Cultura.. Ganhando pontos. Uma mola potente que se solta Para romper os limites da Mecânica E projeta-se com força tão titânica Que pra os velhos limites nunca volta; Ou um pássaro que chora de revolta E na gaiola descobre uma abertura... Ou a água que encontra a rachadura Na tenaz da parede da barragem. Eis o ritmo, o trajeto e a viagem Do disparo dos PONTOS DE CULTURA! Quando menos se espera, ali está No subúrbio, no sítio, na escola, Numa taba, n'aldeia quilombola, No Chuí ou nas minas do Amapá No berrante, no toque do ganzá, No folheto, no boi ou na canção, Com a cabeça na nuvem, o pé no chão Vão tecendo o bordado sociológico, Vão fazendo o Do-In antropológico No sistema nevrálgico da nação! Nos ponteios, os pontos pontificam. Esses pontos são pontes ponderáveis Poderosos poderes responsáveis Pelas massas que não se massificam; São os mitos que enfim desmitificam; Um poder midiático e videota, “Grande Irmão” que com a bota e a lorota Nos enquadra num único modelito São os pontos, a ponta deste grito De “outro mundo possível” que aqui brota. Cada ponto a mil pontos se interliga Se empodera, se inclui, cidadaneia; Corações, braços, crânios, formam teia, Como areia e cimento, dando liga. Cada qual é tijolo, é ferro, é viga Nestas teias de sonhos e idéias Onde os palcos estão cheios de platéias E as senzalas ocupam a Casa Grande Desta grande nação que ora se expande Com os enxames mandando nas colméias! É teatro, é batuque e é poema, Carnaval, bois-de-reis, frevo e baião, É amor, esperança, luz, paixão Combatendo as agruras de um sistema... Berimbau, mamulengo, glosa e tema Escultura, romance, verso e prosa; Esta revolução silenciosa Vai dar muita zoada num futuro De um Brasil sem farpado, grade e muro; De uma gente que come, ri e... goza!