Resposta do milho cultivado com sulfato de cobre e quelatado com cobre EDTA em casa de vegetação Autores: Tales S. Silva1, Ana Carolina P. de Vasconcelos2, Andressa F. Nascimento3, Adriane de A. Silva4 e Regina M. Q. Lana5. Endereço: Av. Amazonas, s/n, Bl. 4C, Sl. 112, Uberlândia, MG, CEP 38400-0151,2,3,4,5 [email protected], [email protected], [email protected], [email protected], [email protected] . Palavras-chave: Micronutrientes, Cu EDTA, Sulfato, Zea mays Revisão bibliográfica O milho (Zea mays L.) em razão de seu potencial produtivo, composição química e valor nutritivo, é considerado um dos cereais mais importantes cultivado e consumido no mundo. Como possui uma ampla gama de aproveitamento, que vão desde a alimentação animal até a alimentação humana, a gramínea tem papel socioeconômico acentuado, além de constituir-se em indispensável matéria-prima impulsionadora de diversos complexos agroindustriais. É também considerada uma das principais espécies utilizadas no mundo, visto que anualmente são cultivados cerca de 140 milhões de hectares, os quais contribuem para a produção de, aproximadamente, 600 milhões de toneladas de grãos (FANCELLI; DOURADO-NETO, 2001 e FANCELLI; DOURADO-NETO, 2004). Para que todo esse potencial resulte em ótimas produções é necessário um bom estado nutricional da planta. Os micronutrientes, entre eles, o cobre (Cu), embora exigidos em pequenas quantidades, são essenciais para a planta completar seu ciclo vegetativo e, suas deficiências provocam diminuição na produtividade (LUCHESE et al., 2004). O mesmo desempenha importante papel em diversos processos fisiológicos, com fotossíntese, respiração, distribuição de carboidratos, redução e fixação do nitrogênio, e metabolismo de proteínas e das paredes celulares. Controla as relações de água na planta e a sua produção de DNA e RNA, sendo que a sua deficiência reduz marcadamente a produção de sementes pelo aumento da esterilidade do pólen; está envolvido, também, nos mecanismos de resistência a doenças (DECHEN, 1988; BORKERT, 1989 apud CANTARELLA e BÜLL, 1993). A utilização de cobre como fungicida tem sido documentada há mais de um século, e há muito tempo usado no controle de doenças causadas por fungos (GRAHAM, 1983 apud FAGERIA et al., 1997), pois o cobre é um dos nutrientes necessários à formação da clorofila na planta, e sua deficiência pode resultar desde apenas folhas amareladas até a morte da planta. Essa descoberta trouxe notáveis aumentos de produção de inúmeras culturas, principalmente a partir de 1930, graças aos trabalhos de Sommer (apud JORGE, 1983) que se pode compreender que o cobre não só agia como fungicida, sendo o sulfato de cobre e os quelatos de cobre duas das fontes de cobre mais utilizadas (JORGE, 1983 e BRAGA, 2009). Segundo Braga (2009), o cobre reage com a matéria orgânica formando compostos que não estão disponibilizados para as plantas imediatamente e que em solos com alto teor de matéria orgânica, as deficiências de cobre aumentam e a reposição deve ser feita anualmente. Formas insolúveis de cobre, como o sulfato de cobre (CuSO4), podem melhorar a sua solubilidade quando incorporadas aos adubos granulados. XXVIII Congresso Nacional de Milho e Sorgo, 2010, Goiânia: Associação Brasileira de Milho e Sorgo. CD-Rom 2453 Portanto, o objetivo desse trabalho foi avaliar os efeitos de três doses e duas fontes de Cu (EDTA e sulfato) na produção de massa verde (MV) e seca (MS) da parte aérea, diâmetro de caule e altura de plantas e nas concentrações desse micronutriente no na planta e no solo. Material e Métodos Instalou-se em casa de vegetação na Universidade Federal de Uberlândia-UFU, um ensaio em delineamento em blocos casualizados, em esquema fatorial 3 x 2 + 1, com 3 doses e 2 fontes de cobre (sulfato e quelatado com EDTA), mais o tratamento adicional da testemunha sem adubação. O solo utilizado foi um Latossolo Amarelo distrófico típico, A moderado, textura média, fase cerradão tropical subcadosifólio, relevo suave ondulado, com textura muito argilosa (423g kg-1 de areia grossa, 205 g kg-1 de areia fina, 36 g kg-1 de silte e 336 g kg-1 de argila) cujas características químicas encontram-se na Tabela 1. Segundo Malavolta (2006), observa-se que o teor de Cu neste solo está baixo (Tabela 1). Tabela 1. Caracterização química do solo Al Ca Mg H+Al SB T V MO P K SO4-3 -3 -------mg dm -------------------cmol dm --------------%-----dag kg-1 1,7 21 9 0,7 0,1 0,1 4,70 0,25 4,95 5 2,1 pH B Cu Fe Mn Zn H2O ------------------------------------------------------mg dm-3-------------------------------4,8 0,15 0,8 133 4,7 0,7 P e K - Extrator Mehlich (HCl 0,05 mol L-1 + H2SO4 0,025 mol L-1); Ca, Mg e Al Extrator KCl 1 mol L-1; CTC efetiva; V - saturação por bases; m - saturação por alumínio (EMBRAPA, 1999). Os tratamentos aplicados consistiram na aplicação do equivalente a 10, 20, 30 mg dm-3 de Cu. As doses foram aplicadas em vasos de 3 kg de solo aplicadas em cobertura com incorporação. Após aplicação foi semeado o milho do híbrido DKB 390®. Após a emergência foi realizado um desbaste em que foram deixadas somente 2 plântulas. O experimento foi conduzido por 30 dias e realizadas as mensurações vegetativas de altura de planta, diâmetro de colmo, produção de MS e MV teor foliar e teor no solo de micronutrientes. As variáveis foram analisadas pelo teste F a 5% de probabilidade e regressão em função das doses de cobre, por meio do programa SISVAR (FERREIRA, 2000). Resultados e Discussão Observou-se pelo teste de F que houve interação entre as fontes e as doses de Cu utilizadas apenas para massa seca, e fontes e doses separadas houve significância para diâmetro médio das plantas, Cu foliar e Cu no solo, dentro das variáveis analisadas (Tabela 2). A aplicação de cobre não influenciou na massa verde das plantas (Tabelas 2 e 3). Tabela 2. Valor F dos resultados de análise de variância referente à altura das plantas de milho, teor de cobre da parte aérea, teor de Cu no solo, matéria seca e verde da parte aérea e diâmetro do colmo, em função das doses utilizadas em diferentes fontes de Cu. XXVIII Congresso Nacional de Milho e Sorgo, 2010, Goiânia: Associação Brasileira de Milho e Sorgo. CD-Rom 2454 Altura de plantas (cm) Dose 0,0669 ns Fonte 0,1589 ns Dose* Fonte 0,4117 ns CV (%) = 28,82% *Probabilidade < 0,05 significativo. Fonte da variação Média Cu foliar Cu solo diâmetro (mg kg-1) (mg dm-3) (cm) 0,2720 ns 0,2407 ns 0,0114* 0,0262* 0,0002* ns ns 0,2844 0,2754 0,0462* 0,0058* 0,0007* 0,0533 ns 0,0312* 0,3628 ns 0,4477 ns 0,1769 ns 59,64% 51,22% 17,89% 48,12% 36,72% indica que a fonte de variação é significativa. ns Não Massa verde (g) Massa seca (g) Tabela 3. Efeito das fontes de cobre na altura das plantas de milho, teor de cobre da parte aérea, teor de Cu no solo, matéria seca e verde da parte aérea e diâmetro do colmo. Altura de Média Massa Massa Cu foliar Cu solo Fontes plantas diâmetro verde (g) seca (g) (mg kg-1) (mg dm-3) (cm) (cm) Testemunha 19,83 a 3,09 a 0,55 a 6,85 a 5,67 b 1,57 c Cu EDTA 12,28 b 3,68 a 0,64 a 4,74 b 8,89 b 38,69 a 4,61 a 0,79 a 4,68 b 22,67 a 25,34 b Sulfato de Cu 13,72 b CV (%) = 28,82% 59,64% 51,22% 17,89% 48,12% 36,72% Médias seguidas pela mesma letra, na coluna, não diferem significativamente entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. A altura de plantas foi menor com a aplicação de cobre comparada com a testemunha (Tabela 3). A produção de massa verde não diferiu com as doses de cobre aplicadas quando comparadas à testemunha (Tabela 3). Já a produção de massa seca apesar de não ter diferido da testemunha apresentou um ajuste quadrático em relação às doses utilizadas (Figura 1), sendo, portanto a máxima produção de massa seca encontrada na dose de 13,47 mg dm-3 de Cu. Figura 1. Quantidade de massa seca da parte aérea do milho, aos 30 dias, cultivado em casa de vegetação em função das doses de cobre. Analisando a média do diâmetro, observou-se que a aplicação de Cu levou a diminuição dessa variável quando comparada com a testemunha, não diferindo as fontes de cobre utilizadas (Tabela 3), apresentou também ajuste quadrático encontrado na dose de 27,59 mg kg-1 (Figura 2). XXVIII Congresso Nacional de Milho e Sorgo, 2010, Goiânia: Associação Brasileira de Milho e Sorgo. CD-Rom 2455 Figura 2. Média dos diâmetros do colmo das plantas de milho, em função das doses de cobre aplicadas. As análises de Cu foliar mostraram que o fornecimento de Cu proporcionou aumento no teor foliar do micronutriente apenas em aplicação com sulfato de Cu quando comparado com a testemunha (Tabela 3), sendo a aplicação com quelato de Cu EDTA estatisticamente igual à testemunha. Para essa variável houve ajuste quadrático em que a melhor dose seria 31,21 mg kg-1, uma dose não estudada neste experimento (Figura 3). Para Cu no solo (Figura 4) também houve ajuste quadrático de uma dose não estudada, que seria a dose de 64,14 mg dm-3, e verificou-se que as fontes de Cu utilizadas resultaram em concentrações diferentes no solo para todas as variáveis (Tabela 3). Figura 3. Teor de Cu foliar nas plantas de milho, em função das doses de cobre aplicadas. Figura 4. Teor de Cu no solo, aos 30 dias, em função das doses de cobre. XXVIII Congresso Nacional de Milho e Sorgo, 2010, Goiânia: Associação Brasileira de Milho e Sorgo. CD-Rom 2456 Conclusões A aplicação de Cu apenas superou a testemunha no solo e nas folhas quando aplicado na forma de sulfato de cobre, e em massa verde e massa seca foram estatisticamente iguais. A produção de massa seca, diâmetro médio, cobre foliar e cobre no solo apresentaram ajuste quadrático. As fontes sulfato de Cu e quelatado com Cu EDTA não foram eficientes no fornecimento de Cu para a cultura do milho, com exceção do cobre foliar aplicado na forma de sulfato de Cu. Literatura citada BRAGA, G.N.M. Adubação foliar – micronutrientes na cultura da soja e do milho. 2009. Disponível em: <http://agronomiacomgismonti.blogspot.com/search/label/cobre>. Acesso em: 18 maio 2010. CANTARELLA, H., BÜLL, L.T. Cultura do milho – Fatores que afetam a produtividade. Piracicaba. Editora: Associação Brasileira para Pesquisa de Potassa e do Fosfato. 1993. p.97. FAGERIA, N.K., BALIGAR, V.C., JONES, C.A. Growth and Mineral Nutrition of Field Crops. Nova Iorque. Editora Marcel Dekker Ltda. 2ªed. p.209. FANCELLI, A.L.; DOURADO NETO, D. Milho: fisiologia da produção e produtividade. In: ______ (ed.). Milho: tecnologia e produtividade. Piracicaba. Editora ESALQ/LPV. 2001. p. 25-44. FANCELLI, A.L.; DOURADO NETO, D. Ecofisiologia e Fenologia. In: ______ (ed.). Produção de milho. Piracicaba. Editora Livroceres. 2004. 2ª ed. p. 21-54. FERREIRA, D. F. Manual do sistema SISVAR para análises estatísticas. Lavras: UFLA/DEX, 2000. 66p. JORGE, J.A. Solo: manejo e adubação. São Paulo. Editora Nobel. 1983. p. 108-109. LUCHESE, A.V.; GONÇALVES JÚNIOR, A.C.; LUCHESE, E.B. BRACCINI, M.C.L. Emergência e absorção de cobre por plantas de milho (Zea mays) em resposta ao tratamento de sementes de cobre. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/cr/v34n6/a44v34n6.pdf>. Acesso em: 06 jun. 2010 MALAVOLTA, E. Manual de nutrição mineral de plantas. São Paulo: Editora Agronômica Ceres, 2006. p. 402-415. XXVIII Congresso Nacional de Milho e Sorgo, 2010, Goiânia: Associação Brasileira de Milho e Sorgo. CD-Rom 2457