Hegel, ceticismo e a relação de distância e

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Hegel, ceticismo e a relação de distância e proximidade entre ceticismo
e filosofia
Lucas Nascimento Machado (FFLCH-USP, SP)
Objetivos
Este trabalho tem como objetivo investigar as
diferentes possibilidades de relação entre o
ceticismo e a filosofia, tendo como ponto de
partida o estudo e análise do artigo de Hegel,
Sobre a relação do ceticismo com a filosofia.
Por meio dessa investigação, esperamos poder
estabelecer possibilidades de relação entre o
ceticismo e à filosofia que não sejam apenas
de pura oposição, nas quais, muito pelo
contrário, a integração do ceticismo à filosofia
seria fundamental para a realização plena da
investigação filosófica.
Métodos/Procedimentos
O trabalho apóia-se quase que inteiramente no
estudo bibliográfico, tendo como seu texto de
base o artigo de Hegel acima mencionado.
Além deste artigo foram estudados o
Hipotiposes Pirrônicas, de Sexto Empírico,
Aenesidemus, de Schulze, Diferença entre os
sistemas filosóficos de Fichte e Schelling, de
Hegel, entre outros artigos e obras.
Resultados
O ceticismo, em suas diferentes formas, opõese sempre, explicitamente, àquilo que seria o
dogmatismo, enxergado por ele, de maneira
geral, como uma asseveração e aceitação
injustificada de determinadas “verdades”, das
proposições que as afirmam e, por
conseguinte, do conteúdo destas. Desde muito
cedo, o ceticismo teria identificado o
dogmatismo com qualquer filosofia que não
contenha em si a suspensão de juízo sobre as
questões as quais a corrente cética em questão
consideraria indecidíveis.
Em seu artigo, porém, ao analisar as diferentes
figuras do ceticismo, um dos pontos principais
que Hegel busca estabelecer é que qualquer
filosofia que possa verdadeiramente ser assim
chamada não é dogmatismo, por mais que
possa ser assim considerada por uma figura
equivocada do ceticismo. Com efeito, para
Hegel, aquilo que definiria fundamentalmente
em que consiste o verdadeiro ceticismo seria a
refutação de toda verdade determinada, posto
que, enquanto tal, é marcada pela oposição, só podendo ser, por conseguinte, condicional,
relativa [1].
Toda verdadeira filosofia, porém, conteria em si
essa negação das verdades finitas da
consciência comum em nome da verdade
incondicionada do Absoluto, da Razão.
Absoluto este que não é algo determinado, mas
sim condição de toda determinação. Toda
filosofia legítima contém em si, portanto, o
ceticismo genuíno; e se este tem pleno direito
em suas críticas ao dogmatismo, é por partir do
Absoluto, unicamente frente ao qual tudo o que
é finito pode aparecer enquanto tal [1].
Conclusões
Filosofia e ceticismo sempre colocam em
xeque o conhecimento naturalizado de sua
época, a auto-suficiência deste, a possibilidade
de ele realizar efetivamente aquilo a que se
propõe. Nesse sentido, lidam com aquilo que é
indecidível dentro deste saber limitado e, para
tal, as diferentes filosofias buscam sempre
incorporar um ou outro aspecto do ceticismo.
Ainda que de maneiras diferentes, esse
indecidível é central tanto para o ceticismo
quanto para as especulações filosóficas,
levando-os a percorrer caminhos que
freqüentemente se cruzam, ainda que sigam
direções distintas, na compreensão disto que
não pode ser decidido dentro do senso comum,
do conhecimento naturalizado.
Referências Bibliográficas
[1] Hegel, G.W.F - On the Relationship of Skepticism
to Philosophy, Exposition of its Different
Modifications and Comparison of the Latest Form
with the Ancient One. Tradução: H. S. Harris. In:
Between Kant and Hegel. Indianopolis/Cambridge,
Hackett Publishing Company, 2000.
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