Histórias, colecções e classificações científicas Ricardo Roque Instituto de Ciências Sociais, Universidade de Lisboa [email protected] Headhunting and Colonialism: Anthropology and the Circulation of Human Skulls in the Portuguese Empire, 1870-1930 (Basingstoke: Palgrave Macmillan, Cambridge Imperial and Post-colonial Studies, 2010) Objecto: Timor Leste Colonialismo português – campanhas de ocupação Culturas timorenses – decapitação ritual do inimigo + Europa – Portugal Obtenção de ossadas e crânios humanos de povos ‘não europeus’ para estudos de antropologia (física) Museus Classificação racial Metodologia: Micro-história da colecção de crânios de Timor no Museu Antropológico da Universidade de Coimbra “Arraial de Maubara”. Tropas auxiliares timorenses exibindo as cabeças de inimigos, decapitadas durante uma campanha colonial, c. 1900. Fonte: Álbum de fotos do tenente Carlos Leitão Bandeira. Cortesia: Eng. António Bandeira Craniometria e raças humanas. Aula de antropologia 1896-1897, Museu Antropológico, Coimbra. Fonte: Cem Anos de Antropologia em Coimbra (Coimbra, 1985). O caso da colecção de crânios de Timor da Universidade de Coimbra Catálogo original da colecção, 1882: Proveniência vaga, historicidade incerta, ausência de informação narrativa associada às ossadas. A conservação de ‘histórias’ associadas a colecções: arquivos nos museus (1) Cartão de registo e identificação de Papua New Guinea National Museum and crânios humanos no museu Galleries. 2003 (2)Antigo arquivo de cartões de registo e identificação usée de l’Homme, Paris. Foto do autor, 2004 Controvérsia sobre a colecção Debate historiográfico sobre autenticidade dos crânios = debate taxonómico sobre a raça dos timorenses “Cumpre-me observar que os 28 crânios do Museu de Coimbra que serviram de base ao estudo do sr. Barros e Cunha só por providencial acaso serão de timorenses na sua totalidade. Por averiguações a que procedi, soube que esses crânios […] seriam os restos trágicos da infeliz coluna do capitão Câmara, massacrados em Fatumian no ano de 1895. Dessa coluna, faziam parte timorenses, africanos, índios e portugueses.” Coronel Leite de Magalhães, 1919.