MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Universidade Federal de Alfenas. UNIFAL-MG Rua Gabriel Monteiro da Silva, 714 . Alfenas/MG . CEP 37130-000 Fone: (35) 3299-1000 . Fax: (35) 3299-1063 Kátia Michelle Freitas VALIDAÇÃO DE UM INSTRUMENTO (QUESTIONÁRIO) DE ATENÇÃO FARMACÊUTICA PARA PACIENTES EM POLITERAPIA: VISITAÇÃO DOMICILIAR Alfenas, MG Abril, 2008 Especialização em Atenção Farmacêutica 9 Universidade Federal de Alfenas ‘ Kátia Michelle Freitas VALIDAÇÃO DE UM INSTRUMENTO (QUESTIONÁRIO) DE ATENÇÃO FARMACÊUTICA PARA PACIENTES EM POLITERAPIA: VISITAÇÃO DOMICILIAR Monografia resultante da conclusão da especialização Lattu sensu em Atenção Farmacêutica apresentada à Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa da Universidade Federal de Alfenas, referente ao período de maio de 2007 a março de 2008. Área de concentração: Atenção Farmacêutica Orientadora: Luciene Alves Moreira Marques Alfenas, MG 2008 Especialização em Atenção Farmacêutica 10 Universidade Federal de Alfenas ‘ UNIFAL- MG – UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS A comissão examinadora, abaixo assinada, aprova a monografia “Validação de um instrumento (Questionário) de Atenção Farmacêutica para pacientes em politerapia: Visitação Domiciliar”, elaborada por Kátia Michelle Freitas, como requisito parcial para a conclusão do curso de especialização em Atenção Farmacêutica. Banca examinadora _________________________________________ Prof. _________________________________________ Prof. _________________________________________ Prof. Alfenas, 28 de Março de 2008 Especialização em Atenção Farmacêutica 11 Universidade Federal de Alfenas ‘ Dedico essa monografia à Deus , pois sem Ele nada seria possível. Ao heroísmo e virtude do amado Felipe Ferré. À força e dedicação da Professora Luciene no seu papel de educadora e à sua perseverança nos projetos de Atenção Farmacêutica da Universidade. Especialização em Atenção Farmacêutica 12 Universidade Federal de Alfenas ‘ Este trabalho não seria possível sem o apoio e amizade da Professora Luciene. Agradeço, também, ao companheirismo do Felipe Ferré pelo seu sólido suporte técnico, emocional e seus valiosos comentários. À minha amada família, em especial: Fofinha, Papi, Bebê e Vovó, agradeço-lhes o apoio incondicional. Às estudantes, Andressa, Cínthia, Marcelle, Mariana, Miliane e Rita do curso de Farmácia da UNIFALMG, pois a ajuda foi imprescindível para a concretização desse trabalho. Especialização em Atenção Farmacêutica 13 Universidade Federal de Alfenas ‘ “Um dos desafios da categoria farmacêutica é modificar condutas...” Especialização em Atenção Farmacêutica 14 Universidade Federal de Alfenas ‘ RESUMO A Atenção Farmacêutica é um modelo de prática do profissional farmacêutico, cuja colaboração com a equipe de saúde visa melhoria na qualidade do serviço prestado ao paciente, em prol da efetividade do tratamento farmacológico. O presente trabalho estruturou uma metodologia adaptada ao Dáder de visitação domiciliar, executou e monitorizou o plano terapêutico, sendo o objetivo do farmacêutico a detecção, resolução e prevenção de Problemas Relacionados aos Medicamentos (PRMs). A aplicação do questionário Dáder Modificado estabeleceu um seguimento efetivo de detecção dos problemas de saúde, orientação ao uso correto do medicamento e medidas para melhoria da qualidade de vida. Observouse uma grande quantidade de problemas causados pelo incumprimento da terapia por parte do paciente, concluindo que o seguimento farmacoterapêutico permitiu melhorar o uso dos medicamentos e aderência do paciente aos mesmos. Especialização em Atenção Farmacêutica 15 Universidade Federal de Alfenas ‘ SUMÁRIO RESUMO ............................................................................................................................................................. 14 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................... 16 ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA X ATENÇÃO FARMACÊUTICA ............................................................................. 20 OBSTÁCULOS DA ATENÇÃO FARMACÊUTICA NO BRASIL .................................................................................. 22 MÉTODO DADER ............................................................................................................................................... 24 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................................................. 30 OBJETIVOS..................................................................................................................................................... 31 MATERIAL E MÉTODO .................................................................................................................................. 33 PRIMEIRA ETAPA: TRIAGEM .............................................................................................................................. 33 SEGUNTA ETAPA: APLICAÇÃO DO QUESTIONÁRIO “DÁDER MODIFICADO”....................................................... 33 RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................................................................................... 38 PRIMEIRA ESTAPA: TRIAGEM ............................................................................................................................ 38 SEGUNDA ETAPA: APLICAÇÃO DO QUESTIONÁRIO DÁDER MODIFICADO .......................................................... 39 Dados do paciente ....................................................................................................................................... 40 Dados Adicionais......................................................................................................................................... 41 Sacola de Medicamentos.............................................................................................................................. 46 Perfil de adesão definido pela análise dos medicamentos utilizados .......................................................... 52 Comparação entre os resultados dos dois procedimentos de caracterização de adesão ............................ 53 Acompanhamento farmacoterapêutico ........................................................................................................ 54 Intervenção Farmacêutica ........................................................................................................................... 56 Outras Considerações.................................................................................................................................. 58 CONCLUSÃO ..................................................................................................................................................... 60 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................................. 62 ANEXO I .............................................................................................................................................................. 66 TERMO DE CONSENTIMENTO..................................................................................................................... 66 ANEXO II ............................................................................................................................................................ 67 ANEXO III........................................................................................................................................................... 69 TERMO DE CONSENTIMENTO..................................................................................................................... 69 ANEXO IV ........................................................................................................................................................... 70 HISTÓRIA FARMACOTERAPÊUTICA ........................................................................................................ 72 MEDICAMENTOS ATUAIS ............................................................................................................................. 72 SEGUNDO DIA DE VISITA.............................................................................................................................. 75 REVISÃO............................................................................................................................................................. 75 ANEXO V............................................................................................................................................................. 79 Especialização em Atenção Farmacêutica 16 Universidade Federal de Alfenas ‘ INTRODUÇÃO De acordo com os dados publicados pelo Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas, os medicamentos ocupam a primeira posição entre os três principais agentes causadores de intoxicações em seres humanos desde 1996, sendo que em 1999 foram responsáveis por 28,3% dos casos registrados (SINITOX, 2000). As internações relacionadas a medicamentos podem ser atribuídas a fatores intrísecos à atividade do fármaco, falhas terapêuticas, não adesão ao tratamento e eventos adversos (JOHNSON & BOOTMAN, 1995; ROUGHEAD et al., 1998; EASTON et al., 1998; MALHOTRA et al., 2001). As principais causas de morbidade previsíveis relacionadas a medicamentos são: prescrição inadequada; reações adversas a medicamentos; não adesão ao tratamento; superdosagem ou sub-dosagem; falta da farmacoterapia necessária; inadequado seguimento de sinais e sintomas e erros de medicação (HEPLER 2000, HENNESSY 2000). Os modelos tradicionais de prática farmacêutica mostram ser pouco efetivos sobre a morbimortalidade relacionada a medicamentos (CIPOLLE et al 2000). A atenção farmacêutica, um novo modelo, centrado no paciente, surge como alternativa que busca melhorar a qualidade do processo de utilização de medicamentos alcançando resultados concretos. A morbimortalidade relacionada a medicamentos é um importante problema de saúde pública. A Atenção Farmacêutica é a provisão responsável da farmacoterapia com o objetivo de alcançar resultados definidos que melhorem a qualidade de vida dos pacientes. A prática de atenção farmacêutica pode reduzir os problemas preveníveis relacionados a farmacoterapia. Entretanto, é importante Especialização em Atenção Farmacêutica 17 Universidade Federal de Alfenas ‘ ressaltar que a prescrição e o uso de medicamentos são influenciados por fatores de natureza cultural, social, econômica e política (FAUS, 2000; PERINI et. al, 1999). São numerosos os estudos que apresentam a existência dos problemas de saúde cuja a origem está relacionada com o uso dos medicamentos, problemas diversos que podem desde o uso de fármacos não necessários para o paciente, indicação não apropriada a certo tipo de enfermidade à auto-medicação não responsável; também podemos encontrar problemas relacionados `a segurança do medicamento, como as reações adversas e as intoxicações, assim como interações entre medicamentos e entre alimentos e o álcool (BAENA et. Al, 2001). Diante de tantos danos decorrentes do uso de medicamentos em vários locais no mundo, frente à necessidade de diminuir os problemas relacionados a medicamentos e implementar o seu uso racional, os farmacêuticos repensaram o seu papel na sociedade, deixando de ser meros dispensadores de medicamentos industrializados (OSHIRO & CASTRO, 2006). De acordo com o Consenso Brasileiro de Atenção Farmacêutica (IVAMA, 2002), atenção farmacêutica é entendida como o conjunto de ações desenvolvidas pelo farmacêutico, voltadas à promoção, proteção e recuperação da saúde, tanto no nível individual como coletivo, tendo o medicamento como insumo essencial e visando o acesso e o seu uso racional. A Atenção Farmacêutica é elemento essencial aos serviços de saúde e deve estar integrada em outras partes do sistema e aos demais profissionais. É definida como a provisão responsável pela terapia medicamentosa com intuito de alcançar respostas definitivas para a melhoria da qualidade de vida do paciente (BERNSTEN et al, 2001). Especialização em Atenção Farmacêutica 18 Universidade Federal de Alfenas ‘ Na Atenção Farmacêutica (AF), o paciente é o principal foco, e não a doença. CIPOLLE et al (1998) relatam que as doses de um medicamento devem ser determinadas para cada paciente e não para o medicamento. Em virtude de sua natureza individual, deve-se assumir que todos os pacientes requerem AF pelo menos até que o problema tenha sido resolvido (CIPOLLE et. al, 1998). Para a identificação do Problema Relacionado ao Medicamento (PRM) é necessário ter conhecimento de uma série de dados relativos ao paciente e sua medicação bem como seus problemas de saúde. O seguimento do tratamento farmacológico de um paciente utiliza como ferramenta, para obtenção da informação, a entrevista (TOLEDO et. al, 1999; FAUS et. al, 2001), obtendo a informação de sua medicação suficiente para o estabelecimento da relação entre o problema de saúde que apresenta o paciente e seu tratamento farmacológico. A primeira atitude do profissional que vai iniciar um programa de atenção farmacêutica é estabelecer quais as atividades a serem desenvolvidas, as informações a serem solicitadas e de que forma isso será documentado, da maneira mais clara possível, com fácil acesso (PERETTA: CICCIA 2000). O processo de Atenção Farmacêutica deve seguir alguns passos de importância relevante (PERETTA:CICCIA 2000): • Coleta de dados: o farmacêutico entrevista o paciente, obtém seus dados pessoais e do estado de sua saúde, confeccionando a história da medicação; • Avaliação da informação: o farmacêutico analisa a informação, separa a informação subjetiva da objetiva, consulta outros profissionais e, discute os resultados com o paciente, além de Especialização em Atenção Farmacêutica 19 Universidade Federal de Alfenas ‘ participar do processo de educação do paciente, assegurando que este tenha compreendido o tratamento. • Controle e acompanhamento do plano: o farmacêutico estabelece visitas regulares posteriores onde avaliará o progresso satisfatório do tratamento medicamentoso. A Atenção farmacêutica requer um esforço intelectual através da dinâmica necessária à informação atualizada sobre medicamentos para suprir de todas as informações a equipe de profissionais de saúde dentro da sociedade moderna (PERETTA, CICCIA, 2000). Os problemas ocasionados pelo uso irracional dos medicamentos, a urgência de que os pacientes estejam bem informados sobre os produtos que consomem e a necessidade de tornar mais eficientes os recursos humanos e econômicos do setor da saúde, são um campo fértil para o trabalho profissional do farmacêutico (PERETTA; CICCIA, 2000). Este processo proporciona ao paciente ter conhecimento da sua enfermidade, de sua sintomatologia, do medicamento que utiliza, facilitando assim a aderência ao tratamento. A utilização correta dos medicamentos leva à redução do número de internações hospitalares e, também do tempo de internação, redução do número de visitas ao médico e à diminuição no número de exames de rotina desnecessários (ORREGO et al.1993). Pode-se constatar que aumentando-se a idade do paciente aumenta-se os custos de internação, tempo de hospitalização e o risco de reações adversas a medicamentos (RAM). Estima-se que o custo com reações adversas previsíveis nos Estados Unidos seja de US$ 79 bilhões (BISSON, 2003) Especialização em Atenção Farmacêutica 20 Universidade Federal de Alfenas ‘ A AF surgiu do desenvolvimento dos conceitos de farmacologia clínica e farmácia clínica, que objetivam o uso racional do medicamento. Tais conceitos ganharam destaque entre a classe farmacêutica no final da década de 80 e no início da década de 90, a partir do surgimento do conceito “Pharmaceutical Care” (ou atenção farmacêutica), descrito por Hepler e Strand, o qual descreve que a orientação farmacêutica não deve ser direcionada apenas por critérios científicos e profissionais, mas também pelas características individuais de cada paciente; uma vez que cada paciente reage de forma diferente a um tratamento medicamentoso (SOTO, 1999). Assistência Farmacêutica x Atenção Farmacêutica “A missão da prática farmacêutica é prover medicamentos e outros produtos e serviços para a saúde e ajudar as pessoas e a sociedade a utilizá-los da melhor forma possível” (WHO, 1996). Uma das estratégias selecionadas para buscar a consolidação desta missão no nosso país foi a promoção da Atenção Farmacêutica, de forma articulada com a Assistência Farmacêutica, no marco da Política Nacional de Medicamentos (RELATÓRIO 2001-2002). Houve consenso de que Assistência e Atenção Farmacêutica são conceitos distintos. Este último refere-se a atividades específicas do Farmacêutico no âmbito da atenção à saúde, enquanto o primeiro envolve um conjunto mais amplo de ações, com características multiprofissionais. De acordo com OPAS/OMS a Assistência Farmacêutica é entendida por “Conjunto de ações desenvolvidas pelo farmacêutico, e outros profissionais de saúde, voltadas à promoção, proteção e recuperação da saúde, tanto no nível individual como coletivo, tendo o medicamento como insumo essencial e visando o Especialização em Atenção Farmacêutica 21 Universidade Federal de Alfenas ‘ acesso e o seu uso racional. Envolve a pesquisa, o desenvolvimento e a produção de medicamentos e insumos, bem como a sua seleção, programação, aquisição, distribuição, dispensação, garantia da qualidade dos produtos e serviços, acompanhamento e avaliação de sua utilização, na perspectiva da obtenção de resultados concretos e da melhoria da qualidade de vida da população” (RELATÓRIO 2001-2002). Entendendo a Assistência Farmacêutica como parte importante de um Sistema de Saúde e componente fundamental para a efetiva implementação das ações de promoção e melhoria das condições da assistência à saúde da população, o Ministério da Saúde – MS, após ampla discussão, aprovou, em outubro de 1998, a Política Nacional de Medicamentos (Portaria GM Nº 3.916/98), instrumento que passou a orientar todas as ações no campo da política de medicamentos do país, definindo: Assistência Farmacêutica é um grupo, ou ciclo, de atividades relacionadas com o medicamento, destinadas a apoiar as ações de saúde demandadas por uma comunidade. Envolve o abastecimento de medicamentos em todas e em cada uma de suas etapas constitutivas, a conservação e controle de qualidade, a segurança e a eficácia terapêutica dos medicamentos, o acompanhamento e a avaliação da utilização, a obtenção e a difusão de informação sobre medicamentos e a educação permanente dos profissionais de saúde, do paciente e da comunidade para assegurar o uso racional de medicamentos (Portaria GM nº 3916/98 – Política Nacional de Medicamentos). Pelo consenso da OPAS/OMS a proposta de conceito da Atenção Farmacêutica define-se em “É um modelo de prática farmacêutica, desenvolvida no contexto da Assistência Farmacêutica. Compreende atitudes, valores éticos, comportamentos, habilidades, compromissos e co-responsabilidades na prevenção Especialização em Atenção Farmacêutica 22 Universidade Federal de Alfenas ‘ de doenças, promoção e recuperação da saúde, de forma integrada à equipe de saúde. É a interação direta do farmacêutico com o usuário, visando uma farmacoterapia racional e a obtenção de resultados definidos e mensuráveis, voltados para a melhoria da qualidade de vida. Esta interação também deve envolver as concepções dos seus sujeitos, respeitadas as suas especificidades biopsico-sociais, sob a ótica da integralidade das ações de saúde”. É importante ressaltar que o consenso obtido considera a promoção da saúde, incluindo a educação em saúde, como componente do conceito de Atenção Farmacêutica, o que constitui um diferencial marcante em relação ao conceito adotado em outros países. Todo o processo de Atenção Farmacêutica deve envolver as atitudes de respeito aos princípios da Bioética, as habilidades de comunicação e os conhecimentos técnico-científicos. Obstáculos da Atenção Farmacêutica no Brasil Em prol de iniciativas de projetos de Atenção Farmacêutica, existe a regência de normatizações legais, especialmente a RDC 357/01 (Brasil, 2001), a qual exige sua realização exclusiva pelo profissional farmacêutico talhado para tal função, devido à formação voltada ao fármaco e ao medicamento em todas as abrangências, ampliada pelo conhecimento analítico, administrativo, social e biológico com ênfase clínico-patológica, entre outros (OLIVEIRA., 2001). Contudo, inúmeros obstáculos erguem-se frente à classe farmacêutica no trilhar deste caminho para seu reencontro como profissional da saúde por meio da realização plena da Atenção Farmacêutica. Entre eles, o despreparo do profissional na área clínica, atualmente sendo reduzido pela busca de atualização e pelo aprofundamento do conhecimento dentro da formação acadêmica. A formação Especialização em Atenção Farmacêutica 23 Universidade Federal de Alfenas ‘ generalista, preconizada pelas novas diretrizes curriculares para os cursos de farmácia, representa uma mudança conceitual, estrutural e filosófica da profissão farmacêutica, enfatizando os temas relacionados às questões sanitárias e sociais, incluindo a prática da atenção farmacêutica, formando um profissional de múltiplas habilidades, apto a exercer a farmácia em todos os seus segmentos e atividades. Porém, para atuar plenamente como farmacêutico, atingindo os objetivos preconizados pela nova formação generalista, e seguir a normatização legal, o profissional terá de enfrentar o atual sistema de farmácia, o qual inclui o comissionamento de funcionários para aumento das vendas, e a delegação de atividades burocráticas e de gerenciamento aos farmacêuticos, em detrimento de sua atuação junto aos usuários. O farmacêutico enfrenta então um impasse, entre a sua sobrevivência no mercado, incluindo o sucesso da empresa e a garantia do seu emprego, e a realização plena das atividades do profissional farmacêutico, definida no Código de Ética (Conselho Federal de Farmácia, 2001) e cobrada por diversas leis, refletindo a necessidade do profissional atuando na sociedade e que resulta na realização profissional (OLIVEIRA et. al, 2005). Crise de identidade profissional do farmacêutico e, em conseqüência, falta de reconhecimento social e pouca inserção na equipe multiprofissional de saúde, não representando um referencial como profissional de saúde na farmácia. Porém, existe uma busca de conhecimento como ferramenta para interferir no processo de melhoria da qualidade de vida da população e para que haja valorização do profissional farmacêutico no país (RELATÓRIO 2001-2002). Apesar dos avanços, o farmacêutico não tem uma atuação muito destacada no acompanhamento da utilização dos medicamentos, na prevenção e promoção da saúde e é pouco reconhecido como profissional de saúde, tanto pela Especialização em Atenção Farmacêutica 24 Universidade Federal de Alfenas ‘ equipe quanto pela sociedade. Da mesma forma, a farmácia muitas vezes não é considerada um estabelecimento de saúde. Estes e outros fatores contribuem para que haja ainda uma baixa efetividade no sistema com problemas que resultam, entre outros fatos, em uso irracional de medicamentos e baixo acesso da população aos mesmos, dificultando assim a resolutividade das ações de saúde (RELATÓRIO 2001-2002). Sob o prisma filosófico e resgatando algumas questões fundamentais destacadas por Brodie, Parish e Poston (1980), Hepler (1987) referiu que a Atenção Farmacêutica, considerada nas suas dimensões filosóficas e de atuação profissional, está relacionada à necessidade de “reprofissionalização” do farmacêutico. Este termo, entendido no contexto da produção de Hepler (1987), está diretamente relacionado com a exigência de formação de profissionais capacitados e comprometidos com as necessidades da sociedade, especialmente no que se refere ao estabelecimento de uma relação adequada entre um usuário e um farmacêutico, na qual este último realiza as funções de controle do uso de medicamentos (com conhecimentos e experiência adequados), de forma comprometida com os interesses do primeiro. Método Dader De acordo com o Terceiro Consenso de Granada sobre Problemas Relacionados com Medicamentos (PRM) e Resultados Negativos associados a Medicação (RNM): o seguimento farmacoterapêutico éassumido como prática profissional em que o farmacêutico se responsabiliza pelas necessidades do doente relacionadas com medicamentos é realizado através da detecção de Problemas Relacionados com Medicamentos (PRM) e da prevenção, e resolução dos Resultados Negativos associados à Medicação (RNM), com o objetivo de alcançar Especialização em Atenção Farmacêutica 25 Universidade Federal de Alfenas ‘ resultados concretos que melhorem a qualidade de vida do doente.(GRANADA, 2007). O método Dáder é um procedimento operativo para prestação do seguimento farmacoterapêutico em qualquer âmbito assistencial e sobre qualquer paciente. O objetivo que se busca é a aplicação deste procedimento operativo em criar estudos de prática que garantam a eficiência do serviço e, sobretudo, a segurança do paciente (GRANADA, 2006). Em um primeiro momento, o farmacêutico irá obter informações sobre o estado de saúde do paciente e os medicamentos que utiliza, para enfim, construir um registro das informações obtidas na entrevista (Estado de situação). Estes documentos agrupam-se em dois tipos: um que é utilizado para realizar a interação farmacêutico-paciente e os outros são registros de intervenções que são realizados com cada paciente para resolver os PRMs e RNMs identificados. A utilização de medicamentos é a forma mais comum na terapêutica da nossa sociedade. Porém, em muitas ocasiões os medicamentos falham ou não alcançam os objetivos terapêuticos para que foram prescritos. A farmacoterapia deve cumprir três características fundamentais: se a medicação é necessária, efetiva ou segura. Infelizmente, isto nem sempre ocorre. Em ocasiões, utilizam medicamentos que não são necessários ou o problema de saúde não está sendo tratado. Ou mesmo, não sendo efetivo tanto de origem qualitativo ou quantitativo, como também, os problemas relacionados a segurança também podem ser classificados como qualitativos ou quantitativos. Todos esses problemas englobam no conceito de RNM. Os Resultados Negativos associados à Medicação (RNM) são definidos como resultados na saúde do doente não adequados ao objetivo da farmacoterapia Especialização em Atenção Farmacêutica 26 Universidade Federal de Alfenas ‘ e associados ao uso ou falha no processo de utilização dos medicamentos. É definida como suspeita de RNM a situação em que o doente está em risco de sofrer de um problema de saúde associado ao uso de medicamentos, geralmente devido à existência de um ou mais Problemas Relacionados com os Medicamentos (PRM), os quais podemos considerar como fatores de risco destes RNM. Sendo que os PRM são todas aquelas situações, que durante o processo de utilização dos medicamentos, podem causar o aparecimento de um Resultado Negativo associado à Medicação (SANTOS, 2007). Os RNM referidos são classificados em três tipos, relacionados com a necessidade do medicamento por parte do doente, com a sua efetividade ou com a segurança:. a) Indicação: Todo medicamento utilizado pelo paciente deve ser realmente necessário e visar a profilaxia, a cura ou controle de uma doença ou ter a função paliativa. Além disso, é importante que todos os problemas de saúde de um paciente que necessitam de medicamentos estejam devidamente tratados com medicamentos. A partir disso é possível considerar que quando um paciente não utiliza um medicamento que comprovadamente deveria utilizar, existe um problema de saúde não tratado (RNM de necessidade). Da mesma forma, se um paciente utiliza um medicamento que, na verdade, não é necessário a ele neste momento, também ocorre, ou é possível que ocorra, um Efeito de medicamento não necessário (RNM de necessidade). b) Efetividade: Além de estarem indicados, os medicamentos precisam ser efetivos no alcance das metas estabelecidas. É preciso que o paciente responda bem ao medicamento e que este esteja em sua dose e freqüência adequadas ao paciente. Sobre este aspecto da farmacoterapia, é comum que se cometa o erro de Especialização em Atenção Farmacêutica 27 Universidade Federal de Alfenas ‘ tratar três termos diferentes como sinônimos: eficácia, efetividade e eficiência. Eficácia corresponde à propriedade farmacológica de um medicamento em condições ideais de experimento, efetividade é a capacidade de um medicamento de produzir efeitos desejados em uma situação real de utilização. Por exemplo, o Captopril é uma substância de comprovada eficácia como fármaco anti-hipertensivo, porém sua efetividade dependerá da resposta do paciente ao medicamento e da adequação da dose empregada. A eficiência corresponde à propriedade de um fármaco de produzir melhores resultados, com relação a outro fármaco equivalente terapêutico, sob um mesmo custo de tratamento (FERNANDEZ-LLÍMÓS, 2002). Quando um paciente recebe um medicamento apropriadamente indicado porém que não alcança as metas terapêuticas estipuladas, pode ser que estejamos frente a um problema de inefetividade terapêutica. Nesse caso, o problema pode ser devido ao fato do paciente estar recebendo uma quantidade insuficiente do fármaco (RNM de efetividadde, ou seja o paciente sofre de um problema de saúde associado a uma inefetividade quantitativa da medicação) ou ainda que a inefetividade independa da quantidade de princípio ativo disponível no local de ação (RNM de efetividade). c) Segurança: O medicamento perfeitamente indicado e efetivo precisa também ser seguro para o paciente. Assim deve-se trabalhar para que os efeitos tóxicos dos medicamentos, incluindo as Reações Adversas aos Medicamentos, possam ser prevenidos e tratados. Nesse caso, pode ocorrer que o paciente receba um medicamento perfeitamente indicado e efetivo, porém que, devido as suas propriedades tóxicas, produz um problema de saúde no paciente que inviabiliza a forma de tratamento empregada. Esse problema de segurança gerado pelo medicamento faz com que a relação risco/benefício seja desfavorável. Isso pode ser devido ao paciente estar recebendo uma quantidade muito alta do fármaco Especialização em Atenção Farmacêutica 28 Universidade Federal de Alfenas ‘ empregado (RNM de Segurança) ou, ainda, que seja inerente ao medicamento e independa da quantidade utilizada (RNM de Segurança, ou seja, insegurança não quantitativa). Podemos, deste modo, caracterizar os PRM como as causas dos RNM. Erros de medicação e, de certo modo, os Problemas Relacionados com os Medicamentos (PRM) evitáveis podem ser a causa desses Resultados Negativos da Medicação (RNM) definidos como "Resultados na saúde do doente não adequados ao objetivo da farmacoterapia e associados ao uso ou falha no uso de medicamentos". Figura 01 . PRM como causa de RNM. . Segundo o Terceiro Consenso de Granada (GRANADA 2007) existem seis classificações de RMN sendo agrupados em três categorias, quanto à necessidade, efetividade e segurança: (Tab. 01). Especialização em Atenção Farmacêutica 29 Universidade Federal de Alfenas ‘ Tabela 01: Classificação dos RNMs conforme o Consenso de Granada (2007). Categoria Classificação Problema de saúde não tratado Necessidade Efeito de medicamento não necessário Inefetividade não quantitativa Efetividade Inefetividade quantitativa Insegurança não quantitativa Segurança Insegurança quantitativa Descrição O doente sofre de um problema de saúde associado ao fato de não receber medicação que necessita O doente sofre de um problema de saúde associado a uma inefetividade não quantitativa da medicação. O doente sofre de um problema de saúde associado a uma inefetividade não quantitativa da medicação. O doente sofre de um problema de saúde associado a uma inefetividade quantitativa da medicação. O doente sofre de um problema de saúde associado a uma insegurança não quantitativa da medicação. O doente sofre de um problema de saúde associado a uma insegurança quantitativa da medicação. O modelo de Donabedian, baseado no conceito de Estrutura-ProcessoResultado permite considerar os PRMs como indicadores do resultado do processo do uso dos medicamentos, isto é indicadores de resultados intermediários e os RNM como indicadores de morbi-mortalidade, isto é indicadores da efetividade e da segurança da medicação de um doente concreto"(DONABEDIAN, 1966; SANTOS, 2007). Intervir na resolução dos PRM pode prevenir RNM. Entre os PRM mais comuns podemos referir: • Administração errada de um medicamento • Características pessoais • Conservação inadequada do medicamento • Contra-indicação • Duplicação Especialização em Atenção Farmacêutica 30 Universidade Federal de Alfenas ‘ • Erros de dispensação/validação • Erros de prescrição • Não cumprimento (não adesão à terapêutica) • Interações • Outros problemas de saúde que afetam o tratamento • Probabilidade de efeitos adversos • Problema de saúde insuficientemente tratado • Outros Por fim, neste trabalho objetivou-se desenvolver um modelo de atenção farmacêutica voltado à realidade brasileira, com ênfase em pacientes sob tratamento politerápico, aplicando-se o seguimento farmacoterapêutico. JUSTIFICATIVA A atenção farmacêutica baseia-se em um acordo entre o paciente e o farmacêutico. O profissional garante ao paciente compromisso e competência. Estabelece-se um vínculo que sustenta a relação terapêutica, identificando as funções comuns e as responsabilidades de cada parte e a importância da participação ativa. Na realidade é um pacto para trabalhar a favor da resolução de todos os problemas relacionados com medicamentos, reais ou potenciais. O problema é real quando manifestado, ou pontencial na possibilidade de sua ocorrência. (CIPOLLE et al., 2000; POSEY, 1997). O impacto da atenção farmacêutica está na melhoria da qualidade de vida em pacientes com insuficiência cardíaca, diabetes, hipertensão e dislipidemia em virtude de vários estudos demonstrados (VARMA et al., 1999; SKAER et al., 1993; JABER et al., 1996; VAN VEDHUIZEN et al., 1995). Tais estudos mostram um Especialização em Atenção Farmacêutica 31 Universidade Federal de Alfenas ‘ impacto favorável da atenção sobre a efetividade, qualidade de vida e custos assistenciais. No Brasil, as ações clínicas em farmácia eram restritas ao âmbito hospitalar e mais especificamente a alguns hospitais universitários. Com o surgimento da atenção farmacêutica as práticas clínicas expandem para as farmácias comunitárias. As instituições farmacêuticas e as universidades estão buscando disseminar este modelo de prática farmacêutica no país. Nas novas diretrizes curriculares do curso de farmácia consta a atenção farmacêutica como elemento norteador da formação profissional. Somente com a atenção farmacêutica é que a sociedade vai se livrar das doenças iatrogênicas – doenças decorrentes do uso inadequado do medicamento (HARALAMPIDOU, K.L., 2001). Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), vinte e oito porcento dos pacientes sob algum tratamento farmacológico apresentam efeitos adversos do medicamento constatado por exames laboratoriais e, cinco porcento destes pacientes são internados em razão ao efeito adverso e cinqüenta porcento dos pacientes hospitalizados apresentam efeito colateral ocorrendo entre estes, cinco porcento de falecimento (PEDRAZZI, A.H.P., 1989). OBJETIVOS O presente trabalho teve como objetivo prestar a atenção farmacêutica a pacientes em politerapia e validar o questionário (anexo 2) que foi elaborado com base naquele do Método Dáder. Sendo assim, pretendeu-se: • Proporcionar informações adequadas ao paciente com relação aos medicamentos utilizados; Especialização em Atenção Farmacêutica 32 Universidade Federal de Alfenas ‘ • Buscar, detectar e tentar resolver problemas relacionados aos medicamentos (PRM’s) com ou sem a ajuda do prescritor, de acordo com cada situação; • Avaliar a adesão do paciente ao tratamento medicamentoso segundo o Método de Moriski et al., 1986. • Fornecer informações de educação sanitária e mudança de hábitos higiênico-dietéticos aos pacientes. Especialização em Atenção Farmacêutica 33 Universidade Federal de Alfenas ‘ MATERIAL E MÉTODO Foi realizado um estudo de natureza descritiva e exploratória, no qual, desenvolveu-se um modelo de AF em pacientes com tratamento politerápico, adaptando-se a metodologia Dáder para entrevistas domiciliares, aplicação e validação do questionário modificado. O projeto foi desenvolvido em duas etapas: • Triagem • Aplicação do questionário “Dáder modificado” Primeira Etapa: Triagem A triagem visou selecionar os pacientes que se enquadravam nos seguintes critérios: • Em politerapia • Com ausência de problemas neurológicos (devido ao escopo do projeto) • Com doenças crônicas (hipertensão e/ou diabetes) Foi aplicado um questionário simples em 43 pacientes (vide anexoI), em três bairros da cidade de Alfenas-MG, no qual foi avaliado: a idade do paciente, o número de medicamentos utilizados e outros fatores considerados relevantes nesta etapa. Segunta Etapa: Aplicação do Questionário “Dáder Modificado” Após a triagem, selecionaram-se 20 pacientes para a segunda etapa que consistiu em aplicação do questionário Dáder Modificado (vide anexo IV). Segundo a metodologia Dáder de acompanhamento farmacoterapêutico deve-se seguir as seguintes etapas: 0) Fase prévia (Oferta do Serviço) Especialização em Atenção Farmacêutica 34 Universidade Federal de Alfenas ‘ 1) Primeira visita (abertura da História Farmacoterapêutica) 2) Estado de situação 3) Fase de Estudo 4) Fase de Avaliação 5) Plano de Atuação 6) Intervenção Farmacêutica 7) Resultado da intervenção Farmacêutica 8) Novo Estado de Situação 9) Entrevistas Sucessivas O questionário do Método “Dáder Modificado” possui 42 perguntas, divididas em três partes fundamentais: • Relativa aos dados do paciente e outras informações úteis: (18 perguntas) Dados pessoais (nome, data de nascimento, escolaridade, endereço, estado civil), Dados adicionais (peso, altura, pressão arterial atual, resultados de exames, histórico de cirurgia, histórico familliar, reações estranhas, aquisição de medicamentos, e problemas de saúde do paciente). • Relativa a “sacola de medicamentos”: medicamentos atuais e anteriores utilizados pelo paciente: 14 perguntas. Os medicamentos utilizados e não utilizados, concentração, com ou sem prescrição, conhecimento da patologia, dose, duração do tratamento, dificuldade ao uso, relação com os alimentos, o início do tratamento, posologia prescrita pelo médico e outros. Especialização em Atenção Farmacêutica 35 Universidade Federal de Alfenas ‘ Figura 02 - Fluxograma geral do método Dáder Modificado O questionário Dáder Modificado avalia, também, a ingestão de cada medicamento incluindo informações sobre os horários das refeições, uma vez que Especialização em Atenção Farmacêutica 36 Universidade Federal de Alfenas ‘ algumas informações sobre os medicamentos são peculiares ao entendimento de problemas relacionados. Por exemplo, a eficácia do Captopril (Inibidor da ECA) ao interagir com alimentos é reduzida devido à diminuição da absorção do fármaco. • Relativa à segunda visita que consta a “Revisão” e exames realizados pelo paciente nos últimos meses. Os questionários foram aplicados por seis graduandos do curso de Farmácia da Universidade Federal de Alfenas, e uma farmacêutica especializanda em AF aos pacientes e familiares, em domicílio. Em alguns casos foi necessário o contato por telefone para agendar as visitas de AF. No acompanhamento farmacoterapêutico foram realizadas as aferições da pressão arterial, utilizando-se esfigmomanômetros e estetoscópio, dosagem da glicose utilizando-se o glicosímetro, aplicação dos questionários que avaliaram a adesão farmacoterapêutica, dentre outras ferramentas inerentes à AF. Ao nomear os RMNs, um medicamento poderá ter mais de uma classificação. Um dos métodos utilizados para avaliar a adesão à terapêutica medicamentosa foi o método de Morisky e colaboradores (1986), que desenvolveu uma escala para quantificar a adesão usando questionamentos ao paciente. A escala é composta por quatro perguntas respondidas com “sim” ou “não” que visam determinar se o insucesso no acompanhamento do tratamento pode ser atribuído ao esquecimento, desleixo, ocorrência da melhora do estado geral do paciente ou por reações adversas provocadas pelo medicamento. As perguntas são mostradas a seguir: Especialização em Atenção Farmacêutica 37 Universidade Federal de Alfenas ‘ Pergunta 1 - Você já se esqueceu de tomar seu medicamento? Pergunta 2 - Mesmo lembrando, você já deixou de tomar seu medicamento? Pergunta 3 - Você alguma vez parou de tomar seu medicamento quando se sentiu bem? Pergunta 4 - Você alguma vez parou de tomar seu medicamento quando não se sentiu bem? As perguntas foram elaboradas de tal forma que minimizem os desvios das respostas, predominantemente, positivas. O nível de aderência é considerado elevado quando o número de respostas sim é zero. Nível mediano correlaciona-se uma ou duas respostas sim. O nível baixo refere-se quando o paciente responde de três ou quatro respostas afirmativas. Assim, o questionário de adesão foi um instrumento de comparação com o questionário Dáder Modificado, pois os entrevistadores avaliam, também, através das informações obtidas do paciente, a adesão do tratamento naquele momento da entrevista. Especialização em Atenção Farmacêutica 38 Universidade Federal de Alfenas ‘ RESULTADOS E DISCUSSÃO Primeira Estapa: Triagem Dentre os 43 entrevistados, 72,2% são do sexo feminino, sendo que 92,3% estão sob tratamento medicamentoso com prescrição médica. Dentre os medicamentos citados 39,6% são medicamentos que atuam no sistema cardiovascular, 18,8% Sistema Nervoso Central e 11,4% são antiinflamatórios ou anti-reumáticos (Figura 04). Aproximadamente 44,0% dos pacientes não seguem rigorosamente o tratamento medicamentoso e 55,6% empregam tratamento não farmacológico. Vinte e dois porcento não souberam responder corretamente qual patologia os acomete contra 77,8% que souberam responder, mas destes 72,2% não sabem detalhar a doença. Questionados sobre efeitos adversos, 41,7% confirmaram ter apresentado algum problema após o uso dos medicamentos (Figura 05). Todos os pacientes consideraram importante o serviço de Atenção Farmacêutica. Figura 03 - Pacientes que identificaram corretamente sua patologia 22% 78% sim não Especialização em Atenção Farmacêutica 39 Universidade Federal de Alfenas ‘ Figura 04 - Classes terapêuticas mais citadas durante a entrevista 11% 30% 19% Antiinflamatórios 40% Sistema Nervoso Cadiovasculares outros Figura 05 - Pacientes que relataram efeito(s) indesejado(s) 42% 58% sim não Segunda Etapa: Aplicação do Questionário Dáder Modificado Selecionou-se 20 dentre os 43 pacientes para aplicação do questionário e desenvolvimento do acompanhamento farmacoterapêutico. A Visita Domiciliar A Visita Domiciliar Farmacêutica foi um dos elementos diferenciadores da prestação de serviços da Atenção Farmacêutica ao oferecer ao paciente um conhecimento do seu tratamento medicamentoso ou enfermidade que o acomete. Em seu ambiente habitual o entrevistado sentiu-se mais à vontade para ser interrogado e esclarecer dúvidas. Especialização em Atenção Farmacêutica 40 Universidade Federal de Alfenas ‘ Em cada visita foram coletados um conjunto de dados que viabilizaram as análises da situação farmacoterapêutica do paciente, a detecteção dos PRMs, RMNs, e conseqüentemente as intervenções farmacêuticas necessárias para resolver os problemas de saúde relacionados com os medicamentos. Dados do paciente Efetuou-se acompanhamento de Outubro/2007 a Janeiro/2008 nos pacientes selecionados. Dentre os pacientes acompanhados, 70,0% são do sexo feminino. A faixa etária variou de 40 a 94 anos, sendo predominante a faixa etária de 50 a 59 anos (Figura 06). Questionados quanto à escolaridade, 60,0% afirmaram possuir ensino fundamental incompleto, 25,0% possuem ensino médio incompleto e 15,0% são analfabetos (Figura 07). Figura 06 – Correlação entre sexo e idade dos pacientes acompanhados 40% homens mulheres 30% 20% 10% 0% mulheres homens 40-49 50-59 60-69 idade em anos 70-79 80 ou mais Especialização em Atenção Farmacêutica 41 Universidade Federal de Alfenas ‘ Figura 07 – Escolaridade dos pacientes acompanhados 15% 0% 25% 60% Fundamental Ensino Médio Superior Analfabeto Dados Adicionais Questionados sobre reações estranhas à medicamentos, 60% dos pacientes confirmaram episódios, sendo os medicamentos mais citados as sulfas, hidroclorotiazida, antiinflamatórios e metformina. Considerando o levantamento efetuado pelo Caderno de Saúde Pública do Rio de Janeiro baseado no Sistema de Farmacovigilânica do Ceará em 1999, os grupos medicamentosos mais envolvidos com reações estranhas a medicamentos (de acordo com o primeiro nível da classificação Anatomical Therapeutic Chemical Classification, ATC, 1997) foram: antiinfecciosos gerais de uso sistêmico (n = 31; 38,3%), medicamentos que atuam no SNC (n = 18; 22,2%) e medicamentos de ação sobre o sistema cardiovascular (n = 14; 17,3%). Os sub-grupos terapêuticos mais freqüentes (2o nível da classificação ATC) foram: antibióticos de uso sistêmico (n = 31), analgésicos (n = 07) e diuréticos (n = 06), havendo grande dispersão das notificações por outros grupos farmacológicos. Benzilpenicilina (n = 05); amoxicilina (n = 04), amicacina (n = 04) e hidroclorotiazida (n = 04) sendo os fármacos referidos mais freqüentemente (COÊLHO, 1999). Tais resultados são condizentes com a experiência obtida no presente trabalho. Especialização em Atenção Farmacêutica 42 Universidade Federal de Alfenas ‘ Figura 08 – Pacientes acompanhados que apresentaram reações estranhas à medicamentos sim não 40% 60% Quanto à pergunta “Quando você sente dor, toma algum medicamento?”, 55,0% declararam que ingerem medicamentos para dor, sendo 77,8% analgésicos e 22,2% antiinflamatórios. Segundo Barbosa (2000) a dor talvez seja um dos mais temíveis sintomas de doença no ser humano, tendo recebido indevida atenção, até há pouco, na prática médica. Trata-se de um dos problemas mais comuns experimentados por indivíduos em todas as idades (BARBOSA, 2000). Assim, durante o acompanhamento, buscou-se considerar especialmente os tratamentos relacionados à dor, sempre efetuando-se orientações visando assegurar efetividade, sobretudo, em relação aos medicamentos de venda livre quando consumidos arbitrariamente ou sob automedicação assistida. Especialização em Atenção Farmacêutica 43 Universidade Federal de Alfenas ‘ Figura 09 – Respostas dos pacientes acompanhados às perguntas: “Quando você sente dor, toma algum medicamento?” “Qual”? 45,0% 55,0% 77,8% 22,2% não analgésicos antiinflamatórios Quando questionados sobre “problemas de saúde (algo que cause incômodo)”, 41,2% tem como preocupação a hipertensão arterial, 20,6% preocupamse com diabetes e 14,7% relataram dores nas articulações. Outras preocupações relatadas em menor grau estão relacionadas ao trato gastroIntestinal, aparelho respiratório, labirintite e problemas hormonais. Foram coletados relatos sobre os problemas de saúde e as enfermidades que mais incomodavam os pacientes. Este levantamento foi de suma importância, uma vez que o acompanhamento e os RMNs foram baseados, primeiramente, no problema de saúde e enfermidade prioritários ao paciente. A hipertensão é uma preocupação crescente quando associada a idade e ao peso. Conforme levantamento da OMS (2003) anualmente, os infartos e derrames são causas de óbitos de 12 milhões de pessoas (7,2 milhões devido a cardiopatia isquêmica e 5,5 milhões a acidentes vasculares cerebrais). Além disso, 3,9 milhões de pessoas morrem por hipertensão e outras cardiopatias anualmente. A prevalência da Hipertensão Arterial aumenta progressivamente com a idade em ambos os sexos, alcançando mais de 50% da população com mais de 55 anos, e Especialização em Atenção Farmacêutica 44 Universidade Federal de Alfenas ‘ superando os 70% de indivíduos a partir dos 75 anos. Em relação ao sexo, em indivíduos jovens a prevalência é mais alta em valores, sendo maior em mulheres a partir dos 50 anos alcançando uns 40-60% da população. (VIÑETA, 1999). No presente estudo, encontrou-se correlação entre idade/peso e hipertensão. Devido ao número de pacientes estudados, as informações não são estatisticamente representativas, mas apresentam coerência com diversos estudos. Sendo assim, são importantes para acréscimo de informações clínicas em futuros estudos na região. Figura 10 – Problemas de saúde mais relatados pelos pacientes acompanhados. Pressão Arterial Diabetes Dor na articulação Trato Grastro-Intestinal Labirintite Aparelho Respiratório Hormonal 0% 10% 20% 30% 40% Quanto à fonte de aquisição dos medicamentos, 70% dos indivíduos compram uma parte dos medicamentos que não são disponibilizados no SUS e a outra parte dos medicamentos prescritos adquirirem, quando há disponibilidade, no Sistema Único de Saúde (SUS), 10% utilizam todos medicamentos adquiridos no SUS e 20% compram todos os medicamentos consumidos (Figura 11). O fornecimento de medicamentos não disponíveis nas farmácias das unidades públicas de saúde apresenta-se como uma questão controvertida. De um Especialização em Atenção Farmacêutica 45 Universidade Federal de Alfenas ‘ lado, a nossa Carta Magna garante o direito individual à vida e à saúde, e, por outro, há restrições orçamentárias nos Estados e Municípios para o atendimento aos casos excepcionais, por exemplo. A Constituição Federal, que, em seu art. 196, inserida na seção dedicada à saúde, estabelece, que: ”a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.” Assim, a não-adesão, do paciente ao seu tratamento medicamentoso, é também relacionada à dificuldade de aquisição desses medicamentos, seja devido ao preço, como também pela ausência na Unidade do SUS perto da sua residência. Fato constatado com o presente estudo. Figura 11 - Fonte de aquisição dos medicamentos obtidos pelos pacientes acompanhados. 20% 10% 70% compra SUS compra e SUS Especialização em Atenção Farmacêutica 46 Universidade Federal de Alfenas ‘ Sacola de Medicamentos A História Farmacoterapêutica relaciona-se com o estado situacional do paciente, o qual permite uma avaliação terapêutica da Atenção Farmacêutica baseada nos problemas relacionados aos medicamentos e resultados negativos associados à medicação. Conseqüentemente o acompanhamento, por um período longo, identifica RNMs de efetividade, uma vez que o questionário aborda informações de origem da prescrição de cada fármaco relatado pelo paciente e um contato prolongado para verificar as reações e as queixas do entrevistado durantes as visitas domiciliares. A inexperiência dos graduandos (técnica de entrevista, conhecimento terapêutico e clínico) diante à entrevista e ao acompanhamento foi uma limitação para obtenção de informações e preenchimento correto do questionário “modificado” da Metodologia Dáder, devendo-se ter multiplicado as horas previamente disponibilizadas ao treinamento dos entrevistadores. A conscientização dos profissionais da saúde, sobretudo dos farmacêuticos é um processo em construção, sendo um desafio a implantação de conceituação adequada nos futuros farmacêuticos clínicos. A consolidação da Atenção Farmacêutica demanda tempo e esforço contínuo. Estes esforços levam a construção do propósito de que a Intervenção Farmacêutica seja “um ato planejado, documentado e realizado junto ao usuário e profissionais de saúde, que visa resolver ou prevenir problemas que interferem ou podem interferir na farmacoterapia, sendo parte integrante do processo de acompanhamento/seguimento farmacoterapêutico ”(RELATÓRIO 2001-2002). Portanto, a Atenção Farmacêutica é uma das entradas do sistema de Farmacovigilância, incluindo a documentação e avaliação dos resultados, gerando notificações e novos dados para o Sistema, por meio de estudos complementares. Especialização em Atenção Farmacêutica 47 Universidade Federal de Alfenas ‘ As classes de medicamentos mais utilizadas pelos pacientes são os diuréticos (17,8%) e inibidores de ECA (17,8%). 11,0% dos pacientes empregam hipoglicemiantes, 11,0% empregam anti-coagulantes orais e 11,0% utilizam antidepressivos. Outras classes identificadas são analgésicos, antiulcerosos, vasodilatadores cerebrais, medicamentos de controle hormonal e antianginosos. As associações mais freqüentes de medicamentos foram: inibidores da ECA com diuréticos. Destaca-se a combinação do captopril com a hidroclorotiazida. O uso desses dois fármacos, em combinação, é muito eficaz e possui boa tolerabilidade para ser usado no tratamento da hipertensão leve e moderada (SILVA, 2007). Figura 12 - Classes dos medicamentos mais utilizadas pelos pacientes acompanhados. Analgésicos Antianginoso Controle hormonal Vasodilatador Cerebral Antiulceros B2 adrenérgicos Antiiflamatórios Antidiabéticos Anticoagulantes orais Antidepressivos Diuréticos Inibidor de ECA 0% 4% 8% 12% 16% 20% Especialização em Atenção Farmacêutica 48 Universidade Federal de Alfenas ‘ O número de medicamentos utilizados cronicamente pelos pacientes variou de 2 a 8, sendo que 35,0% utilizam cinco medicamentos, 25,0% utilizam quatro medicamentos e 15,0% utilizam seis medicamentos. Figura 13 - Número de medicamentos utilizados cronicamente pelos pacientes acompanhados. 35,0% 30,0% 25,0% 20,0% 15,0% 10,0% 5,0% 0,0% dois três quatro cinco seis oito Verificou-se que 70,0% dos pacientes não seguem fielmente a posologia prescrita e 25,0% fazem uso do medicamento conforme recomendações médicas. É largamente enfatizado que a politerapia dificulta o cumprimento dos tratamentos medicamentosos. É assinalado, também, que as medicações múltiplas (associações) facilitam o cumprimento dos tratamentos. Observa-se que a prescrição médica ou indicação farmacêutica de especialidades de eficácia duvidosa pode ter uma influência negativa sobre a correta ingestão de outros medicamentos simultâneos que demonstram-se eficazes e necessários para recuperar a saúde. Ademais, a similitude no aspecto das diferentes especialidades (tamanho, forma ou Especialização em Atenção Farmacêutica 49 Universidade Federal de Alfenas ‘ cor parecidas) podem contribuir com a confusão da própria politerapia, favorecendo também o não cumprimento (GABARRÓ,1999). Tais informações complementam-se aos casos identificados de “não adesão” citados a seguir. Figura 14 – Fidelidade de conduta relacionada à posologia prescrita aos pacientes acompanhados. 5% 25% 70% seguem fielmente Os estabelecer questionamentos comparações, como não seguem fielmente relacionados por aos exemplo a indeterminado medicamentos pergunta “como permitem usa o medicamento?” ou a referência à “posologia prescrita pelo médico na receita”, avaliando-se, assim, a coerência das tomadas dos medicamentos pelo paciente. Ao questionar-se “como usa o medicamento?” 75,0% dos entrevistados apresentaram incoerência com a posologia que se encontrava escrita na prescrição médica. Essa é uma etapa importante no acompanhamento farmacoterapêutico, porque permite avaliar a adesão, observando as doses diárias correspondentes ao tratamento, relacionando-as com o resultado da medicação. A não ser que haja PRM de erro de prescrição. Quanto ao uso do medicamento concomitante às refeições, 70,0% dos pacientes declararam fazer ingestão dos medicamentos logo após a alimentação, 20,0% ingerem antes (de 30 minutos a um hora) e 10,0% ingerem em meio à Especialização em Atenção Farmacêutica 50 Universidade Federal de Alfenas ‘ refeição. Tal fato sugere, por exemplo, que a efetividade de medicamentos como o captopril pode estar comprometida, interferindo diretamente no controle da pressão arterial. Os pacientes foram orientados adequadamente quanto ao uso de cada medicamento. Quando questionados ao uso do café, 80,0% ingerem café e 20,0% não ingerem cotidianamente. Devido a estudos largamente difundidos, constatou-se que a cafeína está diretamente correlacionada à hipertensão. Sugeriu-se que os pacientes fizessem redução do número de xícaras/dia, substituindo o uso por outra bebida que não interfira na pressão arterial. Figura 15 – Uso do café pelos pacientes acompanhados 20% 80% sim não Dentre os entrevistados, 25% dos pacientes não fazem uso de chás. Dos 75% que fazem uso 25% empregam erva cidreira, 12,5% empregam hortelã e 12,5% utilizam pata de vaca. Outros chás citados são folha de jamelão, alfavaca, camomila, funcho, boldo, canela, mate e erva doce. O uso de chás deve ser cauteloso devido à origem, parte da planta, terreno de cultivo, estação do ano, etc; podendo ser potencialmente tóxico em muitos casos ou mesmo incorrer em interações com os medicamentos. Foi orientado a redução do uso quando demonstrou-se necessário. Especialização em Atenção Farmacêutica 51 Universidade Federal de Alfenas ‘ Figura 16 – Chás citados pelos pacientes acompanhados que fazem uso. canela 8,3% mate 8,3% funcho 8,3% camomila 8,3% hortelã 12,5% Outros 16,7% folha jamelão 4,2% alfavaca 4,2% boldo 4,2% erva doce 4,2% pata de vaca 12,5% erva cidreira 25,0% Obtendo-se o IMC (índice de massa corporal) baseado no peso em kg dividido pelo quadrado da altura em metros, obteve-se informações diretamente correlacionadas à hipertensão arterial, como o nível de obesidade do paciente. Assim, 40,0% dos pacientes apresentaram algum tipo de obesidade sendo 20,0% obesidade leve, 15,0% obesidade moderada e 5,0% obesidade mórbida. 40,0% apresentaram peso normal e 10,0% apresentaram peso abaixo do normal. Figura 17 – Distribuição do resultado avaliado a partir do índice de Massa Corpórea (IMC) dos pacientes acompanhados. Não relatado Obesidade grave ou mórbida Obesidade moderada Obesidade leve Normal Abaixo do peso 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% Especialização em Atenção Farmacêutica 52 Universidade Federal de Alfenas ‘ A obesidade é um fator de risco associado ao desenvolvimento de determinadas enfermidades crônicas, como Diabetes Mellitus Tipo 2, enfermidades cardiovasculares, Hipertensão arterial, também osteoartrites dentre outras. No presente trabalho, 14,7% dos entrevistados relataram como grande problema de saúde dores nas articulações, disfunção agravada pelo sobrepeso e idade avançada. Perfil de adesão definido pela análise dos medicamentos utilizados Para avaliação da adesão há: “um conjunto dos métodos indiretos que incluem os processos de medida feitos por meio de entrevistas com o paciente, informações obtidas de profissionais de saúde e de familiares dos pacientes, os resultados dos tratamentos ou atividades de prevenção, preenchimento de prescrições e contagem dos medicamentos. Estes métodos são os mais frequentemente utilizados, devido à sua facilidade de aplicação. Porém, no caso dos métodos indiretos, o paciente pode esconder do entrevistador a forma real como realiza o tratamento, caracterizando, assim, a vulnerabilidade dos métodos de natureza indireta” (DEWULF, 2005; LEITE; VASCONCELOS, 2004; VERMEIRE et al., 2001). Verificou-se que o percentual de casos considerados como menos aderentes foi superior ao de aderentes. Conforme estipulado, a aderência do paciente ao tratamento foi avaliada quando o paciente relatou corretamente: 1) o nome do medicamento; 2) “quanto usa” (dose); 3) o conhecimento sobre o tratamento prescrito; 4) a utilização do medicamento. Assim, 15,0% dos pacientes foram classificados com “muita adesão ao tratamento”, 25,0% foram classificados com “adesão regular” e 60,0% apresentaram “pouca adesão”. Tais informações sugerem a importância dos farmacêuticos e cuidadores profissionais da saúde Especialização em Atenção Farmacêutica 53 Universidade Federal de Alfenas ‘ (enfermeiros, etc) na orientação correta do uso dos medicamentos. Com o serviço de atenção farmacêutica foi possível acrescentar melhorias e assegurar a efetividade dos tratamentos medicamentosos. Segundo os resultados do teste de Morisky, detectou-se percentuais elevados de pacientes menos aderentes. Apenas 5,0% foram avaliados com nível de adesão “elevado”, contra 45,0% que apresentaram adesão “moderada” e 50,0% apresentaram ‘baixa adesão”. Considerou-se como pacientes mais aderentes os que apresentavam um comportamento de não esquecer de tomar e de serem cuidadosos com o horário de tomada do medicamento, bem como de não decidir interromper o tratamento medicamentoso por conta própria quando houvesse algum efeito colateral, ou quando os sintomas da doença desaparecessem. Os pacientes em que alguma destas condições estivessem presentes foram classificados como menos aderentes Tais estudos foram validados anteriormente, possibilitando a identificação dos verdadeiros não aderentes (DEWULF, 2005). Comparação entre os resultados caracterização de adesão dos dois procedimentos de A Figura 18 representa o percentual de casos classificados como menos aderentes, de acordo com os resultados do teste de Morisky e com a análise dos medicamentos utilizados pelos pacientes (Método Dáder Modificado). Esta figura indica a consistência entre os resultados, sendo que a análise dos medicamentos utilizados indica menor grau de adesão. O teste de Morisky revelou alto percentual de não-adesão ao tratamento medicamentoso prescrito assim como a avaliação prescrita pelo método Dáder Modificado. Por intemédio do teste de Qui-quadrado, expressam apenas uma variação casual nos resultados (p=0,05). Especialização em Atenção Farmacêutica 54 Universidade Federal de Alfenas ‘ Figura 18 – Comparação entre métodos de Molisk e Dáder Modificado sobre a qualificação da adesão ao tratamento pelos pacientes acompanhados 60,0% 50,0% 40,0% 30,0% 20,0% Pouca/Baixa 10,0% Regular/Moderada 0,0% Muita/Elevada Dáder Modificado Morisky Acompanhamento farmacoterapêutico A Figura 19 mostra o resultado negativo associado à medicação (RMN) no acompanhamento farmacoterapêutico realizado pela pesquisadora. Assim, 40% dos indivíduos entrevistados apresentaram um problema de saúde não tratado, ou seja, o paciente não recebeu a medicação que, realmente, necessita. Os 35% apresentaram tratamento com inefetividade não-quantitativa, 15% tratamento com insegurança quantitativa e 10% dos pacientes com efeito de medicamento não necessário. A detecção do RMN foi imprescindível para o planejamento da intervenção farmacoterapêutica. Especialização em Atenção Farmacêutica 55 Universidade Federal de Alfenas ‘ Figura 19 – Distribuição do resultado negativo associado à medicação do acompanhamento farmacoterapêutico do presente trabalho. 10% 40% 35% 15% Problema de saúde não tratado Inefetividade não quantitativa Insegurança quantitativa Efeito de medicamento não necessário O gráfico 20 representa os resultados obtidos sobre Problemas Relacionados aos medicamentos (PRM), ou seja, situações que durante o processo de uso dos fármacos causaram o aparecimento do RMN. Destaque-se que 25% dos PRMs estão classificados como outros (outras situações as quais não estão listadas pelo Terceiro Consenso de Granada), 20% apresentaram uma situação em que o problema de saúde encontrou-se insuficientemente tratado, os outros 20% com não cumprimento do tratamento (Ver figura abaixo). No presente trabalho, detectou-se apenas um PRM para cada RMN. Especialização em Atenção Farmacêutica 56 Universidade Federal de Alfenas ‘ Figura 20 – Distribuição do resultado sobre Problemas Relacionados aos Medicamentos (PRM como causa do RMN). Interações Características pessoais Administração errônea do medicamento Dose, dosagem ou duração não-adequada Erro de prescrição Não cumprimento Problema de saúde insuficientemente tratado Outros 0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0% 30,0% Intervenção Farmacêutica Considerando que a intervenção farmacêutica é uma etapa que conclui a avaliação dos resultados clínicos, 80% dos entrevistados receberam uma atenção Farmacêutico-Paciente, o qual preconizou orientações educativas e sanitárias para a melhoria da qualidade de vida do paciente: o perigo da automedicação, os benefícios dos medicamentos quando usados de forma adequada, dentre outras informações importantes para o aumento do conhecimento sobre os medicamentos e as patologias que os acometem. Assim, 10% das intervenções foram Farmacêutico-Paciente-Médico, através da comunicação escrita, porém com o consentimento do paciente. Especialização em Atenção Farmacêutica 57 Universidade Federal de Alfenas ‘ Figura 21 – Distribuição dos tipos de Intervenção Farmacêutica realizada, através resultados clínicos avaliados pela pesquisadora. não houve intervenção Farmacêuticopaciente-médico Farmacêuticopaciente 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% A Figura 22 representa o perfil dos procedimentos que foram realizados no acompanhamento farmacoterapêutico. Assim, destaque-se que 30% dos pacientes entrevistados não necessitavam de uma intervenção farmacoterapêutica, condizentes com os resultados obtidos do tipo de Intervenção do gráfico anterior, o qual apontou que a maioria dos entrevistados necessitavam de orientações educativas e sanitárias. A figura também aponta que 20% dos indivíduos necessitaram apenas de uma mudança nos horários de tomadas dos medicamentos para que o tratamento tornasse efetivo. E que outros 20%, o acréscimo de medicamentos é necessário para a eficácia da terapêutica do paciente. Especialização em Atenção Farmacêutica 58 Universidade Federal de Alfenas ‘ Figura 22 – Distribuição dos tipos de procedimentos de intervenção. Substituição de medicamentos Mudança na dosagem do dia Farmacoterapêutica e não farmacoterapêutica Retirada de medicamentos Acréscimo de medicamentos Mudança de horários de tomadas de medicamentos Necessidade de intervenção não farmacoterapêutica 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% Outras Considerações O Método Dáder, sendo bem implementado, requer muito tempo na primeira entrevista. Optou-se por dividi-la em duas entrevistas, assim, foi possível melhorar a coleta de dados sem tornar o processo cansativo. Sendo o “problema de saúde” resolvido ou não, o Método Dáder recomenda apenas um novo “Estado de Situação”. No Método Dáder Modificado, constatou-se a importância de realizar outro plano de AF com novas entrevistas. O diagrama do Método Dáder Modificado não aponta uma “saída do serviço”, mas aborda uma colocação mais abrangente do “fim”, que seria a “saída do serviço” pelo paciente caso este deseje ou o encerramento do acompanhamento farmacoterapêutico em questão com as preocupações de saúde sanadas. Tal informação complementa a metodologia Dáder tornando claro quando inicia e quando termina um acompanhamento. Se durante o acompanhamento o paciente Especialização em Atenção Farmacêutica 59 Universidade Federal de Alfenas ‘ manifestar novas preocupações não torna-se necessário abrir novos acompanhamentos, bastando inseri-las no acompanhamento em andamento. Quando o problema de saúde do paciente foi resolvido, não há motivo para reimplementação da metodologia completa do Dáder. Na prática é realizado um monitoramento clínico quando há consentimento do paciente. Um novo acompanhamento é aberto quando uma ou mais novas preocupações de saúde forem constatadas neste ínterim. Especialização em Atenção Farmacêutica 60 Universidade Federal de Alfenas ‘ CONCLUSÃO A visita domiciliar apresentou-se adequada para aplicação do questionário e obtenção de informações que contribuíram para identificação de PRMs e RMNs. A relação Farmacêutico-Paciente viabilizou o surgimento de uma intimidade que trouxe a melhoria do tratamento com a confiança do entrevistado. A visita domiciliar permitiu ao usuário um ambiente agradável para discutir os seus problemas de saúde. Permitiu também, o conhecimento da realidade de vida do paciente pelo entrevistador conhecer. Assim, tal proximidade proporcionou decisões das intervenções mais adequadas ao tratamento terapêutico. O questionário Dáder Modificado deverá novamente ser revisado priorizando a ordem lógica das perguntas, a redação das mesmas, as categorias de respostas das perguntas, tendência de opiniões e outros sensos (como o da memória). Assim, algumas perguntas serão reformuladas, podendo surgir nova redação, eliminando algumas perguntas potencialmente tendenciosas conforme o entrevistador ou mesmo abordam informações que de menor relevância, substituindo-as outros dados mais importantes, advindos do acúmulo de experiência com um maior número de paciente. No diagrama modificado, alterou-se o início da entrada no sistema de “razão da consulta” para “preocupação de saúde”. Considerou-se que a conseqüência da entrada do paciente no sistema é a identificação do RMN. Sem uma preocupação de saúde, não é justificado o estudo situacional, tão pouco suposições com a fase de avaliação do tratamento. Sendo o método Dáder aplicável em pacientes conscientes, situação oposta a um tratamento de emergência, o papel do paciente em sua melhoria é fundamental, sem ela não existe acompanhamento farmacoterapêutico. Fica como sugestão para estudos futuros a aplicabilidade do Especialização em Atenção Farmacêutica 61 Universidade Federal de Alfenas ‘ Método Dáder em pacientes problemáticos que não se adaptem ao tratamento conscientemente. Especialização em Atenção Farmacêutica 62 Universidade Federal de Alfenas ‘ REFERÊNCIAS 1. BARBOSA, SMM; DIAS, MHP; SANTOS E et al - A criança e a dor: considerações sobre o tratamento da dor em pediatria. Rev Dor, 2000; 2:1318. 2. BERNSTEN, C., BJORKMAN, I., CARAMONA, M., CREALEY, G., FROKJAER, B., RUNDBERGER, E., et al. Improving the well-being of elderly patients via community pharmacy-based provision of pharmaceutical care: a multicentre study in seven Europcan countries. Drug Aging. v. 18, n. 1, p. 6377, 2001. 3. BISSON, M.P. 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Especialização em Atenção Farmacêutica 65 ‘ ANEXOS Universidade Federal de Alfenas Especialização em Atenção Farmacêutica 66 Universidade Federal de Alfenas ‘ ANEXO I MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Universidade Federal de Alfenas . UNIFAL-MG Rua Gabriel Monteiro da Silva, 714 . Alfenas/MG . CEP 37130-000 Fone: (35) 3299-1000 . Fax: (35) 3299-1063 TERMO DE CONSENTIMENTO Eu, ______________________________________, carteira de identidade RG n ___________________, ou certidão de nascimento n ___________________, Alfenas-MG, concordo em participar do preenchimento do questionário estabelecido pelo Projeto de Extensão Universitária Farmacêutico em Casa, Farmacêutico na Universidade com objetivo de coletar dados, e posteriormente, utilizá-lo como parâmetro de seleção entre as pessoas, as quais receberão acompanhamento farmacoterapêutico. Os alunos comprometem-se em garantir e preservar as informações contidas no questionário e que tais informações coletadas serão utilizadas única e exclusivamente para a execução do projeto já citado acima. Estou ciente que esses dados poderão ser usados para fins científicos, resguardando a minha identidade. ___________________________ Assinatura do paciente __________________________ Assinatura do acadêmico Data: / / Especialização em Atenção Farmacêutica 67 Universidade Federal de Alfenas ‘ ANEXO II MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Universidade Federal de Alfenas . UNIFAL-MG Rua Gabriel Monteiro da Silva, 714 . Alfenas/MG . CEP 37130-000 Fone: (35) 3299-1000 . Fax: (35) 3299-1063 Modelo de Questionário para seleção dos participantes do Acompanhamento Farmacoterapêutico Nome do paciente: Endereço: Idade: Sexo: Estado Civil: Escolaridade: Paciente sob terapia medicamentosa: [ ] Sim [ ] Não Em caso positivo: Sob prescrição médica: [ ] Sim [ ] Não Nome comercial do(s) medicamento (s) e concentração: 1) 2) 3) 4) Forma farmacêutica: 1) Comprimido [ ] Injetável [ ] Outra forma:__________________________ 2) Comprimido [ ] Injetável [ ] Outra forma:__________________________ 3) Comprimido [ ] Injetável [ ] Outra forma:__________________________ 4) Comprimido [ ] Injetável [ ] Outra forma:__________________________ Esquema farmacêutico: 1) 2) 3) 4) Qual a via de administração? Usa o medicamento com algum alimento? Data aproximada do início da terapia: 1)__________________________________2)_______________________________ 3)__________________________________4)_______________________________ Você segue rigorosamente o esquema terapêutico? Costuma esquecer de usar o medicamento? Quantas vezes? Sente alguma diferença em caso de esquecimento? Especialização em Atenção Farmacêutica 68 Universidade Federal de Alfenas ‘ Você utiliza algum tratamento não farmacológico? Foi orientado para este tratamento? Você sabe qual(is) é (são) a (s) sua (s) Patologia (s)? Detalhar o que você sabe. Antecedentes de moléstia grave? Estado geral de saúde do paciente: Ótimo: [ ] Bom: [ ] Razoável: [ ] Sintomas e sinais após o início da Terapia (Efeitos adversos): Impressões sobre a entrevista? O (a) senhor (a) acha importante este tipo de trabalho? Por quê? Observações importantes: Debilitado: [ ] Especialização em Atenção Farmacêutica 69 Universidade Federal de Alfenas ‘ ANEXO III MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Universidade Federal de Alfenas . UNIFAL-MG Rua Gabriel Monteiro da Silva, 714 . Alfenas/MG . CEP 37130-000 Fone: (35) 3299-1000 . Fax: (35) 3299-1063 TERMO DE CONSENTIMENTO Eu, ______________________________________, carteira de identidade RG nº.___________________, ou certidão de nascimento nº.___________________, Alfenas-MG, concordo em participar do Projeto Atenção à Saúde “Visita Domiciliar”com objetivo de que juntos conseguiremos melhores resultados com relação à terapia. Estou ciente de que: • Este serviço é gratuito; • Poderei desligar-me do Projeto, se esta for minha vontade, mediante aviso prévio (30 dias); • Este serviço de visita domiciliar não inclui modificações de regimes de dosificação ou de recomendações prescritas pelo médico; • Este serviço inclui: seguimento do tratamento farmacológico, a busca, o encontro e a documentação de problemas relacionados aos medicamentos, informe ao paciente sobre esses problemas, tentativa de resolve-los e, se necessário, o informe do prescritor sobre o problema. • Estou ciente que esses dados poderão ser usados para fins científicos, resguardando a minha identidade. ___________________________ Assinatura do paciente __________________________ Assinatura do acadêmico Data: / / Especialização em Atenção Farmacêutica 70 Universidade Federal de Alfenas ‘ ANEXO IV MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Universidade Federal de Alfenas . UNIFAL-MG Rua Gabriel Monteiro da Silva, 714 . Alfenas/MG . CEP 37130-000 Fone: (35) 3299-1000 . Fax: (35) 3299-1063 INSTRUMENTO ELABORADO PARA SEGUIMENTO FARMACOTERAPÊUTICO (Adaptação do Método Dáder) Dados pessoais: Data: Nome do paciente: Endereço: Nascimento: Sexo: Estado Civil: Ocupação: Feminino Masculino Solteiro Casado Viúvo [ [ [ [ [ ] ] ] ] ] Escolaridade: Dados adicionais: 1) Peso: (kg) 2) Altura: 4) Fez algum exame nos últimos seis meses? [ ] Sim [ ] Não (metros) 3) PA atual: Em caso positivo, Quais? Obs.: os valores dos resultados do exame serão acrescentados nas últimas páginas 5) Já fez alguma cirurgia ou parto? [ ] Sim [ ] Não 6) Alguma complicação durante a cirurgia e/ou parto? [ ] Sim [ ] Não 7) Teve filhos? [ ] Sim [ ] Não 8) Apresenta algum histórico familiar relacionado à problema de saúde? [ ] Sim [ ] Não 9) Houve algum medicamento que após ter usado desencadeou alguma reação estranha ao seu organismo? [ ] Sim [ ] Não 10) Como adquire seus medicamentos? Em caso positivo, Qual? Em caso positivo, Qual? Em caso positivo, Quantos? Em caso positivo, Qual? Em caso positivo, Qual? mmHg Especialização em Atenção Farmacêutica 71 Universidade Federal de Alfenas ‘ [ ] compra [ ] doação de alguma entidade [ ] SUS [ ] doação de outra pessoa 11) Medicamentos: 12) Quando você sente dor toma algum medicamento? [ ] Sim [ ] Não 13) Você possui algum problema de saúde? (algo que lhe incomoda?) [ ] Sim [ ] Não Manipulado Referência Genérico Similar [ ] [ ] [ ] [ ] [ ] [ ] [ ] [ ] [ ] [ ] [ ] [ ] [ ] [ ] [ ] [ ] [ ] [ ] [ ] [ ] Em caso positivo, Qual? Em caso positivo, Quais? 1 6 2 7 3 8 4 9 5 10 Especialização em Atenção Farmacêutica 72 Universidade Federal de Alfenas ‘ História Farmacoterapêutica Medicamentos atuais Obs: As questões poderão ter mais de uma opção como resposta. 1.Medicamento e concentração: 8.Quando iniciou o tratamento? 9.Até quando será o tratamento? 2.Usa? [ ] uso contínuo [ ] uso determinado (período) [ ] Sim 10.Sente algo estranho quando toma o [ ] medicamento? Não 3.Quem prescreveu? O quê? 4.Você sabe pra que serve esse medicamento? Para quê? [ ] Sim [ ] Não [ ] [ ] gosto ruim tenho dificuldade na embalagem (abrir) do remédio [ ] nda 13.Para tomar o medicamento o que você usa pra engolir ou diluí-lo (ex: suco, leite, água)? 14. Anotações do farmacêutico (observações): 5.Quanto usa (dose)? 6.Como usa? M T N (0-0-0) 7.Esse uso é próximo de alguma refeição? [ ] 1 a 2 horas antes [ ] minutos antes [ ] minutos depois 11.Sente alguma dificuldade no uso do medicamento? [ ] para engolir [ ] junto com a refeição [ ] 1 a 2 horas depois 1.Medicamento e concentração: Posologia (receita médica): 15. Quanto a adesão do tratamento, o farmacêutico considera que o paciente: [ ] muita adesão ao tratamento [ ] [ ] pouco adesão ao tratamento adesão regular ao tratamento 8.Quando iniciou o tratamento? 9.Até quando será o tratamento? 2.Usa? [ ] uso contínuo [ ] uso determinado (período) [ ] Sim 10.Sente algo estranho quando toma o [ ] medicamento? Não 3.Quem prescreveu? O quê? 4.Você sabe pra que serve esse medicamento? Para quê? [ ] Sim [ ] Não 11.Sente alguma dificuldade no uso do medicamento? [ ] para engolir [ ] [ ] gosto ruim 6.Como usa? M T N (0-0-0) tenho dificuldade na embalagem (abrir) do remédio [ ] nda 13.Para tomar o medicamento o que você usa pra engolir ou diluí-lo (ex: suco, leite, água)? 14. Anotações do farmacêutico (observações): 7.Esse uso é próximo de alguma refeição? Posologia (receita médica): Quanto a adesão do tratamento, o farmacêutico 5.Quanto usa (dose)? Especialização em Atenção Farmacêutica 73 Universidade Federal de Alfenas ‘ [ ] 1 a 2 horas antes [ ] minutos antes [ ] minutos depois [ ] junto com a refeição [ ] 1 a 2 horas depois considera que o paciente: muita adesão ao tratamento [ ] [ ] [ ] pouco adesão ao tratamento adesão regular ao tratamento Especialização em Atenção Farmacêutica 74 Universidade Federal de Alfenas ‘ Medicamentos anteriores Medicamento 1: 1. utiliza? 4. como foi o uso? 2. quem prescreveu? 5. algo estranho? 3. para quê? Medicamento 2: 1. utiliza? 4. como foi o uso? 2. quem prescreveu? 5. algo estranho? 3. para quê? Medicamento 3: 1. utiliza? 4. como foi o uso? 2. quem prescreveu? 5. algo estranho? 3. para quê? Medicamento 4: 1. utiliza? 4. como foi o uso? 2. quem prescreveu? 5. algo estranho? 3. para quê? Medicamento 5: 1. utiliza? 4. como foi o uso? 2. quem prescreveu? 5. algo estranho? 3. para quê? Medicamento 6: 1. utiliza? 4. como foi o uso? 2. quem prescreveu? 5. algo estranho? 3. para quê? Especialização em Atenção Farmacêutica 75 Universidade Federal de Alfenas ‘ Segundo dia de visita Revisão Atenção: Essa parte do trabalho consiste em apenas perguntas dirigidas ao paciente, não é uma anamnese. É efetuada com a intenção de descobrir problemas de saúde que podem ter correlação com os medicamentos utilizados. sim não [ ] [ ] [ ] [ ] Cabelo: Usa algo especial no cabelo? Sente algo no cabelo? comentário [ ] [ ] Cabeça: [ ] dores de cabeça; [ ] confusão [ ] tonteiras [ ] [ ] Freqüência da dor: [ ] sinusite Ouvidos, nariz e garganta: [ ] alteração visual (usa óculos, algum medicamento para os olhos) [ ] diminuição da audição [ ] zumbido no ouvido [ ] apresento inflamações na garganta com [ ] [ ] uma certa freqüência [ ] apresento rinite alérgica Boca: [ ] herpes labial [ ] sinto gosto amargo com [ ] afta [ ] boca seca frequência [ ] [ ] Mãos: [ ] [ ] Braços e músculos: [ ] [ ] Coração: [ ] trêmulas [ ] manchas [ ] feridas [ ] cansados [ ] manchas ou feridas [ [ [ [ [ ] dormência [ ] dormência ] dor no peito (angina) ] alteração na pressão arterial ] possui válvula cardíaca ] cirurgia cardiovascular ( ponte de safena ou cirurgia de revascularização do miocárdio) [ ] [ ] Pulmão: [ ] dor quando respiro [ ] [ ] [ ] falta de ar [ ] chiado Gástrico e intestino: [ ] náuseas [ ] queimação [ ] diarréia [ ] intestino preso Especialização em Atenção Farmacêutica 76 Universidade Federal de Alfenas ‘ [ ] dor abdominal [ ] [ ] [ ] [ ] [ ] [ ] [ ] dor ao evacuar Rins: [ ] dificuldade para urinar [ ] freqüência urinária Fígado: [ ] hepatite Genitais: [ ] coceira [ ] corrimento [ ] cirrose [ ] algum incômodo [ ] ondas de calor Pernas: [ ] trêmulas [ ] manchas [ ] dormência [ ] cansaço [ ] feridas [ ] não Pés (dedos, unhas): [ ] manchas [ ] dormência [ ] feridas [ ] não Músculos (gota, dor nas costas, tendinitis): [ ] dor [ ] furmigamento Pele: [ ] erupções [ ] fadiga (cansaço) [ ] não [ ] manchas [ ] seca [ ] feridas [ ] não Psicológico: [ ] sente-se deprimida [ [ [ [ ] considera-se uma pessoa alegre ] considera-se uma pessoa muito preocupada ] nenhuma das alternativas ] não Neurológico: [ ] considera-se uma pessoa muito nervosa e agitada [ ] apresenta epilepsias [ ] apresenta algum distúrbio neurológico [ ] não Parâmetros bioquímicos: Quando foi realizado o último exame?________________________ Glicose Valor:________________ Valor de referência:________________ Colesterol: Valor:________________ Valor de referência:________________ Triglicerídeos: Valor:________________ Valor de referência:________________ Especialização em Atenção Farmacêutica 77 Universidade Federal de Alfenas ‘ O exame de sangue apresentou alguma alteração? [ ] sim [ ] não Qual?_________________________________ Teve alguma infecção nos últimos meses? [ ] sim [ ] não Qual?_________________________________ Outras observações: Cigarro [ ] sim [ ] não Quanto?_______________________________ Álcool [ ] sim [ ] não Que tipo de bebida que usa?_______________ Quanto?_______________________________ Café [ ] sim [ ] não Qual frequência?________________________ Quanto?_______________________________ Chás [ ] sim [ ] não Quais?_________________________________ Quanto?________________________________ Qual a freqüência?________________________ Outras drogas:_____________________________________________ Outros hábitos:_____________________________________________ Vitaminas e sais minerais:____________________________________ Vacinas recentes:___________________________________________ Alergias a medicamentos [ ] sim [ ] não Qual(s)?________________________ Pressão arterial: __/ __/ __ PA:___________ __/ __/ __ PA:___________ __/__/ __ PA:___________ __/ __/ __ PA:___________ __/ __/ __ PA:___________ __/ __/ __ PA:___________ Especialização em Atenção Farmacêutica 78 Universidade Federal de Alfenas ‘ Avaliação da Adesão Terapêutica sim Pergunta 1: Você já se esqueceu de tomar o seu medicamento? Pergunta 2: Mesmo lembrando, você já deixou de tomar o seu medicamento Pergunta 3: Você alguma vez parou de tomar o seu medicamento, quando se sente bem? Pergunta 4: Você alguma vez parou de tomar o seu medicamento, quando não se sentiu bem? Níveis de Adesão: não Especialização em Atenção Farmacêutica 79 Universidade Federal de Alfenas ‘ ANEXO V ESTADO DE SITUAÇÃO Paciente: Sexo: Alergias: Idade: Problema de Sáude Problema de Sáude Avaliação dos medicamentos Medicamentos Quando iníciou? Medicamentos (p.a) e Concentrações Posologia Quando iniciou o tratamento? Há PRM? Qual (is)? Especialização em Atenção Farmacêutica 80 Universidade Federal de Alfenas ‘ INTERVENÇÃO FARMACÊUTICA Problema de saúde a ser resolvido: _____________________________________ Tipo de Comunicação Paciente - Farmacêutico Farmacêutico – Paciente – Médico Farmacêutico - Médico Procedimentos de intervenção 1 Mudança na dosagem/ dia do medicamento Mudança na quantidade de sal por comprimido ou cápsula do medicamento Mudança nos horários de tomada do medicamento Procedimentos de intervenção 2 Necessidade de acrescentar mais um medicamento ao tratamento farmacológico Necessidade de retirar o medicamento do tratamento farmacológico Necessidade de substituir o medicamento do tratamento farmacológico O paciente apenas necessita de intervenção não farmacológica O paciente farmacológica Observações: necessita, concomitantemente, intervenção não