Em agricultura geral

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Em agricultura geral,
para boa produtividade,
seja numa grande propriedade
ou no fundo do quintal;
do solo, a fertilidade,
é pré-requisito essencial.
Contudo, mesmo havendo
fertilidade adequada,
se houver ataque de pragas,
seca, doença ou inundação,
a produção será limitada,
dura será a empreitada
ou, quiçá, todo trabalho vão.
Não basta, apenas, adubar;
um conjunto de práticas
é necessário adotar,
a começar pelo estudo
sobre a fertilidade do solo
ao qual vamos iniciar.
Para ser extraordinário,
vou te dar certo trabalho,
consulte um dicionário
p’rá entender a razão:
melhorando teu vocabulário
aumentarás teu erário,
ganharás com a instrução.
A fertilidade do solo
vai dar muito o que falar,
não quero ser pedante,
nem tampouco inconsistente
sobre o que tenho a relatar,
mas, sobre os fundamentos do solo
vamos ter que enveredar...
A origem do solo,
bem como a sua idade,
é importante saber,
pois, a fertilidade,
pelo grau de intemperismo
e minerais constituintes
é possível prever.
Assim como na poesia
se organizam as rimas;
areia, silte, argila:
para formar o solo se combinam,
conferindo uma textura
que ao tato se analisa.
Portanto, ao primeiro toque,
nos trópicos... na Bahia!
Se a granulometria,
muito fina, apresentar-se,
poderá ser a caulinita
o mineral argila
daquele solo constituinte,
cuja característica
é uma menor superfície específica
para troca de elementos
em comparação à montmorilonita,
nas regiões temperadas,
argila típica.
A fração argilo-mineral
e a matéria orgânica
determinam a capacidade
de troca catiônica,
adsorvendo significativamente
muitos nutrientes,
disponibilizando-os às plantas.
Ânions, também,
em situações especiais,
quando não fixados
ou, senão, precipitados
em óxidos de metais,
podem ser adsorvidos
por colóides minerais.
Compostos solúveis
na forma aniônica,
podem ser, também volatizados,
mas, tendem a ser lixiviados
ou pela erosão carregados.
Dispersão é sua tônica.
Solos férteis, profundos, bem drenados,
estes são mais desejáveis;
com textura e estrutura favoráveis
se desenvolve a plantação,
garantindo na colheita
uma grande produção.
Em outras palavras,
procurando simplificar,
todo solo é poroso,
repleto de água e ar:
a água é o solvente
que disponibiliza nutrientes
para a planta alimentar.
Entender um pouco de química
não faz mal a ninguém,
assim como um tanto de física
sempre faz bem a alguém,
se há deficiência hídrica
a irrigação bem convém.
As plantas absorvem
o que está em solução
pelo fluxo de massa
ou, senão, difusão
ou, então, ainda,
pela radicular interceptação.
As relações existentes
entre solo e planta,
do balanço hídrico
são dependentes,
pois, na solução do solo
estão disponíveis
os essenciais nutrientes.
Em consonância à cultura
que se pretende implantar
ou, se já plantada,
pretende-se adubar,
a análise química do solo
é imprescindível efetuar.
Retirar amostras de solo,
requer certo entendimento,
um erro nessa etapa
compromete o investimento,
é preciso tomar cuidado
p’rá não haver mascaramento.
Para a área determinada
ser bem representada,
conforme o relevo
será a área estratificada,
pois, terço-médio ou inferior,
outeiro ou baixada
merecem uma amostra de solo
composta para cada,
levando-se em conta, ainda,
se já houve adubação,
o tipo de vegetação
e sua idade estimada.
Em zigue-zague deve ser retirada
uma amostra simples do solo
a cada dez largas passadas,
numa área delimitada
com no máximo dois hectares,
dois homens na jornada
com sonda ou trado ou enxada,
evitando-se formigueiro,
locais de entulho ou casqueiros;
o serviço requer dinheiro,
às vezes, muitas jornadas...
e, pelo menos, 24 amostras
devem ser coletadas.
A profundidade do solo,
a ser amostrada,
depende da cultura
ali instalada
ou, ainda, daquela
que venha ser implantada.
Em áreas de pastagens,
10 cm de profundidade é o suficiente,
para outras culturas
20 cm é o recomendado, geralmente.
Sendo conveniente
consultar um técnico
ou agrônomo experientes,
principalmente, em se tratando
de cultura diferente.
As amostras simples
devem ser misturadas
numa vasilha plástica
p’rá não serem alteradas.
Nas mãos, luvas de borracha,
cuidado com a empreitada!
Pois, o suor humano,
rico em potássio,
pode ser o engano
numa amostra mascarada.
Da mistura composta
deve ser retirada
apenas uma amostra,
de pesagem estimada
em cerca de 300 gramas,
devidamente identificada,
assim ninguém se engana,
e, num laboratório
de análise química do solo,
essa amostra enviada,
será, então, analisada.
A análise química do solo
para ser compreendida,
é preciso estar por dentro
do sistema internacional
de pesos e medidas
e das correlações etc e tal
que podem ser estabelecidas.
Um solo, por exemplo,
que, de argila, contenha
trinta e cinco por cento (35%),
p’rá quem tem entendimento,
em decagrama por quilo (35 dag/kg)
será expresso esse conhecimento.
A nutrição da planta
pode, também, ser avaliada
pela análise foliar,
técnica já adotada
por aqueles produtores
que caminham na vanguarda.
A fitosanidade, em verdade,
digo com experiência,
expressa a fertilidade,
ou senão, sua carência,
sendo a análise de toda planta,
outro recurso da ciência
O que digo e escrevo
com certa competência,
serve para todos
como uma advertência:
é necessário conhecer
sintomas de deficiência.
A química do solo
é algo surpreendente,
nas menores partículas
são retidos os nutrientes
que, em rápidas reações
reversíveis e estequiométricas,
conforme a carga elétrica,
trocam de lugar constantemente.
A carga elétrica do solo,
do pH pode ser dependente,
sendo positiva ou negativa
e, conforme o gradiente
de cátions na solução,
o ponto de carga zero,
do pH neutro será coincidente.
O pH do solo
tem correlação
com íons de hidrogênio
liberados na solução,
se o solo é ácido ou alcalino,
essa é uma boa questão.
Quanto mais ácido o solo,
mais baixo o pH,
isso é importante
a gente correlacionar.
O pH é variável,
a gente pode alterar.
Potencial de hidrogênio,
pH quer dizer,
numa escala de 0 a 14,
pode-se estabelecer
e o ótimo para as culturas
é importante saber.
O produtor desavisado
vai na conversa do vendedor:
“o adubo tá barato!
Você tem saldo credor!”
Acaba ludibriado,
muitas vezes, comprando errado
na quantidade e no valor.
Outro aspecto
de relevante atenção
além da quantidade,
é a qualidade:
verifique a concentração,
se firme na verdade
dessa minha instrução.
Daí a importância
de se procurar entender
da química do solo
e não se deixar convencer
por qualquer vendedor
que em sua porta bater.
Convém chamar a atenção
para o tal do poder tampão,
que é a relação
do fator quantidade
de íon-lábil no solo
pela atividade
do íon na solução,
sendo, o fator intensidade,
essa concentração.
A disponibilidade de nutrientes
é, assim, proporcionada
em função dessas grandezas,
entre si, relacionadas,
que levam a solução
a uma concentração
naturalmente equilibrada.
Quando um íon-nutriente
é pela planta absorvido,
um íon-lábil do solo
é para a solução atraído,
tendendo a solução
a manter a concentração
em devido equilíbrio.
Nitrogênio, fósforo, potássio
são nutrientes primários;
cálcio, magnésio e enxofre,
considerados secundários,
mas, sem um dos micronutrientes:
manganês, molibdênio, cloro,
cobre, ferro, zinco, boro,
o solo é deficiente,
pouco fértil, ordinário.
Todos são essenciais
sem maiores comentários...
Hidrogênio e alumínio
são elementos significantes,
a presença no solo
tem efeito acidificante,
são tóxicos às plantas,
muito inconvenientes,
deixando-as carentes
de todos os nutrientes.
Porém, o calcário garante
cálcio e magnésio,
além de percentuais
de outros minerais,
observando-se os critérios
que determinam a quantidade,
trazendo ganhos reais.
O cálcio e o magnésio
em química reação
com o hidrogênio e o alumínio
encontrados em solução,
neutralizam a toxidez,
corrigindo, então,
a indesejável acidez.
A quantidade de calcário
a ser aplicada,
com a textura do solo
está correlacionada,
em solos arenosos
e em solos muito ácidos
ela convém ser parcelada.
Se, por hectare, necessitar
mais que 5 toneladas,
mesmo em solos argilosos
a calagem é parcelada
e, 3 meses antes do plantio
e/ou da adubação,
toda a incorporação
deve estar efetuada.
A dose de calcário
a ser uniformemente aplicada,
com o poder relativo
de neutralização total,
expressado em percentual,
e com a profundidade
de incorporação desejada.
está, também, correlacionada
Seja calcário dolomítico,
magnesiano, ou ainda,
calcário calcítico
ou, até mesmo,
o calcário calcinado
que se encontre no mercado,
o frete, geralmente,
é o principal componente
no custo final da calagem.
A acidez do solo
pode ser corrigida
com a prática da calagem,
principal medida,
e com a gessagem
a correção do solo
em camadas profundas
será, também, garantida.
Num programa de adubação,
é algo muito importante
a época de aplicação
e dosagem de fertilizantes,
principalmente onde ocorrem
chuvas intensas e abundantes.
Para o investimento
não “escorrer pelo ladrão”
é recomendável o parcelamento
da fertilização
e, com esse procedimento,
diminui-se a lixiviação,
o endividamento
e perdas por erosão.
A adubação química
tem esse impacto:
a contaminação
do lençol freático
por metais pesados,
nitritos e nitratos
que são carregados
em lixiviação.
Atenção! O ciclo vicioso
da química dependência
é muito oneroso,
apesar da imediata excelência
tem efeito pernicioso,
exigindo muito veneno
contra pragas e doenças,
deixa o solo estéril,
seja cauteloso, tenha critérios
ao fazer uso da ciência.
Todo excesso é prejudicial,
muitos nutrientes
prontamente disponíveis
podem ser um grande mal,
inibindo a microvida
no solo existente,
deixando a rizosfera
um tanto carente
da microfauna e microflora
que, dinamicamente,
interagindo com as plantas,
disponibilizam nutrientes.
Em se tratando de fertilização,
é importante entender
as leis gerais de adubação:
além da lei do mínimo,
tem a lei da interação
entre cada nutriente,
otimizando a absorção;
sendo conveniente,
para a lei dos incrementos decrescentes,
especial atenção.
Máxima eficiência econômica
é a nossa pretensão:
o rendimento da cultura
à primeira adubação,
quase sempre é superior
às que seguirão,
as doses e o tempo
variam em função.
Culturas melhoradas
que recebem adubação,
muitas vezes, têm triplicado
a sua produção:
o recurso é válido
com a devida orientação.
Agrônomos e técnicos
estão à disposição
no livre mercado
ou em pública instituição
e, muitas vezes, em mera ocasião,
sem financeira retribuição,
até em confraternização
eles te dão atenção.
Mas tudo custa caro!
Até a assistência técnica
tem seus honorários,
mesmo que, porventura,
através dos impostos,
seja o povo quem pague
estes salários.
Contabilizar tudo isso,
torna-se imprescindível
na relação custo/benefício,
o problema é difícil!
“P’rá não jogar dinheiro fora”,
ter retorno sem demora,
através da produção,
com melhoria da qualidade,
boa produtividade,
reflita nisso agora,
adube com precisão.
Diversas fontes de nutrientes
existem no mercado,
do mais agressivo
adubo químico
à melhor compostagem.
O preço também é vário,
assim como o frete
e diária de operário.
O impacto ambiental
merece consideração,
o excesso de nutrientes,
torna-se poluição,
o solo fica doente,
com a microvida ausente,
causando intoxicação.
A fertilidade natural
pode ser conseguida
pela ciclagem dos nutrientes
e adição, ainda,
de pó de rochas minerais
e micronutrientes,
ativando a microvida.
A microfauna e microflora
no solo existente,
em plena atividade,
disponibilizam nutrientes
em solução aquosa
de onde as raízes das plantas
retiram o sustento.
Dentre os seres vivos
no solo presentes,
as minhocas são
dos mais competentes,
digerindo matéria orgânica,
trabalham p’rá gente,
enriquecendo a terra
com seus excrementos,
promovem, ainda,
um bom arejamento.
Muitos, são os biofertilizantes
de origem animal ou vegetal,
alguns são sólidos,
outros líquidos e industriais
ou até mesmo artesanais
comprados em camelô
ou em casas comerciais.
Urina de gado, quem diria...
tem muita serventia
em agricultura geral,
fermentada dez dias,
fornece nitrogênio
e micronutrientes
em pulverização eventual.
Fertilizantes naturais
de origem animal,
de fácil obtenção
ao produtor rural,
são os estercos
bovinos, de aves ou suínos
e, até mesmo, os de eqüinos,
têm seu potencial.
O bom manejo do solo
é tarefa fundamental:
o seu revolvimento
pode ser prejudicial,
requer muito cuidado,
principalmente em solo pesado,
que tende a ser compactado
e pela erosão degradado
em agricultura convencional.
Técnicas conservacionistas
devem ser utilizadas,
visando a manutenção
na área manejada,
das qualidades físicas,
biológicas e químicas
devidamente equilibradas.
Os resíduos orgânicos
de toda propriedade
são recursos naturais
da própria atividade
agropecuária ou agroindustrial
e têm possibilidade de
melhorar a produtividade
se forem utilizados
de maneira racional.
A adubação orgânica
e fosfatos naturais
propiciam o desenvolvimento
de fungos micorrízicos
e outros microorganismos,
favorecendo o melhoramento
do solo em caráter estrutural,
produzindo alimentos saudáveis
de maior valor nutricional.
A adubação verde
é, também, recomendada,
a médio e longo prazo,
sendo bem empregada,
a fertilidade do solo
será, então, melhorada.
A ciclagem dos nutrientes
deve ser compreendida.
Em consórcio, as leguminosas
são uma boa alternativa,
facilitando a absorção
de fósforo e nitrogênio
pelas plantas amigas.
A rotação cultural
é prática antiga,
em cultura anual
é boa medida
e a exigência nutricional
faz o diferencial
na escolha da cultura
a ser estabelecida.
A proteção do solo
contra vento e insolação
é algo essencial
p’rá evitar a degradação;
em solo tropical
a queimada é grande mal,
um prejuízo sem igual,
o solo vira um torrão.
Deixando o mato crescer,
entregue ao “Deus dará”,
ninguém tem nada a perder,
ao contrário, só ganhar.
Se quiser “pagar p’rá ver”,
até eu posso apostar.
A natureza é sábia,
promove a restauração,
sendo possível, ao homem,
alguma intervenção;
se está, a terra, cansada,
é então recomendado
esse descanso sagrado
para a recomposição.
O solo protegido
retém mais umidade.
Buscando o equilíbrio,
tem melhor fertilidade
e a ciclagem dos nutrientes
é algo conseqüente
da biodiversidade.
Os solos tropicais,
a bem da verdade,
são considerados quentes,
com boa permeabilidade,
pobres em nutrientes,
ácidos geralmente,
e, de matéria orgânica,
muito dependentes:
essa é a realidade.
Matéria orgânica no solo
em decomposição,
também consome nitrogênio.
Preste bem atenção!
É preciso certa ciência
ao se fazer a incorporação.
Microorganismos decompositores
em constante ação
requerem nitrogênio
para a nutrição
e podem deixar sua cultura
em má situação.
A adubação orgânica,
pode ser equilibrada
a escala do tempo
deve ser bem calculada,
pois, a mineralização
ou humificação,
certamente, é demorada.
A matéria orgânica
tem função especial
para a melhoria do solo
em caráter estrutural,
formando agregados
com a fração argilo-mineral.
O solo fica grumoso,
com boa umidade,
bastante poroso
e, com essas qualidades,
havendo chuva à vontade,
trará ganho fabuloso.
Jamais por mera retórica
faço essa observação:
o que liga o homem à terra
não é o mísero milhão,
o lucro conseqüente
da sua plantação
depende do manejo do solo,
é uma constatação.
A mãe-natureza
em louvável ação,
sempre aponta o caminho,
exigindo observação:
os fenômenos estão patentes,
mas, aquilo tão aparente
pode ser mera ilusão.
O manejo dos solos
requer sabedoria,
respeito à natureza,
dinâmica harmonia,
boa dose de ciência,
um tanto de paciência
e um pouco de poesia.
Um semeador saiu a semear
em grande seara,
numa terra seca,
dura semente,
palavra p’rá gente
feita de pedra
que vira pó.
À beira do caminho,
pássaros fizeram ninhos,
a poesia se esparramou,
comeram-lhe os passarinhos,
o semeador chorou baixinho,
nenhuma semente brotou.
Há sempre uma cruz,
marcando na estrada
um fim de jornada
e a semente plantada
em terra adubada,
profunda e fecunda,
com a chuva renascerá...
Trazendo alegria
na alma refeita
após a colheita
e aquele banquete
regado a bom vinho,
no Sul da Bahia,
em cama macia
um poeta se deita,
descansa a caneta
e dorme sozinho.
Ação consumada,
semente lançada.
Atenção no aviso,
não corra perigo!
Aprendi com os antigos,
desde menino,
quem planta mostarda
não colhe pepino,
não faça o que faço
mas faça o que digo.
No ciclo da vida,
em toda a existência,
revela-se a essência
que assim se traduz.
Da planta do pé
apoiada no chão,
aos calos e linhas
na palma da mão,
como é possível conter
tamanha amplidão?
Se cresce o joio
em campo de trigo,
deixe que cresça,
é este o desígnio,
porém não se esqueça
de tudo que digo,
após a colheita,
separe-o do trigo.
É dado este recado
com toda emoção,
quem quiser me conhecer,
será uma satisfação
receber o seu abraço
e seu aperto de mão.
U m dia, quem diria...
L avrarias a terra,
I nvés de colher,
S implesmente,
S eu alimento de cada dia
E m pleno gozo
S em fim.
P ecador contumaz,
R enitente demais,
U m mísero mortal
D e barro forjado,
E rrante e sem paz,
N ão sabe onde vai
T erminar a jornada
E ntre a foice e a enxada.
D eus vivo aguarda,
A lma cansada...
S erá plantado o corpo
I nerte, inexoravelmente!
L uzindo um novo dia,
V ida nova se anuncia
A través da semente.
Apresentação
Glossário
“Em se plantando tudo dá!” Pero Vaz de Caminha já dizia
sobre a fertilidade natural que nas terras brasillis havia no ano de 1500.
Os nativos viviam em dinâmica harmonia com a natureza
que lhes era benfazeja, proporcionando-lhes corpos sadios alimentados
pela caça, pesca, coleta de frutos, raízes e uma incipiente agricultura
itinerante.
A colonização promoveu, além da dizimação de aldeias
indígenas, grande desmatamento. Primeiro para a extração do PauBrasil, depois para a implantação das extensas lavouras açucareira,
algodoeira e cafeeira destinadas à exportação e, ainda, pastagens.
Daí, então, muita degradação tem sofrido o solo brasileiro
em conseqüência dum manejo inadequado e de políticas agrárias
favoráveis às grandes culturas de exportação, com uso intensivo de
insumos agrícolas, agrotóxicos e mecanização.
Atualmente, atravessamos um período de mudanças de
paradigmas em vários setores e crescente tem sido a preocupação com
a minimização dos impactos ambientais nas atividades agropecuárias e
muito se fala em agricultura sustentável e familiar para a preservação
dos recursos da geração vindoura e aumento da população rural.
Os “produtos orgânicos certificados” têm conquistado
espaço no mercado e, por eles, o consumidor paga mais caro,
aumentando, assim, a demanda por conhecimentos agroecológicos.
A fertilidade do solo deve ser garantida e a adubação é
prática indispensável para a obtenção de boas colheitas, através das
quais os nutrientes são exportados do sistema solo/planta. Contudo,
essa prática requer ciência para “não jogar dinheiro fora”, agredindo o
meio-ambiente.
Com este poema paradidático, adequado para a extensão
rural, o poeta Ulisses Prudente semeia conhecimentos técnicocientíficos sobre a fertilidade do solo que, certamente, pelo adubo
dialético produzirá farta colheita.
Adsorvidos: retidos na superfície.
Adubação verde: plantas cultivadas para serem incorporadas
ao solo e aumentar a sua fertilidade.
Análise química do solo: análise da composição do solo,
usualmente com a finalidade de estimar a disponibilidade de
nutrientes para as plantas mas, também, incluindo a
determinação da acidez ou alcalinidade e da condutividade
elétrica.
Ânions: íons ou moléculas com carga eletronegativa.
Areia: partículas inorgânicas com tamanho variando de 2,0mm
a 0,05mm de diâmetro.
Argila: partículas cristalinas inorgânicas naturais com menos
de 0,002 mm de diâmetro.
Boro (B): elemento essencial para o crescimento dos tubos
polínicos e germinação dos grãos de pólen. Provavelmente é o
micronutriente com deficiência mais generalizada. Pode estar
envolvido no transporte de carboidratos.
Calcário: pó de rocha que contém carbonato de cálcio e
carbonato de magnésio, cal hidratada (hidróxido de cálcio) ou
cal virgem (óxido de cálcio). O calcário é usado para diminuir
a acidez do solo e fornecer cálcio e magnésio com nutriente
essencial às plantas.
Calcário calcinado: são fabricados pela calcinação das rochas
em fornos e posterior moagem. O grau de calcinação pode ser
total ou parcial, o que dá ao produto final diferentes graus de
poder relativo de neutralização total. Podem ser calcíticos,
magnesianos ou dolomíticos.
Calcário calcítico: proveniente da calcita, mineral formado
por carbonato de cálcio.
Calcário dolomítico: proveniente da dolomita, mineral formado
de carbonatos de cálcio e magnésio.
Calcário magnesiano: proveniente da magnesita, mineral
formado por carbonato de magnésio.
Capacidade de troca catiônica: conhecida por CTC, é a
capacidade do solo para reter e trocar cátions. A energia da carga
positiva dos cátions varia, fazendo com que um cátion substitua
outro na partícula do solo, que apresenta carga negativa.
Cátions: íons ou moléculas com carga eletropositiva.
Caulinita: mineral de argila, dos principais constituintes de solos
tropicais e que apresenta uma superfície específica de 10 a 30
m2/g.
Cloro (Cl): essencial às plantas para as reações fotossintéticas
envolvidas na evolução do oxigênio. Pode atuar na regulação
osmótica.
Cobalto (Co): essencial, também para os animais, atua na
fixação do nitrogênio e ativação de enzimas em plantas.
Cobre (Cu): componente de várias enzimas nas plantas, é
necessário na formação da clorofila.
Colóides: partículas orgânicas e inorgânicas menores que 0,001
mm em diâmetro dispersas em solução aparentemente sólida. Os
colóides apresentam uma grande área de superfície específica,
geralmente muito reativa.
Consonância: conformidade.
Consórcio cultural: cultivo de duas ou mais espécies em uma
mesma área.
Decagrama: equivalente a dez gramas.
Difusão: Ação fluídica.
Enxofre (S): é essencial na formação de proteínas e, portanto,
na atividade enzimática, pois, é parte de certos aminoácidos.
Está envolvido na formação dos nódulos radiculares e na fixação
de nitrogênio em leguminosas.
Erosão: arrastamento da superfície do solo por escorrimento
d’água, vento, gelo e outros agentes geológicos
Estratificada: classificada.
Estrutura do solo: refere-se ao arranjo das partículas
primárias em unidades secundárias com forma e tamanho
particulares.
Fator intensidade: é a concentração ou, mais precisamente, a
atividade dos íons em solução.
Fator quantidade: é a reserva de íons disponíveis na fase
sólida do solo (íon lábil).
Ferro (Fe): Micronutriente metálico essencial, absorvido pelas
plantas como íon ferroso (Fe++). O ferro é um catalisador na
formação da clorofila e atua como carregador de oxigênio,
além de ajudar na formação de certas enzimas que atuam no
sistema respiratório das plantas.
Fitosanidade: saúde da planta
Fixado: quando o nutriente assume forma não disponível para
as plantas ao reagir com componentes do solo.
Fluxo de massa: movimento de fluido em resposta à pressão.
Movimento de calor, gases ou solutos juntamente com o fluido
no qual estão contidos.
Fosfatos naturais: rochas naturais contendo um ou mais
minerais de fosfato de cálcio com pureza e quantidade
suficientes para permitir o seu uso.
Gessagem: incorporação, ao solo, de gesso agrícola, ou seja,
sulfato de cálcio dihidratado (CaSO4.2H2O) como fonte de
cálcio e enxofre para a correção de camadas subsuperficiais do
solo que contenha alto teor de alumínio. Evita, ainda, a
formação de camadas adensadas em solos muito
intemperizados, melhorando, assim, o ambiente radicular das
plantas. É usado, também, para a correção de solos sódicos.
Granulometria: mensuração de grãos.
Grumoso: granuloso; que contém grânulos ou grumos.
Hidrogênio (H): elemento químico gasoso, insípido, incolor e
que em combinação com o oxigênio forma a água.
Honorários: remunerações.
Humificação: transformação em húmus, como é assim chamada
a fração da matéria orgânica do solo que permanece estável e
escura após a maior parte dos resíduos animais e vegetais serem
decompostos.
Imprescindível: que não pode deixar de fazer.
Intemperismo: ação do tempo, envelhecimento.
Íon lábil: íon disponível na fase sólida do solo
Lei da interação: cada fator de produção é tanto mais eficaz
quando os outros estão mais perto do seu ótimo. Cada fator deve
ser considerado como parte de um conjunto, dentro do qual ele
está relacionado com os outros por efeitos recíprocos.
Lei do mínimo: o rendimento de uma colheita é limitado pela
ausência de qualquer um dos nutrientes essenciais, mesmo que
todos os demais estejam disponíveis em quantidades adequadas.
Lei dos incrementos decrescentes: o rendimento da cultura à
primeira adubação quase sempre é superior às que seguirão.
Lençol freático: o limite superior da água subterrânea ou aquele
nível abaixo do qual o solo é saturado com água.
Lixiviação: perda de nutrientes em solução pela passagem da
água através do solo.
Macronutrientes: nutrientes essenciais às plantas que são
necessários em maiores proporções.
Magnésio (Mg): nutriente essencial secundário, constituinte da
clorofila; ajuda no metabolismo do fósforo, utilização de
açucares pelas plantas e também na ativação de vários processos
enzimáticos.
Manganês (Mn): micronutriente metálico que funciona,
primeiramente, como parte do sistema enzimático das plantas.
Ele ativa várias funções metabólicas e tem função direta na
fotossíntese.
Metais pesados: são elementos cuja densidade atômica é
superior a 6g.cm-3; em agricultura são considerados pesados
todos os metais fitotóxicos; estão associados à poluição e
toxidade, ainda que alguns elementos sejam essenciais aos
seres vivos em baixas concentrações como: Co, Cu, Mn, Se,
Zn; os não essenciais são: Pb, Cd, Hg, As, Tl, U.
Micorrízicos: fungos de interação simbiótica com as raízes das
plantas. As hifas dos fungos aumentam a área das raízes e a
absorção de nutrientes.
Microfauna: microorganismos do reino animal encontrados no
solo.
Microflora: microorganismos do reino vegetal encontrados no
solo.
Mineralização: liberação de um elemento da forma orgânica
para a inorgânica.
Molibdênio (Mo): micronutriente metálico requerido em
menores quantidades em comparação aos outros nutrientes. È
necessário para a síntese e a atividade da enzima redutase de
nitrato, sendo, também, vital para o processo de fixação
simbiótica de nitrogênio por bactérias do gênero Rhizobium nos
nódulos das raízes de leguminosas.
Montmorilonita: mineral argila constituinte de solos
temperados e que apresenta uma superfície específica de 700 a
800 m2/g.
Nitritos e nitratos: nitrogênio em forma aniônica (NO3- e
NO2- respectivamente)
Nitrogênio (N): macronutriente essencial, constituinte de toda
célula viva, planta ou animal. Nas plantas ele é parte da molécula
da clorofila, de aminoácidos, de proteínas e de vários outros
compostos.
Nutriente essencial: elemento indispensável para que a planta
complete seu ciclo de vida.
Pedante: vaidoso no falar ou na maneira de se apresentar;
presunçoso; afetado; que ostenta conhecimentos superiores aos
que possui.
Permeabilidade: facilidade pela qual um meio poroso transmite
os fluidos.
pH: designação numérica de acidez e alcalinidade.Tecnicamente,
pH é o logaritmo comum da recíproca da concentração do íon de
hidrogênio de uma solução. Um pH 7 indica neutralidade;
valores entre 7 e 14 indicam aumento de alcalinidade; valores
entre 7 e 0 indicam aumento de acidez.
Poder relativo de neutralização total: refere-se à capacidade do
calcário neutralizar a acidez do solo. É determinado pelo teor de
cálcio e magnésio e granulometria das partículas; quanto menor,
mais eficiente.
Poder tampão: capacidade de resistência à mudança de pH
quando se adicionam ácidos ou bases. De maneira geral ,
processos que limitam mudanças na concentração em dissolução
de qualquer íon quando ele é adicionado ou removido do sistema.
Potássio (K): macronutriente essencial com funções importantes
na ativação de sistemas enzimáticos, é vital para a fotossíntese e
para a formação e utilização de açúcares, tendo função essencial
na síntese protéica e manutenção da estrutura da proteína e ajuda
as plantas no uso mais eficiente da água.
Radicular interceptação: quando a raiz se move em direção
ao nutriente.
Rápidas reações reversíveis e estequiométricas: reações
químicas bem balanceadas que ocorrem, também, em sentido
inverso, ou seja, determinado composto pode ser decomposto
sem prejuízo energético.
Rizosfera: área ocupada pelas raízes.
Silte: qualquer partícula inorgânica com o tamanho variando
entre 0,05 a 0,002 mm de diâmetro.
Solo ácido: solo contendo predominância de íons de
hidrogênio na solução do solo (acidez ativa) e na superfície dos
colóides do solo (acidez potencial ou de reserva). De modo
específico, refere-se a um solo cujo pH é menor que 7,0.
Solo alcalino: solo com pH maior que 7,0.
Solução do solo: fase líquida do solo e seus solutos.
Sonda: ferramenta mais sofisticada, de aço inoxidável, para
retirada de amostras de solo.
Textura: A textura do solo é determinada pela quantidade de
areia, silte e argila que ele possui. Quanto menor o tamanho
das partículas, mais próximas da muito argilosa e quanto
maior, mais próximas da arenosa estará a textura.
Troca de cátions: troca entre um cátion na solução e outro
cátion na superfície de um material como um colóide argiloso
ou orgânico.
Trado: ferramenta espiralada na ponta, graduada de 20 em 20
cm, utilizada para a retirada de amostras de solo.
Volatizados: transformados em gases.
Zinco (Zn): micronutriente metálico, ajuda na síntese de
substâncias de crescimento das plantas, atua no sistema
enzimático e é essencial para a promoção de certas reações
metabólicas. É necessário para a produção de clorofila e
carboidrato.
Colaboração e revisão técnico-científica
Serviço de Assistência Técnica – SERAT / CENEX
João Henrique Silva Almeida – Chefe
Ministério da Agricultura, Abastecimento e Pecuária
Roberto Rodrigues – Ministro da Agricultura
Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira
Gustavo Moura – Diretor da CEPLAC
Superintendência Regional da CEPLAC para Bahia e Espírito
Santo – SUBES
Wellington Duarte da Costa – Superintendente Regional
Centro de Extensão Rural da CEPLAC – CENEX
Elieser Barros Correia – Chefe do CENEX
Centro de Pesquisa do Cacau – CEPEC
Jonas de Souza – Chefe do CEPEC
Gerência Regional da CEPLAC no Espírito Santo - GERES
Paulo Roberto Siqueira – Gerente Regional
Seção de Transferência de Tecnologia – SETEC / SERAT / CENEX
José Ronaldo Monteiro Lopes – Chefe
Dalva Monteiro da Silva Santos – Apoio Adm.
Naiara Reis Kalid – Apoio Adm.
Vasty Silva Santos – Apoio Adm.
Agrônomos: Agamenon de Almeida Farias
Álvaro Augusto Monteiro Veloso
Antônio Carlos Murillo Santos
Antônio Eduardo de Souza Magno
Luiz Henrique Rebouças Valença
Milton José da Conceição
Roberto Araújo Setúbal
Técnico Agrícola: João Antônio Firmato de Almeida - JAFA
A FERTILIDADE DO SOLO
EM
TERRAS DO SEM FIM
Por
Ulisses Prudente da Silva
Bibliografia
ALVAREZ V., VICTOR HUGO. Química e fertilidade do
solo / Autores: Antônio Carlos Ribeiro; Braz Vitor
Defelipo; Emílio Gomide Loures; Flávio de Araújo
Lopes do Amaral; José Mário Braga; Júlio César
Lima Neves; Liovando Marciano da Costa; Nairam
Félix de Barros; Roberto Ferreira de Novais; Victor
Hugo Alvarez V. (coordenador) / Universidade
Federal de Viçosa, Centro de Ciências Agrárias,
Departamento de Solos – Viçosa, MG, 1987.
LOPES, ALFREDO SCHEID. Manual internacional de
fertilidade do solo / tradução e adaptação de Alfredo
Scheid Lopes – 2ª ed., ver. e ampl. – Piracicaba, SP :
POTAFOS, 1998.
Km 22, Rodovia Ilhéus / Itabuna
2005
ZAMBERLAM, JURANDIR. Agricultura ecológica:
preservação do pequeno agricultor e do meio
ambiente / Jurandir Zaberlam & Alceu Froncheti –
Petrópolis, RJ : Vozes 2001.
Agradecimentos:
Ao consultor agronômico,
Colaboração e revisão técnico–científica
Walter Silva Serra
Seção de Solos e Nutrição de Plantas – SENUP / CEPEC
Ao Gerente Regional da CEPLAC
com ênfase sobre o Espírito Santo,
Paulo Roberto Siqueira
Agrônomos: Edson Lopes Reis
George Andrade Sodré
Quintino Reis de Araújo
Rafael Edgardo Silva Chepote
Robério Gama Pacheco
Sandoval O. de Santana
Aos Assistentes Administrativos
do Centro de Extensão Rural da CEPLAC,
André Luiz Borba Santos
Antônio Alberto Nunes Serafim
Nadja Naira G. Montalvão
Sandoval Souza Carvalho
Solange Oliveira Santos
Revisão ortográfica e gramatical
Ao poeta Ramon Vane e à musa Cristina Andrade
Maria de Lourdes da Silva*
*Profª de Filosofia e Sociologia.
Aos Professores do curso de agronomia
da Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC,
Durval Libânio Netto Mello
José Olimpio de Souza Junior
Paulo César L. Marrocos
A fertilidade do solo em terras do sem fim
e, especialmente, Agna Almeida Menezes,
musa inspiradora deste poema.
O autor, Ulisses Prudente da Silva, é
descendente de comerciante sergipana com um “bom
baiano”, poeta, boêmio e funcionário público; é grapiúna
de Itabuna, nascido aos 20-05-1961. Cursou o ensino
fundamental no Colégio Divina Providência em sua
cidade natal; formou-se em Técnico em Agropecuária
pela EMARC–Uruçuca em 1978 e, desde então, participa
de ações extensionistas promovidas pela CEPLAC;
atualmente é agronomando pela Universidade Estadual de
Santa Cruz – UESC.
Colaboração e revisã Ulisses Prudente da Silva o técnico científica
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