev. de Negócios Internacionais, Piracicaba, 4(7):43-49, 2006
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principalmente na época que antecede a colheita, que é um período crucial à maturação das
uvas. Os vinhos são produzidos com avançada
tecnologia pelas melhores vinícolas da Serra Gaúcha, comparada com as tecnologias empregadas nos principais países vinícolas da Europa.
Outro destaque para a qualidade na produção
dos vinhos na região do Vale dos Vinhedos, em
Bento Gonçalves, ocorreu com a implantação
da primeira DOC (Denominação de Origem
Controlada) que reconhece e protege a denominação geográfica sob a qual um produto se tornou público, com ligação entre o produto, o território e fatores humanos, onde os atributos do
meio geográfico compreendem fatores naturais
como solo e clima e os fatores humanos, como
saber fazer, tradição e cultura (ACADEMIA
DO VINHO, 2005)
As exportações de vinhos brasileiros ainda
são pequenas, não se situando entre os 12 maiores exportadores mundiais (em comparação a
própria Alemanha que está em sétimo lugar). A
Itália é o maior exportador mundial, embora em
termos de valor, a França, que é o segundo maior exportador, tem um preço 2,4 superior ao da
Itália, o que também acontece com a Austrália,
onde seu valor médio é superior ao da Itália e
Espanha. O Brasil aparece como 16º produtor
mundial. Por não ser um produtor tradicional,
concentra uma das maiores e mais diversificadas
ofertas de vinhos do mundo, com cerca de 7.000
rótulos e atuando em 20 países, aparecendo próximo a países como EUA e Inglaterra.
O consumo de vinho no Brasil ainda é baixo,
correspondendo a 2 litros/habitante/ano se comparado com a Argentina, que é de 40 litros/hab/
ano. Antes esse consumo era menor ainda. Por
meio de estratégias desenvolvidas pelas empresas
importadoras, principalmente do Chile e Argentina, tal situação foi modificada, fazendo com que
dobrasse o consumo de vinho no Brasil. Para os
importadores, algo importante que deve ser trabalhado é a associação que os consumidores fazem
com a bebida, pois muitos consomem o vinho
somente nos meses de inverno e nas festas de fim
de ano, entre outras ocasiões mais limitadas. O vinho pode ser uma bebida de verão, como a cerveRev. de Negócios Internacionais, Piracicaba, 4(7):43-49, 2006
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ja, podendo ser consumido até em uma praia,
por exemplo. Claro que isso depende do estilo e
do tipo do vinho. O importante é frisar que ele
pode ser consumido em todas as estações do ano.
Segundo os importadores brasileiros, os meses de
maior consumo são novembro e dezembro, meses que antecedem as festas do final do ano, enquanto os piores são janeiro e fevereiro (GAZETA MERCANTIL, 2004).
3. Metodologia
Foram realizadas entrevistas com associações, enólogos, exportadores e importadores.
Como alguns dos entrevistados preferiram não
ser identificados, preferiu-se aqui omitir a relação das pessoas que fizeram parte da amostra.
Foi aplicada uma pesquisa explorando todos os
fatores que envolvem o processo de exportação
para identificar quais são as perspectivas em relação à inserção do vinho no mercado alemão.
Foram enviados questionários com seis perguntas para cada um dos entrevistados. As informações foram coletadas por meio de e-mail, durante o mês de agosto de 2005.
4. Resultados e Discussão
A Alemanha é considerada o quarto maior
mercado de vinho do mundo. Em 2001 foram
consumidos 1,97 bilhão de litros. Segundo a publicação “Food Economy”, 32,3% dos gastos de
bebidas alcoólicas por domicílio foram destinados para a compra de vinhos, enquanto 32,2%
para a cerveja. Desde 1995 o consumo da cerveja vem caindo em relação ao vinho, embora a
quantidade consumida da cerveja seja bem maior. Apesar de ser conhecida como país característico de vinhos brancos, segundo pesquisa realizada pelo grupo GFK, em 2001 os alemães
consumiram mais vinho tinto do que vinho
branco, o que evidencia que o vinho tinto vem
superando o vinho branco na preferência dos
alemães. Devido à mudança do paladar alemão,
os vinicultores tiveram que se adequar e destinar
um quarto da superfície de cultivo a espécies de
uvas tintas. Com o aumento do consumo do vinho e pelo fato da produção local não ser sufici45
principalmente na época que antecede a colheita, que é um período crucial à maturação das
uvas. Os vinhos são produzidos com avançada
tecnologia pelas melhores vinícolas da Serra Gaúcha, comparada com as tecnologias empregadas nos principais países vinícolas da Europa.
Outro destaque para a qualidade na produção
dos vinhos na região do Vale dos Vinhedos, em
Bento Gonçalves, ocorreu com a implantação
da primeira DOC (Denominação de Origem
Controlada) que reconhece e protege a denominação geográfica sob a qual um produto se tornou público, com ligação entre o produto, o território e fatores humanos, onde os atributos do
meio geográfico compreendem fatores naturais
como solo e clima e os fatores humanos, como
saber fazer, tradição e cultura (ACADEMIA
DO VINHO, 2005)
As exportações de vinhos brasileiros ainda
são pequenas, não se situando entre os 12 maiores exportadores mundiais (em comparação a
própria Alemanha que está em sétimo lugar). A
Itália é o maior exportador mundial, embora em
termos de valor, a França, que é o segundo maior exportador, tem um preço 2,4 superior ao da
Itália, o que também acontece com a Austrália,
onde seu valor médio é superior ao da Itália e
Espanha. O Brasil aparece como 16º produtor
mundial. Por não ser um produtor tradicional,
concentra uma das maiores e mais diversificadas
ofertas de vinhos do mundo, com cerca de 7.000
rótulos e atuando em 20 países, aparecendo próximo a países como EUA e Inglaterra.
O consumo de vinho no Brasil ainda é baixo,
correspondendo a 2 litros/habitante/ano se comparado com a Argentina, que é de 40 litros/hab/
ano. Antes esse consumo era menor ainda. Por
meio de estratégias desenvolvidas pelas empresas
importadoras, principalmente do Chile e Argentina, tal situação foi modificada, fazendo com que
dobrasse o consumo de vinho no Brasil. Para os
importadores, algo importante que deve ser trabalhado é a associação que os consumidores fazem
com a bebida, pois muitos consomem o vinho
somente nos meses de inverno e nas festas de fim
de ano, entre outras ocasiões mais limitadas. O vinho pode ser uma bebida de verão, como a cerveRev. de Negócios Internacionais, Piracicaba, 4(7):43-49, 2006
ja, podendo ser consumido até em uma praia,
por exemplo. Claro que isso depende do estilo e
do tipo do vinho. O importante é frisar que ele
pode ser consumido em todas as estações do ano.
Segundo os importadores brasileiros, os meses de
maior consumo são novembro e dezembro, meses que antecedem as festas do final do ano, enquanto os piores são janeiro e fevereiro (GAZETA MERCANTIL, 2004).
3. Metodologia
Foram realizadas entrevistas com associações, enólogos, exportadores e importadores.
Como alguns dos entrevistados preferiram não
ser identificados, preferiu-se aqui omitir a relação das pessoas que fizeram parte da amostra.
Foi aplicada uma pesquisa explorando todos os
fatores que envolvem o processo de exportação
para identificar quais são as perspectivas em relação à inserção do vinho no mercado alemão.
Foram enviados questionários com seis perguntas para cada um dos entrevistados. As informações foram coletadas por meio de e-mail, durante o mês de agosto de 2005.
4. Resultados e Discussão
A Alemanha é considerada o quarto maior
mercado de vinho do mundo. Em 2001 foram
consumidos 1,97 bilhão de litros. Segundo a publicação “Food Economy”, 32,3% dos gastos de
bebidas alcoólicas por domicílio foram destinados para a compra de vinhos, enquanto 32,2%
para a cerveja. Desde 1995 o consumo da cerveja vem caindo em relação ao vinho, embora a
quantidade consumida da cerveja seja bem maior. Apesar de ser conhecida como país característico de vinhos brancos, segundo pesquisa realizada pelo grupo GFK, em 2001 os alemães
consumiram mais vinho tinto do que vinho
branco, o que evidencia que o vinho tinto vem
superando o vinho branco na preferência dos
alemães. Devido à mudança do paladar alemão,
os vinicultores tiveram que se adequar e destinar
um quarto da superfície de cultivo a espécies de
uvas tintas. Com o aumento do consumo do vinho e pelo fato da produção local não ser sufici45
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ente para abastecer o mercado, os alemães foram obrigados a recorrer aos importados. Em
2001, os países que se destacaram nas exportações de vinho tinto para a Alemanha foram os
considerados vinhos do “Novo Mundo“, como
Chile, África do Sul, Austrália e Califórnia
(mantendo posição de líder). Os maiores consumidores de vinho tinto, segundo faixa etária, são
pessoas com menos de 35 anos (53,4%), em seguida de 35 a 49 anos (52,3%), de 50 a 59 anos
(49,8%) e mais de 59 anos (49,1%).
A Alemanha possui 82,6 milhões de habitantes, com uma superfície de 357.000 km∑, abrigando a maior população e posição central da Europa e no ranking das maiores economias e do terceiro maior PIB do mundo. Membro da União
Européia, bloco econômico que mantém acordos bilaterais com o Mercosul, onde o Brasil é país membro, suas principais cidades são Berlim
(Capital), Hamburgo, Munique, Colônia, Frankfurt e Essen. A Alemanha possui 16 Estados federados. Até 1990, data que se deu a unificação dos
dois estados alemães, possuía 11 (MINISTÉRIO,
2005). Conceituada no comércio internacional,
suas exportações participam com 35% do PIB e
as importações de matérias-primas, insumos e
bens de consumo, com 33%. Contudo, nos últimos anos houve uma queda do PIB alemão, devido a fatores como queda de exportações, diminuição do consumo interno ocasionando um
baixo volume de negócios e fortalecimento da
moeda do euro. Foram tomadas iniciativas por
parte do governo através de um programa de reformas que inclui redução tributária, como estímulo para chamar os consumidores e também
apoiar as exportações, resgatando o crescimento
econômico do país (BRASIL, 2002)
Os alemães são ricos em cultura, dado que
cerca de 78% da população lêem jornal diariamente durante 30 minutos. Ela é o terceiro país
do mundo que mais produz livros. Tem grande
sucesso também na gastronomia, pois alguns de
seus restaurantes são conhecidos internacionalmente e os vinhos alemães também ostentam
renomes mundiais. O que facilita viajar pela
Alemanha é a ampla rede de transportes, com
acesso para as mais diversas cidades turísticas
46
(FIGUEIRÓ, 2006). A relação dos países que
concorrem com o vinho brasileiro na Alemanha
incluem França, Itália, Argentina, Portugal, Chile, Austrália, Estados Unidos, África do Sul e os
próprios vinicultores alemães. A Itália e a França
detêm 17% das vendas de vinhos nesse mercado. Os concorrentes mais próximos do Brasil
são os vizinhos da América Latina, Chile e Argentina, conhecidos no mercado internacional
como produtores de qualidade. Um dos obstáculos para o Brasil em relação ao Chile é que o
mesmo tem relações de livre comércio com a
União Européia nas exportações de vinhos, fato
que facilita as vendas para o mercado alemão.
Como os produtores brasileiros terão que competir com fortes concorrentes no mercado alemão, a idéia é desenvolver uma estratégia de seguidora de mercado, acompanhando a líder de
forma suficiente para conquistar seus clientes.
Sob este cenário, que tipos de estratégias devem ser propostas para que o Brasil seja visto no
contexto internacional como um produtor de vinhos de qualidade? A principal estratégia é mudar a imagem que o Brasil tem no exterior, mostrando que os vinhos brasileiros seguem o padrão de qualidade para competir com outros países, pois nos últimos anos houve uma melhora
técnica na produção do vinho brasileiro, despertando o interesse do próprio governo em apoiar
a imagem do Brasil como um produtor de vinhos finos. Os vinicultores da região de Pernambuco, por exemplo, estão recebendo incentivos
com o projeto setorial integrado, que é a criação
de um consórcio para a exportação dos vinhos
com a marca do vale do São Francisco. Os produtores seguem as técnicas mais modernas para
assegurar vinhos de qualidade, com aspectos finos, jovens, frescos, frutados e aromáticos.
A segmentação internacional tem como meta dividir o mercado em grupos diferentes de
consumidores que apresentam respostas diferentes ao composto de marketing da empresa. A
idéia é desenvolver um composto de marketing
para cada segmento e, então, realizar um trabalho mais criterioso com o segmento-alvo para
atender seus desejos e necessidades. Alguns critérios de segmentação devem ser analisados para
Rev. de Negócios Internacionais, Piracicaba, 4(7):43-49, 2006
ente para abastecer o mercado, os alemães foram obrigados a recorrer aos importados. Em
2001, os países que se destacaram nas exportações de vinho tinto para a Alemanha foram os
considerados vinhos do “Novo Mundo“, como
Chile, África do Sul, Austrália e Califórnia
(mantendo posição de líder). Os maiores consumidores de vinho tinto, segundo faixa etária, são
pessoas com menos de 35 anos (53,4%), em seguida de 35 a 49 anos (52,3%), de 50 a 59 anos
(49,8%) e mais de 59 anos (49,1%).
A Alemanha possui 82,6 milhões de habitantes, com uma superfície de 357.000 km∑, abrigando a maior população e posição central da Europa e no ranking das maiores economias e do terceiro maior PIB do mundo. Membro da União
Européia, bloco econômico que mantém acordos bilaterais com o Mercosul, onde o Brasil é país membro, suas principais cidades são Berlim
(Capital), Hamburgo, Munique, Colônia, Frankfurt e Essen. A Alemanha possui 16 Estados federados. Até 1990, data que se deu a unificação dos
dois estados alemães, possuía 11 (MINISTÉRIO,
2005). Conceituada no comércio internacional,
suas exportações participam com 35% do PIB e
as importações de matérias-primas, insumos e
bens de consumo, com 33%. Contudo, nos últimos anos houve uma queda do PIB alemão, devido a fatores como queda de exportações, diminuição do consumo interno ocasionando um
baixo volume de negócios e fortalecimento da
moeda do euro. Foram tomadas iniciativas por
parte do governo através de um programa de reformas que inclui redução tributária, como estímulo para chamar os consumidores e também
apoiar as exportações, resgatando o crescimento
econômico do país (BRASIL, 2002)
Os alemães são ricos em cultura, dado que
cerca de 78% da população lêem jornal diariamente durante 30 minutos. Ela é o terceiro país
do mundo que mais produz livros. Tem grande
sucesso também na gastronomia, pois alguns de
seus restaurantes são conhecidos internacionalmente e os vinhos alemães também ostentam
renomes mundiais. O que facilita viajar pela
Alemanha é a ampla rede de transportes, com
acesso para as mais diversas cidades turísticas
46
(FIGUEIRÓ, 2006). A relação dos países que
concorrem com o vinho brasileiro na Alemanha
incluem França, Itália, Argentina, Portugal, Chile, Austrália, Estados Unidos, África do Sul e os
próprios vinicultores alemães. A Itália e a França
detêm 17% das vendas de vinhos nesse mercado. Os concorrentes mais próximos do Brasil
são os vizinhos da América Latina, Chile e Argentina, conhecidos no mercado internacional
como produtores de qualidade. Um dos obstáculos para o Brasil em relação ao Chile é que o
mesmo tem relações de livre comércio com a
União Européia nas exportações de vinhos, fato
que facilita as vendas para o mercado alemão.
Como os produtores brasileiros terão que competir com fortes concorrentes no mercado alemão, a idéia é desenvolver uma estratégia de seguidora de mercado, acompanhando a líder de
forma suficiente para conquistar seus clientes.
Sob este cenário, que tipos de estratégias devem ser propostas para que o Brasil seja visto no
contexto internacional como um produtor de vinhos de qualidade? A principal estratégia é mudar a imagem que o Brasil tem no exterior, mostrando que os vinhos brasileiros seguem o padrão de qualidade para competir com outros países, pois nos últimos anos houve uma melhora
técnica na produção do vinho brasileiro, despertando o interesse do próprio governo em apoiar
a imagem do Brasil como um produtor de vinhos finos. Os vinicultores da região de Pernambuco, por exemplo, estão recebendo incentivos
com o projeto setorial integrado, que é a criação
de um consórcio para a exportação dos vinhos
com a marca do vale do São Francisco. Os produtores seguem as técnicas mais modernas para
assegurar vinhos de qualidade, com aspectos finos, jovens, frescos, frutados e aromáticos.
A segmentação internacional tem como meta dividir o mercado em grupos diferentes de
consumidores que apresentam respostas diferentes ao composto de marketing da empresa. A
idéia é desenvolver um composto de marketing
para cada segmento e, então, realizar um trabalho mais criterioso com o segmento-alvo para
atender seus desejos e necessidades. Alguns critérios de segmentação devem ser analisados para
Rev. de Negócios Internacionais, Piracicaba, 4(7):43-49, 2006
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a escolha do mercado, como mensurabilidade,
adequação de tamanho, acessibilidade, funcionalidade, intensidade competitiva e potencial de
crescimento (KOTABE, 2000, p. 189).
Inicialmente pode-se desenvolver um trabalho com os consumidores das classes A, B e C,
sexo masculino e feminino, faixa etária com menos de 35 anos, pois, segundo pesquisa realizada em 2001, foram os maiores consumidores de
vinho (53%). A idéia inicial seria focar nas principais cidades alemãs, como Berlim, Hamburgo,
Munique, Colônia, Frankfurt e Essen, em busca
dos freqüentadores de Pubs, bares, restaurantes,
enólogos, entre outros.
Os imigrantes podem ser considerados como um público-alvo, pois através de uma pesquisa bem detalhada pode-se produzir um vinho adequado aos gostos desses consumidores.
Definidos os segmentos-alvos, deve ser colocada
em prática a estratégia de posicionamento, expressando como se deseja posicionar o vinho na
mente dos consumidores-alvo potenciais. Uma
das estratégias será através de revistas especializadas e jornais, entre outros, com a idéia de relacionar a cachaça brasileira ao vinho, pois a cachaça
faz sucesso na cidade de Berlim e os consumidores berlinenses são simpatizantes dos produtos
brasileiros, principalmente da caipirinha, que é
um dos drinques mais populares – o intuito será
aproveitar esta oportunidade para introduzir o
vinho nos lugares mais freqüentados por esses
potenciais consumidores, pois alemães são grandes apreciadores de bebidas alcoólicas. É necessário, também, criar estratégias de posicionamento no ambiente interno, focando a questão
da sazonalidade e tentando mudar a concepção
de que o vinho é uma bebida característica de inverno e festas de final de ano, dado que os brasileiros não têm o hábito de consumir vinho, como acontece com a cerveja ou a caipirinha.
O enoturismo é uma forma de mostrar que
o vinho está cada vez mais ganhando espaço,
pois é um dos atrativos que mais cresce nas regiões vinícolas. Além de atrair turistas de vários estados brasileiros, ele contribui para o crescimento das regiões vinícolas, aumentando-se a produção, divulgação e comercialização dos vinhos.
Rev. de Negócios Internacionais, Piracicaba, 4(7):43-49, 2006
RNI_n7.book Page 47 Friday, September 22, 2006 11:03 AM
O maior número de turistas que se hospedam
nos hotéis e pousadas são curiosos que pouco
ou não entendem nada de vinho. Esse fato da
curiosidade é muito importante, pois é uma forma de conhecer a cultura do vinho e aumentar
o consumo por uma bebida de qualidade, estimulando o turismo brasileiro e o consumo pelo
vinho (FOLHA, 2005).
As maiores empresas vinícolas já estão investindo em hotéis, pousadas, parques da uva e do
vinho, salas de degustação, lojas de varejo, entre
outros, pois a cada ano aumenta o número de
visitantes nas regiões produtoras, localizadas no
Rio Grande do Sul, Pernambuco e Bahia. O
produto é algo oferecido a um mercado para satisfazer um desejo. Um item importante a ser
observado é a adaptabilidade do produto ao cliente alemão, dado que compreende exigências
como embalagem do produto, por exemplo, pis
tratam com seriedade a questão da reciclagem, o
verde e o conceito de politicamente correto, como a não utilização de mão-de-obra infantil. Os
dados apresentados na etiqueta do produto devem estar escritos no mínimo em três idiomas:
alemão, inglês e português. Saber trabalhar as
cores é fundamental, tanto no aspecto cultural
como comercial. A estipulação do preço leva
em consideração diversos fatores, como custos
que refletem os valores agregados na produção,
circunstâncias do mercado e objetivos empresariais quanto ao posicionamento dos produtos
em relação aos concorrentes. Os alemães consideram alguns produtos brasileiros caros. No entanto, o que deve ser enfatizado é a qualidade
com que os mesmos são produzidos e o sabor
diferenciado, pois no Brasil existem regiões consideradas as melhores do mundo para a produção de vinhos.
Comunicação é o conjunto de ações que visam divulgar o produto junto aos seus diversos
públicos, sendo a promoção de vendas uma importante ferramenta de marketing na Alemanha.
A divulgação do produto, além de ocorrer em
exposições nas feiras, principal veículo promocional, deve concentrar-se também através da
publicidade comercial em veículos de comunicação, como, televisão, imprensa escrita, rádio,
47
a escolha do mercado, como mensurabilidade,
adequação de tamanho, acessibilidade, funcionalidade, intensidade competitiva e potencial de
crescimento (KOTABE, 2000, p. 189).
Inicialmente pode-se desenvolver um trabalho com os consumidores das classes A, B e C,
sexo masculino e feminino, faixa etária com menos de 35 anos, pois, segundo pesquisa realizada em 2001, foram os maiores consumidores de
vinho (53%). A idéia inicial seria focar nas principais cidades alemãs, como Berlim, Hamburgo,
Munique, Colônia, Frankfurt e Essen, em busca
dos freqüentadores de Pubs, bares, restaurantes,
enólogos, entre outros.
Os imigrantes podem ser considerados como um público-alvo, pois através de uma pesquisa bem detalhada pode-se produzir um vinho adequado aos gostos desses consumidores.
Definidos os segmentos-alvos, deve ser colocada
em prática a estratégia de posicionamento, expressando como se deseja posicionar o vinho na
mente dos consumidores-alvo potenciais. Uma
das estratégias será através de revistas especializadas e jornais, entre outros, com a idéia de relacionar a cachaça brasileira ao vinho, pois a cachaça
faz sucesso na cidade de Berlim e os consumidores berlinenses são simpatizantes dos produtos
brasileiros, principalmente da caipirinha, que é
um dos drinques mais populares – o intuito será
aproveitar esta oportunidade para introduzir o
vinho nos lugares mais freqüentados por esses
potenciais consumidores, pois alemães são grandes apreciadores de bebidas alcoólicas. É necessário, também, criar estratégias de posicionamento no ambiente interno, focando a questão
da sazonalidade e tentando mudar a concepção
de que o vinho é uma bebida característica de inverno e festas de final de ano, dado que os brasileiros não têm o hábito de consumir vinho, como acontece com a cerveja ou a caipirinha.
O enoturismo é uma forma de mostrar que
o vinho está cada vez mais ganhando espaço,
pois é um dos atrativos que mais cresce nas regiões vinícolas. Além de atrair turistas de vários estados brasileiros, ele contribui para o crescimento das regiões vinícolas, aumentando-se a produção, divulgação e comercialização dos vinhos.
Rev. de Negócios Internacionais, Piracicaba, 4(7):43-49, 2006
O maior número de turistas que se hospedam
nos hotéis e pousadas são curiosos que pouco
ou não entendem nada de vinho. Esse fato da
curiosidade é muito importante, pois é uma forma de conhecer a cultura do vinho e aumentar
o consumo por uma bebida de qualidade, estimulando o turismo brasileiro e o consumo pelo
vinho (FOLHA, 2005).
As maiores empresas vinícolas já estão investindo em hotéis, pousadas, parques da uva e do
vinho, salas de degustação, lojas de varejo, entre
outros, pois a cada ano aumenta o número de
visitantes nas regiões produtoras, localizadas no
Rio Grande do Sul, Pernambuco e Bahia. O
produto é algo oferecido a um mercado para satisfazer um desejo. Um item importante a ser
observado é a adaptabilidade do produto ao cliente alemão, dado que compreende exigências
como embalagem do produto, por exemplo, pis
tratam com seriedade a questão da reciclagem, o
verde e o conceito de politicamente correto, como a não utilização de mão-de-obra infantil. Os
dados apresentados na etiqueta do produto devem estar escritos no mínimo em três idiomas:
alemão, inglês e português. Saber trabalhar as
cores é fundamental, tanto no aspecto cultural
como comercial. A estipulação do preço leva
em consideração diversos fatores, como custos
que refletem os valores agregados na produção,
circunstâncias do mercado e objetivos empresariais quanto ao posicionamento dos produtos
em relação aos concorrentes. Os alemães consideram alguns produtos brasileiros caros. No entanto, o que deve ser enfatizado é a qualidade
com que os mesmos são produzidos e o sabor
diferenciado, pois no Brasil existem regiões consideradas as melhores do mundo para a produção de vinhos.
Comunicação é o conjunto de ações que visam divulgar o produto junto aos seus diversos
públicos, sendo a promoção de vendas uma importante ferramenta de marketing na Alemanha.
A divulgação do produto, além de ocorrer em
exposições nas feiras, principal veículo promocional, deve concentrar-se também através da
publicidade comercial em veículos de comunicação, como, televisão, imprensa escrita, rádio,
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“outdoors”, internet, jornais e revistas especializadas. Existem estimadamente 10 mil publicações de revistas especializadas e 1.500 revistas
comerciais, onde para determinadas revistas
existem leitores especializados, chegando a um
número de 50 leitores para algumas revistas
(MRE, op.cit).
Recomenda-se para empresas que querem
investir neste setor que entrem em contato com
as agências de publicidade e propaganda, tanto
locais como internacionais que atuam no país,
em função delas conhecerem a cultura, gostos e
comportamento dos consumidores alemães. As
feiras e exposições são métodos eficientes utilizados na promoção dos produtos, pois a Alemanha é o país líder na realização de feiras mundiais, com aproximadamente dois terços das 150
principais feiras. Os centros mais importantes de
feiras e exposições são Colônia, Düsseldorf,
Frankfurt, Essen, Hanover, Munique, Hamburgo, Stuttgart, Nurembergue e Berlim.
Dentre os veículos publicitários, os jornais
diários destacam-se com uma média de 25 milhões de exemplares vendidos. As revistas de
maior tiragem são as semanais que tratam de noticiários de televisão e rádio. Uma das estratégias
de propaganda são os “Outdoors”, com a idéia
de relacionar a cachaça brasileira ao vinho, pois
a cachaça faz sucesso na cidade de Berlim, os
consumidores berlinenses são simpatizantes dos
produtos brasileiros, principalmente da caipirinha, que é um dos drinques mais populares, e o
intuito será aproveitar esta oportunidade para
introduzir o vinho brasileiro nos lugares mais
freqüentados por esses potenciais consumidores, pois alemães são grandes apreciadores de bebidas alcoólicas. A distribuição é um item muito
importante, um diferencial competitivo que não
pode ser facilmente copiado pela concorrência.
É um canal de marketing que, para chegar no
consumidor final, envolve várias cadeias, como
distribuidores, varejistas, atacadistas, entre outros e, por isso, deve ser bem trabalhado para
cumprir prazos estipulados, pois uma das exigências do mercado alemão é a pontualidade.
Os exportadores brasileiros podem contar
com uma ampla escolha de canal para distri48
buição de seus produtos no mercado alemão,
pois os mesmos possuem um sistema de distribuição altamente desenvolvido, eficiente e dinâmico. Para saber o canal mais apropriado, depende-se do trabalho de marketing que será desenvolvido. Por não existir regulamentações que
obriguem os fornecedores locais e estrangeiros a
recorrer a determinados canais de distribuição, a
venda de produtos poderá ser efetuada de forma
direta e indireta. Por meio da distribuição direta,
o fabricante fornece o produto diretamente ao
consumidor, sem passar pelo atacadista ou varejista, onde o exportador brasileiro tem a possibilidade de trabalhar com mais intensidade o mercado escolhido, ou, também, através de uma filial, que pode ser mais custoso do que contratar
um agente independente. A distribuição indireta é a maneira mais utilizada na Alemanha, devido ao alto custo para se adentrar nesse mercado.
Existem várias opções como importadores, atacadistas, varejistas, agentes de vendas (agentes
comerciais, comissionados e representantes exclusivos) e trading companies. Uma boa oportunidade para as empresas de pequeno e médio porte que ainda não têm acesso ao mercado são os
intermediários de vendas (representantes comerciais, agentes comissionados e agentes exclusivos), mais precisamente os representantes comerciais, que possuem custos favoráveis e experiência para a inserção de novos produtos. Destacam-se pela importância na economia alemã,
onde 60 mil são filiados à União Central das Associações Alemãs de Representantes e Agentes
Comerciais, representando várias empresas fornecedoras e, com isso, possuem boas percepções
de mercado, do potencial dos clientes e tendências da demanda (MINISTÉRIO, 2005).
5. Considerações Finais
O Brasil ainda é considerado um exportador
tímido, pois participa com uma fatia pequena
nas exportações mundiais de vinho. Nos primeiros dez meses de 2004 foram vendidas para a
Alemanha aproximadamente 20 mil garrafas, o
que evidencia a existência de um grande potencial para o crescimento das exportações brasileiras, podendo reverter a situação deficitária da
Rev. de Negócios Internacionais, Piracicaba, 4(7):43-49, 2006
“outdoors”, internet, jornais e revistas especializadas. Existem estimadamente 10 mil publicações de revistas especializadas e 1.500 revistas
comerciais, onde para determinadas revistas
existem leitores especializados, chegando a um
número de 50 leitores para algumas revistas
(MRE, op.cit).
Recomenda-se para empresas que querem
investir neste setor que entrem em contato com
as agências de publicidade e propaganda, tanto
locais como internacionais que atuam no país,
em função delas conhecerem a cultura, gostos e
comportamento dos consumidores alemães. As
feiras e exposições são métodos eficientes utilizados na promoção dos produtos, pois a Alemanha é o país líder na realização de feiras mundiais, com aproximadamente dois terços das 150
principais feiras. Os centros mais importantes de
feiras e exposições são Colônia, Düsseldorf,
Frankfurt, Essen, Hanover, Munique, Hamburgo, Stuttgart, Nurembergue e Berlim.
Dentre os veículos publicitários, os jornais
diários destacam-se com uma média de 25 milhões de exemplares vendidos. As revistas de
maior tiragem são as semanais que tratam de noticiários de televisão e rádio. Uma das estratégias
de propaganda são os “Outdoors”, com a idéia
de relacionar a cachaça brasileira ao vinho, pois
a cachaça faz sucesso na cidade de Berlim, os
consumidores berlinenses são simpatizantes dos
produtos brasileiros, principalmente da caipirinha, que é um dos drinques mais populares, e o
intuito será aproveitar esta oportunidade para
introduzir o vinho brasileiro nos lugares mais
freqüentados por esses potenciais consumidores, pois alemães são grandes apreciadores de bebidas alcoólicas. A distribuição é um item muito
importante, um diferencial competitivo que não
pode ser facilmente copiado pela concorrência.
É um canal de marketing que, para chegar no
consumidor final, envolve várias cadeias, como
distribuidores, varejistas, atacadistas, entre outros e, por isso, deve ser bem trabalhado para
cumprir prazos estipulados, pois uma das exigências do mercado alemão é a pontualidade.
Os exportadores brasileiros podem contar
com uma ampla escolha de canal para distri48
buição de seus produtos no mercado alemão,
pois os mesmos possuem um sistema de distribuição altamente desenvolvido, eficiente e dinâmico. Para saber o canal mais apropriado, depende-se do trabalho de marketing que será desenvolvido. Por não existir regulamentações que
obriguem os fornecedores locais e estrangeiros a
recorrer a determinados canais de distribuição, a
venda de produtos poderá ser efetuada de forma
direta e indireta. Por meio da distribuição direta,
o fabricante fornece o produto diretamente ao
consumidor, sem passar pelo atacadista ou varejista, onde o exportador brasileiro tem a possibilidade de trabalhar com mais intensidade o mercado escolhido, ou, também, através de uma filial, que pode ser mais custoso do que contratar
um agente independente. A distribuição indireta é a maneira mais utilizada na Alemanha, devido ao alto custo para se adentrar nesse mercado.
Existem várias opções como importadores, atacadistas, varejistas, agentes de vendas (agentes
comerciais, comissionados e representantes exclusivos) e trading companies. Uma boa oportunidade para as empresas de pequeno e médio porte que ainda não têm acesso ao mercado são os
intermediários de vendas (representantes comerciais, agentes comissionados e agentes exclusivos), mais precisamente os representantes comerciais, que possuem custos favoráveis e experiência para a inserção de novos produtos. Destacam-se pela importância na economia alemã,
onde 60 mil são filiados à União Central das Associações Alemãs de Representantes e Agentes
Comerciais, representando várias empresas fornecedoras e, com isso, possuem boas percepções
de mercado, do potencial dos clientes e tendências da demanda (MINISTÉRIO, 2005).
5. Considerações Finais
O Brasil ainda é considerado um exportador
tímido, pois participa com uma fatia pequena
nas exportações mundiais de vinho. Nos primeiros dez meses de 2004 foram vendidas para a
Alemanha aproximadamente 20 mil garrafas, o
que evidencia a existência de um grande potencial para o crescimento das exportações brasileiras, podendo reverter a situação deficitária da
Rev. de Negócios Internacionais, Piracicaba, 4(7):43-49, 2006
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balança comercial nas relações de troca com a
Alemanha (DW, 2004). A Alemanha está posicionada como o quarto maior consumidor e o segundo maior importador no mercado mundial
de vinhos, o que se reflete a importância de desenvolver um bom trabalho no exterior para posicionar o vinho brasileiro como um produto de
qualidade e aplicar estratégias e táticas de marketing para melhorar a imagem do Brasil no exterior, visando as oportunidades de negócios num
mercado promissor e oportuno (MINISTÉRIO, 2005). Entretanto, diversos esforços estão
sendo feitos no sentido de aumentar as exportações do Brasil não só para a Alemanha, mas
também para outros mercados. Exemplo disso é
RNI_n7.book Page 49 Friday, September 22, 2006 11:03 AM
o interesse demonstrado pelo ministro da Indústria e Comércio, Luiz Fernando Furlan, através
dos vários projetos de incentivos que as entidades brasileiras, estão desenvolvendo com as
principais vinícolas que, além de promover as
exportações e incentivar os empresários brasileiros a participarem mais do comércio exterior; estão gerando empregos nas regiões vinícolas.
Este estudo pretendeu contribuir no esforço
de pensar estratégias que permitam explorar
com mais eficiência os produtos brasileiros no
mercado internacional, auxiliando no desejo de
transformar e posicionar o país no lugar merecido lugar de destaque global.
REFERÊNCIAS
ACADEMIA DO VINHO. Regiões vinícolas do Sul. Disponível
em:
<http://www.academiadovinho.com.br/brasil/
br_serraga.htm. Acesso em 09.abr.2005.
BRASIL, Embaixada do Brasil em Berlim. Pesquisa de mercado,
2002. Disponível em: <http://www.braziltradenet.com.br>.
Acesso em 05.mar. 2005.
DW, 2004. Disponível em: <http://www.dw-world.de/dw/article/
0,1564,140777,00.html>. Acesso em: 05.mar.2004.
EXPORTAÇÕES. Disponível em: <http://www.cnpuv.embrapa.br/
publica/artigos/Produção.pdf>. Acesso em 12.abr.2005.
Rev. de Negócios Internacionais, Piracicaba, 4(7):43-49, 2006
balança comercial nas relações de troca com a
Alemanha (DW, 2004). A Alemanha está posicionada como o quarto maior consumidor e o segundo maior importador no mercado mundial
de vinhos, o que se reflete a importância de desenvolver um bom trabalho no exterior para posicionar o vinho brasileiro como um produto de
qualidade e aplicar estratégias e táticas de marketing para melhorar a imagem do Brasil no exterior, visando as oportunidades de negócios num
mercado promissor e oportuno (MINISTÉRIO, 2005). Entretanto, diversos esforços estão
sendo feitos no sentido de aumentar as exportações do Brasil não só para a Alemanha, mas
também para outros mercados. Exemplo disso é
o interesse demonstrado pelo ministro da Indústria e Comércio, Luiz Fernando Furlan, através
dos vários projetos de incentivos que as entidades brasileiras, estão desenvolvendo com as
principais vinícolas que, além de promover as
exportações e incentivar os empresários brasileiros a participarem mais do comércio exterior; estão gerando empregos nas regiões vinícolas.
Este estudo pretendeu contribuir no esforço
de pensar estratégias que permitam explorar
com mais eficiência os produtos brasileiros no
mercado internacional, auxiliando no desejo de
transformar e posicionar o país no lugar merecido lugar de destaque global.
REFERÊNCIAS
FIGUEIRÓ, Inês. A copa do mundo 2006. Integração Econômica, out/nov/dez, 2004, nº 9, p. 24
GAZETA mercantil. Acesso em 01.abr.2005.
JORNAL Folha de São Paulo. Acesso em 10.mar.2005.
KOTABE, Masaaki; HELSEN, Kristiaan. Administração de
Marketing Global. Ailton Bomfin Brandão (Tradução). São
Paulo: Atlas, 2000. p. 189, 252, 253, 254
MINISTÉRIO federal das relações exteriores, 2005.
VINICOLAS. Disponível em: <http://www.miolo.com.br>.
Acesso em 17.abr.2005.
49
ACADEMIA DO VINHO. Regiões vinícolas do Sul. Disponível
em:
<http://www.academiadovinho.com.br/brasil/
br_serraga.htm. Acesso em 09.abr.2005.
BRASIL, Embaixada do Brasil em Berlim. Pesquisa de mercado,
2002. Disponível em: <http://www.braziltradenet.com.br>.
Acesso em 05.mar. 2005.
DW, 2004. Disponível em: <http://www.dw-world.de/dw/article/
0,1564,140777,00.html>. Acesso em: 05.mar.2004.
EXPORTAÇÕES. Disponível em: <http://www.cnpuv.embrapa.br/
publica/artigos/Produção.pdf>. Acesso em 12.abr.2005.
Rev. de Negócios Internacionais, Piracicaba, 4(7):43-49, 2006
FIGUEIRÓ, Inês. A copa do mundo 2006. Integração Econômica, out/nov/dez, 2004, nº 9, p. 24
GAZETA mercantil. Acesso em 01.abr.2005.
JORNAL Folha de São Paulo. Acesso em 10.mar.2005.
KOTABE, Masaaki; HELSEN, Kristiaan. Administração de
Marketing Global. Ailton Bomfin Brandão (Tradução). São
Paulo: Atlas, 2000. p. 189, 252, 253, 254
MINISTÉRIO federal das relações exteriores, 2005.
VINICOLAS. Disponível em: <http://www.miolo.com.br>.
Acesso em 17.abr.2005.
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