AVALIAÇÃO DO PROGRAMA HIPERDIA NO EXTREMO NORTE DO PAÍS: NA PERCEPÇÃO DO USUÁRIO DA REDE Rodrigues, Lanna Jennifer Silva1 Barreto, Tarcia Millene de Almeida Costa2 Resumo O Brasil tem passado por transição epidemiológica, econômica e social, que pode ser visualizada pelo do crescente número de pessoas que vivem com doenças crônicas não transmissíveis, evidenciando a necessidade de implantação de políticas públicas de saúde que assistam esses indivíduos e suas famílias, que garantam manutenção da qualidade de vida. Diante disso, o Ministério da Saúde, no ano de 2002, criou o Programa de acompanhamento para hipertensos e diabéticos, denominado Hiperdia, cuja principal função é cadastrar e acompanhar essa população. Esse estudo teve como objetivos avaliar o funcionamento do programa Hiperdia, conhecer as ações de promoção à saúde desenvolvidas nas unidades básicas de saúde e as principais fragilidades do programa. Trata-se de uma pesquisa de corte transversal, de cunho quantitativo e descritivo. Na presente pesquisa foram visitadas 20 unidades básicas de saúde, durante o período de julho de 2015 a Maio de 2016, obtendo-se amostra de 115 participantes. Quanto ao perfil foi constatado que 68% dos entrevistados são do sexo feminino, com prevalência de idade entre as faixas etárias de 51 a 70 anos de idade (64%), quanto à ocupação 51% da totalidade afirmaram ser aposentados, 22% relataram ocupação domiciliar. Teve predomínio de renda menor ou igual a 1 salario mínimo ao mês. No que tange orientação sobre a utilização do(s) medicamento(s) 92% dos participantes afirmaram ter recebido informações, a respeito de quem orientou sobre o uso dos fármacos, os mais citados foram médico, enfermeiro e nutricionista, com as porcentagens de 82%, 3% e 2% na respectiva ordem. . Em relação ao profissional que mais realiza orientação sobre cuidados e controle, também acompanhamento, o médico aparece com a representatividade de 43%, seguido pelo agente comunitário de saúde (37%), e posteriormente o enfermeiro (11%), ficando o restante da porcentagem dividido entre outros profissionais. 89% dos entrevistados declararam não participar de grupos de apoio em suas unidades. Quando indagados acerca da participação em atividades de educação em saúde listadas no instrumento de coleta de dados 82% dos participantes relataram não participar de atividades, tais como palestras, atendimento em grupo entre outros. No tocante a avaliação de resultados após o acompanhamento pelo programa Hiperdia 51% consideram seu quadro positivo, ou seja, com melhoras em relação à situação anterior. Com isso, foi possível conhecer o perfil epidemiológico dessa população, sendo esta em sua grande maioria constituída por pessoas do sexo feminino, idosos e aposentados. Quanto às atividades desenvolvidas nas unidades básicas de saúde, pode-se perceber uma carência de ações que atendam a esse público, como atividades educativas em grupo, sendo necessárias intervenções para que se possa aproximar a realidade vivenciada do que é preconizado pelo Ministério da Saúde. Apesar disso, os participantes consideraram haver 1 Aluna Bolsista do Programa de Iniciação Cientifica Professora Orientadora da Pesquisa 2 melhoria em sua condição de saúde após acompanhamento pelo programa Hiperdia. Cabe também ressaltar o papel do enfermeiro como educador, contribuindo para encorajar e estimular o início e prosseguimento do tratamento, bem como ajudar nas mudanças necessárias no estilo de vida. No entanto, na presente pesquisa esse profissional não foi citado na maioria das vezes, nas ações de caráter educativo. Palavras-chave: educação, hiperdia, saúde. 1. Introdução O diabetes mellitus (DM) é visto atualmente como uma epidemia mundial e problema de saúde pública, esse quadro é encontrado tanto em países desenvolvidos nos em desenvolvimento. Esse aumento é devido a fatores como envelhecimento populacional, urbanização, mas principalmente pelo estilo de vida, marcado pelo sedentarismo, má alimentação que proporciona acúmulo de gordura corporal (VILAR, 2006). O número de indivíduos com DM permite avaliar a magnitude do problema e, nesse sentido, estimativas têm sido publicadas para diferentes regiões do mundo, abrangendo o Brasil. Em termos mundiais, estima-se que a população de diabéticos seja de 387 milhões, e há projeção para atingir 471 milhões em 2035 (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2016). A falta de cuidados adequados aos diabéticos aumenta a possibilidade de desenvolvimento de complicações associadas ao tempo de exposição à hiperglicemia. Entres elas estão a amputações, retinopatia, nefropatia e neuropatias, estas causam debilitações ao indivíduo, além de onerosidade ao sistema de saúde pois são necessários procedimentos diagnósticos e terapêuticos, hospitalizações, as vezes ocorre absenteísmo, invalidez e morte prematura que elevam substancialmente os custos diretos e indiretos da assistência à saúde da população diabética (VILAR, 2006). Esse quadro pode gerar um prejuízo a qualidade de vida do paciente, visto que influencia diferentes aspectos de sua vivencia, como comprometimento do estado físico, da habilidade funcional, diminuição da vitalidade, dificuldades na interação social, labilidade emocional, entre outros (FARIA et al, 2013). Hoje existem amplas evidências a respeito da eficácia da prevenção, tanto da doença como de suas complicações crônicas. Neste sentido, é 1 Aluna Bolsista do Programa de Iniciação Cientifica Professora Orientadora da Pesquisa 2 imperativo que os governos orientem seus sistemas de saúde para atender a demandas como problemas educativos, de comportamento, nutricionais e de que estão impulsionando a epidemia de diabetes. Diante disso, o Ministério da Saúde implementa diversas estratégias de saúde pública, economicamente eficazes, para prevenir o diabetes e suas complicações, por meio do cuidado integral a esse agravo de forma resolutiva e com qualidade (BRASIL, 2006). Portanto foi criado o programa HIPERDIA, com o intuito de cadastrar hipertensos e diabéticos, oferecendo acompanhamento contínuo e integral, almejando controlar essas morbidades e evitar complicações por meio de educação em saúde, consulta individual, atendimento em grupo, visita domiciliar aos portadores de doenças crônica não transmissíveis, buscando criar vínculo com este e proporcionar qualidade de vida a esses indivíduos. Diante disso, o presente trabalho tem por objetivo avaliar o Programa Hiperdia no município de Boa vista. 2. Objetivos 2.1. Objetivo Geral Avaliar o funcionamento do programa Hiperdia no município de Boa Vista 2.2. Objetivos Específicos 2.2.1. Identificar o perfil epidemiológico dos beneficiários 2.2.2. Identificar as principais fragilidades do programa 2.2.3. Identificar as ações de promoção à saúde desenvolvidas nas unidades básicas de saúde; 2.2.4. Propor novas estratégias ou melhorias das estratégias já utilizadas nas unidades básicas de saúde avaliadas. 3. Metodologia 3.1. Delineamento do estudo Trata-se de um estudo de corte transversal, de análise descritiva e quantitativa, desenhada para avaliar o funcionamento do Programa Hiperdia pelo olhar do usuário cadastrado na rede de Atenção Básica do município de Boa Vista – RR. 1 Aluna Bolsista do Programa de Iniciação Cientifica Professora Orientadora da Pesquisa 2 3.2. Cenário e População Boa Vista é um município do Estado de Roraima, localizado na Região Norte do Brasil. Concentrando cerca de dois terços dos habitantes do Estado, situa-se na margem direita do rio Branco. Sua população, de acordo com estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é de 320.714 habitantes em 2015. É sede da Região Metropolitana de Roraima, além de ser a capital estadual mais setentrional do Brasil e a única localizada totalmente ao norte da linha do Equador e a mais distante de Brasília, capital federal, e de São Paulo, principal metrópole do país. Possui base de pirâmide etária larga e acompanhando as características nacionais tende a se tornar uma cidade com população cada vez mais idosa, sendo assim apresenta elevados números de pacientes com doenças crônicas, como o caso do diabetes mellitus, que somam um total de 2.104 pacientes cadastrados na base de dados nacional do DATASUS (2013). 3.3. Amostra e Amostragem A amostra foi extraída do total de usuários cadastrados no Programa Hiperdia, correspondendo a 6% do total destes, utilizando o método de aleatoriedade. Foi utilizado o método de amostragem aleatório por conglomerado. Assumindo cada Unidade Básica de Saúde (UBS) do município como um conglomerado amostral. randomicamente pela As UBS geração de foram enumeradas sequência de e selecionadas números aleatórios (www.random.org). 3.4. Procedimento da Pesquisa Para esta abordagem com os usuários, foram realizadas duas visitas a cada unidade sorteada, onde na primeira foi realizada abordagem ao diretor da unidade para solicitar autorização e apoio na identificação dos pacientes portadores de DM, na segunda visita, após anuência da Secretaria de Saúde do município de Boa Vista-RR, foram realizadas visitas às residências dos 1 Aluna Bolsista do Programa de Iniciação Cientifica Professora Orientadora da Pesquisa 2 pacientes, na companhia do Agente Comunitário de Saúde - ACS e aplicado questionário semiestruturado, no intuito de identificar as ações desenvolvidas pelo programa e a sua relação com a evolução do seu tratamento. Sendo realizada através de entrevista face a face em local separado com duração média de 30 minutos. A coleta de dados primários foi realizada com todos os usuários que atenderem os critérios de inclusão. 3.5. Critérios de inclusão e exclusão Foram incluídos pacientes: com diabetes que realizam tratamento com antidiabéticos e acompanhamento em uma das 32 (trinta e duas) unidades básicas de saúde do município de Boa Vista-RR, com idade superior ou igual a 18 anos, cadastrado no programa Hiperdia. Foram excluídos pacientes: não diabéticos, com diabetes tipo 1, que realizam tratamento com antidiabéticos em outro município do estado de Roraima, com idade inferior a 18 anos, não sejam cadastrados no programa Hiperdia 3.6. Aspectos éticos A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa envolvendo Seres Humanos da Universidade Federal de Roraima (CEP-UFRR), conforme Resolução do Conselho Nacional de Saúde nº 466/2012, tendo sido aprovado sob o parecer Nº 1.093.783 e obteve autorização da Secretaria Municipal de Saúde de Boa Vista-RR para utilização do banco de dados e realização das visitas as Unidades Básicas de Saúde. 4. Resultados e Discussão Na presente pesquisa foram entrevistados pacientes de 20 unidades básicas de saúde do município de Boa Vista sendo estas as unidades do Bairro União, Mecejana, Senador Hélio Campos, 31 de Marco, Liberdade, Jardim Floresta, Silvio Botelho, Cinturão Verde, Jardim Tropical, Cidade Satélite, 1 Aluna Bolsista do Programa de Iniciação Cientifica Professora Orientadora da Pesquisa 2 Pintolândia, São Pedro, Alvorada, Caranã, Caimbé, Santa Luzia, Silvio Leite, Asa Branca, Centenário, Pricumã. De acordo com os dados obtidos durante a pesquisa 68% (78) dos entrevistados são do sexo feminino e 32% (37) do masculino. Resultados semelhantes foram encontrados em pesquisa realizada por SOUZA et al., 2014 na cidade de Serra Talhada, no estado de Pernambuco, no qual houve predomínio do sexo feminino (76, 92%) . Segundo (GOMES et al., 2007) conceitos inerentes sociedade enclausuram esse a ser homem já grupo dificultando o enraizados na desenvolvimento do autocuidado e procura por serviço de saúde, visto que a prevenção pode ser associada a fraqueza, vulnerabilidade, e isso poderia assemelhar-se ao universo feminino, o que consequentemente poderia ocasionar suspeitas quanto a masculinidade socialmente construída. Sobre a ocupação foi possível encontrar uma variedade de atividades, no entanto os que mais se destacaram foram os aposentados representando 50%(57) da totalidade, a ocupação domiciliar representando 18%(21) e autônomo com 16%(18) informações parecidas foram encontradas em pesquisa realizada por ALVES; CALIXTO., 2014 em Campinas, estado de São Paulo,, no qual houve a prevalência de aposentados (35,1%) e do lar (32,5%) . Com relação a idade dos entrevistados foi percebido a prevalência entre as faixas etárias de 51 a 70 anos de idade 64% (73), seguidos pela faixa etária com mais de 70 anos 22%(25), 31 – 50 anos 13%(15)e 18 – 30 anos (1%). SOUZA et al., 2014 afirmam que esse fato pode ser justificado pelo transição demográfica e aumento na expectativa de vida que o Brasil tem vivenciado, apresentando-se como um país com grande número de idosos, e estes em sua grande maioria acabam evoluindo para o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis, estando entre elas a diabetes. Atrelado ao envelhecimento populacional há fatores de risco como falta de informação, sedentarismo, alimentação inapropriada, entre outros colaboram para elevação dos índices de doenças crônicas não transmissíveis, como a diabetes (GAIA; FERREIRA, 2012). Referente a renda 63% (72) dos entrevistados afirmaram possuir renda ≤ 1 salário mínimo ao mês, 29 % (33) relataram receber de 2 a 3 salários mínimos, 6% (7) de 3 a 4 salários mínimos e 2% (2) > 5 mínimos esses 1 Aluna Bolsista do Programa de Iniciação Cientifica Professora Orientadora da Pesquisa 2 valores estão em consonância realizada no município de Santo Sul, por ZANDONÁ; com Ângelo, o encontrado estado OLIVEIRA, 2012 do Rio em pesquisa Grande na qual do os participante apresentaram 56,9% com renda mensal de um salário mínimo ao mês, 19,6% possuíam renda de um a dois salários mínimos e apenas 7,8% mais de 3 salários. É relevante o conhecimento do perfil da população estudada. GAIA; FERREIRA, 2012 ressaltam que a falta de conhecimento do perfil dos portadores de doenças crônicas não transmissíveis dificulta a programação e planejamento de ações de acordo com as verdadeiras demandas de saúde dessa população. Gráfico 1 22 92 RECEBEU ORIENTAÇÃO SOBRE O MEDICAMENTO? NAO SIM Gráfico 2 1 Aluna Bolsista do Programa de Iniciação Cientifica Professora Orientadora da Pesquisa 2 2 3 15 94 PROFISSIONAL QUE ORIENTOU SOBRE A MEDICAÇÃO ENFERMEIRA MÉDICO NÃO RECEBEU NUTRICIONISTA Quando questionados sobre orientação a respeito da utilização do(s) medicamento(s) 81% (92) dos participantes afirmaram ter recebido informações (Gráfico 1). O Gráfico 2 retrata a percepção dos usuários a respeito do profissional que orientou sobre a referida medicação para diabetes, os mais citados foram médico, enfermeira e nutricionistas, com as porcentagens de 82% (94), 3% (3) e 2% (2) na respectiva ordem, 13%(15) afirmaram não ter recebido orientação. A falta de informações a respeito da medicação, não saber o benefício que o medicamento possibilita, pode interferir na realização do tratamento. Com isso, cabe ressaltar a importância de todos profissionais de saúde comunicar todas as informações relevantes a respeito da medicação utilizada pelo paciente, visto que apenas receitar e entregar não é suficiente, mas acompanhar a maneira como está sendo utilizado (ZANDONÁ; OLIVEIRA, 2012). Gráfico 3 101 PARTICIPOU DE GRUPO DE APOIO? Aluna Bolsista do Programa de Iniciação Cientifica Professora Orientadora da Pesquisa 2 NÃO 13 1 SIM Em análise ao gráfico 3 pode-se perceber que 89% (101) dos entrevistados declararam não participar de grupos de apoio em suas unidades. MAGALHÃES, 2015 afirma que existe a necessidade de grupos de apoio no programa Hiperdia, visto que funciona como instrumento para planejamento, acompanhamento e avaliação das ações. Os grupos de apoio contribuem para diminuição das consultas individuais, amplia a participação ativa do paciente no processo educativo, bem como a relação da equipe de saúde com o paciente e família. Gráfico 4 29 85 TEM DIFICULDADE PARA PEGAR O MEDICAMENTO? NAO SIM A maioria dos entrevistados 75% (85) relatou não ter dificuldade para adquirir o(s) medicamento(s) (Gráfico 4). Em estudo realizado por ALVES; CALIXTO, 2014 em Campinas, estado de São Paulo, constatou-se que 64,9% dos entrevistados relataram não ter dificuldades para obter a medicação. Portanto pode-se afirmar que a realidade encontrada no município de Boa Vista, Roraima é positiva nesse quesito. Gráfico 5 1 Aluna Bolsista do Programa de Iniciação Cientifica Professora Orientadora da Pesquisa 2 2 13 13 37 49 PROFISSIONAIS QUE O ACOMPANHAM ACS Em ENFERMEIRA relação ao MEDICO profissional NENHUM que mais TEC. ENF. realiza orientação e acompanhamento a respeito do diabetes (Gráfico 5) o médico aparece com a representatividade de 43% (49), seguido pelo agente comunitário de saúde (ACS) 32% (37), a enfermeira 11%. A equipe de saúde apresenta papel de coordenação do cuidado no sistema de saúde, proporcionando o vínculo entre paciente e equipe, elaborando ações educativas para que as intervenções propostas sejam efetivadas. Após definição do tratamento medicamentoso, é imprescindível que o indivíduo com diabetes mellitus seja acompanhado por equipe multidisciplinar para avaliação quanto ao percurso da morbidade e execução das orientações. Com isso, faz-se necessário que a equipe de saúde considere não somente os sintomas da diabetes, mas também os fatores de risco (maus hábitos alimentares, monitoramento e controle da glicemia), assim como a utilização da ferramenta de educação em saúde que é importante para prevenir complicações e manter a qualidade de vida (BRASIL, 2013). (GAIA; FERREIRA, 2012) afirmam que visando a prevenção de complicações o profissional da estratégia saúde da família, principalmente o enfermeiro, deve encorajar estimular a começar e prosseguir no tratamento, acompanhar e reconhecer possíveis alterações precocemente e explicar ao usuário a respeito verificação da glicemia. No entanto, na presente pesquisa esse profissional não foi citado na maioria das vezes. Gráfico 6 1 Aluna Bolsista do Programa de Iniciação Cientifica Professora Orientadora da Pesquisa 2 2 6 26 37 43 PERIODICIDADE DA CONSULTA BIMESTRAL ESPORADICO MENSAL SEMESTRAL TRIMESTRAL No que concerne a periodicidade das consultas (Gráfico 6) 38% (43) afirmaram ir à consulta a cada trimestre, 32% (37) declararam que vão esporadicamente, outros relataram ida a cada mês, bimestre ou semestre, com representatividade de 23%(26), 5%(6) e 2%(2) respectivamente. O contínuo acompanhamento ao paciente pelos profissionais da estratégia saúde da família é primordial e devem seguir uma ordem quanto a gravidade da morbidade. O diagnóstico e o cadastro precoce não são suficientes para que os usuários executem o tratamento medicamento e dietético efetivamente, é necessário que seja realizado monitoramento desse paciente por meio de acompanhamento mensal, contribuindo para que este permaneça estimulado a manter o tratamento. (GAIA; FERREIRA, 2012) A quantidade de consultas e atendimentos para indivíduo com diabetes devem ser realizadas conforme a estratificação de risco. Contudo, a equipe deve ter entendimento de que a elaboração dos cuidados não deve se limitar ao controle metabólico ou a presença de uma doença específica. Os determinantes sociais de saúde, as necessidades individuais e as intercorrências clínicas devem ser consideradas como importante contribuição para o percurso da doença (BRASIL, 2013). Gráfico 7 1 Aluna Bolsista do Programa de Iniciação Cientifica Professora Orientadora da Pesquisa 2 2 18 94 PARTICIPOU DE ATIVIDADE DE EDUCACAO EM SAUDE? ATENDIMENTO DE GRUPO NENHUMA PALESTRA No período da entrevista 82%(94) dos participantes relataram não participar de atividade de educação em saúde seja ela palestra, atendimento em grupo entre outras, 16%(18) em algum momento já participou de palestra e 2% (2) de atendimento em grupo (Gráfico 7). Atividades de promoção à saúde como palestras, reuniões e outras variedades de ações de educação em saúde devem ser empreendidas, tanto no ambiente da unidade de saúde como em outras localidades com objetivo de orientar e criar vinculo do usuário com os serviços de saúde (GAIA; FERREIRA, 2012). Ações de educação em saúde deve ser constante e iniciado desde a primeira consulta. O plano de cuidados deve ser formulado juntamente com o paciente, abordagem das mudanças no estilo de vida de acordo com as recomendações são necessárias (BRASIL, 2013). Gráfico 8 1 Aluna Bolsista do Programa de Iniciação Cientifica Professora Orientadora da Pesquisa 2 2 3 11 21 77 AVALIAÇÃO DA UBS BOA OTIMA PESSIMA REGULAR RUIM Quando indagados acerca da assistência prestada pela estratégia saúde da família em relação ao diabetes mellitus 68%(77) afirmaram considerar bom o serviço oferecido (Gráfico 8). Pesquisas referentes a satisfação dos usuários mostram informações importantes para os gestores e equipes de saúde. Possibilitam compreender a percepção dos usuários sobre a atenção à saúde oferecida e permite correção tanto na gestão como no cotidiano da estratégia saúde da família para melhor atender as necessidades destes e do Sistema Único de Saúde (LIMA et al., 2014). Gráfico 9 7 49 58 AVALIAÇAO DO PROGRAMA ESTAVEL, APENAS CONTROLE 1 NEGATIVO,EVOLUCAO E CRONICIDADE DOS SINTOMAS POSITIVO, MELHOR EM RELACAO A SITUACAO ANTERIOR Aluna Bolsista do Programa de Iniciação Cientifica Professora Orientadora da Pesquisa 2 No tocante a avaliação de resultados após o acompanhamento do diabetes mellitus pelo programa Hiperdia 51%(58) consideram positiva, ou seja, melhoras em a situação anterior, o restante dos entrevistaram afirmaram consideraram sua situação em controle após início do acompanhamento 43%(49) e o restante afirmaram que sua condição agravou (Gráfico 9). Fato que é comprovado por meio de análise histórica, visto que antes do surgimento do programa Hiperdia não existia um registro do quantitativo de diabéticos, nem sobre acompanhamento destes, ou distribuição de seus medicamentos (GAIA; FERREIRA, 2012). O objetivo do cuidado no diabetes é consolidar e qualificar o indivíduo com esta doença através da integralidade e longitudinalidade da prestação de serviços, em todos os âmbitos da atenção à saúde. (BRASIL, 2013) CONSIDERAÇÕES FINAIS Após análise dos dados coletados na presente pesquisa realizada em Boa Vista – Roraima, pode-se detectar o perfil epidemiológico dos diabéticos da cidade, sendo caracterizado pela predominância do sexo feminino, aposentados e do lar, faixa etária entre 51 a 70 anos, com renda ≤ 1 salário mínimo ao mês. Quantos aos questionamentos a respeito das orientações sobre a utilização das medicações hipoglicemiantes houve grande parte dos entrevistados afirmaram ter recebido informações na primeira consulta após receber o diagnóstico de diabetes, os participantes disseram não ter dificuldade para receber as medicações, sendo este achado considerado positivo. O médico foi citado como o profissional que mais orienta e acompanha. No que tange a periodicidade das consultas, poucos diabéticos que participaram da pesquisa se consultam mensalmente, fato que pode ser explicado pela validade das receitas médicas que atualmente é válida por 6 meses de para usuários cadastrados na farmácia popular. Os componentes da pesquisa informaram que perceberam melhoria do estado de saúde após acompanhamento no programa Hiperdia, no entanto o que se pode observar é que nos questionamentos a respeito de atividades de educação em saúde para diabéticos a grande maioria relatou nunca ter participado, fato que evidencia falha na execução do programa, sendo 1 Aluna Bolsista do Programa de Iniciação Cientifica Professora Orientadora da Pesquisa 2 necessário a reavaliação da realização deste e desenvolvimento de ações educativas que visem o autocuidado, além de informações a respeito da morbidade, fazendo com que o usuário se sinta integrante do tratamento. A partir das informações analisadas pode-se perceber as contribuições do programa para os diabéticos no município de \boa Vista-RR, contudo ainda existem necessidades não atendidas que necessitam de reestruturação do serviço para oferecer assistência de qualidade a esse público, tais como as ações de educação em saúde, que são na verdade a base do funcionamento do programa, tendo em vista que garante o nivelamento da informação, conforme nível de compreensão do usuário, observando até quando o paciente precisará de um tratamento diretamente assistido, sendo assim o presente projeto fomenta a necessidade de intensificação das ações de educação em saúde para que o programa alcance sua plenitude no município de Boa Vista. Referências Bibliográficas ALVES. B. A; CALIXTO A. A. T. F. Aspectos determinantes da adesão ao tratamento de hipertensão ediabetes em uma Unidade Básica de Saúde do interior paulista. J Health Sci Inst. 2012;30(3):255-60. BRASIL. Secretaria de Atenção à Saúde. 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