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Número 09/10 – Janeiro / Dezembro – 2002 - ISSN 2179 5215
CASA VAZIA!
Geraldo Ventura*
Como hei de ver-te nossa velha casa,
que tantas vezes encontrei sorrindo?
Chorosa, triste, a lamentar... vazia...
Fechada e suja, e no verão tão fria...
De amor, caminho, de prazer vazia...
Não mais abraços para mim se abrindo.
Papai partiu! Mamãe não está alí,
acho o prédio, mas o melhor perdi...
Meu tesouro santo, tão grato, amado,
paterno amor, rubi alcandorado,
sonho perdido, só será lembrado
qual jóia linda que sumiu daqui!
A esperar-me alí meu pai impaciente
andava sempre, a cada mês um dia
e a essas salas quanta vez enchia
de cuidados, lembrança, amor ardente,
daquele ar, tão cheio de alegria
que o pai amado ao ver o filho sente...
Velha casa! Ao ver-te, assim, vazia,
és-me como uma triste noite fria.
És-me massa feia sem ter levedura,
qual poço seco, não tem água pura,
Em duro inverno estar sem cobertura...
Não mais terás a minha simpatia!
És qual Olimpo sem seus deuses, nua...
Getsêmane sem anjo que conforte...
A ter-te vazia, prefiro a rua.
Ao menos me ilumina a luz da lua.
Lá dentro é muito triste a imagem tua...
És solidão, és herança da morte!...
*
Professor da Faculdade de Filosofia Bernardo Sayão. Pastor da Igreja Batista, em Anápolis, Goiás.
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