Astronomia no Brasil

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Pró-Reitoria de Graduação
Curso de Física
Trabalho de Conclusão de Curso
ASTRONOMIA NO BRASIL: DAS GRANDES
DESCOBERTAS À POPULARIZAÇÃO
Autor: Diones Charles Costa de Araújo
Orientador: Prof. Dr. Paulo Eduardo de Brito
Brasília - DF
2010
DIONES CHARLES COSTA DE ARAÚJO
ASTRONOMIA NO BRASIL: DAS GRANDES DESCOBERTAS À POPULARIZAÇÃO
Monografia apresentada ao curso de
graduação em Física da Universidade
Católica de Brasília, como requisito parcial
para a obtenção do Título de Licenciado em
Física.
Orientador: Prof. Dr. Paulo Eduardo de Brito
Brasília - DF
2010
Dedico este trabalho aos meus pais, irmãos,
sobrinhos e a minha noiva que sempre
apostaram em mim e me deram total apoio.
Sendo neste longo período as pessoas que
sempre pude contar. A todo o tempo tiveram
paciência, carinho e compreensão. E nos
meus momentos de desânimo e dificuldades,
foram os responsáveis por meu sucesso.
AGRADECIMENTO
Primeiramente agradeço a Deus por ter me dado força de vontade para nunca desistir
apesar das dificuldades; Aos meus verdadeiros amigos que sempre me motivaram, em
particular a amiga Conceição Aparecida; A Universidade Católica de Brasília e ao Curso de
Física que me deram a oportunidade de descobrir o desconhecido; Ao Governo Federal por
ter financiado parcialmente meus estudos; Em especial, agradeço ao Professor Doutor
Paulo Eduardo de Brito pela maneira simpática e respeitosa como me conduziu na tarefa de
orientador, sobretudo pela preocupação e critério com a elaboração deste trabalho; Ao
Professor Doutor Sérgio Luiz Garavelli pelo apoio e a liberdade que sempre me deu para
elaborar e desenvolver os meus pequenos e humildes projetos dedicados ao Curso; Ao
Professor Mestre Edson Benício de Carvalho Júnior por seus incentivos e suas
maravilhosas aulas de Astronomia; A todos os professores que contribuíram para está
conquista e, aos inúmeros amigos que ganhei durante esses longos e alegres anos de
graduação. Finalmente, agradeço a todos que de alguma forma colaboraram para a
realização deste sonho.
“O céu é um espetáculo sem concorrência. É
possível contemplar todas as maravilhas do
nosso planeta, palmilhar os desertos,
atravessar os oceanos e visitar todas as suas
cidades; mas o Cosmo permanecerá sempre
para ser descoberto”.
Ronaldo Rogério de Freitas Mourão
“Se eu vi mais longe, foi por estar de pé sobre
ombros de gigantes”.
Isaac Newton
RESUMO
Este trabalho trata-se de uma pesquisa bibliográfica, cujo objetivo principal é fazer um
resgate histórico sobre a Astronomia no Brasil, apresentando as suas origens, conquistas e
progressos tecnológicos, bem como, expondo alguns dos diversos mecanismos que
contribuem para a popularização dessa ciência. A fundamentação teórica constituiu-se,
essencialmente, em três etapas: um levantamento histórico sobre a astronomia brasileira,
que principiou antes mesmo do descobrimento do Brasil, os conhecimentos astronômicos da
época, e seus avanços no decorrer dos séculos. Na etapa seguinte, será descrito os méritos
alcançados, suas principais descobertas e contribuições em caráter nacional e mundial, as
tecnologias desenvolvidas e os importantes Centros e Institutos de Pesquisas existentes no
Brasil. Na terceira e última etapa deste trabalho o foco será dado à popularização, em que o
ensino da astronomia nas escolas e universidades, a Olimpíada Brasileira de Astronomia e a
comemoração do Ano Internacional da Astronomia no Brasil aparecerão como os mais
importantes meios de sua divulgação. Para finalizar serão apresentados de forma resumida
os principais livros, periódicos e sites da Internet que contribuíram para a elaboração deste
trabalho. Embora haja uma enorme preocupação em intensificar as pesquisas
desenvolvidas no território nacional, o ensino e a popularização da Astronomia, ainda,
indicam insuficientes. Contudo, a motivação para a realização deste trabalho veio como
mecanismo para valorizar a Astronomia desenvolvida em nosso país.
Palavra-chave: Astronomia no Brasil. Grandes descobertas na astronomia. Popularização
da astronomia.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 8
1.1. Panorama da astronomia brasileira ........................................................................... 10
1.2. Objetivo geral .............................................................................................................. 11
1.3. Justificativa ................................................................................................................. 11
1.4. Metodologia ................................................................................................................. 12
2. ASTRONOMIA NO BRASIL ............................................................................................ 13
2.1. A astronomia antes do descobrimento ..................................................................... 13
2.1.1. O Sol indígena .......................................................................................................... 16
2.1.2. A Lua para os nativos .............................................................................................. 18
2.1.3. O planeta Vênus e as estrelas ................................................................................. 19
2.1.4. As constelações dos índios brasileiros ................................................................. 20
2.2. A astronomia depois do descobrimento ................................................................... 22
2.2.1. A astronomia brasileira do século XVIII ao XXI ..................................................... 25
3. O PROGRESSO DA ASTRONOMIA NO BRASIL .......................................................... 28
3.1. As instituições e os órgãos de pesquisas ................................................................ 29
3.1.1. Observatório Nacional (ON) .................................................................................... 29
3.1.2. Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA) ............................................................ 30
3.1.3. Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE)................................................................. 31
3.1.4. Agência Espacial Brasileira (AEB) .......................................................................... 31
3.1.5. Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) ................................................. 32
3.1.6. Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST) .................................................... 33
3.1.7. Universidades brasileiras ........................................................................................ 34
3.2. Programa Espacial Brasileiro .................................................................................... 35
3.3. O Observatório Gemini e o Telescópio SOAR .......................................................... 37
3.3.1. O Observatório Gemini ............................................................................................ 37
3.3.2. O Telescópio SOAR ................................................................................................. 39
4. A POPULARIZAÇÃO DA ASTRONOMIA NO BRASIL ................................................... 40
4.1. O ensino de astronomia no Brasil ............................................................................. 41
4.2. Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA) ..................................... 43
4.3. O Ano Internacional da Astronomia em 2009 ........................................................... 45
4.4. O astrônomo brasileiro Ronaldo Mourão .................................................................. 47
5. TEXTOS DE APOIO E LEITURAS COMPLEMENTARES .............................................. 47
5.1. Livros ........................................................................................................................... 48
5.2. Periódicos ................................................................................................................... 49
5.3. Internet......................................................................................................................... 50
6. CONCLUSÃO .................................................................................................................. 52
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................ 54
8
1. INTRODUÇÃO
“O Universo não passa de um grande vazio povoado de estrelas aqui e ali,
em geral agrupadas em miríades. Povoada também por nuvens de gás e
poeira. Há mais de cinco bilhões de anos, uma dessas grandes nuvens
cósmicas começava a implodir e dava origem ao Sol e a seu cortejo de
planetas”. (VERDET, 1987, p.11).
O mundo em que vivemos é um lugar grandioso, estendendo-se em todas as
direções aparentando não ter fim. É neste extenso e misterioso Universo que conseguimos
enxergar as mais fantásticas variedades de coisas: terra, água, plantas, animais, pessoas,
Lua, Sol, planetas, galáxias e etc. O conhecimento da natureza, do espaço e das estrelas
fez com que a curiosidade humana aumentasse juntamente com a sua evolução. A
necessidade em investigar o mundo natural e o desejo de romper o limite da razão vem
acompanhando o homem desde o período pré-histórico. O mais primitivo ser humano se
interessou em observar os fenômenos que ocorriam à sua volta, bem como em tentar
compreendê-los.
A claridade do dia e a escuridão da noite, o posicionamento do Sol, a Lua e seus
movimentos, os eclipses e muitos outros fizeram com que o homem examinasse por longos
anos os astros na tentativa de explicar seus comportamentos. Relatos através do tempo
mostram que a busca dessas respostas originam o que hoje se conhece por Astronomia, a
ciência mais antiga que se tem vestígio. Os registros astronômicos mais remotos datam de
aproximadamente 3000 a.C. e se devem aos chineses, babilônios, assírios e egípcios
(FILHO, 2004).
Na astronomia antiga, as civilizações confiavam nos movimentos aparentes dos
objetos celestes e a posições do Sol e da Lua serviam para medir o tempo em dias, meses e
anos. Observadores constantes dos astros, os povos antigos tiveram a oportunidade de não
apenas conhecer e prever fenômenos que ocorriam a sua volta, mas como também em criar
métodos para determinar a sua posição na superfície da Terra, o início das estações do ano
e, principalmente, as atividades agrícolas. Esses povos não faziam astronomia só por fazer,
pois tudo tinha uma razão lógica para eles. Além da parte prática, havia também a religiosa,
de ritual e culto aos mortos, de fertilidade, que também estavam relacionados à astronomia.
Deuses e semi-deuses era homenageados. Muitos acreditavam que os astros eram
verdadeiros deuses de veneração e para outros, símbolo de respeito e divina adoração.
Para Faria (2009, p. 13) o desconhecimento da verdadeira natureza dos astros deve ter
produzido no homem primitivo um sentimento misto de curiosidade, admiração e temor,
levando-o a acreditar na natureza divina dos corpos.
Em sua evolução, o homem percebeu que podia se utilizar das estrelas e demais
astros para a sua orientação em viagens sobre a superfície terrestre e sobre os mares
9
(FARIA, 2009, p. 13). Com os primeiros deslocamentos verificaram que o céu parecia
inclinar-se, à medida que caminhavam para o Sul, as constelações do lado oposto
desapareciam no horizonte. Surgiu então a ideia de que a Terra, longe de ser uma extensão
plana e ilimitada, poderia ser uma esfera, como o Sol e a Lua. Essa idéia foi aos poucos
introduzida no pensamento do homem e, este com o decorrer do tempo chegou à conclusão
de que o seu mundo era um astro como os demais avistados no céu.
A curiosidade despertada no homem fez com que o tornasse cada vez mais
conhecedor dos astros, com isso surge a ideia de que poderiam se locomover à distâncias
até então jamais atingida. Logo, surgem às grandes navegações, ou seja, o conjunto de
viagens marítimas que expandiram o limite do mundo até então conhecido. Com o auxílio da
Astronomia, mares nunca antes navegados, terras, povos, flora e fauna começaram a ser
descobertos. Para Mourão (2000, p. 60):
Apesar da origem da navegação remontar à mais recuada antiguidade e o
uso dos astros, como marco de orientação, provir do tempo dos primeiros
viajantes, a arte de navegar só deve ser considerada um processo de
navegação astronômica a partir da época em que a observação da posição
relativa dos astros, no céus, passou a ser realizada no mar e a medidas
tiveram um uso imediato na orientação dos navegantes.
Porém, com o aumento do conhecimento do homem sobre o céu, os estudos
astronômicos permitiram a resolução, com maior facilidade, dos problemas de determinação
da latitude, como também, ajudou na criação de novos instrumentos e o descobrimento de
novas técnicas astronômicas para a sua determinação. Com o passar dos séculos, o foco da
astronomia mudaria. Ao invés de tentar entender os posicionamentos das estrelas e
catalogá-las, o homem, que se tornaria agora astrônomo começaria a tentar descobrir como
os astros eram e são de fato.
Hoje, Astronomia vem assumindo de fato um papel importantíssimo dentro das
civilizações detentoras do poder científico e tecnológico, na qual, ao longo de sua história
sempre esteve intrinsecamente ligada. Com as novas técnicas de observação em contínuos
aperfeiçoamentos desde os tempos mais remotos, a astronomia está sendo obrigada a
desenvolver equipamentos mais modernos, cuja tecnologia tem diversas aplicações e
entram atualmente nos domínios das grandes explorações espaciais. Pesquisas, teorias e
descobertas nas áreas de astronomia, astrofísica e astronáutica auxiliam diversos estudos e
estão cada vez mais tornando possíveis deter os conhecimentos dos fenômenos que
descrevem o Universo que esta a nossa volta.
Pensando nisso, este trabalho tem por objetivo apresentar e resgatar a história da
Astronomia no Brasil.
10
1.1. Panorama da astronomia brasileira
Assim como em todas as civilizações do mundo, a astronomia brasileira também tem
a sua história e, ao longo de sua evolução conseguiu nas últimas décadas uma posição de
destaque no cenário nacional e internacional. Inicialmente praticada pelos povos indígenas
que habitaram o território brasileiro antes mesmo da sua ocupação por europeus, a
astronomia nativa é fruto de mitos e lendas. Com a colonização dos portugueses uma nova
etapa na astronomia brasileira se inicia e na sua atual conjuntura está conquistando novos
progressos.
A astronomia brasileira, do mesmo modo que as demais ciências, desenvolve-se
gradualmente com o decorrer do tempo, passando por crises, avanços e retrocessos,
fracassos e sucessos. A História da Ciência tem procurado desvendar e compreender as
transformações pelas quais a astronomia está atravessando. Nas últimas décadas, a
astronomia praticada no Brasil obteve progressos notáveis e, não há de negar a poderosa
presença da tecnologia na sociedade brasileira. Os últimos dez ou vinte anos
testemunharam um claro despertar para a importância da pesquisa e do ensino da
Astronomia em todo território nacional.
Em nosso país, os trabalhos desenvolvidos sobre a astronomia teve início
praticamente no século XX, sendo explorada como uma atividade complementar de
pesquisadores interessados em fortalecer a História da Ciência. Embora a preocupação com
a pesquisa sobre o ensino da Astronomia em território nacional tenha se intensificado nos
últimos anos, a literatura da área indica que o seu estudo não é tão recente, remontando à
algum tempo antes da chegada dos colonizadores ao país (LANGHI e NARDI, 2009, p. 1).
Hoje, a Astronomia no Brasil tem seu papel de destaque no cenário mundial.
Grandes investimentos em pesquisas, parcerias com outros países, modernos Centros e
Institutos de pesquisas, universidades com laboratórios que possibilitam o desenvolvimento
de pesquisas, um ensino que está tentando se adaptar ao atual padrão de ciência que
nosso país vem oferecendo, e etc. A Astronomia brasileira, assim como as demais ciências
é considerada, atualmente, um componente essencial para o país que está desejando
ampliar o seu desenvolvimento científico e tecnológico, econômico e social. Graças às
pesquisas desenvolvidas em astronomia, ou especificamente, na tecnologia espacial,
podemos fazer uma ligação telefônica interurbana, assistir jogos de futebol com transmissão
ao vivo de outros países, fazer previsões do tempo, entre tantas outras aplicações.
Por trás desses avanços estão professores, astrônomos, cientistas, tecnólogos,
engenheiros e empresários que com experiência e competência, aliadas a uma boa
criatividade, estão conseguindo atingir progressos notáveis na ciência brasileira, em
especial na astronomia.
11
1.2. Objetivo geral
A idéia central deste trabalho é apresentar um panorama histórico sobre a
Astronomia no Brasil, buscando compreender todas as suas etapas de evolução que se deu
através dos tempos. Com o objetivo de melhor compreender a autêntica história da
astronomia brasileira e suas influências, este trabalho compõe-se de uma visão mais ampla
sobre o progresso desta ciência, buscando suas origens entre as tribos indígenas que
habitaram o Brasil antes de 1500, fazendo uma relação de todo o seu desenvolvimento que
se deu após a chegada dos europeus em solo brasileiro até alcançar os tempos mais
recentes. No entanto, quando se fala em séculos passados no Brasil, é difícil separar
somente a Astronomia de outros assuntos, pois o tema é muito vasto e as épocas
mencionadas são bastante extensas. Se analisarmos o Brasil no período colonial, por
exemplo, identificamos situações onde a ciência teve uma presença marcante. Como a
história da Astronomia no Brasil é pouca conhecida, será dada ênfase, tanto em sua origem
bem como na sua situação atual. Porém, para uma visão mais ampla sobre a história da
Astronomia no Brasil, mesmo nos tempos atuais, exige um número de informação e
detalhes muito grande sendo necessária, para conhecê-la, uma pesquisa mais aprofundada
e específica sobre o tema, o que aqui não é a intenção.
1.3. Justificativa
Motivado pelas maravilhosas noites de observações astronômicas realizadas no
campus da Universidade Católica de Brasília (UCB) nas quais tiveram a coordenação do
inspirador Professor Doutor Paulo Eduardo de Brito (atualmente professor da Universidade
de Brasília – UnB) durante a extinta Semana Universitária e a primeira Semana da Física,
até mesmo, pelas excelentes aulas de astronomia ministradas pelo Professor Mestre Edson
Benício de Carvalho Júnior, bem como, pelos debates e idéias elaboradas, por mim
juntamente com alguns amigos de graduação (Demétrius Leão e Deivid Cavalcanti),
imaginei que seria interessante e de tamanha importância para a minha formação a
realização de um Trabalho de Conclusão de Curso na área na qual passei a admirar com
tanto gosto.
Para mim, a astronomia é uma ciência apaixonante, de sonhos, de realidades e
descobertas, e devido a essas razões que resolvi compartilhar os poucos conhecimento
astronômicos que adquiri como estudante de graduação. Por meio da elaboração deste
trabalho pretendo contribuir para que a astronomia brasileira seja compreendida como uma
ciência que estimule ativamente a curiosidade humana e o envolvimento pessoal, fazendo
uso dos sentidos e dos esforços intelectuais na formulação de questões e na busca de
soluções, que objetive oferecer respostas, mas, sobretudo que possibilite gerar a indagação
12
e o interesse pela astronomia. Popularizar a astronomia, talvez, este seja o termo mais
adequado para as minhas colocações.
1.4. Metodologia
A metodologia empregada neste trabalho é classificada como uma pesquisa de
natureza bibliográfica, pois foi elaborada a partir de materiais já publicados, constituído
principalmente de livros, artigos de periódicos e atualmente com materiais disponibilizados
na Internet sobre a Astronomia no Brasil. Os livros utilizados foram basicamente de
conhecimentos científicos, incluindo dicionários e anuários sobre astronomia. Apesar de ter
obtidos poucos livros que descrevessem a história da Astronomia brasileira, em geral foram
de grande ajuda, pois possibilitou a rápida obtenção das informações que desejava utilizar.
Com relação aos periódicos, as revistas foram às principais fontes de pesquisas
bibliográficas, pois tiveram a maior contribuição para o desenvolvimento deste trabalho,
mesmo aparecendo dispersos o assunto sobre Astronomia no Brasil, foi possível investigar
de uma forma mais ampla. Outro recurso que teve grande contribuição para esta pesquisa
foi a Internet, ou seja, as bibliotecas digitais. Facilitador e com mais rapidez, diversos sites
da Internet disponibilizam gratuitamente artigos científicos e textos integrais sobre a história
da Astronomia brasileira. Da mesma forma que os periódicos, os assuntos sobre Astronomia
no Brasil disponíveis na Internet sempre estavam dispersos. De certa forma, foi possível
organizar todas as fontes bibliográficas e montar da melhor forma este trabalho.
É preciso esclarecer, antes de tudo, que este trabalho, apesar de apresentar a
origem da Astronomia brasileira como sendo a astronomia indígena, não se caracteriza
como uma pesquisa de Etnoastronomia1, mas sim, um estudo em que se busca
compreender a Astronomia no Brasil por meio da história dos índios brasileiros. Os
periódicos pesquisados foram obtidos de editoras conhecidas, com autoria dos artigos
publicados dos mais renomados astrônomos e cientista brasileiros. A pesquisa bibliográfica
realizada que envolveu a Internet teve uma minuciosa investigação, para que não ocorresse
o risco de obter informações errôneas. As grandes áreas afins desenvolvidas no Brasil,
como Etnoastronomia, Arqueoastronomia2, Astrofísica, Astronáutica, Astronomia amadora
tiveram uma enorme contribuição na construção desta pesquisa que aqui será apresentada.
1
A Etnoastronomia investiga o conhecimento astronômico dos povos antigos, por meio de vestígios
arqueológicos, documentos históricos, registros etnográficos relatos de tradições orais. É uma atividade
transdisciplinar envolvendo, principalmente, pesquisadores das áreas de astronomia e antropologia. A
Etnoastronomia tem um grande potencial no Brasil, reflexo da amplitude e diversidade étnicas nacionais
(AFONSO, 2006, p. 54).
2
Ciência que tem por objetivo estudar os conhecimentos astronômicos dos povos antigos, em especial os do
período pré-histórico; astronomia arqueológica, arqueologia astronômica, astroarqueologia.
13
2. ASTRONOMIA NO BRASIL
2.1. A astronomia antes do descobrimento
“Desde o começo dos tempos, o homem examina, interroga, anima,
dramatiza o céu. Ele o povoa de deuses bondosos e aterrorizantes, de
animais, familiares e fantásticos, de objeto bizarro, frutos de sua criação – e
tece histórias maravilhosas sobre cada um deles.” (VERDET, 1987).
Pode-se afirmar que a Astronomia no Brasil teve origem antes mesmo da chegada
da esquadra portuguesa em terras brasileiras no ano de 1500. Para ser mais preciso, a
astronomia originou-se com os diversos povos indígenas que habitavam essas terras e
provavelmente já possuíam alguns conhecimentos astronômicos naquela época. As
atividades cíclicas, como plantio e colheita de alimentos, eram determinadas pelo
surgimento ou desaparecimentos de alguns astros. Com astronomia própria, os índios
brasileiros definiam a contagem de dias, meses e anos, a duração das marés, a chegada
das chuvas, desenhavam no céu história de mitos, lendas e seus códigos morais, fazendo
do firmamento esteio de seu cotidiano (AFONSO, 2006).
Figura 1: Aldeia indígena Tupinambá, antes de 1500.
Fonte: DATAMEX, 2010.
Antes da chegada dos europeus em terras brasileiras, o atual território brasileiro era
habitado por vários povos nativos. Esses povos se dividiam praticamente em tribos aos
quais destacam-se os tupis-guaranis localizados na região do litoral, os macro-jê ou tapuias
na região do Planalto Central, os aruaques e os caraíbas na Amazônia. Embora não saiba
exatamente quantas tribos indígenas existiam no Brasil anteriormente a sua colonização, de
14
acordo com alguns historiadores a população estimava entre três a cinco milhões de
nativos. No entanto, os diferentes povos indígenas brasileiros, a exemplo dos demais índios
da América pré-colombiana, porém mais atrasados culturalmente, tinham maneiras próprias
de se organizar, diferentes modos de vida, línguas e culturas. Suas principais atividades
estavam diretamente relacionadas à sustentabilidade de suas tribos, como a caça, a pesca,
a colheita e lavoura. Profundos conhecedores da natureza, além de conviverem intimamente
com ela, mantiveram sempre notáveis adoração e reverência ao meio que os envolvia.
Assim, como em todas as sociedades antigas a observação do céu, também, era à
base do conhecimento dos índios brasileiros, apesar de não terem possuído uma tecnologia
aperfeiçoada essa prática se tornou um elemento de grande importância em suas vidas. A
necessidade de conhecer a natureza fez com que os indígenas percebessem que as
atividades cíclicas ocorriam sempre em determinadas épocas do ano, ou seja, estavam
sujeitas a variações sazonais. Na tentativa de compreender essas variações, procuraram
desvendar os processos que descreviam tais fenômenos cósmicos com o intuito de utilizálos a seu favor, principalmente para a sua sobrevivência.
Os conhecimentos adquiridos tradicionalmente ao longo dos anos, pelos indígenas
envolviam não somente as observações dos movimentos dos astros, mas também a
continuidade das estações do ano e o comportamento de plantas e animais. Com isso eles
conseguiam identificar, por exemplo que quando o Sol aparecia do lado norte trazia-lhes
ventos brandos e frescos e que, ao contrário, quando aparecia do lado sul, trazia ventos
fortes e chuvas. Para Mourão (2000) é conveniente assinalar desde logo, que os nossos
índios acreditavam na existência de vários céus, imaginando que todos os astros se
situassem a distâncias diferentes, o que explicaria a diversidade do brilho, pois deveriam
achar que as estrelas tivessem igual intensidade luminosa. Além do mais, a visibilidade de
certas estrelas e constelações marcava épocas significativas do ano. Desta forma, o
surgimento da astronomia indígena veio como subsídio para os seguintes propósitos:
Além da orientação geográfica, um dos principais objetivos práticos da
astronomia indígena era sua utilização na agricultura. Os indígenas
associavam as estações do ano e as fases da Lua com a biodiversidade
local, para determinar a época do plantio e da colheita, bem como para a
melhoria da produção e o controle natural das pragas. Eles consideram que
a melhor época para certas atividades, tais com, a caça, o plantio e o corte
de madeira era perto da lua nova, pois perto da lua cheia os animais se
tornam mais agitados devido ao aumento de luminosidade, por exemplo, a
incidência dos percevejos que atacam a lavoura. (AFONSO, 2009, p. 2).
É evidente no entanto, que nem todos os grupos indígenas, mesmo de uma única
etnia, atribuíam idênticos significados a um determinado fenômeno astronômico específico,
e a razão disso está no fato de cada grupo ter sua própria estratégia de sobrevivência
(AFONSO, 2006, p. 48). Para os índios brasileiros, o céu tinha um significado bem diverso e
15
os astros tinham muita importância prática. Inicialmente, a atenção dos indígenas era
atraída para os corpos celestes que afetavam diretamente sua vida diária e com o passar do
tempo outras interpretações foram dadas. O desconhecimento da verdadeira natureza dos
astros e o sentimento de curiosidade, admiração e medo por eles produzidos, levou-os a
acreditarem na natureza divina, ou seja, atribuíam a seres superiores os fatos e fenômenos
naturais ao qual não conseguiam explicar. E por não ter conhecimento maior do universo e
da mecânica celeste, criaram uma cosmologia mitológica bem desenvolvida, a que não
faltam explicações pitorescas acerca das origens dos cometas, das fases da Lua, dos
meteoros, da Via láctea, etc. (MOURÃO, 2000). Portanto, o Sol que fornecia calor e luz
durante o dia se tornaria um deus e a Lua que fornecia durante a noite se tornou uma
deusa. É bom ressaltar, que para a maioria dos indígenas, o Sol e a Lua eram considerados
do sexo masculino.
A grande maioria dos mitos e lendas dos nativos brasileiros estava associada às
estrelas e constelações e logo foram criados com o objetivo de ajudá-los na identificação,
bem como em um método de memorização para transmitir os conhecimentos dos Cosmos
de geração a geração. Os indígenas brasileiros sempre davam a extrema importância às
constelações localizadas na Via Láctea3, seja ela constituída de estrelas individuais ou de
nebulosas e atribuíam a elas nomes de animais típicos da fauna brasileira, como Anta ou
Ema.
De modo frequente tendemos a julgar a astronomia de outras civilizações por meio
dos nossos próprios conhecimentos. Embora os índios brasileiros tivessem desenvolvido
toda sua astronomia na base das rotineiras relações entre o surgimento de certos astros,
constelações e variações sazonais, sua contribuição para o entendimento da origem da
astronomia brasileira foi muito importante. No entanto, a busca para compreender a
significação social que cada tribo construiu para justificar seus atos, costumes, valores e
crenças é um dispositivo para melhor entender a importância a respeito das diversas visões
de mundo.
3
Galáxia espiral à qual pertence a Terra, de diâmetro igual a 100.000 anos-luz e espessura de 16.000 anos-luz.
A faixa luminosa que atravessa o céu e que podemos facilmente observar é o plano horizontal desta espiral.
(MOURÃO, 1987, p. 841)
16
2.1.1. O Sol indígena
“O Sol é uma estrela banal, de porte e temperaturas médias. Estrela banal
decerto, mas que apresenta a propriedade fundamental de estar próxima a
Terra: o Sol é a nossa estrela. Há cinco bilhões de anos, ele inunda a Terra
com uma torrente luz onde nascem toda energia e toda vida. Quase em
toda parte, o Sol foi honrado, e muitas vezes deificado, mas os cultos
solares são muito mais raros do que se imagina.” (VERDET, 1987, p.67).
O índio brasileiro pré-cabralino4 foi um atento observador do céu e certamente o Sol,
astro mais brilhante da abóbada celeste, objeto de curiosidade e veneração teve suas
mudanças de direções atentamente estudadas. Para as tribos mais antigas, o Sol era o
principal regulador da vida na Terra e tinha uma grande importância prática, pois fornecia
calor e luz durante o dia. Eles viam o Sol como um astro poderoso, mas não sabiam ao
certo como descrever a imensidão que seria esse poder. Além do mais, o Sol tinha um
enorme significado religioso, pois os indígenas buscavam nele a força divina e espiritual. Os
guaranis, por exemplo, nomeiam o Sol de Kuaray, na linguagem do cotidiano e de
Nhamandu, na espiritual (AFONSO, 2006, p. 50).
Figura 2: Arte computacional de uma gravura rupestre do que representa o Sol para os indígenas.
Fonte: AFONSO, 2010.
Desde seus tempos mais remotos, os índios brasileiros pré-cabralinos observaram
que haviam constantes mudanças no clima e que os animais, as plantas e os frutos
apareciam de acordo com as diferentes estações do ano. Assim, para desfrutar da natureza
eles começaram a registrar os fenômenos celestes, principalmente os deslocamentos do
Sol. Uma parcela significante desses registros obtidos pelos indígenas, deram-se através de
um instrumento astronômico muito simples chamado de gnômon vertical ou relógio solar e a
4
Se refere ao período de tempo antes de Pedro Álvares Cabral, navegador português, dito o descobridor do
Brasil.
17
sua utilização teve um papel de destaque no desenvolvimento das atividades cíclicas por
eles praticadas.
Os índios observavam os movimentos aparentes do Sol para determinar, o
meio dia solar, os pontos cardeais e as estações do ano utilizando o
Gnômon, que consiste de uma haste cravada verticalmente no solo, da qual
se observa a sombra projetada pelo Sol, sobre um terreno horizontal. Ele é
um dos mais simples e antigos instrumentos de Astronomia, sendo
chamado de Kuaray Ra’anga, em guarani e Cuaracy Raangaba, em tupi
antigo. (AFONSO, 2009, p. 2).
Contemplado das latitudes médias, o Sol exibe um movimento diário, desenhando
um arco que se inicia na alvorada a Leste e termina no crepúsculo, a Oeste (FARIA, 1987,
p. 57). Os fenômenos de aparecimento ou desaparecimento do Sol, ou seja, as posições do
nascer (aurora) e do pôr-do-sol (ocaso), nos dia de início de verão e de inverno (solstícios5).
Para os índios eram pontos de retorno dos astros para o ponto cardeal Leste (equinócios 6) e
obviamente muito importantes para fornecer o calendário solar indígena. O dia do início de
cada estação do ano era obtido através da observação da aurora ou do acaso, sempre de
um mesmo lugar fixo.
Figura 3: Trajetória do Sol nos dias do solstício e equinócio.
Fonte: LIMA e MOREIRA, 2005, p.12.
Devido à complexidade de seu pensamento religioso os índios brasileiros guardavam
a maioria de seus antigos conhecimentos astronômicos em seu folclore. Segundo algumas
lendas indígenas o Sol sendo um deus de adoração permaneceu com o domínio do dia
dando calor, e a sua alternância com a Lua é que possibilitou a vida na Terra.
5
6
Época em que o Sol no seu movimento aparente na esfera celeste atinge o seu maior afastamento do equador.
Instante em que o Sol, no seu movimento anual aparente, corta o equador celeste. Nessa data do ano ocorre a
igualdade de duração entre o dia e a noite sobre toda a Terra.
18
2.1.2. A Lua para os nativos
“Se a Lua é poderosa, é antes do mais nada porque ela é a senhora do
tempo.” (VERDET, 1987, p.60).
A Lua, posteriormente ao Sol, foi o objeto celeste mais observado pelos índios
brasileiros como também, foi o principal regente da vida marinha. Para uma grande parcela
da população indígena, a Lua era considerada como pertencente do sexo masculino e irmão
mais novo do Sol. No entanto, na maioria das outras culturas ela era considerada do sexo
feminino e em geral, relacionada com a vida e a morte (AFONSO, 2010).
Figura 4: Arte computacional de uma gravura rupestre representando a Lua para os indígenas.
Fonte: AFONSO, 2010.
Em virtude das constantes práticas observacionais da Lua, os nativos conheciam e
utilizavam as fases lunares (lua cheia e lua nova) na pesca, na caça e na agricultura, pois
consideravam esses períodos do ano com sendo os melhores para essas atividades. A Lua,
por sua vez permitia adivinhar as mudanças de tempo. Inicialmente, a primeira unidade
temporal utilizada pelos indígenas foi o dia, medido por dois nasceres sequente do Sol e
depois veio o mês, que era definido a partir de duas aparições consecutivas de uma mesma
fase da Lua. Além de serem utilizadas como calendário, as fases da Lua serviam para
orientação geográfica, pois a Lua brilha por refletir a luz do Sol (AFONSO, 2006, p. 51).
Os índios brasileiros ao observarem atentamente o céu quando as águas dos mares
e rios se agitavam constantemente, fizeram uma ligação de que a Lua era a principal
causadora das marés. Segundo d’Abbeville (apud LIMA e MOREIRA, 2005, p. 14): “Eles
atribuem à Lua o fluxo e o refluxo do mar e distinguem muito bem as duas marés cheias que
verificam na Lua cheia e na Lua nova ou poucos dias depois”.
Os nossos índios foram bem atentos as observações do Sol e da Lua, e sempre se
preocupavam em prever os eclipses, pois era motivo de terror entre as tribos. Embora,
19
assim como o Sol a Lua era visto com um astro de grande poder e subordinado ao deus
maior.
Paradoxalmente, embora a Lua seja muitas vezes um Sol decaído, embora
incida muito menos sobre a Terra que o Sol, atribuem-se a ela muito mais
influências e poderes. Até o poder de engravidar as incautas que urinam à
noite voltadas para ela! (VERDET, 1987, p.60).
Algumas das diversas tradições indígenas a respeito da Lua chegaram até nossos
dias por meio de um conjunto de lendas e mitos transmitidos de geração em geração. Os
índios se baseavam nas crenças de que as forças da natureza, tais com os eclipses lunares,
eram simbolismo de deuses. Eles portanto, recorriam às lendas e a seus deuses que tudo
explicavam e por isso, adoravam entidades sobrenaturais que pareciam possuir o poder
sobre os fenômenos naturais. Desta maneira foi pelo qual a Lua passou a ser idolatrada
como um deus para os nativos. E como consequência destes processos folclóricos, uma
série de superstições foram acrescentadas nas lendárias histórias indígenas, com o objetivo
de justificar tudo aquilo que não era explicado racionalmente. É interessante sabermos que
os povos indígenas pré-cabralinos dominavam um vasto conhecimento empírico em vários
segmentos e a observação da Lua teve uma enorme contribuição em suas vidas.
2.1.3. O planeta Vênus e as estrelas
“Conhecida popularmente como estrela d'Alva, quando nasce na
madrugada antes do Sol. Na mitologia grega é chamada de Afrodite, deusa
do amor. Na mitologia romana a deusa correspondente é Vênus.” (ESCOLA,
2010).
O planeta Vênus7 é o astro que mais se caracteriza no céu depois do Sol e da Lua, é
conhecido desde os tempos mais remotos. Ao anoitecer, quando aparece no céu o planeta
Vênus é um dos astros mais brilhante, só não mais que a Lua.
Os indígenas brasileiros pré-cabralinos costumavam direcionar o seu olhar para o
espaço ilimitado, percebendo que havia algumas estrelas com brilhos mais intensos e cores
bem diferentes. Nas pinturas indígenas gravadas em rochas, por exemplo, as estrelas com
maior intensidade de luz eram representadas em tamanhos maiores do que às demais. Eles
pensaram por muitas vezes que os planetas fossem estrelas muito brilhantes e em geral, os
chamavam de estrela grande.
Vênus era um planeta muito observado pelos índios brasileiros sendo utilizado
principalmente para a orientação, por ser visto antes do nascer ou logo após o pôr-do-sol,
sempre próximo ao Sol (AFONSO, 2010). Eles imaginavam que a associação das aparições
7
Vênus é o segundo planeta em ordem de afastamento do Sol, com órbita situada entre Mercúrio e a Terra. É o
planeta mais próximo da Terra, da qual dista entre 39 e 260 milhões de quilômetros, e o mais brilhante objeto do
céu depois do Sol e da Lua, atingindo a magnitude visual de -4,4 na oposição. (MOURÃO, 1987, p. 836).
20
matutinas e vespertina deste planeta constituía-se de dois astros bem diferentes: A estrela
matutina chamada de Dalva e a estrela vespertina chamada de Vésper. De forma geral, os
indígenas brasileiros acreditavam que a aparição de Vênus era um sinal de boas profecias,
um início de esperança, principalmente quando atingia sua intensa luminosidade em alguns
dias do ano.
2.1.4. As constelações dos índios brasileiros
“O céu, como envoltório do mundo e espaço onde brilham os astros, não
preocupa muito os camponeses nem os marinheiros. Enquanto o Sol, as
estrelas e os meteoros suscitam uma literatura abundante, sendo objeto de
superstições e observações variadas, a curiosidade popular parece não se
estender à abóbada celeste”. (VERDET, 1987, p.25).
As constelações formam figuras imaginárias, criadas para reunir grupos de estrelas
aparentemente próximas, visíveis a olho nu, tendo em vista nomear cada uma delas era
tarefa difícil (AFONSO, 2006, p. 52). O céu estrelado foi talvez a primeira atividade
exploratória dos índios brasileiros conforme apresenta algumas inscrições rupestres datadas
antes do descobrimento do Brasil. Neste passado recente (levando em consideração as
civilizações mais antigas), o céu era observado pelos indígenas como sinônimo de medo e
admiração, espanto e respeito, provocando profundo sentimento de adoração. Os astros
eram considerados como verdadeiras divindades e o céu sagrado servia de morada aos
deuses. Olhando para o céu em noites extremamente escuras, os índios pré-cabralinos
inventaram figuras imaginárias de seres lendários e de animais pertencente à fauna
brasileira. Cada tribo tinha as suas próprias constelações que serviam como calendário,
para lembrar épocas do ano e explicar fenômenos naturais que ocorriam a sua volta.
Mais que um simples depósito de mitos e lendas, as figuras desenhadas no céu
ajudavam os indígenas em suas atividades agrícolas, na sua localização geográfica, até
mesmo em suas navegações. Não diferentemente das demais civilizações ocidentais, as
principais constelações indígenas brasileiras estavam localizadas na Via-Láctea e portanto,
eram constituídas pela união de estrelas e pelas manchas claras e escuras que
atravessavam o céu noturno, sendo para eles as mais fáceis de imaginar.
No Brasil, a arte rupestre dos índios pré-cabralinos são as principais fontes de
estudos e as mais importantes que conseguiram explicar as antigas constelações indígenas.
Em enormes paredes de pedra, tribos esculpiam, há mais de quinhentos anos, todas as
constelações da esfera celeste.
21
Figura 5: Em cima, Constelações Zodiacais ao longo da Eclíptca. Em baixo, grifos das Constelações indígenas
brasileira.
Fonte: FARIA, 1987 p. 71.
Em geral, as primeiras constelações registradas pelos indígenas são aquelas
situadas no percurso imaginário, a eclíptica, por onde aparentemente passa o Sol, a Lua e
os planetas. Entres as constelações mais observadas e desenhadas pelos índios brasileiros,
quatro se destacam, são elas: da Ema, do Homem velho, da Anta do Norte e a do Veado.
Figura 6: A constelação da Ema fica na região do céu limitada pelas constelações ocidentais Crux e Scorpius.
Fonte: AFONSO, 2010, p. 4.
A constelação do Homem Velho, por exemplo, engloba partes das constelações que
hoje se conhece por Órion e Touro. A constelação da Ema envolve partes do Cruzeiro do
22
Sul, Centauro e Escorpião e, também, é formada pelas estrelas das constelações Musca,
Centaurus, Triangulum Australe, Ara, Telescopium, Lupus e Circinus. Curioso é que o
sistema astronômico dos Tupinambá do Maranhão (já extintos) é muito semelhante ao
utilizado, atualmente pelos Guarani da região Sul do Brasil, embora estejam “separados
pelas línguas (Tupi e Guarani), pelo espaço (mais de 2500 km, em linha reta) e pelo tempo
(quase 400 anos)”. (AFONSO, 2003 apud LANGHI, 2004, p. 14).
2.2. A astronomia depois do descobrimento
“E assim seguimos nosso caminho, por este mar, de longo, até que, terçafeira, que foram 21 dias de abril, topamos alguns sinais de terra, os quais
eram muita quantidade de ervas compridas (...)”
Pero Vaz de Caminha
Oficialmente, pode-se dizer que a astronomia brasileira iniciou-se há mais de
quinhentos anos, ou seja, juntamente com o descobrimento do Brasil. As primeiras
observações e medidas astronômicas de caráter científico realizadas em solo brasileiro
datam deste período, e foram de responsabilidade do astrônomo presente na esquadra
portuguesa de registrá-las.
Durante os séculos XV e XVI, os europeus, principalmente portugueses e espanhóis,
lançaram-se nos oceanos com dois objetivos principais: descobrir uma nova rota marítima
para as Índias e encontrar novas terras. A navegação marítima, no entanto, foi o único
método adotado pelos europeus para se deslocarem de uma superfície a outra da Terra e
os seus conhecimentos astronômicos foram colocados em prática com intuito de serem
utilizados nas grandes viagens. Orientados pelas estrelas e outros astros e, contado com
alguns instrumentos de navegação da época como a bússola, o astrolábio e a balestilha, no
dia 22 de abril de 1500 chegava ao Brasil a poderosa esquadra de Portugal, composta por
13 caravelas e liderada pelo navegador Pedro Álvares Cabral.
Ao explorarem o novo território, os colonizadores europeus ficaram espantados ao
encontrarem tamanha beleza em um mundo que para eles ainda era desconhecido. Ao
desembarcarem em terras brasileiras, os primeiros registros astronômicos foram efetuados
pelo então Bacharel João Emeneslau ou simplesmente Mestre João. Personagem
importantíssimo para da frota de Cabral, João Faras, como também era conhecido, foi
bacharel em artes e medicina, era físico, astrônomo e astrólogo, e cirurgião. Ao fazer as
primeiras medidas, escreveu de imediato uma carta em português castelhanizado dirigida ao
rei de Portugal, Dom Manuel, escrita entre 28 de abril e 1º de maio de 1500, narrando o que
avistou no céu do Brasil. Nela, ele relata a primeira determinação da latitude geográfica do
local de desembarque, obtida no Brasil, - na qual foi realizada a partir da observação do Sol
efetuada através de um instrumento chamado de astrolábio - nos seguintes termos:
23
Ontem, segunda-feira, 27 de abril, descemos em terra, eu e o piloto do
capitão-mor e o piloto de Sancho de Tovar; tomamos a altura do Sol ao
meio-dia e achamos 56 graus, sendo a sombra setentrional, pelo que,
segundo as regras do astrolábio, julgamos estar afastados de equinocial por
17 graus e portanto ter a altura do pólo 17 graus segundo manifesto na
esfera. (FARAS, Mestre João, 1500 apud CAPAZZOLA, 2009, p. 11).
Encontra-se também neste documento uma rica descrição do céu austral, com
destaque para a constelação do Cruzeiro do Sul e outras situadas próximas ao pólo celeste
sul (FARIA, 2009, p. 183). Após as referidas observações da latitude, Mestre João
acrescenta em sua carta:
Somente mando a Vossa Alteza como estão situadas as estrelas do sul,
mas em que grau está cada uma não o pude saber; antes me parece ser
impossível, no mar, tomar a altura de alguma estrela, porque eu trabalhei
muito nisso e por pouco que o navio balance, se erram 4 ou 5 graus, de
modo que não se pode fazer senão em terra... Tornando, senhor, ao
propósito, estas Guardas nunca se escondem, antes sempre andam em
derredor sobre o horizonte, e ainda, estou em dúvida que não sei qual
daquelas duas mais baixas seja o Polo Antártico; e estas estrelas,
principalmente a da Cruz, são grandes quase como as do Carro; e a estrela
do Polo Antártico, ou Sul, é pequena como a do Norte e muito clara e a
estrela que está em cima de toda a Cruz é muito pequena. (FARAS, Mestre
João, 1500 apud CAPAZZOLA, 2009, p. 11).
As primeiras observações astronômicas, ou seja, a primeira atitude científica em solo
brasileiro, efetuadas pelo Bacharel Mestre João foram precedidas da celebração da primeira
missa no Brasi na qual foi realizada pelo religioso Henrique de Coimbra no dia 26 de abril de
1500, e descrita por Pero Vaz de Caminha na carta que enviou ao rei Dom Manuel,
informando o descobrimento de novas terras.
Figura 7: Primeira observação astronômica realizada por Mestre João em solo brasileiro.
Fonte: BLOGSPOT, 2010.
24
Até então, alguns séculos depois da chegada dos portugueses e dos primeiros
registros astronômicos, a astronomia práticada no Brasil era uma ciência muito particular,
apenas de exposição de pensamentos e portanto, não era um estudo puramente
metodológico e objetivo. Ainda que a primeira investigação científica no Brasil tenha sido de
natureza astronômica, a prática desta ciência como atividade organizada e regular só
surgiria tardiamente, ou seja, demoraria mais alguns séculos para se consolidar. Para Faria
(2009, p. 184) foi somente a partir do século XVII que a astronomia começou a se
desenvolver de forma mais intensa e sistemática no Brasil e isto só ocorreu devido à
invasão holandesa.
No final do século XVI a Holanda desenvolvia-se rapidamente nos campos da
cartografia, construção naval e instrumentos de navegação começando a participar da
conquista de novos territórios ao lado de portugueses e espanhóis (VRIS, 2010). Em
decorrência, resolveram enviar suas expedições ao Brasil com objetivo de invadirem o
nordeste brasileiro. Com a invasão e durante o domínio holandês em terras brasileiras, entre
1624 e 1661, coube ao príncipe Maurício de Nassau a responsabilidade de governa-lás e
formar nestas uma colônia holandesa.
Quando o príncipe João Maurício de Nassau aportou em Pernambuco, na qualidade
de Governador do Brasil Holandês, em 23 de janeiro de 1637, trazia em sua comitiva não
um exército à moda dos colonizadores de então, mas uma verdadeira missão científica que
ainda hoje desperta as atenções dos estudiosos daquele período (SILVA, 2010). Essa
comitiva era formada por pintores, arquitetos, escritores, naturalistas, médicos e
astrônomos. Interessado em ciência e admirador das belas artes, Nassau determinou em
1639 a instalação do que seria o primeiro Observatório Astronômico em terras brasileiras.
Um dos membros da equipe de Nassau, o astrônomo alemão Georg Marcgrave foi o
responsável pela construção em Pernambuco, do Observatório Astronômico brasileiro.
Empolgado, em 1640, Marcgrave realizou importantes observações científicas, ou seja, os
primeiros estudos sistemáticos de Astronomia no Brasil. Provavelmente, o primeiro
astrônomo a utilizar uma luneta no hemisfério sul, Marcgrave realizou também consideráveis
trabalhos, como a observação de um eclipse solar, além de eclipses lunares, registrou o
movimento do planeta Mercúrios e as conjunções planetárias, fez um mapeamento do céu
astral e outras efemérides astronômicas.
Ainda no século XVII mereceram destaques os trabalhos realizados por Valentin
Estancel (1621-1705) e Aloísio Conrad Pfeil (1638-1701) jesuítas, professores de
Astronomia, os primeiros a lecionar esta ciência no Brasil e, também, vale registrar a
presença do astrônomo Edmund Halley, realizando observações em terras brasileiras, no
final do século (FARIA, 2009, p. 184).
25
2.2.1. A astronomia brasileira do século XVIII ao XXI
"...o nosso céu, de uma beleza notável... carregado de nuvens... que
parecem fazer cortejo ao Sol".
Luiz Cruls
O inicio do século XVIII no Brasil foi marcado pela exploração mineral. Essa
exploração passou a dominar o cenário brasileiro, intensificando a vida urbana da colônia,
além de ter promovido uma sociedade menos aristocrática em relação aos tempos
anteriores. A ciência brasileira da época, ao contrário da procura por ouro, ainda era pouca
práticada. Sabe-se apenas que a estudavam em graus muito limitados, no entanto, não se
pode entrar em discussão de que tipo de ciência se produzia no Brasil. O que se tem
conhecimento é que houve um controle muito rigoroso do ensino pelos jesuítas, com
escolas basicamente para se aprender a ler e a escrever, portanto, não havendo instituições
de ensino superiores nesse período.
Foi somente, a partir de 1750, com o Tratado de Madri, que visava delimitar as
fronteiras entre os territórios da América subordinados à Espanha e a Portugal que a ciência
ganhou novas formas e, novos trabalhos astrônomicos foram desenvolvidos (FARIA, 2009,
p. 184). Com o planejamento para a construção de um novo Observatório Astronômico no
Rio de Janeiro, possibilitou, em 1781, a chegada no Brasil dos primeiros instrumentos
astronômicos de cunho científico.
No início do século XIX, acontecia no Brasil um grande movimento político, ou seja, a
instalação da corte portuguesa no Rio de Janeiro, o que passou a mudar a aparência da
cidade e a condição da Colônia, onde as instituições da metrópole tinha que ser recriadas.
Pode-se dizer, no entanto, que foi somente nesse século que a Colônia, depois de Império
brasileiro, passou a contar com um amparato institucional diversificado na qual passaria a
contribuir com o desenvolvimento da ciência brasileira. Um fato marcante e o que interessa
dizer sobre o século XIX, do ponto de vista da astronômia, foi a criação do Observatório
Astronômico, em 1827, e que em 1846 daria origem ao Imperial Observatório. O objetivo
principal para a criação do observatório era de manter o horario oficial para que
possibilitasse a orientação nas navegações, que naquela época dependia da hora marcada
por um cronometro oficial no navio e a altura do Sol no horizonte, que estabelecia a hora
local. O início do Observatório foi precário, de certa maneira só teve um impulso na métade
do século, o que lhe daria uma caracteristica de instituição de pesquisa. Equipado com
modernos instrumentos, para a época, um grande número de observações de excelente
qualidade foram realizadas, destacando-se o apoio dado ao Observatório pelo imperador
Dom Pedro II, que inclusive cedeu parte dos primeiros instrumentos (FARIA, 2009, p. 184185).
26
Figura 8: Imperial Observatório, no Morro do Castelo, Rio de Janeiro, como era em 1881.
Fonte: ZENITE, 2010.
Com tanto detalhes, o Observatório só teria seu primeiro diretor em 1845, o professor
Soulier de Sauve (?-1850), da Escola Militar, que ficou responsável pelo levantamento e
pela aquisição dos primeiros instrumentos científicos, na sua grande maioria de
Meteorologia. Soulier dirigiu o Observatório de 1845 a 1850. Passando por muitas
dificuldades orçamentária na época, o incentivo para o Observatório só chegaria em 1870,
com o convite que Dom Pedro II fez ao astronômo francês Emmanuel Liais (1826-1900)
para assumir a direção do Imperial Observatório. Liais assumiu a direção neste mesmo ano
permanencendo até 1881. Foi um período de grandes dificuldades enfrentadas por ele, mas
de bom desempenho para o Observatório. Para Faria (2009, p.185) Liais realizou importante
trabalhos de observação do Sol, deixou publicadas varias observações, particularmente de
cometas. Em 1886, o colaborador de Liais, o astronômo belga Luiz Cruls (1846-1908)
ocupou a direção do Imperial Observatório de 1881 a 1908 deixando importantes
contribuições como: a publicação do primeiro volume do Anuário Astronômico do
Observatório, a medição do semi-diâmetro aparente de Mercúrio, determinação do período
de rotação de Marte, observação de estrelas duplas e cometas períodicos (FARIA, 2009, p.
185).
A passagem do século XIX para o XX, no Brasil, foi caracterizada por mudanças
substanciais na sociedade, na política, na economia, enfim em todo o país. Em 1913, depois
de um longo período de precariedades, o Observatório Nacional (ON), como foi batizado
com a proclamação da República (1889), teve sua pedra fundamental lançada na sede
atual, no bairro de São Cristóvão, para onde se mudou em 1921 com altas demandas –
delimitação de fronteiras – e infraestrutura deficiente (NAGAMINI, 2009, p. 58).
Sob a direção do professor Henrique Morize (1860-1930), francês naturalizado
brasileiro, Engenheiro Industrial, dirigiu o já então Observatório Nacional de 1908 a 1929.
Com uma excelente equipe e como novos instrumentos adquiridos foram realizadas várias
27
atividades, como a instalação de um serviço da hora, observações de cometas, estrelas
duplas, da superfície de Marte e trabalhos fotográficos do eclipse total do Sol, ocorrido em
Sobral (CE), no ano de 1919 (FARIA, 2009, p. 186).
No Estado de São Paulo, no ano de 1941 foi inaugurado o Observatório de São
Paulo, atualmente localizado no Instituto Astronômico e Geofísico da Universidade de São
Paulo (IAG-USP), onde foram realizados os primeiros trabalhos de Radioastronomia no
Brasil em 1958. Na década de 1960 o Observatório do Valongo da Universidade Federal do
Rio de Janeiro (UFRJ) ofereceu o primeiro curso de graduação, até então, existente no
Brasil. Por volta de 1965, o Observatório Nacional sob a direção do Dr. Luiz Muniz Barreto
efetua a compra de um telescópio refletor de 1,60 m, dando inicio aos trabalhos de
construção do Observatório Astrofísico Brasileiro (OAB) e proporcionando a obtenção de
dados para inúmeros trabalhos científicos de nível internacional nas várias áreas de
Astronomia. Também, tornou possível a formação de mestres e doutores dentro e fora do
Observatório Nacional. Ainda, na década 1970, instalou-se na Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (UFRGS) um Observatório com um telescópio refletor de 52 cm,
possibilitando o desenvolvimento de pesquisas e disciplinas de Pós-Graduação em
Astrofísica.
Em 1976, o Observatório Nacional (ON) foi transferido do Ministério da Educação e
Cultura (MEC), atual Ministério da Educação, para o Conselho Nacional de Pesquisa
(CNPq), atual Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, assumindo
sua direção em 1978 o Dr. José Antônio Freitas (FARIA, 2009, p. 192). O gerenciamento do
então chamado Observatório Astrofísico Brasileiro ficou a cargo do Observatório Nacional,
um instituto do CNPq, no Rio de Janeiro . Foram então, terminados os trabalhos de
construção do Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA). Até 1984, o OAB foi uma Divisão
do Observatório Nacional. Em 1985 o CNPq criou o Laboratório Nacional de Astrofísica
(LNA), que, por motivos logísticos, ainda permaneceu ligado administrativamente ao ON. Foi
somente em 1989 que o CNPq promoveu a independência administrativa, dando-lhe a
autonomia necessária para pleno funcionamento.
A astronomia brasileira atual é, em boa parte, fruto de um projeto iniciado há cerca
de vários anos e não há de negar a forte presença, hoje, das tecnologias envolvidas. Os
principais centros de atividades de pesquisa astronômica do Brasil estão associados a
Universidades e outros órgãos estaduais e federais. Devido aos grandes esforços, a
comunidade internacional notou uma crescente taxa ao ano da astronomia brasileira em
termos de publicações e formação de doutores, além disso, o Brasil tem investido em
projetos de grande porte, como os telescópios Gemini de 8 metros (no Havaí e Andes
Chileno) e o Soar de 4 metros (nos Andes chilenos) (DOMINELLI, 2009). Para uma melhor
28
compreensão do atual quadro da Astronomia no Brasil, na segunda etapa deste trabalho,
será abordado o progresso da astronomia brasileira, com isso será dada uma maior ênfase
nos principais centros e institutos de pesquisa existentes atualmente em nosso país, bem
como nos investimentos em pesquisas desenvolvidas na área astronômica.
3. O PROGRESSO DA ASTRONOMIA NO BRASIL
"Este é um pequeno passo para um homem, mas um grande salto para a
humanidade".
Neil Armstrong
A construção dos grandes telescópios, a substituição do olho humano pelas
fotografias, e os objetivos de sistematização e classificação, fizeram a astronomia evoluir
muito mais nestes últimos cinquênta anos, do que nos cinco milênios de toda sua história
(FRANCISCO, 2010). Em meados do século XX, a astronomia brasileira, em decorrência do
seu desenvolvimento tecnológico sofreu diversas mudanças, deixando a sua característica
de astronomia observacional para se tornar, também, uma astronomia experimental. Seu
crescimento foi extraordinário, principalmente no período de 1970 a 2000.
Enquanto ciência institucionalizada e produtiva, pode-se considerar a Astronomia no
Brasil como uma atividade recente, que se desenvolveu a partir da década de 1970 com a
implantação dos programas de pós-graduação, na qual tiveram a participação dos primeiros
brasileiros doutores em astronomia, que estudaram no exterior. Com a criação do
Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA) em 1985, onde se encontra instalado o telescópio
de 1,60 metros de diâmetro, o Brasil intensificou suas pesquisas na área da astronomia.
Para Steiner (2009, p. 45) a operação desse laboratório procurou seguir as melhores
práticas internacionais na gestão e na utilização dos seus equipamentos e com isso,
possibilitou o desenvolvimento da comunidade astronômica que deu um passo além, com a
entrada do Consórcio Gemini, em 1993, e formando o Consórcio Soar, em 1998.
Na área espacial, o Ministério da Aeronáutica já vinha dado atenção desde o ano de
1961 com o desenvolvimento de pequenos foguetes para sondagens meteorológicas. A
partir de 1970, o Brasil já participava de vôos de balões estratosféricos, nos quais voaram
equipamentos para observar a radiação cósmica de fundo e fontes de raio-X (STEINER,
2009, p. 45). Em 1980 o Governo Federal aprovou a proposta para realização de estudos
que viabilizasse uma Missão Espacial Completa Brasileira (MECB) cujo objetivo visou
elaborar projetos, desenvolver, construir e operar satélites de fabricação nacional. No ano
1991 foi criado o Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), autarquia do Ministério da Defesa,
com a missão de realizar pesquisas e desenvolvimentos no campo Aeroespacial.
29
Atualmente, cabe ao IAE o desenvolvimento do Veículo Lançador de Satélites (VLS) e ao
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) órgão do Ministério da Ciência e
Tecnologia (MCT), criado em 1971, o desenvolvimento dos satélites e das estações de solo
correspondentes (COSTA, 2010). Em 1994, com o objetivo de dar continuidade aos esforços
empreendidos pelo governo brasileiro, desde 1961, foi criada a Agência Espacial Brasileira
(AEB), autarquia do MCT, na qual ficou responsável por formular e coordenar a política
espacial brasileira.
A área espacial tem característica de atrair o desenvolvimento de vários outros
setores, incentivando a inovação tecnológica. Para Ganem (2008) hoje, o programa espacial
é visto como um importante instrumento de defesa nacional, além de vital para as
telecomunicações, pesquisas de novos materiais e produtos, fonte de lucrativos negócios e
como consequência, gera desenvolvimento social, emprego, renda e educação. Graças aos
esforços e evolução da astronomia brasileira, o Brasil está investindo no espaço, com isso,
vem assumindo um papel de destaque no cenário astronômico internacional.
3.1. As instituições e os órgãos de pesquisas
A pesquisa, a tecnologia e a informação, são hoje consideradas essenciais para o
desenvolvimento de todas as etapas da vida humana. Requer tratamento e disseminação
que possibilite permanecer ao alcance do público. Em nosso país, tanto o governo federal
até mesmo os locais, bem como a iniciativa privada concordam que o incentivo e
investimento em pesquisas são indispensáveis para ter uma ciência mais competitiva. Aqui
serão apresentadas informações básicas sobre algumas das mais conceituadas Instituições
e órgãos brasileiros que desenvolvem Pesquisas na área de Astronomia, Astrofísica e
Astronáutica.
3.1.1. Observatório Nacional (ON)
Uma das mais antigas instituições brasileira de pesquisa, ensino e prestação de
serviço tecnológico, foi criada oficialmente por Dom Pedro I em 15 de outubro de 1827. Sua
finalidade inicial foi a orientação e os estudos geográficos do território brasileiro e de ensino
da navegação. Em 1889, com a proclamação da república, o então chamado Imperial
Observatório do Rio de Janeiro passaria a ser denominado como Observatório Nacional.
Atualmente o Observatório Nacional (ON) está localizado na Cidade do Rio de Janeiro.
Tendo passado quase toda a primeira metade de seu século inicial sob o regime
militar, em 1930 o Observatório Nacional passou a integrar o recém criado Ministério da
Educação e Cultura (MEC) até o ano de 1976, sendo transferido para o CNPq e em 2000 o
30
Observatório foi colocado a cargo do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) onde até
hoje encontra-se subordinado.
O ON é atualmente responsável pela geração, manutenção e divulgação da Hora
Legal Brasileira8 e por diversos estudos em Astronomia, Astrofísicos e Geofísicos,
possuindo um Programa de Pós-Graduação para a formação de Mestres e Doutores. Desde
1997 o Observatório organiza, anualmente, o curso de Astronomia no Verão voltado para
professores e alunos do ensino médio e a Escola de verão para alunos graduando e
graduados nas áreas de ciências exatas e da terra. Realiza também, desde 2003 o curso a
distância em Astronomia e Astrofísica, em nível de divulgação, oferecido anualmente pela
Divisão de Atividades Educacionais (EAD/ON).
Os pesquisadores do ON têm trabalhado no mapeamento de galáxias, bem como no
desenvolvimento detectores sensíveis à fraca luminosidade desses corpos celestes. Em
geral, o Observatório tem como missão, possibilitar o acesso à informação científica correta,
aproximar a sociedade de uma instituição de pesquisa e capacitar professores para
multiplicar o conhecimento adquirido.
3.1.2. Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA)
Criado em 13 de março de 1985, o Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA) foi o
primeiro laboratório a ser executado no Brasil. Com sede na cidade de Itajubá, no sul do
Estado de Minas Gerais o LNA é atualmente uma das Unidades de pesquisa integrantes da
estrutura do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT).
Como missão o LNA vem exercendo um papel prioritário de dirigente de serviços
sofisticados para a comunidade científica brasileira, com isso vem viabilizando um
aumentado do crescimento das ciências astronômicas no Brasil. O LNA é o responsável por
opera o maior telescópio brasileiro, localizado no Observatório Pico dos Dias em Brasópolis,
cidade de Minas Gerais. É também a instituição que administra a participação brasileira nos
consórcios internacionais, telescópio SOAR e Observatório Gemini.
Em 2000, o LNA passou a intensificar as suas atividades tecnológicas quando se
tornou parte da estrutura do MCT e como consequência tem ampliado sua participação no
desenvolvimento tecnológico dos grandes observatórios internacionais, através de geração
e construção de instrumentos periféricos modernos e competitivos internacionalmente.
Recentemente o LNA tem investido tanto na parte de pessoal, atuante na área tecnológica,
bem como na ampliação de sua infraestrutura, com a criação de um novo laboratório óptico
especializado no manuseio de fibras ópticas para uso em instrumentos astronômicos. Com o
8
Lei nº 2.784, de 18 de junho de 1913 estabelece o uso da Hora Legal no Brasil e regulamentada pelo Decreto
nº 10.546 de 05 de novembro de 1913.
31
constante processo de evolução na área de Astrofísica o LNA está suficientemente apto
para participar e competir, em termos de igualdade, com outros centros de desenvolvimento
de instrumentos na área astronômica.
3.1.3. Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE)
Fundado em 17 de outubro de 1967, o Instituto de Aeronáutica e Espaço (IEA) é uma
autarquia subordinada ao Ministério da Defesa. Em 1991 surge uma nova proposta de
reorganização do Centro Técnico de Aeronáutica (CTA), ocorrendo a fusão entre o Instituto
de Pesquisas e Desenvolvimento (IPD) e o Instituto de Atividades Espaciais (IAE), criandose o atual Instituto de Aeronáutica e Espaço. Entre as diversas ações o IAE tem como
missão as atividades de pesquisa e desenvolvimento no campo aeroespacial, com ênfase
às áreas de materiais, foguetes de sondagem, sistema de defesa, sistemas aeronáuticos,
ciências atmosféricas, ensaios em vôos e ensaios de componentes aeroespaciais,
possuindo ainda, um Curso de Extensão em Engenharia de Armamento Aéreo, criado em
1977 no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) (MORAES e CHIARADIA, 2007, p. 139).
O IAE juntamente com o INPE, o Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) e o
Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI) atualmente são as estruturas da
realização dos objetivos propostos para o Programa Espacial Brasileiro. Dentro desse
programa, cabe a IAE o desenvolvimento dos foguetes e lançadores, como o VLS e ao INPE
o desenvolvimento de satélites e as estações de solo. Além de ampliar o conhecimento e
desenvolver soluções científicas e tecnológicas o IAE tem como objetivo ser reconhecido,
nacionalmente e internacionalmente, como uma Instituição de excelência capaz de
transformar pesquisas e desenvolvimento em inovação na área Aeroespacial, buscando
sempre a valorização do ser humano, a ética, rigor científico, responsabilidade social,
disciplina e respeito à hierarquia.
3.1.4. Agência Espacial Brasileira (AEB)
Criada pela lei nº 8.854 de 10 de fevereiro de 1994 a Agência Espacial Brasileira
(AEB) é uma autarquia federal de natureza civil, vinculada ao MCT. Com sede em
Brasília/DF, a AEB é responsável pela Política Nacional de Desenvolvimento das Atividades
Espaciais (PNDAE) na qual estabelece os objetivos e as diretrizes a serem materializados
nos programas e projetos nacionais relativos à área espacial, com destaque para o
Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE) (MORAES e CHIARADIA, 2007, p.
146).
Sob a administração geral da AEB, o Programa Espacial Brasileiro conta com a
participação do INPE e do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA).
Este último é responsável pelo Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), pelo Centro de
32
Lançamento de Alcântara (CLA) e pelo Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI).
Essas instituições dão suporte a todas as atividades que se desenvolvem em torno da área
espacial. Qualquer lançamento e rastreio de um engenho aeroespacial deve seguir normas
e critérios para que sua execução seja considerada eficiente. No Brasil, a AEB é
responsável pela elaboração do Regulamento de Segurança.
Além de promover a autonomia do setor espacial, a AEB criou em 2003 o Programa
AEB Escola que tem o objetivo de levar a temática especial para a sala de aula. A idéia é
despertar nos estudantes do Ensino fundamental e médio o interesse pela ciência e
tecnologia, estimulando a vocação de futuros cientistas, pesquisadores, técnicos e
empreendedores do País. Ações oferecidas pela AEB Escola como palestras, exposições
interativas e oficinas tem contribuído com a divulgação científica. Para auxiliar os docentes
na elaboração de metodologias para inserção de conteúdos de ciência e tecnologia
relacionadas à área espacial em sala de aula, o Programa oferece atividades voltadas para
a formação continuada de professores.
3.1.5. Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)
Com sede na cidade de São José dos Campos no Estado de São Paulo, o Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) nasceu da vontade de alguns brasileiros em fazer
com que o Brasil participasse da conquista do espaço. Unidade de Pesquisa do MCT o
INPE foi fundado em 1971. Contudo, a sua origem remonta no ano de 1961, quando o
Decreto presidencial criou o Grupo de Organização da Comissão de Atividades Espaciais
(GOCNAE), um embrião do INPE, tonando-se mais tarde, em 1963, a Comissão Nacional de
Atividades Espaciais (CNAE). Em 1971 a CNAE é extinta, criando-se o Instituto de
Pesquisas Espaciais e somente em 1991 passaria a ser denominado Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (INPE).
Durante a década de 80, o INPE implantou e passou a desenvolver programas que
são hoje prioritários como: a Missão Espacial Completa Brasileira (MECB), o Satélite SinoBrasileiro de Recursos Terrestres (CBERS), o Programa Amazônia (AMZ) e o Centro de
Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) (WIKIPÉDIA. Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais, 2010).
Atualmente, o INPE tem como missão, produzir ciência e tecnologia na área espacial
e do ambiente terrestre, bem como, oferecer produtos e serviços singulares em benefício do
Brasil. Há mais de quarenta anos o INPE desenvolve atividades de pesquisa e
desenvolvimento na área espacial, com estudos que vão desde o desflorestamento de
matas, previsão de tempo até as origens do universo, sendo, hoje uma referência nacional
no Sensoriamento Remoto, Metrologia, Ciências Espaciais e Atmosféricas e Engenharias e
33
Tecnologias Espaciais (MORAES e CHIARADIA, 2007, p. 142). Possui, ainda, cursos de
pós-graduação em níveis de mestrado e doutorado, nas áreas de Astrofísica, Geofísica
Espacial, Computação Aplicada, Meteorologia, Sensoriamento Remoto e Engenharia e
Tecnologias Espaciais, titulando-se até a presente data 159 doutores e 1072 mestres9.
O INPE é uma Unidade de Pesquisa com grande reputação a nível nacional e
internacional, pois sempre tem buscado ampliar e consolidar competências em ciência,
tecnologia e inovação, desenvolver liderança científica e tecnológica, com também,
promover uma política espacial que visa atender às necessidades de desenvolvimento de
serviço, tecnologia e sistemas espaciais, entre tantas outras atribuições que fazem parte dos
seus objetivos estratégicos.
3.1.6. Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST)
O Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST) é uma instituição pública federal
fundada em 8 de março de 1985, sendo atualmente uma Unidade de Pesquisa do MCT.
Com sede no Rio de Janeiro o MAST foi uma das primeiras instituições criadas no Brasil
voltadas para as áreas de história da ciência, preservação da memória científica e
tecnológica, bem como na popularização da ciência e tem sido desde a sua criação, um
centro de realização de encontros e congressos que reúne especialistas de todas as áreas
do conhecimento.
Como Unidade de Pesquisa o MAST realiza estudos acadêmicos em História da
Ciência, Educação em Ciência e preservação de acervos documentais e museológicos
(MAST, 2010). Na qualidade de museu, apresenta seu acervo em exposição permanente,
abre ao público sua biblioteca e videoteca, detém a guarda de coleções de instrumentos,
objetos e documentos ligados à atividade científica brasileira, possuindo um acervo
documental riquíssimo, principalmente nas áreas relacionadas às ciências exatas e da
natureza e a tecnologia. O museu desenvolve, ainda, trabalhos para a preservação de
acervos históricos, incluindo a pesquisa, a restauração, a gestão e a sua conservação, além
de investir em programas de divulgação da ciência, como “Brincando com a ciência” e
“Observação do Céu”. Oferece também, atividades para o público em geral, qualifica
professores para que sejam capazes de utilizar novos instrumentos didáticos no ensino de
ciências, promove atividades itinerantes e desenvolve programas de atendimento escolar,
que incluem visitação guiada para grupos de alunos.
9
Dados disponível em: <http://www.inpe.br/pos_graduacao/index.php>. Acesso em: 17 mai. 2010.
34
3.1.7. Universidades brasileiras
O ensino da Astronomia no Brasil começa com a Carta de Lei de 4 de dezembro de
1810 que criou a Academia Real Militar, responsável pelo ensino de Matemáticas e
Ciências. Nos primórdios, como o ensino de Astronomia destinava-se basicamente aos
Engenheiros, a área de Astronomia de Campo, acoplada com a Geodésia10, era a única
parte estudada da Astronomia (CAMPOS, 1995, p. 1). Com a decadência das atividades de
pesquisa no final da década de 50 devido a falta de renovação de pessoal científico
habilitado, o prof. Abraão de Moraes do Instituto Astronômicos e Geofísico da Universidade
de São Paulo (IAG-USP), estimulou o envio de vários estudantes de Física e Matemática ao
exterior, para realizarem cursos de Doutorado em Astronomia em instituições de pesquisa
astronômica consagradas (CAMPOS, 1995, p. 2)
No Rio de Janeiro, em 1958, foi fundado o primeiro curso de Graduação em
Astronomia do Brasil, na Faculdade Nacional de Filosofia, da antiga Universidade do Brasil.
No final de década de 1960 e inicio da década de 1970 começaram a ser construídas as
primeiras instalações do Observatório Abraão de Moraes, do IAG-USP, onde com o decorrer
dos tempos foram instalados modernos equipamentos com fins de pesquisas na qual
destaca-se o telescópio refletor de 61 cm (FARIA, 2009, p. 192). Estes equipamentos
permitiram a elaboração de várias pesquisas na área de Astronomia e Astrofísica e deram
origem a teses de mestrados e doutorados, bem como a artigos publicados em revistas
especializadas (FARIA, 2009, p. 192).
Também por volta de 1970 sob o comando do Departamento de Astronomia da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) foi instalado no Rio Grande do Sul um
Observatório com um telescópio refletor de 52 cm na qual possibilitou o desenvolvimento de
pesquisas e disciplinas de Pós-Graduação em Astrofísica. Na Bahia, foi instalado o
Observatório Antáres, vinculado à Universidade Estadual de Feira de Santana. No Instituto
de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRGN), também, desenvolvese trabalhos de pesquisa em Astronomia. O Instituto de Geociências da Universidade
Federal do Rio de Janeiro, associado ao Observatório do Valongo também oferece um curso
de Astronomia a nível de graduação.
A pós-graduação no Brasil, também teve um papel importante no sentido de
impulsionar a formação de novos mestre e doutores (STEINER, 2009, p. 46). Os primeiros
programas foram implantados no ITA, no IAG-USP e na Universidade Mackenzie, no início
dos anos 1970 e, posteriormente na UFGRS e UFGM (Universidade Federal de Minas
Gerais), sendo o programa do Mackenzie transferido para o Observatório Nacional
(STEINER, 2009, p. 46). De acordo com Steiner:
10
Estudo da forma e campo gravitacional da Terra.
35
Se, em 1970, havia apenas três doutores no Brasil, em 1981, o Brasil já
contava com 41 doutores em astronomia e, hoje existem 234 doutores
empregados em 40 instituições, além de 60 pós-doutores. Atualmente são
formandos cerca de 30 mestres e 25 doutores por ano somando-se todos os
programas no Brasil. São, ao todo, 12 programas de doutorado e 17 de
mestrado. O total de alunos matriculado no primeiro semestre de 2009 é de
90 no mestrado e 130 no doutorado (STEINER, 2009, p. 46).
Ao longo dos anos, os Cursos de Astronomia passaram progressivamente a ser o
principal fornecedor de Astrônomos para Institutos de Pesquisa Astronômica, Planetários,
Observatórios e Cursos de Pós-graduação em Astronomia espalhados pelo Brasil. O
número anual de Astrônomos formados pelos cursos indica uma sintonia com a capacidade
de absorção do mercado de trabalho e o crescimento da taxa de aproveitamento e, ainda,
demonstra o progressivo reconhecimento da qualidade dada aos alunos pelos Cursos de
Astronomia oferecidos pelas universidades brasileiras.
3.2. Programa Espacial Brasileiro
O Programa Brasileiro Espacial Brasileiro teve início no ano de 1961, inspirado pelo
vôo do cosmonauta soviético Yuri Gagari, o primeiro homem a atingir o espaço. Naquela
época não havia no Brasil qualquer infraestrutura relacionado a atividades espaciais. No
entanto, as atividades espaciais no Brasil iniciaram-se com a edição do Decreto Presidencial
nº 51.133, de 3 de agosto de 1961, quando foi criado o Grupo de Organização da Comissão
Nacional de Atividades Espaciais (GOCNAE), na qual ficou subordinado ao Conselho
Nacional de Pesquisa (CNPq), para funcionar em São José dos Campos, em uma área do
Comando Geral de Tecnologia Aeroespacial (CTA). Na década de 1970, o Brasil realizou
um acordo de cooperação com a França, que entre outros objetivos tinha o propósito de
desenvolver foguetes de combustível líquido. O programa não teve muito avanço e somente
com as iniciativas nacionais no setor espacial passaria a ganhar novo impulso, sendo
reformulada a partir de 1979 com a Missão Espacial Completa Brasileira (MECB). Com a
criação do MECB, todos os recursos possíveis à atividade espacial foram concentrados no
desenvolvimento do Veículo Lançador de Satélites (VLS) (MORAES e CHIARADIA, 2007, p.
133).
O MECB foi o primeiro programa espacial brasileiro com características de grande
porte, estabelecendo como metas o desenvolvimento de pequenos satélites de aplicações
(coleta de dados ambientais e sensoriamento remoto) e de um veículo lançador compatível
com os portes e missões daqueles satélites, bem como a implantação de infraestrutura
básica requerida por estes projetos (AEB, 2005, p. 85). Motivado pela MECB houve a
implantação do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) cuja a base está construída no
Município de Alcântara no Estado do Maranhão. Deflagrado em 1961, o programa não
36
conseguiu, ao longo de meio século, produzir um foguete lançador de pequeno porte, o
Veículo Lançador de Satélite (VLS). Porém, alguns avanços foram obtidos na construção de
satélites que seriam desenvolvidos em parcerias com a China, o Programa Satélite Sinobrasileiro de Recursos Terrestres (CBERS), que foi resultado do acordo assinado em 22 de
agosto de 1988, entre a Academia de Tecnologia da China (CAST) e o Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (INPE).
Com o objetivo de dar continuidade aos esforços empreendidos pelo governo
brasileiro para promover a autonomia do setor espacial, em 1994 foi criada a Agência
Espacial Brasileira (AEB), na qual ficou responsável por formular e coordenar a política
espacial brasileira de forma descentralizada. Atualmente, o Brasil possui um Programa
Espacial com definições bem mais detalhas e completas, o Programa Nacional de
Atividades Espaciais (PNAE), cujo o objetivo é desenvolver e utilizar a tecnologia espacial
para solucionar problemas, permitindo assim, o aumento na qualidade de vida da população
brasileira, gerando riquezas, oferta de emprego e aprimoramento técnico científico (PNAE,
2005). De acordo com a AEB,
“A atividade espacial contribui de maneira significativa para o projeto de
desenvolvimento do Brasil, seja pelas informações que disponibiliza, sob
forma de imagens e dados coletados sobre o território nacional seja pelo
efeito indutor de inovação que decorre dos esforços na aquisição e no
desenvolvimento do Programa Nacional de Atividades Espaciais – PNAE, os
quais resultam em proveito para a indústria e para a sociedade”. (AEB,
2005)
Outras conquistas importantes para o Programa Espacial Brasileiro foram o
lançamento dos dois primeiros satélites artificiais brasileiros, o Satélite de Coleta de Dados 1
e 2 (SCD-1 e SCD-2), na Flórida/EUA, em 1993 e 1998, respectivamente, e do CBERS-1,
feito em parceria com os chineses e lançado na China em 1999. A intensa luta durante os
séculos possibilitou ao Brasil um extraordinário desenvolvimento tecnológico, permeando
uma enorme produção na área Espacial. O Brasil então passaria a ingressar no Programa
da Estação Espacial Internacional (ISS) 11 cujo a participação nesse programa possibilitou as
universidades e centros de pesquisas brasileiros a realizar experimentos científicos
avançados (MORAES e CHIARADIA, 2007, p. 135). Com excelentes resultados da
participação brasileira nesse projeto, a AEB selecionou em 1998 o primeiro astronauta
brasileiro para participar dos trabalhos da ISS em órbita e que passaria a ser treinado pela
Agência Espacial Americana (NASA).
O projeto que colocou o primeiro brasileiro em orbita iniciou-se 1997, onde o Brasil e
os Estados unidos assinaram um contrato, e a AEB foi designada pela parte brasileira para
11
Laboratório espacial construído por um consórcio de 16 países (Rússia, Japão, Canadá, França, Alemanha,
Itália, Suíça, Inglaterra, Suécia, Dinamarca, Bélgica, Noruega, Holanda, Espanha, Brasil e os Estados Unidos).
37
trabalhar junto à NASA para participação na ISS. Em 1998, através de concurso de seleção
no âmbito nacional, o engenheiro aeronáutico e piloto de provas Marcos Pontes foi o
escolhido por sua qualificação de alto nível. Em 2005, a AEB, única responsável pelo
gerenciamento do programa espacial brasileiro, determinou que a primeira missão espacial
brasileira deveria ocorrer em 2006, no ano das comemorações do centenário do primeiro
vôo do 14-bis de Santos Dumont (PONTES, 2007, p. 298). No dia 18 de outubro de 2005 a
AEB e a Agência Espacial da Federação Russa (Roscosmos) assinaram um acordo que
possibilitou a missão espacial tripulada por Marcos Pontes, o primeiro Astronauta e
cosmonauta brasileiro. A tripulação composta por Pontes decolou no dia 29 de março de
2006, no Centro de Lançamento de Baikonur (Cazaquistão), a bordo da espaçonave russa
ISS Soyuz 12 (TMA-8), levando 8 experimentos brasileiros para serem estudados a bordo
da estação ISS. A missão espacial tripuladas pelo primeiro Astronauta brasileiro foi um
sucesso, e ficou conhecida como “Missão Centenário”.
Por tanto, o progresso do Programa Espacial Brasileiro com o passar dos anos vem
mostrando a sua importância para o desenvolvimento econômico e social do Brasil. Com
isso ele está conseguindo cumprir os seus objetivos, seja através das pesquisas, do
desenvolvimento das tecnologias de Veículos Lançadores de Satélites, como na produção
de satélites de observação da Terra e até mesmo a criação e a exploração dos serviços a
elas relacionadas ou com uma missão espacial.
3.3. O Observatório Gemini e o Telescópio SOAR
Nos últimos anos, o Brasil avançou no planejamento estratégico e na promoção do
crescimento da astronomia. Com recursos do Governo Federal, a astronomia tem buscado
novos caminhos por meio de consórcios internacionais, como o Observatório Gemini e o
Telescópio SOAR. Os pesquisadores brasileiros utilizam as informações destes telescópios,
com isso o Brasil se torna, entre todos os parceiros do consórcio, o país que mais produz
artigos científicos. O Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA) é a secretaria nacional de
ambos os consórcios e alguns de seus pesquisadores exercem os papéis de Gerente de
Projeto Nacional e Representante Nacional na Rede de Divulgação e Ensino do Gemini e
Membro do Conselho de Diretores do SOAR (ABANS, 2002).
3.3.1. O Observatório Gemini
O Observatório Gemini é um consórcio entre sete países, Estados Unidos, Inglaterra,
Canadá, Chile, Austrália, Argentina, inclusive o Brasil, para operar um dos maiores e mais
modernos observatórios do mundo. O Observatório Gemini consiste de dois telescópios
idênticos, em operação no visível e no infravermelho, cujos espelhos principais têm 8,1
38
metros de diâmetro e apenas 10 cm de espessura, o primeiro fica localizado em Mauna Kea,
Havaí, e o segundo em Cerro Pachon, Chile, os dois dos melhores lugares de nosso planeta
para observar o universo. Juntos, estes telescópios conseguem observar o céu inteiro.
O telescópio Gemini Sul está localizado numa montanha dos Andes chilenos
chamada Cerro Pachón a 2.720 m de altitude. Por estar situado na parte sul do deserto mais
seco do mundo, o de Atacama, proporciona a melhor combinação entre condições de
tempo, altitude e latitude mais austral do Hemisfério Sul. O Telescópio Gemini Norte
Frederick C. Gillett está localizado a 4.220 m de altitude no vulcão adormecido Mauna Kea,
no Havaí. A instalação dos telescópios em ambos os hemisférios terrestres possibilita a
observação em qualquer posição no céu, tornando acessíveis todos os objetos importantes.
Ambos os sítios oferecem altas porcentagens de céu limpo e excelente estabilidade
atmosférica. Esses equipamentos estão à disposição das comunidades científicas dos
países parceiros. O LNA é responsável por gerenciar todos os aspectos da participação
brasileira nesse consórcio, a fim de garantir o acesso de toda a comunidade astronômica do
país aos telescópios Gemini, possibilitando um maior desenvolvimento da astronomia
brasileira.
Figura 9: Observatório Gemini. Um está localizado no Chile e o outro no Havaí.
Fonte: LNA, 2010.
A participação da comunidade brasileira, nas publicações é uma das maiores entre
todos os países participantes do consórcio, mesmo obtendo dados dentro de uma pequena
fração de tempo destinados para as observações e pesquisas dos astrônomos brasileiros.
Um exame realizado nos arquivos de publicações dos astrônomos brasileiros revelou uma
extraordinária variação de pesquisas e descobertas, que está em contínua expansão e
39
diversificação, criando um significativo legado para as gerações de cientistas brasileiros e
para o público em geral.
3.3.2. O Telescópio SOAR
O Telescópio Austral para Pesquisas Astrofísica, ou na sigla em inglês SOAR
(Southern Astrophysical Research Telescope) é um telescópio com espelho principal de 4,1
metros de diâmetro e tem funcionamento como telescópio ótico e infravermelho e emprega
soluções tecnológicas de ponta, na qual permite a obtenção de dados de qualidade máxima
em terra, principalmente no infravermelho. Ele foi construído a partir de uma parceria entre o
Ministério da Ciência e Tecnologia do Brasil, representado pelo CNPq, a Universidade de
Carolina do Norte (UNC), a Universidade Estadual de Michigan (MSU) e o National Optical
Astronomy Observatory (NOAO). Localizado na montanha Cerro Pachón, nos Andes
Chileno, a 2.700 metros acima do nível do mar. Neste local existem ainda outros
telescópios, como por exemplo, o Gemini Sul, que aproveitam a altitude, baixa umidade e
ausência de chuva da região dos Andes chilenos para realizar suas observações.
Figura 10: Telescópio SOAR localizado nos andes chileno.
Fonte: LNA, 2010.
Assim como no Observatório Gemini, o LNA também atua como Secretaria Nacional
do projeto SOAR. Graças a este consórcio e aos altos investimentos a astronomia brasileira
vem obtendo um alto índice de crescimento ao ano e a educação em geral está sofrendo
impactos altamente construtivos com a participação do Brasil no Telescópio SOAR. Com a
utilização do Telescópio SOAR, os astrônomos e cientistas brasileiros conseguem
desenvolver pesquisas como: nascimentos das estrelas, origens dos elementos pesados,
lentes gravitacionais e galáxias longínquas.
40
4. A POPULARIZAÇÃO DA ASTRONOMIA NO BRASIL
“Tornamos nosso mundo significativo pela coragem de nossas perguntas e
pela profundidade de nossas respostas”.
Carl Sagan
Qual o papel da astronomia em um país como o Brasil? De certa forma, esta é uma
boa pergunta, e para responde-lá é preciso um argumento bem convincente. De acordo com
o Dicionário Aurélio eletrônico a palavra “popularizar” significa: tornar popular, conhecido ou
estimado pelo povo. Essa talvez seja a ideia mais simples para tornar a astronomia uma
ciência minimamente conhecida pela maioria dos cidadãos brasileiros. No entanto, a
popularização do conhecimento científico, seja na astronomia ou em outra área do
conhecimento, não é importante apenas pela maior possibilidade de apreciação de beleza,
mas, sobretudo, para garantir o mínimo controle social da ciência pelo povo (ASSIS e
GERMANO, 2010, p. 4).
No Brasil, assim como em todos os países, as pessoas convivem cotidianamente
com fenômenos astronômicos, como por exemplo: as estações do ano, as fases da Lua e,
portanto, a grande maioria não consegue compreender como tais fenômenos ocorrem. Uma
expressão pouco adequada e desconhecida, mas que define muito bem essa falta de
conhecimento por parte da população é o chamado “Analfabeto científico”, ou seja, o
ignorante que não possui idéias básicas sobre ciência e tecnologia, o que acarreta em um
grande problema para a sociedade brasileira na qual está passando por modernas
transformações. Para que haja um maior progresso na área astronômica no Brasil é
necessário uma educação de qualidade no ensino básico, uma formação adequada de
profissionais (professores, cientistas, etc.), investimentos e criações de novas universidades
e instituições de pesquisa consolidadas, como também, a busca de solução para os
problemas sociais. Nesse contexto, a popularização da astronomia no Brasil deve se colocar
como importante campo de integração e desenvolvimento científico, tecnológico e social,
contribuindo para a melhoria da qualidade da formação educacional e cidadã.
Para Moreira (2006) tem sido observada nas duas últimas décadas uma expansão
significativa de ações relacionadas à divulgação científica no Brasil, como: a criação de
centros e museus de ciência; o surgimento de revistas e websites; uma maior cobertura de
jornais sobre temas de ciência, em especial aqueles ligados à genética moderna e seus
impactos; publicação crescente de livros; organização de conferências populares e outros
eventos que despertam interesse em audiências diversificadas por todo o país. Apesar de
tudo, a popularização da Astronomia no Brasil apresenta um quadro ainda frágil e limitado
com uma grande parcela da população brasileira, sem acesso à educação científica e à
informação qualificada sobre Ciência e Tecnologia.
41
Percebe-se que, nesses últimos anos, o Governo (Federal e Estadual) e as
instituições privadas, vem fazendo grandes investimentos na astronomia brasileira. Várias
metas estão sendo tomadas para que a astronomia possa chegar com maior facilidade até a
população brasileira, como por exemplo, a promoção de ações junto às universidades e
agências de fomento para a valorização do trabalho em extensão e divulgação científica. É
necessário ainda, realizar parcerias com tevês e rádios estatais e comunitários, além de
universidades,
instituições de
pesquisa, centros e
museus de
ciência,
para
o
desenvolvimento de programas de divulgação astronômica em rádio e TV; apoiar fortemente
as iniciativas de introdução das ciências astronômicas no ensino fundamental e médio; e,
ainda, incentivar programas de aprimoramento da formação inicial e qualificação de
professores nas áreas de ciências.
Em geral, a popularização da astronomia no Brasil deve visar aprimorar e aprofundar
os conhecimentos do público em geral (particularmente estudantes e professores, agentes
multiplicadores de conhecimento) de temas ligados à astronomia através de uma
abordagem multidisciplinar, com isso, possibilitando que o público alvo possa ter uma visão
mais realista sobre ciência e tecnologia de uma maneira global e de forma mais crítica e
participativa. Para facilitar e contribuir com a popularização da astronomia no Brasil,
diversas atividades (nacional e internacional) contribuíram e ainda, contribuem para a que
haja mais informações e, portanto, chegue até a população, entre essas destacam-se: o
ensino de astronomia, a comemoração do Ano Internacional da Astronomia em 2009 (AIA
2009), e a realização das Olimpíadas Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA), entre
outras. Para uma visão mais ampla de como essas atividades estão contribuindo com a
popularização da astronomia em nosso país, mais adiante será feito um panorama de cada
uma delas e por último o espaço será dado ao astrônomo Ronaldo Mourão, importante
personagem na astronomia brasileira.
4.1. O ensino de astronomia no Brasil
A Astronomia, em geral, é fascinante não somente por sua beleza e encanto, mas
como também por agregar valores e conhecimentos, bem como, habilidades e
competências para a formação básica e superior. O Ensino de Astronomia no Brasil em sua
modalidade de Educação Básica segue as orientações dos Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCN) e a Reforma Curricular do Ensino Médio, e tem como objetivo preparar o
estudante para uma melhor compreensão sobre o mundo contemporâneo. Na modalidade
Superior, o ensino de astronomia é destinado a estudantes interessados em um amplo
conhecimento em Astronomia Moderna, direcionando suas aptidões em Física e Matemática
para fazer aplicações e obter um contato o mais cedo com a pesquisa nesta área. É fato a
42
sua relevância para a formação de uma sociedade crítica, consciente e conhecedora do
mundo ao qual se vive, além de seu caráter interdisciplinar e de alfabetização científica
(ASTRONOMIA, 2010).
O ensino de Astronomia em suas diversas modalidades é importante e necessária
sob muitos pontos de vista. Segundo Caniatto (1990, apud LINHARES e NASCIMENTO,
2009), muitas razões justificam a importância dada ao ensino de Astronomia: ela é a mais
antiga das ciências, nenhum outro conhecimento tem estado desde a antiguidade tão ligada
ao desenvolvimento do pensamento humano, além de possuir o conteúdo altamente
motivador exercendo um grande fascínio. Atualmente, a astronomia faz parte do programa
curricular do ensino básico, embora sendo evidente a importância do seu ensino nas
escolas, por muitas vezes o ensino de astronomia é abordado de forma resumida e até
mesmo esquecida. A falta de interesse e iniciativa dos professores e de alguns poderes
competentes e a desorganizações de um planejamento escolar, implica em uma falta de
acesso a ciência astronômica. No entanto, a popularização do conhecimento astronômico é
de extrema importância para garantir uma educação científica de qualidade, possibilitando
aos alunos uma melhor compreensão do mundo ao qual está inserido.
Com o intuito de aumentar o acesso a astronomia, no Brasil, há algumas instituições
oficiais que se empenham na educação desta ciência, visando a formação profissional, além
da capacitação do público, com projetos de extensão e divulgação, bem como a formação
continuada de professores (LANGHI e NARDI, 2009, p. 5.). Algumas Universidades
oferecem cursos de graduação e pós-graduação (mestrado e doutorado) em astronomia,
bem como realiza pesquisas em astronomia e astrofísica, desenvolvendo também projetos
de extensão. São também oferecidos anualmente cursos de extensão universitária dirigidos
a professores e a universitários e profissionais da área de ciências exatas. Alguns órgãos
como o INPE e a AEB por meio da AEB Escola oferecem e promovem atividades
educacionais, como cursos de extensão, oficinas e formação continuada para professores,
cujo objetivo é estimular os estudantes para as atividades especiais.
De modo isolado, planetários, observatórios, clubes e associações de astronomia
também trabalham no intuito da divulgação e popularização da astronomia e o seu ensino,
por promoverem cursos e palestras para professores locais e à comunidade (FARIA, 2003
apud LANGHI e NARDI, 2009, p. 6-7). Espaços não formais de ensino, como museus e
centros de ciências, são também de extrema importância para a aplicação e melhoria do
conhecimento científico dos estudantes, pois “estimulam a curiosidade e oferecem a
oportunidade de suprir as deficiências das escolas, como a falta de laboratórios e recursos
audiovisuais, conhecidos por estimular o aprendizado” (VIEIRA, BIANCONI e DIAS, 2005, p.
21 apud LINHARES e NASCIMENTO, 2009, p. 2).
43
Apesar de todas essas vantagens apresentadas, ainda, são poucos os espaços de
ensino e popularização da astronomia no Brasil. Para Moreira (2006),
A educação de qualquer cidadão no mundo contemporâneo, é fundamental
que ele tanto possua noção, no concerne á ciência e tecnologia (CT), de
seus principais resultados, de seus métodos e usos, quanto de seus riscos e
limitações e também dos interesses e determinações (econômicas, políticas,
militares, culturais, etc.) que presidem seus processos e aplicações. O
significado social e cultural da ciência como atividade humana, socialmente
condicionada e possuidora de uma história e de tradições, fica muitas vezes
camuflado nas representações escolares e em muitas atividades de
divulgação, particularmente na mídia.
Em particular é condicionante para o desenvolvimento da astronomia brasileira a
formação de profissionais qualificados em números extremamente grandes e seu
aproveitamento adequado, para que desta forma o Brasil possa aumentar o conhecimento
astronômico e o interesse pela ciência e tecnologia entre estudantes, professores e a
população em geral. Contudo, o Brasil não dispõe ainda de uma política pública ampla,
destinada a divulgação da astronomia. Ao longo dos anos, surgiram alguns programas ou
iniciativas que estão contribuindo para a popularização da Astronomia no Brasil, como a
Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA) e a comemoração do Ano
Internacional da Astronomia no Brasil em 2009 e, entre outras atividades que são realizadas
em Estados e municípios. Ações como as apresentadas deve contribui para o aumento da
divulgação e da importância da Astronomia no Brasil, para um conhecimento mais
aprofundado, para uma valorização e estímulo da capacidade criativa por parte dos
cidadãos brasileiros. Entres os objetivos centrais da popularização da astronomia, estão
suas contribuições para promover a melhoria e maior modernização do ensino de ciências
em todos os níveis de ensino no Brasil.
4.2. Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA)
A Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA) é uma competição anual
realizada pela Sociedade Astronômica Brasileira (SAB), pela Agência Espacial Brasileira
(AEB) e por FURNAS Centrais Elétricas S/A, com o apoio do Ministério da Educação (MEC)
e o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). Em sua primeira edição realizada no ano de
1998 a então chamada Olimpíada Brasileira de Astronomia foi organizada pela SAB e,
somente na sua oitava edição com o apoio da AEB, em 2005, passou a se chamada como
Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA).
44
Figura 11: Logomarca oficial da Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica.
Fonte: OBA, 2010.
Ao longo da sua XII, a OBA passou por diversas mudanças em seu formato,
mantendo a ideia central que, é a de estimular o estudo da Astronomia e Astronáutica pelos
alunos, desenvolver e aperfeiçoar a capacitação dos professores, influenciar na melhoria do
ensino, além de descobrir jovens talentos. Como facilitador a OBA é um evento gratuito,
aberto à participação de escolas públicas ou privadas, urbano ou rural, para alunos do
ensino fundamental e médio de todo o território nacional. Em seu regulamento, a Comissão
Organizadora deixa bem claro, qual a real pretensão da competição:
A OBA tem por objetivos fomentar o interesse dos jovens pela Astronomia e
pela Astronáutica e ciências afins, promover a difusão dos conhecimentos
básicos de uma forma lúdica e cooperativa, mobilizando num mutirão
nacional, além dos próprios alunos, seus professores, coordenadores
pedagógicos, diretores, pais e escolas, planetários, observatórios municipais
e particulares, espaços, centros e museus de ciência, associações e clubes
de Astronomia, astrônomos profissionais e amadores, e instituições voltadas
às atividades aeroespaciais.
A OBA é uma competição que ocorre dentro do próprio ambiente escolar e tem a
característica de ocorrer em uma única fase. A participação dos alunos é voluntária e não há
obrigatoriedade de número mínimo ou máximo de participantes. Portanto, todos os alunos
que participam da olimpíada recebem um certificado, bem como os professores envolvidos
no processo e também os diretores escolares, além de material didático gratuitamente. Nos
últimos anos, notou-se o crescimento da utilização das “olimpíadas” como atividades
escolares, atingindo amplamente as diversas etapas de ensino em ambas as redes, pública
e privada. Para Canalle (2010) a XII edição da OBA, realizada no ano de 2009 em 10.557
escolas previamente cadastradas, distribuídas por todos os Estado brasileiros e, com a
comemoração do Ano Internacional da Astronomia (AIA 2009), teve uma participação
excepcionalmente alta de alunos na OBA, pois, participaram cerca de 868.000 alunos. Isto
representou um aumento de 98% em relação ao ano anterior.
45
Em geral, a OBA é proposta com o objetivo de incentivar o interesse dos alunos por
astronomia e astrofísica, bem como áreas afins, abordando um assunto de maneira criativa
e inovadora. Muitos educadores acreditam que atividades como estas podem contribuir para
o ensino, com isso, dando uma enorme colaboração para popularização da Astronomia no
Brasil.
4.3. O Ano Internacional da Astronomia em 2009
Sendo a astronomia uma das ciências mais antigas e a que vem contribuindo
ativamente para a evolução de outras ciências, bem como na aplicação de diversas outras,
o ano de 2009 foi escolhido pela Organização das Nações Unidas (ONU) como sendo o Ano
Internacional da Astronomia (AIA 2009). Fazendo um panorama do que foi o AIA 2009, em
resumo, pode-se dizer que foi uma celebração global e sua contribuição para a sociedade e
para a cultura, estimulou o interesse a nível mundial, não só na astronomia, mas como em
todas as ciências, com particular incidência nos jovens.
Figura 12: Logomarca oficial do Ano Internacional da Astronomia 2009.
Fonte: AIA, 2010.
Durante o ano de 2009 foram realizadas diversas palestras e eventos em todo o
mundo para comemorar os 400 anos após a primeira observação astronômica feita em um
telescópio por Galileu Galilei, na qual se tornou um dos grandes responsáveis por
revolucionar a astronomia através de suas observações. Entre as principais metas do AIA
2009 destacaram-se: Difundir na sociedade uma mentalidade científica; promover o acesso
a
novos
conhecimentos
e
experiências
astronômicas em países desenvolvidos, etc.
observacionais;
promover
comunidades
46
No Brasil, somente na semana de abertura do AIA 2009 teve uma enorme
mobilização da comunidade astronômica brasileira. De acordo Napoleão (2009) a abertura
obteve um grande sucesso, pois ocorreu em:
57 cidades de 20 Estados brasileiros, mais de 80 entidades astronômicas
(amadores, pesquisadores, planetários e museus de ciência,
universidades) programaram um total de 225 eventos para a Semana de
Abertura, entre palestras, workshops, exposições e, em especial,
observações públicas. Os relatos recebidos, num total de 40, indicaram um
total de mais de 11.400 assistentes a esses eventos, porém –
considerando que as entidades de 17 cidades ainda não nos enviaram
seus reportes - é lícito esperar que cerca de quinze mil pessoas tenham
efetivamente se beneficiado das atividades da Semana.
A maior parte das atividades do AIA 2009 organizadas e realizadas no Brasil contou
com uma estrutura chamada redes de Nós Locais com aproximadamente 230 em todo
território nacional, congregando astrônomos amadores, cientistas, educadores e artistas.
Tomamos como exemplo o Distrito Federal que possuiu quatro Nós Locais: os Caçadores
de Estrela da Rede de Colégio Marista, o Clube de Astronomia de Brasília (CAsB), O
Observatório Astronômico da Universidade de Brasília (UnB) e o Curso de Física da
Universidade Católica de Brasília (UCB), nas quais ficaram responsáveis por difundir o AIA.
Com o objetivo de dinamizar, ou seja, popularizar o AIA 2009 no Brasil foram realizados
vários eventos de divulgação e sensibilização, como as noites de observação astronômica,
atividades em escolas, concursos e exposições, sessões especiais em planetários e entre
tantos outros.
Fazendo um balanço do que foi este grandioso evento, o encerramento oficial do AIA
2009 no Brasil proporcionou a auto reflexão sobre o papel e a importância da astronomia e
de outras ciência afins em um país que está em pleno desenvolvimento. De acordo com a
última avaliação12 das atividades do AIA 2009, disponível em sua página eletrônica, os
resultados foram surpreendentes. Cerca de 16.294 eventos foram realizados gratuitamente
dos quais participaram 2.266.052 pessoas. Distribuiu-se mais de 250 exemplares da
exposição "Paisagens Cósmicas" que foram montadas em 687 diferentes lugares em todo o
Brasil e visitadas por 598.127 pessoas. Houve, ainda, através dos Nós Locais: exibições do
DVD "De Olho no Céu", sessões de planetário, apresentações de dança, teatro e música,
palestras, cursos, etc.
Essas diversas atividades realizadas em todo o Brasil mostraram o quanto o AIA
2009 teve uma importância social na vida de estudantes, professores, astrônomos e de
vários outros cidadãos brasileiros nas quais, muitos tiveram pela primeira vez, a
oportunidade de descobrir o universo grandioso que está a sua volta. É preciso e de
12
Dados: Avaliação das atividades do Ano Internacional da Astronomia 2009, de 27 fev. 2010. Disponível em:
<http://www.astronomia2009.org.br/index.php>. Acesso em: 03 mai. 2010.
47
extrema importância garantir que a dinâmica e os projetos iniciados pelo AIA 2009 possam
dar continuidade, assim permitindo a popularização da astronomia em uma maior escala em
todo o território brasileiro, com isso podendo contribuir cada vez mais com o progresso, a
inovação e o desenvolvimento do Brasil.
4.4. O astrônomo brasileiro Ronaldo Mourão
Ronaldo Rogério de Freitas Mourão um dos maiores astrônomos brasileiro é também
considerado como um dos principais popularizadores da Astronomia no Brasil. Ronaldo
Mourão como é conhecido por muitos, nasceu no Rio de Janeiro no dia 25 de maio de 1935.
Em 1956 ingressou como aluno na Universidade Estadual Guanabara, (atual UERJ) onde se
formou em 1960 com os títulos de Licenciado e Bacharel em Física pela Faculdade de
Filosofia, Ciência e Letras. Autor de mais de 40 livros, entre eles estão, o Livro de Ouro do
Universo, o Manual do Astrônomo, e o seu maior destaque, o Dicionário Enciclopédico de
Astronomia e Astronáutica, contendo cerca de 20 mil verbetes, único do gênero no mundo.
O astrônomo brasileiro Ronaldo Mourão tem colocado sua genialidade a favor da
pesquisa e da divulgação da astronomia, pois seus trabalhos têm prestígios a nível nacional
e internacional. Sua brilhante trajetória teve inicio na década de 1952 quando publicou o seu
primeiro artigo de divulgação científica na revista Ciência Popular. Ainda como estudante
universitário foi nomeado em setembro de 1956 como Auxiliar de Astrônomo do
Observatório Nacional (ON). Suas principais contribuições astronômicas foram efetuadas no
campo das estrelas duplas, asteróides, cometas e estudos das técnicas de astrometria
fotográfica, o que lhe possibilitou a participação e apresentação de diversas reuniões
científicas nacionais e internacionais. Idealizou e fundou, em março de 1984, o Museu de
Astronomia e Ciências Afins (MAST), do qual foi o primeiro diretor até abril de 1989.
Para muitos, Ronaldo Mourão aos seus 75 anos de idade é uma lenda viva da
astronomia, pois seus cabelos grisalhos, sua simpatia e sabedoria encantam gerações e
gerações de apaixonados por astronomia que cresceu e estudou lendo os seus livros e
trabalhos.
5. TEXTOS DE APOIO E LEITURAS COMPLEMENTARES
Este tópico tem como objetivo apresentar de forma resumida alguns dos diversos
livros, artigos de periódicos e sites disponibilizados na Internet, pesquisados sobre a
Astronomia no Brasil nas quais deram embasamento para a elaboração deste trabalho.
48
5.1. Livros
a) Astronomia do Macunaíma
Neste livro o autor Ronaldo Rogério de Freitas Mourão volta-se para o folclore
ameríndio para abordar mitos e lendas dos povos indígenas relativos aos astros e
fenômenos celestes. A correlação existente entre lendas indígenas e certos aspectos da
observação astronômica primitiva serve de ponto de partida ao livro. Um excelente livro que
trata da astronomia indígena brasileira.
b) A astronomia na época dos descobrimentos
De autoria de um do mais renomado Astrônomo Brasileiro, Ronaldo Rogério de
Freitas Mourão, o livro apresenta uma minuciosa pesquisa sobre o significado da
Astronomia nas viagens e grandes conquistas dos navegadores portugueses e espanhóis,
nos séculos XV e XVI. O livro enfoca a importância das culturas maometana e judaica no
desenvolvimento das ciências que contribuíram para as descobertas náuticas.
c) A conquista do Espaço: do Sputnik à Missão Centenária
Organizado por Othon Cabo Winter, Professor Adjunto da UNESP e Antônio
Fernando Bertachini de Almeida Prado, Pesquisado Sênior do INPE e com a colaboração
dos mais renomados autores, este é um livro comemorativo, que tem por objetivo divulgar
de modo acessível os principais marcos da Era Espacial e apresentar a evolução e algumas
das conquistas desta área no Brasil. O capítulo 4 apresenta a principais Instituições e
agências brasileiras, fazendo um panorama do surgimento de cada uma delas. O capítulo 5
trata dos Satélites SCD1 e SCD2 e da missão completa brasileira (MECB). O capítulo 6
focalizar as atividades de rastreio e controle de satélites do INPE. E para finalizar, o capítulo
10 apresenta a participação do Brasil na Estação Espacial Internacional (ISS).
d) Fundamentos de Astronomia
O presente livro que teve a organização Romildo Póvoa Faria e participação de
Flávio Alarsa, Aulos Plautius Pimenta, Luis Antônio Alves Marinha, Renato da Silva Oliveira
e Walmir Thomazi Cardoso tem como objetivo mostrar os princípios, a história e o fascínio
que o estudo do Universo e dos objetos cósmicos sempre despertam na Humanidade. O
livro possui as virtudes fundamentais para a tarefa pretendida de veicular a astronomia
como um legado cultural. Porém, foi o único livro encontrado na qual aborda a Astronomia
no Brasil e que destaca em seu capítulo 10 os primeiros trabalhos astronômicos no Brasil de
caráter científico, apresentando a Astronomia Brasileira no século XX, as pesquisas
astronômicas no Brasil e o Ensino de Astronomia no Brasil.
49
e) Os astrônomos pré-históricos do Ingá
O autor Francisco C. Pessoa Faria em seu livro editado em 1987 desenvolveu suas
conclusões a respeito de sua tese astronômica, procurando fazer relações entre as
constelações atuais aos agrupamentos de signos artisticamente “moldados” no monólito
paraibano. Para isso ele procurou responder o que significavam as misteriosas inscrições
gravadas nas rochas às margens do rio Ingá. Seus autores seriam os índios cariris, os
antigos navegantes gregos, egípcios ou "deuses astronautas"? Após anos de estudos, o
autor chegou a uma surpreendente conclusão sobre um dos monumentos arqueológicos
mais importantes do Brasil.
5.2. Periódicos
a) Revista Espaço Brasileiro
Lançada pela Agência Espacial Brasileira (AEB) a revista Espaço Brasileiro faz
publicações institucional sobre o Programa Espacial Brasileiro e teve sua primeira edição no
ano de 2007 atingindo atualmente a edição de número 8. As revistas estão disponíveis na
forma
impressa
ou
eletrônica,
podendo
ser
acessadas
pelo
endereço:
http://www.aeb.gov.br/indexxx.php?secao=artigos. A revista Espaço Brasileiro teve uma
enorme contribuição para o desenvolvimento deste trabalho, pois possibilitou a obtenção de
diversas informações sobre o Programa Espacial Brasileiro como, por exemplo: Na edição
de número 2 a revista comemora os 50 anos do Programa Espacial, onde apresenta
diversos artigos sobre o tema. Dentre os principais texto que se destacam nas demais
edições temos: Espaço uma visão do Futuro, edição de número 4; Programa Espacial –
Aplicação no dia-a-dia, Edição número 5 e 400 anos buscando Tecnologia, edição de
número 6.
b) Revista História da Ciência no Brasil
Revista lançada em 2009 pela Scientific American Brasil aborda a História da Ciência
no Brasil de 1500 até o período atual. Em alguns de seus artigos, apresenta de forma clara
a evolução da Astronomia no Brasil, desde a primeira observação astronômica feita por
Mestre João no céu Brasil, no volume 1 até as pesquisas realizadas em Astrofísica no
volume 3.
c) Revista Pesquisa FAPESP
Revista especializada em difusão do conhecimento científico apresenta em suas
edições diversos artigos, resenhas, entrevistas e reportagens sobre diversos temas
relacionados a Ciência e Tecnologia. De forma dispersas, diversos assuntos sobre a
50
Astronomia no Brasil como investimentos, pesquisas e tecnologias são publicados
mensalmente. Uma excelente revista que já se encontra na edição de número 171 podendo
ser adquirida na forma impressa e com alguns resumos na forma eletrônica disponível no
endereço: http://revistapesquisa.fapesp.br/.
d) Revista Scientific American Brasil: Etnoastronomia
Esta é a edição especial nº 14 lançada pela Scientific American Brasil, uma das
revistas mais completas em que destaca a "Etnoastronomia", também chamada de
astronomia antropológica. A revista aborda como os mais diferentes povos observavam e
interpretavam a movimentação dos astros para orientar seus rituais e organizar as
atividades
agrícolas.
Especialistas
explicam
desde
a
astronomia
dos
pioneiros
mesopotâmios, gregos e maias, passando pelos borongs (tribo aborígene da Austrália) e os
índios americanos da tribo navajo, até os brasileiros tupis-guaranis, bororos e caiapós.
e) Outras revistas de divulgação
Diversas outras revistas brasileiras destacam em seus artigos publicados
individualmente assuntos que tratam sobre a Astronomia no Brasil. Algumas delas que
contribuíram para o desenvolvimento deste trabalho são: A Revista Urania, publicação da
Associação Cultural de Amigos do Museu de Astronomia (MAST); A Revista Minas faz
Ciências, lançada pela FAPEMIG, edição de número 35; A revista Ciência & Cultura, da
SBPC que na sua edição de número 4 apresenta como núcleo temático a Astronomia; e por
último a revista Luiz Cruls – Um Cientista a serviço do Brasil, organizada pelo MAST em
2004 com a intenção de resgatar a história deste personagem que contribuiu com a história
do Brasil.
5.3. Internet
a) Ano Internacional da Astronomia 2009
Site completo sobre a comemoração do Ano Internacional da Astronomia 2009 no
Brasil, na qual possibilitou a apresentação das informações neste trabalho. Pode ser
acessado no seguinte endereço: http://www.astronomia2009.org.br/index.php.
b) Arqueoastronomia no Brasil
O site mais interessante e completo obtido na Internet. Elaborado pelo Astrônomo
Germano B. Afonso o site apresenta informações completas sobre Arqueoastronomia e
Etnoastronomia dos povos indígenas Brasileiros, como os seus mitos e lendas, as principais
constelações, as artes rupestres e muito mais. Indicado para aqueles que pretendem fazer
51
um trabalho mais detalhado sobre a astronomia indígena brasileira. O endereço para acesso
é: http://staff.on.br/maia/AstroPoetas/Tuparetama/arqueoastronomia/index.html.
c) Astronomia no Zênite – O universo é tudo para nós
Site interessante e um dos poucos que apresenta de forma resumida a história da
Astronomia no Brasil desde a chegada dos portugueses até o período atual, com o Brasil no
espaço. O link de acesso é: http://www.zenite.nu/.
d) Observatório Nacional (ON)
Este é o site completo sobre um dos mais antigos e importantes centros de
informação, ensino e pesquisa em astronomia existente no Brasil. O site do Observatório
Nacional apresenta a sua história, as principais pesquisas desenvolvidas, notícias e, ainda
oferece informações sobre o seu ensino de pós-graduação e o Ensino a Distância que é
ofertado para a população em geral. O endereço eletrônico do site é: http://www.on.br/.
e) Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA)
Site completo em que apresenta a história desde a primeira edição da Olimpíada
Brasileira de Astronomia e Astronáutica até a sua última edição. Encontra-se disponível
também, o regulamento da competição, provas, gabaritos e muito mais. Interessantes para
professores e alunos. O endereço de acesso é: http://www.oba.org.br/site/index.php.
f) Outros endereços
Na tabela abaixo consta outros endereços eletrônicos que dão acessos aos sites que
foram fonte de pesquisas para este trabalho.
Nome
Agência Espacial Brasileira (AEB)
Astronomia: um convite ao conhecimento
Departamento de Astronomia (IF/UFRGS)
Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE)
Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências
Atmosféricas (IAG/USP)
Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (INPE)
Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA)
Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST)
Observatório do Valongo (OV/UFRJ)
Oficina de Astronomia
Ronaldo Mourão
Página na Internet
http://www.aeb.gov.br/
http://www.ensinodeastronomia.com.br/
http://www.if.ufrgs.br/ast/
http://www.iae.cta.br/
http://www.astro.iag.usp.br/
http://www.inpe.br/
http://www.lna.br/
http://www.mast.br/
http://www.ov.ufrj.br/index_1024x768.htm
http://www.oficinadeastronomia.com.br
http://www.ronaldomourao.com/
Tabela 1: Listagem com alguns nomes e endereços de páginas da Internet sobre a Astronomia no Brasil que
serviram como fontes de pesquisa para a elaboração deste trabalho.
52
6. CONCLUSÃO
O estudo da Astronomia no Brasil se fez necessário, pois além de proporcionar uma
melhor compreensão da autêntica história da astronomia brasileira, foi possível realizar um
panorama histórico um pouco mais amplo sobre o progresso desta ciência, na qual buscouse suas origens entre as tribos indígenas que habitaram o território antes do ano de 1500,
fazendo-se uma ralação de seu desenvolvimento após a colonização até alcançar os
tempos mais recentes, ou seja, o século XXI. Procurou-se, portanto, reunir neste trabalho
um resumo dos principais trabalhos publicados a respeito da Astronomia no Brasil e que se
encontram dispersos em vários livros, periódicos e na Internet.
Estudar os costumes, a religião, os mitos e lendas, bem como os conhecimentos
astronômicos dos povos indígenas que habitaram o território brasileiro produziu um enorme
interesse em tentar compreender a origem da Astronomia no Brasil. Porém, a falta de fontes
de estudos publicados e o próprio processo de extermínio desses nativos durante a
colonização acabaram limitando à possibilidade de apurar os conhecimentos adquiridos
pelas culturas indígenas e, como consequência, o acesso as informações se tornaram
bastante reduzidas. Contudo, trabalhos desenvolvidos por astrônomos brasileiros como
Germano Bruno Afonso e entre outros sobre Arqueoastronomia e Etnoastronomia, apesar
serem áreas restritas, estão buscando resgatar e compreender a verdadeira história da
astronomia brasileira e manter viva a astronomia práticas por nossos povos indígenas.
No entanto, desde as primeiras observações astronômicas realizada no Brasil por
Mestre João, a astronomia brasileira vem sofrendo grandes mudanças e progressos
formidáveis. A criação do Observatório Nacional (ON) abriu novas possibilidades para o
desenvolvimento da Astronomia no Brasil. A formação na década de 1970 dos primeiros
brasileiros Doutores em astronomia que haviam estudado na Europa e a instalação do
telescópio de 1,6 metros no Observatório Picos dos Dias, em Minas Gerais (até a presente
data o maior existente no Brasil) a astronomia desenvolveu-se a passos largos. A
astronomia brasileira vem crescendo gradativamente em termos de modernos equipamentos
astronômicos, universidades, centros e institutos de pesquisas, publicações e formações de
mestres e doutores. Além disso, o Brasil tem investido em projetos de grande porte, como
os telescópios Gemini e o Observatório SOAR, com isso o Brasil está se tornado referencia
internacional no âmbito das ciências astronômicas.
Porém, é interessante ressaltar que a evolução da astronomia brasileira é fruto de
uma dedicação que se estende desde os mais antigos povos indígenas, passando por um
período marcado pela contribuição dada pelos nossos primeiros colonizadores, em destaque
o bacharel Mestre João, sendo este o responsável por realizar a primeira observação
astronômica de caráter científico no território brasileiro chegando até os dias atuais onde
53
descobertas ainda são feitas graças ao alto desenvolvimento científico e tecnológico que o
Brasil tem alcançado.
Acredita-se que a elaboração deste trabalho seja um importante instrumento de
ensino que contribuirá na construção da História da Ciência brasileira e, ainda, será um
mecanismo de disseminação dos conhecimentos astronômicos praticados em nosso país.
Contudo julga-se que o valor do presente trabalho está no fato de resgatar parte da história
da Astronomia brasileira, bem como no fato de auxiliar a entender a evolução desta ciência
no Brasil. Graças aos investimentos por parte do Governo Federal e local, bem como pelas
empresas privadas, a popularização da astronomia brasileira está acontecendo graças a
criação de museus, centros de ciências e universidades e demais espaços não-formais de
ciências. A ampliação do ensino brasileiro e das universidades tem contribuído com a
melhoria da educação brasileira, possibilitado uma maior qualificação de profissionais
atuantes em pesquisas e no aperfeiçoamento de professores do Ensino básico que estão
visando a melhoria do conhecimento astronômicos dos estudantes.
54
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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mai. 2010.
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