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Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014
V Enebio e II Erebio Regional 1
ESTUDO ETNOBOTÂNICO PARA A IMPLANTAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DE
HORTAS DE PLANTAS MEDICINAIS NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE
CIÊNCIAS E BIOLOGIA
Maria da Conceição Prado de Oliveira (Universidade Federal do Piauí/Departamento
de Biologia) James Santos Sobreira (Universidade Federal do Piauí/CEAD)
Caroline Ferreira de Moura (Universidade Federal do Piauí/CEAD) Geraldo Felipe
Prado de Oliveira (Faculdade Santo Agostinho) Geraldo José de Oliveira (Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí)
RESUMO: Objetivou-se pesquisar a cultura da comunidade de Canto do Buriti e municípios
circunvizinhos, no que diz respeito ao uso e cultivo de plantas medicinais, fazendo a
complementação entre o saber tradicional e o saber acadêmico. Além disso, investigar a
importância da educação ambiental, através de atividades desenvolvidas em hortas escolares
agroecológicas, para os futuros professores de ciências e biologia em formação pelo Centro de
Educação Aberta e a Distância (CEAD/UFPI). Os resultados mostraram que a comunidade
não tem noções sobre os perigos do uso indevido das plantas medicinais. Por isso, é
importante formar professores qualificados que possa formar cidadãos conscientes desses
perigos.
Palavras-chave: Plantas medicinais. Formação de professores. Hortas comunitárias
ABSTRACT: The objective was to research the culture of the community of Canto do Buriti
city, Piauí State, Brazil, and surrounding counties, with regard to the use and cultivation of
medicinal plants, making the complementation between traditional and academic knowledge.
Furthermore, to investigate the importance of environmental education through activities in
agroecological school gardens, for future teachers of science and biology in training by the
Center for Open and Distance Education (CEAD / UFPI). The results showed that the
community has no notion about the dangers of misuse of medicinal plants. So it is important
to train qualified teachers who can train citizens aware of these dangers.
INTRODUÇÃO
A Universidade Federal do Piauí, em consócio com o Governo do Estado, através do
Centro de Educação à Distância (CEAD), desde 2007, oferece cursos de Graduação e PósGraduação gratuitamente. Dentre esses cursos o CEAD oferece o curso de Licenciatura em
Ciências Biológicas, modalidade a Distância. A metodologia de estudo do curso combina
material impresso, áudios, vídeos, multimídia, internet e videoconferências, realizados na
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Plataforma Virtual de Ensino e Aprendizagem Moodle. Além das aulas virtuais os alunos tem
aulas presenciais que correspondem a 20% da carga horária total. Para melhor atender aos
nossos alunos EaD, foram construídos Polos de Apoio Presencial que dispõem de salas de
aulas, bibliotecas, salas de videoconferências, laboratórios didáticos de ciências e biologia e
laboratórios de informática. Faz parte também da carga horária total do curso, 200h de
atividades complementares que deverão ser vivenciadas ao longo do mesmo.
No Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas, modalidade a Distância, são agentes
facilitadores da aprendizagem: coordenador do curso, professores conteudistas, professores
coordenadores de disciplina, orientadores acadêmicos, tutores a distância e tutores presenciais
e técnicos de laboratório.
O objetivo desenhado para esse estudo foi investigar a cultura da comunidade de Canto
do Buriti e municípios circunvizinhos, no que diz respeito ao uso e cultivo de plantas
medicinais, fazendo a complementação entre o saber tradicional e o saber acadêmico. Além
disso, investigar a importância da educação ambiental, através de atividades desenvolvidas
em hortas escolares agroecológicas, para os futuros professores de ciências e biologia em
formação pelo Centro de Educação Aberta e a Distância (CEAD/UFPI).
A relação entre o saber popular e o saber cientifico tem sido um campo de conflito
social, e através do crescimento do cientificismo, produziu-se e legitimou-se a hierarquização
entre esses conhecimentos. Mas apesar da relação preconceituosa estabelecida a cerca da
cultura popular, houve interesse em se obter informações sobre as práticas utilizadas pela
comunidade para a cura de doenças, e posteriormente reforçadas pelo próprio
desenvolvimento do método científico que leva a observar, experimentar, e imitar tais
procedimentos. Ao longo desse processo que então se torna legítimo esses saberes por ser
científico, descrevem-se a propriedades terapêuticas das espécies de plantas e a dosagem certa
para seu uso. Mais tarde esse mesmo saber retorna ao público em forma de compêndios e
matérias médicas (saber cientifico), como sugere Edler (2006).
A universidade Federal do Piauí, nessa última década tem se preocupado em fazer o
confronto entre o saber popular e o saber cientifico sobre as propriedades terapêuticas de
algumas plantas. Esses saberes precisam chegar até a comunidade e acreditamos que se
disponibilizados para os professores em formação, haverá uma grande oportunidade de
disseminação desses conhecimentos.
A dimensão ambiental adotada na construção dos saberes incorpora a compreensão de
ambiente e sustentabilidade ambiental. Ao ambiente, pressupõe-se as relações que se
estabeleceram entre as plantas medicinais (elementos naturais) e as variedades de modos de
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vida, de relações sociais, da construção cultural (socioculturais) que os moradores de Canto
do Buriti e cidades circunvizinhas desenvolveram na criação de cultura e tecnologia, através
de processos históricos e sociais. A sustentabilidade ambiental refere-se ao respeito a todas as
formas de vida, responsabilidade individual e coletiva com a manutenção, no presente e no
futuro, dos bens naturais e culturais em âmbito local, regional, nacional e global (FONSECA,
1996) que esses futuros professores possam aprender e repassar na sua vida como docentes.
Enfatizamos que, a Educação Ambiental que orienta tais ações é concebida numa perspectiva
crítica, transformadora e emancipatória que busca ser construída pela participação radical dos
sujeitos envolvidos nas qualidades e capacidades necessárias a ação transformadora e
responsável diante do ambiente em que vivemos (TOZONI REIS, 2006).
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Estudo etnobotânico em comunidades
A pesquisa foi desenvolvida na comunidade de Canto do Buriti/PI e municípios
circunvizinhos a essa cidade, entres os meses de junho a dezembro de 2013. Para a obtenção
dos dados aqui apresentados foram utilizadas, como instrumento de pesquisa, entrevistas
semi-estruturadas (questionário) com 237 famílias. As entrevistas foram realizadas pelos
alunos do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas, modalidade a distância, ofertado
pelo Centro de Educação Aberta e a Distância (CEAD/UFPI).
Durante as entrevistas foram obtidos os seguintes dados pessoais dos entrevistados:
idade, sexo e grau de escolaridade. Além disso, investigamos: o costume de usar plantas
medicinais; plantas utilizadas com frequência; dosagens utilizadas; se já foi curado por
plantas medicinais; se preparam seus produtos com mais de uma planta por vez; através de
quem (ou como) aprendeu a usar plantas medicinais; se cultivam plantas medicinais e qual a
forma de cultivo. Vale ressaltar que foi solicitada a permissão dos entrevistados, através da
assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
A identificação das espécies citadas pelos entrevistados está sendo feita por
comparação com exsicatas depositadas no Herbário Graziela Barroso (TEPB) da
Universidade Federal do Piauí (UFPI), além do envio de duplicatas a especialistas nacionais,
quando necessário. O nome e/ou abreviatura dos autores serão baseados em Brummitt e
Powell (1992) e no site www.ipni.org. Após a secagem e a montagem das exsicatas, os
exemplares já devidamente identificados estão sendo registrados e devidamente incorporados
ao acervo do TEPB.
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Implantação e implementação de hortas de plantas medicinais na formação de
professores de ciências e biologia
Os estudos estão sendo desenvolvidos com alunos do Curso de Licenciatura em
Ciências Biológicas, modalidade EaD do Polo de Apoio Presencial de Canto do Buriti.
Inicialmente, foram ministradas palestras para embasamento teórico sobre a produção
de hortas. Em seguida, foi elaborado e aplicado um questionário com intuito de saber qual o
interesse dos futuros professores na produção da horta. Foram elaborado e aplicado outro
questionário com o objetivo de diagnosticar as mudanças de comportamento dos alunos com a
implantação e implementação da horta de plantas medicinais.
O processo de implementação da horta contou com a participação de professores da
UFPI e mão de obra da equipe técnica da Prefeitura, membros da comunidade, alunos do
curso e tutores. Participaram da instalação da horta, exercendo as seguintes atividades:
reunião com a comunidade, capina e preparação do solo, cercamento do local, adubação,
confecção de canteiros, fornecimento de mudas, sementes, ou seja, organização geral e
distribuição dos canteiros por alunos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Estudo etnobotânico em comunidades
Entrevistamos 237 famílias (n=237), das quais 159 (67%) afirmaram utilizar plantas da
região como fitoterápico. A amostra de pessoas entrevistada foi constituída de 73% pelo sexo
feminino, no entanto, acreditamos que o alto percentual de mulheres, quando comparado a
outros trabalhos, seja devido ao fato das entrevistas terem sido realizadas em residências
durante o dia, quando os homens estavam no trabalho. No que se refere à faixa etária dos
entrevistados, há uma maior frequência na idade entre 36 a 55 anos.
O resultado mostrou que a maioria dos entrevistados (72,1%) não concluiu o ensino
fundamental. Esse resultado já era esperado, considerando que as entrevistas foram realizadas
em uma comunidade do interior do Piauí. Em 2010, Canto do Buriti abrigava um total de
16.564 habitantes com idade acima de 10 anos e que apenas cerca de um quarto dessa
população (4.388) frequentavam a escola (IBGE, 2013).
Durante as entrevistas foram citadas 88 plantas e 45% das pessoas sempre usam mais de
uma planta por vez. Esse é um dado preocupante, considerando-se que algumas plantas
possuem propriedades abortivas e/ou não recomendadas durante a gravidez ou período após o
parto, quando utilizadas separadamente. Alguns autores como, por exemplo: Conceição,
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1987; Martins, 2000; Food and Drug Administration, 2005 tem chamado a atenção sobre
esses riscos, em seus artigos.
A maioria dos entrevistados citou mais de 10 plantas que eles utilizam como medicinais
e disseram também que esses conhecimentos foram adquiridos de forma oral por amigos e
parentes, com percentual de 77,3% e o restante obteve os conhecimentos através de meios de
comunicação (10%), estudou na escola (8,7%) em aula ou em palestras ou nos livros e 4%
aprendeu com profissionais da saúde (agente comunitário). Eles usam as plantas medicinais
por que “não faz mal a saúde” ou “é mais barato que remédio de farmácia”.
A parte da planta mais utilizada para fazer os remédios foi a folha (31%), seguido pelas
cascas (16%), frutos (12%), sementes (12%), raízes com folhas (9%), galhos (9%), toda
planta (5,5%) e flor (5,3%). Forma de preparo citados pelos entrevistados: 33,1% usam chásinfusões, xaropes (20%), inalação (11%), banho (8,5%), ingerem ‘in natura’(8%), chásdecocção (6,4%), compressas (5,5%), macerado (3%), tintura (1,3%), cataplasma (1,1%),
suco de mastruz (1,1), garrafadas (0,4%), lambedor (0,2%), suco de hortelã (0,2%) e sumo
(0,2%).
Cerca de 82% dos entrevistados cultivam as plantas que sua família utiliza como
fitoterápico e o restante dos entrevistados compra na feira livre ou obtém dos vizinhos. O
cultivo das plantas é realizado em quintais e a parte da planta mais utilizada no plantio, citada
pelos entrevistados, foi o galho (36%), seguido das sementes (26%), raízes (16%), folhas
(15%) e frutos (7%). Do universo de pessoas que cultivam as plantas medicinais em seus
quintais 7% disseram que elas nascem espontaneamente.
Com relação aos fins terapêuticos foram citas plantas utilizadas como calmante
(23,4%), gripe (23%), anestésico (16%), digestivo (13%), cólica (8%), diurético (6%),
vermífugo (4,6%), depurativo (3%), hemorróida (3%) e outras alternativas (3%).
Por fim, perguntamos a nossos entrevistados se eles achavam importante que os
professores em formação aprendessem sobre uso e utilidades das plantas na Universidade e a
maioria deles disse que sim e também concordou com a implantação de uma horta para o
cultivo de plantas medicinais no Polo de Apoio Presencial de Canto do Buriti.
Desta forma, os conhecimentos adquiridos na comunidade estão sendo levados a
academia (“comunidade ensinando ao futuro professor”), para que ela possa gerar novos
conhecimentos e levar as comunidades (academia ensinado a comunidade).
Importância da implantação e implementação de hortas de plantas medicinais na
formação de professores de ciências e biologia
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Na realidade, os estudos sobre a importância da implantação e implementação de
hortas de plantas medicina na formação de professores de ciências e biologia, Piauí ainda
estão sendo realizados. Essas experiências além de contemplarem as proposições expressas no
plano nacional de extensão universitária, expressam a concepção que considera o estudante
como sujeito da construção de seu próprio conhecimento e não receptor passivo da
transmissão de conhecimento e estão afinadas com o pensamento expresso por Paulo Freire
(2006).
Após a apresentação do projeto e o conhecimento das etapas da pesquisa e extensão, a
implantação do Projeto Farmácia Viva teve inicio no Polo de Apoio presencial de Canto do
Buriti.
As experiências de pesquisa e extensão universitária na implantação estão descritas a
seguir: inicialmente foi feito um encontro entre os tutores e a orientadora acadêmica com
professores da Universidade Federal do Piauí. Em seguida, foi realizada uma reunião entre os
tutores e alunos. O próximo passo foi à aplicação do questionário para saber qual o interesse
dos futuros professores na produção da horta. Logo após a reunião, foi iniciado o plantio das
mudas na horta no Polo de Apoio Presencial de Canto do Buriti.
Os alunos do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas do Polo de Apoio
Presencial abraçaram a causa e estão realizado Palestras em escolas da Comunidade.
O projeto está sendo direcionado para capacitar os futuros professores em aulas
práticas para melhor entendimento do manejo das ervas quanto ao uso adequado das plantas
sendo estas estudadas nas oficinas que são promovidas no laboratório de ensino de biologia
disponível no polo.
O plantio e a preparação do terreno da horta escolar foram realizados pela
coordenação do Projeto. A área do terreno para a implantação da horta (Farmácia Viva) fica
localizada ao lado do Polo de Apoio Presencial, com uma área aproximada de 15 m x 6 m,
perfazendo um total de 90 m2. A Tabela 1 apresenta uma lista das espécies já plantadas na
horta.
Tabela 1. Relação das plantas cultivadas nos canteiros do Polo de Apoio Presencial de
Canto do Buriti, PI
NOME POPULAR
NOME CIENTÍFICO
Boldo - sete – dores
Plectranthus barbatus Andrews
Hortelã pimenta
Mentha piperita L.
Boldo baiano
Vernonia condensata Baker
Babosa
Aloe vera L.
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Milindro
Capim santo
Erva cidreira verdadeira
Anador
Folha santa
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Asparagus L.
Cymbopogon citratus Stapf
Melissa officinalis L.
Justicia pectoralis Jacq.
Bryophyllum pinnatum (Lam.)
Kurz
A segunda etapa do projeto consistirá na extração de óleos essenciais ou extratos
químicos no Laboratório Biologia, das plantas que estão sendo cultivadas na horta escolares
(Projeto Farmácia Viva) que é o foco da pesquisa e extensão.
Vale ressaltar que o Projeto Farmácia Viva vem se destacando na comunidade de
Canto do Buriti e as escolas do ensino básico tem nos recebido de braços abertos.
Outros autores como Nunes; Moura (2007) ao relatarem as suas experiências com
‘plantio de horta de plantas medicinais na escola estadual’ verificaram que a integração entre
a universidade e as comunidades carentes tornam possível associar o conhecimento empírico
ao científico, e assim, não só despertar cuidados com a saúde, mas também o interesse em
usar e preservar a flora. O principal resultado é justamente o interesse dos alunos da escola
pública em participar da atividade.
Silveira e Farias (2009) fizeram um estudo de campo do projeto AMBIAL, que
compreendeu uma iniciativa de educação ambiental nas escolas da rede estadual de Santa
Catarina, cujo objetivo foi valorizar os saberes de estudantes e dos familiares sobre plantas
medicinais, bem como promove uma alimentação saudável através de verduras e legumes
produzidos sem agrotóxicos, isto é, de modo natural. Neste contexto, os autores constataram
que o relevante papel do programa adotado pela escola foi o de aproximar a comunidade local
da escola, valorizando os conhecimentos populares, contribuindo assim com a preservação da
cultura acerca das plantas medicinais e o fortalecimento da relação homem-natureza, como
também um novo modo de ver a educação, como um processo mais dinâmico, de intensa
troca entre a instituição, o educador e o educando.
Campos et al. (2010) estudaram a implantação de uma horta orgânica para cultivo de
plantas medicinais nas escolas públicas no município de Campo Mourão – PR. A justificava
do estudo foi devido ao aumento da utilização de plantas medicinais nos programas de
prevenção e tratamentos de pequenas enfermidades de saúde, e por ser uma forma de
vivenciar a Educação Ambiental, junto aos alunos das escolas que fizeram parte do programa.
Como apresentado acima, os autores Nunes; Moura (2007), Silveira e Farias (2009) e
Campos et al. (2010) estudaram a iniciativa de educação ambiental nas escolas da rede
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estadual, com a implantação e implementação de horta escolares e, como descrito nesse
artigo, também obtiveram um bom resultado.
A nossa nova proposta é envolver os professores da Universidade Federal do Piauí do
Núcleo de Plantas medicinais. O propósito do projeto é estudar o uso racional de Plantas
medicinais utilizadas para hipertensão e para distúrbios do trato gastrintestinal no município
de Canto do Buriti-PI: validação das propriedades farmacológicas, cuidados com interações
entre as plantas e medicamentos utilizados pela população, aspectos toxicológicos e
orientação ao paciente.
Esperamos com esse projeto a conscientização da população para o uso seguro de
plantas medicinais, em especial daquelas utilizadas para distúrbios da pressão arterial ou
digestivos; interligar a população com a universidade; viabilizar a relação transformadora
entre a universidade e a sociedade; vivenciar o processo ensino-aprendizagem além dos
limites da sala de aula, com a possibilidade de articular a universidade às diversas
organizações da sociedade e formar professor capacitados para alertar seus alunos sobre os
benefícios e os malefícios do uso de plantas medicinais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A valorização do saber empírico das diversas sociedades humanas, através das
investigações no campo das etnociências, torna-se uma ferramenta necessária para o
planejamento de ações que possam contribuir para a sustentabilidade dos recursos naturais
manejados por tais populações. Neste sentido, as comunidades tradicionais desempenham um
papel fundamental na participação social do estabelecimento de políticas públicas
conservacionistas.
Sabemos que vários estudos tem sido realizados nos últimos tempos na tentativa de
sistematização desses conhecimentos empíricos. No Piauí já temos alguns trabalhos nessa
linha, mesmo assim ainda há carência de estudos. Vários pesquisadores desenvolvem
pesquisas relacionadas à farmacologia de produtos naturais, (Núcleo de Pesquisa em Plantas
Medicinais da UFPI). A universidade vem estudando este tema há algumas décadas,
entretanto, poucos desses conhecimentos tem chegado às comunidades mais pobres.
A socialização do conhecimento científico poderá ser uma boa alternativa para maior
utilização das plantas medicinais de forma correta. O professor bem orientado poderá ser o
agente principal nesse processo de conscientização e transformação de atitudes da
comunidade. Daí a importância da inclusão desse conteúdo na formação de professore.
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A concepção da saúde e o bem-estar na comunidade compreendem fatores que
ultrapassam o consenso do sentido tradicional de saúde física e mental. Abrange uma
alimentação saudável, moradia, renda, emprego, educação e segurança adequados para todas
as pessoas que vivem em uma comunidade.
Mas mesmo nessa perspectiva tão ampla, as informações sobre a correta relação entre
o homem e o alimento e as ervas medicinais levam a uma curiosidade e os fazem perceber o
quão importante é a manipulação correta das ervas numa horta e dos alimentos,
proporcionando uma grande mudança no dia-a-dia dessas pessoas.
Cabe a cada autor do projeto de extensão uma orientação adequada das necessidades
de saúde do educando e envolve a participação de muitos provedores na escola local de
aplicação dos conhecimentos estabelecidos.
É necessária a colaboração dos estudantes das outras áreas do conhecimento,
participantes do projeto, e dos indivíduos da comunidade para atingir essas necessidades.
Diante disso, o trabalho de educação para uma alimentação saudável que inclua as
ervas medicinais em hortas escolares, abordando conhecimentos básicos sobre a nutrição,
técnicas de manipulação, higiene e reaproveitamento de alimentos foi o primeiro passo na
tentativa de melhorar a alimentação das pessoas que participaram da atividade.
É um desafio para professores e alunos do Curso de Licenciatura em Ciências
Biológicas EaD, trabalhar projetos em extensão, divulgando as atividades desenvolvidas na
Universidade e levando para as escolas, campo de trabalho dos futuros professores. De
alguma forma, o projeto é aceito e entendido pelos futuros professores e está sendo
desenvolvido e implementado no Polo de Apoio Presencial de Canto do Buriti.
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