0 FACULDADE ASSIS GURGACZ AVALIAÇÃO DO NÍVEL SÉRICO DE ANTÍGENO PROSTÁTICO ESPECÍFICO (PSA) EM HOMENS DA CIDADE DE CORBÉLIA–PR. CASCAVEL 2013 1 FERNANDA LUDOVICO STEFANELLO AVALIAÇÃO DO NÍVEL SÉRICO DE ANTÍGENO PROSTÁTICO ESPECÍFICO (PSA) EM HOMENS DA CIDADE DE CORBÉLIA–PR. Trabalho de conclusão de curso apresentado a Faculdade Assis Gurgacz, FAG, curso de Farmácia. Prof. Orientador: Claudinei Mesquita da Silva. Prof.ª coorientadora: Leyde Peder. CASCAVEL 2013 2 FERNANDA LUDOVICO STEFANELLO AVALIAÇÃO DO NÍVEL SÉRICO DE ANTÍGENO PROSTÁTICO ESPECÍFICO (PSA) EM HOMENS DA CIDADE DE CORBÉLIA–PR. Trabalho apresentado no Curso de Farmácia da FAG, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Farmácia, sob a orientação do Professor Claudinei Mesquita da Silva. BANCA EXAMINADORA _______________________________ Claudinei Mesquita da Silva Mestre _______________________________ Emerson da Silva Machado Especialista _______________________________ Maria das Graças Hirata Takizawa Mestre Cascavel, 01 de Novembro de 2013. 3 DEDICATÓRIA De nada adiantariam as vitórias se não tivéssemos com quem compartilhar. Dedico esse trabalho àqueles que me deram a vida e uma família maravilhosa. É por vocês que cheguei até aqui, e é por vocês que seguirei em frente. 4 AGRADECIMENTOS Primeiramente agradeço a Deus por me dar o dom da vida, por guiar meus passos em todas as circunstâncias e principalmente por me conceder uma família perfeita. Aos meus pais, faltam palavras para expressar toda admiração e amor que sinto. Com vocês eu aprendi o valor do respeito e da humildade. Obrigada por tudo o que fazem por mim, se hoje alcanço essa conquista é graças a vocês. As minhas queridas irmãs, Débora um anjo na minha vida com quem eu aprendi que a felicidade se encontra nas pequenas coisas e Vanessa que sempre me incentivou a me dedicar aos estudos. Nesses quatro anos de curso a trajetória não foi fácil, mas com certeza seria ainda menos sem a presença dos excelentes mestres que tivemos, os quais foram além de professores, tornaram-se nossos conselheiros, nos corrigindo quando necessário e nos motivando a sermos alunos e também pessoas melhores. Gostaria de agradecer em especial aos coordenadores Patrícia e Giovane, pela dedicação com que levam o curso buscando sempre o melhor para a nossa formação acadêmica, ao meu orientador Claudinei e coorientadora Leyde, pelo auxílio e paciência durante todo esse ano. Aos professores Emerson, Graça, Josnei que sempre demonstraram amor pela profissão Farmacêutica, fazendo com que nos orgulhássemos do curso escolhido, e aos demais que também contribuíram para o nossa formação. A faculdade proporcionou muito aprendizado e também grandes amizades, as quais eu sou imensamente grata. Gostaria de agradecer a minha amiga de infância Thais, há quem eu muito admiro, pela amizade e companheirismo, juntas enfrentamos os desafios e dificuldades desde o primeiro dia de aula até hoje. As queridas, Monise, Yáskara, Rafaela e Silvana, amigas verdadeiras que dividiram comigo as tristezas e alegrias, tornando o dia a dia mais agradável. Vocês fizeram com que tudo valesse a pena, as levarei para sempre no meu coração. Agradeço também ao meu amigo Vinícius, pela parceria e amizade durante a faculdade. Aos colegas de sala e futuros colegas de profissão, gostaria de agradecer pela convivência, companheirismo e parceria nesses quatro anos. Desejo que todos alcancem o sucesso e se realizem profissionalmente. 5 Em relação à pesquisa realizada gostaria de agradecer ao Laboratório Biovel, em especial ao Farmacêutico Deivis Junior Paludo, o qual cedeu espaço e forneceu dados para o desenvolvimento do trabalho. As funcionárias do posto de coleta em Corbélia, Paula e Gisele, que me auxiliaram na seleção dos voluntários da pesquisa. E principalmente aos pacientes voluntários que foram essenciais para a realização do estudo. Enfim, a todos que de uma forma ou de outra me ajudaram e torceram para que esse momento pudesse se realizar o meu Muito Obrigada! 6 SUMÁRIO 1. REVISÃO DA LITERATURA............................................................................... 7 REFERÊNCIAS........................................................................................................ 23 2. ARTIGO CIENTÍFICO.......................................................................................... 29 NORMAS DA REVISTA CIENTÍFICA..................................................................... 44 7 1. REVISÃO DA LITERATURA ENVELHECIMENTO Na atualidade o envelhecimento vem sendo um tema amplamente debatido, levando em consideração a grande preocupação com a garantia da qualidade e o aumento da expectativa de vida. A Organização das Nações Unidas (ONU) considera o período de 1975 a 2025, a Era do Envelhecimento, expressa que em países em desenvolvimento o aumento da população idosa no período de 1970 a 2000 foi de 123% enquanto nas nações desenvolvidas foi de 54% (SIQUEIRA et al., 2002). Os grupos etários de menores de 20 anos apresentam uma diminuição absoluta no seu contingente. O crescimento absoluto da população do Brasil nestes últimos dez anos se deu principalmente em função do crescimento da população adulta, com destaque para o aumento da participação da população idosa. Em 1991 a população com 65 anos ou mais, representava 4,8% passando a 5,9% em 2000 e chegando a 7,4% em 2010 (IBGE, 2010). No nosso país o envelhecimento ocorreu de forma lenta. No inicio do século 20, um brasileiro vivia em média 33 anos. Já em 2011 a expectativa aumentou para os homens de 70,6 anos, e para as mulheres 77,9 anos (IBGE, 2011). Neste contexto a idade avançada é correlacionada com a predisposição a inúmeras doenças, determinando essa, a população que mais consome os serviços de saúde. A ocorrência de um maior número de doenças crônicas no envelhecimento se deve pelo aumento dos riscos de incidência de inúmeras patologias, acarretadas pelo próprio processo biológico ou por longo tempo de exposição a agentes patógenos (LENARDT et al., 2005). Com o aumento da idade a fisiologia do organismo é afetada, a exposição mais prolongada resulta no aparecimento de anormalidades e doenças como o câncer de pele devido à exposição solar acumulativa. Grande parte da exposição solar da vida é recebida antes dos 20 anos, e ainda assim os cânceres resultantes surgem décadas depois. Como também a doença renal policística, que é uma condição hereditária que não aparece antes da idade já bem adulta, a passagem do tempo e não o envelhecimento é o fator chave (GOLDMAN e AUSIELLO, 2005). 8 O envelhecimento fisiológico pode alterar a maneira como certas doenças surgem. A função pulmonar de um indivíduo sadio de 70 anos de idade corresponde cerca de 50% de um de 30 anos de idade. A função renal diminui geralmente 50% ou mais por volta dos 70 anos de idade. Essa falta de capacidade de reserva fisiológica não afeta a função do dia a dia, mas pode interferir com a capacidade de recuperação de uma doença extrema. Essas alterações nas células aumentam a sua susceptibilidade à transformação maligna como no caso do câncer (CA), considerado uma das doenças mais temidas atualmente (GOLDMAN e AUSIELLO, 2005). O CÂNCER O conjunto de características morfológicas e moleculares das neoplasias é suficientemente específico para classificá-las como uma classe distinta de lesões. Entretanto, diferenças de comportamento biológico, morfológico e os reflexos clínicos de seus efeitos nocivos para o hospedeiro permitem a divisão em neoplasias benignas ou malignas. O tumor benigno corresponde a uma massa localizada de células que se multiplicam vagarosamente e se assemelham ao seu tecido original geralmente não ocasionando um risco a vida (FRANCO et al., 2010). O CA pode ser caracterizado como um conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum as alterações genéticas das células com um crescimento anormal e desordenado, invadindo outros tecidos e perdendo sua função original. Através da rápida divisão das células, a ação tende a ser muito agressiva e incontrolável, provocando a formação de tumores bem como neoplasias malignas (INCA, 2010). As causas dessa doença ainda não estão totalmente esclarecidas, mas acredita-se que as neoplasias são decorrentes de mutações genéticas espontâneas ou induzidas por agentes patógenos como metais, radiações, radicais livres do oxigênio, inflamações crônicas e xenobióticos como o tabaco, álcool e pesticidas, que podem promover a desordem no ciclo celular, acarretando no excesso na multiplicação das células e falha no mecanismo de morte celular. Resultando então na formação de agrupamentos de células neoplásicas, responsáveis pela doença (FERRARI e TORRES, 2002). Para a garantia da integridade e funcionalidade de um determinado tecido, é necessário o equilíbrio entre a proliferação e a morte celular, o qual é conferido 9 através de um complexo sistema de sinalização intra e extracelular. Quando isso não ocorre, as células passam a se proliferar de forma anômala, formando uma massa de células desordenadas que constituem um tumor primário. Com a progressão do tumor, algumas células perdem a capacidade de adesão, invadem a membrana basal do tecido de origem através da produção de enzimas proteolíticas, atravessam a parede dos vasos sanguíneos, caem na circulação formando áreas de proliferação em outros tecidos denominadas metástases (FERREIRA e ROCHA, 2004). O processo de formação de um câncer é denominado carcinogênese, estudos nessa área demonstraram que durante seus três estágios: iniciação, promoção e progressão ocorrem um acúmulo de mutações no DNA celular, principalmente nos genes que garantem a ordem da divisão celular e naqueles que corrigem erros na replicação do material genético. Através de técnicas avançadas, cientistas concluíram que é necessário ocorrer 11 mil mutações para que uma célula normal do revestimento do cólon intestinal se torne cancerosa (BELIZÁRIO, 2002). Nas últimas décadas, centenas de genes associados às neoplasias foram descobertos. Alguns como p53, estão comumente modificados, outros tal como o cABL, está alterados apenas em algumas leucemias. Cada gene de câncer apresenta uma função específica, cuja desregulação contribuiu para a origem ou progressão da malignidade. A descrição dos genes causadores de câncer é feita com base na sua função presumida. Porém é importante considerar os genes relacionados com o câncer no contexto de sete alterações fundamentais na fisiologia celular que juntas determinam o fenótipo maligno: autossuficiência nos sinais de crescimento, insensibilidade aos sinais inibidores do crescimento, evasão da apoptose, defeitos no reparo do DNA, potencial infinito de replicação, angiogênese mantida e capacidade de invadir e sofrer metástase (KUMAR et al., 2005). A neoplasia maligna é uma doença grave de grande importância pela sua alta incidência e mortalidade, em 2008 foi responsável por 7,6 milhões de mortes, cerca de 13% de todas as mortes no mundo. Os que causaram a maioria das mortes foram os cânceres de mama, pulmão, colorretal, estômago e próstata. As regiões menos desenvolvidas são as mais afetadas tanto em termos de incidência com 56% quanto de mortalidade com 63% (WHO, 2008). Dessa maneira essa patologia vem se tornando cada vez mais comum, por atingir muitas pessoas, convertendo-se em um amplo problema de saúde pública 10 mundial. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou que no ano de 2030, podem-se esperar 27 milhões de casos incidentes de câncer, 17 milhões de mortes por câncer e 75 milhões de pessoas vivas, anualmente, com a doença, incidindo principalmente em países de baixa e média renda (INCA, 2012). Para o ano 2012 e 2013 no Brasil, estima-se a ocorrência de aproximadamente 518.510 casos novos de câncer, reforçando a dimensão do problema do câncer no país. Sem os casos de câncer da pele não melanoma, estima-se um total de 385 mil casos novos. Os tipos mais incidentes serão os de pele não melanoma, próstata, pulmão, cólon e reto e estômago para o sexo masculino; e os cânceres de pele não melanoma, mama, colo do útero, cólon e reto e glândula tireoide para o sexo feminino (INCA, 2012). Nesse sentido o Ministério da Saúde criou ações e programas que visam à prevenção da doença, como: O programa de controle do câncer do colo do útero, câncer de mama, tabagismo, expansão da assistência oncologia, programas de qualidade em radiações ionizantes e programa de transplante da medula óssea, somando atitudes que contribuem para a diminuição dos índices relacionados com a patologia (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013). Entre as diferentes apresentações, o câncer de próstata é a neoplasia maligna mais incidente entre os homens brasileiros, com um número de 60.180 casos novos de câncer da próstata esperados no ano de 2012, correspondendo a um risco estimado de 62 casos novos a cada 100 mil homens (INCA, 2012). Devido à maior prevalência em idosos constitui uma preocupação de saúde muito importante quando se considera o significativo aumento da expectativa de vida da população (DINI e KOFF, 2006). NEOPLASIA PROSTÁTICA O câncer da próstata tornou-se um problema de grande relevância em saúde pública nas últimas décadas, pois é a doença maligna mais comum do homem nos EUA e a segunda causa mais comum de morte por câncer (CALVETE, 2003). São duas as formas básicas do câncer de próstata: o histológico também denominado latente e o clínico conhecido como invasivo. Em estudos de autópsia, a forma latente está presente em 30% dos homens acima de 50 anos (RHODEN et al., 2004). 11 A próstata, é a maior glândula acessória do sistema reprodutor masculino, circunda a uretra prostática, abaixo da bexiga. Em sua parte superior, a base da próstata é contígua com o colo da bexiga; inferiormente, o ápice une-se ao diafragma urogenital. A uretra prostática forma um ângulo no colículo seminal, a união com os dois ductos ejaculatórios. Com o envelhecimento a próstata aumenta de tamanho e desenvolve uma anatomia zonal característica (GOLDMAN e AUSIELLO, 2005). É dividida em cinco lobos, aos quais é atribuída grande importância no desenvolvimento de tumores e aumentos benignos. No adulto, o parênquima prostático divide-se em quatro zonas ou regiões biológicas e anatomicamente distintas: periférica, central, transicional e periuretral (COTRAN et al., 2000). É formada principalmente de musculatura lisa, tecido fibroso e glândulas, a secreção destas juntamente com a das vesículas seminais constituem o volume do líquido seminal. A secreção das glândulas é lançada diretamente na porção prostática da uretra através de numerosos ductos prostáticos e confere o odor característico ao sêmen (DÂNGELO e FANTINI, 2005). FATORES DE RISCO Observa-se que na maioria das vezes os fatores de risco para o câncer de próstata são desconhecidos e inevitáveis. Porém dois itens que apresentam certa concordância ao aumento do risco de desenvolvimento do câncer de próstata são a idade e o histórico familiar (GOMES et al., 2008). A idade é um dos principais marcadores de risco, tanto a incidência quanto a mortalidade aumentam exponencialmente após 50 anos (INCA, 2002). Cerca de 70% dos casos de câncer de próstata são diagnosticados em pacientes com idade superior a 65 anos, sendo apenas 0,1% dos casos diagnosticados antes dos 50 anos de idade (ABAZA, 2006). Estima-se que aos 80 anos, cerca de 50% dos homens sejam atingidos pelo câncer de próstata, dessa forma, é importante considerar o risco de desenvolver a doença aumenta à medida que o homem envelhece (LOEB e SCHAEFFE, 2009). A herança genética também parece contribuir para o surgimento da doença, indivíduos cujos pais ou irmãos tenham tido câncer de próstata apresentam maior risco de desenvolvê-la (WAITZBERG, 2004). 12 Segundo Srougi (2005), os riscos aumentam de 2,2 vezes quando um familiar de 1º grau é acometido pelo problema, de 4,9 vezes quando dois familiares de 1º grau são portadores do tumor e de 10,9 vezes quando três familiares de 1º grau têm a doença. Nos casos de histórico familiar, recomenda-se que os homens façam exames preventivos a partir dos 40 anos. A incidência e a taxa de mortalidade são maiores em negros do que em brancos norte-americanos e vem aumentando com o decorrer do tempo. No Brasil, o carcinoma clínico da próstata também é mais comum em indivíduos negros ou pardos (BOGLIOLO, 2000). Pesquisas epidemiológicas determinaram que a doença é 10 vezes mais comum em norte-americanos do que em japoneses que residem no Japão. No entanto, a frequência, se torna a mesma quando os japoneses passam a residir nos EUA, indicando que são fatores ambientais ou dietéticos, e não a hereditariedade, os responsáveis pelo fenômeno (SROUGI, 2003). Segundo Fagundes e colaboradores, um ambiente em que haja pouca exposição ao sol também é considerado um fator de risco para desenvolvimento do câncer de próstata. Homens que vivem no sul têm menor chance de ir a óbito por câncer de próstata do que homens que vivem no norte, baseado na teoria que a exposição à irradiação ultravioleta do sol tem efeito protetor contra o câncer de próstata (FAGUNDES et al., 2002). Em locais mais frios, onde os homens recebem menor irradiação solar, casos dessa doença costumam ser mais frequentes, vários experimentos científicos demonstraram que a vitamina D, sintetizada somente quando nosso organismo é exposto ao sol, inibe a multiplicação de células cancerosas da próstata (SROUGI, 2003). O fumo, o consumo de álcool, a presença de vasectomia e atividade física foram excluídos como fatores de risco (GRONBERG, 2003). SINTOMATOLOGIA Dos pacientes com o diagnóstico de câncer de próstata na sua apresentação inicial, 58% têm câncer localizado, 15% têm envolvimento regional e 16% têm metástases à distância, a maioria assintomática ou com sintomas de obstrução urinária baixa (CALVETE et al., 2003). 13 O desenvolvimento de sintomas miccionais obstrutivos como, hesitação, fluxo urinário intermitente, perda de força do fluxo, reflete geralmente a presença de doença localmente avançada com crescimento para a uretra ou colo cervical, apesar destes sintomas serem idênticos aos encontrados na hipertrofia prostática benigna. Os tumores localmente podem resultar em hematúria ou hematospermia (GOLDMAN e AUSIELLO, 2005). O câncer de próstata com disseminação para os linfonodos pélvicos pode ocasionalmente dar origem a edema das extremidades inferiores ou desconforto nas áreas pélvicas e perineais. As metástases ocorrem na maioria das vezes para os ossos, onde são frequentemente assintomáticas, mas também podem causar dor intensa e persistente. A multiplicação neoplásica óssea pode resultar em fraturas patológicas ou compressão da medula óssea (GOLDMAN e AUSIELLO, 2005). Em estágios avançados, sinais e sintomas relacionados à invasão local, tais como hematúria (invasão da bexiga) ou mesmo obstrução ureteral, com consequente hidronefrose e uremia ou, menos frequentemente, sangramento retal decorrente de invasão retal podem ser observados. Embora a hemospermia (presença de sangue no esperma) não seja uma manifestação característica do câncer de próstata, a sua ocorrência em indivíduos acima de 50 anos deve levar o clínico a pensar nesta possibilidade diagnóstica (RHODEN e AVERBECK, 2010). Nos casos de doença metastática a dor óssea e as fraturas patológicas são manifestações prevalentes, entretanto, um terço dos pacientes com metástases ósseas podem estar assintomáticos no momento do diagnóstico. O comprometimento linfonodal é assintomático nos estágios precoces da doença avançada regional, mas podem apresentar quadros clínicos exuberantes, com edema da genitália externa e dos membros inferiores, nos casos mais avançados (KIM, 2000). A presença de metástase óssea é certamente um fator de mau prognóstico, dos pacientes com câncer de próstata que desenvolvem metástase, 50% morrem dentro de 30 meses. Na autópsia de óbito dos pacientes com câncer avançado de próstata, as metástases ósseas estavam presentes em 80% a 90% dos casos (CLARCK e TORTI, 2003). Sintomas neurológicos são observados em 20% dos pacientes com câncer de próstata. Dores em diferentes partes do organismo, fraqueza, distúrbios esfincterianos urinários e retais são os sintomas mais prevalentes. A compressão da 14 medula pelo comprometimento metastático das vértebras deve ser tratada emergencialmente (KIM, 2000). DIAGNÓSTICO A forma mais aceita de rastreamento da doença é a associação do toque retal à dosagem sérica do PSA. A chance do indivíduo com toque retal alterado ter câncer de próstata aumenta conforme o valor do PSA (DORNAS et al., 2008). O exame do toque retal é indicado para homens a partir dos quarenta anos de idade pelo menos uma vez por ano. Por meio da palpação digital da próstata pelo reto avalia-se o tamanho, forma, simetria, mobilidades, limites, presença de dor e de nodulações na superfície. O toque digital tem sensibilidade diagnóstica de 40% a 80%, de acordo com o paciente avaliado. Através dele é possível detectar a maioria dos tumores cancerosos primários da próstata, sendo considerado o mais eficaz para o diagnóstico do carcinoma, pois cerca de 50% dos nódulos palpáveis na próstata são cancerígenos (CARVALHO e NETTO, 2006). Porém, o toque retal apresenta limitações quando a lesão prostática não é palpável, nos estádios iniciais da doença, e quando alterado, a diferenciação entre lesão maligna e benigna é difícil (GOMES et al., 2008). Adenocarcinomas de próstata têm geralmente um longo período de evolução até se apresentarem sintomáticos. Com o advento do PSA, alguns tumores podem ser diagnosticados na fase pré-clínica, onde as chances de cura podem ser maiores. A maioria dos cânceres de próstata estão localizados na zona periférica da glândula e pode ser detectada pelo toque prostático quando o volume da lesão é de cerca de 0,2 mL ou maior. O risco de um toque prostático positivo representar um câncer irá depender do valor do PSA (RHODEN, 2010). Além do baixo custo estes exames possuem boa sensibilidade e especificidade. Estudos sugerem que a triagem de homens em idade acima de 50 anos através do toque retal e do PSA diminui a incidência de doença tardia com influência nas taxas de mortalidade, na medida em que o câncer de próstata pode ser curável, desde que diagnosticado precocemente (MIRANDA, 2004). Apesar disso são encontradas diversas dificuldades para a sua prevenção, relacionadas com a falta de informação à população; crenças sobre o câncer e seu 15 prognóstico; preconceito contra o exame preventivo e a carência de rotinas nos serviços para a prevenção do CA de próstata, dentre outros (MAIA et al., 2009). MARCADORES TUMORAIS Os marcadores tumorais são grandes contribuintes no diagnóstico de neoplasias, são caracterizados por macromoléculas presentes no tumor, no sangue ou em outros líquidos biológicos, seu aparecimento e ou alterações em suas concentrações estão relacionados com a formação e o crescimento de células neoplásicas (CAPELOZZI, 2001). Essas substâncias agem como indicadores da presença de câncer, e podem ser produzidas diretamente pelo tumor ou pelo organismo, em resposta à presença da patologia (SILVEIRA, 2005). Os marcadores tumorais em sua maioria são proteínas ou pedaços de proteínas, incluindo antígenos de superfície celular, proteínas citoplasmáticas, enzimas e hormônios (MATTOS et al., 2005). A sua importância está relacionada com a grande utilidade na condução clínica dos pacientes com câncer, auxiliando principalmente no diagnóstico, no acompanhamento, avaliação de resposta terapêutica, detecção de recidivas. Além de auxiliar no desenvolvimento de novas modalidades de tratamento (ALONZO, 2005). Podem ser quantificados por meios bioquímicos ou himunoistoquímicos nos tecidos ou no sangue, e por testes genéticos para pesquisas de oncogenes, genes supressores de tumores e alterações genéticas. Cada marcador tumoral tem um valor de referência determinado, as taxas acima do valor de referência, apresentadas por pacientes, devem ser investigadas (ALMEIDA et al., 2007). PSA - ANTÍGENO PROSTÁTICO ESPECÍFICO O antígeno prostático específico (PSA) foi identificado no soro de pacientes com neoplasia de próstata em 1980, estando disponível o primeiro ensaio desse antígeno (ELISA) logo após essa data. Em 1986, o FDA (Food and Drugs Administration) aprovou o exame para monitoração da neoplasia prostática e, em 1994, foi aprovado para detecção precoce da doença, em combinação com o exame 16 de toque retal. Tais fatos levaram a uma revolução na prática urológica, pois anteriormente, a detecção do CA de próstata ocorria geralmente em estágio avançado, quando a maioria dos pacientes tinha doença disseminada. Na atualidade, devido à introdução do teste do PSA, a presença de metástase no diagnóstico constitui uma percentual menor de casos, sendo grande parte das neoplasias diagnosticadas confinada apenas à próstata (CLIN LAB STRAT, 2001). O PSA é uma glicoproteína monomérica de 237 a 240 aminoácidos e com peso molecular entre 33-34 kDa. É uma enzima do grupo das serinoproteases produzida pelas células epiteliais dos ácinos e ductos da próstata e é secretada para o sistema ductal prostático. Está presente em alta concentração no líquido seminal e é responsável pela liquefação do coágulo do esperma após a ejaculação (ROCHA, 2005). Encontra-se em duas formas na corrente sanguínea, livre e complexada às proteínas plasmáticas (BRAWER, 2001). Aproximadamente 70 a 90% do PSA total é ligado à α1- antiquimiotripsina (ACT) e uma pequena porção ligado à α1-antitripsina e proteína C. Na maioria das vezes, o PSA livre e o PSA-ACT constituem 95% do PSA total medido pelos imunoensaios. O complexo PSA com α2-macroglobulina não é detectado pelos imunoensaios usuais e a sua utilidade clínica para a detecção de cancro da próstata não está estabelecida. A razão entre a fração livre e o PSA total, sugere, quando menor do que 10%, fortemente a presença de neoplasia (ALKA TECHOLOGIA DIAGNÓSTICS, 2002). Várias são as doenças da próstata que proporcionam o aumento do PSA, mas sendo a maioria dos cânceres de próstata diagnosticados quando ainda não palpáveis, o PSA tem um papel indicativo importante de doença prostática. Cerca de 30% dos casos cursam com PSA normal, ou seja, < 4,0 ng/mL. Portanto, a avaliação do antígeno deve levar em consideração a história urológica do paciente visando doenças da próstata em geral, medicações utilizadas (os inibidores da 5 α-redutase reduzem os níveis séricos de PSA) e os procedimentos urológicos prévios (DORNAS et al., 2008). O Antígeno Prostático é utilizado de melhor forma quando combinado ao exame de toque retal. Em estudos que investigaram o uso combinado do PSA e do exame de toque retal, observou-se que 18% dos tumores não teriam sido diagnosticados se o exame de toque retal não tivesse sido realizado, e que 45% dos 17 tumores teriam passado despercebidos se o PSA não tivesse sido feito. Estudos mostraram que o ultrassom transretal pouco acrescenta ao PSA e ao exame de toque retal, quando estes dois são usados conjuntamente para o diagnóstico, devendo ser solicitado somente em caso de alteração de um dos dois exames (GUIMARRÃES et al., 2002). Após ajuste específico por idade, verificou-se que idades diferentes merecem pontos de corte de PSA diferentes. Pacientes mais jovens merecem um valor de corte inferior para que o PSA seja mais específico. De modo geral, em pacientes menores de 60 anos, PSA acima de 2,6 ng/mL tem a especificidade de 94% no diagnóstico do câncer de próstata. A velocidade de aumento do PSA é outro fator importante no diagnóstico do câncer de próstata. Aumentos superiores a 0,75 ng/mL ao ano devem ser investigado com biópsias prostáticas (PUNGLIA, 2003). A utilização da dosagem de PSA tem como objetivo principal detectar o maior número de casos possíveis. Porém, apesar de apresentar alta sensibilidade, este exame possui baixa especificidade para o câncer de próstata, pois para se manter taxas aceitáveis de diagnóstico, muitos pacientes são submetidos a biópsias. A principal dúvida relacionada a isso é a faixa de valores de PSA entre 4,1 e 10,0 ng/mL, em que todos os pacientes são considerados suspeitos para câncer de próstata. Mais recentemente, essa faixa tem sido definida entre 2,6 e 10,0 ng/mL, aumentando ainda mais o número de casos suspeitos. Nesse sentido, o PSA tem baixa especificidade, com cerca de 75% das biópsias prostáticas negativas para neoplasia (CASTRO, 2011). Para uma melhor triagem dos pacientes candidatos a esse procedimento, novos parâmetros vêm sendo analisados. Entre eles, a densidade de PSA (PSAD), que é a razão entre o valor absoluto do PSA e o volume da próstata. Alguns estudos sugerem que a PSAD poderia aumentar a especificidade do PSA, pois a densidade leva em consideração o volume glandular, sendo também útil na diferenciação entre câncer e hiperplasias, dessa forma, valores mais altos estariam mais relacionados com o câncer de próstata. Porém, a dificuldade de se obter tal medida acontece pela necessidade de utilizar a ultrassonografia transretal (TRAPP, 2010). Na atualidade o PSA ainda é o melhor e mais utilizado marcador da prevenção do câncer de próstata. Quando não existe suspeita da presença de neoplasia durante o exame clínico, a elevação do PSA é o mais sensível indicador do tumor, com valor preditivo positivo de 32% (STOPIGLIA, 2009). 18 A medida do antígeno é fundamental para o acompanhamento do paciente com carcinoma de próstata. Vários estudos mostraram que cerca de 80% dos pacientes com concentração de PSA menor do que 4ng/mL (normal) possuem tumor restrito à próstata. Por outro lado, metade dos pacientes com PSA maior do que 10 ng/mL apresentam extensão extra-capsular, e a maioria dos pacientes com PSA superior a 50 ng/mL apresenta metástases para linfonodos pélvicos (ALMEIDA et al., 2007). Sendo assim, essa análise é de grande utilidade clínica, pois pode ser empregada para detecção precoce do carcinoma prostático, estadiamento da neoplasia, avaliação, prognóstica e monitoramento da resposta terapêutica (BOGLIOLO, 2000). A redução na mortalidade por câncer de próstata, observada nos EUA nos últimos anos é frequentemente atribuída aos programas de rastreamento populacionais, especialmente relacionados com o amplo emprego da determinação do PSA (RHODEN, 2010). Em estudo realizado por Gonçalves e Junior (2007), sobre a avaliação do nível sérico de PSA em pacientes da cidade de Campo Mourão – PR, revelou que os pacientes com até 40 anos apresentaram somente valores de PSA entre 0 - 4ng/mL, valores acima de 4 ng/mL somente foram determinados em pacientes acima de 41 anos de idade e apenas os pacientes com idade acima de 70 anos apresentaram PSA >20 ng/mL. Confirmando assim que o nível médio de antígeno prostático específico aumenta de acordo com a idade. Nos anos de 2007 a 2009, foi realizado um estudo transversal por Castro e colaboradores, com 1.282 indivíduos submetidos à biópsia prostática e que apresentavam níveis de PSA entre 2,6 e 10,0 ng/mL. A prevalência de câncer foi de 28,6%. Pacientes com câncer eram em média, mais idosos, com valores de PSA e densidade de PSA mais altos e menor volume da próstata. Na análise da densidade de PSA, os pacientes com câncer tiveram média de 0,31 ng/mL enquanto nos pacientes com resultado negativo a média foi de 0,10 ng/mL. Na cidade de Maringá-PR, em pesquisa realizada por Melo e colaboradores (2009), constatou que 53,5% dos homens que realizaram o exame de PSA eram menores de 60 anos, onde desses, 1,2% tiveram seu nível de PSA alterado ou acima de 4,01 ng/mL. Observou-se que homens com mais de 70 anos obtiveram significativo para PSA alterado, determinando que a idade como um fator desencadeante para as anomalias prostáticas benignas e malignas. 19 MÉTODO QUIMIOLUMINESCÊNCIA A Quimioluminescência apresenta elevada sensibilidade e especificidade, é realizada a partir da energia luminosa obtida de uma reação química. A energia química gerada como resultado da dissociação de ligações fracas produz compostos intermediários em um estado eletronicamente excitado que, quando retornam ao estado de energia inicial emitem luz que é medida (CRUVINEL, 2006). Uma reação quimiluminescente pode ser representada como o inverso de uma reação fotoquímica. Nessa reação uma determinada substância, ao absorver um fóton, atinge um estado eletrônico excitado e, através de uma reação química, forma-se um produto no estado eletrônico fundamental. Em uma reação quimiluminescente, ocorre uma reação química, que leva à produção de uma substância no estado eletrônico excitada, que pelo decaimento para o estado eletrônico fundamental, emite luz. Este processo ocorre porque o produto inicial da reação química é produzido, preferencialmente, no estado eletrônico excitado, devido à semelhança energética e geométrica entre os níveis eletrônicos do reagente e do produto excitado. Dessa forma, para reações extremamente exotérmicas e nas quais a geometria do estado eletrônico excitado dos produtos é parecida com a geometria dos reagentes, a energia livre de ativação da reação que conduz ao estado eletronicamente excitado pode ser menor do que aquela que leva ao estado eletrônico fundamental (STEVANI e BAADER, 2000). As maiores vantagens dessa metodologia são que a sua instrumentação é relativamente simples, apresenta alta precisão, boa amplitude de detecção, baixa ação de interferentes, com limites de detecção extremamente baixos (GARCÍACAMPAÑA et al., 2002). TRATAMENTO Na presença do câncer de próstata ocorre a presença de padrões arquiteturais variados e características citológicas próprias, que são classificadas através do sistema de classificação de Gleason. Nesse sistema, as lesões bem moderadamente e pouco diferenciadas são graduadas de um a cinco, conforme o padrão arquitetural encontrado em cada caso, o prognóstico de cada indivíduo 20 também está associado ao emprego da classificação TNM: tumor, linfonodo e metástase (CAMBRUZZI et al., 2010). O sistema de Gleason tem sido utilizado para auxiliar a prever a evolução e predizer o estágio patológico, sendo um critério adicional de prognóstico para se estabelecer com precisão as características biológicas das neoplasias prostáticas. O escore é composto pelos dois padrões mais comuns de células cancerosas. Os tumores de graus 2 e 4 compreendem as lesões diferenciadas, já os de graus 5 e 6 incluem lesões moderadamente diferenciadas, e por ultimo os de graus 7 a 10 relacionam-se as lesões indiferenciadas. Dessa forma, as lesões de 2-4 têm um comportamento mais indolente e as de escore 7-10 são agressivos, respondendo mal as diferentes formas de tratamento (CALVETE et al., 2003). Decisões acerca do tratamento do câncer de próstata compreendem muitos fatores, quatro considerações são extremamente importantes para selecionar a melhor forma: O estágio do câncer, o grau ou Escore de Gleason, a idade e as escolhas do paciente (FAGUNDES et al., 2002) Existem várias opções para o tratamento da doença, que devem visar não somente o controle oncológico como também a manutenção da qualidade de vida. Não só a presença de metástases à distância quanto o risco aumentado de desenvolvê-las devem ser avaliados no tratamento do câncer de próstata. Faz-se necessário levar em consideração o estadiamento da doença, a expectativa de vida do paciente e suas comorbidades, assim como os efeitos colaterais de cada tratamento (MOINPOUR, 2008). A opção do não tratamento deve ser adotada com cautela em pacientes motivados e acompanhados cuidadosamente. Apenas deve ser utilizado nos casos que o PSA inicial for < 10, menos de três fragmentos comprometidos na biópsia e densidade do PSA menor que 15. A adoção desta estratégia em paciente com neoplasia mais agressiva pode transformar uma doença curável em outra não curável (CRIPPA, 2006). Para os casos de doença localizada, geralmente são utilizado três opções de tratamento, a prostatectomia radical (remoção da próstata e tecidos adjacentes), radioterapia (tratamento local com um feixe de radiação direcionado) e a expectativa cuidadosa (RHODEN e AVERBECK, 2010). Porém, em casos metastáticos, é indicada a terapia endócrina ou hormonoterapia, a qual consiste na utilização de diversos medicamentos à base de 21 hormônios como os estrógenos, análogos do hormônio liberador do hormônio luteinizante e antiandrógenos, os quais impedem a produção de testosterona ou bloqueiam as suas ações na próstata (TONON e SCHOFFEN, 2009). A terapia sistêmica no câncer de próstata é reservada para pacientes com quadro avançado, principalmente àqueles pacientes que já não mais respondem às opções terapêuticas da hormonioterapia e possuem doença metastática. Existem esquemas de droga única ou de múltiplas drogas. Os esquemas multidroga apresentam resposta mais satisfatória que o uso de drogas isoladamente. O esquema de docetaxel associado à prednisona foi o que até o momento apresentou melhor sobrevida nesses casos. Porém a sobrevida média dos pacientes submetidos à quimioterapia não foi superior a 19 meses (BERTHOLD, 2008). Também pode ser utilizada a retirada cirúrgica dos testículos, pois elimina os órgãos responsáveis pela produção do hormônio masculino, o qual é apontado como responsável pelo crescimento do tumor (SHAHI e MANGA, 2006). PREVENÇÃO Com a detecção e diagnóstico inicial do câncer de próstata, maiores são as chances de cura, como também a utilização de um tratamento menos agressivo. Outro ponto importante seria a redução dos altos custos decorrentes do tratamento do câncer em estágios mais avançados ou da doença metastática (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002). Um dos maiores desafios relacionados à detecção precoce do câncer da próstata é a falta de conhecimentos sobre a sua história natural. Estudos demonstram que o câncer da próstata é histologicamente evidenciado em 30% das necropsias em homens com idade igual e superior a 50 anos, sugerindo um curso prolongado deste tipo de câncer, ou seja, em um grande contingente de homens a doença jamais evoluirá. Deste modo, mesmo ao detectar-se precocemente o câncer da próstata pelo rastreamento, não há dados que permitam determinar o seu prognóstico (SCHERSTEN, 1999). Sendo assim a medida mais importante a ser tomada é a sensibilização dos homens com idade entre 50 a 70 anos, para a realização do exame de toque retal e da dosagem sérica do PSA total (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002). 22 A Sociedade Brasileira de Urologia (2003) recomenda para homens acima de 50 anos e os que têm 40 anos e com histórico familiar de câncer de próstata, façam anualmente check-up da próstata, mesmo que não tenham sintomas urinários, para que assim em casos positivos a detecção da doença seja realizada na fase inicial, contribuindo para o aumento da expectativa de vida da população. 23 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABAZA, R. Prognostic value of DNA ploidy, bcl-s and p53 in localized prostate adenocarcinoma incidentally discovered at transurethral prostatectomy. J Urol v. 176 n.5 p. 2701, 2006. ALKA TECHOLOGIA DIAGNÓSTICS. Novo exame de câncer de próstata chega ao Brasil. São Paulo; 2002. ALMEIDA, J. R. C; PEDROSA, N. L; LEITE, J. B; FEMING, T. R. P; CARVALHO, V. H; CARDOSO, A. 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Fernanda Ludovico Stefanello¹, Leyde de Peder², Claudinei Mesquita da Silva². ¹Discente do Curso de Farmácia, Faculdade Assis Gurgacz (FAG), Cascavel-PR. ²Docente Mestre do Curso de Farmácia, Faculdade Assis Gurgacz (FAG), Cascavel-PR. Endereço para correspondência: Rua Públio Pimentel, 650, Bairro Alto Alegre, 85.805-270, Cascavel-PR. E-mail: [email protected]. RESUMO O presente trabalho teve como objetivo avaliar o nível sérico do antígeno prostático específico (PSA) em homens usuários de um laboratório particular da cidade de Corbélia-PR, considerando as características individuais e medidas preventivas em relação ao câncer de próstata. A amostra representativa foi calculada a partir da fórmula √ n+1 sendo assim constituída aleatoriamente por 52 homens, dos quais foram realizadas as dosagens do PSA total. Utilizou-se uma segunda amostra composta por 347 pacientes, totalizando o número de determinações do PSA realizadas entre janeiro de 2012 a setembro de 2013 pelo mesmo laboratório na cidade. Em relação à primeira amostra, apenas um único caso apresentou alteração (PSA > 4 ng/mL). Através da aplicação dos questionários avaliou-se que cerca de 70% dos pacientes nunca realizaram o exame do toque, e 13,3% possuem casos de câncer de próstata na família o que agrava ainda mais a situação. Na segunda população estudada observou-se alteração significativa nos valores de PSA em 7% dos pacientes. Quando avaliado a idade e os níveis do antígeno obteve-se correlação positiva estatisticamente (p < 0,001). Neste contexto, o PSA juntamente com o exame do toque são de grande utilidade clínica, porém ainda se observa a falta de conscientização da população em geral, que não adere medidas básicas de prevenção, as quais auxiliariam na detecção precoce da doença. Palavras-chave: Câncer, próstata, prevenção, PSA. 30 EVALUATION OF THE SERUM LEVEL OF SPECIFIC PROSTATE ANTIGEN (PSA) IN MEN FROM THE CITY OF CORBÉLIA–PR. ABSTRACT The present work has the objective of evaluate the serum level of specific prostate antigen in men, users of a particular laboratory in Corbélia City, State of Paraná, considering the peculiar characteristics and preventive measures about prostate cancer. The representative sample was calculated from the formula √ n+1, so that composed randomly by 52 men, whose were carried out the dosages of total PSA. A second sample was used composed by 347 patients, totalizing the number of PSA determinations carried out between the January 2012 and September 2013, in the same laboratory in the city. In regard to the first sample, just an unique case showed change (PSA > 4 ng/mL). Through the application of a questionnaire was evaluated that about 70% of the patients never realized the rectal examination, and 13,3% have prostate cancer cases in the family, that aggravates even more the situation. In the second studied population was observed significant changes in PSA values in about 7% of the patients. When evaluated the age and the antigen levels was obtained statistically positive correlation (p < 0,001). In this context, PSA along the rectum examination are very clinical useful, however it`s seen a lack in population idea about the importance of prostate examination, which will help in an early disease detection. Keywords: Cancer, prostate, prevention, PSA. INTRODUÇÃO O envelhecimento fisiológico altera a maneira como diversas doenças surgem, acarretando na predisposição a um maior número de patologias e de maior gravidade. Essa falta de capacidade fisiológica não afeta a função no dia a dia, mas pode interferir na recuperação de uma doença extrema, como a transformação maligna nos casos de câncer, considerado uma das doenças mais temidas da atualidade (1). O câncer (CA) é caracterizado como um conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum as alterações genéticas das células com um crescimento anormal e desordenado, invadindo outros tecidos e perdendo sua função original. Pela rápida 31 divisão das células, a ação tende a ser muito agressiva e incontrolável, determinando a formação de tumores ou neoplasias malignas (2). Entre as diferentes formas de manifestações, está o câncer de próstata, considerado a neoplasia maligna mais incidente entre os homens brasileiros, com estimativa de 60.180 de casos novos para o ano de 2012, correspondendo a um risco estimado de 62 casos novos a cada 100 mil homens (3). Observa-se que na maioria das vezes os fatores de risco para o câncer de próstata são desconhecidos e inevitáveis. Porém, dois itens que apresentam maior concordância ao aumento do risco de desenvolvimento desse tipo de câncer são a idade e o histórico familiar (4). A forma mais aceita de rastreamento da doença é a associação do toque retal à dosagem sérica do antígeno prostático específico. A chance do indivíduo com toque retal alterado ter câncer de próstata aumenta conforme o valor do PSA (5). O PSA é uma glicoproteína monomérica de 237 a 240 aminoácidos e com peso molecular entre 33-34 kDa. É uma enzima do grupo das serinoproteases produzida pelas células epiteliais dos ácinos e ductos da próstata e é secretada para o sistema ductal prostático. Está presente em alta concentração no líquido seminal e é responsável pela liquefação do coágulo do esperma após a ejaculação (6). Várias são as doenças da próstata que proporcionam o aumento do PSA, mas sendo a maioria dos cânceres de próstata diagnosticados quando ainda não palpáveis, o PSA tem um papel indicativo importante de doença prostática. Cerca de 30% dos casos cursam com PSA normal, ou seja, menor que 4,0 ng/mL. Portanto, a avaliação do antígeno deve levar em consideração a história urológica do paciente visando doenças da próstata em geral, medicações utilizadas e os procedimentos urológicos prévios (5). O PSA é de grande utilidade clínica, pois pode ser empregado para detecção precoce do carcinoma prostático, estadiamento da neoplasia, avaliação prognóstica e monitoramento da resposta terapêutica (7). Nesse contexto, o presente estudo foi realizado com objetivo de avaliar os níveis séricos do antígeno prostático específico de pacientes usuários de um laboratório particular de análises clínicas da cidade de Corbélia-PR, considerando características individuais e medidas preventivas para o câncer de próstata. 32 MATERIAIS E MÉTODOS Esta pesquisa é de caráter descritivo e exploratório. O cálculo da amostra representativa foi realizado baseado no Caderno Estatístico do município de Corbélia-PR do ano de 2012, através da fórmula √ n+1 (8). Sendo assim, a amostra foi constituída aleatoriamente por 52 homens, de idade entre 40 a 82 anos, usuários de um laboratório particular da cidade. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Faculdade Assis Gurgacz sob o parecer 075/2013. Após o termo de consentimento livre e esclarecido ser assinado pelos voluntários, foram coletadas alíquotas de sangue para determinação do PSA total. As dosagens foram realizadas pelo método de quimioluminescência através do aparelho Unissel DxI 800 da Beckman Coulter pelo mesmo laboratório, porém na cidade de Cascavel-PR. Como instrumento de pesquisa foi utilizado questionário referente a medidas preventivas para o câncer de próstata. Utilizou-se também, para uma melhor avaliação do estudo, uma segunda amostra composta por 347 pacientes, totalizando o número de exames de PSA total realizados entre janeiro de 2012 a setembro de 2013 em homens da cidade de Corbélia-PR pelo mesmo laboratório. Sendo assim, os dados obtidos foram tabulados no Microsoft Excel e transformados em gráficos e tabelas. RESULTADOS E DISCUSSÃO A pesquisa foi composta por duas amostras populacionais distintas. Na avaliação do primeiro grupo contendo 52 pacientes, a média de idade foi de 59 anos. Isso se deve ao critério de inclusão ter sido homens com idade superior a 40 anos. Baseado na forte associação entre o câncer de próstata e idade, pois o risco estimado cresce mais de 1.000 vezes quando os homens passam da quarta década de vida para a idade acima de 70 anos (9). O valor aceitável como limite normal para o PSA total é 4,0 ng/mL, porém, neoplasias malignas podem cursar com nível igual ou inferior (2). Dessa forma ao analisar os níveis de PSA total dos pacientes, pode-se verificar que 85% apresentaram valores abaixo de 1,6 ng/mL, em 13% dos casos o nível 33 variou entre 1,6 - 3,1 ng/mL, e apenas 2% dos pacientes apresentaram PSA > 4 ng/mL, ou seja, houve alteração significativa em um único caso. A relação dos dados obtidos pela aplicação dos questionários encontra-se representada na tabela abaixo. Tabela 1. Descrição das características individuais da população estudada de Corbélia-PR. Questionário Realizam acompanhamento médico Possuem plano de saúde Utilizam medicamentos Praticam exercícios físicos Utilizam bebidas alcoólicas Tabagistas Já realizaram o exame do toque retal Frequência da realização do exame Não realiza Uma vez ao ano A cada dois anos A cada três anos ou mais Possuem casos de câncer de próstata na família N 43 23 33 26 14 9 16 % 82,7 44,2 63,4 50,0 26,9 17,3 30,8 36 69,2 12 23,0 2 3,8 2 3,8 7 13,4 Pode se verificar que grande parcela da população (82,7%) realiza acompanhamento médico, no entanto, apenas 44,2% possuem plano de saúde, indicando que para a maior parte dos pacientes a avaliação contínua da saúde não é tão acessível. Em estudo realizado por Souza e colaboradores (2011), na avaliação de medidas preventivas do CA de próstata em gaúchos, constatou-se que a maioria dos pacientes avaliados (76,7%) realizavam acompanhamento anual, e 23,3% apenas quando doentes. O que se assemelha com o dado obtido (10). Cerca de 60% dos homens utilizam medicamentos continuamente, o que pode ser influenciado pela alta faixa etária do grupo. A idade avançada é correlacionada com a predisposição a inúmeras doenças, determinando essa, a população que mais consome os serviços de saúde. A ocorrência de um maior número de doenças crônicas no envelhecimento se deve ao aumento dos riscos de incidência a inúmeras patologias, acarretadas pelo próprio processo biológico ou por longo tempo de exposição a agentes patógenos (11). 34 Em relação aos hábitos de vida, observa-se que metade dos participantes pratica atividade física, 26,9% afirmaram consumir bebida alcoólica e apenas 17,3% são tabagistas. Segundo a revisão bibliográfica realizada por Gomes et al., (2008), sobre a prevenção do CA de próstata, a adoção de hábitos saudáveis aparece em diversas fontes como uma forma de prevenir as doenças em geral, podendo se incluir a doença em questão, tais como comer adequadamente, controlar o peso, beber com moderação, limitar o uso de açúcar e sal, não fumar e praticar exercícios físicos (4). Porém, até o momento, somente alguns marcadores ou fatores de riscos foram identificados, dentre estes, a idade, raça/etnia e a história familiar deste câncer em pai ou irmão. Pesquisas sobre outros possíveis fatores de risco, como ingestão de gorduras, consumo de álcool, tabagismo e vasectomia, têm apresentado resultados contraditórios (12). A forma de rastreamento do câncer de próstata mais indicada é a realização do exame do toque retal associado à dosagem sérica do PSA anualmente após os 50 anos e aos 40 em casos de histórico familiar (13). Os resultados obtidos quanto à realização do exame do toque são alarmantes, levando em consideração que apenas 30,8% dos homens já o realizaram. Os quais 23% realizam anualmente, 3,8% realizam a cada dois anos e 3,8% realizam a cada três anos ou mais. A realização dos dois exames é imprescindível, pois em estudos que investigaram o uso combinado do PSA e do exame de toque retal, observaram-se que 18% dos tumores não teriam sido diagnosticados se o exame de toque retal não tivesse sido realizado, e que 45% dos tumores teriam passado despercebidos se o PSA não tivesse sido determinado, demonstrando a eficiência de tais exames quando utilizados combinadamente (14). São encontradas diversas dificuldades para a realização das medidas preventivas, dentre as quais se destacam a falta de informação à população; crenças sobre o câncer e seu prognóstico; preconceito contra o exame preventivo e a carência de rotinas nos serviços para a prevenção do CA de próstata, dentre outros (15). Lucumí-Cuesta et al., (2005) indica que a desinformação atinge com maior intensidade a população masculina com menor nível de escolaridade e poder socioeconômico, demandando ações educativas voltadas, principalmente, para este grupo (16). 35 Os homens buscam os serviços de saúde apenas quando sentem dores insuportáveis, ou quando a situação em que se encontram os impossibilite de trabalhar. Além disso, procuram menos o serviço de saúde comparado às mulheres, pois se consideram mais saudáveis e, devido a questões culturais, veem o ambiente de saúde como um local feminino, para pessoas frágeis, ferindo assim, os conceitos de masculinidade (17). Em estudo realizado por Amorin e colaboradores (2011), com 992 pacientes de idade superior a 50 anos, verificou-se que 44,4% da população estudada nunca haviam realizado exame preventivo para o câncer de próstata. No presente estudo avaliou-se apenas a realização do exame do toque, no qual aproximadamente 70% dos pacientes ainda não o realizaram (18). Em pesquisa realizada em dez capitais brasileiras, foram entrevistados 1.061 homens com idade entre quarenta e setenta anos, dos quais apenas 32% realizaram o exame de toque retal, coincidindo com o valor encontrado na presente pesquisa (13). Miranda e colaboradores (2004) realizaram a avaliação das medidas preventivas de professores-médicos da Faculdade de Medicina UFMG, e observaram que 20,7% do grupo, com idade superior a 51 anos, nunca haviam feito o exame do toque retal e dosagem de PSA como prática de detecção precoce do câncer de próstata e 36,2% nunca se submeteram a um toque retal. Dado relevante, onde pode se observar novamente a falta de conscientização da população sobre a importância das medidas preventivas para esse tipo de câncer, uma vez que mesmo conhecendo o assunto não possuem tal prática (19). Os fatores de risco para câncer de próstata são na maioria desconhecidos. Os únicos que apresentam maior consenso no que se refere ao aumento do risco de desenvolvimento do câncer de próstata são a idade e histórico familiar. A grande maioria dos casos ocorre em homens com idade superior a 50 anos e naqueles com história de pai ou irmão com câncer de próstata (4). Evidências epidemiológicas sugerem que o CA de próstata apresenta um componente genético e familiar relevante. No ponto de vista fenotípico, essa neoplasia pode ser classificada em: câncer de próstata esporádico, familiar e hereditário. Cânceres esporádicos (85%) são aqueles que ocorrem em indivíduos com história familiar negativa. O familiar é definido como a ocorrência dessa condição em um homem com um ou mais familiares afetados pela doença. E uma 36 pequena parcela da população de indivíduos (cerca de 9%) apresenta o câncer de próstata hereditário verdadeiro, ou seja, três ou mais familiares já foram afetados, a ocorrência desta condição em três gerações sucessivas ou, no mínimo, dois familiares com doença diagnosticada antes dos 55 anos. Se um parente de primeiro grau tem a doença, o risco é, no mínimo, duas vezes maior. Se dois ou mais familiares de primeiro grau são afetados, o risco aumenta 5 a 11 vezes (20). No estudo realizado, verificou-se que, 13,4% dos pacientes, possuíam histórico de câncer de próstata na família. Apesar de baixo, esse índice é relevante, pois com o avançar dos anos os pacientes apresentarão os principais fatores de predisposição ao desenvolvimento da doença. Ao comparar o resultado com o estudo realizado por Souza et al., (2011) sobre a prevenção do câncer de próstata, pode-se verificar semelhança, pois 18,6% dos 88 participantes da pesquisa relataram casos de CA de próstata na família, o que é preocupante, visto que isso aumenta de três a dez vezes o risco de desenvolvimento da doença (21). No segundo grupo estudado, composto por 347 pacientes, foram analisados a idade e os níveis de PSA total dos participantes. A figura apresentada abaixo demonstra as diferentes faixas etárias apresentadas pela amostra. 4% 5% 14% 26% <40 40 - 50 50 - 60 26% 60 - 70 25% 70 - 80 80 - 90 Figura 1. Porcentagem dos pacientes em relação à faixa etária Dentre os pacientes, somente 4% apresentaram menos de 40 anos, o restante da população possuía entre 40 a 90 anos. A idade média dos pacientes foi de 58,1 anos. 37 A porcentagem dos casos alterados (PSA > 4,00 ng/mL) em relação à população total encontra-se representada na figura abaixo. 7% 93% < 4,00 ng/mL > 4,00 ng/mL Figura 2. Níveis do Antígeno Prostático Específico da população estudada em relação ao valor limite. Ao analisar os dados encontrados, observou-se que apenas 24 pacientes, isto é, 7% da amostra, apresentaram nível de PSA alterado, e 93%, apresentaram níveis normais. Esse índice pode ser considerado baixo, porém em muitos casos, a doença cursa sem alteração significativa do antígeno. Dessa maneira, a melhor forma de diagnosticar o câncer de próstata é representada pela combinação de toque retal e dosagem do PSA. O toque exclusivo falha em 30% a 40% dos casos e as medidas de PSA falham em 20%, mas a execução conjunta dos dois exames deixa de identificar o câncer em menos de 5% dos pacientes (22). O Antígeno Prostático Específico é o marcador tumoral de maior utilidade clínica, desenvolvido até o momento. Porém, vários estudos têm sugerido a alteração do ponto de corte de 4,0 ng/mL para 2,5 ng/mL, indicando biópsia prostática nos pacientes que apresentem valores superiores. Uma parcela significativa dos homens que apresentam PSA sérico inicial entre 2,6 ng/mL e 4,0 ng/mL desenvolverá PSA superior a 4,0 ng/mL no exame de seguimento, durante os próximos quatro anos. Então, embora o ponto de corte para a identificação de biópsia seja 4,0 ng/mL, estudos recentes sugerem que, em pacientes jovens, com próstata pequena e sem prostatite, a biópsia prostática seja considerada com valores de PSA acima de 2,5 ng/mL (23). 38 Em estudo realizado por Gonçalves e Junior (2007), sobre a avaliação de PSA de 437 pacientes, constataram que em 88,8% dos casos, os níveis cursaram entre 0–4 ng/mL, e apenas 11,2% apresentaram-se com níveis superiores a 4,0 ng/mL o que se assemelha ao índice determinado neste trabalho (24). Trapp e Koff (2010), também analisaram os níveis séricos de PSA de 170 pacientes com idade entre 45 a 65 anos com o objetivo a detecção precoce, destes, 15% dos participantes apresentaram níveis alterados, o que coincide com os dados obtidos na atual pesquisa (25). Considerando a idade como fator de risco para o desenvolvimento da doença, observa-se que a probabilidade da ocorrência do câncer de próstata em homens com menos de 39 anos é de um em cada 10.000 homens; um em 103 homens entre os 40 e 59 anos e um em 8 homens entre os 60 e 79 anos. Assim, o aumento exponencial dos casos acima dos 50 anos faz com que o rastreamento seja fundamental a partir desta idade (26). Cerca de 70% dos casos de CA de próstata são diagnosticados em pacientes com idade superior a 65 anos, sendo apenas 0,1% dos casos diagnosticados antes dos 50 anos de idade (27). Estima-se que, aos 80 anos, cerca de 50% dos homens sejam atingidos pelo câncer de próstata, dessa forma, é importante considerar que o risco de desenvolver a doença aumenta à medida que o homem envelhece (28). A imagem a seguir demonstra a relação dos níveis do antígeno prostático específico com a idade dos pacientes. 100 PSA>4 80 PSA<4 60 % 40 20 0 <40 40 -50 50 - 60 60 - 70 70 - 80 80 - 90 Idade Figura 3. Correlação entre o nível de PSA e a idade dos pacientes. 39 Analisando os dados acima se pode afirmar estatisticamente que existe correlação positiva entre a idade dos pacientes e o nível de Antígeno Prostático Específico (p < 0,001). Resultado esse que se assemelha com estudo realizado por Melo e colaboradores (2009) pois apesar de 53,5% dos homens da amostra serem menores de 60 anos, os quais, 1,2% tiveram seu nível de PSA alterado. Observou-se que para os homens com mais de 70 anos o nível do antígeno prostático alterado foi significativo, determinando a idade como um fator desencadeante para as anomalias prostáticas benignas e malignas (29). CONCLUSÃO O antígeno prostático específico é um marcador tumoral de alta relevância clínica quando associado ao exame de toque retal. Ao avaliar os níveis de PSA em relação à idade pode se verificar que a correlação é positiva, ou seja, conforme a idade aumenta o nível do antígeno também evolui. Nesse contexto, tais medidas preventivas são essenciais para a detecção precoce do câncer de próstata, principalmente a esse grupo de risco. Levando em consideração a gravidade da doença, foi possível observar a falta de conscientização da população em geral, que ainda não adere às medidas básicas de prevenção, as quais poupariam milhares de vidas. Porém, ainda é necessária a realização de outros estudos sobre o tema, para avaliar se os homens têm conhecimento sobre os exames preventivos para o câncer de próstata e se estão sendo informados pelos serviços de saúde e por seus médicos, sobre as vantagens da realização destes exames, que são fundamentais para a detecção precoce da doença. AGRADECIMENTOS Em especial ao laboratório de análises e pesquisas clínicas Biovel da cidade de Cascavel-PR, onde foram realizados os exames e coletados os dados para a realização da presente pesquisa. 40 REFERÊNCIAS (1) GOLDMAN, L; AUSIELLO, D. Tratado de Medicina Interna. 22º Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. (2) INCA. Instituto Nacional do Câncer. Câncer. Rio de Janeiro: Ministério da Saúde, 2010. (3) INCA. Instituto Nacional do Câncer. Estimativa 2012: Incidência de Câncer no Brasil. Rio de Janeiro: Ministério da Saúde, 2012. (4) GOMES, R; REBELLO, L. E. F; ARAÚJO, F. C; NASCIMENTO, E. F. A prevenção do câncer de próstata: uma revisão da literatura. Ciência & Saúde Coletiva, v.13, n.1, p. 235-246, 2008. (5) DORNAS, M. C; JÚNIOR, J. A. D. R; FILHO, R. T. F; CARRERETTE, F. B; DAMIÄO, R. Câncer de Próstata. Revista do Hospital Universitário Pedro Ernesto, Rio de Janeiro, v. 7, jan./ jun. 2008. (6) ROCHA, M. F. 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Formatação: O artigo deve conter a seguinte formatação: - Deve ser elaborado em folha tamanho A4 (210 mm x 297 mm), com margens superior e direita de 2 cm e inferior e esquerda de 3 cm. - A fonte deve ser Arial tamanho 12 e espaço entre linhas de 1,5 cm em todo o trabalho. - A numeração das páginas deve figurar no canto superior direito, iniciando pela página de título. - Todas as referências devem ser citadas no texto em formato numérico. - Os títulos das seções devem estar escritos em letra maiúscula, enquanto os subtítulos devem conter apenas as letras iniciais maiúsculas. - Unidades e abreviações: Utilize o Système International (SI) de unidades métricas para as unidades e abreviações de unidades. No texto as abreviações devem ser utilizadas apenas após terem sido citadas por extenso. Apresentação: Deve abranger os seguintes tópicos: -Título (em inglês e português) curto e informativo sem conter abreviações, escrito em letras maiúsculas e negritadas. -Nome(s) completo(s) do(s) autor(es). Todos os nomes devem ser seguidos de números sobrescritos identificando as instituições. - Instituição(ões) de cada autor (Departamento, Faculdade, Universidade), precedida dos números indicativos sobrescritos. 45 - Nome, endereço completo para correspondência, incluindo o código postal, o número do telefone, o número do fax e o e-mail do autor para o qual a correspondência deve ser enviada. Esses dados devem ser precedidos do termo: Endereço para correspondência. - Subtítulo a ser utilizado como cabeçalho de página, não deve exceder 40 caracteres. Deve ser precedido do termo: Subtítulo. - Resumo (em inglês e português): deve apresentar claramente os objetivos, a metodologia, os resultados e as conclusões. Sua extensão deve ser de 100 a 250 palavras, ser escrito em parágrafo único (NBR 6028). - Palavras-chave (em inglês e português): indicar de três a cinco palavras que expressem o conteúdo do artigo de forma objetiva. Devem ser precedidas do termo: Palavras-chave. - Texto: deve obedecer aos critérios de cada categoria, de acordo com as instruções disponíveis em foco e escopo. - Agradecimentos: devem ser breves e relacionados a assistência técnica, opiniões, bem como ao apoio financeiro para a pesquisa e bolsas de estudo. Tabelas e Quadros: devem ser inseridos o mais próximo possível do texto em que foram mencionados. O título deve figurar acima da tabela e/ou quadro e ser precedido da palavra Tabela e de seu número de ordem no texto (em algarismos arábicos). As tabelas devem ser compreensíveis e auto-explicativas. As abreviações devem ser definidas nas legendas. Ilustrações e fotos: devem ser inseridas o mais próximo possível do texto em que foram mencionados. O título deve estar localizado abaixo das figuras, precedido da palavra Figura e de seu número de ordem no texto (em algarismos arábicos). Defina todas as abreviações e símbolos usados na figura, mesmo se eles estiverem definidos no texto. As ilustrações e fotos devem ser coladas no texto com resolução de boa qualidade, e também enviadas em arquivos separados, em formato .jpg. As fotomicrografias devem incluir dados sobre a coloração e a ampliação no fim da legenda para cada parte da figura. Uma barra de ampliação deve ser adicionada a 46 cada fotomicrografia. Caso não apareça nenhum marcador com escala na figura, a ampliação original deve ser informada na legenda. Referências: As referências bibliográficas devem ser digitadas em ordem numérica após a seção de agradecimentos. Numere as referências na ordem em que elas são citadas no texto pela primeira vez, usando algarismos arábicos entre parênteses. Duas ou mais referências devem ser separadas por vírgula sem espaço (1,5,7), três ou mais referências consecutivas devem ser separadas por um hífen (4-9) e duas ou mais referências consecutivas devem ser separadas por ponto e vírgula sem espaço (4-9;13-16). As referências devem ser elaboradas de acordo com a NBR 6023.