PROPOSTA DE SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO TRATAMENTO DA TUBERCULOSE: CONSTRUINDO ALTERNATIVA Loyane Gomes Alves1 Maria Tereza Gomes do Nascimento Galindo2 1 Enfermeira. Aluna do Programa de Pós-Graduação de Saúde Pública com Ênfase em Saúde da Família da Faculdade de Tecnologia Machado de Assis – FAMA. 2 Pedagoga. Mestre em Educação pela Universidade Federal de Pernambuco (2009). Especialista em Leitura, Produção e Avaliação de Textos pela Universidade Federal de Pernambuco (2007). INTRODUÇÃO A Tuberculose (TB) é uma doença infecto-contagiosa, com evolução em ciclos lentos e de maior incidência nas aglomerações urbanas. No Brasil, é considerado um problema de saúde pública prioritário, pois alberga juntamente com outros 21 países em desenvolvimento, 80% dos casos mundiais da doença. Para que esse quadro seja revertido os profissionais de saúde, principalmente os que atuam na Estratégia de Saúde da Família (ESF) – porta de entrada do SUS – precisam estar atentos e capacitados para realizar o pronto diagnóstico dos casos suspeitos, iniciar rapidamente o tratamento e acompanhar os pacientes, visando à cura plena (SOUZA, et al., 2009; CHIRINOS, MEIRELLES, 2011). O tratamento da TB garante cura em mais de 95% dos casos que completam o período de 6 meses de terapêutica medicamentosa. A alta adesão ao tratamento, consequentemente, com altos percentuais de cura, é visto como marcador de qualidade do serviço prestado na unidade de saúde, o que traduz o cumprimento das ações do Programa Nacional de Controle da Tuberculose (PNCT) e da Vigilância em Saúde, superando um dos principais obstáculos no êxito do tratamento, o abandono (FERRACIO, et al., 2007; SOUZA, et al., 2009). Vários fatores podem influenciar no abandono, tais como: falta de informações adequadas ao paciente e seus familiares acerca da doença, baixa autoestima, etilismo, tabagismo e uso de drogas ilícitas, problemas socioeconômicos, intolerância medicamentosa, regressão dos sintomas no início da terapêutica e longo tempo de tratamento. Entre os principais fatores associados ao abandono do tratamento da TB, o despreparo e o modo de agir dos profissionais de Saúde da Família, é identificado em alguns estudos como uma frequente justificativa (SÁ, et al., 2007; HINO, et al., 2011; CHIRINOS, MEIRELLES, 2011; SOUZA, et al., 2010). Corroborando com isso, autores que abrangeram o tema abandono ou adesão ao tratamento da Tuberculose, em algum momento, focalizam a falta de formação genérica ou específica dos profissionais para lidarem com pessoas diagnosticadas com essa doença, como fator relevante (SOUZA, SILVA, 2010). Algumas vezes, o serviço de saúde abandona o doente e negligencia o acompanhamento dos casos, fragilizando as relações imprescindíveis ao êxito do tratamento e, em consequência, o doente deixa de tomar a medicação (FERRACIO, et al., 2007; SÁ, et al., 2007). A assistência de enfermagem prestada aos pacientes com TB, por vezes, é prejudicada pela dificuldade de o trabalhador de enfermagem lidar com suas limitações. Entre elas está o medo de o trabalhador adquirir a doença, por não saber como enfrentá-la, por preconceito ou por não possuir conhecimento específico a respeito da enfermidade (BERTAZONE, et al., 2005). A busca ativa de Sintomáticos Respiratórios, ação orientada pelo PNCT para detecção de casos novos, só será realizada permanentemente por todos os serviços de saúde se existir segurança profissional na prática do acompanhamento do tratamento, pois que sentido haveria lutar por detecção de casos, se o próprio profissional não se sente preparado para lidar com o acompanhamento dos mesmos? Programas de saúde específicos, como o da Tuberculose, reconhecem que a escassez de recursos humanos e financeiros no Sistema Público de Saúde representam uma dificuldade operacional em acompanhar os pacientes que realizam o tratamento ao nível da Atenção Básica, prejudicando o controle das doenças (MONROE, et al., 2008; SOUZA, et al., 2009). A descentralização e a horizontalidade das ações de controle da TB para a ESF necessitam do envolvimento de distintos atores, de acordo com as responsabilidades inerentes à função de cada um, com adequação de recursos humanos, de modo a operacionalizar e a desenvolver ações estratégicas com a eficiência e a eficácia necessária, para que bons processos de trabalho possam levar a bons resultados (CAMPOS, et al., 2012; MONROE, et al., 2008; BARRÊTO, et al., 2012). Para assegurar a adesão ao tratamento da Tuberculose, os profissionais de saúde devem “conhecer as necessidades de saúde dos usuários e ajustar a assistência a elas, desenvolvendo sua corresponsabilidade no tratamento, estabelecendo relações pautadas no acolhimento e no vínculo”, elementos norteadores das práticas da Estratégia Saúde da Família (HINO, et al., 2012). Para isso, a elaboração da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) surge para viabilizar a aplicação dos conhecimentos técnico-científicos de maneira humanizada, gerando também a facilitação do registro das informações, bem como da comunicação. O Enfermeiro necessita estabelecer o conhecimento das fases do processo de enfermagem, sob o contexto de um referencial teórico e assim promover o cuidado e o restabelecimento do paciente. Ao dispor desse instrumento, o Enfermeiro pode prestar assistência ao paciente de maneira sistematizada e individualizada, o que favorece suas atividades gerenciais, além de contribuir para a qualidade do cuidado de enfermagem (SPERANDIO, ÉVORA, 2005; SANTOS, et al., 2012). A SAE e o Processo de Enfermagem, regulamentados na Resolução do Conselho Federal de Enfermagem - COFEN nº 358/2009, representam uma necessidade colocada cada vez mais frequentemente pelos serviços de saúde (MALUCELLI, et al., 2010). Constata-se que, quando as informações estão organizadas e documentadas de forma sistematizada, a comunicação é operacionalizada e facilita a resolução dos problemas específicos de cada paciente, impulsionando os enfermeiros a explicitar seus conhecimentos técnico-científicos e humanos (SPERANDIO, ÉVORA, 2005). OBJETIVOS Objetivo Geral Construir uma alternativa de protocolo para Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) para controle/acompanhamento do tratamento da Tuberculose (TB) aos cuidados da Atenção Básica. Objetivos Específicos Possibilitar maior facilidade no acompanhamento do tratamento da TB; Oferecer aos Enfermeiros um novo instrumento de trabalho; Direcionar a assistência de controle à Tuberculose. METODOLOGIA Tratou-se de um estudo de revisão de literatura, contextualizando e agrupando os dados a fim de propor um modelo de protocolo que auxilie a assistência de enfermagem no acompanhamento do tratamento dos casos de tuberculose. O referido protocolo foi elaborado a partir de análise da fundamentação teórica e experiência prática, com finalidade de oferecer um instrumento de condutas para profissionais que não estão familiarizados com as ações desempenhadas pelo Programa de Controle da Tuberculose no seu dia a dia. A colaborar com prevenção de casos, tratamento, acompanhamento e cura dos pacientes tendo como referência o Manual de Recomendações para o Controle da Tuberculose do Ministério da Saúde (2011). Os dados foram coletados através de artigos publicados pelo site SciELO (Cientific Electronic Library Online), LILACS (Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde), além de informações obtidas através do Portal da Saúde e o Manual de Recomendações. Como critérios de inclusão, utilizou-se a temática da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), acolhimento e acompanhamento dos pacientes adultos com Tuberculose pulmonar, adequados ao objetivo do estudo, e como critérios de exclusão os estudos sobre todas as formas de Tuberculose Extrapulmonar, co-infecção TB-HIV e acompanhamento de tratamento MDR (Multi Droga Resistente), já que estes requerem cuidados e estudos mais precisos, caso a caso. RESULTADOS Segundo Pinheiro et al. (2012), “Garantir a qualidade das fontes de registro que auxiliam a vigilância da Tuberculose é tarefa importante para o controle do agravo.”. Orientase a criação de uma pasta exclusiva para cada paciente ou para um agrupamento dos pacientes assistidos na unidade, estas devem conter: prontuário, cópia da ficha de notificação e investigação do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), resultados dos exames e o proposto protocolo. O SINAN é a principal fonte de dados da TB, constituindo a base para o cálculo de indicadores epidemiológicos e operacionais do país. Além disso, a notificação da doença, permite avaliar a capacidade dos municípios em detectar e notificar os casos. (PINHEIRO, et al., 2012; BRAGA, 2007). Assim, classifica-se como registro necessário na primeira consulta do tratamento, devendo haver boa qualidade nos dados das notificações. É definido como caso de Tuberculose todo indivíduo com diagnóstico confirmado por baciloscopia ou cultura e aquele em que o médico, com base nos dados clínicoepidemiológicos e no resultado de exames complementares, firma o diagnóstico de Tuberculose. Os métodos diagnósticos mais comumente utilizados são a Radiografia (RX) do tórax que geralmente revela lesões no lobo superior dos pulmões e a baciloscopia ou cultura do escarro que detectam a presença do bacilo (MENDES, FENSTERSEIFER, 2004). Para preenchimento do protocolo da 1ª consulta (Apêndice A) é necessário ter em mãos os resultados dos exames confirmatórios do caso e registrá-los ou arquivá-los junto à pasta do paciente, para que estes resultados possam ser comparados com outros ao final do tratamento. Da mesma forma que os exames complementares. A obtenção do sucesso terapêutico vai além da eficácia farmacológica, existindo dificuldades relacionadas ao paciente, ao tratamento empregado e à operacionalização do cuidado nos serviços de saúde (SÁ, et al., 2007). Visando identificar futuras dificuldades, é preciso descrever o estado de saúde não só pelo exame clínico-físico, mas também segundo informações colhidas com o paciente, além de relatos sobre etilismo, tabagismo e outras situações que possam interferir no tratamento. As habilidades para a tomada de decisão durante o tratamento compõem-se do pensamento crítico sobre as situações com base na análise e julgamento sobre as perspectivas de cada proposta de ação e de seus desdobramentos (SANTOS, et al., 2012). O Processo de Enfermagem requer conhecimento teórico, experiência prática e habilidade intelectual; e indica um conjunto de ações executadas face ao julgamento sobre as necessidades da pessoa, família ou coletividade humana, em determinado momento do processo saúde e doença (MALUCELLI, et al., 2010). A elaboração de instrumentos para processos de enfermagem pode ser uma construção coletiva com todos os membros da equipe de enfermagem. Essa forma de elaborá-los pode representar um meio de viabilizar a execução do processo. Ao padronizar e elaborar os instrumentos em equipe, esta faria também as adaptações necessárias (HERMIDA, ARAÚJO, 2006). Firma-se, portanto, o fato que o referido protocolo, apenas norteia as ações, para que o Enfermeiro desenvolva suas atividades segundo seus próprios ensinamentos, princípios e realidade local. Quanto menos se sabe sobre a Tuberculose, maiores são os riscos de não concluir o esquema terapêutico. A educação em saúde favorece o autocuidado, pois aumenta a capacidade das pessoas cuidarem de si mesmas (SÁ, et al., 2007). O passo a passo da primeira consulta visa esclarecer questões para o próprio profissional, assim como para que o paciente compreenda sobre seu caso. O modo como toda a equipe de saúde se organiza, para desenvolver o seu trabalho, é determinante para promover a adesão da pessoa doente ao tratamento, até conduzi-la à alta por cura (SÁ, et al., 2007). Faz-se necessário estabelecer vínculo com uma equipe multiprofissional e intersetorial que possa contribuir e/ou facilitar a adesão do paciente ao tratamento. Os primeiros dois a três meses de tratamento são os períodos nos quais ocorrem a maioria dos abandonos, indicando a necessidade de medidas que o reduzam desde o início do tratamento, um forte colaborador para tal medida é a comunicação em busca de consenso entre os profissionais, pois traduz-se em qualidade na atenção integral às necessidades de saúde da clientela. E com a informação adequada, a atividade de educação para o tratamento pode ser desenvolvida durante as consultas e entrevistas, tanto iniciais quanto subsequentes (SOUZA, et al., 2009; ARAÚJO, ROCHA, 2007; BRASIL, 2011). A Tuberculose, dentre outros problemas sociais, provoca mudanças negativas, como afastamento e isolamento na vida pessoal dos portadores de Tuberculose pulmonar, provocando, principalmente, medo e um forte estigma (BERTAZONE, et al., 2005). A Organização Pan-Americana de Saúde estabelece como um dos seus objetivos específicos no plano estratégico regional, reduzir a discriminação e melhorar o acesso de pacientes com Tuberculose a serviços de Tratamento Diretamente Observado (TDO) com o apoio de estratégias de promoção da causa do controle da TB, comunicação, mobilização social e da participação de pessoas afetadas (BRASIL, 2011). Nas unidades de Atenção Básica não há necessidade de ambientes especiais para atendimento dos pacientes de TB, já que geralmente o número de atendimentos/ano não chega ao previsto e estas devem estar funcionando segundo normas de vigilância sanitária, incluindo ventilação adequada (BRASIL, 2011). É preciso orientar o paciente sobre o período de transmissibilidade, fazendo-o compreender os cuidados necessários que terá neste período. A transmissão é realizada por via área em praticamente todos os casos, ocorrendo a partir da inalação de núcleos secos de partículas contendo bacilos expelidos pela tosse, fala ou espirro do doente com Tuberculose ativa, cuja baciloscopia de escarro é positiva, sendo maior o risco de transmissão durante contatos prolongados em ambientes fechados e com pouca ventilação (BRASIL, 2011; ALEXANDRE, 2012). Doentes de Tuberculose pulmonar com baciloscopia negativa, mesmo que tenham resultado positivo a cultura, são muito menos eficientes como fontes de transmissão. As formas exclusivamente extrapulmonares não transmitem a doença (BRASIL, 2011). O indivíduo que entra em contato pela primeira vez com o bacilo de Koch, causador da doença, não tem ainda resistência natural, mas adquire. Se o organismo não estiver debilitado, consegue matar o microrganismo antes que ele se instale como doença. É também estabelecida a proteção contra futuras infecções pelo bacilo (ALEXANDRE, 2012). Todas essas são informações para que a equipe de saúde trabalhe bem; com os cuidados devidos, não há estigma ou medo de adquirir a doença. A capacidade técnica dos profissionais e dos serviços de saúde de uma área territorial, muitas vezes, é evidenciada pela agilidade na avaliação da doença e na adoção de medidas de controle no processo da investigação epidemiológica. A efetiva procura de casos continua sendo uma das principais ações de controle da Tuberculose (BARBOSA, et al., 2010; MENDES, FENSTERSEIFER, 2004). Ainda que a Equipe realize a detecção dos casos através da busca ativa de Sintomáticos Respiratórios (SR), é importante ter o controle dos contatos do paciente, para interromper a cadeia de transmissão da TB. Sabe-se que a informação epidemiológica oportuna é um instrumento estratégico para a definição de problemas e riscos para a saúde e é imprescindível para avaliar a eficiência e efetividade dos serviços prestados no sistema de saúde (BARBOSA, et al., 2010). É necessária a atualização dos dados referentes à realização do Tratamento Diretamente Observado, da baciloscopia mensal de escarro e do número de contatos examinados mensalmente por meio do boletim de acompanhamento do SINAN. A maioria dos pacientes completa o tratamento sem qualquer reação adversa relevante. Reações adversas menores, como são chamadas, em que normalmente não é necessária a suspensão do medicamento antiTB, estão descritas no protocolo de acompanhamento para consultas do 8º ao 30º dia (Apêndice B), caso apareçam reações diferentes com sintomas mais graves (reações adversas maiores), o encaminhamento do caso é indicado, visto que normalmente causam a suspensão do tratamento (BRASIL, 2011). Devem ser percebidas ainda: Nível do autocuidado (observando se o paciente tem conscientização da sua doença e dos cuidados a serem tomados); Nível de autopercepção (não pode haver dúvida da parte do paciente quanto às informações sobre seu cuidado, é preciso questioná-lo para testar o entendimento adquirido; espera-se que, mesmo que o paciente possua um grau de instrução mais baixo, ele compreenda a essência e o contexto da problematização); Estrutura e apoio da família devem ser descritos, visto que o acompanhamento e auxílio no tratamento são cruciais para o favorecimento da tomada da medicação e bem estar social. O acompanhamento do 31º dia ao final do tratamento (Apêndice C) é importante para observar se a regularidade da tomada da medicação está sendo obedecida, uma vez que utilizando esse critério, realiza o controle de faltosos no TS e evita a ocorrência de abandono, além de acompanhar a realização e resultado da baciloscopia mensal e estado clínico do paciente. A adesão ao tratamento depende também do empenho dos profissionais de saúde comprometidos com a vigilância epidemiológica da Unidade Básica de Saúde. A complexidade de fatores que envolvem o tratamento da Tuberculose passa pelos condicionantes sociais, situações de moradia e estado nutricional, dos quais contribuem para a incidência da doença. Dessa forma, o profissional deve ter um olhar amplo sobre os aspectos que envolvem sua população adscrita. No momento da alta do tratamento por cura, é necessário ter em mão os mesmos exames do momento da admissão, comparando os resultados e descrevendo os mesmo no prontuário para que o paciente seja liberado com confirmação de bem estar no seu estado físico-clínico. CONSIDERAÇÕES FINAIS A Estratégia de Saúde da Família contribui para a atenção integral à saúde da população, devendo ser um forte ator no combate a Tuberculose. É necessário que os profissionais estejam preparados para o acompanhamento dos casos, principalmente a Enfermagem, que muitas vezes “apresentam dificuldades para tomar decisões e para saber qual a melhor conduta a ser utilizada em determinadas situações” (BERTAZONE, et al., 2005). A Sistematização da Assistência de Enfermagem no tratamento da Tuberculose direciona e melhora a qualidade da assistência, proporcionando segurança para a equipe de enfermagem, mesmo que nunca tenha acompanhado um caso de Tuberculose. Vale ressalvar que mesmo com a implantação deste, é imprescindível a realização do Tratamento Diretamente Observado, sendo importante definir quem será responsável pela observação direta da ingestão dos medicamentos, entrega do pote para a coleta de escarro de controle, controle e convocação de faltosos e visitas domiciliares, como propõe o Ministério da Saúde. Julga-se possível antever bons resultados com esse processo de trabalho e fluxo assistencial para o tão almejado controle da Tuberculose, sendo preciso realizar estudos confirmatórios após implantação deste protocolo. REFERÊNCIAS ALEXANDRE, L. B. S. P. (2012). Epidemiologia aplicada nos serviços de saúde. 1ª Ed. São Paulo: Martinari. p. 150-154. ARAÚJO, M. B. S.; ROCHA, P. M. (2007). Trabalho em equipe: um desafio para a consolidação da estratégia de saúde da família. Ciência & Saúde Coletiva. 12(2): 455-464. BARBOSA, M. C. L.; COSTA, M. C. N.; TEXEIRA, M. G.; MOTA, E. L. A.; PEREIRA, S. M. (2010). Efeitos da descentralização das ações de vigilância epidemiológica para as equipes de Saúde da Família. Epidemiologia e Serviços de Saúde. Brasília, out-dez; 19(4): 347-354. BARRÊTO, A. J. R.; SÁ, L. D.; NOGUEIRA, J. A.; PALHA, P. F.; PINHEIRO, P. G. O. D.; FARIAS, N. M. P. et al. (2012). Organização dos serviços de saúde e a gestão do cuidado à tuberculose. Ciência & Saúde Coletiva. 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Úrico: S.Urina: Situações adjuntas: Alcoolismo ( ) Tabagismo ( ) Doença Mental ( ) Outro** ( )___________________ Nº de Contatos***: *Caso o paciente não tenha realizado os exames citados durante o processo de investigação, solicitá-los para seu posterior registro. **Agravo que possa interferir no tratamento ou sua continuidade, requerendo maior atenção. *** Pessoas que convivem no mesmo ambiente, que deverão comparecer na unidade de saúde para serem avaliados. PASSO A PASSO DA 1ª CONSULTA Marcar ( √ ) para cada instrução utilizada ACOLHIMENTO- É importante estabelecer vínculo com o paciente e família desde o início do tratamento, acolhendo-o e explicando-o sobre: ( ) a estrutura da equipe acolhedora, tanto da unidade quanto da oferta de encaminhamento disponível no município, como nutricionista, psicólogo, pneumologista, entre outros; ( ) oferecer apoio em relação às questões psicossociais e trabalhistas por meio de articulação com outros setores, procurando remover obstáculos que dificultem a adesão dos doentes ao tratamento. INFORMAÇÃO ADEQUADA- É imprescindível explicações sobre a doença em si, o tratamento prescrito, as graves consequências advindas da interrupção ou do abandono do tratamento e sobre a cura da doença. Fale sobre: ( ) A Tuberculose (principalmente sobre forma de contágio, sintomas gerais e diagnóstico) fazendo-o comparar sobre a sua condição atual; ( ) O Tratamento. Explique: a duração do tratamento (de preferência dividindo as fases do esquema básico para que ele receba como meta a ser atingida – 2 meses de fase intensiva / ataque e 4 meses de fase de manutenção), das quais a medicação deverá ser administrada preferencialmente em jejum, em uma única tomada; ( ) A gravidade da doença, fazendo-o compreender sobre resistência dos bacilos, a transmissão para pessoas próximas e até mesmo morte, por isso a importância da regularidade no uso dos medicamentos; ( ) Cura. Falando sobre cura, encoraje-o, relate casos de pessoas que fizeram fielmente o tratamento e vivem uma vida normal. ( ) As possíveis sensações que ele (o paciente) irá sentir durante o tratamento (mal estar no início e sensação de “cura” após os dois meses), deixando claro que esses não são motivos para interromper o tratamento; ( ) Orientar quanto aos cuidados pessoais (principalmente higiene e alimentação), repouso e eliminação de excessos (bebidas alcoólicas, fumo, ar frio, relento, etc.). TRANSMISSIBILIDADE- Oriente o paciente a não isolar-se da família, quebre o mito da quarentena, fazendo-o entender que deverá ter mais cuidado durante os primeiros 15 dias de tratamento, ou até o resultado da baciloscopia negativar, com as seguintes medidas: ( ) Utilização de máscara, especialmente se a baciloscopia resultou alta carga bacilar (+++); ( ) Ventilação adequada do ambiente (oriente-o abrir janelas e portas), permitindo que os raios solares façam parte desse ambiente também; ( ) Inserção do uso de um lenço ao costume diário, para que seja levado a boca e ao nariz quando tossir ou espirrar. CONTROLE DOS CONTATOS- Necessário para prevenir o adoecimento e diagnosticar precocemente casos de doença ativa naqueles que convivem com a pessoa com TB. ( ) Pedir ao paciente o nome completo dos contatos e suas respectivas idades (anotar na ficha de controle de contatos, modelo Ministério da Saúde). O tipo de convívio deve ser estabelecido (casa, ambiente de trabalho, escola, etc.) e formas de localização devem ser identificadas (endereço e/ou telefone); ( ) Explique ao paciente que é importante que todos os contatos devem comparecer a unidade de saúde para serem avaliados; ( ) Pergunte se algum dos contatos apresentou algum sintoma gripal nos últimos meses. Se sim, informe-o que começarão investigando por este(s). OBS: Após receber os contatos, classifique-os como Sintomáticos (solicitando: baciloscopia de escarro, Radiografia (RX) de tórax e hemograma completo, avaliando neste, principalmente a contagem de Linfócitos) ou Assintomáticos (solicitar: prova tuberculínica – PT e hemograma completo; se o resultado da PT for ≥ 5mm, solicitar RX tórax, para adultos; no caso de crianças o RX tórax é solicitado junto a PT). Por fim, encaminhar o contato com os resultados dos exames para o médico ou para unidades de referência do PCT, para possível tratamento de Infecção Latente por Tuberculose (ILTB). BACILOSCOPIA MENSAL- É bom que o paciente saiba, desde o início, que será necessária a coleta mensal de escarro para o exame de baciloscopia. ( ) Mesmo que o exame esteja negativo no decorrer do tratamento, terá que prosseguir com as medicações até o fim do esquema antiTB. OBS: Os resultados mensais das baciloscopias deverão ser descritos no prontuário do paciente, no Livro de Acompanhamento da TB (material do Ministério da Saúde) e no Boletim de Acompanhamento de Tuberculose do SINAN. (verso) APÊNDICE B SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM PARA TRATAMENTO DA TUBERCULOSE Segundo orientações do Manual de Recomendações para Controle da Tuberculose no Brasil (2011) CONSULTAS* DO 8º AO 30º DIA DE TRATAMENTO Descrição do estado de Saúde: Peso: Efeitos adversos: Não ( ) Intervenções segundo efeito adverso Marcar ( √ ) para cada instrução utilizada Sim 1- ( ) Náuseas / Vômitos / Dor abdominal 2- ( ) Falta de apetite / Não consegue comer 3- ( ) Suor / urina de cor avermelhada 4- ( ) Prurido ou exantema leve 5- ( ) Cefaleia ou dor articular 6- ( ) Neuropatia periférica 1- ( ) Reformular o horário da administração da medicação (com o café da manhã ou até duas horas após o mesmo); considerar início do uso de medicação sintomática. 2- ( ) Orientar alimentação fracionada, se necessário, encaminhá-lo ao nutricionista** 3- ( ) Orientar (características aceitas como normais no processo do tratamento), tranquilizá-lo. 4- ( ) Encaminhá-lo ao médico para tratamento anti-histamínico** 5- ( ) Medicá-lo com analgésico ou anti-inflamatórios não hormonais*** 6- ( ) Medicá-lo com piridoxina (vitamina B6) na dosagem de 50mg/dia*** 7- ( ) Orientar mais uma vez quanto a duração do tratamento, a chance de cura e de uma vida normal. Se necessário encaminhá-lo ao psicólogo**. 7- ( ) Ansiedade, euforia, insônia Nível do autocuidado: Nível de autopercepção (autoestima / sentimentos sobre si mesmo) Estrutura e apoio da família: *Realizar NO MÍNIMO 2 consultas entre a 2ª e 4ª semana de tratamento, avaliando se o paciente apresentou algum efeito adverso. ** com carta de encaminhamento explicando o caso ao profissional. *** segundo normas locais para prescrição de enfermagem ou segundo orientação médica. APÊNDICE C SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM PARA TRATAMENTO DA TUBERCULOSE Segundo orientações do Manual de Recomendações para Controle da Tuberculose no Brasil (2011) ACOMPANHAMENTO* DO 31º DIA AO FINAL DO TRATAMENTO Descrição do estado de Saúde: Fase do tratamento: ( ) Ataque ( ) Manutenção Peso: Data da última amostra de escarro recebida: A regularidade da tomada da medicação está sendo obedecida? ( ) Sim ( ) Não Anotações: Resultado da amostra: Intervenções segundo regularidade da tomada da medicação Marcar ( √ ) para cada instrução utilizada Resposta SIM ( ) Parabenize o paciente cada vez que perceber o seu esforço diário para manter a regularidade da tomada da medicação; ( ) Encoraje-o a continuar o tratamento, mostrando as vantagens, como estar cada vez sentindose melhor ou sobre um resultado de baciloscopia negativa; ( ) Perceba se a família esta colaborando para esta regularidade, parabenizando o(s) acompanhante(s) também; ( ) Faça as contas da contagem regressiva com o paciente, mostrando quanto tempo falta para o término do tratamento. Resposta NÃO ( ) Observe se consegue perceber algum sinal que atrapalhe no tratamento e questione-o sobre o fato, desde reações adversas maiores, até problemas de cunho social, como alimentação precária ou preconceito familiar e/ou social; ( ) Busque soluções para os problemas que estão atrapalhando a tomada da medicação, se necessário insira outros profissionais para colaborar, como médico, psicólogo, nutricionista, assistente social, entre outros, segundo o contexto vivenciado; ( ) Veja se há algo que você possa fazer junto ao Programa de Tuberculose ou Secretaria de Saúde do Município para oferecer ao paciente ,como auxilio durante o tratamento (cesta básica, valetransporte, etc). *Realizar NO MÍNIMO 3 consultas entre a 5ª e 8ª semana e posteriormente 2 consultas por mês até o final do tratamento.