Como conservar as plantas ao longo do tempo Ana Gateira1, Ana R. Soares2, Carlota Caleiro3, Margarida Fonseca4, Nádia Medeiros4 1 Escola Secund. Gabriel Pereira, [email protected] Escola Secund. Damião de Goes, [email protected] 3 Escola Secund. de Severim de Faria, [email protected] 4 Escola Secund./3 Rainha Santa Isabel, [email protected], [email protected] 2 Sumário: Neste trabalho aprendemos e realizámos as diversas técnicas de herbário (colheita, prensagem, secagem e montagem), que permitem conservar as plantas durante vários anos. Palavras-chave: herbário, prensa, coleção vegetal Introdução Este trabalho foi desenvolvido no âmbito do projeto dinamizado pela “Ciência Viva - O Herbário: como preservar as plantas através do tempo”, com o objetivo de estudar os procedimentos de colheita, secagem e herborização (preparação e montagem) de plantas. Um herbário é uma coleção de plantas prensadas e secas, organizadas segundo uma determinada ordem, disponíveis para referência ou estudo. Pode conter centenas de exemplares colhidos num determinado local, ou, geralmente, ser composto por milhões, reunidos ao longo de muitos anos e que documentam a flora de um ou mais continentes. O objetivo principal da gestão de um herbário é a colheita e preservação de exemplares de plantas com as respetivas etiquetas. Os exemplares poderão também ser utilizados para posterior investigação (ex: ecologia,genética,etc). A conservação de um herbário exige condições específicas e um quanto rigorosas (temperatura: 2023ºC; humidade:40-60%; ventilação; luz natural e fluorescente). No entanto existem potenciais ameaças que podem pôr em risco a conservação das plantas, como por exemplo: humidade, insetos, fungos, ação humana…). Em termos históricos, Luca Ghini (1490-1556) é considerado o inventor ‘oficial’ do herbário (por volta de 1520/30), tendo sido o primeiro a secar e prensar plantas. Este seu herbário reunia cerca de trezentas plantas porém não se conservaram. No século XVI, em Itália, iniciouse a criação de herbários, como coleções de plantas secas e cosidas em papel. Lineu (1707-1778), designado como o “pai da taxonomia” (ciência que classifica organismos vivos), aparentemente popularizou a prática corrente de montar os exemplares em simples folhas de papel e guardá-las horizontalmente. Este botânico foi quem fez uma das principais obras de referência (Species plantarum, 1753) que estabeleceu os fundamentos da atual nomenclatura científica, a partir da qual se passaram a designar as plantas por um binome em latim. Procedimentos de colheita Material: Tesoura de podar; Pá; Faca; Luvas; Caderno de campo; Lápis; Câmara digital; Papel absorvente; Prensas; Etiquetas; Sacos de plástico (ou herbarião) Colhemos plantas de diferentes tipos, mais que um exemplar de cada espécie, sendo necessário que um deles possua todos os elementos importantes, isto é, raiz, caule, folha, flores e frutos. As plantas foram colhidas com o auxílio de uma tesoura de poda, para as partes aéreas e com uma pá, para as partes subterrâneas. Fig. 1 – Colheita de planta com herbarião. Prensagem e Secagem A prensa é normalmente constituída por duas placas de madeira e correias para apertar. Sobre uma das placas de madeira foi colocado um exemplar completo da espécie a herborizar dentro de um jornal (Fig. 2) e por cima vários papéis especialmente concebidos para a absorção de humidade, evitando o crescimento de fungos (bolores) nas plantas, que as danificavam, não permitindo a sua conservação. Estes papéis absorventes trocam-se inicialmente todos os dias e, posteriormente, consoante o grau de secura da planta. São aplicadas pequenas etiquetas com número e as plantas foram colocadas num herbarião (Fig. 1) que seguidamente foi atado. No caderno de campo apontámos os dados mais importantes acerca de cada planta (nome do coletor, concelho, localidade e características do local e a data). Fig. 2 – Colocação da planta na prensa. Depois de prensadas todas as plantas colhidas, coloca-se a outra placa de madeira e apertam-se as fivelas até sentir alguma pressão, de modo que as plantas fiquem prensadas. A secagem demora em geral um tempo mínimo de quinze dias, contudo este prazo vai variando consoante o tipo de planta, por exemplo, as plantas aquáticas exigem um maior período na secagem. A prensagem e secagem devem ser rápidas e eficazes para obtermos bons exemplares de herbário. Montagem de exemplares de herbário Após a planta estar seca, fixámo-la com a sua respetiva etiqueta numa cartolina de herbário. Tivemos de ter cuidados especiais para o exemplar conter uma melhor qualidade botânica, isto é, permitir a observação do máximo de características da planta, ter longa durabilidade e se possível estar apresentada de forma equilibrada, agradável e estética (Fig. 3). numa bolsa de papel junto com a prancha de herbário. Dados e Etiquetas Junto com a planta colhida foi aplicada uma etiqueta com os seguintes elementos: nome da planta (científico, se conhecido, ou vulgar), local da colheita (o mais pormenorizado possível, com país, distrito, concelho, coordenadas e altitude), data da colheita, nome do coletor e ainda outras observações (ecologia, se é seco/húmido, próximo de caminhos). A etiqueta é normalmente retangular e aplicada no canto inferior direito, apenas colada numa parte para que possa ser manuseada de forma a conseguirmos observar a totalidade da planta e poder aproveitar o espaço da cartolina (Fig. 4). A informação contida na etiqueta é parte integrante e essencial do exemplar de herbário. Fig. 3 – Montagem de exemplar de herbário. A disposição da planta na cartolina depende muito da forma como foi seca no entanto tentámos sempre manter o espécime a 0,5 cm da margem, pois com o constante manuseamento do exemplar a planta poderá ser danificada, também colocámos a planta para que se evidenciem as suas características como as flores, frutos, raízes e ambas as faces das folhas, o que facilita a observação e identificação da planta. Parte do espécime que não ficou incluído na cartolina foi depositado Fig. 4 – Exemplar de herbário e respetiva etiqueta. Agradecimentos Este trabalho foi realizado no laboratório de Botânica, localizado na Herdade da Mitra, no âmbito do programa Ciência Viva no laboratório: “Ocupação Cientifica de Jovens nas Férias”, ação: Herbário: como preservar as plantas através do tempo”, com a colaboração do ICAAM – Instituto de Ciências Agrárias e Ambientais Mediterrâneas, da Professora Carla Pinto Cruz, Doutora Joana Perdigão e do Senhor Manuel Cândido. Referências http://www.uc.pt/herbario_digital/met_tecnic as/material_herb, consultado em 24/07/12 http://www.cienciaviva.pt/projectos/pulsar/he rbario.asp, consultado em 24/07/12 http://pt.wikipedia.org/wiki/Carolus_Linnaeus, consultado em 24/07/12 http://pt.wikipedia.org/wiki/Taxonomia_de_Lin eu, consultado em 24/07/12 Maden K., 2004. Plant collection and Herbarium Techniques. Our Nature 2: 53-57