GEOGRAFIA Mediterrâneo: um mar entre três continentes

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Texto complementar
Mediterrâneo: um mar
entre três continentes
Nelson Bacic Olic
GEOGRAFIA
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Geografia
Assunto: Geopolítica do Mediterrâneo
Mediterrâneo: um mar entre três continentes
O Mediterrâneo é um mar quase fechado que banha o litoral meridional da Europa, o ocidental da Ásia e
a faixa costeira da África do Norte. Possui uma ligação natural com o Oceano Atlântico através do estreito de
Gibraltar e, outra artificial com o Mar Vermelho e Oceano Índico conectados pelo canal de Suez. Os estreitos
de Bósforo e Dardanelos o colocam em contato com o Mar Negro.
O Mediterrâneo apresenta grandes profundidades e é quase totalmente rodeado por áreas com ocorrências de montanhas de formação geológica recente, como o Pireneus (entre Espanha e França), Alpes
(sudeste da França), Apeninos (Itália) e cadeia do Atlas (noroeste da África). A existência de inúmeras
penínsulas (Ibérica, Itálica, Balcânica, do Peloponeso) tornam a costa mediterrânea bastante recortada,
fato que historicamente foi aproveitado para instalação de portos bastante movimentados como o de
Barcelona (Espanha), Marselha (França), Gênova (Itália) e Pireu (Grécia).
De maneira geral, podem ser distinguidas duas áreas distintas do Mediterrâneo; a bacia oriental e
a ocidental, que se comunicam através do canal da Sicília. Essa divisão é, no entanto, fragmentada pela
existência de mares menores como é o caso do Tirreno (na bacia oriental) e Jônico, Adriático e Egeu (na
bacia ocidental).
Contatos e confrontos
Desde a Antiguidade, o Mar Mediterrâneo foi uma zona privilegiada de contatos culturais, intensas
relações comerciais e de constantes enfrentamentos políticos. Às margens do Mediterrâneo floresceram,
desenvolveram-se e desapareceram importantes civilizações, como a egeia, a egípcia, a fenícia, a grega, a
romana e a bizantina.
Um dos fatos marcantes da história da região aconteceu em 1453 quando os otomanos tomaram a
cidade de Constantinopla (atual cidade turca de Istambul) e fecharam o Mediterrâneo oriental à penetração
europeia. Esta teria sido uma das razões que teria impelido portugueses e espanhóis se aventurarem pelo
Atlântico em busca do caminho das Índias.
Na segunda metade do século XVIII, a Inglaterra e a França foram ampliando suas influências sobre a
região, aproveitando a gradativa decadência otomana e, ao mesmo tempo, tentando impedir a expansão
da Rússia. A Inglaterra que foi afirmando-se cada vez mais como grande potência marítima, estabeleceu-se
em alguns pontos estratégicos (Gibraltar e nas ilhas de Malta e Chipre), que se transformariam em
importantes bases navais.
Em 1869, com a abertura do canal de Suez, obra construída por um consórcio franco-britânico, o
Mediterrâneo Oriental passou a integrar as grandes rotas do comércio internacional, passando a ter um
papel relevante nas relações políticas e comerciais das potências europeias.
Com o fim da Primeira Guerra Mundial (1914/19), cristalizou-se a supremacia britânica, num momento
em que o Mediterrâneo se transformava numa artéria vital para a Europa em função de estabelecer uma
ligação mais rápida e econômica entre as áreas consumidoras e produtoras de petróleo, estas últimas situadas
no Oriente Médio.
Algumas décadas depois, ao findar-se o segundo conflito mundial em 1945, o Mediterrâneo, assim como
quase todas as áreas do mundo, encaixou-se imediatamente nos esquemas do jogo de influências e alianças
engendrados pela Guerra Fria. Com a criação da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), os EUA
substituíram gradativamente os britânicos como potência dominante do Mediterrâneo.
Todavia, os processos conflituosos de independência de uma série de colônias europeias situadas
especialmente no norte da África, a pressão exercida pela crescente expansão da marinha soviética, os
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vários conflitos entre países árabes e Israel e as tradicionais rivalidades entre países da região, transformaram
o Mediterrâneo numa área de frequentes tensões geopolíticas.
O fim da Guerra Fria se, de um lado eliminou ou amainou algumas velhas tensões, por outro ensejou o
surgimento de inúmeros novos desafios para os Estados da região.
São dezoito os Estados que possuem terras banhadas pelo Mediterrâneo. Eles apresentam grandes
diferenças no que se refere ao tamanho, à evolução histórico-cultural e ao nível de desenvolvimento. Por
exemplo, há países como a Espanha, a Itália e a Grécia que são membros da União Europeia; Estados que
fazem parte da Otan, como a Turquia e a França; são também “mediterrâneos” países árabes-muçulmanos
como a Síria, Líbano, Egito, Líbia, Marrocos, Argélia e Tunísia, assim como aqueles que até o início da década
de 1990 adotavam o sistema socialista como a Albânia e a Croácia e a “nova” Iugoslávia. Existem ainda Malta
e Chipre, países insulares que só conseguiram suas independências na década de 1960 e, por fim, Israel, um
“corpo estranho” em meio ao “mar” árabe-muçulmano que é o Mediterrâneo Oriental.
Praticamente todos os países que margeiam o Mediterrâneo apresentam, ou apresentaram num passado
recente, tensões e conflitos internos ou problemas no relacionamento com nações vizinhas.
OLIC, Nelson Bacic. Disponível em: ‹www.clubemundo.com.br/revistapangea/show_news.asp?n=112&ed=4›.
Acesso em: fev. 2012.
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