linfoma da medula espinhal em um gato doméstico

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LINFOMA DA MEDULA ESPINHAL EM UM GATO DOMÉSTICO
NELSON JUNIOR TAGLIARI1, RONALDO VIANA LEITE FILHO1,
GABRIELA FREDO2, LUCIANA SONNE2, FERNANDA VIEIRA
AMORIM DA COSTA3
1
Residência Multiprofissional em Saúde – Área Medicina Veterinária,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre-RS,
Brasil.
2
Departamento de Patologia Clínica Veterinária, UFRGS.
3
Departamento de Clínica Médica de Felinos Domésticos, UFRGS.
RESUMO
O linfoma espinhal é o tumor que mais comumente afeta a medula
espinhal de gatos domésticos, sendo mais comum em jovens quando
associado à infecção pelo vírus da leucemia felina (FeLV). Os sinais
podem ser inespecíficos ou específicos. O diagnóstico pode ser
realizado através do histórico, sinais clínicos e exames complementares.
O tratamento ideal depende de cada caso, mas geralmente inclui a
quimioterapia associada à radioterapia. O linfoma localizado na medula
espinhal de felinos é o diagnóstico diferencial mais importante no caso
de paralisia de membros pélvicos sem o histórico de trauma,
principalmente quando associado à infecção por FeLV.
Palavras-chave: medula espinhal, neoplasia, felino.
SPINAL CORD LYMPHOMA IN A DOMESTIC CAT
ABSTRACT
Spinal lymphoma is the tumor that most commonly affects the spinal
cord in cats, and is more common in young cats when associated with
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positive antigen for FeLV. The signs could be nonspecific or specific. The
diagnosis can be done through history, clinical signs and laboratory
tests, but the main patient evaluation consists of imaging tests and
analysis of bone marrow aspirate. The best treatment depends on each
case, but generally includes chemotherapy associated with radiotherapy.
The lymphoma located in the spinal cord of cats is the most important
differential diagnosis in cases of paralysis of hind limbs without history of
trauma, especially when associated with FeLV infection.
Key words: spinal cord, neoplasm, feline.
INTRODUÇÃO
Tumores do sistema nervoso central (SNC) são raros em gatos, no
entanto o linfoma ainda é o mais comumente descrito. Os felinos com
linfoma primário do SNC são na sua maioria jovens e muitos testam
positivos para FeLV. Os sinais clínicos incluem alterações neurológicas,
sendo a paresia dos membros pélvicos particularmente comum. O
objetivo deste relato de caso é descrever um caso de linfoma espinhal
em um gato infectado pela FeLV, enfatizando as tentativas de
tratamento e melhora de qualidade de vida do paciente.
DESCRIÇÃO DO CASO
Um felino macho, sem raça definida, com 6 meses de idade e 2 kg foi
atendido com relato de paresia progressiva dos membros pélvicos, sem
histórico de traumatismo. No exame clínico, apresentava reflexo patelar
diminuído bilateralmente, dor profunda presente bilateralmente nos
membros pélvicos, bexiga repleta e fezes no reto. A pesquisa de
antígeno para FeLV foi positiva. O mielograma e mielografia foram
compatíveis com leucemia linfoblástica aguda e compressão medular
lombar a partir da quinta vértebra lombar, respectivamente. Após quatro
dias do diagnóstico, foi iniciado o tratamento com quimioterapia e depois
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de seis dias foi realizada a eutanásia, pois o paciente permanecia sem
evolução clínica, apresentando ausência de dor profunda nos membros
pélvicos e perda de propriocepção nos torácicos. Na necropsia,
observou-se, além de aumento moderado de volume do fígado e
linfonodos
do
hilo
hepático,
áreas
difusas
branco-acinzentadas
entremeando a musculatura na região lombar direita, adjacente as
vértebras lombares L5 e L6. Ao exame microscópico, essas áreas
correspondiam proliferação multifocal a coalescente de grandes
linfócitos neoplásicos, com citoplasma eosinofílico escasso, núcleos
grandes e arredondados, com cromatina densa e nucléolos indistintos.
Na medula espinhal havia infiltração tumoral submeningeana, mais
acentuada na região lombar. Em outros segmentos da medula
(intumescência
cervical)
observou-se
degeneração
walleriana
e
esferoides axonais em grande quantidade. No pedúnculo cerebelar e
cerebelo havia infiltração tumoral submeningeana e no cérebro
infiltração tumoral discreta na meninge relacionada ao córtex. No exame
imuno-histoquímico, as células linfoides neoplásicas exibiram acentuada
marcação para CD79α.
DISCUSSÃO
Gatos com linfoma espinhal geralmente estão infectados pelo FeLV e a
apresentação de paralisia dos membros pélvicos sem o histórico de
trauma são compatíveis com esse diagnóstico (Spodnick et al., 1992). A
radiografia da coluna vertebral deve ser realizada, mas raramente
demonstra a lesão e a mielografia é bastante útil para localizar a lesão
espinhal (Moore e Ogilvie, 2001). O aspirado de medula óssea deve ser
solicitado mesmo em gatos sem alterações hematológicas, pois cerca
de 70% dos gatos com linfoma espinhal tem envolvimento da medula
óssea (Schmidt e Crystal, 2011). A vincristina pode ser usada em
protocolos quimioterápicos associada a outros fármacos, mas quando
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usada separadamente também demonstra atividade significativa pelo
aumento da sobrevida. Neste caso, não foi associada devido à grave
leucopenia por neutropenia que o paciente desenvolveu. Por ser
mielossupressiva, são necessárias avaliações hematológicas semanais
após a aplicação para a monitorização do tratamento (Moore e Ogilvie,
2001).
CONCLUSÃO
O linfoma localizado na medula espinhal de felinos é o diagnóstico
diferencial mais importante nos casos de paralisia de membros pélvicos
sem o histórico de trauma, principalmente quando associada à infecção
por FeLV. O prognóstico é desfavorável pela evolução rápida da
deterioração clínica e falta de resposta ao tratamento quimioterápico.
REFERÊNCIAS
MOORE, A.S.; OGILVIE, G.K. Lymphoma. In:____. Feline Oncology.
Section VI: Management of Specific Diseases. Veterinary Learning
Systems, 2001. Cap. 36., p.191-219.
SCHMIDT, B.R.; CRYSTAL, M.A. Lymphoma. In: NORSWORTHY, G.D.;
GRACE, S.F.; CRYSTAL, M.A.; TILLEY, L.P. The Feline Patient.
Section 1: Diseases and Conditions. 4 ed. Blackwell Publishing Ltd,
2011. Cap. 130., p.308-312.
SPODNICK, G.J.; BERG, J., MOORE, F.M.; COTTER, S.M. Spinal
lymphoma in cats: 21 cases (1976-1989). Journal of the American
Veterinary Medical Association, v.200(3), p.373-376. 1992
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