ISBN 978-85-8015-080-3 Cadernos PDE I Versão Online OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos Jogos – recurso didático para tornar o ensino da Matemática mais atraente e prazeroso Syrlene Terezinha Luz Martins1 Professora Dra. Lucimary Afonso dos Santos2 Resumo: Este artigo tem como finalidade apresentar o processo e os resultados da aplicação do projeto de implementação do PDE “Jogos – recurso didático para tornar o ensino da Matemática mais atraente e prazeroso.” A minha escolha por este projeto, foi a minha experiência em sala de aula em virtude da dificuldade que os alunos encontram em trabalhar com números inteiros e a capacidade de abstração envolvendo os sinais dos números. A implementação visava que o aluno pudesse utilizar os jogos e a resolução de problemas para sair da mesmice das aulas dialogadas e participasse, interagindo com os colegas na execução dos materiais para os jogos. Com a aplicação dos jogos, buscaram-se novas metodologias para despertar nos alunos maior interesse e prazer pela Matemática, considerada por muitos como vilã das disciplinas. Com isso, proporcionou uma forma diferenciada de contribuir com a sua aprendizagem envolvendo números inteiros. Palavras-chave: Jogos; números inteiros; resolução de problemas. Introdução O presente artigo faz parte das atividades previstas no Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), promovido pela Secretaria de Educação do Paraná (SEED), que tem como objetivo a melhoria da qualidade do ensino no Paraná. Esta experiência foi muito rica, proporcionando momentos de estudos e pesquisas sintetizados neste material didático, caracterizado como Unidade Didática que teve como tema “Jogos – recurso didático para tornar o ensino da Matemática mais atraente e prazeroso” o qual foi aplicado para os alunos do 7º ano do Colégio Estadual Monteiro Lobato - Ensino Fundamental, Médio e Profissionalizante, localizado na rua Amazonas, município de Umuarama, sob a jurisdição do NRE de Umuarama, no segundo semestre de 2015. 1 Professora PDE lotada no Colégio Estadual Monteiro Lobato – disciplina de Matemática [email protected]. 2 Profª Dra. da UNESPAR – Doutorado em Ciências com ênfase em Estatística e Experimentação Agronômica - [email protected]. De acordo com as Diretrizes Curriculares da Educação Básica de Matemática do Estado do Paraná (DCEs), o processo ensino-aprendizagem deve estar respaldado por uma prática pedagógica fundamentada na utilização de diferentes tendências metodológicas da Educação Matemática, articuladas entre elas, pois as mesmas se completam permitindo assim uma abordagem mais efetiva dos conteúdos a serem desenvolvidos (PARANÁ, 2008). Nesta busca em encontrar metodologias e recursos, questionou-se: De que forma o professor, de maneira lúdica, poderia introduzir os conteúdos de Números Inteiros com o intuito na formação de atitudes e desenvolvimento de habilidades? Que estratégias seriam viáveis para tornar as aulas de matemática mais dinâmicas e atraentes, onde predomina o prazer em redescobrir e aprender? Como seria possível desenvolver nos alunos uma compreensão e autonomia frente à resolução de problemas matemáticos? Neste sentido, desenvolveu-se um trabalho com o objetivo de proporcionar aos alunos, através de jogos, conhecimentos matemáticos para serem utilizados na resolução de problemas e possibilitar o desenvolvimento do senso crítico e reflexivo, despertando o interesse e curiosidade pela matemática. Desenvolvimento 1- Referencial Teórico Este projeto foi desenvolvido dando prioridade para a abordagem do conteúdo de Números Inteiros, de maneira a buscar estratégias e recursos possíveis de serem utilizados em sala de aula por meio de resolução de problemas e jogos, contribuindo assim para a construção do conhecimento dos alunos de maneira mais prazerosa e atraente. São constantes as preocupações com o ensino da matemática de qualidade desde a Educação Infantil, e muitos estudos foram realizados indicando caminhos para que os alunos dessa faixa escolar tenha oportunidade de começar adequadamente seus primeiros contatos com essa disciplina. O conhecimento matemático não se resume num conjunto de fatos a serem memorizados, e que a simples contagem de números leva as crianças a compreensão de ideias matemáticas que serão muito importantes em toda sua vida escolar e cotidiana. Uma proposta de trabalho de matemática deve estimular a exploração de uma variedade de ideias matemáticas em todas as áreas, de maneira que os alunos desenvolvam e conservem com prazer uma curiosidade acerca da matemática, incorporando essas noções no seu mundo real. Para que a aprendizagem ocorra ela deve ser significativa, exigindo que: seja vista com a compreensão de significados; relacione-se com experiências anteriores, vivências pessoais, outros conhecimentos; permita a formulação de problemas de algum modo desafiantes que incentivem o aprender mais; permita o estabelecimento de diferentes tipos de relações entre fatos, objetos, acontecimentos, noções e conceitos; permita modificações de comportamentos; permita a utilização do que é aprendido em diferentes situações (SMOLE, 2000, p. 10). Vista por esse ângulo da aprendizagem significativa, o ensino deve ser um conjunto de atividades sistemáticas bem organizadas, nas quais o professor e o aluno compartilhem ações significativas em relação aos conteúdos do currículo escolar, ou seja, as ações do professor sejam direcionadas para que o aluno participe das atividades, aproximando-o cada vez mais dos conteúdos oferecidos pela escola. Conforme as Diretrizes da Educação Básica do Estado do Paraná (PARANÁ, 2008); Números Inteiros é um conteúdo estruturante que contribui para o desenvolvimento dos alunos no contexto da Educação Matemática. Eles devem ser compreendidos de forma ampla, para que se analisem e descrevam relações em várias situações, explorando seus significados. De acordo com as DCEs (PARANÁ, 2008) a Educação Matemática assumese como campo de estudos que possibilita ao professor balizar sua ação docente, fundamentado numa ação crítica que conceba a Matemática como atividade humana em construção. É necessário um ensino que possibilite aos alunos análises, discussões, argumentações, apropriações de conceitos e formulação de ideias, levando-os a ampliar seus conhecimentos contribuindo assim para o desenvolvimento da sociedade. Entre as Tendências Metodológicas da Educação Matemática, para o meu projeto convém destacar a Resolução de Problemas que: “trata–se de uma metodologia através da qual o aluno tem oportunidade de aplicar conhecimentos assimilados em novas situações, de modo a resolver a questão proposta” (DANTE, 2003, apud, PARANÁ, 2008, p. 63). Ainda de acordo com Dante, (2005, p.13): Uma aula de matemática onde os alunos, incentivados e orientados pelo professor, trabalhe de modo ativo individualmente ou pequenos grupos, na aventura de buscar a solução de um problema que os desafia é mais dinâmica e motivadora do que a que segue o clássico esquema de explicar e repetir. O real prazer de estudar matemática está na satisfação que surge quando o aluno, por si só, resolve um problema. Quanto mais difícil, maior a satisfação em resolvê-lo. Um bom problema suscita a curiosidade e desencadeia no aluno um comportamento de pesquisa, diminuindo sua passividade e conformismo. O papel do professor nessa abordagem deve ser, de acordo com Onuchic, (1999, p. 216): [...] o de um observador, organizador, consultor, mediador, interventor e incentivador da aprendizagem. O professor lança questões desafiadoras e ajuda os alunos a se apoiarem, uns nos outros, para atravessar as dificuldades. O professor faz a intermediação, leva os alunos a pensar, espera que eles pensem, dá tempo para isso, acompanha suas explorações e resolve, quando necessário, problemas secundários.” Onuchic e Allevato, (2005, p. 213) ressaltam que o ensino aprendizagem de matemática, através da resolução de problemas: é uma atividade onde um problema é ponto de partida e orientação para a aprendizagem no decorrer de sua resolução. O ensino aprendizagem devem ocorrer simultaneamente durante a construção do conhecimento, tendo como guia o professor e alunos como coconstrutores de seu próprio aprendizado. Para desenvolver no aluno a capacidade de resolver problemas, é necessário que o professor instigue no educando, o interesse em encontrar a solução do problema. Para resolver problemas, precisamos desenvolver inúmeras estratégias aplicáveis a várias situações. Esse mecanismo nos dará subsídios para nos auxiliar na análise e na solução de situações, onde um ou mais elementos são procurados. Polya (2005, p. 5) afirmava: ” uma grande descoberta resolve um grande problema, mas há sempre uma pitada de descoberta na resolução de qualquer problema”. Segundo o esquema de Polya, (2005) para a resolução de problemas é preciso passar por quatro etapas: compreensão do problema, estabelecimento de um plano, execução do plano, retrospecto ou verificação. Na primeira etapa é preciso compreender o problema, qual é a incógnita, quais os dados, traçar uma figura, esquematizar e anotar. No estabelecimento de um plano, encontrar uma ligação entre os dados e a incógnita, algum problema semelhante, utilizar todos os dados, levar em conta todas as noções necessárias para estabelecer um plano. Ao executar o seu plano, verificar cada passo, analisando se está correto. No final verificar o resultado, se existe outro meio para resolvê-lo, repassando todos os cálculos efetuados, todo caminho percorrido para encontrar a solução. Essas etapas não são rígidas, elas ajudam o aluno a se orientar durante o processo de resolução de problemas. Diversos autores acreditam que a resolução de problemas seja a metodologia mais indicada para a introdução dos jogos no ensino de matemática. Na visão de Smole, Diniz e Milani, (2007, p. 12), a resolução de problemas permite uma forma de organizar o ensino envolvendo mais que aspectos metodológicos, pois inclui toda uma postura frente ao que é ensinar e, consequentemente, sobre o que é aprender. Esta metodologia se coloca como o fio condutor no desenvolvimento das aulas de matemática, pois através dela, o aluno se apropria de conhecimentos obtidos pela observação e vivência dos fatos, adquirindo as competências e habilidades esperadas. 2- Jogos e a Educação Matemática É importante destacar que as atividades lúdicas são inerentes ao ser humano, não somente no universo infantil, como também na vida dos adultos. Quantas vezes nos surpreendemos participando de algumas atividades lúdicas, como jogando dominó, trilha, cartas, boliche e outros. No mundo das crianças, jogos e brincadeiras ocupam um lugar relevante. Nos momentos em que estão concentrados em atividades lúdicas, elas envolvem-se de tal modo que deixam de lado a realidade e entregam-se às fantasias e ao mundo imaginário do brincar (RIBEIRO, 2009, p. 18). Segundo Grando, (2004, p.18) “(...) ao observarmos o comportamento de uma criança em situações de brincadeira ou jogo, percebe-se o quanto ela desenvolve sua capacidade de fazer perguntas, buscar diferentes soluções, repensar situações, avaliar suas atitudes, encontrar e reestruturar novas relações, ou seja, resolver problemas. Vários estudos mostram o sucesso de alguns professores com a utilização de jogos no ensino – aprendizagem da matemática, inserido num planejamento adequado, é possível introduzir e desenvolver conceitos matemáticos, fixar conteúdos, desenvolver estratégias de resolução de problemas, aprofundar conteúdos trabalhados e promover a participação mais ativa dos alunos. É importante destacar que o aluno precisa de muita concentração no decorrer dos jogos e que o uso de materiais manipuláveis não exime o aluno de fazer a abstração, utilizando esses materiais como alicerce na construção dos conceitos e conhecimentos. Sob o olhar de Smole, Diniz e Milani (2007), a atividade com jogos é um dos recursos que favorece o desenvolvimento da linguagem, diferentes processos de raciocínio e interação entre os alunos, defendendo pontos de vista, sendo crítico e confiante em si mesmo. Esse trabalho, quando bem planejado e orientado, auxilia o desenvolvimento de habilidades como observação, análise, levantamento de hipóteses, reflexão, tomada de decisão, argumentação e organização. A inserção de jogos tem papel importante em sala de aula pois possibilita o desenvolvimento do raciocínio lógico e dedutivo, agilidade, responsabilidade, percepção, elementos essenciais para a aprendizagem, pois envolvem os aspectos cognitivos, emocionais e sociais (GUIRADO, 2010, p.11). É necessário que haja um equilíbrio ao utilizar o jogo educativo, entre as funções lúdica e educativa, pois se predominar uma mais que a outra, isto é se a lúdica sobressair não haverá aprendizagem, e se só a educativa predominar, o jogo perde a sua função lúdica. 3-Intervenção Pedagógica Inicialmente, o projeto foi apresentado à equipe pedagógica com o intuito de informar a sua importância para a comunidade escolar na construção do conhecimento em relação aos conteúdos trabalhados e os objetivos a serem alcançados. Em seguida, apresentou-se aos estudantes o projeto de intervenção, as etapas a serem estudadas, os objetivos a serem atingidos, os conceitos a serem trabalhados, a pesquisa de materiais, a construção dos tabuleiros para os jogos, a aplicação dos jogos, a resolução das atividades e problemas. Esta etapa foi registrada em imagens, conforme se pode ver mais adiante. O trabalho de implementação pedagógica iniciou-se com a apresentação de um problema em que a resolução não era possível dentro do conteúdo conhecido por eles (conjunto dos números naturais), gerando uma interrogação. Na sequência, projetamos alguns slides intitulado “A origem dos Números Inteiros” apresentado na unidade didática, despertando muito interesse por eles e ao final no último slide, os convidava a pesquisarem situações que envolvessem números positivos e negativos, recortassem e trouxessem para a próxima aula. De posse dos recortes puderam perceber a utilidade dos números inteiros em várias situações do nosso cotidiano. Em seguida reuniram em equipes, selecionaram os melhores recortes e puseram-se a construir um painel por equipe. Após a construção dos painéis expuseram no mural da escola para que os outros colegas apreciassem. Foi prazeroso ver a satisfação com que eles observavam os seus trabalhos. Em seguida fizeram atividades relacionadas com o tema. Na construção das retas numéricas, os alunos, em duplas, escolheram o EVA marrom para a reta suporte com os números positivos e negativos, o EVA vermelho para os números negativos e azul para os positivos. Riscaram, sinalizaram e recortaram. A ansiedade imperou em todos, o que vamos fazer? Com as retas prontas, foram passadas as informações pertinentes a ação, primeiro com números positivos, depois com números negativos e em seguida com números de sinais diferentes. Localizaram os números nas retas, realizaram várias operações, registraram no caderno e depois fizeram atividades em folhas com exercícios direcionados ao tema. Foi gratificante vê-los tão envolvidos, interagindo com os colegas e buscando o seu conhecimento. Neste momento pudemos voltar ao nosso problema inicial, pois já possuíam conhecimento para resolvê-lo, exploramos o assunto e fizemos um feedback da solução. Numa outra aula, foi apresentada a atividade” Conhecendo a linha do tempo”, para marcar fatos históricos importantes. De posse do conhecimento adquirido com a reta numérica, puderam estabelecer o nascimento de Cristo como referência e localizar fatos ocorridos antes e depois de Cristo. Para introduzir o jogo CARACOL MALUCO, foi apresentado para eles o desenho do jogo. Em seguida, formaram as duplas, recortaram o EVA, alguns pintaram o desenho, colaram, fizeram as fichas, providenciaram os marcadores (botões ou tampinhas de creme dental). Com todo material pronto, foram fornecidas algumas informações e começaram a jogar. Com as fichas empilhadas em cima da carteira, cada um pegava na sua vez uma ficha, se fosse número positivo avançava e se fosse número negativo recuava, se fosse zero estacionava. Assim prosseguiram jogando, até que um deles chegasse no + 20 e ganhasse o jogo ou no – 20 e saísse. Houve muita interação entre eles, que comentavam ”assim é mais fácil aprender os conteúdos de matemática”. A alegria imperava, na constatação da localização dos números inteiros nos dois sentidos positivo e negativo. Como foi importante vê-los construindo conceitos antes desconhecidos. Acredito que a utilização de jogos matemáticos não seja simplesmente um objeto presente na escola, mas principalmente na vida do aluno, pois o espírito de competição e desafio é uma habilidade marcante na vida de cada um. Figura 1 – Caracol Maluco Fonte: A autora, 2015. Numa aula posterior, propusemos a construção de um minidicionário de matemática para registrarmos as palavras que eles não sabiam o significado. Foram apresentados cadernos brochura cortados ao meio, eles colaram em cada página uma letra do alfabeto na extremidade superior e a direita. Esse dicionário foi usado diversas vezes, sempre que aparecia uma palavra nova, pois uma das causas do fracasso em matemática é a dificuldade em interpretar, com isso já pudemos perceber melhora na interpretação das atividades. Esse dicionário foi muito importante e positivo, pois possibilitou aos alunos a compreensão das palavras desconhecidas por eles, além de facilitar a interpretação de textos matemáticos. Foi utilizado muitas vezes, sempre que aparecia uma palavra nova, eles mesmos já perguntavam: “É para pôr no dicionário?” Em seguida eles pesquisavam em casa ou na sala de aula e anotavam no minidicionário. No final do mês, apresentavam para mim. O uso do dicionário é contínuo, mesmo após o término da aplicação do projeto. Não posso deixar de registrar que uma participante do GTR, sugeriu que eu acrescentasse ao dicionário os símbolos matemáticos. Sugestão acatada e aplicada. Na aula seguinte, começamos o construir o tabuleiro para o jogo Matix, em EVA. Organizaram-se em duplas, fizeram a malha quadriculada 30cm x 30cm divididos em 36 quadrados de 5 cm cada. Previamente eles já estavam coletando tampinhas de refrigerantes, de caixinha de leite e de suco. Eles separaram por cores (36 para cada jogo), trocaram entre eles e colaram os números fornecidos por mim, ficaram muito curiosos em saber o que iriam fazer. O jogo Matix explora o cálculo com expressões envolvendo números inteiros, incentivando o cálculo mental. Pelo fato de ser um jogo de estratégia, não dependendo apenas do fator sorte, e sim das decisões de cada jogador, estimula o raciocínio para se vencer o jogo. Numa outra aula, imaginaram o que fazer, tentaram e depois de algumas pistas começaram a jogar, registraram em uma ficha e depois realizaram as operações de adição com os números inteiros. Esse jogo pode ser aplicado nas aulas de matemática com o objetivo de levar o aluno a desenvolver suas habilidades na resolução de problemas. Ele ficará mais interessante a partir do momento que os jogadores começarem a criar estratégias de jogadas e se aprimorarem na antecipação das mesmas. O cálculo mental, a atenção e a rapidez de raciocínio serão conceitos exigidos para realizar boas jogadas. Depois de várias jogadas, interagiram com os colegas, foram descobrindo as melhores estratégias para enfrentar o adversário. A medida que foi necessário as regras do jogo foram apresentadas Os alunos, após as jogadas escreveram textos sobre algumas estratégias utilizadas para se vencer o jogo, e socializaram para os colegas. Foram realizadas várias atividades com entusiasmo e sentiram-se poderosos, por construírem a regra da adição só observando o que estavam fazendo. Apesar das aulas serem mais agitadas, eles estavam aprendendo muito e felizes, com a aplicação de técnicas diferenciadas, na construção do seu conhecimento com significado. Figura 2 – Matix Fonte: A autora, 2015. Na construção do jogo DOMINÓ, envolvendo a multiplicação e divisão de números inteiros, optei por levar o jogo adquirido no comércio, eles colaram as operações planejadas por mim. Com as regras já conhecidas por eles, passaram a executar o jogo. Esse jogo estimula a interpretação, compreensão das regras, planejamento de estratégias, favorece a interação social, relaciona elementos do jogo e conceitos matemáticos e estabelece relação entre as operações matemáticas e as estratégias para vencer o jogo. É de suma importância a utilização deste jogo para a fixação da regra de sinais da multiplicação e divisão, além de estimular o cálculo mental. Com os jogos, os erros são vistos com naturalidade na ação das jogadas, sem deixar marcas negativas, eles por si só propiciam novas tentativas, estimulam previsões de checagem, pois o planejamento de melhores jogadas e utilização de saberes adquiridos anteriormente possibilitam a aquisição de novas ideias e conhecimento, aumentando assim a sua segurança. Figura 3 - Dominó Fonte: A autora, 2015. Todas as atividades desenvolvidas (situações problemas e jogos), foram registradas no caderno, com a intenção de facilitar as discussões sobre os procedimentos utilizados, pois quando o aluno controla e corrige seus erros, ele avança no processo de aprendizagem e desenvolve a autonomia de querer aprender cada vez mais. Por meio desses registros foi possível avaliar o desenvolvimento dos alunos sobre o conteúdo apresentado. Os jogos só foram apresentados aos alunos depois de terem contato com os conteúdos trabalhados pela professora, já que um dos objetivos era a fixação dos conteúdos. Os participantes do GTR gostaram da proposta e contribuíram com sugestões de jogos e ideias para aumentar a eficácia deste trabalho. Alguns participantes demonstraram preocupação quanto ao desinteresse de alguns alunos no decorrer de suas aulas. Também é notório o desejo dos professores participantes de que seus alunos construam seu próprio conhecimento. Essa mudança necessária a ser realizada no processo ensino-aprendizagem da matemática está ligada a uma ação transformadora do professor, que espero ter despertado com esse projeto. Essa ação, com a adequação de novos métodos pedagógicos visando o crescimento dos alunos deverá partir do professor, incentivado pela equipe pedagógica e com isso atingirá os alunos. Considerações Gerais Neste artigo foram apresentados os resultados de um trabalho desenvolvido, com o intuito de tornar as aulas de matemática mais participativas e atraentes. Pude constatar, pela observação e participação dos alunos que os jogos possibilitam oportunidades de aprendizagem, permitindo aliar-se perfeitamente com o conhecimento matemático. Alguns alunos têm dificuldade na compreensão imediata, requerendo mais tempo, com mais repetições, reflexões, aprofundamento e mesmo registro das informações, cabendo aí a intervenção do professor. Fato que aconteceu durante a aplicação, mas contaram com o auxilio dos colegas e professora para sanar as dúvidas. Os resultados obtidos com a execução das atividades propostas, demonstraram grande eficácia no desenvolvimento dos procedimentos pelos alunos, constatando que é possível o uso de jogos em sala de aula, como estratégia para o estudo da matemática. Destacando ainda que o trabalho em grupos possibilitou um melhor atendimento aos alunos pela professora. Houve um maior envolvimento entre eles, até alunos que antes não participava passou a ter mais interesse e segurança na resolução das atividades durante as aulas. Pude perceber um aprendizado pelos alunos de forma bem descontraída. Eles assimilam o conteúdo, ainda que não percebam isto, pois para eles, o principal é vencer o jogo e para isso precisam saber o conteúdo. Assim a aprendizagem deixa de ser abstrata, tornando mais concreta e de fácil entendimento. Na resolução de problemas, houve um avanço na interpretação com o auxílio do dicionário e aplicação dos passos desenvolvidos por Polya. Na correção das atividades, os alunos participavam com agilidade, exercitando o cálculo mental, de grande importância em nossas aulas. Um fato interessante e digno de registro é o minidicionário. Eles estão sempre lembrando de colocar as palavras novas e seus significados, levando-os a lerem e procurarem o significado, pois sabemos que o aluno que não lê, não escreve e não interpreta, fatores essenciais para conseguir êxito na compreensão da matemática. Após a aplicação da Unidade Didática pude perceber, que é preciso ousar, sair da rotina, aceitar desafios, planejar as ações, pesquisar, reconhecer a importância de levar aos educandos estratégias diferenciadas e oportunizar a construção do conhecimento matemático em sua totalidade. Percebe se também que quando utilizamos meios didáticos diferenciados, construímos um ensino mais dinamizado, com a participação ativa dos alunos, onde os mesmos se sentem parte do processo educacional. Devemos ter cuidado para que os jogos matemáticos não sejam simplesmente um objeto presente na escola, mas que atinja a vida do aluno, fora da sala de aula, pois o espírito de competição e desafio é uma habilidade marcante na vida de cada um. 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