câncer de próstata: nível de conhecimento da população masculina

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III JORNADA Científica e
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CÂNCER DE PRÓSTATA: NÍVEL DE CONHECIMENTO DA POPULAÇÃO
MASCULINA COM FAIXA ETÁRIA ACIMA DE 40 ANOS, DA FEIRA LIVRE
DO MUNICÍPIO DE BARREIRAS – BA.
Caroline Carvalho Rodrigues, IFBA
[email protected]
¹
Gabriele de Menezes Pereira, IFBA¹
[email protected]
1
Wanderly dos Santos Novaes Frota, IFBA
[email protected]
¹
Yasmin Cruz Lopes, IFBA
[email protected]
Luíz Fernando Souza Almeida, IFBA²
[email protected]
A incidência do câncer de próstata aumentou de forma explosiva nos últimos
anos, representando, atualmente, o câncer que mais frequentemente acomete o
homem. Sua prevalência eleva com a idade atingindo aproximadamente 50 % dos
indivíduos com 80 anos, segundo dados descritos pelo Instituto Nacional do
Câncer/INCA (2010). Todavia, sua evolução é lenta e a grande maioria de seus
portadores acaba por falecer de outros motivos que não o câncer de próstata.
A busca do diagnóstico precoce, visando um tratamento curativo imediato,
assume fundamental importância e deve ser realizada através de exame preventivo
anual, em todos os homens a partir de 40 anos de idade, independente de
apresentarem ou não sintomas. Naqueles que possuem história de incidência de câncer
de próstata na família,
ou seja, já possui um dos fatores de risco que o hereditário, o exame preventivo deverá
ser iniciado obrigatoriamente aos 40 anos, conforme o INCA (2010).
Para tanto, a próstata, de acordo com Antare (2002) é um órgão glandular que produz
uma substância que, juntamente com a secreção da vesícula seminal e os
espermatozóides produzidos nos testículos, vai formar o sêmem ou esperma.
1
2
Discentes da 3° série do curso Técnico em Processamento de Alimentos e Bebidas.
Biólogo, especialista em Saneamento Ambiental e docente do curso Técnico em Processamento de
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Alimentos e Bebidas.
Está localizada abaixo da bexiga e pode ser sede de dois processos distintos: o
primeiro é o crescimento benigno, chamando de hiperplasia, que acomete quase
90% dos homens após os 40 anos e que produz dificuldade para a eliminação da
urina. O segundo é o câncer de próstata, que surge associado ou não ao
crescimento
benigno
e
que
se manifesta quase sempre depois que os homens
completam 50 anos.
Fonte: http://www.inca.gov.br/conteudo_view.asp?ID=129
Vale ressaltar que devido ao seu posicionamento interno no corpo do homem, tornase difícil o diagnóstico de qualquer anormalidade. O exame mais indicado é o do
toque retal, por onde pode-se ter contato com a glândula. No Exame Físico, é
imprescindível o toque retal uma vez que fornece informações sobre o volume,
consistência, presença de irregularidades, limites, sensibilidade e mobilidade da
próstata. É o exame digital da próstata sendo o método mais antigo, mais barato e
ainda o mais usado para levantar suspeitas de câncer de próstata (ROEN, 1973).
Fonte: http://www.biocientista.com/wp-content/uploads/2008/11/prostata1.jpg
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Por conta disso, define-se como objetivo do estudo conhecer o nível de informação dos
homens acima de 40 anos que frequentam a feira livre, a cerca do câncer de próstata no
município de Barreiras-BA.
Os fatores de risco para câncer de próstata, assim como em outros cânceres, são a idade
que é um fator de risco importante, uma vez que tanto a incidência como a mortalidade
aumentam exponencialmente após a idade de 50 anos. História familiar de pai ou irmão
com câncer da próstata antes dos 60 anos de idade pode aumentar o risco de câncer em
3 a 10 vezes em relação à população em geral, podendo refletir tanto fatores hereditários
quanto hábitos alimentares ou estilo de vida de risco de algumas famílias
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010).
A influência que a dieta pode exercer sobre a gênese do câncer como descreve o Ministério da Saúde (2010), ainda é incerta, não sendo conhecidos os exatos componentes ou
através de quais mecanismos estes poderiam estar influenciando o desenvolvimento do
câncer da próstata. Contudo, já está comprovado que uma dieta rica em frutas, verduras,
legumes, grãos e cereais integrais, e com menos gordura, principalmente as de origem
animal, não só pode ajudar a diminuir o risco de câncer, pois reduz a produção da testosterona que é o hormônio combustível à neoplasia, como também de outras doenças
crônicas não transmissíveis.
Diante do exposto, Duncan (2004) explica que o câncer da próstata em sua fase inicial
tem uma evolução silenciosa. Muitos pacientes não apresentam nenhum sintoma
ou, quando apresentam, são semelhantes ao crescimento benigno da próstata
(dificuldade miccional, frequência urinária aumentada durante o dia ou à noite,
ardência ao urinar, diminuição da força e calibre do jato urinário, sensação
de não ter esvaziado completamente a bexiga após urinar, urinar em dois tempos,
desejo imperioso de urinar, urina sanguinolenta, gotejamento acentuado no final da
micção, diminuição do volume do ejaculado, incapacidade de urinar espontaneamente
(retenção urinária), entre outros. Uma
fase
avançada
da
doença
pode
ser
caracterizada por um quadro de dor óssea, sintomas urinários ou, quando mais
grave, como infecções generalizadas ou insuficiência renal (DUNCAN, 2004).
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No que se refere ao diagnóstico do câncer de próstata como já foi citado anteriormente,
é feito pelo exame clínico (toque retal) onde o homem deve curvar-se sobre uma mesa
ou deitar de lado segurando os joelhos perto do peito. O médico insere um dedo com
luva lubrificada dentro do reto e sente a parte da próstata que está ao seu lado
(GOLDMAN; AUSIELLO, 2005).
O
exame
do
toque
retal
informa
ao
médico
se
a
próstata
apresenta
inchaços, irregularidades, pontos macios ou duros que necessitam de exames
adicionais. Se houver suspeita de infecção na próstata, o médico pode massageá-la
durante o exame do toque retal para obter fluidos para serem examinados sob
microscópio e também pela dosagem do antígeno prostático específico (PSA, sigla em
inglês), que podem sugerir a existência da doença e indicarem a realização de ultrasonografia pélvica (ou prostática transretal) para verificar a saúde da bexiga e
próstata conforme Goldman; Ausiello, (2005). Há dois métodos para realizar a
ultra-sonografia pélvica: externamente ou internamente. A ultra-sonografia pélvica
interna é feita ou transvaginal (em mulheres)
ou transretal (em homens). Esta ultra-sonografia, por sua vez, poderá mostrar a
necessidade de se realizar a biópsia prostática transretal que é a retirada de uma amostra
de tecido de várias partes da próstata para confirmar a doença e saber em que estágio ela
se encontra (INCA, 2010).
Dessa maneira, o tratamento do câncer da próstata depende do estagiamento
clínico. Para doença localizada, cirurgia, radioterapia e até mesmo uma observação
vigilante (em algumas situações especiais) podem ser oferecidos. Para doença
localmente avançada, radioterapia ou cirurgia em combinação com tratamento
hormonal têm sido utilizados. Para doença metastática, o tratamento definido é
hormonioterapia. A escolha
do tratamento mais adequado deve ser individualizada e definida após discutir os riscos
e benefícios do tratamento com o profissional médico (ROEN, 1973).
Com novos casos ocorridos por ano no Brasil, o Ministério da Saúde (2010), relata que
o câncer de próstata é a neoplasia mais comum entre os homens, depois dos tumores de
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pele. Dos 200 tipos de câncer, o de próstata está entre os mais curáveis desde que, frisese, seja descoberto em fases iniciais. Por isso, a atitude dos pacientes é tão
essencial quanto as mais avançadas técnicas de diagnóstico.
O presente estudo utilizou como metodologia a natureza exploratória, com abordagem
quantitativa, sendo que para a coleta de dados foram aplicados formulários no ano em
que se segue. Os instrumentos foram compostos por 12 questões. Os sujeitos do estudo
foram homens acima de 40 anos da feira livre de Barreiras-BA, totalizando 100
pesquisados, selecionados aleatoriamente. Realizou-se visita a um profissional médico
urologista, para enriquecimento dos conhecimentos, além de registros fotográficos dos
pesquisados. Foi realizado o estudo-piloto com a primeira etapa do formulário
para validar o instrumento e estabelecer a redação definitiva.
Durante a coleta, análise e utilização dos dados manteve-se respeito aos aspectos éticos
de acordo com a Resolução nº 196/96, do Conselho Nacional de Saúde, que
coloca aspectos importantes quanto a defesa dos direitos humanos dos sujeitos
envolvidos na pesquisa, segundo Fortes (1998). Os valores foram agrupados e
tratados através da estatística descritiva. Em seguida, foram distribuídos em gráficos
e analisados à luz de multireferencias.
De acordo com os questionários aplicados na população alvo, foram levantados dados
em relação à faixa etária, no qual observou-se que 34% apresentavam de 40 a 50 anos
de idade, enquanto que 28% de 51 a 60 anos, 27% de 61 a 70 anos, 10% de 71 a 80 anos
e apenas 1% entre 81 a 90 anos.
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Gráfico 01 Percentual do Conhecimento da População Masculina da Feira Livre,
acima de 40 anos, segundo a Faixa Etária.
Fonte: Pesquisa de Campo, 2010.
No que se refere ao conhecimento do câncer de próstata, notou-se com o estudo que os
participantes sabem o que é o câncer de próstata, uma vez que teve uma predominância
de 76% que responderam sim, enquanto 24% disseram que não.
Gráfico 02 Percentual do Conhecimento da População Masculina da Feira Livre,
com Faixa Etária acima de 40 anos, segundo o Grau de Conhecimento acerca
do Câncer de Próstata.
Fonte: Pesquisa de Campo, 2010.
Nesta perspectiva, quando os pesquisados foram questionados se conheciam alguém que
tem ou que já teve o câncer de próstata e a idade desta pessoa, 64% relataram que sim,
estando numa faixa etária de 50 anos (20%), 60 anos (20%), 65 anos (13%) e (11%) não
souberam informar a idade; 34% responderam que não conhecem ninguém que tem ou
que já teve e 2% não respondeu.
No que diz respeito ao nível de informação dos participantes quanto aos sintomas
apresentados pelo homem com câncer de próstata 56% demonstraram não saber, para
43% que afirmaram conhecer e apenas 1% não respondeu.
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Gráfico 03 Percentual do Conhecimento da População Masculina da Feira Livre,
com Faixa Etária acima de 40 anos, segundo a Sintomatologia do Câncer de
Próstata.
Fonte: Pesquisa de Campo, 2010.
Em relação à idade que deve ser feito o exame para detectar o câncer de próstata, 85%
informaram que sabiam, sendo que as idades levantadas variaram de 30 a 60
anos, (48%) afirmaram com 40 anos, (18%) a partir de 40 anos, outros (13%) com 45
anos, (6%) com 50 anos. Enquanto, que 13% da população alvo não souberam descrever
e 2% não responderam.
Gráfico 04 Percentual do Conhecimento da População Masculina da Feira Livre,
com Faixa Etária acima de 40 anos, segundo a Idade de Realizar os Exames para
Detectar o Câncer de Próstata.
Fonte: Pesquisa de Campo, 2010.
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No que se refere a idade de realizar os exames para detectar o câncer de
próstata, constou-se que a grande maioria encontra-se esclarecida, e que a idade
relatada de 40 anos é a estabelecida pelos profissionais médicos urologistas,
estando conforme o exigido pelo o Ministério da Saúde (2010).
No que tange aos pesquisados que já fizeram os exames do câncer de próstata alguma
vez, 64% informaram que sim, enquanto, 36% afirmaram que não, devido
não apresentar sintomas (8%), falta de preocupação sobre a doença (4%), por
não ter nenhuma informação quanto à importância da prevenção do câncer de
próstata (2%), por falta de tempo para realizar o exame (2%), porque nunca
precisou (1%), porque nunca foi ao médico (1%), por fazer agora 40 anos (1%)
e (17%) não relataram o motivo.
Gráfico 05 Percentual do Conhecimento da População Masculina da Feira
Livre, com Faixa Etária acima de 40 anos, segundo a Realização dos Exames
Periódicos para Detectar o Câncer de Próstata.
Fonte: Pesquisa de Campo, 2010.
Quanto à sintomatologia urinária, foi questionado aos pesquisados se ao urinarem,
a urina saía normal ou sentiam dificuldades, (47%) não descreveram os sintomas,
(41%) afirmaram que saía normal, (7%) que algumas vezes, sentia ardência ao
urinar, (2%) informou que apresentava sintomas, mas já estava em tratamento,
outros
(2%)
sentia dificuldade ao urinar, após ingerir bebidas alcoólicas, (1%)
queixava-se de interrupção do jato urinário.
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Referente ao conhecimento sobre o exame, 65% citaram que sabem como é
feito. Destes, (51%) descreveram ser através do PSA e toque retal, (7%) ultra-som,
(3%) não descreveram, (1%) por laser, (1%) retirada da próstata, ainda (1%)
biópsia, (1%) por vergonha. Para tanto, 35% informaram que não sabem como é
realizado o exame. Contudo, verificou-se que 77% confirmaram que o câncer de
próstata tem cura, 22% que não tem cura e 1% não sabia informar. Assim, vale
ressaltar que durante a coleta de dados, percebeu-se que um número reduzido da
população pesquisada, chamava atenção para que a cura do câncer de próstata só
ocorresse apenas, quando tratado precocemente.
Gráfico 06 Percentual do Conhecimento da População Masculina da Feira Livre,
com Faixa Etária acima de 40 anos, segundo a Cura do Câncer de Próstata.
Fonte: Pesquisa de Campo, 2010.
Evidenciou-se, após a análise que a população masculina da área pesquisada, com faixa
etária acima de 40 anos, tem um conhecimento satisfatório sobre o que é o câncer de
próstata, uma vez que alegaram conhecer pessoas que tiveram está neoplasia ou que em
sua região já houve casos de óbitos referentes a esta doença. Porém, não estão
informados sobre os sintomas apresentados pelo indivíduo com câncer, sendo este um
ponto preocupante, pois a sintomatologia é um fator primordial para o diagnóstico na
fase inicial da doença, o que garante a prevenção.
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Por conta disso, foi notório que uma minoria dos pesquisados demonstravam-se
receosos para realizarem o exame do toque retal, já que afirmaram do
desconforto proporcionado pelo exame. Então, devido ao preconceito não se
submetem
ao procedimento clínico, apesar de muitos apresentarem sintomas
compatíveis com os do câncer da próstata. Vale ressaltar que a Sociedade Brasileira de
Urologia recomenda que
o exame do toque retal deva ser feito concomitante ao exame de sangue para dosar o
Antígeno Prostático Específico (PSA), tornando mais fidedigno o diagnóstico, ao
contrário, do que a população masculina relatou.
Logo, faz-se necessário uma atuação por parte das autoridades competentes, com
a criação de campanhas educativo-preventivas com o objetivo do diagnóstico
precoce, tratamento
mais
eficaz
e
mudança
no
comportamento
masculino,
uma vez que desmistificará os tabus referentes às formas de detecção da neoplasia,
alertando-os sem amedrontá-los para que realizem um tratamento que melhor atenda a
sua qualidade de vida e seu prolongamento.
Portanto, foi constatado que para a população pesquisada o câncer de próstata tem cura,
todavia, contrariando as expectativas, os dados do Instituto Nacional do Câncer /INCA
(2010) indicam que nos últimos 25 anos, os óbitos por câncer de próstata aumentaram
95%, relatando ser a desinformação e a resistência dos homens ao toque retal que
agravam o cenário da doença no Brasil e no mundo.
Referências:
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 10520: Norma para datar. Rio
de Janeiro, 2002.
ANTARE. Anatomia do Sistema Urinário. (2002). p. 01-20. Disponível em:
http://antares.ucpel.tche.br/histologiamedica/arquivos_word/cap18_sistema_urinario.
Acesso em: 19 de setembro de 2010. p. 08-20.
BRASIL. Ministério da Saúde. (2010). Câncer de Próstata. Disponível em:
http://www.inca.gov.br/conteudo_view.asp?ID=339. Acesso em 19 de setembro de
2010.
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Câncer de Próstata. Disponível em:
http://www.todabiologia.com/anatomia/prostata.htm. Acesso em: 03 de outubro de
2010.
DUNCAN, Bruce B.. Medicina Ambulatorial: Condutas de Atenção Primária
Baseadas em Evidências. 3ª edição. São Paulo: Artmed, 2004
FORTES, Pac. Ética e Saúde. São Paulo: EPU, 1998. p.05-200.
GOLDMAN, A.; AUSIELLO, D. Tratado de Medicina Interna. Tradução da 22ª
edição. Saunders. Vol. I. Rio de Janeiro: Cecil, 2005. p. 818-839
Programa de Educação a Distância de Medicina Familiar e Ambulatorial PROFAM - Entrega VII, Cap. 54, 2003, Ideo Gráfica, Argentina.
ROEN, Dr. Philip R. A saúde Sexual do Homem. 7º edição. Rio de Janeiro: Record,
1973.
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