uma experiência escolar com o senso comum, através da

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UMA EXPERIÊNCIA ESCOLAR COM O SENSO COMUM, ATRAVÉS
DA VISÃO ANTROPOCÊNTRICA DE ALUNOS DO ENSINO MÉDIO,
EM RELAÇÃO À EVOLUÇÃO BIOLÓGICA.
Máglis Vieira dos Santos – [email protected]
Programa de Pós Graduação em Ensino na Educação Básica (PPGEEB).
Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Centro Universitário Norte do Espírito Santo
(CEUNES).
São Mateus – ES
Sandra Mara Santana Rocha - [email protected]
Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Centro Universitário Norte do Espírito Santo
(CEUNES).
São Mateus – ES
Resumo: O presente trabalho tem origem em uma experiência pessoal com alunos do 3º ano
do Ensino Médio. Tem-se como objetivo principal, verificar a visão do aluno acerca do tema
e os ensinamentos que serviram de base para a construção da mesma, ao longo das
vivências. A Evolução Biológica é considerada um tema central e unificador dentro da
Biologia, uma vez que sua compreensão se faz necessária para o entendimento de uma série
de conceitos e processos biológicos. A pesquisa de intervenção de natureza qualitativa e de
caráter descritivo foi realizada com os alunos do Colégio Modelo Luís Eduardo Magalhães,
localizado no município de Itamaraju-Ba e constatou-se que estes possuem uma visão
antropocêntrica, acerca da evolução biológica, à qual é construída com base no senso
comum, em seguida foi realizada uma aula em campo no Eco parque de Una-Ba, onde foi
possível admirar a diversidade de plantas e animais, em um trecho de Mata Atlântica. Por
fim foi realizado um seminário para troca de experiências entre os alunos que participaram,
ativamente, da pesquisa e os demais colegas.
Palavras-chave: Evolução, ensino-aprendizagem, visão antropocêntrica e senso comum.
1- Introdução
De acordo com Brasil (2006, p. 22) a origem e a evolução da vida constituem temas de grande
importância no ensino de Biologia, de maneira que, os conceitos relacionados à temática
devam contribuir para uma linha orientadora das discussões e ser enfocados dentro de outros
conteúdos, como a diversidade biológica ou o estudo sobre a identidade e a classificação dos
seres vivos. Embora à evolução seja atribuído um papel unificador para o ensino de Ciências
Naturais, o tema, ainda recebe pouca atenção nos currículos escolares, aparecendo como um
simples conteúdo, independente dos demais. Existe uma ampla discussão de que até mesmo
os livros didáticos, em geral, não contemplam a evolução de forma a estabelecer ligações
efetivas com os demais conteúdos. Os conceitos geralmente aparecem de maneira
compartimentalizada.
Mello (2008, n.p) observa que, o ensino da Evolução Biológica costuma ser abordado nas
escolas no final do Ensino Médio, quando os alunos, pela primeira vez, deparam-se com
conceitos específicos como adaptação, progresso, mutação, seleção natural, animais e plantas
“superiores” e “inferiores”, entre outros. Esses conceitos podem ser interpretados de forma
equivocada, provocando confusões no entendimento da Biologia.
Para Zamberlan e Silva (2009, p.27) muitos professores de Biologia ao trabalharem com
teoria da evolução biológica já devem ter observado que, alguns alunos apresentam visões
equivocadas sobre as ideias evolutivas, visto que já foram realizados muitos estudos para
investigar diferentes aspectos sobre seu ensino e sua aprendizagem e foram constatados
problemas relacionados à compreensão da teoria. Dentre os problemas encontrados ao se
trabalhar origem e evolução da vida, destacam-se as concepções religiosas, baseadas no
criacionismo, que se misturam com os conhecimentos científicos, a formação do professor,
que não fornece suporte adequado para trabalhar o assunto, a resistência ao debate e à
socialização dos conhecimentos científicos. Para Rosa et al. (2002, n.p) faz-se necessário
trabalhar a evolução biológica, de forma clara e precisa nas escolas e identificar as
concepções que os professores têm a respeito desse tema, uma vez que a falta de clareza do
assunto por parte dos docentes, pode vir a favorecer noções equivocadas entre os discentes.
Para Goedert (2004, p. 25) a visão antropocêntrica está muito presente entre os estudantes,
fato que dificulta a compreensão da evolução biológica, de forma mais geral. Futuyma (1992,
p.7) avalia que a evolução biológica não deve ser entendida do ponto vista da ontogenia, ou
seja, da evolução de organismos individuais. É perceptível a necessidade e a importância de
uma reflexão sobre a forma de apresentação desse conteúdo.
O presente trabalho tem origem em uma experiência pessoal com os alunos do 3º ano do
Ensino Médio e tem-se como objetivo principal, verificar a visão do aluno acerca do tema e
os ensinamentos que serviram de base para a construção da mesma, ao longo das suas
vivências. Desse modo, surgem os seguintes questionamentos: Como é construída a visão do
aluno acerca da evolução biológica? Quais são os fatores que desencadeiam a construção
dessa visão? Qual é o papel do senso comum na aprendizagem da Evolução Biológica?
2- FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Nada faz sentido em Biologia, exceto à luz da Evolução, afirma Dobzhansky. De acordo com
Goedert (2004, p.35) quando se menciona a importância da Evolução Biológica, é comum
lembrar-se dessa célebre frase do citado geneticista Theodosius Dobzhansky. Para a autora,
essa afirmação atribui à Evolução Biológica, um caráter unificador dentro dessa Ciência,
tornando o conhecimento de conceitos e processos, que a ela dizem respeito, fundamentais
para a compreensão de uma série de outros conteúdos biológicos, como por exemplo,
Ecologia e Genética.
Na concepção de Futuyma (1992, p.70), a Evolução Biológica também representa um
elemento unificador das Ciências Biológicas, através do qual, muitos e variados fatores como
as semelhanças anatômicas e fisiológicas entre diferentes espécies, os conhecimentos sobre
embriologia animal, a diversidade de espécies e os registros fósseis, entre outros, podem ser
integrados e explicados. Entretanto Mayr (1998, p.181) considera que, a evolução Biológica,
de certa maneira, contradiz o senso comum, compreendido em um contexto de um
conhecimento proveniente da observação ingênua da regularidade da ocorrência de certos
fenômenos naturais, diferentemente do conhecimento científico que, segundo Chassot (2002,
p.90), surge da necessidade do homem deixar de ocupar uma posição passiva em face dos
fenômenos que o rodeiam, dinamizando sua racionalidade para desvelar o mundo a fim de
compreendê-lo, explicá-lo e dominá-lo de uma forma sistemática, metódica e crítica.
O senso comum, por apoiar-se predominantemente, em interpretações subjetivas e pessoais,
num confronto mais sério, mostra-se mais limitado por ser pessoal e localmente situado. A
sua lógica e a sua organização está mais subordinada aos caracteres de natureza perceptiva.
Assim, do ponto de vista epistemológico, se caracteriza por ser empírico, isto é, imagina que
os dados percebidos e retirados do ambiente e/ou fornecidos pela vivência pessoal ou
sensorial se sobrepõem aos provenientes da reflexão (Piaget, 1978, p.70).
De acordo com Lima (1999, p. 45), o senso comum é o conhecimento concebido a partir da
percepção que o sujeito tem sobre a natureza e a experiência é a principal fonte de produção
desse conhecimento. No contexto da Evolução Biológica, o senso comum pode ser entendido
como um conhecimento, que surge como consequência da necessidade de resolver problemas
imediatos, que aparecem na vida prática e que são decorrentes do contato direto com os fatos
e com os fenômenos, que acontecem no dia-a-dia. Ainda no contexto da Evolução Biológica,
o conhecimento fruto do senso comum é impregnado por crenças religiosas e utilizado para
explicar questões controversas como diferentes teorias sobre a origem das espécies.
Para Godoy e Jacobs (2012, p.42) os animais não humanos sofrem as consequências de um
especismo1 eletivo e elitista desde os tempos mais remotos e nesse caso, a educação formal
reforça esses preceitos ao reproduzir um modelo antropocêntrico em seus documentos
oficiais, livros didáticos e currículos.
Razera, Boccardo e Silva (2007, n.p) avaliam que, as ciências que investigam os seres vivos
são produções humanas e, portanto, não há como escapar dessa armadilha. A própria ciência
produz os significados, os nomes, as classificações, as teorias. E, sendo a ciência uma criação
do humano para o humano, tende ao antropocentrismo. Uma consequência desse aspecto pode
ser encontrada no modo como os animais têm sido tratados no currículo escolar, ou seja, de
acordo com os interesses humanos como seus paladares, medos, crenças, necessidades etc.
Animais como aranhas, escorpiões, baratas, vermes, sapos, cobras, tubarões, são considerados
nojentos, sujos, perigosos e transmissores de doenças.
De acordo com Silva e Bellini (2000, n.p) no início no século XIX, quando novas importantes
descobertas foram realizadas sobre o mundo natural, astrônomos, botânicos, zoólogos e
geólogos tentaram desfazer a visão antropocêntrica. Entretanto, essa visão não desapareceu
por completo. Mesmo com os avanços das Ciências da Terra, da Zoologia, da Botânica e,
ainda, com a teoria da evolução de Darwin, a ideia de superioridade do homem sobre os
animais e plantas persistiu.
A ideia antropocêntrica aparece com certa frequência na prática docente, como revela Bizzo
(1991, p.180), em um de seus estudos sobre o ensino da evolução biológica, por meio de
entrevistas com alunos do Ensino Médio. Utilizando-se dessa visão, o estudante não consegue
perceber o significado muito mais amplo da evolução biológica, em vários campos da
Biologia.
De acordo com Oliveira (2009, n.p) a aprendizagem no ensino de Ciências envolve a inserção
do estudante em um novo meio cultural e, como o aluno é, constantemente, influenciado por
suas origens culturais, as aulas de Ciências podem resultar em choques culturais ou conflitos
cognitivos, bem como na compreensão de uma nova forma de conhecimento. Essas diferentes
1
Conceito criado originalmente por Richard Ryder, nos anos 1970, pode ser considerado a forma de discriminação mais arraigada na
humanidade, além de poder ser comparada a outros “ismos”, como o racismo e o sexismo.
possibilidades de relações entre a cultura do estudante e a cultura científica tem sido
identificadas em diversos estudos que reforçam que crenças não podem ser facilmente
dispensadas.
3- METODOLOGIA
Esta pesquisa caracteriza-se como pesquisa de intervenção de natureza qualitativa e de caráter
descritivo. Teixeira (2008) enfatiza que a pesquisa de intervenção caracteriza-se pelo
desenvolvimento de uma prática educativa, visando uma melhora no desempenho do ensino e
da aprendizagem e ocorre simultaneamente ao desenvolvimento da pesquisa Ao trabalhar o
conteúdo Evolução Biológica com alunos do 3º ano do ensino médio, pude observar, num
período de cinco anos de prática docente que, muitos alunos atribuem ao homem, maior
relevância no processo evolutivo, ou seja, de certa forma quando se aborda a evolução dos
seres vivos, os alunos pensam na evolução, exclusivamente, humana. Por isso, com a
finalidade de obter uma certeza dessa ideia que, o aluno agrega ao seu pensamento, foi
realizado um levantamento das concepções sobre assuntos referentes à Evolução Biológica
com alunos na faixa etária de 17 e 22 anos (arquivo escolar), matriculados na terceira série do
Ensino Médio do Colégio Modelo Luís Eduardo Magalhães, localizado no município de
Itamaraju-Ba.
No Colégio Modelo existem 05 turmas de 3º ano do ensino médio. Nestas foram escolhidos,
aleatoriamente, 06 alunos de cada turma, totalizando uma amostra de 30 alunos. Com a
finalidade de responder os objetivos desta pesquisa, utilizou-se o questionário como
instrumento de coleta de dados. O questionário foi composto por duas questões discursivas e
duas perguntas de múltiplas escolhas, que versaram sobre os seguintes assuntos: conceito de
Evolução Biológica; meios de informação dos conhecimentos; se, o aluno apresentava
distorções em relação aos conhecimentos cientificamente aceitos e, principalmente, se
apresentavam uma visão antropocêntrica em relação à evolução, em caso positivo, verificar a
origem desse pensamento. Em seguida, a coleta de todos os dados, procedeu-se a análise dos
mesmos, bem como, a categorização das respostas adquiridas. Após a aplicação do
questionário, foi proposta aos alunos participantes da pesquisa, uma aula de campo no Eco
parque da reserva biológica de Una, localizada no município de Una, a 45 km ao sul de
Ilhéus-BA.
Ao visitar o Eco parque de Una, é possível admirar a diversidade de plantas e animais em um
trecho de Mata Atlântica. A caminhada até a passarela é muito agradável. No início do
passeio, pode-se ter a visão da extração artesanal da borracha em um autêntico seringal. Por
toda a trilha, há placas com informações sobre as riquezas da floresta. A visitação ao parque
permite o mínimo de impacto ambiental e o máximo de contato com a natureza. De acordo
com Silva (2002, p.25) a aula de campo consiste na prática de fazer uma forma de
aproximação da teoria com a prática e uma possibilidade de ação reflexiva na interface da
teoria e da prática educacional.
4- RESULTADOS E DISCUSSÕES:
Na pesquisa qualitativa descritiva foram levantados os seguintes dados:
Para conhecer como os alunos compreendiam a evolução biológica e analisar seus
conhecimentos prévios, inicialmente, foram feitos os questionamentos: Você já ouviu falar de
evolução biológica? Em caso positivo, o que você entende por evolução biológica. Nesta
avaliação, dos 30 alunos pesquisados 06 alunos demonstraram dificuldades para responder,
afirmando que não tinham nenhum conhecimento, 24 alunos responderam que já ouviram ou
leram sobre o tema (Gráfico 1). Para estes, a evolução biológica significa mudanças positivas
(melhoramento) dos seres, como demonstra algumas respostas fornecidas pelos alunos
(Tabela 1).
Gráfico 01: Conhecimento sobre a Evolução Biológica?
0
5
10
15
20
25
30
Você já ouviu falar sobre Evolução Biológica?
Sim
Não
Tabela 1: Conceito de Evolução Biológica dos alunos
Aluno
A
“Evoluir pra mim, é quando o ser vivo consegue melhorar a sua forma de explorar
os recursos naturais.”.
Aluno
B
“É o processo de transformação que as espécies sofreram ao longo dos anos, até
se tornarem o que cada espécie é hoje.”.
Aluno
C
“Para mim, a evolução biológica um processo de adaptação do ser vivo”.
Nessa perspectiva, Rosa et al (2002, p. 13) confirmam que muitos estudantes mantêm ideias,
cujo significado se distancia das concepções científicas pois, geralmente, compreendem
evolução biológica como melhoramento, crescimento e aperfeiçoamento que acontecem a
partir de um objetivo determinado. Todos os alunos se consideram seres plenamente
evoluídos, acreditando que a evolução da espécie humana esteja correlacionada com o
macaco.
A evolução compreendida como melhoramento ou avanço das espécies, como se um
organismo fosse mais evoluído do que outro pela sua complexidade é uma noção por vezes
presente e que pode distorcer o entendimento da evolução biológica e suas relações, afirmam
Habermann et al (2014, p. 55). No contexto do ensino e aprendizagem de Ciências Naturais,
as discussões relacionadas à origem e a evolução da vida são consideradas comuns, desde as
séries iniciais. Para Porto (2009, p.70) essa discussão constitui um ponto delicado no ensino
da evolução biológica e caracterizam os discursos dos alunos, havendo necessidade de melhor
entendimento da história evolutiva humana. O autor ainda salienta que o exemplo mais
expressivo desse ponto é a explicação de que “os homens provêm dos macacos”. Além de
cientificamente incorreta, tal compreensão favorece, possivelmente, confrontos com as
crenças religiosas, às quais afirmam que os homens vieram da criação divina. Segundo Araújo
(1992, p.8), a ideia de progresso está ancorada no senso comum e de que a espécie humana
representa o ápice da evolução. No entanto, qualquer grupo atual de organismos representa o
ápice da sua própria evolução, logo, qualquer um pode ser usado como referencial para
critérios de progresso.
Como mostra os dados do Gráfico 02, quando questionados sobre os meios em que obtiveram
informações sobre a evolução biológica, os alunos participantes da pesquisa assinalaram:
escola (85%), Internet (70%), livros/revistas (65%), Televisão (20%) família e amigos (10%).
Nesta questão, os alunos poderiam escolher mais de uma opção, levando-se em consideração
as diversas fontes de acesso às informações. Entretanto, percebe-se que, a escola constitui a
unidade principal, para aquisição de conhecimentos dos alunos e existem outras fontes
acessíveis que contribuem para obtenção de informações.
Gráfico 02: Fontes de informação sobre a Evolução Biológica:
0
20
40
60
80
100
Fontes de informação sobre a Evolução Biológica:
Escola
Internet
Livros
Tv
Família
Outros
A visão antropocêntrica dos alunos, em relação à evolução foi confirmada, conforme os dados
apresentados (Gráfico 03). Observa- ser que 27 alunos dos alunos consideram que os seres
humanos são mais “evoluídos”, que os outros organismos e apenas 03 alunos negam essa
ideia. De acordo com Bizzo (1991, p.197), a visão antropocêntrica da teoria evolutiva é
apontada, como sendo um dos fatores que dificultam a compreensão do tema, pois impede
que os alunos percebam o amplo significado do processo evolutivo, como base integradora da
biologia.
Gráfico 03: Visão do aluno sobre os seres humanos e demais organismos
0
5
10
15
20
25
30
Os seres humanos são mais "evoluídos" que os demais organismos?
Não
Sim
Conforme demonstra o gráfico 04, dos 30 alunos pesquisados, 13 alunos compreendem a
diversidade biológica, baseando-se nas crenças religiosas. Um estudo feito por Carneiro
(2004), no qual a autora analisou concepções de professores a respeito de questões
envolvendo o ensino da Evolução, demonstra falta de clareza quanto ao objeto de estudo da
Evolução Biológica. Segundo a autora, alguns professores, não conseguem trabalhar de forma
efetiva essas questões, pois não deixam de abordar suas crenças religiosas. Para alguns
professores, ensinar o Evolucionismo significa estar negando a existência de um ser superior e
estar subestimando o seu poder de ter criado todas as coisas e criaturas existentes na Terra.
Dez alunos apresentaram concepções distorcidas, baseando-se no que já leram ou escutaram,
ao afirmar que a diversidade biológica está relacionada aos seres “mais fortes”, os quais
resistiram às severas condições climáticas e reproduziram novos descendentes. Apenas 04
alunos citaram argumentos científicos como ações naturais (seleção natural), como a causa da
diversidade da vida e três alunos não souberam responder.
Gráfico 04: Origens das concepções dos alunos, acerca da evolução.
0
5
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30
Concepções acerca da Evolução Biológica
Crenças
Senso Comum
Seleção Natural
Não souberam
A visita ao Eco parque de Una foi realizada com os 30 alunos, que participaram da pesquisa.
Durante a visita na reserva, os alunos foram acompanhados por guias especializados,
treinados pelo Instituto de Estudos Socioambientais da Bahia – IESB. Na oportunidade
puderam observar a diversidade de plantas e animais em um trecho de Mata Atlântica, bem
como fazer anotações das informações, às quais eram fornecidas pelos guias. Essas anotações
tinham como finalidade, realizar uma socialização entre os alunos que participaram da
pesquisa e aqueles que não participaram, evidenciando-se a importância de todos os seres
vivos para a Evolução Biológica.
De acordo com Morais e Paiva (2009, n.p) as aulas de campo constituem oportunidades, em
que os alunos podem descobrir novos ambientes fora da sala de aula, incluindo a observação e
o registro de imagens e/ou de entrevistas. Estas aulas também oferecem a possibilidade de
trabalhar de forma interdisciplinar, pois dependendo do conteúdo, vários temas podem ser
abordados. A aula de campo tem sido descrita como uma forma de levar os alunos a
estudarem os ambientes naturais, objetivando perceber e conhecer a natureza por meio dos
diversos recursos visuais, ou seja, levá-los ao ambiente propriamente dito, para estimular os
sentidos de forma lúdica e interativa. Viveiro e Diniz (2009, p.8) acrescentam que, nas
matérias relacionadas com Ciências, torna-se imprescindível um planejamento que articule
trabalhos de campo com as atividades desenvolvidas em classe, na busca de um ensino de
qualidade.
Por fim, foi realizado um seminário para troca de experiências, entre os alunos que
participaram, ativamente, da pesquisa e os demais colegas. Os alunos que realizaram a aula
em campo apresentaram um seminário, utilizando imagens coletadas durante a viagem e
conduziram uma discussão com os colegas, abordando a importância de todos os seres vivos
no processo evolutivo, bem como a importância da biodiversidade para o equilíbrio dos
ecossistemas. O diálogo teve uma boa recepção por parte dos estudantes, que trouxeram
dúvidas pertinentes, a respeito de suas vivências e conhecimentos prévios, enriquecendo o
processo de aprendizagem. Para Lopes (2004) a relação professor-aluno é fortalecida quando,
aos alunos, é permitida a manifestação de seus anseios, dúvidas, visões de mundo, práticas
culturais e o direito de solucionarem suas dúvidas, sem constrangimento perante os colegas.
5- CONSIDERAÇÕES FINAIS
Percebe-se a necessidade da construção de conhecimentos sólidos sobre a evolução biológica,
de modo a não comprometer a aprendizagem de demais conteúdos, bem como o preparo do
aluno, para os debates da atualidade. A visão antropocêntrica é cultural e construída no campo
do senso comum. É uma informação que, o aluno já traz consigo de acordo com a mídia e
com as suas convicções religiosas. É importante levar em consideração, os conhecimentos
prévios do aluno, de modo a fazer um comparativo do conhecimento que está ligado à suas
vivências e ao conhecimento formal, mas, deve-se tomar cuidado, pois concepções distorcidas
podem gerar um aprendizado defasado de todo o conhecimento sobre a evolução. Desse
modo, é importante que ao desenvolver atividades de ensino, o professor leve em
consideração as ideias que os estudantes possuem, mas, de maneira que estas não se coloquem
como obstáculos ao processo de ensino e aprendizagem e, sim como ponto de partida para o
docente criar estratégias para abordar o tema de estudo, de forma que, respeite e discuta as
concepções e crenças dos alunos, mas, ofereça subsídios para avançar no conhecimento
científico historicamente construído e aceito.
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SCHOOL EXPERIENCE WITH COMMON SENSE, ANTHROPOCENTRIC
THROUGH VISION OF STUDENTS OF SCHOOL, REGARDING ORGANIC
EVOLUTION
Abstract: This work is based on a personal experience with students of the 3rd year of high
school. There has as main objective to verify the student's view on the subject and teachings
that were the basis for the construction of it, along the experiences. The Biological Evolution
is considered a central theme and unifying in biology, since their understanding is necessary
for the understanding of a number of concepts and biological processes. The qualitative
intervention research and descriptive character was carried out with students of the College
Modelo Luís Eduardo Magalhães, located in the city of Itamaraju-Ba and found out that they
have an anthropocentric view, about biological evolution, which is built based on common
sense, and afterwards were a field in class in Eco Park Una-Ba, where we could admire the
diversity of plants and animals in an Atlantic Forest stretch. Finally a seminar was held to
exchange experiences between the students who participated actively research and other
colleagues.
Key-words: Evolution, teaching and learning, anthropocentric and common sense view.
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