Copom: o enredo de um filme triste Diário de São Paulo - SP - DIA À DIA - 22/02/2011 DIÁRIO SP Carlos Stempniewski Na época da Jovem Guarda, um conjunto chamado Trio Esperança já tinha como seu designativo a palavra esperança que hoje representa o desejo oculto de milhões de brasileiros, entoava com muito sucesso sua música de lançamento "Filme Triste". Nela se falava da triste relação entre a expectativa positiva dentro de um relacionamento e a frustração que a realidade nos impõe. Trazendo para os dias atuais, é o sentimento que sentimos sempre que o Copom se reúne. Percebemos que o governo não vem cumprindo a sua parte e suas decisões nos deixam tristes e mais pobres. Como o dinheiro vem dos impostos, isto significa menos saúde, menos educação, menos inserção social, menos dinheiro para o PAC e por aí vai. Para completar o evento, menos dinheiro no bolso dos cidadãos comuns e menos margem na comercialização dos produtos para as empresas. O Brasil encontra-se sob nova administração. Com maior discrição nos atos de governo, menos proselitismo político e maior preocupação com a capacidade de geração de caixa do país, começa o trabalho de equacionar a herança recebida. Nesta tarefa, precisa de tempo. O último governo deixou R$ 11,5 bilhões de contas a pagar. O governo está exaurido em sua capacidade de investimentos e custeio, apesar da fantástica máquina arrecadatória que encerrou 2010 com um recorde de R$ 826 bilhões. A solução passa por uma maior participação da iniciativa privada. Nossos governantes precisam aprender que arrogância e vontade política, somados ao viés ideológico, não fazem nenhum país crescer e ser melhor que os outros. O atual governo foi eleito para corrigir isto e pode mudar este triste enredo a que nos habituamos a assistir, caso contrário, com a repetição destas situações seremos obrigados a ficar no refrão da canção - "filme triste que me fez chorar". Carlos Stempniewski é professor de economia e política das Faculdades Rio Branco .