Neocontratualismo e democracia em Norberto Bobbio Marcelo Lira Silva (Graduando Ciências Sociais/Unesp-Marília) [email protected] Pretende-se discutir, a partir deste projeto, o conceito de democracia no século XX segundo as concepções do autor Norberto Bobbio, relacionando-as com o Liberalsocialismo, movimento político–intelectual italiano antifascista surgido nos anos 20, enquanto pathos ético, que adquiriu corpo conceitual e ideológico no pós-guerra–1945. Os intelectuais italianos do século XIX e início do XX tiveram a preocupação de discutir o Risorgimento, seu processo histórico e seus desdobramentos em exaustão, incluindo Norberto Bobbio, que esteve inserido neste contexto de debates. Assim, incumbiram-se de pensar a incompletude da Rivoluzione Risorgimentale que criou um Estado nacional, mas não foi capaz de gerá-lo como corpo político articulado. Isso devido à forma como ocorreu a unificação italiana, cujo processo, caracterizou-se por representar um rearranjo de forças entre oligarquias e burgueses, dando vida a uma coalizão conservadora que acabou por deixar de fora um novo elemento: o proletariado. Enquanto uma nova força política que surgira com o avanço da sociedade industrial, o proletariado foi ignorado pelo transformismo italiano que, por sua vez, criou um Estado-nação sem o povo. Partindo de Bobbio, a idéia de que o socialismo não era a antítese do liberalismo, mas, de certo modo, sua continuação e complemento, é o principal ponto de vista a partir do qual se colocava o liberal-socialismo italiano, fundado em uma concepção procedural de democracia e uma visão pluralista de mundo. O trabalho sustentar-se-á em dois planos conexos de leitura e exposição, o histórico concreto e o teórico-político, ou seja, com as concepções de Bobbio e suas formulações em torno da democracia e do liberalsocialismo. Encontramos, primeiramente, através de pesquisas bibliográficas e análise de artigos de Bobbio e de uma certa parte da intelectualidade italiana do período, uma tentativa de articulação de um projeto dialógico que potencializou uma fusão entre liberalismo e socialismo, em um determinado período histórico. Esse projeto caracterizou-se por buscar a consolidação e o respeito aos fundamentos básicos da democracia que se distinguia, por serem: liberdades civis e políticas, por parte dos liberais; igualdade e justiça social, por parte dos socialistas. Sendo Bobbio uma referência histórica e analítica de fundamental importância para o avanço e entendimento de tais questões. Liberalismo e Socialismo, no campo ideológico ou no campo da prática, caracterizam-se essencialmente por serem termos antitéticos. A idéia de que o socialismo não seja a antítese do liberalismo, mas, de certo modo, sua continuação e complemento, é o principal ponto de vista a partir do qual se coloca o liberal-socialismo italiano. Neste sentido, Bobbio utiliza o conceito de socialismo despido de ideologia, não no sentido revolucionário do marxismo clássico, mas no sentido de transformações graduais, de dar saltos qualitativos, através das mediações institucionais do próprio Estado de direito e da própria democracia burguesa. A democracia é entendida então, nem como meio nem como fim, mas como meio e como fim em si mesma, sendo ela própria responsável pela sua autoconservação e seu avanço. O socialismo aparece, nestes termos, como a realização do liberalismo, por meio da democratização de suas instituições nas mais diversas esferas da sociedade, e, conseqüentemente, não como uma alternativa marxista ao liberalismo, mas como uma alternativa não marxista deste. Neocontratualismo e democracia em Norberto Bobbio Marcelo Lira Silva1 Grupo de Trabalho: Estado, Democracia e Partidos Políticos. RESUMO: Pretendemos discutir, o conceito de democracia no século XX, segundo as concepções do autor Norberto Bobbio, relacionando-as com o Liberal-socialismo, movimento político–intelectual italiano antifascista surgido nos anos 20, enquanto “pathos ético”, que adquiriu corpo conceitual e ideológico no pós-guerra – 1945. Partindo de Bobbio, a idéia de que o socialismo não fosse a antítese do liberalismo, mas, de certo modo, sua continuação e complemento, é o principal ponto de vista a partir do qual se colocava o liberal-socialismo italiano. O socialismo aparece, nestes termos, como a realização do liberalismo e não como uma alternativa marxista. O trabalho que se inicia sustentar-se-á em dois planos conexos o investigativo, através da leitura e exposição, o histórico concreto e o teóricopolítico. Buscando estabelecer um vinculo entre a produção teórico-prática de Bobbio e a conjuntura sócio-histórico do declínio heurístico do Partido Comunista Italiano, enquanto alternativa a democracia burguesa. Para isso será necessário localizar a pedra angular de sua formação político-cultural, as circunstâncias históricas, os autores e a gênese de suas concepções teóricoprática. Trata-se aqui de se buscar fazer uma certa genealogia intelectual, política-cultural de Bobbio, naquilo que se refere à questão da democracia e do Estado e o debate que foi travado com os marxistas a partir disso, em que ele, Bobbio, introduz o conceito de liberal-socialismo fundamentado em uma visão pluralista e processual de democracia e da própria realidade. Ou seja, trata-se aqui de buscar explicitar os dois problemas levantados por Bobbio quanto à teoria de Marx: no primeiro Bobbio questiona se há uma teoria política no pensamento de Marx; já no segundo Bobbio questiona se há uma alternativa democrática ao modelo de democracia representativa. O movimento do pensamento bobbiano parece enveredar-se para o caudal das “esquerdas democráticas européias” como alternativa ao socialismo cientifico marxista. Sendo um dos elementos mais penetrantes do desenvolvimento do pensamento teórico-prático da democracia liberal no final do século XX. 1 Aluno de graduação do curso de Ciências Sociais, orientado pelo professor Dr. Marcos Tadeu Del Roio, da Faculdade de Filosofia e Ciências/campus de Marília – UNESP – Universidade Estadual Paulista/Júlio de Mesquita Filho. Bobbio aparece como um dos mais profícuos colaboradores do neocontratualismo. O fio condutor de Bobbio é a idéia de que democracia e socialismo são termos diametralmente opostos, ou seja, o autor italiano cria um paradoxo, no qual, sem democracia não haveria socialismo, mas com socialismo não haveria democracia. Os intelectuais italianos do final do século XIX e início do XX tiveram a preocupação de discutir o Risorgimento, seu processo histórico e seus desdobramentos em exaustão, incluindo Norberto Bobbio, que esteve inserido neste contexto de debates. Assim, incumbiram-se de pensar a incompletude da “Rivoluzione Risorgimentale”2 que criou um Estado nacional, mas não foi capaz de gerá-lo como corpo político articulado (RÊGO, 2001). Isso devido à forma como ocorreu a unificação italiana, cujo processo, segundo Rêgo (2001), caracterizou-se por representar um rearranjo de forças entre oligarquias sulistas e burgueses do norte da Itália, dando vida a uma coalizão conservadora que acabou por deixar de fora um novo elemento emergente: o proletariado. Enquanto uma nova força política que surgira com o avanço da sociedade industrial, o proletariado foi ignorado pelo “transformismo” italiano que, por sua vez, criou um Estado-nação sem o povo. A coluna mestra do liberal socialismo, Piero Gobetti (1923, Apud REGO, 2001), aponta para a aliança conservadora entre a nascente burguesia do norte e aristocracia sulista3. Tal constatação, que Gobetti (1923, p. 03 Apud REGO, 2001) chamou de insuficiências práticas do liberalismo, de que o Risorgimento não teria sido capaz de criar um “verdadeiro organismo unitário”, o levou a reconhecer, neste novo cenário político italiano, novos atores sociais potencialmente capazes de criar um Estado italiano moderno, laico e democrático: O liberalismo não soube fazer as contas com o movimento operário, que se tornou herdeiro natural da função libertária, exercida até então pela burguesia. Além do mais, não elaborou conceitos sobre os mais importantes fenômenos da vida política, a luta de classes e a formação histórica dos partidos (p.72) 2 “[...] processo de formação das condições e das relações internacionais que permitiram à Itália unir-se em nação e as forças nacionais desenvolverem-se e expandirem-se, não devem ser buscadas neste ou naquele evento concreto registrado numa ou noutra data, mas precisamente no mesmo processo histórico pelo qual o conjunto do sistema europeu se transforma. Mas, este processo não é independente dos eventos internos da península e das forças que nela se localizam” (GRAMSCI, 2002 p.17). 3 Segundo Rego (2001), Gobetti foi caracterizado por seus contemporâneos, como “liberal progressista”, morto pelo fascismo muito jovem, tal como Antônio Gramsci (2002), e influenciou toda uma geração de intelectuais italianos, inclusive Norberto Bobbio. Nesse sentido, para Piero Gobetti (1923), o movimento operário havia se tornado herdeiro legítimo das transformações sociais e de uma via democrática modernizadora do Estado italiano. Desse modo, este reconhecimento de um liberal, Gobetti, serviu de elemento enraizador do diálogo e do pacto virtuoso que se formara a partir de então, de partes em que, em tempos de vitalidade democrática e liberdade, colocar-se-iam diametralmente em lados opostos. O liberal-socialismo nasce, então, como um princípio republicano, em oposição ao regime fascista, buscando superar a unilateralidade tanto do liberalismo quanto do “Socialismo de Estado” soviético – “[...] produto de uma ‘revolução passiva’, no qual não havia propriedade privada individual, mas havia, em contraparte, uma extração do valor excedente da produção que se generalizava num Estado autocrático relativamente autônomo e que procedia a distribuição e a circulação dos bens por meios burocráticos” (DEL ROIO, 2005, p.71) –, tendo como seus principais artífices Aldo Capitini, Guido Calagero, na própria Itália, e Carlo Rosselli, exilado na França, onde criou e organizou o movimento “Giustizia e Libertà”. A emergência dos regimes ditos “totalitários”4, nas décadas iniciais do século passado, tornou evidentes duas formas antagônicas de “autoritarismo” que, em nome da democracia, colocaram em xeque a própria democracia: de um lado, o Stalinismo; e, de outro, o Fascismo. O fascismo se afirmou como a negação tanto do liberalismo na política, enquanto ditadura, quanto do socialismo de Estado na economia, enquanto defesa da sociedade capitalista ameaçada pela Revolução Socialista em curso. Tais acontecimentos levaram a humanidade a pensar o renascimento das questões democráticas e rediscuti-las à exaustão, criando-se um terreno extremamente fértil para as discussões das práticas democráticas: duas formas distintas de pensar a sociedade, mas que se entrecruzaram em um determinado momento, que se caracterizou, essencialmente, pela falta de democracia. 4 “[...] na medida em que o fascismo ascendia no Ocidente passivo e o socialismo estatal se configurava como novo Oriente, a noção de totalitarismo se consolidou como representação do outro negativo da liberal-democracia e do Ocidente, elemento, ele mesmo, da crise da modernidade capitalista” (DEL ROIO, 1998, p.199). [...] a relação entre democracia e liberalismo: hoje, estamos habituados a usar a expressão liberal-democracia que até nos esquecemos que os liberais puros, desde o inicio do século, sempre consideraram a democracia (e, imaginem, a simples democracia formal), como uma estrada aberta em direção à perda de liberdade, à revolta das massas contra as elites, à vitória do homem-rebanho sobre os pastores dos povos, não diversamente como os democratas puros (os liberais democratas) consideram hoje, o socialismo (Bobbio, Qual Socialismo? p.64, 1983). A via democrática assinalada por Bobbio envereda pelo caminho do pacto entre burguesia e proletariado, na qual, as partes sempre buscam privilegiar a repactuação em momentos de crises. Desta maneira o socialismo proposto por Bobbio só seria possível em uma perspectiva Revisionista5, na qual, somente com o avanço do liberalismo se constituiria o socialismo de uma maneira harmônica. As liberdades individuais e os direitos políticos, em Bobbio, são condição imprescindível para a realização humana e para o desenvolvimento da sociedade moderna e são a reafirmação destas, através das instituições democráticas do Estado de Direito, que empreendem resultados perenes, contínuos e cumulativos. Bobbio sugestiona ter sofrido grande influência de um dos grandes pensadores da escola clássica de economia política, John Stuart Mill, quando prefere fazer um convite constante ao consenso, a repactuação, a partir para o conflito. Busca assim como Mill buscou nos Capítulos sobre o socialismo uma combinação entre teorias, visões de mundo dicotômicas, ou seja, a conciliação entre liberalismo (Capital) e socialismo (Trabalho). Diferentemente de Marx, que afirma que para superar o modo de produção capitalista e toda a exploração e alienação gerada por este, seria necessário tomar capital e trabalho como forças antagônicas, contraditórias. [...] de forma que, se possível, quando o tempo tiver chegado, tudo o que neles esteja certo possa ser adotado, e tudo o que for errado possa ser rejeitado pelo consenso geral, e que, ao invés de um conflito hostil, físico ou apenas moral, entre o velho e o novo, as melhores partes dos dois possam ser combinadas num tecido social renovado” (Mill, p.41). A democracia liberal nos parece emanar em Bobbio como uma forma acabada de história, sendo apenas possível fazer pequenas reformas para 5 Ver “teoria da adaptação do capitalismo” de Bernstein IN:LUXEMBURGO, Rosa. Reforma ou revolução?. fazer avançar as próprias instituições democráticas burguesa. Todavia, Bobbio parece negligenciar o fato de que a democracia tem um principio isonômico apenas na esfera formal, no plano do ideal. Pois na esfera da sociedade civil os conflitos e as contradições se explicitam nas mais diversas organizações sociais. Assim como Robert Michels (p137-8), Bobbio parece acreditar que: [...] Cada vez mais persuadida de que essa guerra só poderá terminar com sua própria derrota, a burguesia recua com horror diante das ruínas que irá cumular. Sente necessidade de descanso, de renovação, de idealismo e quando essa necessidade tiver alcançado o paroxismo, o que é quase fatal, ela se passará de armas e bagagens para o lado inimigo. O triunfo do proletariado realizar-se-á, assim sem derramamento de sangue, sem violência de qualquer espécie, unicamente porque a classe operária terá sabido se impor pela superioridade moral, pela promessa de um futuro fecundo, feito de bondade e justiça que ela traz ao mundo. Os ideólogos da democracia burguesa reclamavam a Marx, o fato de ele, juntamente com Engels, terem pensado a extinção do Estado burguês, mas não terem pensado, aquilo que eles denominaram de “Estado de Transição”. Este tema será o que permeara todo o debate entre a esquerda adepta do socialismo cientifico marxista, que viam os trabalhadores como sujeito histórico da transformação; e a esquerda revisionista européia que tinha como fundamento à democracia liberal e o avanço inexorável de suas instituições, ditas democráticas, para o avanço ao socialismo – [...] “o ponto de partida de Bernstein estava nas filosofias neo-kantianas que permitiam encarar o socialismo como imperativo ético ditado pela razão e não uma possibilidade do contraditório desenvolvimento do real, do qual a subjetividade humana é elemento imprescindível” (DEL ROIO, 1998, p.180).. Para estes autores Marx e Engels não foram capazes de pensar uma teoria do Estado Socialista que substituísse de forma democrática o Estado de Direito burguês, e aqui se encontrava o calcanhar de Aquiles da teoria de Marx e Engels. Em 1973 o PCI em pleno vigor e com grande vitalidade opta por lançar candidato próprio ao governo, pactuando, através do “compromisso histórico” com a Democracia Cristã. [...] forma de “grande coalizão” para enfrentar os graves problemas derivados da interrupção do desenvolvimento econômico, e outros, ainda mais graves, ligados à crise de legitimidade das instituições democráticas, revelada com a explosão do terrorismo, inicialmente de direita e depois de esquerda; ou como uma forma de “democracia consociada”, compreendida como única forma de governo eficaz em um país lacerado por grandes fraturas históricas entre classe e classe, entre norte industrializado e sul ainda, em parte, subdesenvolvido (Bobbio, 1983, p.8). As limitações estratégicas deste momento histórico específico impuseram ao PCI uma pesada derrota que o levou a degenerar-se ideologicamente, passando a defender então a democracia burguesa e não mais a construção de uma nova sociedade, em oposição ao capitalismo, ou seja, o socialismo. Forçado a abrir mão de seus ideais históricos, encontrandose circunstancialmente limitado pela objetividade histórica, desencadeia-se um refluxo paulatino, que acabara por colocar fim, em 1991, a 70 anos de luta, com a dissolução do partido. A disputa política-ideológica pela hegemonia, juntamente com os debates em torno da democracia e do socialismo, ganhou outra dimensão, na qual, Bobbio, que era um dos intelectuais mais influentes do período, que debatiam as questões da democracia relacionada com o socialismo, contra a intelectualidade marxista, saiu-se vitorioso. O neocontratualismo proposto por Bobbio colocar-se-ia como única dimensão explicativa da realidade, além de colocar-se como única alternativa à democracia. O socialismo ganha, a partir de então, uma exterioridade antagônica às liberdades democráticas. Todavia, Bobbio escamoteia o fato de que, de fato, os marxistas não estavam preocupados em pensar, nem propor alternativas a ordem burguesa, por estarem ligados a uma outra teleologia política-cultural que visava a ruptura com a realidade efetiva das coisas, ou seja, com a democracia burguesa. Por um lado à nova estratégia política adotada pelo PCI, que quase o possibilitou a ascensão ao governo, chegando quase a derrotar a DC nas eleições de 1975. Acabou por outro lado, colocando em xeque toda sua história, de negação da democracia representativa burguesa como forma viável de democracia. Foi neste contexto paradoxal do PCI, de apogeu e ao mesmo tempo de declínio, que se reacendeu o debate em torno da democracia e do socialismo, como possibilidades que se excluíam mutuamente. Segundo Bobbio (1983) o debate travado tinha como núcleo três temas fundamentais: O primeiro, colocara em pauta a razão pela qual nem Marx nem seus sucessores tiveram a preocupação de pensar uma teoria do estado socialista; Já o segundo, questionava qual seria a alternativa de democracia marxista ao “estado democrático de direito”; O terceiro, e último ponto, questionava, se seria possível conciliar democracia e socialismo em um mesmo quadro teórico-prático de organização política. Entre as razões para, aquilo que Bobbio denomina deficiência, ou seja, a ausência de uma teoria política marxista, ou melhor, uma teoria do estado socialista, está a questão do poder. Para Bobbio os marxistas estavam: [...] mais interessados nos problemas inerentes aos meios pelos quais se conquista o poder e não aos meios com os quais o poder será exercido depois da conquista. Por teoria do estado compreende-se, geralmente, o estudo das instituições através das quais o poder é exercido. E a instituição à qual é delegada a função de providenciar e organizar todos os meios para se chegar ao fim primeiro, a conquista do poder político, é, nos estados modernos, o partido (Bobbio, 1983, Qual socialismo? p.24). Para Bobbio, os marxistas dedicaram-se em pensar em demasia o partido como um meio para se chegar ao poder, e se esqueceram, de maneira arbitraria, de pensar o estado e as instituições que o compõem. Bobbio encara o debate com os marxistas, a partir de duas vertentes: por um lado à relação entre espontaneismo e organização e por outro a relação entre partido e classes sociais. Ambas as relações são vistas por Bobbio como, táticas e estratégicas, formas que não dizem respeito à estrutura das instituições estatais, porque não dizem respeito ao poder constituído e sim ao momento transitório do estado. Neste sentido Bobbio não vê diferenças significativas entre socialistas reformistas e revolucionários. Pois em ambos os casos, a única contribuição palpável para a teoria política seria a do partidoorganização que propiciou, diversas analises. Bobbio faz uma distinção analítica, entre o momento da conquista e o momento do exercício do poder, diferenciando as posições dos pensadores adeptos da tese revolucionária, diga-se, os marxistas, e os adeptos da transição sem fraturas profundas no corpo social, de forma gradual e lenta, ou seja, os revisionistas e os defensores da democracia liberal burguesa, como é o caso de Bobbio. [...] Quem se coloca de um ponto de vista reformista, vê no atual sistema político, na democracia parlamentar, somente um meio, o mais idôneo, para transformar a sociedade no sentido socialista: evidente que para esta pessoa o problema fundamental não é tanto o meio, mas os fins, isto é, os processos, adotados no âmbito das atuais instituições (que estão bem assim como são, aliás são o que de melhor o movimento operário poderia desejar), através dos quais se poderia introduzir na sociedade civil modificações que permitam a passagem de uma sociedade capitalista [...] quem assume um comportamento revolucionário, ou seja, quem não crê na possibilidade de se transformar em profundidade a sociedade civil servindo-se das instituições da democracia parlamentar, é obrigado a concentrar a própria reflexão não tanto no fim último mas no meio alternativo [...] para atingir o primeiro e necessário objetivo, que é aquele da tomada estatal, e adiar para depois da vitória [...] os problemas da organização estatal (Bobbio, 1983, p.26). Bobbio questiona também o fato de os marxistas considerarem o estado socialista, ou melhor, a ditadura do proletariado como algo que tende a extinguir-se, ou seja, como algo transitório. Bobbio vê de maneira paradoxal a relação entre estado e ditadura do proletariado. Sendo que, [...] o pensamento político marxista se ocupou muito mais da extinção do estado em geral, que da construção de um estado socialista, mesmo tendo sido por ele considerado, ao contrario dos anarquistas, necessário (Bobbio, 1983, p.27). Bobbio analisa o deperecimento do estado socialista como algo falso, já que se constitui um paradoxo pensar um estado, no caso o socialista, que se funda e incumbi-se de realizar a tarefa histórica de destruir-se a si mesmo. Bobbio argumenta que a tarefa histórica dos estados socialistas, constituídos até então, tem sido a de tornarem-se estados-partidos. Ou seja, o partido de forma unilateral, tem assumido a forma de um poder estatal, que adquiri todas as funções e poder de decisões que continha o parlamento e os demais poderes da democracia liberal burguesa. Sendo assim Bobbio vê como falsa a idéia de que o estado e o partido, ou melhor, o estado-partido tende a perecer, já que ele se reafirma constantemente como forma monopolizadora do poder estatal. Bobbio salienta que em um estado socialista existirão os mesmos limites e problemas enfrentados em uma democracia capitalista, deste modo cabe ao escritor democrático atentar-se para três requisitos fundamentais em qualquer governo democrático, sejam eles: participação, controle e liberdade de dissenso. O primeiro princípio, o da participação, ainda que em uma democracia socialista permanecerá, pois em sociedades complexas como a atual não há possibilidades de se pensar uma democracia direta. Sendo assim o problema da participação dependera do avanço das instituições democráticas criadas para sua realização efetiva e genuína. O segundo princípio, o do controle, coloca-se, em uma democracia socialista, como um problema não apenas de como o poder é exercido, mas de que maneira e forma ele é controlado e quem o controla; O terceiro e último fundamento, ou melhor, princípio, o da liberdade de dissenso, é um problema que qualquer democracia tem que enfrentar, mesmo em uma democracia sem classes e que os marxistas não se ocuparam em refletir. Bobbio acredita que se para fundar um estado socialista é difícil, para constituir um estado democrático o é ainda mais. Bobbio defende outro princípio como limitador de uma teoria socialista de estado, aquilo que ele designa como princípio de autoridade. Sendo que, segundo o pensador italiano, os marxistas deveriam preocupar-se menos em estudar o pensamento de Marx e dos marxistas mais influentes, como é o caso de Lênin, Gramsci, Lúkacs, Rosa Luxemburgo, e tratarem com maior rigor e importância analítico-cientifica a sociedade contemporânea, analisando as instituições políticas-sociais, seu funcionamento e dinamismo. A partir desta leitura é que Bobbio afirmara que nunca houve uma teoria do Estado Socialista, questionando, qual seria a teleologia de democracia indicada pelos marxistas/comunistas como alternativa a democracia representativa liberal. Bobbio (1975, p.24-31) indica três causas para a inexistência de uma teoria marxista do Estado: A primeira delas, segundo ele, como já foi levantada em outra parte do texto, está ligada à descomunal preocupação, por parte dos pensadores marxistas, da conquista do poder, neste sentido haveria uma preocupação demasiada com o partido, ao invés de preocuparem-se com o Estado, e as instituições da democracia liberal que o compõe; A segunda realça o fato, de que o marxismo encara o Estado como algo transitório, após a conquista do poder; A terceira e última causa, o que Bobbio denomina como, princípio da autoridade. Em que há uma presumível prática, por parte dos marxistas, de não estudar a realidade concreta e efetiva das coisas, ou seja, o Estado liberal democrático de direito e as instituições políticas nas mais diversas esferas da vida humana, mas sim o pensamento filosófico de Marx e dos marxistas. Ao mesmo tempo em que Bobbio (1975, p.44) não nega a teoria marxiana, pelo menos a priori, cria um paradoxo a partir dela, na qual, com socialismo não haveria democracia, mas sem democracia não haveria socialismo. [...] o método democrático, como é praticado no sistema capitalista não parece permitir a transformação do sistema, isto é, a passagem do sistema capitalista ao socialista. Se a experiência histórica nos mostrou, até agora, que um sistema socialista surgido de modo não democrático [...], não se consegue transformar-se em sistema político democrático, também nos mostrou que um sistema capitalista não se transforma em socialismo democraticamente, isto é, através do uso de todos os expedientes de participação, de controle e liberdade de dissenso, que as regras do jogo democrático permitem. O ponto Máximo atingido até hoje pelos Estados social-democratas foi o Welfare State, não o Estado Socialista. O que faz com que nos encontremos, hoje, frente a uma situação que pode ser resumida, um pouco drasticamente, nos seguintes termos: ou capitalista com democracia ou socialismo sem democracia [...]. Quando, diante desta alternativa, se coloca a questão: é possível socialismo sem democracia, nos defrontamos com esta contradição que é a verdadeira pedra no caminho da democracia socialista [...]: através do método democrático, o socialismo é inatingível; mas o socialismo por via não democrática não consegue encontrar a estrada para a passagem de um regime de ditadura a um regime de democracia. Nos estados capitalistas, o método democrático, mesmo nas suas melhores aplicações, fecha a estrada para o socialismo; nos estados socialistas, a concentração de poderes a partir de uma direção unificada da economia torna extremamente difícil a introdução do método democrático (Bobbio, 1987, p.33-4). Neste sentido, a potencialização da emancipação humana colocar-se-á como “telos” possível, somente com a reafirmação e o reforço das instituições políticas da própria democracia liberal, e não através da negação destas. As perguntas que resistem, portanto, são: será que, nos termos postos por Bobbio, não se coloca uma superação da democracia burguesa, uma vez que não se propõe uma negação de tal corpo teórico-prático? Será que Bobbio não se afasta dos ideais socialistas, firmado no pacto liberal-socialista, que deu sustentação ao compromisso histórico da república democrática italiana? Neste sentido, Bobbio não estaria inserido no campo social-democrata reformista das esquerdas européia, passando a representar não uma alternativa ao Capital, mas uma alternativa do Capital? Nos parece, a partir das leituras realizadas até o momento, que o modo de produção capitalista não é visto por Bobbio como uma fase historicamente transitória de desenvolvimento, mas como a forma absoluta e definitiva da produção social. Nestes termos é possível que nos questionemos se não há uma espécie de teoria do fim da história, nos princípios defendidos por Bobbio. Nos parece que Bobbio afirma-se através dos princípios da democracia burguesa, portanto, coloca-se como um ideólogo reformista e humanitário, incapaz de se libertar de suas raízes fincadas na democracia liberal burguesa. Podemos dizer assim, que Bobbio faz parte da decadência histórica da teoria filosófica, fazendo parte umbilicalmente dos ideólogos burgueses, que não se preocupam em compreender a realidade, mas, e fundamentalmente, reafirmala. Na teoria defendida por Bobbio, o Estado parece assumir a aparência de uma instituição que paira sobre a sociedade, ocultando as formas objetivas de determinadas classes. Escamoteado a tese defendida por Marx de que, a única classe que teria interesse em desvendar estas contradições postas na realidade, seria a classe trabalhadora. Na concepção marxista, os trabalhadores assumiriam seu papel histórico de herdeiros da filosofia alemã, ou seja, de transformadores da realidade, já que são estes quem sofrem as agruras das contradições que se explicitam de forma latente no capitalismo. Ora, a classe trabalhadora não foi escolhida aleatoriamente por Marx como transformadora. Foram às condições objetivas materiais da realidade que o fez constatar. Portanto, a contradição que aponta para a classe trabalhadora como classe potencialmente revolucionária não está na análise de Marx, mas na própria realidade. Que Marx apenas constata. Enquanto que para Marx são as condições materiais-objetivas que vão explicar a forma democracia e suas implicações política, econômica, social e culturalmente. Para Bobbio são as idéias que a explicam e a transforma. A democracia assim como o Estado bobbiano parece pairar sobre a sociedade, ganha uma certa autonomia em relação a demais esferas da sociedade, como se ambos não fosse constituídos de múltiplas determinações. Bobbio acredita que o conceito de democracia, apesar de ser encarado de maneira diversa, dependendo de quem e como o analisa, carrega um significado comum em todas as interpretações, ou seja, o fato de se entender por democracia essencialmente a constituição pactuada de um conjunto de regras, aquilo que Bobbio denomina de as “regras do jogo”. Que ele as caracteriza da seguinte forma: As regras são de cima para baixo, as seguintes: a) todos os cidadãos que tenham atingido a maioridade, sem distinção de raça, religião, condições econômicas, sexo, etc..., devem gozar dos direitos políticos, isto é, do direito de exprimir com o voto à própria opinião e/ou eleger quem a exprima por ele; b) o voto de todos os cidadãos deve ter peso idêntico isto é, deve valer por um; c) todos os cidadãos que gozam dos direitos políticos devem ser livres de votar segundo a própria opinião, formando o mais livremente possível, isto é, em uma livre concorrência entre grupos políticos organizados, que competem entre si para reunir reivindicações e transforma-las em deliberações coletivas; d) devem ser livres ainda no sentido em que devem ser colocados em condição de terem reais alternativas, isto é, de escolher entre soluções diversas; e) para as deliberações coletivas como para as eleições dos representantes deve valer o princípio da maioria numérica, ainda que possa estabelecer diversas formas de maioria (relativa, absoluta, qualificada), em determinadas circunstancias previamente estabelecidas; f) nenhuma decisão tomada pela maioria deve limitar os direitos da minoria, em modo particular o direito de tornar-se, em condições de igualdade, maioria” (Bobbio, Qual socialismo? 1983, p.56). As regras relacionadas acima por Bobbio demonstram o arquétipo de democracia traçado pelo autor, de modo que, qualquer Estado6 que se pretenda democrático deve incorporar em seu corpo sistêmico todas estas regras, sendo que, na ausência de apenas uma delas o Estado deixaria de ser entendido enquanto democrático. Democracia aqui é entendia enquanto “[...] conjunto de regras processuais destinadas a obter certos resultados, dos quais o mais importante é a aprovação de decisões que interessam a toda a coletividade...” (Bobbio, 1983, p.57). Ou seja, segundo os princípios de Bobbio, a espinha dorsal de uma democracia, seja ela qual for, encontra-se nas regras da maioria. Bobbio ainda argumenta que sem duvida a democracia direta, defendida por Rousseau, como forma ideal e perfeita de governo é a mais completa. Todavia, o pensador italiano replica a tese de Rousseau, dizendo que a democracia direta grega, realizada na Ágora, era um regime adaptado, passível de ser implantado apenas em pequenos estados. É neste sentido que Bobbio afirma com veemência a impossibilidade de uma democracia direta em nossa sociedade, já que os estados crescem cada vez mais, e estruturam-se em formas complexas. Segundo Bobbio, o paradoxo primeiro da democracia representativa parlamentar, contraposta à democracia direta ateniense, encontra-se no fato de que, a democracia representativa tem como ponto nodal, a necessidade de exigir continuamente mais democracia em condições adversas. Sendo o papel mais difícil a se realizar na democracia moderna, o de fazer com que se 6 [...] o Estado consiste em uma relação de dominação do homem sobre o homem, fundada no instrumento da violência legitima [...] O Estado só pode existir, portanto, sob condição de que os homens dominados se submetam à autoridade continuamente reivindicada pelos dominadores” (Weber, Ciência e Política: duas vocações, 2004, p.57). cumpra às regras do jogo democráticas, pactuadas, nas grandes organizações que tendem a se expandirem. O segundo paradoxo, apontado por Bobbio, encontra-se no fato de que o estado moderno não cresceu apenas em tamanho, não é um crescimento apenas quantitativo, também o é um crescimento qualitativo. Já que se desenvolveram outras instituições no corpo do estado, aumentando suas funções. Sendo que tais funções foram resolvidas através do crescimento do aparelho burocrático hierarquizado, ou seja, não democrático. Desta forma criase e amplia-se, pouco a pouco, e Bobbio reconhece este fator, um estado racional-legal que aprisiona o indivíduo, como bem previu Weber, naquilo que ele denomina de “jaula de aço”. Há aqui um crescimento paralelo entre um estado democrático que se expande historicamente, que estende a emancipação política a grupos antes excluídos, ao mesmo tempo em que há a ampliação de um estado burocratizado que aprisiona o cidadão, nas mais diversas esferas da sociedade. Bobbio acredita que a ampliação da democracia e o surgimento do socialismo, como expansão da democracia, são fenômenos sociais que carregam junto consigo a necessidade da burocracia. Daí Bobbio cobrar uma teoria do estado socialista de Marx e dos marxistas, pelo fato, constatado por ele, de que a necessidade de mais democracia, ou de um estado socialista, como expressão da ampliação da democracia, necessita, naturalmente, de um grande aparato burocrático, que cresce analogamente a democracia. O terceiro paradoxo, apontado por Bobbio, encontra-se no âmago da sociedade industrial, ou seja, o fenômeno criado pelo Capital, em que há uma necessidade de se criar especialistas. Desta forma, o pensamento técnico acaba se alastrando por todas as instituições governamentais, como melhor forma de governo. Esta expansão da tecnocracia7 acaba por coibir o avanço da democracia nas mais diversas esferas da sociedade. Ora, democracia e tecnocracia são dimensões que se negam reciprocamente, pelo fato de o desenvolvimento de uma anular a outra. Esta anulação é colocada como um paradoxo por Bobbio. Pois somente na sociedade industrial os indivíduos 7 [...] A tecnocracia é o governo dos especialistas, isto é, daqueles que sabem uma só coisa, mas sabem, ou deveriam saber bem; a democracia é o governo de todos, isto é, daqueles que deveriam decidir não com base na competência, mas com base na própria experiência”(Bobbio, Qual socialismo? 1983, p.61) conseguiram emanciparem-se politicamente, através do ideário liberal, que se saiu vitorioso através das revoluções burguesas e o avanço do capitalismo. Todavia, ao mesmo tempo em que se deu o avanço da democracia burguesa, como forma libertadora do indivíduo, se deu também seu aprisionamento através do avanço avassalador da tecnocracia burocrática, na qual, o cidadão deixa de governar e transfere seus direitos aos especialistas. A democracia assim é negada, pelo fato de não estarmos mais diante do poder que emana do povo, baseado em sua cultura política, e sim naquilo que pensa o especialista ser o melhor para a sociedade. O cidadão perde aqui a sua soberania de decisão, paralelamente perde o status de cidadão, pois o status de cidadão é sugerido como a sua competência em identificar as necessidades sociais e agir politicamente para que elas se tornem viáveis. Sendo assim, a própria democracia deixa de ser democracia, pelo fato de que as decisões assumem um caráter técnico, negando seu caráter essencialmente político. Bibliografia BOBBIO, Norberto (1986 a). O Futuro da Democracia: uma defesa das regras do jogo. Trad. Marco Aurélio Nogueira. Rio de Janeiro: Paz e Terra. ___. (2000) Teoria Geral da política: a filosofia política e as lições dos clássicos. Trad. Daniela Beccaccia Versiani. Rio de Janeiro: Elsevier. ___. (1995) Direita e Esquerda: razões e significados de uma distinção política. Trad. Marco Aurélio Nogueira. São Paulo: Unesp. ___. (1990) Liberalismo e Democracia. Trad. Marco Aurélio Nogueira. 3. ed. São Paulo: Brasiliense. ___. (1979) O marxismo e o Estado. Trad. 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