Sódio - Associação Brasileira de Medicina Complementar

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Sódio em Pronto Socorro e UTI
Dr. José de Felippe Junior
Introdução | Hipernatremia | Hiponatremia | Bibliografia
A água move-se livremente entre os compartimentos intracelular e extracelular em resposta a
mudança osmóticas . Em contraste , a maioria dos solutos são menos permeáveis, permanecendo de
um ou de outro lado da membrana celular de acordo com o tamanho molecular, carga elétrica ou
transporte ativo . No líquido intracelular predominam o potássio , o magnésio , os fosfatos
orgânicos e as proteínas , e, no líquido extracelular , o sódio com seus ânions acompanhantes:
cloreto e bicarbonato.
Como a concentração de solutos osmoticamente ativos deve ser igual de um e de outro lado da
membrana , a água de distribuirá de acordo com a quantidade total de solutos em cada
compartimento . Desta forma 2/3 da água total do corpo estão no compartimento intracelular (CIC)
e 1/3 no compartimento extracelular (CEC).
Água total do corpo: 60% do peso corporal em kg
Água do CIC: 40% do peso corporal em kg (2/3)
Água do CEC: 20% do peso corporal em kg (1/3)
Água do CEC é dividida em intersticial (15%do peso corpóreo) e volume plasmático (5% do peso
corpóreo ) .
Ex.: Paciente com 70 kg
Água total do corpo : 0,6 x 70 = 42 1
Água CIC: 0,4 x 70 = 28 1
42 1
Água CEC: 0,2 x 70 = 14 1
Água do interstício: 0,15 x 70 = 10,51
14 1
Volume plasmático: 0,05 x 70 = 3,5
Como o Na + e seus ânions acompanhantes contribuem para 97% do solutos do fluido extracelular ,
o volume do CEC é função do sódio total do corpo. A osmolalidade reflete a quantidade de soluto
em relação à quantidade de água ( no CEC: quantidade de Na + em relação a H 2O ). Quando a
osmolalidade do CEC aumenta, ocorre passagem de água do CIC para o CEC . Ao contrário ,
quando a osmolalidade do CEC é reduzida , a água se move do CEC para o CIC para promover o
equilíbrio de tonicidade . Assim, o volume do CIC é função da tonicidade do CEC.
Resumindo, os distúrbios do Na + se refletem no volume extracelular (regulação do volume CEC:
balanço Na + ) e os distúrbios da água se refletem na osmolalidade ( regulação da tonicidade:
balanço da água). Depleção do sódio total do organismo produz contração do volume extracelular
(hipovolemia) , e excesso de sódio , expansão do volume extracelular (edema) . Hiperosmolalidade
plasmática e intersticial produz desidratação celular , e hipoosmolalidade , edema intracelular .
A concentração do sódio sérico não é medida da quantidade total de sódio do corpo; ela reflete a
tonicidade do comportamento extracelular . Ela é regulada em faixa estreita e níveis inferiores a
135mEq/l ou superiores a 145mEq/l são definidos como estados hiponatrêmicos (hipoosmolar) ou
hipernatrêmicos (hiperosmolar), respectivamente.
A concentração do sódio sérico é determinada pelo balanço externo da água : ingestão e excreção de
água . A ingestão é regulada pelo mecanismo da sede e pela disponibilidade e habilidade de o
indivíduo ingerir água , e a excreção depende da secreção adequada do hormônio antidiurético
(HAD), resposta renal apropriada ao HAD e mecanismo intra-renal de concentração e diluição da
urina .
O mecanismo da sede depende das mudanças de osmolalidade plasmática (aumento: sede ) , das
alterações do volume extracelular ( diminuição : sede) e do sistema renina-angiotensina
( angiotensina: sede ).
O principal fator que regula a liberação do HAD é a osmolalidade plasmática (aumento de 1-2%
acima de 280 mOsm/kg: liberação de HAD). Outro fator fisiológico importante que aumenta a
secreção de HAD é a diminuição do volume extracelular . Dor severa ou stress emocional são fortes
estímulos para liberação de HAD , ocorrendo mesmo com o efeito inibidor da hipotonicidade .
Estimulação beta-adrenérgica aumenta a liberação , enquanto a alfa-adrenérgica a inibe .
O HAD aumenta a permeabilidade do duto coletor permitindo fluxo osmótico de água do lúmem
tubular para o interstício medular , capacitando o rim a conservar água e concentrar a urina . Na sua
ausência , os dutos coletores são impermeáveis à água e a urina será extremamente diluída
(50mOsm/kg) , enquanto, na presença de grandes quantidades do hormônio , a osmolalidade da
urina poderá atingir níveis de até 1.200mOsm/kg, de acordo com o gradiente osmótico medular .
Vemos que uma variedade de estímulos osmóticos e não-osmóticos são capazes de influenciar a
liberação do HAD . Consequentemente, muitos problemas clínicos do equilíbrio hídrico serão o
resultado de um distúrbio primário na função osmorreguladora ou em moléstia que interfira com o
volume sangüíneo .
Ocorre hiponatremia (hipoosmolalidade), quando a água total do corpo está em excesso em relação
ao sódio , e hipernatremia (hiperosmolalidade) quando a água total está diminuída em relação ao
sódio. Ambas as alterações podem estar presentes com sódio total do corpo diminuído , normal ou
aumentado.
Geralmente a hipernatremia reflete a inabilidade dos rins em concentrar a urina e fazer retornar ao
organismo água livre de solutos para diluir os fluidos do corpo. Por outro lado , a hiponatremia
reflete a incapacidade dos rins em diluir a urina , e, assim, o organismo apresenta excessiva
quantidade de água livre de solutos .
A sintomatologia depende mais da rapidez de instalação do distúrbio do que de seu valor absoluto e
está relacionada a distúrbios do SNC: edema cerebral, na hiponatremia , e desidratação cerebral e
hemorragia cérebro-vascular na hipernatremia . A sintomatologia em ambos os distúrbios é
semelhante : confusão , letargia, fraqueza muscular, mioclonia, convulsão e coma.
Hipernatremia ( sódio superior a 145mEq/l )
Reflete aumento da tonicidade do corpo , isto é , diminuição da quantidade de água em relação ao
sódio corporal total, sendo definida como sódio sérico superior a 145 mEq/l.
Ela é observada em três situações: a ) condições associadas com perda de água livre (água corporal
baixa com sódio corporal normal); b ) perda de água maior que a perda de sódio (água corporal
baixa e sódio corporal baixo); e c ) aumento do aporte de sódio no organismo (água corporal baixa
ou normal e sódio corporal aumentado ). O Quadro 1 mostra as causas de hipernatremia .
A maioria dos sinais e sintomas estão relacionados com o sistema nervoso central e, geralmente ,
são dependentes do grau e rapidez da elevação do sódio sérico . Na hipernatremia crônica
encontraremos : irritabilidade , rebaixamento do nível de consciência, reflexos profundos
hiperativos , contrações musculares e convulsão. Na hipernatremia aguda no adulto,
encontraremos : sede, letargia, estupor, irritabilidade muscular , convulsão e coma; e, na criança:
vômito , febre, espasticidade, convulsões e coma. Na punção lombar encontraremos elevada
concentração de proteínas sem pleocitose.
Diante de uma hipernatremia , precisamos saber se o sódio total do corpo está baixo, normal ou alto.
Quadro 1: Causas Potenciais de Hipernatremia
_________________________________________________________________________
I. Com sódio total baixo ( hipovolêmica ) : perda de água maior do que de sódio
Estados hipovolêmicos:
1. Perdas extra-renais: diarréia , vômito, sudorese profusa, perdas insensíveis
2. Perdas renais ( diurese osmótica ) : hiperglicemia , manitol, aumento da uréia
II. Com sódio total elevado (hipervolêmica)
1. Aumento do aporte de sódio ao organismo
• Administração de: NaHCO3, sódio hipertônico (intravenoso, indução de aborto)
• Ingestão de : tabletes de sódio , dieta, medicamentos com sódio
• Excesso de sódio no dialisado
2. Aumento da reabsorção tubular de sódio
• Aldosteronismo primário
• Moléstia de Cushing
III. Com sódio total normal ( isovolêmica ) : perda de água livre
1. Diabetes insipidus central :
• Primário ( idiopático, familial)
• Secundário ( trauma , neorocirurgia, hipofisectomia, neoplasia, cisto, histiocitose,
granuloma por tuberculose, sífilis, sarcoidose, aneurisma, meningite, encefalite,
necrose pós-parto)
2. Diabetes insipidus nefrogênico:
• Congênito
• Adquirido
3. Moléstia renal: amiloidose, mieloma múltiplo, síndrome de Sjogren, moléstia cística
medular , insuficiência renal, uropatia obstrutiva
4. Distúrbio eletrolítico : hipocalcemia, hipopotassemia
5. Drogas : carbonato de lítio , anfotericina B, metoxifurano, dimetilclortetraciclina
( demeclociclina ), superdosagem de propoxife
6. Alteração do sistema de contracorrente e da hipertonicidade medular: pielonefrite, moléstia
renal policística , nefrite intersticial , dieta hipoprotéica
7. Outros: hipertiroidismo , anemia falciforme
IV. Outros
1. Ingestão inadequada de água : coma, isolamento, aterosclerose cerebral
2. Essencial
_________________________________________________________________________
No estado de sódio corporal baixo, encontraremos os sinais de diminuição do volume intersticial e
de hipovolemia : hipotensão postural (queda de 10 mmHg na pressão diastólica ou 15 mmHg na
pressão sistólica , quando o indivíduo passa da posição deitada para a sentada ou de pé ), turgor
pastoso, mucosas secas , veias do pescoço achatadas ou que sofrem colapso na inspiração e pressão
venosa central baixa. Se a perda de líquido hipotônico foi produzida por causa não-renal (sudorese
profusa , diarréia , vômito ) , a osmolalidade da urina será alta , o sódio urinário baixo ( inferior a
10mEq/l ) e haverá oligúria , se o rim responder adequadamente . Em contraste , se os rins forem a
fonte do problema ( diurese osmótica ) ,a urina será isotônica , às vezes hipotônica , e o sódio
urinário alto ( superior a 20mEq/l ) .
O manejamento imediato destes casos é ditado pelo grau de hipovolemia . A hipotensão severa
requer tratamento imediato com soro fisiológico ou colóides . A quantidade e velocidade de infusão
são aquelas suficientes para normalizar e estabilizar os parâmetros hemodinâmicos sem provocar
edema agudo de pulmão ( ver Cap. 8).
Quando houver estabilização da hemodinâmica , a correção da hipernatremia é conseguida com
fluido hipotônico (glicose 5% ou NaCI 0,45%). A sua correção não deve ser muito rápida , em geral
recomendando-se o período de 48 h , pois foram descritos casos de edema cerebral fatal ou lesões
cerebrais permamentes com a completa correção da hipernatremia em 24 h .
Quando a hipernatremia está associada com sódio total do corpo aumentado , encontraremos sinais
de aumento do volume intersticial ( edema , ganho de peso ) e do volume plasmático ( PVC alta,
jugular túrgica) .
Encontramos hipernatremia moderada ( 145 a 150 mEq/l ) no aldosteronismo primário e moléstia de
Cushing, porém os exemplos mais comuns constituem a administração de bicarbonato de sódio ,
sódio hipertônico e a ingestão exagerada de tablete de sal e medicamentos contendo sódio
( Penicilina cristalina etc.).
O tratamento é dirigido para remover o excesso de sódio e repor as perdas de água . Usamos
diuréticos potentes de alça ( Furosemid , ácido etacrínico ) e repomos a diurese com igual volume
de soro glicosado a 5% ou água . Se o paciente permanecer oligúrico apesar dos diuréticos ,
indicamos diálise .
O paciente com hipernatremia e sódio corporal normal ( perda de água pura ) não apresenta
alteração do volume extracelular . Uma vez que 2/3 da água perdida são celulares e , do 1/3 restante
, 75% são provenientes do interstício , o sódio sérico deve exceder 170 mEq/l antes que as perdas
intravasculares sejam severas o suficiente para causar hipovolemia e hipotensão .
A perda de água livre ocorre no diabetes insipidus central e no diabetes insipidus nefrogênico.
O diabetes insipidus central resulta da diminuição da síntese e secreção do HAD por lesão do
núcleo supra-ótico e paraventricular do hipotálamo . Cerca de 50% dos casos são idiopáticos , sendo
o restante adquiridos . Os sintomas são de início abrupto : os pacientes apresentam poliúria com
volumes de 3 a 15 litros por dia , polidipsia (com predileção por água gelada ), osmolalidade
urinária baixa ( 50 a 200 mOsm/kg) , e respondem à administração do HAD após período de
restrição hídrica. A maioria ingere quantidades suficientes de água para compensar a perda pelo
rim , portanto, a hipernatremia somente aparecerá pela inabilidade de o paciente beber água ( coma,
isolamento) ou por hipodipsia ( tumor do hipotálamo ) .
Os pacientes com diabetes insipidus completo necessitam do HAD . Ele pode ser administrado
como Pitressina aquosa ( curta duração ) , Tanato de Pitressina oleosa ( longa duração ) ou como
vaporizador nasal. Na forma incompleta podemos usar a clorpropamida ( aumenta a secreção do
HAD e potencia sua ação tubular ) , o clofibrate ou a carbamazepina.
O diabetes insipidus nefrogênico resulta da inabilidade de o rim responder ao HAD . Na forma
adquirida , a poliúria pode ser devida à anormalidade do sistema de contracorrente da medula renal
com desvanecimento do gradiente corticomedular , ser provocada por drogas, distúrbio eletrolítico
ou moléstia renal . A poliúria usualmente não ultrapassa os 3 a 5 litros nas 24h.
Os diuréticos são úteis no manejamento dos dois tipos de diabetes. A diurese rica em sódio induzida
pelo diurético causa contração do volume extracelular e, consequentemente , aumenta a reabsorção
tubular proximal de sódio , reduz a quantidade do filtrado que alcança o néfron distal e, portanto ,
diminui o volume urinário .
Hiponatremia ( sódio inferior a 135 mEq/l )
Reflete a diminuição da tonicidade do corpo , isto é , aumento da quantidade de água corporal total
em relação ao sódio total, sendo usualmente definida como sódio sérico inferior a 135 mEq/l .
Mais comumente , a hiponatremia se manifesta quando a ingestão ou a administração de água livre
excede a sua excreção renal.
O problema envolve o processo de diluição renal ou pode surgir por secreção excessiva do HAD .
Um adulto normal pode beber até 25 litros de água diariamente sem desenvolver retenção de água ,
o que mostra a habilidade do rim em excretar grandes volumes de urina diluída.
A presença e a gravidade das manifestações clínicas dependem do nível sérico do sódio e da rapidez
em que se desenvolveu o distúrbio . As manifestações neurológicas estão geralmente ausentes
quando a concentração do sódio é superior a 125mEq/l.
Os sintomas de hipoosmolalidade incluem: cefalalgia, náusea, vômitos , confusão , letargia,
fraqueza muscular, cãibra, asterixis, mioclonia, ataxia, reflexos hipoativos ou hiperativos , delírio,
convulsão e coma . As principais entidades clínicas associadas com a hiponatremia são mostradas
no Quadro 2.
Na hiponatremia , o sódio total do organismo pode estar normal , baixo ou alto ; assim, o primeiro
passo na análise desses pacientes
Quadro 2: Causas Potenciais de Hiponatremia
_________________________________________________________________________
I. Com sódio total baixo ( hipovolêmico ) : perda de sódio maior que de água
Estados hipovolêmicos:
1. Perdas extra-renais : diarréia , vômito , perdas no 3º espaço , sudorese profusa , traumatismo
muscular , queimadura , peritonite , pancreatite
2. Perdas renais : diurético , insuficiência adrenal, moléstia cística , distúrbio túbulointersticial, nefropatias perdedoras de sal , vômitos com alcalose metabólica e bicarbonatúria
II. Com sódio total elevado ( hipervolêmica ): retenção de água maior que de sódio
Estados edematosos : Insuficiência cardíaca congestiva
Cirrose hepática
Síndrome nefrótica
III. Com sódio total normal ( isovolêmica ) : retenção de água livre
1. Aumento da secreção HAD
• Dor, stress emocional , stress cirúrgico
• Diúretico ( hipopotassemia severa e leve hipovolemia )
• Hormonal : insuficiência adrenal , hipopituitarismo, hipotireoidismo
• Farmacológica :
Aumenta a secreção : clorpropamida, acetaminofen, carbamazepina ( tegretol ),
clofibrate, vincristina, ciclofosfamida
Potencia a ação : clorpropamida , acetaminofen, tolbutamida, biguanida
Atividade semelhante: ocitocina, análogos ao HAD
2. Síndrome da secreção inapropriada do HAD :
Neoplasia: brônquio, duodeno, próstata , pâncreas, timo, linfossarcoma
Moléstia pulmonar : pneumonia bacteriana ou viral, abscesso pulmonar, tuberculose, fungo
Moléstia do SNC: trauma, hematoma subdural, hemorragia subdural ou subaracnóide,
aneurisma intracraniano , meningite tuberculosa , encefalite herpética ou bacteriana , tumor
cerebral , convulsão
Miscelânea: porfiria, Guillain-Barré , respiração assistida
IV. Outros
1. Pseudo-hiponatremia : hiperlipemia, hiperproteinemia
2.
3.
4.
5.
Aumento de solutos osmoticamente ativos: glicose, manitol, uréia
Insuficiência renal aguda da fase oligúrica , fase final de insuficiência renal crônica
Depleção de potássio
Essencial
_________________________________________________________________________
é julgar se o volume extracelular está normal, diminuído ou aumentado.
Quando o sódio total do organismo é baixo , temos sinais de hipovolemia . Nos estados
hipovolêmicos , os mecanismos para manter o volume circulante normal possuem prioridade sobre
aqueles que mantêm a tonicidade , e , assim, ocorrem secreção de HAD e retenção de água ,
podendo aparecer a hiponatremia .
Se as perdas forem de origem extra-renal, encontraremos oligúria, urina hipertônica em relação ao
plasma e sódio urinário baixo ( inferior a 10mEq/l ) . Se as perdas forem de origem renal , o
paciente apresentará hipovolemia com sódio urinário elevado.
O tratamento consiste em restaurar o volume intravascular com soro fisiológico ou solução colóide .
Esse procedimento corrige a hipovolemia e suprime o estímulo de produção do HAD . Após a
restauração do volume intravascular , o tratamento é dirigido para o processo de base : reposição de
esteróides , suspensão dos diuréticos etc.
Quando o sódio total está aumentado , temos a presença de edema. Nos estados edematosos
( insuficiência cardíaca congestiva, cirrose hepática ) , o sódio total está aumentado , porém , há
proporcionalmente maior aumento na água total do corpo . O distúrbio é o resultado da redução do
volume circulante efetivo com aumento da secreção do HAD . A diminuição do volume circulante
efetivo também provoca diminuição da filtração glomerular e aumento da reabsorção proximal e
distal de sódio e água . O sódio urinário , nesses pacientes , é baixo . Na síndrome nefrótica é raro a
hiponatremia, exceto quando o paciente recebe diuréticos .
Na hiponatremia do edematoso , os esforços para aumentar o sódio plasmático pela administração
de soro fisiológico ou sódio hipertônico expandirão ainda mais o extracelular , e o paciente
aumentará o edema intersticial ou apresentará edema agudo de pulmão . O tratamento é dirigido
para diminuir a água total do corpo (restrição hídrica) e o sódio total do corpo ( restrição de sódio
e/ou diurético). Novamente o tratamento deve ser dirigido para o processo de base que originou o
distúrbio.
Quando o sódio total do organismo está normal, temos a hiponatremia isovolêmica , que é
usualmente o resultado da secreção persistente do HAD . Afastada as outras causas de aumento do
HAD ( hormonal, farmacológica, stress emocional, dor) , ficamos com a síndrome da secreção
inapropriada do HAD (SIHAD). A secreção inapropriada pode ser por produção ectópica do
hormônio ( p.ex., carcinoma broncogênico ) ou estimulação da síntese e liberação de HAD
endogêno (p. ex., moléstia do SNC: neoplasia, trauma , infecção ). Vide Quadro 10.2. Como em
outros estados hiponatrêmicos, a síndrome torna-se manifesta quando a ingestão de água excede a
excreção renal de água livre. A concentração do sódio urinário geralmente está acima de 20 mEq/l.
Apesar da persistente secreção de HAD, não ocorre acúmulo de água suficiente para produzir
edema , pois, quando a água é retirada, o volume circulante efetivo aumenta, provocando uma
resposta natriurética ( diminuição da reabsorção proximal de sódio e água). A retenção de água
nessa síndrome não ultrapassa 2-3 litros .
Às vezes , em pacientes cronicamente doentes ou em idosos malnutridos, o controle osmolar
funciona em níveis mais baixos ( limiar diminuído ) . O indivíduo responde apropriadamente à
sobrecarga ou déficit de água , porém mantém o sódio sérico em níveis baixos , p. ex. , 125 mEq/l .
Quando a hiponatremia for moderada e os pacientes são assintomáticos ou possuem apenas leves
manifestações neurológicas, somente a restrição hídrica pode ser suficiente . Na presença de
hiponatremia grave ou sintomática ( p. ex., convulsão, coma) , devemos aplicar medidas agressivas
para prevenir a deterioração neurológica ou mesmo a morte .
A infusão de solução salina hipertônica só produz aumentos pequenos e transitórios na concentração
de sódio e pode provocar edema pulmonar . Entretanto , a administração de um diurético de alça
potente ( Furosemid ) , acompanhado pela infusão de NaCI a 3 % para repor o volume e o sódio
urinário , pode corrigir a hiponatremia sem expansão de volume . Finalmente podemos lançar mão
de drogas capazes de produzir diabetes insipidus nefrogênico parcial, pela inibição da ação de
HAD, por exemplo , dimetilclortetraciclina.
A correção da hiponatremia deve ser lenta , pelo risco de hemorragia cerebral ou edema pulmonar .
Quando o sódio estiver acima de 120 mEq/l , o paciente geralmente pode ser tratado apenas com
restrição hídrica .
Medindo a osmolalidade plasmática , poderemos encontrar: hiponatremia isoosmótica ( falsa
hiponatremia : hiperlipemia , hiperproteinemia ) , hiponatremia com hiperosmolalidade ( presença
de outros solutos em grande quantidade : glicose, manitol ) e hiponatremia com hipoosmolalidade
( aquelas que acabamos de discutir ) .
A grande quantidade de solutos osmoticamente ativos retiram água das células para manter o
equilíbrio osmótico através da membrana celular e ,assim, diminuem a concentração do sódio no
compartimento extracelular . Cada aumento de 10mOsm/l na tonicidade plasmática por glicose ,
manitol ou outro soluto promove diluição do sódio sérico em aproximadamente 5mEq/l . A
distribuição anormal de água e a hiponatremia são corrigidas quando o soluto em excesso é
reduzido . É importante lembrar que, para cada 100mg% de elevação da glicose plasmática ,
devemos acrescentar 2mEq/l ao nível de sódio sérico medido. Por exemplo, um paciente com
glicemia de 1.100mg% e sódio sérico de 130mEq/l terá na verdade um sódio sérico de 150mEq/l .
Quando o potássio intracelular diminui , a tendência é sair água do compartimento intracelular para
o extracelular a fim de manter o equilíbrio osmótico . A conseqüência é a diluição do sódio sérico .
A reposição do potássio restaura o valor do sódio extracelular ao normal.
Referências Bibliográficas
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II- Trabalhos Científicos
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Dr. José de Felippe Junior
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