Gráfico 18 - Faculdade Tecsoma

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FACULDADE TECSOMA
Curso de Graduação em Biomedicina
Debora Andrade Camargo
PERFIL CLÍNICO, EPIDEMIOLÓGICO E LABORATORIAL DOS
PORTADORES DE TUBERCULOSE SUBMETIDOS A TRATAMENTO NO
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE DO MUNICÍPIO DE PARACATU – MG NO
PERÍODO DE 2008 A 2011
Paracatu
2012
Debora Andrade Camargo
PERFIL CLÍNICO, EPIDEMIOLÓGICO E LABORATORIAL DOS
PORTADORES DE TUBERCULOSE SUBMETIDOS A TRATAMENTO NO
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE DO MUNICÍPIO DE PARACATU – MG NO
PERÍODO DE 2008 A 2011
Monografia apresentada ao Curso de
Biomedicina da Faculdade TECSOMA,
como requisito parcial para obtenção do
título de Bacharel em Biomedicina.
Orientador: MSc. Márden Estêvão Mattos
Júnior
Orientador Metodológico: Geraldo B. B.
Oliveira.
Co-orientadora: MSc. Cláudia Peres da
Silva
Paracatu
2012
C172p
Camargo, Débora Andrade
Perfil clínico, epidemiológico e laboratorial dos portadores de
tuberculose submetidos a tratamento no sistema único de saúde do
município de Paracatu/MG no período de 2008 a 2011. / Debora Andrade
Camargo. Paracatu, 2012.
54f.
Orientador: Márden Estêvão Mattos Júnior
Monografia (Graduação) – Faculdade Tecsoma, Curso de Bacharel
em Biomedicina.
1. Tuberculose. 2. Epidemiologia. 3. Diagnóstico. I. Mattos Júnior,
Márden Estêvão. II. Faculdade Tecsoma. III. Título.
CDU: 616.002.5
Debora Andrade Camargo
PERFIL CLÍNICO, EPIDEMIOLÓGICO E LABORATORIAL DOS
PORTADORES DE TUBERCULOSE SUBMETIDOS A TRATAMENTO NO
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE DO MUNICÍPIO DE PARACATU – MG NO
PERÍODO DE 2008 A 2011
Monografia apresentada ao Curso de
Biomedicina da Faculdade TECSOMA,
como requisito parcial para obtenção do
título de Bacharel em Biomedicina.
_______________________________________________
MSc. Márden Estêvão Mattos Júnior (Orientador) – Faculdade TECSOMA
_______________________________________________
MSc.Cláudia Peres da Silva (Coordenadora do Curso e Co-orientadora)
Faculdade TECSOMA
_______________________________________________
Geraldo B. B. Oliveira (Orientador Metodológico) – Faculdade TECSOMA
Paracatu, 19 de Junho de 2012
A meus familiares e amigos, pelo incentivo
e compreensão durante esta etapa de minha
jornada.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus pela graça e misericórdia concedida a
mim cotidianamente;
Agradeço a minha amada família, em especial a minha mãe pelo apoio e
carinho em tantos momentos de dificuldade que enfrentei;
Agradeço aos meus colegas de profissão pela troca de experiências e
aos novos amigos que conquistei ao longo destes 4 anos;
Agradeço aos meus mestres pelo empenho a cada semestre na busca
da transmissão do conhecimento;
Agradeço aos autores citados nesta obra, que me deram subsídios e
colaboraram para o entendimento da tuberculose e seu tratamento para a
obtenção de qualidade de vida, difundindo sua história e as diversas técnicas
laboratoriais;
Agradeço a todos os funcionários da biblioteca da instituição, em
especial a Mariany Palma Araújo pela paciência e carinho durante a minha
busca de conhecimento entre o “acervo” de livros.
Enfim, agradeço aos queridos Filipe Ferreira Andrade, Jardel Franco
Vasconcelos, Paulo Henrique Nascimento e Vitor Soares pelo auxilio na
concretização deste estudo.
Pois eu tenho amassados na minha Fender (guitarra)
Tenho dois rasgos no meu jeans
Tento juntar todos os pedaços
Mas a perfeição é minha inimiga
Sozinha eu sou tão desajeitada
Mas nos Teus ombros posso ver
Eu sou livre pra ser eu (BATTISTELLI, 2012).
RESUMO
O estudo teve como objetivo analisar as características clínicas, laboratoriais e
epidemiológicas dos pacientes diagnosticados com tuberculose no Sistema
Único de Saúde no município de Paracatu, MG. No período de 2008 a 2011,
foram notificados 71 casos de tuberculose em pacientes de ambos os sexos.
Os dados coletados foram armazenados e demonstrados através do programa
Microsoft Office 2007 (Excel). Trata-se de uma população com faixa etária
predominante de 20 a 70 anos, em sua maioria masculina, aposentados ou
trabalhadores rurais, com forma clínica pulmonar em 99 % dos casos; as
formas diagnósticas mais utilizadas foram Rx do tórax e baciloscopia de
escarro, sendo o PPD utilizado apenas em 29 dos casos. Dentre os 32 casos
com agravos, os principais foram o etilismo e o tabagismo, o HIV foi
diagnosticado em apenas 01 dos 71 casos analisados. O perfil dos pacientes
do município de Paracatu é semelhante ao perfil observado em âmbito
nacional, apresentando suas particularidades como a baixa prevalência de HIV
e o uso do PPD como método de triagem diagnóstica.
Palavras-chaves: Tuberculose. Epidemiologia. Diagnóstico.
ABSTRACT
The study aimed to analyze the clinical, laboratory and epidemiological
characteristics of patients diagnosed with tuberculosis in the Health System in
Paracatu, MG. In the period 2008 to 2011, it were reported 71 cases of
tuberculosis in patients of both sexes. The collected data was stored and
presented through the program Microsoft Office 2007 (Excel). This is a
population with predominant age groups of 20-70 years, mostly male, retired or
rural workers with Pulmonary TB in 99% of cases, the methods most used
were, XR of chest diagnostic and sputum smear microscopy, PPD was used
only in 29 cases. Among the 32 cases with injuries were, the main drinking and
smoking, HIV was diagnosed in only 01 of the 71 cases analyzed. The profile of
patients in Paracatu is similar to the profile observed at the national level, with
its peculiarities such as the low prevalence of HIV and the use of PPD as a
screening test.
Key words:Tuberculosis. Epidemiologic. Diagnostic.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Centro de Saúde Bela Vista (PTU)................................................25
Figura 2 – Instrumentos utilizados..................................................................26
LISTA DE MAPAS
MAPA 1 - Estimativa global de tuberculose em 2010........................................19
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Resultados sobre o ano de notificação .............................................28
Gráfico 2 – Resultados sobre o sexo dos pacientes ...........................................29
Gráfico 3 – Resultados sobre a faixa etária.........................................................29
Gráfico 4 – Resultados referentes ao estado civil ...............................................30
Gráfico 5 – Resultados sobre a ocupação ..........................................................31
Gráfico 6 – Resultados sobre a zona de residência ............................................31
Gráfico 7 – Resultados sobre a localidade da residência na zona urbana ..........32
Gráfico 8 – Resultados do tipo de entrada do paciente .......................................33
Gráfico 9 – Resultados da Forma clínica ............................................................33
Gráfico 10 – Resultados dos agravos relacionados ............................................34
Gráfico 11 – Resultados do teste tuberculínico ...................................................35
Gráfico 12 – Resultados sobre os raios-X do tórax .............................................36
Gráfico 13 – Resultados sobre o tratamento supervisionado ..............................37
Gráfico14 – Resultados do esquema de tratamento ...........................................37
Gráfico15 – Resultados sobre o tempo de duração do tratamento .....................38
Gráfico 16 – Resultados sobre o acompanhamento do peso ..............................39
Gráfico 17 – Resultados em relação ao motivo da alta .......................................40
Gráfico 18 – Resultados das baciloscopias de escarro .......................................41
Gráfico 19 – Resultados das baciloscopias de outros materiais .........................41
Gráfico 20 – Resultados das sorologias para HIV ...............................................42
LISTA DE ABREVIATURAS
A.C – Antes de Cristo
Ex. – Exemplo
Etc. – Et Cetera
Ed. – Edição
V. – Volume
N. – Número
P. – Página
Cap. – Capítulo
LISTA DE SIGLAS
BCG – Bacilo de Calmette Guerin
DPOC – Doença Obstrutiva Crônica
PNCT – Programa Nacional de Controle da Tuberculose
PTU – Paracatu
TB – Tuberculose
OMS – Organização Mundial da Saúde
FUNASA – Fundação Nacional de Saúde
BAAR – Bacilo Álcool Ácido Resistente
SUS – Sistema Único de Saúde
HIV – Vírus da Imunodeficiência Humana
PPD – Prova tuberculínica
MG – Minas Gerais
SINAN – Sistema Nacional de Agravos de Notificação
pH – Potencial de Hidrogênio Iônico
PSF – Programa Saúde da Família
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e estatística
CAPS – Centro de Atenção Psicossocial
ESF – Estratégia de Saúde da Família
USP – Universidade de São Paulo
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 15
1.1 Objetivos ............................................................................................................ 16
1.1.1 Objetivo Geral ................................................................................................. 17
1.1.2 Objetivos específicos..................................................................................... 17
2 REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................. 18
2.1 A tuberculose e fatores relacionados.............................................................. 18
2.2 Métodos utilizados para a realização do diagnóstico da TB ......................... 20
2.3 Notificação dos casos de tuberculose ............................................................ 20
2.4 Tratamento ......................................................................................................... 21
2.4.1 Causas do fracasso da quimioterapia .......................................................... 22
2.5 Prevenção e perspectivas futuras ................................................................... 23
3 METODOLOGIA ... ................................................................................................ 24
3.1 Tipos de Estudo ............................................................................................... 24
3.2 Local do Estudo ............................................................................................... 24
3.2.1 Caracterização município ............................................................................. 24
3.2.2 Caracterização do Centro de Saúde Paulo V. Loureiro............................... 25
3.3 Delimitação do público alvo ............................................................................ 26
3.4 Instrumentos utilizados ................................................................................... 26
3.5 Aspectos éticos ................................................................................................ 27
3.6 Desenvolvimento do estudo ............................................................................ 27
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 28
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 43
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 44
APÊNDICES ............................................................................................................. 48
ANEXO ..................................................................................................................... 52
15
1 INTRODUÇÃO
A Tuberculose (TB) é uma infecção sistêmica e endêmica causada por
bactérias, e ainda hoje é um problema de saúde pública no mundo. O
diagnostico presuntivo desta doença é realizado através de dados clínicos,
achados radiológicos, baciloscopia e/ou cultura. (FERREIRA et al, 2005).
Conde, Souza e Kritski (2002) em um de seus estudos descrevem a
existência de relatos de evidência de TB em ossos humanos pré-históricos
encontrados na Alemanha e datados de 8.000 (A.C). Durante os séculos XIV e
XV os médicos da região que hoje corresponde à Itália, começaram a
demonstrar a possibilidade de contágio da TB entre as pessoas e procuraram
criar condições de profilaxia da doença, a partir do isolamento dos doentes e
dos seus pertences, tentando evitar a disseminação da doença.
Segundo estudos em 1882, como o de Robert Koch, na Prússia, onde se
descobriu o agente causador da TB, denominado de bacilo de Koch iniciou-se
a utilização de métodos de tratamento com a necessidade absoluta do
isolamento dos pacientes em sanatórios, com repouso total, além de exposição
ao sol, uma boa alimentação e medicamentos a base de quinino, creosoto,
enxofre, cálcio e preparados de ouro e bismuto também faziam parte da
terapêutica da época. (Conde; Souza; Kritski, 2002).
Apesar de tantos séculos terem se passado, segundo estudo realizado
pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 1995, ocorriam cerca de 9
milhões de novos casos de tuberculose em todo o mundo e 3 milhões de
mortes demonstrando uma possível falha no diagnóstico e tratamento.
De acordo com dados estatísticos da FUNASA (2002) estima-se que no
Brasil, 35 a 45 milhões de pessoas estejam infectadas pelo Mycobacterium
tuberculosis, com aproximadamente 100 mil novos casos por ano.
Devido aos problemas relacionados com a adesão ao tratamento e a
ausência de estudos realizados nos setores de endemias dos municípios de
âmbito nacional, que identifiquem a realidade vivenciada pelos pacientes frente
à assistência médico hospitalar a eles prestada, contribui negativamente na
identificação
dos
fatores
que
necessitam
de
ser
melhorados,
e
consequentemente nos reflexos do controle da doença para a melhoria da
16
assistência em saúde e qualidade de vida desses pacientes torna distante a
erradicação as tuberculose.
O número crescente de abandono no tratamento da tuberculose e os
agravos que isto gera a saúde já debilitada do paciente, este se torna
vulnerável à atuação de patógenos oportunistas.
A TB é causada por uma micobactéria intracelular em forma de bastão.
E devido às micobactérias patogênicas possuírem a característica de serem
resistentes a desinfetantes fracos e ao ácido gástrico elas são denominadas de
BAAR (bacilo álcool ácido resistente) podendo sobreviver em estado latente
por semanas e cujas lesões são causadas principalmente pela resposta do
hospedeiro. Sendo que 90% dos infectados permanecem assintomáticos e por
uma baixa na imunidade podem ser reativados. A imunossupressão do
paciente o deixa propício para as inúmeras infecções oportunistas como o HIV,
tornando-se essencial o tratamento regular do individuo. (ABBAS; LICHTMAN;
PILLAI, 2008).
Considerando o exposto acima e os conteúdos apreendidos durante a
minha graduação de Biomedicina, mais especificamente na disciplina de
Imunologia Básica e Clínica despertou-me o interesse em desenvolver este
estudo, visando identificar o perfil clínico, epidemiológico e laboratorial dos
pacientes submetidos ao tratamento no Sistema Único de Saúde (SUS) do
município de Paracatu-MG, no período de 2008 a 2011. O qual se justifica,
pois os resultados provenientes do mesmo poderão contribuir para a melhoria
da adesão ao tratamento pelos pacientes e consequentemente para a
qualidade de vida dos mesmos. Fornecendo subsídios que poderão contribuir
para a melhoria da assistência prestada a estes pacientes e verificar as
complicações mais comuns relacionadas a esta doença, a fim de orientar aos
pacientes sobre a importância do tratamento até o final.
1.1 Objetivos
Será descrito abaixo os objetivos propostos para a elaboração e execução
deste trabalho sobre TB que ainda hoje é considerada um problema de saúde
pública.
17
1.1.1 Objetivo geral

Caracterizar o perfil clínico, epidemiológico e laboratorial dos pacientes
diagnosticados com tuberculose no Sistema Único de Saúde no
município de Paracatu/MG no período de 2008 a 2011.
1.1.2 Objetivos específicos

Caracterizar o perfil clínico do público em estudo e as possíveis
comorbidades relacionadas;

Relacionar os aspectos epidemiológicos dos pacientes com o nível de
adesão ao tratamento e qual a classe mais atingida;

Identificar o perfil laboratorial em relação aos exames utilizados no
diagnóstico da Tuberculose.
18
2 REVISÃO DE LITERATURA
De acordo com a FUNASA (2002) a TB é uma doença infecciosa e
contagiosa, que se propaga pelo ar por meio de gotículas expelidas por um
doente ao tossir, espirrar, e ao serem inalados por pessoas sadias, provocam a
infecção e o risco de desenvolver a doença.
2.1 A tuberculose e fatores relacionados
A tuberculose é uma infecção por bacilos intracelulares facultativos, de
crescimento lento, com concentrações elevadas de lipídeos na parede celular,
os quais proporcionam uma coloração ácido-resistente a estes bacilos em
contato com a solução de carbolfucsina, um dos corantes utilizados para a
realização da técnica de Ziehl-Neelsen usado como um dos métodos
diagnósticos do M. tuberculosis causador da TB. (ABBAS; LICHTMAN; PILLAI,
2008).
Os países em desenvolvimento ainda enfrentam grandes problemas na
saúde pública e entre eles está a tuberculose (Mapa 1). Segundo a OMS,
dentre os 23 países responsáveis por 80% do total de casos de tuberculose no
mundo, o Brasil ocupa o 14º lugar com prevalência estimada de 58
casos/100.000 habitantes, ocorrendo anualmente cerca de 100.000 novos
casos (FILHO apud NEVES; REIS; GIR, 2010, p.1136).
Segundo Hijjar et al. (2005) o país garante, através do Sistema Único de
Saúde (SUS), acesso gratuito ao diagnóstico, ao tratamento e à prevenção. A
maioria dos casos pode ser diagnosticado e tratado em Unidades Básicas de
Saúde, por profissionais generalistas ou Equipes de Saúde da Família.
O Ministério da Saúde, com a criação do Programa Nacional de Controle
da Tuberculose (PNCT) desenvolveu uma avaliação das estratégias de
controle da doença implantadas no Brasil ao longo da última década. Os
tratamentos
supervisionados
e
auto-administrado
fazem
parte
destas
inovações, com o objetivo de aumentar a adesão do tratamento e diminuir a
transmissão da doença. (BARREIRA; GRANGEIRO, 2007).
19
A saúde é direito de todos e dever do Estado. Logo, o diagnóstico e o
tratamento da tuberculose até a cura constituem um dever de todos os níveis
de governo: municipal, estadual e federal (FUNASA, 2002).
Neves, Reis e Gir (2010) ressaltam que uma das doenças atualmente
associadas a TB tem sido o HIV, sendo considerado um dos principais fatores
de risco, pois compromete a imunidade celular já debilitada. A TB está
diretamente ligada à pobreza, à má distribuição de renda e à urbanização
acelerada.
O HIV é apenas um dos muitos agravos mais comuns relacionados a
TB, mais existem outros como o diabetes mellitus, doença pulmonar obstrutiva
crônica (DPOC), tabagismo e alcoolismo. As características individuais de cada
paciente são consideradas agravantes devido a terapia medicamentosa a ser
administrada para o tratamento da TB, relacionando-se a possíveis interações
com estas doenças e hábitos sociais. (LEMOS, 2010,p.1045).
Mapa 1: Estimativa global de tuberculose em 2010
Fonte: REDE-TB, 2012
20
Neste sentido, Filho citado por Neves, Reis e Gir (2010, p.1139) lembra
que uma investigação mais acurada por parte dos profissionais de saúde aos
portadores de HIV se faz necessário, pois é sabidamente mais difícil o
diagnóstico da TB nestes casos.
2.2 Métodos utilizados para a realização do diagnóstico da TB
De acordo com Castro et al (2011) a identificação e tratamento precoce
dos casos de infectantes (bacilíferos) torna-se prioritário, evitando o contato
com os diversos tipos de indivíduos, destacando os imuno-suprimidos em salas
de espera das unidades de saúde ou durante a realização de exames.
Os métodos diagnósticos clássicos se dividem em bacteriológicos,
histopatológicos, imunológicos e radiológicos. O exame histopatológico permite
identificar a lesão granulomatosa entre outras apresentações da lesão tecidual
causada pelo bacilo. Os bacteriológicos, classicamente são exame direto e
cultura. No direto, o material da lesão (ex: escarro, urina, pus) é corado com
uma técnica específica (coloração de Ziehl-Neelsen), que permite identificar as
micobactérias mas não as diferencia. Já a cultura, permite identificar o bacilo
como o M. tuberculosis e requer menor número de bacilos no material
examinado para ser positiva sendo uma técnica mais sensível. (WALLACH,
2011).
Como afirma Campos (2012) a prova tuberculínica (PPD) indica se o
organismo foi infectado pelo M. tuberculosis, embora não permita distinguir
entre infecção e doença tuberculosa, em algumas situações, como na criança,
ajuda na definição diagnóstica. A radiografia do tórax deve ser feita sempre que
houver suspeita clínica de tuberculose. Os achados radiográficos através do
auxilio das inovações tecnológicas como a tomografia computadorizada pode
intensificar o diagnóstico, devido a melhor resolução da imagem.
2.3 Notificação dos casos de tuberculose
A TB está incluída na Portaria n. 4.052, de 23 de dezembro de 1998, do
Ministério da Saúde, que define as Doenças de Notificação Compulsória em
21
todo território nacional, estabelecendo como mecanismo de notificação o
Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) do Centro Nacional
de Epidemiologia da Fundação Nacional de Saúde/MS. (FUNASA, 2002).
A utilização efetiva deste mecanismo permite a realização do diagnóstico
dinâmico da ocorrência de um evento na população, fornecendo subsídios para
explicações causais dos agravos de notificação compulsória, além de indicar
riscos aos quais as pessoas estão sujeitas, contribuindo para a identificação da
realidade epidemiológica de determinada área geográfica. É, portanto, um
instrumento relevante para auxiliar o planejamento da saúde, analisar a
metodologia de intervenção, além de avaliar o impacto das intervenções
(BRASIL, 2012).
2.4 Tratamento
De acordo com Lemos, o grande avanço na terapêutica do paciente
tuberculoso veio com a descoberta das drogas tuberculostáticas e/ou
tuberculocidas. A descoberta das inúmeras drogas usadas ainda hoje teve
inicio em 1944 a 1952, sendo aprimoradas anos seguintes devido às
combinações dos medicamentos. (LEMOS,2010,p.1045).
Segundo este mesmo autor, com base nos critérios clinico-laboratoriais
a TB deve ser tratada em regime ambulatorial. A hospitalização só será
indicada
em
condições
que
necessitem
de
acompanhamento
mais
intensificado. (LEMOS, 2010, p.1047).
Filho citado por Neves, Reis e Gir (2010, p.1139) relata que a
terapêutica utilizada no tratamento da tuberculose inclui a associação de 3
drogas e que se dividem em esquemas: Rifampicina, Hidrazida e Pirazinamida
durante 2 meses, seguidos de Rifampicina e Hidrazida, do terceiro ao sexto
mês, uma vez que o bacilo causador apresenta mutações. Rang e outros
(2007) ressalta que o uso da hidrazida é importante para a interrupção do
crescimento dos microrganismos em repouso e os que estão a se dividir. Já a
Rifampicina é usada para a destruição de microrganismos intracelulares
incluindo o bacilo da TB. Por fim, a Pirazinamida é eficaz na retenção destes
microrganismos nos fagolisossomos onde o pH é baixo. Sendo medicamentos
22
de administração via oral e de fácil eliminação pelo organismo sendo a principal
via a urinária.
Oliveira et al. (2011) dizem que a taxa de cura da TB está intimamente
ligada à demora na realização do diagnóstico e início do tratamento, o que leva
ao aumento descontrolado do risco de transmissão da doença, principalmente
em ambientes urbanos, além de diminuir a chance de cura do doente de TB.
Para Neves, Reis e Gir (2010) a não adesão ao tratamento da TB, torna
o paciente uma fonte de transmissão do bacilo, prolongando a infecciosidade,
causando danos individuais à saúde pública, podendo levar a um crescente
número de indivíduos multiresistentes às drogas.
Classificação da resistência bacteriana citada por Lemos (2010, p.1048):
1. Resistência natural: faz menção a uma população bacteriana
numerosa, onde são resistentes naturalmente devido à seleção
genética, portanto, não se deve usar uma única droga no tratamento da
TB.
2. Resistência adquirida: decorre do uso inadequado das drogas durante
o tratamento da TB. Por isto, deve-se usar 3 drogas na dosagem
recomendada, de forma regular e no tempo certo.
3. Resistência primária: refere-se ao individuo infectado, cuja fonte de
contagio
é
portadora
de
bacilos
resistentes.
A
denominação
multirresistente no Brasil tem sido proposta para uso em situações onde
haja resistência a uma terceira droga.
2.4.1 Causas do fracasso da quimioterapia
Segundo Arcêncio et al. (2011) a acessibilidade ao transporte e a
prestação de serviços em horários não coincidentes com as necessidades dos
usuários têm representado uma barreira ao cuidado com o paciente.
Lemos (2010, p.1054) cita alguns fatores principais para o insucesso do
tratamento, como a prescrição de esquema terapêutico inadequado, toxicidade
dos
medicamentos,
suspensão
prematura
da
quimioterapia,
inadequada dos medicamentos e infecção inicial resistente.
ingestão
23
2.5 Prevenção e perspectivas futuras
Em 1925 ousadas experiências de Albert L. C. Calmette no Instituto
Pasteur, traz uma nova perspectiva ao combate da TB, com uma vacina
denominada de Bacillus Calmette-Guérin (BCG). Esta é constituída por uma
cepa atenuada não virulenta de bacilos do M. bovis. A imunização constitui-se
primariamente de uma dose podendo ser aplicada logo após o nascimento,
desde que o peso seja superior a 2 kg. Em relação aos HIV soro positivos esta
só pode ser aplicada se não estiverem apresentando sinais e sintomas da
doença. (VOLTARELLI, 2009).
Castro e outros (2011) relatam que a OMS dentre outras organizações
internacionais sugerem uma adoção de medidas de controle da TB mais
eficientes, tendo inicio nos chamados “ambientes de risco”, que são definidos
como os locais onde há elevada probabilidade de transmissão do M.
tuberculosis, de pacientes para indivíduos saudáveis e para os próprios
profissionais da saúde. Esta medida propõe a implantação de novos métodos
de avaliação, controle, diagnósticos e tratamento, possibilitando a erradicação
da doença.
Escore, de acordo com o dicionário Aurélio (2000) significa: Resultado de uma
partida esportiva expresso em números; placar; pontuação; contagem.
Castro e outros (2011) em um de seus artigos afirmam que:
O escore clínico também pode ser usado para seleção de pacientes a
serem submetidos a testes de maior custo ou mais complexos como
cultura para micobácteria, exames radiológicos do tórax e/ou outros
ou testes moleculares. (CASTRO et al, 2011, p.1115).
Para Netto (2001) o programa de controle da tuberculose no Brasil
necessita de maior investimento em termos operacionais, como o Programa de
Saúde da Família (PSF), onde se tem um importante contato com o paciente.
Contudo, qualificar as informações epidemiológicas das doenças infecciosas,
não apenas da TB, e principalmente intensificar a detecção dos casos,
necessitando diminuir o percentual de abandono e aumentar o percentual de
curas.
24
3 METODOLOGIA
De acordo com o conteúdo e as diversas metodologias dos estudos
descritos até o momento, sabe-se que a tuberculose apresenta perfis
epidemiológicos variados em diferentes partes do mundo. O que muito se deve
a transição econômica da sociedade no decorrer dos anos.
3.1 Tipo de Estudo
Trata-se de uma pesquisa documental, exploratória e descritiva
seguindo uma abordagem quanti/qualitativa das fichas do Sistema de
Informação de Agravos de Notificação (SINAN).
A definição de um estudo como exploratório se deve pela descrição das
características, propriedades ou relações existentes na comunidade, grupo ou
realidade pesquisada. (CERVO; BERVIAN; DA SILVA, 2007).
Segundo Gil (2007, p. 42), “as pesquisas cujo objetivo primordial é a
descrição das características de determinada população ou fenômeno são
denominadas pesquisas descritivas...”.
De acordo com Richardson et al. (1999, p. 70) em relação à
abordagem dos métodos quantitativos e qualitativos estes buscam a
aproximação do positivismo e do compreensivismo com a intenção de garantir
a precisão dos resultados, evitando distorções das análises e interpretações.
3.2 Local do Estudo
O presente estudo foi realizado no município de Paracatu-MG, cuja
etimologia é de origem tupi que significa "rio bom", através da junção dos
termos pará ("rio") e katu ("bom"). (NAVARRO, 2012).
3.2.1 Caracterização do município
De acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e estatística
(IBGE) de 2011 este se encontra situado no noroeste do estado de Minas
Gerais a 220 km de Brasília - DF e a 498 km de Belo Horizonte - MG possui
25
uma população de aproximadamente 84.718 habitantes e conta com um CAPS
(Centro de Atenção Psicossocial), onze unidades de ESFs (Estratégia de
Saúde da Família), três centros de saúde, um hospital municipal, um hospital
particular e dois postos de saúde. (IBGE, 2011).
3.2.2 Caracterização do Centro de Saúde Paulo V. Loureiro
O presente estudo foi realizado no Centro de Saúde Paulo V. Loureiro
conhecido como ESF do Bela Vista da cidade de Paracatu MG (Figura 1).
A assistência prestada em Paracatu pelo SUS é dividida em níveis de
complexidade, sendo os três centros de saúde do município voltados para os
atendimentos de média complexidade.
Este centro encontra-se localizado na Rua Máximiano Alves Campos,
nº. 277, Bairro Bela Vista, o mesmo presta serviço ambulatorial contendo em
suas instalações uma sala de curativos, uma de imunização e um consultório
indiferenciado, tendo sete profissionais: cinco médicos e 2 outros profissionais
não especificados. (BRASIL, 2011).
Figura1 – Centro de Saúde Bela Vista
Fonte: Fotos do autor
26
3.3 Delimitação do público Alvo
O público alvo foi constituído de pacientes portadores de tuberculose de
ambos os sexos atendidos no ESF do bairro Bela Vista nos anos de 2008 a
2011.
O critério de inclusão no presente estudo consiste em ter sido notificado
no SINAN e ter iniciado o tratamento para tuberculose no período de 2008 a
2011. Foram excluídos do estudo os pacientes que foram notificados após
dezembro de 2011.
3.4 Instrumentos utilizados
O presente estudo teve como instrumentos as fichas do SINAN (Anexo
A) que se trata de um questionário padronizado nacionalmente para a
notificação
ambientais,
e
investigação
clínicos,
dos
laboratoriais
aspectos
e
socioeconômicos,
comportamentais
dos
culturais,
pacientes
diagnosticados com alguma doença considerada endêmica a cada região e um
questionário (Apêndice B) utilizado no auxilio da coleta destas informações
(Figura 2). Após a realização desta análise documental, os dados coletados
serão armazenados e demonstrados através do programa Microsoft Office
2007(Excel).
Figura 2 – Instrumentos de pesquisa
Fonte: Fotos do autor
27
3.5 Aspectos Éticos
Todas as etapas deste estudo foram fundamentadas na Resolução
196/96 do Conselho Nacional de Saúde, a qual garante ao (s) individuo (os)
envolvido (os) na pesquisa à privacidade e o sigilo, que são alguns dos
referenciais básicos da bioética. (BRASIL, 1996).
Foi solicitada a autorização para a coleta de dados à Secretaria
Municipal de Saúde do município de Paracatu-MG para o desenvolvimento da
pesquisa mediante uma Declaração de Autorização para a coleta de dados
(Apêndice A).
3.6 Desenvolvimento do Estudo
Este estudo foi realizado no período de agosto de 2011 a junho de 2012,
onde foram avaliados os pacientes diagnosticados com Tuberculose, no
período de 2011, de ambos os sexos, no Sistema Único de Saúde (SUS) do
município de Paracatu-MG. Este estudo foi realizado em duas etapas, sendo
que na primeira foram analisadas as fichas do SINAN de cada paciente no
Centro de Saúde Paulo V. Loureiro que possuem dados necessários para
alcançar os objetivos propostos neste trabalho assim como: Sexo, faixa etária,
local de residência, forma clinica, comorbidades relacionadas, esquema de
tratamento, entre outros.
Na segunda etapa foram realizadas as correlações dos dados e o
armazenamento dos resultados obtidos em uma planilha do Programa
Microsoft Office 2007(Excel) e processados utilizando-se o mesmo programa.
Posteriormente, os resultados obtidos foram apresentados em forma de
gráficos.
Após o processamento dos dados, realizou-se a discussão dos
resultados e as considerações finais do trabalho.
28
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Entre o período de 2008 a 2011, segundo registros do Sistema Nacional de
Agravos de Notificação, ocorreram 71 casos positivos de tuberculose,
devidamente inscritos no Programa de Controle da Tuberculose do município
de Paracatu, Minas Gerais. Mostrando uma redução do número de casos no
decorrer dos anos, em 2008 foram 26 casos notificados enquanto em 2011
foram apenas 12 casos. O que provavelmente se deve a uma maior atuação
por parte do programa saúde da família as comunidades em seu papel
preventivo.
Gráfico 1 – Resultados sobre o ano de notificação
Gráfico 1: Ano de notificação
26
2011
2010
2009
2008
18
12
15
Fonte:Dados de pesquisa
Dentre os 71 casos analisados neste período de 04 anos, 19 casos
correspondiam
ao
sexo
feminino
e
52
casos
ao
sexo
masculino.
29
Gráfico 2 – Resultados sobre o sexo dos pacientes
Gráfico 2: Sexo
19
Sexo Feminino
Sexo Masculino
52
Fonte: Dados de pesquisa
A faixa etária predominante foi de 20 a 40 anos com 36 casos; seguida
de 50 a 70 anos com 33 casos confirmados.
De acordo com Miranda (2012) a TB atinge todos os grupos etários,
sendo que aproximadamente 85% dos casos ocorrem em adultos (acima de 15
anos).
Gráfico3 – Resultados sobre a faixa etária
Gráfico 3:Idade
36
33
1
1
Menos de 20
anos
20 a 40 anos
50 a 70 anos
Mais de 70 anos
Fonte: Dados de pesquisa
30
A maioria dos pacientes dividem se em: casados (31 casos) e solteiros
(21 casos), sendo que esta informação em 19 fichas foi ignorada. Em
consideração
ao
numero
de
pessoas
casadas
como
solteiras,
o
acompanhamento do paciente e da família por uma equipe de saúde se torna
indispensável. Sendo que a transmissão da doença ocorre principalmente em
ambientes fechados e por via aérea. A realização de exames nos familiares
dos doentes torna-se necessário para o controle da doença.
Oliveira; Natal e Chrispim (2012), resaltam em seu estudo a importância
do acolhimento multidisciplinar dos pacientes e familiares para o sucesso do
tratamento e adesão de medidas preventivas por estes.
Gráfico 4 – Resultados referentes ao estado civil
Gráfico 4: Estado Civil
31
21
19
3
1
Fonte:Dados de pesquisa
Quanto aos tipos de ocupação passíveis de análise, os maiores números
de casos foram entre aposentados (15 casos) e trabalhadores rurais (14
casos). O que demonstra relação direta com a predominância do sexo
masculino sendo a população mais acometida por esta doença nos 4 anos de
análise,devido a sua exposição pela ocupação.
Santo; Santos e Moreira (2009) em seu estudo realizado em um hospital
de São Paulo obteve resultados semelhante quanto ao sexo da população em
estudo e divergências quanto à ocupação, mas isto se torna relevante devido à
região de ambos os estudos.
31
Gráfico 5 – Resultados sobre a ocupação
Gráfico 5: Ocupação
20
15
14
13
8
Aposentados
Ignorado
Donas de
casa
Trabalhador
Rural
Outros
Fonte:Dados de pesquisa
O número de pacientes residentes na zona urbana do município de
Paracatu representou 47 dos 71 casos, sendo 10 casos rurais, 05 periurbanos
e 09 tiveram esta informação ignorada no cadastro.
Gráfico 6 – Resultados sobre a zona de residência
Gráfico 6: Residência
47
10
9
5
Rural
Urbano
Periurbano
Ignorado
Fonte: Dados de pesquisa
Dentre os 47 casos da zona urbana citados acima (figura 7), os bairros
mais afetados por esta doença foram o Paracatuzinho com 12 casos, centro
com 08 casos e Bom pastor com 06 casos. Já os bairros Bela Vista (I e II) e o
32
JK tiveram 03 casos e os demais bairros com menos de três casos foram
englobados no item “outros”.
Os bairros mais afetados com esta doença são alguns dos que possuem
maior número populacional do município e consequentemente maior numero
de instituições públicas e de ensino. O que se torna condizente com a
literatura, pois atinge principalmente ambientes socialmente fechados (escolas,
creches, postos de saúde, etc.), disseminando-se rapidamente.
Gráfico 07 – Resultados sobre a localidade da residência na zona urbana
Gráfico 7: Localidades da Zona
Urbana
15
Outros
Bela Vista
3
12
Paracatuzinho
6
Bom Pastor
8
Centro
JK
3
Fonte: Dados de pesquisa
Os pacientes que deram entrada como caso novo representou 56 casos,
08 foram por recidiva e 07 por motivo de abandono.
Miranda (2012) ressalta em seu estudo que as maiores dificuldades
encontradas para o controle da tuberculose tem sido a detecção de casos
novos, recuperação dos abandonos e capacitação adequada do pessoal que
trabalha no Programa. Em relação ao tipo de entrada Ferreira et al (2005)
também descreve que a recidiva de tuberculose e a Tuberculose Pulmonar
Multiresistente estão relacionadas com a existência de hábitos danosos à
saúde e com a adesão ao tratamento.
33
Gráfico 08 - Resultados do tipo de entrada do paciente
Gráfico 8: Tipo de Entrada
Caso novo
Recidiva
abandono
7
8
56
Fonte:Dados de pesquisa
De acordo com Hiijar citado por Campos et al (2001,p.64) a TB pulmonar
bacilífera é a principal forma clinica encontrada no Brasil com cerca de 86%
dos
casos
registrados
anualmente.
Sendo
que
entre
as
formas
extrapulmonares de maiores percentuais estão as pleurais e as ganglionares,
seguidas pelas geniturinárias; já as de menor percentual são as, ósseas e
oculares.
Gráfico 09 - Resultados da Forma clínica
Gráfico 9: Forma Clínica
70
1
Pulmonar
Extra Pulmonar
Fonte: Dados de pesquisa
34
Dentre os 71 casos notificados apenas 32 possuem agravos
relacionados, sendo estes dos mais variados tipos. Dos 32 casos, grande parte
faz uso de álcool e/ou cigarro gerando um total de 17 casos, e os demais 15
casos se dividem entre insuficientes renais, respiratórios (DPOC) e cardíacos,
hipertensos, usuários de crack, portadores de hipotireoidismo e HIV.
FERREIRA et al (2005) verificaram que os principais fatores associados
à tuberculose são o etilismo e tabagismo (20,6 %), tabagismo (19,8 %) e
apenas etilismo (16,7 %).Sendo que tais achados reafirmam “a importância de
uma história clínica pregressa de boa qualidade, que pode elucidar o
diagnóstico e o estabelecimento do tratamento”.
Gráfico 10 - Resultados dos agravos relacionados
Gráfico 10: Agravos relacionados
32
Sim
Não
39
Fonte:Dados de pesquisa
O PPD não foi utilizado com regularidade para triagem dos pacientes,
em 42 casos este não foi realizado e dos 29 casos em que foi utilizado, apenas
05 foram não reator e nos demais 24 casos foram reator forte.
O teste tuberculínico possui relevada importância na detecção da
infecção pelo bacilo e não na determinação da atividade da doença. Desta
forma o resultado positivo, isoladamente, indica apenas uma infecção e não
especificamente a doença tuberculose. (VENDRAMINE et al,2003).
35
Gráfico 11 – Resultados do teste tuberculínico
Gráfico 11: Teste Tuberculínico
Não Reator
Reator Forte
Não Realizado
5
24
42
Fonte:Dados de pesquisa
O diagnóstico por imagem mais utilizado no diagnóstico da TB é o raioX,usado juntamente com o histórico clínico do paciente para o diagnóstico
presuntivo. Dentre os 70 casos de TB pulmonar o estudo radiológico foi
realizado em 53 pacientes, tendo como resultados 51 radiografias suspeitas e
02 normais, os 18 casos restantes não tiveram este exame realizado, incluindo
o caso de TB extrapulmonar.
Este resultado não é concernente ao estudo de Mascarenhas, Araújo e
Gomes (2000), onde o exame radiológico do tórax, na população em pesquisa
apresentou em sua maioria a forma pulmonar, sendo que destes apenas 1/3 se
submeteu ao estudo radiológico das estruturas torácicas. Sendo uma situação
aceitável, a partir da premissa de que um caso de tuberculose pulmonar pode
ser confirmado quando o paciente apresenta, ao menos, duas baciloscopias
positivas, anulando-se, nesse caso, a necessidade de um diagnóstico por
imagem radiológica. . Porém o exame radiológico, em pacientes com
baciloscopia positiva, tem como função principal, a exclusão de outra doença
pulmonar associada, tornando relevante o resultado encontrado nos pacientes
do município de Paracatu, já que parte destes possui agravos associados como
tabagismo e a DPOC.
36
Gráfico 12 – Resultados sobre os raios-X do tórax
Gráfico 12: Raio X
51
18
2
Suspeitos
Não realizado
Normal
Fonte: Dados de pesquisa
Segundo Marrone et al (1999),o tratamento supervisionado é importante
para o sucesso do tratamento,pois reduz consideravelmente o índice de
abandono, o qual gera um problema maior como disseminação da doença e a
resistência a medicação habitual.
O tratamento supervisionado foi realizado apenas em 6 casos do
montante analisado,dentre estes há usuários de drogas licitas e ilícitas além de
idosos com algum tipo de agravo.Dos 65 casos restantes, 49 fazem o
tratamento auto administrado e 16 casos tiveram esta informação ignorada na
ficha.
37
Gráfico 13 – Resultados sobre o tratamento supervisionado
Gráfico 13: Tratamento
Supervisionado
49
6
16
sim
Não
Ignorado
Fonte: Dados da pesquisa
A maior parte dos pacientes fizeram uso do esquema I de tratamento
(Rifampicina,Hidrazida e Pirazinamida) direcionado aos casos novos. Dos 17
casos que utilizaram o esquema IR (esquema I + Etambutol) foi devido a
agravos relacionados, no caso renal, além de pacientes que retomaram o
tratamento após abandono ou por recidivas. Concordando com o próprio
estudo, devido ao numero de casos novos notificados neste período de 04
anos.
Gráfico 14 – Resultados do esquema de tratamento
Gráfico 14: Esquema de
tratamento
Esquema IR
17
Esquema I
54
Fonte: Dados de pesquisa
38
O tratamento preconizado pelo Ministério da Saúde possui duração
média de 06 meses, onde os dados obtidos demonstram tal seguimento com
40 casos, sendo que dos 12 casos que tiveram duração maior que 06 meses
se deve ao completar o tratamento e esperar uma próxima consulta para dar
alta ao paciente e até mesmo à falta do paciente a citada consulta.
Os 05 casos que obtiveram de 01 a 03 meses de tratamento foi devido a
01caso de óbito, 01 transferência e 03 mudanças de diagnóstico. Os 14 casos
com a informação ignorada foram devidos a 10 casos de abandono,
01transferencia e 03 ainda estarem em tratamento.
Gráfico 15 – Resultados sobre o tempo de duração do tratamento
Gráfico 15: Duração do Tratamento
Ignorado
14
Mais de 6 meses
12
4 a 6 meses
1 a 3 meses
40
5
Fonte: Dados da pesquisa
A perda de peso é um dos principais sintomas observados nos pacientes
com tuberculose e este deve ser acompanhado durante os 06 meses de
tratamento. Pois as doses dos medicamentos disponibilizados aos pacientes,
devem ser baseados no peso do mesmo, tendo a dosagem dos comprimidos
de cada um dos esquemas a serem utilizados regulados através deste
acompanhamento. No presente estudo este acompanhamento foi realizado em
46 casos dos 71 notificados nestes 04 anos, dos 25 restantes, 15 casos
tiveram o peso observado só no inicio do tratamento e os 10 casos restantes
tiveram esta informação ignorada, isto ocorreu devido a diversos fatores como
mudança de diagnóstico, transferência, óbito, tratamento em andamento e
39
abandono, mas também há casos de alta por cura e/ou completou o
tratamento.
Gráfico 16 – Resultados sobre o acompanhamento do peso
Gráfico 16: Acompanhamento do
Peso
46
Peso inicial/Final
15
Peso inicial
Ignorado
10
Fonte: Dados da pesquisa
Entre cura e termino do tratamento englobam se 46 casos, seguidos de
10 casos de abandono, 05 por óbito, 04 por mudança de diagnóstico e 03 por
transferência para grandes centros de tratamento.
Os resultados assemelham-se ao estudo de Mascarenhas; Araújo e
Gomes (2000) onde as taxas de cura sobrepõem a de abandono e óbito na
população estudada. Demonstrando avanço na adesão do tratamento pela
população.
40
Gráfico 17 – Resultados em relação ao motivo da alta
Gráfico 17: Motivo da Alta
5
Cura
10
Transferencia
Mudança de Diagnostico
35
11
Completou tratamento
Abandono
4
Obito
3
Fonte: Dados da pesquisa
Recomenda-se, para o diagnóstico, a coleta de duas amostras de
escarro: uma por ocasião da primeira consulta, e a segunda na manhã do dia
seguinte, ao despertar. As duas amostras para baciloscopia com resultado
positivo foram encontrados em 22 casos, sendo 20 casos apresentando
baciloscopia negativa e nos 29 casos restantes o exame não foi realizado e/ou
apresentou negatividade em uma das amostras, demonstrando coerência com
a literatura. No trabalho de Hijjar,Oliveira e Teixeira (2001) ,cerca de 85% dos
casos com forma clinica pulmonar, 60% apresentaram baciloscopia positiva e
25 % não obtiveram confirmação bacteriológica .
41
Gráfico 18 – Resultados das baciloscopias de escarro
Gráfico 18: Baciloscopia de Escarro
1
1ª/2ª Positiva
2
1ª/2ª Negativa
22
26
Não realizado
1ª/2ª Positiva/Não
realizada
1ª/2ª Positiva/Negativa
20
Fonte: Dados da pesquisa
As baciloscopias de outro material normalmente são indicadas para
suspeitos de TB pulmonar com negatividade ao exame direto do escarro, e
para o diagnóstico de formas extrapulmonares. No estudo em questão 02
casos fizeram uso deste exame, tendo como matéria: o lavado brônquico e a
urina.
Gráfico 19 – Resultados das baciloscopias de outros materiais
Gráfico 19: Baciloscopia de outros
materiais
69
2
Positivo
Não realizado
Fonte:Dados da pesquisa
42
A sorologia de HIV foi realizada em 14 pacientes, sendo deste total,
apenas um dos exames apresentou-se positivo. Os 57 casos restantes não
realizaram este exame.
O HIV tanto em países desenvolvidos como em desenvolvimento tem
sido observado como o principal “fator determinante nas mudanças
epidemiológicas da tuberculose, modificando o caráter da doença, de uma
evolução crônica para aguda, podendo levar os pacientes ao óbito em poucas
semanas”. (LEITE; TELAROLLI JR apud CAMPOS; PIANTA, 2001, p.67).
Gráfico 20 – Resultados das sorologias para HIV
Gráfico 20 : HIV
1
13
Positivo
Negativo
Não realizado
57
Fonte: Dados da pesquisa
Alguns exames laboratoriais também indicados para auxilio diagnóstico
da tuberculose como a cultura e o exame histopatológico não foram utilizados
em nenhum dos 71 casos analisados neste estudo.
43
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo está sujeito á limitações características aos estudos
com dados secundários, onde muitas das questões analisadas neste trabalho
não puderam ser aprofundadas devido à falta de dados nas fichas dos
pacientes. Com os dados obtidos pode-se concluir que o perfil clínico,
laboratorial e epidemiológico dos portadores de tuberculose atendidos no
Sistema Único de Saúde do município de Paracatu-MG no período de 2008 a
2011 é semelhante ao perfil observado em âmbito nacional, apresentando suas
particularidades como a baixa prevalência de HIV e o uso do PPD como
método de triagem diagnóstica.
A adesão do paciente é influenciada por diversas questões, que podem
ser relacionadas aos serviços de saúde, à doença e ao próprio individuo.
Sendo assim a resolução da tuberculose deve abranger desde os fatores de
risco à patologia. De acordo com os resultados deste estudo, os homens são
os mais afetados pela tuberculose devido ao estilo de vida que possuem. O
tabagismo, etilismo, trabalho braçal em condições climáticas adversas o que os
tornam propensos à doença.
São de grande importância para o sucesso do tratamento do paciente
portador de tuberculose, o acolhimento, o envolvimento dos profissionais do
serviço de saúde, a conscientização do paciente e os familiares, medidas
educativas quanto à prevenção da doença para toda a população.
44
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103,jan/fev.2003.
VOLTARELLI, Júlio C. Imunologia clínica na prática médica. São Paulo:
Atheneu, 2009.
WALLACH, Jacques B. Interpretação de exames laboratoriais. 8.ed.Rio de
Janeiro:Guanabara Koogan,2011.
.
48
APÊNDICES
49
APÊNDICE A: AUTORIZAÇÃO PARA COLETA DE DADOS PARA
EXECUÇÃO DO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
Oficio
Paracatu, 22 de Março de 2012
Assunto: Autorização para coleta de dados para elaboração de Trabalho de
Conclusão de Curso
Ilustríssimo Secretário Eurípedes Tobias,
A Faculdade TECSOMA, ciente do seu relevante trabalho para com o Município de
Paracatu, vem apresentar a aluna Débora Andrade Camargo, acadêmica do 8º
período do Curso de Biomedicina da Instituição Faculdade Tecsoma – Paracatu - MG,
e por meio deste solicitar ao Sr. Secretário a autorização para realização do Projeto de
pesquisa
de
Conclusão
de
Curso
com
fins
científicos,
cujo
tema
“Perfil
clínico,epidemiológico e laboratorial dos portadores de tuberculose submetidos a
tratamento no Sistema Único de Saúde do município de Paracatu – MG no período de
2008 a 2011”.
O presente estudo tem como objetivo caracterizar o perfil clínico, epidemiológico e
laboratorial de pacientes diagnosticados com tuberculose através da análise das fichas
de notificação, no período de 2008 a 2011 no ESF do bairro Bela Vista.
Para a concretização deste trabalho, a acadêmica necessita coletar dados nos
registros do SINAN, relativos aos pacientes portadores de tuberculose, sendo as
variáveis catalogadas: sexo do paciente, nível de escolaridade, avaliação clínica e
exames laboratoriais.
Este trabalho não tem a intenção de denegrir valores, mas contribuir positivamente na
continuidade da assistência desse público, também não visa lucros, nem irá gerar
encargos ao município. Após sua conclusão e aprovação, a acadêmica se
compromete a enviar uma cópia do mesmo a esta secretaria para apreciação.
Desde já agradecemos pela atenção e contamos com sua colaboração. Colocamo-nos
totalmente à disposição para demais esclarecimentos.
Atenciosamente,
_________________________
Cláudia Peres
Coordenadora do curso de Biomedicina
_____________________________
Débora Andrade Camargo
Acadêmica do Curso de Biomedicina
50
APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO
Número da ficha individual de investigação:
1- Identificação
1.2 Sexo: ( )Masculino ( )Feminino
1.3 Data de nascimento:
Idade:
1.4 Data da notificação
1.5 Estado Civil:
2- Dados epidemiológicos:
2.1 Residência: ( ) Urbano ( )Rural ( )Urbano/Rural
Localidade:
2.3 Doença relacionada ao trabalho que realiza:
( ) Sim ( ) Não ( ) ignorado
2.4 Ocupação:
2.5 Tipo de entrada: ( )Caso novo ( )Recidiva ( )Transferência
( )Reingresso por abandono
( )Não sabe
3-Dados clínicos:
3.1 Forma clinica: (
)Pulmonar (
)Extra pulmonar
(
)Pulmonar e extra
pulmonar
3.1.1 Se extra pulmonar: ( ) Pleural ( ) Óssea ( ) Ocular ( ) Geniturinária (
) Outras ( ) Não se aplica
3.2 Teste Tuberculínico: ( ) Não reator ( ) Reator fraco ( ) Reator forte ( ) Não
realizado
3.3 Raio-X do Tórax: ( ) Suspeito ( )Normal ( ) Outra patologia ( )Não
realizado
3.4 Agravos associados: ( )HIV ( ) Diabetes ( )Tabagista ( )Etilismo
( )Doença renal ( )Outros
3.5 Início do tratamento atual:
3.6 Drogas utilizadas: ( ) Rifampicina ( ) Isoniazida ( ) Pirazinamida
( ) Etambutol ( )Etionamida ( ) Estreptomicina ( )Outras
3.7 Tratamento supervisionado: ( ) Sim ( ) Não (
3.8 Duração do tratamento:
)Ignorado
51
3.9 Motivo da alta:
3.10 Peso inicial:
Final:
4- Dados laboratoriais
4.1 Baciloscopia de escarro: ( ) Positiva ( ) Negativa ( ) Não realizada
4.2 Baciloscopia de outro material: ( ) Positiva ( ) Negativa ( ) Não realizada
4.3 Cultura de escarro: ( ) Positiva ( ) Negativa ( ) Em andamento ( ) Não
realizada
4.4 Cultura de outro material: ( ) Positiva ( ) Negativa ( ) Em andamento
( ) Não realizada
4.5 Histopatologia: ( ) BAAR positivo ( ) Sugestivo de TB ( ) Não sugestivo
de TB ( ) Em andamento ( ) Não realizada
4.6 HIV: ( ) Positivo ( ) Negativo ( ) Em andamento ( ) Não realizado
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ANEXO
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ANEXO A – FICHA DE NOTIFICAÇÃO
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