Proposta de metodologia para tratamento individualizado com I-131 em pacientes portadores de hipertireoidismo da Doença de Graves Francisco de Araújo e Bernardo Maranhão Dantas Instituto de Radioproteção e Dosimetria – IRD INTRODUÇÃO Diferentes métodos são usados para determinar a atividade do radioiodo a ser administrado para tratamento de hipertireoidismo. Alguns métodos não levam em consideração o cálculo da dose absorvida pela tireóide, enquanto outros não consideram todos os parâmetros necessários, para o cálculo desta dose. A relação entre a dose absorvida pela tireóide e a atividade administrada, depende da massa da glândula, da captação do iodo radioativo e da meia vida efetiva na tireóide de cada paciente individualmente. OBJETIVO O objetivo deste trabalho é propor uma metodologia para tratamento individualizado com 131 I em pacientes portadores de hipertireoidismo da Doença de Graves. METODOLOGIA A metodologia adotada consistiu nas seguintes etapas: (1) Inicialmente foi utilizado um simulador de Tireóide-pescoço(fig.1), desenvolvido no Laboratório de Medidas In Vivo do IRD, contendo solução de 131I com atividade previamente calibrada no LNMRI/ IRD. Este simulador foi utilizado para otimização da geometria de contagem e calibração da Gama-câmara e da Sonda Cintilométrica do SMN do HUCFF-UFRJ(fig 2). A otimização da geometria baseou-se nas curvas características do campo de visão do conjunto colimador-detector de cada dispositivo. (2) Os parâmetros biocinéticos foram calculados a partir de medidas de captação de iodo realizadas em 2, 4 e 24 horas em pacientes portadores da Doença de Graves encaminhados ao SMN do HUCFFUFRJ, para tratamento com radioiodo. Figura 1 – Simulador de Tireóide-pescoço desenvolvido no IRD A captação inicial de iodo foi estimada por extrapolação. Os valores das taxas de contagens obtidas permitiram, através do fator de calibração, efetuar o cálculo das atividades no intervalo de tempo estabelecido para obtenção da constante de decaimento. A meia vida efetiva do iodo na tireóide foi determinada em função desta constante de decaimento e o volume da glândula por palpação ou ultra-sonografia. O intervalo de tempo entre 14 e 30 horas da curva de retenção permite convenientemente o cálculo de atividade entre dois pontos. (3) Através da equação de Marinelli-Quimby, obteve-se a relação Dose absorvida (Gy) por Atividade administrada (MBq). D = 0,043 Uo Tef/V A Figura 2 –Gama câmara DIACAM, com colimador tipo “pinhole” e Sonda Cintilométrica Modelo SCT 13002 do SMN do HUFF-UFRJ RESULTADOS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS A Tabela 1, apresenta a variação do Fator de Calibração da Gama-camara DIACAM com colimador de chumbo tipo “pinhole” em função da distância do simulador ao detector. [1]Thompson, M.A., Radiation Safety Precautions in the Management of the Hospitalized 131I Therapy Patient, Journal of Nuclear Medicine Technology 2001; 2; 29. [2]Jönsson, H. Radiodine Therapy of Hyperthyroidism Simplified patient-specific absorbed dose planning. Department of Radiation Physics, Malmö, 2003 Tabela.1 – Variação do fator de calibração em função da distância do simulador ao detector Distância (cm) 42,8 43,8 44,8 45,8 46,8 FC (cpm/kBq) ± σ 5,3 ± 0,19 APOIO FINANCEIRO AO PROJETO 4,9 ± 0,18 CNPq/PIBIC e FAPERJ 4,6 ± 0,17 4,3 ± 0,17 4,1 ± 0,16 A Tabela 2 apresenta a variação do Fator de Calibração Sistema SCT-13002 para distâncias de 20cm, 25cm e 30 cm entre a fonte puntiforme de 131I e a janela do detector. Tabela 2 - Variação do Fator de Calibração Sistema SCT-13002 em função da distância do simulador ao detector Distância (cm) 20 25 30 FC (cpm/kBq) ± σ ) 55,0 ± 0,98 39,3 ± 0,78 28,9 ± 0,63 CONCLUSÕES Conclui-se que o simulador de tireóidepescoço, assim como o protocolo de calibração desenvolvido apresentou-se de fácil execução e adequados aos objetivos do projeto. Tanto a Gama-câmara quanto a Sonda de captação, podem ser utilizadas para a determinação da atividade do 131I na tireóide dos pacientes. Esta metodologia torna-se viável e de baixo custo, considerando que o paciente visitará o hospital duas vezes, sendo a primeira visita para receber a atividade teste, e a segunda, para as captações necessárias para o cálculo da dose, e a administração da dose terapêutica. Ela é eficaz, porque usa todos os parâmetros biocinéticos (meia vida efetiva, volume da glândula e captação inicial) necessários para o cálculo da dose terapêutica.