Em agricultura geral, para boa produtividade, seja numa grande propriedade ou no fundo do quintal; do solo, a fertilidade, é pré-requisito essencial. Contudo, mesmo havendo fertilidade adequada, se houver ataque de pragas, seca, doença ou inundação, a produção será limitada, dura será a empreitada ou, quiçá, todo trabalho vão. Não basta, apenas, adubar; um conjunto de práticas é necessário adotar, a começar pelo estudo sobre a fertilidade do solo ao qual vamos iniciar. Para ser extraordinário, vou te dar certo trabalho, consulte um dicionário p’rá entender a razão: melhorando teu vocabulário aumentarás teu erário, ganharás com a instrução. A fertilidade do solo vai dar muito o que falar, não quero ser pedante, nem tampouco inconsistente sobre o que tenho a relatar, mas, sobre os fundamentos do solo vamos ter que enveredar... A origem do solo, bem como a sua idade, é importante saber, pois, a fertilidade, pelo grau de intemperismo e minerais constituintes é possível prever. Assim como na poesia se organizam as rimas; areia, silte, argila: para formar o solo se combinam, conferindo uma textura que ao tato se analisa. Portanto, ao primeiro toque, nos trópicos... na Bahia! Se a granulometria, muito fina, apresentar-se, poderá ser a caulinita o mineral argila daquele solo constituinte, cuja característica é uma menor superfície específica para troca de elementos em comparação à montmorilonita, nas regiões temperadas, argila típica. A fração argilo-mineral e a matéria orgânica determinam a capacidade de troca catiônica, adsorvendo significativamente muitos nutrientes, disponibilizando-os às plantas. Ânions, também, em situações especiais, quando não fixados ou, senão, precipitados em óxidos de metais, podem ser adsorvidos por colóides minerais. Compostos solúveis na forma aniônica, podem ser, também volatizados, mas, tendem a ser lixiviados ou pela erosão carregados. Dispersão é sua tônica. Solos férteis, profundos, bem drenados, estes são mais desejáveis; com textura e estrutura favoráveis se desenvolve a plantação, garantindo na colheita uma grande produção. Em outras palavras, procurando simplificar, todo solo é poroso, repleto de água e ar: a água é o solvente que disponibiliza nutrientes para a planta alimentar. Entender um pouco de química não faz mal a ninguém, assim como um tanto de física sempre faz bem a alguém, se há deficiência hídrica a irrigação bem convém. As plantas absorvem o que está em solução pelo fluxo de massa ou, senão, difusão ou, então, ainda, pela radicular interceptação. As relações existentes entre solo e planta, do balanço hídrico são dependentes, pois, na solução do solo estão disponíveis os essenciais nutrientes. Em consonância à cultura que se pretende implantar ou, se já plantada, pretende-se adubar, a análise química do solo é imprescindível efetuar. Retirar amostras de solo, requer certo entendimento, um erro nessa etapa compromete o investimento, é preciso tomar cuidado p’rá não haver mascaramento. Para a área determinada ser bem representada, conforme o relevo será a área estratificada, pois, terço-médio ou inferior, outeiro ou baixada merecem uma amostra de solo composta para cada, levando-se em conta, ainda, se já houve adubação, o tipo de vegetação e sua idade estimada. Em zigue-zague deve ser retirada uma amostra simples do solo a cada dez largas passadas, numa área delimitada com no máximo dois hectares, dois homens na jornada com sonda ou trado ou enxada, evitando-se formigueiro, locais de entulho ou casqueiros; o serviço requer dinheiro, às vezes, muitas jornadas... e, pelo menos, 24 amostras devem ser coletadas. A profundidade do solo, a ser amostrada, depende da cultura ali instalada ou, ainda, daquela que venha ser implantada. Em áreas de pastagens, 10 cm de profundidade é o suficiente, para outras culturas 20 cm é o recomendado, geralmente. Sendo conveniente consultar um técnico ou agrônomo experientes, principalmente, em se tratando de cultura diferente. As amostras simples devem ser misturadas numa vasilha plástica p’rá não serem alteradas. Nas mãos, luvas de borracha, cuidado com a empreitada! Pois, o suor humano, rico em potássio, pode ser o engano numa amostra mascarada. Da mistura composta deve ser retirada apenas uma amostra, de pesagem estimada em cerca de 300 gramas, devidamente identificada, assim ninguém se engana, e, num laboratório de análise química do solo, essa amostra enviada, será, então, analisada. A análise química do solo para ser compreendida, é preciso estar por dentro do sistema internacional de pesos e medidas e das correlações etc e tal que podem ser estabelecidas. Um solo, por exemplo, que, de argila, contenha trinta e cinco por cento (35%), p’rá quem tem entendimento, em decagrama por quilo (35 dag/kg) será expresso esse conhecimento. A nutrição da planta pode, também, ser avaliada pela análise foliar, técnica já adotada por aqueles produtores que caminham na vanguarda. A fitosanidade, em verdade, digo com experiência, expressa a fertilidade, ou senão, sua carência, sendo a análise de toda planta, outro recurso da ciência O que digo e escrevo com certa competência, serve para todos como uma advertência: é necessário conhecer sintomas de deficiência. A química do solo é algo surpreendente, nas menores partículas são retidos os nutrientes que, em rápidas reações reversíveis e estequiométricas, conforme a carga elétrica, trocam de lugar constantemente. A carga elétrica do solo, do pH pode ser dependente, sendo positiva ou negativa e, conforme o gradiente de cátions na solução, o ponto de carga zero, do pH neutro será coincidente. O pH do solo tem correlação com íons de hidrogênio liberados na solução, se o solo é ácido ou alcalino, essa é uma boa questão. Quanto mais ácido o solo, mais baixo o pH, isso é importante a gente correlacionar. O pH é variável, a gente pode alterar. Potencial de hidrogênio, pH quer dizer, numa escala de 0 a 14, pode-se estabelecer e o ótimo para as culturas é importante saber. O produtor desavisado vai na conversa do vendedor: “o adubo tá barato! Você tem saldo credor!” Acaba ludibriado, muitas vezes, comprando errado na quantidade e no valor. Outro aspecto de relevante atenção além da quantidade, é a qualidade: verifique a concentração, se firme na verdade dessa minha instrução. Daí a importância de se procurar entender da química do solo e não se deixar convencer por qualquer vendedor que em sua porta bater. Convém chamar a atenção para o tal do poder tampão, que é a relação do fator quantidade de íon-lábil no solo pela atividade do íon na solução, sendo, o fator intensidade, essa concentração. A disponibilidade de nutrientes é, assim, proporcionada em função dessas grandezas, entre si, relacionadas, que levam a solução a uma concentração naturalmente equilibrada. Quando um íon-nutriente é pela planta absorvido, um íon-lábil do solo é para a solução atraído, tendendo a solução a manter a concentração em devido equilíbrio. Nitrogênio, fósforo, potássio são nutrientes primários; cálcio, magnésio e enxofre, considerados secundários, mas, sem um dos micronutrientes: manganês, molibdênio, cloro, cobre, ferro, zinco, boro, o solo é deficiente, pouco fértil, ordinário. Todos são essenciais sem maiores comentários... Hidrogênio e alumínio são elementos significantes, a presença no solo tem efeito acidificante, são tóxicos às plantas, muito inconvenientes, deixando-as carentes de todos os nutrientes. Porém, o calcário garante cálcio e magnésio, além de percentuais de outros minerais, observando-se os critérios que determinam a quantidade, trazendo ganhos reais. O cálcio e o magnésio em química reação com o hidrogênio e o alumínio encontrados em solução, neutralizam a toxidez, corrigindo, então, a indesejável acidez. A quantidade de calcário a ser aplicada, com a textura do solo está correlacionada, em solos arenosos e em solos muito ácidos ela convém ser parcelada. Se, por hectare, necessitar mais que 5 toneladas, mesmo em solos argilosos a calagem é parcelada e, 3 meses antes do plantio e/ou da adubação, toda a incorporação deve estar efetuada. A dose de calcário a ser uniformemente aplicada, com o poder relativo de neutralização total, expressado em percentual, e com a profundidade de incorporação desejada. está, também, correlacionada Seja calcário dolomítico, magnesiano, ou ainda, calcário calcítico ou, até mesmo, o calcário calcinado que se encontre no mercado, o frete, geralmente, é o principal componente no custo final da calagem. A acidez do solo pode ser corrigida com a prática da calagem, principal medida, e com a gessagem a correção do solo em camadas profundas será, também, garantida. Num programa de adubação, é algo muito importante a época de aplicação e dosagem de fertilizantes, principalmente onde ocorrem chuvas intensas e abundantes. Para o investimento não “escorrer pelo ladrão” é recomendável o parcelamento da fertilização e, com esse procedimento, diminui-se a lixiviação, o endividamento e perdas por erosão. A adubação química tem esse impacto: a contaminação do lençol freático por metais pesados, nitritos e nitratos que são carregados em lixiviação. Atenção! O ciclo vicioso da química dependência é muito oneroso, apesar da imediata excelência tem efeito pernicioso, exigindo muito veneno contra pragas e doenças, deixa o solo estéril, seja cauteloso, tenha critérios ao fazer uso da ciência. Todo excesso é prejudicial, muitos nutrientes prontamente disponíveis podem ser um grande mal, inibindo a microvida no solo existente, deixando a rizosfera um tanto carente da microfauna e microflora que, dinamicamente, interagindo com as plantas, disponibilizam nutrientes. Em se tratando de fertilização, é importante entender as leis gerais de adubação: além da lei do mínimo, tem a lei da interação entre cada nutriente, otimizando a absorção; sendo conveniente, para a lei dos incrementos decrescentes, especial atenção. Máxima eficiência econômica é a nossa pretensão: o rendimento da cultura à primeira adubação, quase sempre é superior às que seguirão, as doses e o tempo variam em função. Culturas melhoradas que recebem adubação, muitas vezes, têm triplicado a sua produção: o recurso é válido com a devida orientação. Agrônomos e técnicos estão à disposição no livre mercado ou em pública instituição e, muitas vezes, em mera ocasião, sem financeira retribuição, até em confraternização eles te dão atenção. Mas tudo custa caro! Até a assistência técnica tem seus honorários, mesmo que, porventura, através dos impostos, seja o povo quem pague estes salários. Contabilizar tudo isso, torna-se imprescindível na relação custo/benefício, o problema é difícil! “P’rá não jogar dinheiro fora”, ter retorno sem demora, através da produção, com melhoria da qualidade, boa produtividade, reflita nisso agora, adube com precisão. Diversas fontes de nutrientes existem no mercado, do mais agressivo adubo químico à melhor compostagem. O preço também é vário, assim como o frete e diária de operário. O impacto ambiental merece consideração, o excesso de nutrientes, torna-se poluição, o solo fica doente, com a microvida ausente, causando intoxicação. A fertilidade natural pode ser conseguida pela ciclagem dos nutrientes e adição, ainda, de pó de rochas minerais e micronutrientes, ativando a microvida. A microfauna e microflora no solo existente, em plena atividade, disponibilizam nutrientes em solução aquosa de onde as raízes das plantas retiram o sustento. Dentre os seres vivos no solo presentes, as minhocas são dos mais competentes, digerindo matéria orgânica, trabalham p’rá gente, enriquecendo a terra com seus excrementos, promovem, ainda, um bom arejamento. Muitos, são os biofertilizantes de origem animal ou vegetal, alguns são sólidos, outros líquidos e industriais ou até mesmo artesanais comprados em camelô ou em casas comerciais. Urina de gado, quem diria... tem muita serventia em agricultura geral, fermentada dez dias, fornece nitrogênio e micronutrientes em pulverização eventual. Fertilizantes naturais de origem animal, de fácil obtenção ao produtor rural, são os estercos bovinos, de aves ou suínos e, até mesmo, os de eqüinos, têm seu potencial. O bom manejo do solo é tarefa fundamental: o seu revolvimento pode ser prejudicial, requer muito cuidado, principalmente em solo pesado, que tende a ser compactado e pela erosão degradado em agricultura convencional. Técnicas conservacionistas devem ser utilizadas, visando a manutenção na área manejada, das qualidades físicas, biológicas e químicas devidamente equilibradas. Os resíduos orgânicos de toda propriedade são recursos naturais da própria atividade agropecuária ou agroindustrial e têm possibilidade de melhorar a produtividade se forem utilizados de maneira racional. A adubação orgânica e fosfatos naturais propiciam o desenvolvimento de fungos micorrízicos e outros microorganismos, favorecendo o melhoramento do solo em caráter estrutural, produzindo alimentos saudáveis de maior valor nutricional. A adubação verde é, também, recomendada, a médio e longo prazo, sendo bem empregada, a fertilidade do solo será, então, melhorada. A ciclagem dos nutrientes deve ser compreendida. Em consórcio, as leguminosas são uma boa alternativa, facilitando a absorção de fósforo e nitrogênio pelas plantas amigas. A rotação cultural é prática antiga, em cultura anual é boa medida e a exigência nutricional faz o diferencial na escolha da cultura a ser estabelecida. A proteção do solo contra vento e insolação é algo essencial p’rá evitar a degradação; em solo tropical a queimada é grande mal, um prejuízo sem igual, o solo vira um torrão. Deixando o mato crescer, entregue ao “Deus dará”, ninguém tem nada a perder, ao contrário, só ganhar. Se quiser “pagar p’rá ver”, até eu posso apostar. A natureza é sábia, promove a restauração, sendo possível, ao homem, alguma intervenção; se está, a terra, cansada, é então recomendado esse descanso sagrado para a recomposição. O solo protegido retém mais umidade. Buscando o equilíbrio, tem melhor fertilidade e a ciclagem dos nutrientes é algo conseqüente da biodiversidade. Os solos tropicais, a bem da verdade, são considerados quentes, com boa permeabilidade, pobres em nutrientes, ácidos geralmente, e, de matéria orgânica, muito dependentes: essa é a realidade. Matéria orgânica no solo em decomposição, também consome nitrogênio. Preste bem atenção! É preciso certa ciência ao se fazer a incorporação. Microorganismos decompositores em constante ação requerem nitrogênio para a nutrição e podem deixar sua cultura em má situação. A adubação orgânica, pode ser equilibrada a escala do tempo deve ser bem calculada, pois, a mineralização ou humificação, certamente, é demorada. A matéria orgânica tem função especial para a melhoria do solo em caráter estrutural, formando agregados com a fração argilo-mineral. O solo fica grumoso, com boa umidade, bastante poroso e, com essas qualidades, havendo chuva à vontade, trará ganho fabuloso. Jamais por mera retórica faço essa observação: o que liga o homem à terra não é o mísero milhão, o lucro conseqüente da sua plantação depende do manejo do solo, é uma constatação. A mãe-natureza em louvável ação, sempre aponta o caminho, exigindo observação: os fenômenos estão patentes, mas, aquilo tão aparente pode ser mera ilusão. O manejo dos solos requer sabedoria, respeito à natureza, dinâmica harmonia, boa dose de ciência, um tanto de paciência e um pouco de poesia. Um semeador saiu a semear em grande seara, numa terra seca, dura semente, palavra p’rá gente feita de pedra que vira pó. À beira do caminho, pássaros fizeram ninhos, a poesia se esparramou, comeram-lhe os passarinhos, o semeador chorou baixinho, nenhuma semente brotou. Há sempre uma cruz, marcando na estrada um fim de jornada e a semente plantada em terra adubada, profunda e fecunda, com a chuva renascerá... Trazendo alegria na alma refeita após a colheita e aquele banquete regado a bom vinho, no Sul da Bahia, em cama macia um poeta se deita, descansa a caneta e dorme sozinho. Ação consumada, semente lançada. Atenção no aviso, não corra perigo! Aprendi com os antigos, desde menino, quem planta mostarda não colhe pepino, não faça o que faço mas faça o que digo. No ciclo da vida, em toda a existência, revela-se a essência que assim se traduz. Da planta do pé apoiada no chão, aos calos e linhas na palma da mão, como é possível conter tamanha amplidão? Se cresce o joio em campo de trigo, deixe que cresça, é este o desígnio, porém não se esqueça de tudo que digo, após a colheita, separe-o do trigo. É dado este recado com toda emoção, quem quiser me conhecer, será uma satisfação receber o seu abraço e seu aperto de mão. U m dia, quem diria... L avrarias a terra, I nvés de colher, S implesmente, S eu alimento de cada dia E m pleno gozo S em fim. P ecador contumaz, R enitente demais, U m mísero mortal D e barro forjado, E rrante e sem paz, N ão sabe onde vai T erminar a jornada E ntre a foice e a enxada. D eus vivo aguarda, A lma cansada... S erá plantado o corpo I nerte, inexoravelmente! L uzindo um novo dia, V ida nova se anuncia A través da semente. Apresentação Glossário “Em se plantando tudo dá!” Pero Vaz de Caminha já dizia sobre a fertilidade natural que nas terras brasillis havia no ano de 1500. Os nativos viviam em dinâmica harmonia com a natureza que lhes era benfazeja, proporcionando-lhes corpos sadios alimentados pela caça, pesca, coleta de frutos, raízes e uma incipiente agricultura itinerante. A colonização promoveu, além da dizimação de aldeias indígenas, grande desmatamento. Primeiro para a extração do PauBrasil, depois para a implantação das extensas lavouras açucareira, algodoeira e cafeeira destinadas à exportação e, ainda, pastagens. Daí, então, muita degradação tem sofrido o solo brasileiro em conseqüência dum manejo inadequado e de políticas agrárias favoráveis às grandes culturas de exportação, com uso intensivo de insumos agrícolas, agrotóxicos e mecanização. Atualmente, atravessamos um período de mudanças de paradigmas em vários setores e crescente tem sido a preocupação com a minimização dos impactos ambientais nas atividades agropecuárias e muito se fala em agricultura sustentável e familiar para a preservação dos recursos da geração vindoura e aumento da população rural. Os “produtos orgânicos certificados” têm conquistado espaço no mercado e, por eles, o consumidor paga mais caro, aumentando, assim, a demanda por conhecimentos agroecológicos. A fertilidade do solo deve ser garantida e a adubação é prática indispensável para a obtenção de boas colheitas, através das quais os nutrientes são exportados do sistema solo/planta. Contudo, essa prática requer ciência para “não jogar dinheiro fora”, agredindo o meio-ambiente. Com este poema paradidático, adequado para a extensão rural, o poeta Ulisses Prudente semeia conhecimentos técnicocientíficos sobre a fertilidade do solo que, certamente, pelo adubo dialético produzirá farta colheita. Adsorvidos: retidos na superfície. Adubação verde: plantas cultivadas para serem incorporadas ao solo e aumentar a sua fertilidade. Análise química do solo: análise da composição do solo, usualmente com a finalidade de estimar a disponibilidade de nutrientes para as plantas mas, também, incluindo a determinação da acidez ou alcalinidade e da condutividade elétrica. Ânions: íons ou moléculas com carga eletronegativa. Areia: partículas inorgânicas com tamanho variando de 2,0mm a 0,05mm de diâmetro. Argila: partículas cristalinas inorgânicas naturais com menos de 0,002 mm de diâmetro. Boro (B): elemento essencial para o crescimento dos tubos polínicos e germinação dos grãos de pólen. Provavelmente é o micronutriente com deficiência mais generalizada. Pode estar envolvido no transporte de carboidratos. Calcário: pó de rocha que contém carbonato de cálcio e carbonato de magnésio, cal hidratada (hidróxido de cálcio) ou cal virgem (óxido de cálcio). O calcário é usado para diminuir a acidez do solo e fornecer cálcio e magnésio com nutriente essencial às plantas. Calcário calcinado: são fabricados pela calcinação das rochas em fornos e posterior moagem. O grau de calcinação pode ser total ou parcial, o que dá ao produto final diferentes graus de poder relativo de neutralização total. Podem ser calcíticos, magnesianos ou dolomíticos. Calcário calcítico: proveniente da calcita, mineral formado por carbonato de cálcio. Calcário dolomítico: proveniente da dolomita, mineral formado de carbonatos de cálcio e magnésio. Calcário magnesiano: proveniente da magnesita, mineral formado por carbonato de magnésio. Capacidade de troca catiônica: conhecida por CTC, é a capacidade do solo para reter e trocar cátions. A energia da carga positiva dos cátions varia, fazendo com que um cátion substitua outro na partícula do solo, que apresenta carga negativa. Cátions: íons ou moléculas com carga eletropositiva. Caulinita: mineral de argila, dos principais constituintes de solos tropicais e que apresenta uma superfície específica de 10 a 30 m2/g. Cloro (Cl): essencial às plantas para as reações fotossintéticas envolvidas na evolução do oxigênio. Pode atuar na regulação osmótica. Cobalto (Co): essencial, também para os animais, atua na fixação do nitrogênio e ativação de enzimas em plantas. Cobre (Cu): componente de várias enzimas nas plantas, é necessário na formação da clorofila. Colóides: partículas orgânicas e inorgânicas menores que 0,001 mm em diâmetro dispersas em solução aparentemente sólida. Os colóides apresentam uma grande área de superfície específica, geralmente muito reativa. Consonância: conformidade. Consórcio cultural: cultivo de duas ou mais espécies em uma mesma área. Decagrama: equivalente a dez gramas. Difusão: Ação fluídica. Enxofre (S): é essencial na formação de proteínas e, portanto, na atividade enzimática, pois, é parte de certos aminoácidos. Está envolvido na formação dos nódulos radiculares e na fixação de nitrogênio em leguminosas. Erosão: arrastamento da superfície do solo por escorrimento d’água, vento, gelo e outros agentes geológicos Estratificada: classificada. Estrutura do solo: refere-se ao arranjo das partículas primárias em unidades secundárias com forma e tamanho particulares. Fator intensidade: é a concentração ou, mais precisamente, a atividade dos íons em solução. Fator quantidade: é a reserva de íons disponíveis na fase sólida do solo (íon lábil). Ferro (Fe): Micronutriente metálico essencial, absorvido pelas plantas como íon ferroso (Fe++). O ferro é um catalisador na formação da clorofila e atua como carregador de oxigênio, além de ajudar na formação de certas enzimas que atuam no sistema respiratório das plantas. Fitosanidade: saúde da planta Fixado: quando o nutriente assume forma não disponível para as plantas ao reagir com componentes do solo. Fluxo de massa: movimento de fluido em resposta à pressão. Movimento de calor, gases ou solutos juntamente com o fluido no qual estão contidos. Fosfatos naturais: rochas naturais contendo um ou mais minerais de fosfato de cálcio com pureza e quantidade suficientes para permitir o seu uso. Gessagem: incorporação, ao solo, de gesso agrícola, ou seja, sulfato de cálcio dihidratado (CaSO4.2H2O) como fonte de cálcio e enxofre para a correção de camadas subsuperficiais do solo que contenha alto teor de alumínio. Evita, ainda, a formação de camadas adensadas em solos muito intemperizados, melhorando, assim, o ambiente radicular das plantas. É usado, também, para a correção de solos sódicos. Granulometria: mensuração de grãos. Grumoso: granuloso; que contém grânulos ou grumos. Hidrogênio (H): elemento químico gasoso, insípido, incolor e que em combinação com o oxigênio forma a água. Honorários: remunerações. Humificação: transformação em húmus, como é assim chamada a fração da matéria orgânica do solo que permanece estável e escura após a maior parte dos resíduos animais e vegetais serem decompostos. Imprescindível: que não pode deixar de fazer. Intemperismo: ação do tempo, envelhecimento. Íon lábil: íon disponível na fase sólida do solo Lei da interação: cada fator de produção é tanto mais eficaz quando os outros estão mais perto do seu ótimo. Cada fator deve ser considerado como parte de um conjunto, dentro do qual ele está relacionado com os outros por efeitos recíprocos. Lei do mínimo: o rendimento de uma colheita é limitado pela ausência de qualquer um dos nutrientes essenciais, mesmo que todos os demais estejam disponíveis em quantidades adequadas. Lei dos incrementos decrescentes: o rendimento da cultura à primeira adubação quase sempre é superior às que seguirão. Lençol freático: o limite superior da água subterrânea ou aquele nível abaixo do qual o solo é saturado com água. Lixiviação: perda de nutrientes em solução pela passagem da água através do solo. Macronutrientes: nutrientes essenciais às plantas que são necessários em maiores proporções. Magnésio (Mg): nutriente essencial secundário, constituinte da clorofila; ajuda no metabolismo do fósforo, utilização de açucares pelas plantas e também na ativação de vários processos enzimáticos. Manganês (Mn): micronutriente metálico que funciona, primeiramente, como parte do sistema enzimático das plantas. Ele ativa várias funções metabólicas e tem função direta na fotossíntese. Metais pesados: são elementos cuja densidade atômica é superior a 6g.cm-3; em agricultura são considerados pesados todos os metais fitotóxicos; estão associados à poluição e toxidade, ainda que alguns elementos sejam essenciais aos seres vivos em baixas concentrações como: Co, Cu, Mn, Se, Zn; os não essenciais são: Pb, Cd, Hg, As, Tl, U. Micorrízicos: fungos de interação simbiótica com as raízes das plantas. As hifas dos fungos aumentam a área das raízes e a absorção de nutrientes. Microfauna: microorganismos do reino animal encontrados no solo. Microflora: microorganismos do reino vegetal encontrados no solo. Mineralização: liberação de um elemento da forma orgânica para a inorgânica. Molibdênio (Mo): micronutriente metálico requerido em menores quantidades em comparação aos outros nutrientes. È necessário para a síntese e a atividade da enzima redutase de nitrato, sendo, também, vital para o processo de fixação simbiótica de nitrogênio por bactérias do gênero Rhizobium nos nódulos das raízes de leguminosas. Montmorilonita: mineral argila constituinte de solos temperados e que apresenta uma superfície específica de 700 a 800 m2/g. Nitritos e nitratos: nitrogênio em forma aniônica (NO3- e NO2- respectivamente) Nitrogênio (N): macronutriente essencial, constituinte de toda célula viva, planta ou animal. Nas plantas ele é parte da molécula da clorofila, de aminoácidos, de proteínas e de vários outros compostos. Nutriente essencial: elemento indispensável para que a planta complete seu ciclo de vida. Pedante: vaidoso no falar ou na maneira de se apresentar; presunçoso; afetado; que ostenta conhecimentos superiores aos que possui. Permeabilidade: facilidade pela qual um meio poroso transmite os fluidos. pH: designação numérica de acidez e alcalinidade.Tecnicamente, pH é o logaritmo comum da recíproca da concentração do íon de hidrogênio de uma solução. Um pH 7 indica neutralidade; valores entre 7 e 14 indicam aumento de alcalinidade; valores entre 7 e 0 indicam aumento de acidez. Poder relativo de neutralização total: refere-se à capacidade do calcário neutralizar a acidez do solo. É determinado pelo teor de cálcio e magnésio e granulometria das partículas; quanto menor, mais eficiente. Poder tampão: capacidade de resistência à mudança de pH quando se adicionam ácidos ou bases. De maneira geral , processos que limitam mudanças na concentração em dissolução de qualquer íon quando ele é adicionado ou removido do sistema. Potássio (K): macronutriente essencial com funções importantes na ativação de sistemas enzimáticos, é vital para a fotossíntese e para a formação e utilização de açúcares, tendo função essencial na síntese protéica e manutenção da estrutura da proteína e ajuda as plantas no uso mais eficiente da água. Radicular interceptação: quando a raiz se move em direção ao nutriente. Rápidas reações reversíveis e estequiométricas: reações químicas bem balanceadas que ocorrem, também, em sentido inverso, ou seja, determinado composto pode ser decomposto sem prejuízo energético. Rizosfera: área ocupada pelas raízes. Silte: qualquer partícula inorgânica com o tamanho variando entre 0,05 a 0,002 mm de diâmetro. Solo ácido: solo contendo predominância de íons de hidrogênio na solução do solo (acidez ativa) e na superfície dos colóides do solo (acidez potencial ou de reserva). De modo específico, refere-se a um solo cujo pH é menor que 7,0. Solo alcalino: solo com pH maior que 7,0. Solução do solo: fase líquida do solo e seus solutos. Sonda: ferramenta mais sofisticada, de aço inoxidável, para retirada de amostras de solo. Textura: A textura do solo é determinada pela quantidade de areia, silte e argila que ele possui. Quanto menor o tamanho das partículas, mais próximas da muito argilosa e quanto maior, mais próximas da arenosa estará a textura. Troca de cátions: troca entre um cátion na solução e outro cátion na superfície de um material como um colóide argiloso ou orgânico. Trado: ferramenta espiralada na ponta, graduada de 20 em 20 cm, utilizada para a retirada de amostras de solo. Volatizados: transformados em gases. Zinco (Zn): micronutriente metálico, ajuda na síntese de substâncias de crescimento das plantas, atua no sistema enzimático e é essencial para a promoção de certas reações metabólicas. É necessário para a produção de clorofila e carboidrato. Colaboração e revisão técnico-científica Serviço de Assistência Técnica – SERAT / CENEX João Henrique Silva Almeida – Chefe Ministério da Agricultura, Abastecimento e Pecuária Roberto Rodrigues – Ministro da Agricultura Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira Gustavo Moura – Diretor da CEPLAC Superintendência Regional da CEPLAC para Bahia e Espírito Santo – SUBES Wellington Duarte da Costa – Superintendente Regional Centro de Extensão Rural da CEPLAC – CENEX Elieser Barros Correia – Chefe do CENEX Centro de Pesquisa do Cacau – CEPEC Jonas de Souza – Chefe do CEPEC Gerência Regional da CEPLAC no Espírito Santo - GERES Paulo Roberto Siqueira – Gerente Regional Seção de Transferência de Tecnologia – SETEC / SERAT / CENEX José Ronaldo Monteiro Lopes – Chefe Dalva Monteiro da Silva Santos – Apoio Adm. Naiara Reis Kalid – Apoio Adm. Vasty Silva Santos – Apoio Adm. Agrônomos: Agamenon de Almeida Farias Álvaro Augusto Monteiro Veloso Antônio Carlos Murillo Santos Antônio Eduardo de Souza Magno Luiz Henrique Rebouças Valença Milton José da Conceição Roberto Araújo Setúbal Técnico Agrícola: João Antônio Firmato de Almeida - JAFA A FERTILIDADE DO SOLO EM TERRAS DO SEM FIM Por Ulisses Prudente da Silva Bibliografia ALVAREZ V., VICTOR HUGO. Química e fertilidade do solo / Autores: Antônio Carlos Ribeiro; Braz Vitor Defelipo; Emílio Gomide Loures; Flávio de Araújo Lopes do Amaral; José Mário Braga; Júlio César Lima Neves; Liovando Marciano da Costa; Nairam Félix de Barros; Roberto Ferreira de Novais; Victor Hugo Alvarez V. (coordenador) / Universidade Federal de Viçosa, Centro de Ciências Agrárias, Departamento de Solos – Viçosa, MG, 1987. LOPES, ALFREDO SCHEID. Manual internacional de fertilidade do solo / tradução e adaptação de Alfredo Scheid Lopes – 2ª ed., ver. e ampl. – Piracicaba, SP : POTAFOS, 1998. Km 22, Rodovia Ilhéus / Itabuna 2005 ZAMBERLAM, JURANDIR. Agricultura ecológica: preservação do pequeno agricultor e do meio ambiente / Jurandir Zaberlam & Alceu Froncheti – Petrópolis, RJ : Vozes 2001. Agradecimentos: Ao consultor agronômico, Colaboração e revisão técnico–científica Walter Silva Serra Seção de Solos e Nutrição de Plantas – SENUP / CEPEC Ao Gerente Regional da CEPLAC com ênfase sobre o Espírito Santo, Paulo Roberto Siqueira Agrônomos: Edson Lopes Reis George Andrade Sodré Quintino Reis de Araújo Rafael Edgardo Silva Chepote Robério Gama Pacheco Sandoval O. de Santana Aos Assistentes Administrativos do Centro de Extensão Rural da CEPLAC, André Luiz Borba Santos Antônio Alberto Nunes Serafim Nadja Naira G. Montalvão Sandoval Souza Carvalho Solange Oliveira Santos Revisão ortográfica e gramatical Ao poeta Ramon Vane e à musa Cristina Andrade Maria de Lourdes da Silva* *Profª de Filosofia e Sociologia. Aos Professores do curso de agronomia da Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC, Durval Libânio Netto Mello José Olimpio de Souza Junior Paulo César L. Marrocos A fertilidade do solo em terras do sem fim e, especialmente, Agna Almeida Menezes, musa inspiradora deste poema. O autor, Ulisses Prudente da Silva, é descendente de comerciante sergipana com um “bom baiano”, poeta, boêmio e funcionário público; é grapiúna de Itabuna, nascido aos 20-05-1961. Cursou o ensino fundamental no Colégio Divina Providência em sua cidade natal; formou-se em Técnico em Agropecuária pela EMARC–Uruçuca em 1978 e, desde então, participa de ações extensionistas promovidas pela CEPLAC; atualmente é agronomando pela Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC. Colaboração e revisã Ulisses Prudente da Silva o técnico científica