Governo Federal Luiz Inácio Lula da Silva Presidente

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Governo Federal
Luiz Inácio Lula da Silva
Presidente
Ministério da Educação
Fernando Haddad
Ministro
Secretaria de Educação a Distância
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Secretário
Diretor do Departamento de Políticas em Educação a Distância
Hélio Chaves Filho
CAPES
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Presidente
Diretor de Educação a Distância
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Diretor de Educação Básica
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Governo do Estado
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Governador
Universidade Estadual da Paraíba
Marlene Alves Sousa Luna
Reitora
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Vice-Reitor
Pró-Reitora de Ensino de Graduação
Eliana Maia Vieira
Coordenação Institucional de Programas Especiais – CIPE
Secretaria de Educação a Distância – SEAD
Eliane de Moura Silva
Cecília Queiroz
Assessora de EAD
Editora da Universidade
Estadual da Paraíba
Diretor
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Coordenação de Editoração
Arão de Azevedo Souza
Universidade Estadual da Paraíba
Marlene Alves Sousa Luna
Reitora
Aldo Bezerra Maciel
Vice-Reitor
Pró-Reitora de Ensino de Graduação
Eliana Maia Vieira
Conselho Editorial
Célia Marques Teles - UFBA
Dilma Maria Brito Melo Trovão - UEPB
Djane de Fátima Oliveira - UEPB
Gesinaldo Ataíde Cândido - UFCG
Joviana Quintes Avanci - FIOCRUZ
Rosilda Alves Bezerra - UEPB
Waleska Silveira Lira - UEPB
Coordenação Institucional de Programas Especiais-CIPE
Secretaria de Educação a Distância – SEAD
Eliane de Moura Silva
Editoração Eletrônica
Jefferson Ricardo Lima Araujo Nunes
Leonardo Ramos Araujo
Projeto Gráfico
Arão de Azevêdo Souza
Comercialização e Divulgação
Júlio Cézar Gonçalves Porto
Zoraide Barbosa de Oliveira Pereira
Revisão Linguística
Elizete Amaral de Medeiros
Ricardo Soares da Silva
Hermes Orígenes Duarte Vieira
Cecília Queiroz
Assessora de EAD
Coordenador de Tecnologia
Ítalo Brito Vilarim
Língua Latina I
Revisora de Linguagem em EAD
Rossana Delmar de Lima Arcoverde (UFCG)
Revisão Linguística
Maria Divanira de Lima Arcoverde (UEPB)
Diagramação
Arão de Azevêdo Souza
Gabriel Granja
Normalização Técnica
Elisabeth da Silva Araújo
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL - UEPB
478
S586l
Silva, Ricardo Soares da.
Língua latina I / Ricardo Soares da Silva, Hermes Orígenes Duarte
Vieira. – Campina Grande: EDUEPB, 2011.
183 p.: il.
ISBN
1. Língua Latina - Educação. 2. Língua Latina - Ensino 3. Gramática.
4. Educação à Distância. 5. Latim. I. Titulo.
21. ed. CDD
EDITORA DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA
Rua Baraúnas, 351 - Bodocongó - Bairro Universitário - Campina Grande-PB - CEP 58429-500
Fone/Fax: (83) 3315-3381 - http://eduepb.uepb.edu.br - email: [email protected]
Campina Grande-PB
2010
Sumário
I Unidade
A importância de estudar Latim.......................................................7
II Unidade
Os nomes de tema em “a”: a 1ª declinação.................................27
III Unidade
Morfologia Verbal: os tempos do “Infectum”..................................43
IV Unidade
A organização da Frase Latina......................................................57
V Unidade
Algumas particularidades da Frase Latina.....................................73
VI Unidade
Os nomes de tema em “o”: a 2ª declinação.................................89
VII Unidade
Morfologia Verbal: os tempos do “perfectum”..............................107
VIII Unidade
A morfossintaxe das preposições e adjuntos adverbiais latinos.......133
IX Unidade
A morfossintaxe da voz passiva e os verbos compostos de “sum”...149
X Unidade
A função pronominal e os adjetivos de 1ª Classe........................165
I Unidade
A importância
de estudar Latim
Apresentação
Prosódia: área de conhecimento que estuda a pronúncia correta das palavras; segundo a boa ou má pronúncia, pode receber
respectivamente o nome de ortoepia ou
cacoepia. (cf. Novo Dicionário Eletrônico
Aurélio, 2004).
1
Até o aluno que nunca estudou o latim já teve contato
com a língua, seja por meio de expressões usadas em documentos seja através do discurso jurídico ou, mesmo, na liturgia eclesiástica. Apesar disso, ele não conheceu os conceitos, porque lhe faltou disciplina e orientação na abordagem
dos conteúdos linguísticos e históricos, capazes de preencher as lacunas dessa compreensão. Essa primeira unidade
tem, portanto, o objetivo de oferecer condições preliminares
para que você situe no tempo e espaço o alcance do latim,
sobretudo no Ocidente, de modo a conferir a importância
da matéria para a formação da língua portuguesa; também,
para principiar as lições de prosódia1, visando ao reconhecimento e diferenciação das três tradições existentes quanto
à pronúncia: a eclesiástica, a nacional e a reconstituída. Entretanto, para que você consiga obter um bom desempenho,
será preciso que estude de forma disciplinada e tire as dúvidas com os tutores quando necessário. Tais medidas são
imprescindíveis para o alcance dos conteúdos abordados na
disciplina.
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Objetivos
• S aber a importância de estudar a língua latina para a formação
profissional;
• Identificar o alcance histórico da língua Latina no Ocidente;
• Reconhecer os elementos fonéticos mais significativos do Latim;
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idioma. Logo, a língua portuguesa pode ser considerada o latim, “um
pouco modificado”. Por isso, o estudo da língua latina oferece subsídios para uma visão histórico-evolutiva das mudanças das línguas,
sendo o latim nosso ponto de ancoragem.
A importância de
estudar o latim
Com alguma desconfiança, o leigo se aproxima do latim com ressalvas, já que supõe se tratar de uma língua que não diz respeito a
âmbito algum de sua vida. As motivações são quase sempre a de que
a língua é morta, muito antiga, e a de que ninguém mais fala o latim
hoje em dia, salvo, quando da necessidade técnica ou do mero exibicionismo. Nesse caso, a primeira noção convém ao discurso do especialista e a segunda ao do “metido a besta”, de modo que ambas as
motivações terminam por causar mais a rejeição do que a aceitação da
língua. Outro fator da rejeição é o próprio desprezo pela memória das
línguas, pelos fatos históricos e pela própria tradição.
O enraizamento do problema consiste na ideia barata de que apenas o que é “imediato” se reverte em prazer ou vantagem. Tal ideia é
premissa de mercado, tem a ver com o excesso de consumo na atualidade, com a insatisfação de não poder ter bens materiais, com a capitalização do desejo, com a coisificação do homem entre outros fatores
conseguintes ao abandono da memória e ao gosto pelo descartável.
Todavia, nada disso suprirá o espírito e a sede de conhecimento que a
humanidade edificou desde tempos imemoriais. Com efeito, o conhecimento é a única via de acesso à reflexão: autoconsciência de si em
relação ao mundo.
O primeiro questionamento deve surgir, então, quando o aluno do
“Curso de Licenciatura em Letras a Distância” indaga os horizontes de
atuação profissional da área. Logo em seguida, deve perceber que a
“língua” em sua mais variada perspectiva é o tema principal e essencial
na maioria das disciplinas do curso. Os conteúdos interrelacionam-se
numa ação em cadeia, através da qual se concatenam as experiências.
Dessa forma, comecemos pela assertiva: há uma relação histórica entre o latim e o português que não devemos prescindir. Além disso, a língua
latina é uma das mais influentes e estudadas nos centros de educação
de ensino superior. Assim, é importantíssimo que o profissional da área
de letras construa uma base sólida sobre heranças culturais e linguísticas da língua portuguesa para a sedimentação de um conhecimento
bem fundamentado.
Em “Diretrizes para o aperfeiçoamento do Ensino / Aprendizagem
da Língua Portuguesa”, documento de 1986, o MEC assegura a permanência do “estudo das estruturas do Latim, com vistas à compreensão mais lúcida da própria língua portuguesa, em sua história interna e
seus recursos mórficos e semânticos”. A orientação evidencia o caráter
propedêutico2 do estudo do latim, pois que nos serve de base para o
aprimoramento linguístico de nossa língua materna.
Para além da importância do estudo do latim com vistas à compreensão das estruturas da língua portuguesa, há também a literatura
latina, concebida à luz dos gregos e retomada por diversos escritores
da Modernidade, de Luís de Camões a Bento Teixeira, de Molière a
Ariano Suassuna. Também, outros legados romanos foram reativados
na contemporaneidade com bastante influência: a retórica, a oratória,
o direito, o teatro, a arquitetura e as artes plásticas fixaram-se na memória ocidental através de tendências classicizantes ou utilitárias.
Realmente, são inúmeros os legados que os romanos nos deixaram.
Porém, essa abundante riqueza cultural nos escapa à visão quando só
lemos o mundo através de lentes mundanas, incapazes de dar conta
de algo a mais que não seja o senso comum. O latim, mais do que
erudição, pode proporcionar disciplina, concentração e discernimento
lógico ao aluno que queira, verdadeiramente, se aventurar no exuberante mundo das letras, em considerando a língua o nosso maior
patrimônio cultural.
Atividade I
Em “Diretrizes para o aperfeiçoamento do Ensino / Aprendizagem da Língua
Portuguesa” (1986), o MEC assegura a permanência do estudo do Latim. Qual
a finalidade? Justifique.
Do latim, originaram-se as chamadas línguas “neolatinas” ou “novilatinas”, como o italiano, o espanhol, o francês, o romeno e o português, para considerar apenas os idiomas mais conhecidos. Nesse
sentido, a língua portuguesa é uma das derivações imediatas do latim.
As mudanças ocorreram, sobretudo, devido a fatores socioculturais e
históricos que consignaram estrutura e prestígio linguístico ao nosso
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Propedêutico: que prepara para receber
ensino mais completo. (cf. Novo Dicionário
Eletrônico Aurélio, 2004).
2
dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
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A origem do latim
Embora cogitada em diversas fontes, a referência supracitada trata-se de suposição,
uma vez que mitos, lendas e fatos excepcionais foram incorporados ao relato, que perdeu em fidedignidade.
3
Inicialmente, a língua latina foi falada na região do Lácio, numa localização central da península itálica, à margem esquerda do rio Tibre.
Roma floresceu como principal cidade dessa pequena região que não
fica muito distante do mar Tirreno. Por tradição, consta que Roma foi
fundada supostamente em 753 a.C., por Rômulo3.
Segundo a classificação genealógica das línguas, agrupadas em
família por relação de parentesco, o latim pertence ao tronco comum
de diversas línguas que derivaram de uma mesma e hipotética língua
primordial: o Indo-europeu (30.000 a.C.). Se considerarmos as línguas oficiais dos países da Europa Ocidental, perceberemos que elas
pertencem a quatro ramos provenientes da família indo-europeia: o
helênico (grego), o românico (português, italiano, francês, castelhano,
etc.), o germânico (inglês e alemão) e o Céltico (Irlandês e Gaélico).
O grupo românico, especificamente, deriva do latim que, por sua vez,
pertence ao ramo itálico, a que também faz parte o úmbrio, o osco e
o sabélico.
Os primeiros vestígios de inscrições do dialeto falado pela tribo
latina datam do século VI a.C. e são considerados a documentação
mais antiga da língua. A cada conquista do exército romano, o latim
se expandia juntamente, contudo, nossa herança mais elaborada da
língua pertence ao segundo quartel do século III a.C., quando o latim começou a adquirir características literárias. A carência de textos
em latim, fez com que o escravo grego Lívio Andrônico compusesse a
Odusia, uma tradução adaptada da Odisséia, de Homero, e marco
literário da língua latina. A finalidade era, no entanto, mais didática do
que literária.
A disseminação do latim, para além da Península Itálica, atingiu as
regiões circunscritas ao mediterrâneo. Entre outros alcances, abrangeu
a costa norte da África, a Ibéria, a Helvécia, as Gáleas e a Grã-bretanha, ao Oeste; os Bálcãs, a Mesopotâmia e a Arábia, ao Leste. Foi,
sobretudo, através de soldados e comerciantes, principalmente, que a
língua latina se expandiu ao mesmo tempo em que o império romano
ia se consolidando. Assim, não é do latim erudito que as línguas românicas derivam, mas do latim levado por soldados e comerciantes que,
com o anexo de outras regiões ao controle imperial e à necessidade de
vínculos mercantis e culturais, foram produzidas características regionais no latim falado em cada ponto do império, porque havia línguas
anteriores ao latim que o marcaram substancialmente.
Historicamente, a língua latina se subdivide em cinco momentos:
a) O período primitivo (século VII a.C. – 250 [?] a.C.), em que incidem
os cantos heróicos, religiosos e fesceninos4, inseridos na literatura
oral, e textos escritos, sobretudo, inscrições epigráficas, arquivos,
anais, leis e sentenças em versos;
b) O período arcaico (250 [?] a.C. – 81 a.C), no qual se destacam os
primeiros autores do latim, tais como Lívio Andrônico, Névio, Ênio,
Catão, Plauto, Terêncio e Lucíolo;
c) O período clássico (81 a.C. – 68 d.C.), quando a poesia e prosa
latinas conquistam um elevado grau de maturidade e expressão poética, em que se sobressaíram autores como Cícero, na oratória e
em tratados filosóficos; César, Salústio e Tito Lívio, na historiografia;
Lucrécio, na poesia didática de cunho filosófico; Vergílio, na poesia
épica; e, na poesia lírica, Catulo, Horácio e Ovídio;
d) O período pós-clássico (68 d.C. – 192 d.C.), em cuja época poetas
e pensadores provenientes de outros recantos do império romano
vigoram na arte literária sem, no entanto, modelar-se no estilo prevalecente do período clássico, como: Fedro, em fábulas; Petrônio,
com o romance Satyricon; Plínio, na epistolografia de cunho científico; Marcial, com epigramas; Sêneca, na epistolografia filosófica e
na tragédia; Quintiliano, na retórica e gramática;
e) O período cristão (192 d.C. - ao século V), especialmente a partir
do século III d.C, em que textos apologéticos, biográficos, historiográficos, filosóficos, dentre outros, são redigidos no espírito do latim
eclesiástico, momento de Tertuliano, São Cipriano, Santo Ambrósio, São Jerônimo e Santo Agostinho.
Comba, Julio. GRAMÁTICA LATINA:
Para seminários e faculdades. 4ª ed.
revisada e adapatada. São Paulo:
editora Salesiana Dom Bosco, 1991.
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Cantos fesceninos: certo gênero de versos
licenciosos da Antiga Roma, dos quais se
acredita ter surgido a sátira (cf. Novo Dicionário Eletrônico Aurélio, 2004).
4
Língua franca: língua auxiliar para comunicação, especialmente, em tratados filosóficos, científicos ou documentos e deliberações importantes pactuadas entre nações.
5
Romance ou romanço: diz-se ao modo romano, referindo-se às línguas que, segundo
as variantes regionais do latim vulgar, não
eram mais o latim e tampouco as línguas
neolatinas, assim, como fase intermediária
na evolução do latim vulgar para as línguas
neolatinas, constitui-se também na fase
preliminar de uma língua românica.
Mesmo com o declínio do império romano, o latim ainda se impôs
como língua de cultura da civilização ocidental por muitos séculos, sobretudo, como língua franca5, chegando ao Iluminismo francês do início do século XVIII. Impondo-se como língua de cultura, o latim legou
uma experiência de comunicação prática e precisa.
Entre suas modalidades, destaca-se a divisão latim clássico e latim vulgar. Essa, da qual deriva as línguas românicas, segundo Furlan
(2006, p. 31), é a
variante que foi correntemente falada pelo povo
romano no Império e que, tendo evoluído de modos diferentes nas diversas províncias, com influência do substrato étnico-linguístico nelas encontrado
pelos conquistadores, deu origem, desde o fim do
século V d.C., aos falares neolatinos regionais,
chamados romances ou romanços6, dos quais derivaram até o final do 1º. milênio, as atuais línguas
neolatinas ou românicas
6
Desse modo, o latim vulgar era língua de comunicação, corrente
e dinâmica, falada pela população, inclusive pela aristocracia, constituindo-se por força da oralidade e obedecendo a tendências espontâneas em viva transformação. O latim clássico, por sua vez, é a língua
em sua variante erudita e gramaticalizada. Foi modelo oficial e polido
pela escrita literária, sob a influência grega. É, com efeito, a língua
literária e de situações formais com atributos estéticos e didáticos. De
acordo com Furlan (2006, p. 32) “esteve longe do padrão da língua
falada pelo povo (inclusive pela elite romana), que apresentava muitas
variantes, por efeito da diversidade de etnias e de culturas que compunham o Império”.
Atividade II
Ao estudar a origem da língua latina, sua evolução e legado, você entrou em
contato com uma série de situações que diz respeito à matéria. Com base no
texto e sugestões de leitura ao final da unidade, responda:
1. Onde era falado o latim e a que tronco linguístico pertence?
2. Quem foi Lívio Andrônico e qual sua contribuição para a literatura latina?
3. Quais são as fases do latim e suas características?
4. O que fez o latim se expandir através de soldados e comerciantes?
5. Que vem a ser “romanço”?
6. Comente as diferenças entre o latim clássico e o latim vulgar.
7. Por que o latim não é mais falado como língua nativa?
Hoje, o latim não é mais falado como língua nativa, embora sobreviva nas línguas neolatinas. Apesar disso, é a língua oficial do Estado
do Vaticano, sendo estudada em quase toda nação do mundo. No nosso caso especificamente, a importância e o prestígio do latim se une à
necessidade de uma sistematização de atividades que possa dar conta
de um aparato linguístico, de forma agradável e eficiente.
dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
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Elementos de fonética:
o alfabeto, o acento e a
pronúncia
Atividade III
Reconheça e circule o i e o u consonantais das seguintes palavras:
a. O alfabeto latino deriva do etrusco, que se originou do alfabeto
grego. O grego, por sua vez, derivou do alfabeto fenício, criado no
2º. milênio a.C.. A princípio, o alfabeto latino possuía apenas as letras
maiúsculas (capitales), mas ao final da República, no século I a.C., foram desenvolvidas as letras minúsculas (cursivae). Primitivamente, possuía apenas 21 letras:
Aa, Bb, Cc, Dd, Ee, Ff, Gg, Hh, Ii, Kk, Ll, Mm, Nn, Oo, Pp, Qq, Rr,
Ss, Tt, Vu, Xx.
Embora rara, a letra k compõe o alfabeto latino, mas pode ser
substituída pela letra c. Assim, a cidade histórica Cartago, localizada ao
norte da África, pode ser escrita em latim Karthago ou Carthago.
As letras y e z foram incorporadas ao alfabeto latino no I século
a.C., para transliterar fonemas que os gregos grafavam com u (upsílon)
e z (dzeta).
Como também, para transcrever os fonemas gregos produzidos pelas letras q (theta), r (rho), f (phi) e c (chi), através dos dígrafos respectivos: th (theatrum), rh (rhetorica), ph (philosophia) e ch (chirurgia).
O alfabeto latino carece do j e do v, pois o i servia tanto para vogal
quanto para consoante, assim escrevia-se iam (= já) e não jam; da
mesma forma o v, pois que se escrevia uinum (= vinho) e não vinum7.
O j (i consoante) e o v (u consoante) foram
acrescentados ao alfabeto latino no século
XVI, pelo humanista francês Pierre de la
Rammée; como acontece na tradição brasileira, escreveremos o v como u consoante:
uva e não uua. Reparem que os dicionários e
alguns livros didáticos costumam apresentar o i/I consonantal por j/J, assim como o
u/U consonantal por v/V.
7
O x é consoante dupla equivalente a cs, assim a palavra latina dux
(= comandante) se pronuncia ducs.
iurare – riuus – fluuius – coniugare – iuuenis – inuidia – uia – uua –
auidus – aduersarius –auarus – uictoria – iuridicus – Iesus – adiuro –
finitiuus – Iupter – uariatio – uetusto – iucundus.
b. O acento latino se difere do acento português, pois enquanto as
vogais e sílabas da língua portuguesa se destacam pelo acento de tonicidade, a língua latina possui o acento de quantidade para a diferenciação das vogais e sílabas. O sistema de acentuação da língua
portuguesa divide as vogais e sílabas em tônicas e átonas, conforme a
sua intensidade, diferentemente da língua latina que as distingue pela
duração, conforme a quantidade silábica seja longa ou breve, indicadas respectivamente pelo mácron ( ¯ ) e pela braquia ( ˘ ). De acordo
com Furlan (2006, p. 56), “São breves aquelas vogais e sílabas cuja
prolação requer uma só unidade de tempo; são longas aquelas cuja
prolação8 requer duas unidades”. Portanto, a noção de quantidade silábica consiste na diferenciação entre sílabas longas e breves9:
O sistema vocálico latino possui 10 vogais entre longas e breves: Āā,
Ăă, Ēē, Ĕĕ, Ī ī, Ĭ ĭ, Ōō, Ŏŏ, Ūū, Ŭŭ; e quatro ditongos principais: Æ-æ, Œ-œ,
Au-au e Eu-eu.
A sílaba longa é por natureza a que contém ditongo: iu-dae-us (=
judeu), ob-oe-di-o (= obedeço), the-sau-rus (= tesouro), ae-qu-us (=
imparcial); ou vogal derivada de ditongo in-i-qu-us (= parcial, injusto, inimigo), da formação da preposição in + aequus; também a que
contém vogal resultante da contração de duas vogais: a-mo (a-ma-o);
ou a que possui vogal longa por natureza: a-ma-re (= amar), vi-de-re
(= ver), au-di-re (= ouvir), le-git (= leu) etc.
Por posição, a sílaba longa pode ser a que precede duas consoantes:
est, trans, nunc, ex10, etc.; a que termina com consoante e a sílaba seguinte inicia com consoante [stel-la (= estrela), ar-ma (= armas), ip-se
(= o próprio), il-le (= aquele), ius-tus (justo)] mesmo que a próxima
sílaba esteja na palavra seguinte: passus dum conderet urbem (Virgílio,
Eneida, Canto I, v. 5) – “sofreu enquanto fundava a cidade de Roma”.
A sílaba breve não cumpre tais condições: a-ni-mus (= espírito), face-re (= fazer), ge-re-re (= levar, usar, produzir, administrar) etc.; ge-
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dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
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Prolação: prolongamento do som.
Neste livro, os sinais diacríticos mácron
( ¯ ) e braquia ( ˘ ) só serão apresentados
na apreciação fonética de vocábulos ou na
diferenciação de cognatos com quantidade
silábica diferente, para uma clara identificação de sentido.
9
Lembre-se de que o x tem a pronúncia
dupla cs.
10
ralmente, a vogal é breve quando seguida de outra vogal, mesmo que
haja um h intercalado: arduus (= difícil), attraho (= atraio), idoneus (=
idôneo), dubius (= duvidoso) etc.
Algumas regras de acentuação são fundamentais: a) não há palavras oxítonas em latim, os monossílabos são oxítonos por possuírem
apenas uma sílaba: rĕs (= coisa), mōns (= monte, montanha); b) a
maioria das palavras latinas é paroxítona, assim os dissílabos são sempre paroxítonos indiferentemente da sílaba ser longa ou breve: cŏlor
(= cor), nūdē (= simplesmente); c) os polissílabos, no entanto, podem
ser paroxítonos ou proparoxítonos: ărēnă (= praia), fēmĭnă (= fêmea,
mulher), hăbĭtāns (= habitante).
Para identificar se os polissílabos são paroxítonos ou proparoxítonos, o aluno deve observar a quantidade da penúltima sílaba do vocábulo, pois se a vogal for longa, a acentuação recai nela mesma e a
palavra é paroxítona; mas, se a vogal for breve, a acentuação recai na
sílaba anterior e a palavra, assim, é proparoxítona.
Então, como devemos marcar a tonicidade na pronúncia?
A palavra latina amor (= amor, afeição, amizade), por exemplo,
deve ser pronunciada ámor. E, seguindo as regras de acentuação, a
palavra amabāmus (= amávamos) pronuncia-se amabámus; a palavra
oceănus (= oceano) pronuncia-se océanus e a palavra dŏmĭni (= donos, senhores, patrões) deve ser pronunciada dómini.
Atividade IV
Aplicando as regras de acentuação, coloque acento agudo nas palavras como
se fossem palavras do português:
aquĭla – celĕbro – corpŏris – desidĕro – erudītus – hiĕmis – superīor –w velox – Afrĭca – aqua – collāre – dēcrētus – ērēctē – formōsus – intĭmus – locus
– līlĭum – monotŏnus – maior – nūllū – poena – oblīvĭum – parō – Perĭcles –
rabĭēs – rēgŭlo – satisfactĭō – tumŭlus – Xerxēs.
Tū rĕgĕre īmpĕrĭō pŏpŭlōs, Rōmānĕ, mĕmēntō
dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
“Tu, ó romano, lembra-te de comandar os povos com o teu poder”.
(Virgílio, Eneida, Canto VI, v. 851).
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c. Na atualidade, não há povo cuja língua materna seja o latim,
no entanto, a pronúncia latina construiu ao longo do tempo normas de
prosódia alinhadas à tradição a que pertence. Historicamente, há três
tradições de pronúncia que se diferenciam estruturalmente: a pronúncia
Reconstituída, a Eclesiástica e a Tradicional:
A pronúncia Reconstituída da língua latina é também designada como
restaurada, clássica ou científica, porque consiste na reconstrução da
pronúncia provável do período clássico. A base da argumentação de
lingüistas e historiadores da língua reporta às gramáticas latinas Ars
Grammatica Minor e Ars Grammatica Maior, escritas por Donatus (Século IV d.C.), Institutiones Grammaticae, escrita por Priscianus (século
VI d.C.). Para a rigorosa reconstrução da pronúncia latina, houve a
necessidade do cruzamento de fontes, através da comparação e exame pormenorizado de inscrições e manuscritos latinos, bem como pelo
contraste da derivação românica do latim. Tal pronúncia é mais adotada nas universidades, sobretudo, nos cursos de Letras;
A pronúncia Eclesiástica da língua latina é também conhecida como
romana ou italiana, porque foi e é a pronúncia empregada pela Igreja
Católica Apostólica Romana. Tal pronúncia possui tratamento singular
quanto às vogais, pois não apresentam som fechado, nasal e mudo,
seguindo a tradição medieval da pronúncia da língua que foi influenciada, sobremaneira, por sua derivação regional na península itálica;
A pronúncia Tradicional da língua latina é também conhecida como
nacional, porque se convencionou pelo uso dado ao sistema fonético
em cada nação. Assim, as nações – Portugal, Inglaterra, Alemanha,
França, Espanha e Itália – construíram cada qual uma escola que restringia as particularidades prosódicas, pois que eram influenciadas pelo
arcabouço fônico da língua materna. O resultado disso foi uma variedade de pronúncia. Cada nação estruturou uma pronúncia com suas
singularidades. Como característica geral da pronúncia Tradicional11,
destacamos: 1) a quantidade das vogais não influencia a pronúncia e
tampouco os timbres, uma vez que a abertura e o fechamento do som
da língua portuguesa influenciam a pronúncia do latim; 2) pelo mesmo
motivo, há um processo de nazalização das vogais, fato inexistente nas
pronúncias anteriores; 3) a distinção medieval do i e j é, então, considerada. Cheia de expressões, citações e máximas em latim, a área
jurídica comumente adota tal pronúncia.
Apesar da variedade de pronúncia da língua latina, o aluno deve
entender que cada uma delas segue o padrão aceito em sua área de
pertencimento e, por isso mesmo, não podemos apontar o erro de uma
ou de outra pronúncia, baseando-nos em especulações infundadas. É
certo, pois, seguir um padrão de pronúncia para não incorrer em confusão, já que todas as pronúncias fundamentam-se em tempo e espaço
distintos daqueles do Latim Clássico e, como ainda não existia o aparato audiovisual, jamais saberemos ao certo como o latim era falado
pelos antigos romanos. Além disso, a noção que temos de quantidade
silábica é mais histórica do que prática, haja vista a inexistência dessa
particularidade em nosso idioma.
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As características referem-se à pronúncia
portuguesa da língua latina.
11
Com isso, queremos destacar o uso que faremos da pronúncia Reconstituída por seguir o padrão mais aceito pelas universidades estrangeiras e nacionais, dados os critérios anteriormente vistos:
A pronúncia Reconstituída:
Grafemas
Representação
figurativa
Exemplo
Tradução
Pronúncia
Ae
ai
rosae
= rosas
rósai
Oe
oi
poena
= pena
póina
C
k
Cicĕro
= Cícero
kíkero
G
guê(i)
regina
= rainha
reguina
J
i
jurare
= jurar
iuráre
S
ss
rosa
= rosa
róssa
T
t
Petrus
= Pedro
Pétrus
V
u (ou w da palavra
inglesa window)
vinum
= vinho
uinum
X
ks
uxor
= esposa
úksor
U
o u é sempre
pronunciado
anguis
= cobra
ángüis
Y
soa como o u
francês de purée
lyra
= lira
lüra
Z
dz
zelus
= zelo
dzelus
H
soa aspirado como
hot do inglês
homo
= homem
rhomo
Atividade V
Leia atentamente o diálogo (Virgílio, in: Bucólicas, I) entre Melibeu e Títero
para, em seguida, transcrevê-lo em seu caderno, valendo-se da representação
figurativa da pronúncia reconstituída.
Moliboeus:
Tityre, tu patulae recubans sub tegmine
fagi
Silvestrem tenui musam meditaris avena;
nos patriae finis et dulcia linquimus arva;
nos patriam fugimus; tu, Tityre, lentus in
umbra,
formosam resonare doces Amaryllida
silvas.
Tityrus:
O Meliboee, deus nobis haec otia fecit:
namque erit ille mihi semper deus; illius
aram
saepe tener nostris ab ovilibus imbuet
agnus.
Ille meas errare boves, ut cernis, et ipsum
ludere quae vellam calamo permisit
agresti.
Obs.: todos os sons devem ser pronunciados, inclusive as consoantes
geminadas: stella (= estrela) deve ser pronunciada stél-la e não stela;
o aluno deve evitar o e e o o mudos, assim como todo som nasal, de
modo que as palavras latinas mare (= mar), dono (= doo) e amamus
(= amamos) pronunciam-se exatamente como estão escritas e não:
mari, dónu e amâmus.
Melibeu:
Títero, tu, sentado embaixo da ampla
faia,
tocas na tênue flauta uma canção
silvestre;
nós deixamos a pátria e estas doces
pastagens;
nós fugimos, e tu, tranqüilo à sombra,
Títero,
levas selva a ecoar Amarílis formosa.
Títiro:
Ó Melibeu, um deus, a nós este ócio fez:
ele sempre será meu deus; que o altar
dele,
tenra ovelha de nosso aprisco sempre
embeba.
Bem vês, ele deixou meu rebanho pastar
e eu tocar o que bem quiser em flauta
agreste.
Atividade VI
Agora, também colocando o acento agudo para indicar a sílaba tônica,
transcreva a representação figurativa da pronúncia reconstituída das palavras
abaixo:
ālĕă – Căĕsăr – ăŭtūmnŭs – Bācchŭs – cănĭs – māchĭnă – dĕcŭs – ĕpĭtăphĭŭm
– ērŭdītŭs – fĕbrŭārĭŭs – gēns – cōgnĭtŭs – hārmŏnĭă – ăhēnŭs – jūcūndŭs
– kŏĕnōsĭs – lăĕtĭtĭă – cārmĕn – nāsŭs – ŏpĕră – ōccāsĭŏ – cŏĕtŭs – pāctŭm
– phăĕnŏmĕnŏn – qŭăĕsĭtĭō – rīsŭm – rŏsă – scĭēntĭă – vĭtĭŭm.
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dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
Aqui, chegamos ao fim da primeira unidade. O conteúdo apreciado
contemplou a importância do estudo da língua latina para a formação do
profissional em Letras. Além disso, você estudou a origem e difusão da
língua latina no Ocidente, com a finalidade de destacar a derivação portuguesa da língua latina. Ao final, você estudou o alfabeto latino, a prosódia
latina em suas três tradições: a eclesiástica, a nacional e a reconstituída,
bem como o acento e características de pronúncia dessas três tradições.
Para o aprofundamento dos conteúdos da primeira unidade, você
precisa manter uma disciplina de leitura que não se deve encerrar neste
material. Portanto, os assuntos aqui vistos demandam um exame minucioso por parte do aluno aplicado, especialmente porque o estudo da língua
latina é acumulativo. Isso significa que o percurso trilhado será sempre recobrado. O que implica dizer que sempre retornaremos conteúdos já vistos para nos situarmos no conteúdo que está sendo estudado no presente
momento. Por isso, é imprescindível que nos dediquemos a um estudo
contínuo, haja vista que percurso trilhado será sempre recobrado.
Como proposta para o aprofundamento de leitura, indicamos:
Leituras recomendadas
a. Para A importância de estudar o latim: ler o
Prefácio de Gramática Latina: curso único e
completo, de Napoleão Mendes de Almeida
(2000, p. 7-11);
b. Para A origem do latim: ler “A língua latina
e sua formação histórica”, in: Iniciação ao Latim, de Zelia de Almeida Cardoso (2003, p.
5-10); “A Língua Latina”, in: Gramática Latina
para Seminários e Faculdades, de Júlio Comba (1991, p. 13-4); “Cultura Latina”, in: Língua e Literatura Latina e sua derivação Portuguesa, de Oswaldo Antônio
Furlan (2006, p. 21-48);
c. Para Elementos de fonética: o alfabeto, o
acento e a pronúncia: ler “Sistema fônico e sistema ortográfico”, in: Língua e Literatura Latina e sua derivação Portuguesa, de Oswaldo
Antônio Furlan (2006, p. 52-9); “Elementos
de fonética”, in: Gramática Latina para Seminários e Faculdades, de Júlio Comba (1991, p. 15-8).
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Língua Latina I
Resumo
Nesta unidade, consideramos a importância de estudar a língua latina, especialmente, para o aluno do “Curso de Licenciatura em Letras
a Distância”, a partir do momento em que ele questiona os horizontes
de sua atuação profissional. Vimos também que existe uma rejeição
em relação ao estudo do latim proveniente do desprezo para com a
memória, a história e a tradição. É fundamental, pois, saber da relação entre o latim e o português e, ademais, a língua latina é uma das
mais influentes nos centros de educação de ensino superior. Do latim,
originaram-se as chamadas línguas neolatinas, como o português e o
espanhol. Além da influência da literatura latina, os romanos transmitiram a retórica, a oratória, o direito, o teatro, a arquitetura e as artes
plásticas ao Ocidente. O latim é, contudo, mais do que erudição, porque proporciona disciplina, concentração e discernimento lógico ao
aluno aplicado.
Num segundo momento, estudamos que a língua latina foi falada
na região do Lácio. Por tradição, consta que Roma foi fundada em
753 a.C., por Rômulo. O latim pertence ao tronco comum de diversas
línguas que derivaram do Indo-europeu. Os primeiros vestígios de inscrições do dialeto falado pela tribo latina datam do século VI a.C.. A
carência de textos em latim, fez com que Lívio Andrônico compusesse
a Odusia, tradução adaptada da Odisséia, de Homero. Entre outros
alcances, o latim abrangeu a costa norte da África e a Ibéria, onde
hoje se localizam Portugal e Espanha. Historicamente, a língua latina
se subdivide em cinco momentos: o período primitivo, o arcaico, o
clássico, o pós-clássico e o cristão. Entre suas modalidades, destacase a divisão latim clássico e latim vulgar. O latim vulgar era a língua
da população, falada inclusive pela aristocracia, pois se constituiu na
oralidade seguindo tendências espontâneas; o latim clássico, por sua
vez, é gramaticalizado e serviu de modelo para a escrita literária. Hoje,
o latim é a língua oficial do Estado do Vaticano;
Por fim, vimos que o alfabeto latino deriva do alfabeto estrusco,
embora tenha sofrido enorme influência do alfabeto grego. A princípio,
o alfabeto latino possuía 21 letras e era escrito apenas com letras maiúsculas. As letras y e z foram incorporadas ao alfabeto para transliterar
fonemas gregos, bem como alguns dígrafos (th, rh, ph e ch). O j e o v
só foram incorporados tardiamente para substituir o i e u consonantais.
O acento latino é marcado pela quantidade, assim os sinais diacríticos
mácron ( ¯ ) e braquia ( ˘ ) distinguem a duração silábica, ou seja,
se as vogais e as sílabas são longas ou breves. Algumas regras de
acentuação são fundamentais: a) não há palavras oxítonas em latim,
os monossílabos são oxítonos por possuírem apenas uma sílaba; b) a
maioria das palavras latinas é paroxítona, assim os dissílabos são sempre paroxítonos indiferentemente da sílaba ser longa ou breve; c) os poLíngua Latina I
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lissílabos, no entanto, podem ser paroxítonos ou proparoxítonos. Para a
identificação, o aluno deve observar a quantidade da penúltima sílaba
do vocábulo. Assim, se a vogal for longa, a acentuação recai nela
mesma e a palavra é paroxítona, mas, se a vogal for breve, a acentuação recai na sílaba anterior e a palavra é proparoxítona. Existem três
tradições para a pronúncia do latim: a Reconstituída, a Eclesiástica e
a Tradicional. O aluno deve compreender a pronúncia latina em sua
área de pertencimento, para não incorrer em comparações infundadas.
A pronúncia reconstituída é a que adotaremos nesta apostila, pois ela
é fundamentada com base em gramáticos latinos e sob procedimento
lingüístico-científico.
Referências
ALMEIDA, Napoleão Mendes de. Gramática Latina: curso único e
completo. 29 ed. São Paulo: Saraiva, 2000.
CARDOSO, Zélia Almeida. Iniciação ao Latim. 5 ed. São Paulo: Ática,
2003. (Série Princípios).
COMBA, Júlio. Gramática Latina para Seminários e Faculdades. 4 ed. rev.
e adap. São Paulo: Editora Salesiana Dom Bosco, 1991.
FURLAN, Oswaldo Antônio. Língua e literatura latina e sua derivação
portuguesa. Petrópolis: Vozes, 2006.
VIRGÍLIO. Bucólicas: edição bilíngue. Tradução e comentário de
Raimundo Carvalho. Belo Horizonte: Crisálida, 2005 .
Autovaliação
Com base no que foi escrito, construa um texto orientado pelo
tema: “A importância do latim para minha formação como profissional
de Letras”. Atente para as sugestões de leitura colocadas.
_______. Eneida. Tradução de David Jardim Júnior. Rio de Janeiro:
Ediouro, 1993.
dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
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II Unidade
Os nomes de tema em “a”:
a 1ª declinação
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Apresentação
Na primeira Unidade, dedicamo-nos à origem da língua
latina e à importância de sua derivação na România. Em
seguida, apresentamos as peculiaridades do sistema vocálico e consonantal latino, observando respectivamente grafia
e pronúncia. Agora, começamos nova etapa na aprendizagem do latim. Nesse momento, damos início aos aspectos
morfossintáticos da língua latina em comparação com os da
língua portuguesa. Objetivamos, pois, que você identifique
ao final da unidade características relevantes do sintetismo
latino e da analiticidade própria da língua portuguesa. Esse
requisito é fundamental para que você relacione e caracterize alguns aspectos estruturantes em ambas as línguas, tais
como gênero, número, função, flexão e ordem das palavras.
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Objetivos
• Diferenciar as características sintéticas da Língua Latina em cotejo com as características analíticas da Língua Portuguesa;
• Aprender os primeiros conceitos de morfossintaxe da Língua Latina, bem como os nomes da 1ª declinação de tema em –a;
• Reconhecer os 6 casos latinos quanto ao desempenho da função e à flexão desinencial.
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radical e desinência específica para a função de sujeito da oração em
latim; a palavra servam (= a escrava) é composta pelo radical serv
mais a desinência –am característica do complemento verbal que, em
português, chamamos de objeto direto.
O latim é uma
língua sintética...
Mas como fica a tradução, se alternarmos as desinências?
Uma das principais diferenças entre o latim e o português consiste
na estrutura morfossintática das palavras em situação textual. Para tanto, costuma-se apontar que o latim é uma língua sintética e o português
uma língua analítica. Muitas línguas clássicas indo-européias – como o
sânscrito, o grego ou o latim – e algumas modernas – como as línguas
eslavas – são línguas sintéticas. O principal indicativo de que a língua é
de fato sintética reside no corpo da palavra. Assim, os nomes substantivos e adjetivos trazem, em sua estrutura, alterações especiais no final
que ocasionam função específica para cada um deles.
Por outro lado, as línguas neolatinas, como o português, são chamadas analíticas, porque trazem poucas ou pequenas modificações
formais e, sobretudo, porque exprimem as funções sintáticas por meio
de artigos, preposições e pela ordem ou distribuição dos termos sintáticos na oração. Ou seja: a colocação das palavras na frase ou a forma
como elas são arranjadas exprimem funções que são a expressão analítica da combinação entre elas.
Por exemplo, a frase
A senhora chama a escrava.
sujeito
predicado
Isso não quer dizer, porém, que a ordem das
frases em língua portuguesa seja tão elementar. Pelo contrário, o processo analítico
visa justamente ao reconhecimento dos termos da oração em nível mais complexo; um
bom exemplo disso é o exercício recorrente,
em escolas e cursinhos preparatórios, de
estabelecer uma ordem direta para o Hino
Nacional com o propósito de identificar as
funções que cada termo desempenha.
1
confirma a ordem “direta” dos termos da oração: sujeito + predicado. A palavra senhora, sendo sujeito, inicia a oração. O predicado, por
sua vez, subdivide-se em predicador (chama) e complemento verbal
(a escrava) e, juntas, as palavras compreendem uma sequência a que
chamamos: ordem direta da frase. Essa é uma característica das línguas
analíticas como a portuguesa1.
Sem alterar o sentido, a mesma frase em latim pode ter as seguintes
formas:
• Dominam vocat serva.
• Dominam serva vocat.
• Serva dominam vocat.
Observamos, então, o predicador com a forma preservada, porém,
atribuímos a desinência –am, típica do objeto direto, ao radical domin e
a desinência –a, típica do sujeito da oração, ao radical serv, de modo
que a tradução agora se torna: A escrava chama a senhora.
Tais alterações desempenham papel fundamental na morfossintaxe
latina. Enquanto o português exprime suas funções sintáticas de forma
analítica, através da colocação dos termos no enunciado e pelo uso
de preposições e artigos, o latim exprime as mesmas funções de forma
sintética, através de modificações formais ocasionadas no aspecto final
das palavras.
Outra característica do latim é a ausência de artigos. Assim, quando sujeito singular, as expressões a rosa e uma rosa traduz-se de uma
única forma: rosa (ros + a); quando sujeito plural, as expressões as
rosas e umas rosas traduzem-se: rosae (ros + ae). Sem que haja alteração, as mesmas expressões podem ser o objeto direto de uma frase da
língua portuguesa, daí a necessidade de compreendê-las analiticamente. Todavia, em latim isso não acontece, porque o objeto direto também
possui desinência específica.
Nas frases abaixo, a palavra rosa assume função sintática diferente e, consequentemente, correspondência desinencial específica para
cada função expressa nas traduções em latim:
Frase em Português
A rosa é bela.
Função
Suj. sing.
Belas são as rosas.
Suj. pl.
• Domina vocat servam.
A professora recebe uma rosa.
O.D. sing.
• Domina servam vocat.
A aluna dá rosas à professora.
O.D. pl.
Tradução em latim
Rosa est pulchra
Rosae sunt pulchrae
Magistra rosam accipit.
Discipula rosas magistrae dat.
• Servam domina vocat.
O verbo é identificado na frase pela desinência númeo-pessoal -t, indicando a terceira pessoa do singular (ele / ela) da voz
ativa; sua posição não tem influência sobre
a mensagem, embora seja preferencial que
se localize ao final da frase.
2
Apesar das formas diversas em que a expressão é vista, temos o
mesmo significado2: A senhora chama a escrava. Isso ocorre porque
o latim é uma língua sintética, ou seja, possui alterações especiais ao
final de cada palavra que lhe designam a função. Portanto, a palavra
domina (= a senhora) é composta por domin + a, respectivamente,
30
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Língua Latina I
Se já sabemos que a palavra rosa possui o radical ros- em latim, isso
significa que devemos identificar a função de cada situação da palavra
rosa pela desinência final apresentada. Portanto, escrever em latim rosa (=
a rosa), rosae (= as rosas), rosam (= uma rosa) ou rosas (= rosas) designa
estabelecer situação morfossintática específica para o seu emprego:
Língua Latina I
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a. À desinência -a [de ros-a],corresponde o sujeito singular;
b. À desinência -ae [de ros-ae], corresponde o sujeito plural;
c. À desinência -am [de ros-am], corresponde o objeto direto singular;
d. À desinência -as [de ros-as], corresponde o objeto direto plural.
De forma sucinta, indique a diferença entre língua sintética e língua analítica para,
em seguida, destacar a função das palavras sublinhadas nas orações latinas,
conforme sejam “sujeito” ou “objeto direto”, e circule os verbos:
1. Aquilae volant; zebrae volare non possunt (= as águias voam; as
zebras não podem voar);
2. Arana muscam capit. (= a aranha pega a mosca);
3. Puella saltat cum laetitia. (= a moça está dançando com alegria);
de anotações para
responder as atividades!
4. Ancillis domina pecuniam non dedit (= a patroa não deu o dinheiro
às empregadas);
5. Magistra monet discipulas (= a professora adverte as alunas);
6. Nautae vitas filiarum reginae servabunt (= os marinheiros salvarão
as vidas das filhas da rainha);
7. Homicida culpam non negabit (= o assassino não negará a culpa);
O adjetivo sedulas (= aplicadas) deve concordar em gênero, número e função com o
substantivo que qualifica, no caso com discipulas (= alunas).
3
8. Sedulas3 discipulas magistra laudat. (= a professora elogia as alunas
aplicadas);
9. Epulas convivis paravimus (= preparamos um banquete para os
convidados);
10. Poetae amant naturam (= os poetas amam a natureza).
32
flexão, gênero, número e casos latinos
É justamente por se tratar de uma língua sintética que o latim possui
um sistema morfológico complexo. De acordo com a flexão, as palavras
podem ser variáveis ou invariávies, quais sejam capazes de modificar a
sua estrutura. As classes gramaticais variáveis no latim são os nomes4
(substantivos, adjetivos, numerais e pronomes) e os verbos. As classes
gramaticais invariáveis são os advérbios, as preposições, as conjunções, as interjeições e as partículas, em especial, as interrogativas.
Atividade I
dica. utilize o bloco
Morfologia nominal
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É com base em suas especificidades que Zélia de Almeida Cardoso
(2003: 18) observa que a língua latina possui nomes que “se flexionam
assumindo formas diferentes conforme o caso gramatical em que estejam sendo empregados, o número e, na maioria das vezes, o gênero”.
Mas, o que vem a ser flexão? Flexão corresponde, pois, à propriedade
que certas palavras possuem de sofrer alterações em sua parte final terminações, sufixos, desinências - originando, portanto, novas formas/
possibilidades para uma mesma palavra.
Assim,
a) A flexão do substantivo se dá através de raízes, prefixos, sufixos,
vogais temáticas, vogais de ligação e desinências, de modo que se à
raiz –am juntarmos o sufixo –or (formador de substantivos abstratos),
teremos a palavra latina amor (= amor), mas se unirmos o sufixo –ica
ou sua oposição em gênero -icus, teremos respectivamente as palavras
amica (= amiga) e amicus (= amigo). Se ao contrário quisermos indicar
negação ou ausência, anexaremos o prefixo –in aos mesmo vocábulos:
inimica e inimicus.
b) O gênero do substantivo latino pode ser três: o masculino, o feminino e, em oposição a esses, o neutro. O gênero neutro, que vem de
neutrum (< ne uter = nenhum dos dois), existe como contraposição aos
dois gêneros anteriores, seguindo em parte a noção de correspondência a seres assexuados: aurum (= ouro), poema (= poema), caput (=
cabeça), gymnasium (= ginásio). São masculinos nomes que indicam
seres do sexo masculino e atividades típicas aos homens, como compreendiam os latinos, como o nome próprio Augustus ou o ofício de
poeta. Desse modo, a palavra nauta (= marinheiro), embora possua
a vogal temática –a, é do gênero masculino; também, os nomes de
povos: Romani (= os romanos), rios: Vistula (= o rio Vístula, que fica
na Polônia) e meses: Februarius (= fevereiro). O gênero feminino, por
sua vez, é indicado pelos nomes do sexo feminino: Silvia, Clodia, Drusila,
bem como por árvores: pinus (= pinheiro), ficus (= figueira), malus
(= macieira); por cidades: Roma, Corinthus, Athenae; por ilha: Euboea,
Sicilia, Sardinia; e por países: Aegyptus, Graecia.
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Como vimos, não há artigos em latim mas,
no momento em que traduzimos para a língua portuguesa, não devemos esquecê-los.
4
No Indo-Europeu havia o dual, número
remanescente no grego, que servia para indicar a dupla ou o par; porém, o aluno não
deve se preocupar com esse aspecto uma
vez que a língua portuguesa apresenta de
igual modo os dois grupos que apresenta o
latim.
5
Desde já, é importante que o aluno perceba que a morfologia (a forma) das palavras
latinas aponta para a sintaxe, ou seja, para
a função que certa palavra experimenta em
contexto frasal. Já a sintaxe determina a
relação que as palavras estabelecem umas
com as outras e, consequentemente, determinando o sentido do enunciado.
6
c) O número dos substantivos é dividido em dois grupos: o singular
e o plural5. É para tanto que há flexão distintiva de número. Por isso,
grafar corona (= a coroa), no singular, não é a mesma coisa que grafar
coronae (= as coroas), no plural. Houve aí uma alteração desinencial
no final da palavra de –a para –ae que indica com precisão o número a
que se refere. Contudo, como no vernáculo, há nomes que só existem
no singular, chamados de singularia tantum, como Roma ou Iesus, e
outros nomes que só existem no plural, chamados de pluralia tantum,
como Athenae (= Atenas), divitiae (= riqueza), bracae (= calça), thermae
(= termas, sauna), tenebrae (= escuridão, trevas), Venetiae (Veneza),
etc. Há ainda os substantivos que possuem um significado quando no
singular e outro quando flexionados no plural. Por exemplo, o vocábulo
latino copia, que significa em português a abundância de ou uma quantidade de, no plural significa a tropa, uma tropa: copiae. Assim também
são littera (= letra, alfabeto) – litterae (= carta, literatura, documento)
e angustia (= angústia, aflição) – angustiae (= desfiladeiro).
d) Os casos do substantivo são seis: nominativo, genitivo, acusativo,
dativo, ablativo e vocativo. Mas o que vem a ser caso? Caso é uma
palavra de origem latina que vem de casus e quer dizer: queda, quebra,
daí tratar-se especificamente da quebra da forma (flexão) na parte final
do vocábulo, pelo uso da desinência apropriada para indicar a função
sintática que exerce na oração. De modo geral, os substantivos latinos
apresentam seis (6) formas para o singular e outras seis para o plural,
caracterizando os seis casos existentes. Por exemplo, a palavra ira (=
ira, cólera) pode apresentar-se das seguintes formas: ira, irae, iram,
irarum, iras, iris (cada qual exercendo função sintática e número específico). As diversas formas finais da mesma palavra ira são conhecidas
como desinências. Como se percebe, elas são a parte final “quebradiça” das palavras. Portanto, para cada função sintática – como sujeito,
predicativo do sujeito, complemento nominal, complemento verbal, adjunto adnominal, adverbial enfim –, há os casos6.
Contudo, tal aspecto não nos é familiar no português, haja vista o
latim se caracterizar como língua sintética e os casos traduzirem exatamente tal aspecto. Para não comprimir abusivamente o conteúdo,
apreciaremos logo após a atividade caso a caso.
Atividade II
a. Indique com a letra “s” se a palavra estiver no singular e com “p” se estiver
no plural:
Bestiae, scientiam, gratia, laetitia, gallinas, araneas, muscam, pilae,
umbram, ethica, Britannia, Hispaniam, Brasilia, comoedia, maritas,
tibiae, vita, culinam, mensa, sellae, tabernas, rota, aras, silvam,
vaccae, pluvia, ripas, sagittae, alam, viam, scholas, pecunia, pugnae, aquilae, cena, famulas, filia, servae, vicinas, turbae, nautae,
equas, domina, personae, femina, agricolae, deas, incolam, regina,
puellae, discipulas, ranae, lunam, poetas.
b. Agora use o caderno e divida as mesmas palavras em dois grupos, o primeiro se
chamará “nominativo” e a ele pertencem palavras cujas desinências indiquem
a função de sujeito da oração; o segundo grupo se chamará “acusativo” e a
ele pertencem palavras cujas desinências indiquem a função de complemento
verbal (objeto direto).
dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
A sintaxe dos casos
Como já vimos, o latim expressa as funções sintáticas por meio de
casos. Logo, uma palavra flexionável que não seja o verbo apresenta seu caso de acordo com a desinência disposta no fim da palavra.
Essa desinência corresponde sintaticamente a uma função articulada
na frase. Portanto, é imediato o reconhecimento do binômio “caso” e
“função” em latim, porque sempre que pensarmos nesse associaremos
àquele imediatamente.
Vimos que existem seis casos em latim (o nominativo, o genitivo,
o acusativo, o dativo, o ablativo e o vocativo), agora veremos um por
um.
1. O Nominativo: é o caso do sujeito e do complemento do sujeito, o
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predicativo. Assim, na frase A águia é grande, o termo “águia” é o sujeito
da frase e “grande” é o predicativo do sujeito, já que se trata de um
atributo do primeiro termo, relacionando-se a ele por meio do verbo
de ligação “é”. Em latim, ambas as funções se expressam através do
caso nominativo e, desse modo, virão na frase latina com desinência
apropriada do caso nominativo. Em latim, a frase traduz-se: Aquila magna est. As desinências de aquil-a e de magn-a são próprias do caso
nominativo e indicam que as palavras estão exercendo respectivamente
a função de sujeito e predicativo do sujeito;
O aluno deve estar atento ao fato de que
a desinência do genitivo singular é igual a
do nominativo plural, portanto não devendo
confundi-las quando for traduzir uma frase
para o vernáculo. A frase latina costuma
ser bastante precisa quanto ao sentido, por
isso, não encontraremos problemas.
7
2. O Genitivo: é o caso do adjunto adnominal restritivo, indicando
sobretudo posse. Na frase As asas da águia são grandes, a expressão “da
águia”, que aqui restringe o sentido da palavra “asas” com idéia de
posse (o quê a águia possui? Asas, respondemos), expressa-se em latim
através do caso genitivo. Em latim, a frase traduz-se: Aquilae alae magnae sunt e a palavra aquil-ae possui desinência específica de genitivo7;
3. O Acusativo: é o caso do complemento verbal, do objeto direto.
Na frase vejo uma águia, a palavra “uma águia” é o objeto direto ou o
complemento do verbo ver, flexionado na primeira pessoa do singular:
(eu) vejo o quê? Uma águia, respondemos. Em latim, traduzimos aquilam video, em que o termo aquil-am possui desinência especial para o
acusativo;
4. O Dativo: é o caso que indica o complemento verbal com preposição, ou seja, o objeto indireto. Assim, na frase Não damos moscas às
águias, o termo “às águias” corresponde ao objeto indireto que, em
latim, traduz-se: Muscas aquilis non damus. Portanto, o vocábulo aquil-is
possui desinência apropriada para o caso dativo que, em português,
terá preposição indicativa de complemento indireto, mas em latim é a
própria terminação que designa o sentido gramatical;
Os alunos mais atentos perceberão que a
desinência de ablativo singular é idêntica
a de nominativo singular, salvo a exceção
de que a desinência final daquela é longa
e a dessa é breve, aspecto que não identificamos sem o uso dos sinais diacríticos de
quantidade. Contudo, os alunos devem ficar
atentos às questões desinenciais para não
se confundirem.
8
“ama os poetas!” é que possui a função de sujeito da oração. Em latim,
temos: Puella, ama poetas! em que “puell-a” é o vocativo da oração com
desinência igual a do nominativo.
Para melhor fixar o conjunto de terminações que compõe as desinências da 1ª. Declinação9, examine as terminações dos seis casos no
singular e plural e depois verifique como se declina uma palavra em
latim:
Singular: A, AE, AM, AE, A, A
Plural: AE, ARUM, AS, IS, IS, AE
Agora é só juntar as desinências de cada caso a um radical. Assim,
declinar uma palavra em latim é flexioná-la de acordo com as terminações existentes na declinação a que pertence o vocábulo.
Por exemplo:
Caso
Singular
Plural
Nom.
Puella
Puellae
Gen.
Puellae
Puellarum
Acu.
Puellam
Puellas
Dat.
Puellae
Puellis
Abl.
Puella
Puellis
Voc.
Puella
Puellae
De forma geral, os casos latinos traduzem-se assim:
O caso nominativo: Puella, puellae = a(s), uma(s) menina(s) – Sujeito e
predicativo;
5. O Ablativo: é o caso do adjunto adverbial. Sempre que pensarmos
numa circunstância adverbial, como modo, meio, lugar, causa, instrumento, tempo, companhia etc., tal aspecto será expresso através de desinência apropriada para o ablativo. Na frase O pirata matará o agricultor
por dinheiro, a expressão “por dinheiro” caracteriza bem a circunstância
“causa” pela qual o pirata matará o agricultor. Em latim, temos: Pirata
agricolam pecunia necabit, em que a palavra “pecuni-a” indica o motivo
(causa) da circunstância adverbial8;
O caso genitivo: Puellae, puellarum = da(s) menina(s) – Adjunto Adnominal restritivo;
6. O Vocativo: é o caso do chamamento, que se separa do restante
da frase por vírgula. Por isso, não devemos confundir o vocativo com o
sujeito da oração, pois na frase Menina, ama os poetas! o termo “menina” é o vocativo da oração, já que se trata de um chamamento seguido
de uma ordem. O pronome oculto “tu” subtendido no imperativo (tu)
O caso vocativo: Puella, puellae = Ó menina(s)! – vocativo, interpelação;
36
SEAD/UEPB
I
Língua Latina I
O caso acusativo: Puellam, Puellas = a(s), uma(s) menina(s) – Objeto
direto sem preposição;
O caso dativo: Puellae, Puellis = à(s), para a(s) menina(s) – Objeto indireto com preposição;
O caso ablativo: Puella, puellis = Pela(s), por causa da(s) menina(s) –
Adjunto Adverbial;
Língua Latina I
I
SEAD/UEPB
37
Em latim, ocorre 5 (cinco) declinações,
cada uma delas possui um conjunto paradigmático de terminações chamadas de
desinências. O conjunto de desinências
que agora vemos pertence à 1ª. Declinação,
cuja grande maioria de palavras é do gênero
feminino, embora haja algumas palavras do
gênero masculino.
9
21.Enéias matou Turno, herói do Lácio.
22.Soldado, sê corajoso!
23.Ó Penates, deus de meus pais, ajuda-me.
Atividade III
24.Democracia e ditadura são inimigas por natureza.
25.De onde vens, Marco?
26.Tu, que és meu amigo, ajuda-me.
27.A Sicília está no Mediterrânio.
a. Decline em seu caderno as seguintes palavras, traduzindo-as para o
português de acordo com o caso e o número:
28.Presentes agradam aos deuses.
29.Não é fácil ser agradável aos inimigos.
30.A fala é prata, o silêncio é ouro.
Aqua, ora, ripa, pluvia, insula, advena, pirata, pugna, procella, ecclesia, schola, ancilla.
b. Observe nas frases a seguir as palavras sublinhadas e identifique em qual
caso elas viriam se fossem traduzidas para o latim:
1. O vinho de Nápoles era conhecido em toda Roma.
2. O soldado leva o ladrão para a prisão.
Neste momento, você chega ao final da segunda unidade. Isso significa que: se procurou tirar todas as dúvidas com o professor e com o
tutor, além de fazer e corrigir os exercícios, você agora sabe distinguir
características básicas da língua sintética latina e da língua analítica
portuguesa. Também, sabe os casos latinos, suas flexões e funções desinenciais, próprias à 1ª declinação.
Como na primeira unidade, segue a recomendação: para o aprofundamento dos conteúdos estudados na segunda unidade, você deve
manter a disciplina de leitura. Para a complementação dos estudos,
sugerimos as seguintes leituras:
3. Enéias fundou uma cidade para os seus filhos.
4. As uvas eram muito apreciadas em Roma.
5. A Sicília trouxe azeite aos romanos.
6. Baco, deus do vinho, tu és formidável
7. O camponês vai para o campo e retorna triste.
8. De onde vem esta mulher?
9. A quem pertence esta cabana?
10.O avô conta histórias aos netos.
11.De repente surgiu um lobo!
12.O pródigo dissipará a riqueza do pai.
13.A casa do pai estará sempre aberta.
14.O trabalho é o destino dos homens.
15.De quem é este discurso? De Cícero ou de Catão?
16.A circunstância faz o ladrão.
dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
17.O menino se machucou com a foice.
18.As árvores se agitam com o vento.
19.Os discípulos ouviam sérios.
20.Quem está aí?
38
SEAD/UEPB
I
Língua Latina I
Língua Latina I
I
SEAD/UEPB
39
Leituras recomendadas
Resumo
a. Para O latim é uma língua sintética: ler “Do
analítico português ao sintético latim”, in: Língua
e Literatura Latina e sua derivação Portuguesa, de Oswaldo Antônio Furlan (2006: 51);
b. Para Morfologia nominal: flexão, gênero,
número e casos latinos: ler “Morfologia nominal”, in: Iniciação ao Latim, de Zelia de Almeida Cardoso (2003, p. 18-27); “Introdução às
declinações”, in: Programa de latim: 1º. Volume – introdução à língua latina, de Júlio Comba (2000, p. 30-3);
“As flexões e as classes de palavras”, in: Compêndio de Gramática
Latina, de Maria Ana Almendra e José Nunes de Figueiredo (2003,
p. 26-30);
c. Para A sintaxe dos casos: ler lição 1, 2, 3, 4 e
5, in: Gramática Latina, de Napoleão Mendes
de Almeida (2000, p. 13-27); Capítulo I, in:
Língua Latina: a teoria sintática na prática dos
textos, de Janete Melasso Garcia (1997, p.
17-24).
40
SEAD/UEPB
I
Língua Latina I
No primeiro tópico, apreciamos as diferenças da língua portuguesa
em relação à língua latina para distinguir os aspectos sintéticos desta e
os aspectos analíticos da outra. Para tanto, vimos que o principal indicativo para que a língua seja de fato sintética reside no corpo da palavra. Assim, os nomes substantivos e adjetivos trazem, em sua estrutura,
alterações especiais no final que ocasionam função específica para
cada um deles. Por outro lado, as línguas neolatinas são chamadas
analíticas, porque trazem poucas ou pequenas modificações formais e,
sobretudo, porque exprimem as funções sintáticas por meio de artigos,
preposições e pela ordem ou distribuição dos termos sintáticos na oração, de modo que a colocação das palavras na frase ou a forma como
elas são arranjadas exprimem funções que são a expressão analítica da
combinação entre elas. Em latim, devemos identificar a função de cada
vocábulo pela desinência final apresentada.
No segundo tópico, consideramos a morfologia nominal e estudamos que as palavras latinas, assim como na língua portuguesa, possuem classes gramaticais que flexionam (variáveis) e as que não flexionam (invariáveis), de acordo com a capacidade de alterar a estrutura
da palavra. As formas diferentes assumidas pela flexão dão-se pelo
caso, número e, na maioria das vezes, pelo gênero.
No terceiro tópico, estudamos que existem seis casos em latim e
cada um deles possui terminação específica para o seu estabelecimento morfossintático. Nesse sentido, ao caso chamado nominativo corresponde em português o sujeito e o predicativo; ao caso genitivo corresponde o adjunto adnominal restritivo com sentido de posse; ao caso
acusativo corresponde o complemento verbal chamado objeto direto,
sem preposição; ao caso dativo corresponde o complemento verbal
chamado objeto indireto, com preposição; ao caso ablativo corresponde o adjunto adverbial, expressando circunstância: modo, meio, lugar,
companhia etc.; e, por fim, ao caso vocativo corresponde o vocativo,
função típica de apelo e interpelação que, por vezes, faz uso exclamativo. Portanto, o conjunto de terminações que compõe as desinências da
1ª. declinação tem o total de doze, seis para cada caso no singular e
outras seis para cada caso no plural, de modo que declinar uma palavra latina é flexioná-la em todos os casos no singular e no plural, com
atenção redobrada às desinências que se repetem.
Língua Latina I
I
SEAD/UEPB
41
III Unidade
Autovaliação
dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
A língua latina possui características sintéticas e a língua portuguesa, características analíticas. Com base nessa afirmação, compare as
línguas levando em consideração a classe gramatical “substantivo”,
bem como a organização da frase portuguesa e latina.
Referências
ALMEIDA, Napoleão Mendes de. Gramática Latina: curso único e
completo. 29 ed. São Paulo: Saraiva, 2000.
ALMENDRA, Maria Ana; FIGUEIREDO, José Nunes de. Compêndio de
Gramática Latina. Porto: Porto editora, 2003.
CARDOSO, Zélia Almeida. Iniciação ao Latim. 5 ed. São Paulo: Ática,
2003. (Série Princípios).
COMBA, Júlio. Programa de Latim: 1º. Volume – introdução à língua latina.
16 ed. São Paulo: Editora Salesiana Dom Bosco, 2000.
FURLAN, Oswaldo Antônio. Língua e literatura latina e sua derivação
portuguesa. Petrópolis: Vozes, 2006.
Morfologia Verbal:
os tempos do “Infectum”
GARCIA, Janete Melasso. Língua Latina: a teoria sintática na prática dos
textos. Brasília: Unb, 1997.
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SEAD/UEPB
I
Língua Latina I
Língua Latina I
I
SEAD/UEPB
43
Apresentação
Com as lições anteriores, você compreendeu que há
grandes diferenças nas estruturas das palavras latinas e que
essas estruturas correspondem a uma função específica na
frase seja a de sujeito, seja a de complemento verbal e, ainda, as de adjuntos. Na terceira unidade, trabalharemos a
morfologia verbal. Portanto, ao final desta unidade, esperamos que você aprenda como se forma a voz ativa dos
verbos regulares latinos de 1ª e 2ª conjugações, bem como
a formação de dois verbos irregulares importantes: o verbo
sum e o possum.
Objetivos
• Iniciação à morfologia verbal: compor os tempos do Infectum –
presente, imperfeito e futuro do indicativo;
• Reconhecer e saber aplicar os infixos modo-temporais e as desinências número-pessoais dos verbos regulares de 1ª e 2ª conjugações;
• Aprender dois verbos irregulares importantes: Sum e Possum;
44
SEAD/UEPB
I
Língua Latina I
Língua Latina I
I
SEAD/UEPB
45
Os tempos do “infectum”
A 3ª conjugação latina possui uma variante
sem vogal temática que tem o seu tema em
consoante, como no exemplo, e outra em
vogal, que pode ser em –i ou em –u, como
em minu-o (= diminuir). Contudo, essas são
variações da mesma conjugação e, desse
modo, o latim possui apenas quatro conjugações e não seis.
1
O verbo é uma palavra flexionável tanto em português quanto em
latim, ou seja, traz alterações na estrutura da palavra, caracterizando o
processo temporal e modal da ação do sujeito, com o qual estabelece
relação de concordância. Algumas características constituem o verbo:
a) quanto à voz, pode ser “ativa” ou “passiva”; b) quanto à flexão, pode
ser “regular”, “irregular” ou “defectiva”; c) quanto à função, pode ser
“principal” ou “auxiliar”; d) quanto à predicação, pode ser de “ligação”, pedir complemento “acusativo” ou “dativo” ou, ainda, dispensar
o complemento; e) e quanto às conjugações, o latim possui quatro: 1ª.
ama-re (= amar), 2ª mone-re (= admoestar, advertir); 3ª. em consoante1, reg-(e)-re (= reger); 3ª em “-i” cap-(e)-re > cap-i-o (= caber); 4ª.
audi-re (= ouvir).
O verbo precisa de recursos morfológicos para expressar as categorias gramaticais como conjugações, modos, tempos, formas nominais,
bem como aspectos da ação verbal, a exemplo da duração: se contínua, interrompida ou concluída. Para tanto, os recursos morfológicos
do verbo são: o radical, a vogal temática, os infixos modo-temporais,
as desinências número-pessoais entre outros recursos eventuais para a
formação verbal.
Tomemos os exemplos abaixo:
a) A 1ª conjugação possui a vogal temática “-a” = ama-re;
b) A 2ª conjugação possui a vogal temática “-e” = mone-re;
Chamamos de radical o que vem antes da vogal temática, porque
é a raiz do verbo, que se apresenta em todas as pessoas e tempos: am
no primeiro exemplo e mon no segundo.
Assim:
Infectum é o termo que usamos para empregar o presente, o imperfeito e o futuro do
modo indicativo, pois que esses tempos verbais possuem um aspecto inacabado quanto à ação verbal, como se fora interrompido
ou ainda não realizado, (in)feito: não-feito,
não-completado.
2
Radical + Vogal temática (VT) + desinência número-pessoal = presente do infectum2 de amo, are:
46
SEAD/UEPB
I
Língua Latina I
Pessoa
Radical e VT = TEMA
Desinência númeropessoal
O presente do
Infectum
1ª pessoa do
singular
am
-o
amo (= amo)
2ª pessoa do
singular
am + a
-s
amas (= amas)
3ª pessoa do
singular
am + a
-t
amat (= ama)
1ª pessoa do
plural
am + a
-mus
amamus (=
amamos)
2ª pessoa do
plural
am + a
-tis
amatis (= amais)
3ª pessoa do
plural
am + a
-nt
amant (= amam)
Radical + Vogal temática (VT) + desinência número-pessoal = presente do infectum de moneo, ere:
Pessoa
Radical e VT = TEMA
Desinência númeropessoal
O presente do
Infectum
1ª pessoa do
singular
mon + e
-o
moneo (= advirto)
2ª pessoa do
singular
mon + e
-s
mones (= advertes)
3ª pessoa do
singular
mon + e
-t
monet (= adverte)
1ª pessoa do
plural
mon + e
-mus
monemus (=
advertimos)
2ª pessoa do
plural
mon + e
-tis
monetis (=
advertis)
3ª pessoa do
plural
mon + e
-nt
monent (=
advertem)
Notas:
1) À junção do radical mais a vogal temática, chamamos de tema,
assim o tema de amare é ama e o de monere é mone (basta retirar o –re
final do infinitivo). O tema é importante, pois é dele que se derivam as
formas verbais. Assim, o infinitivo é uma formação verbal primitiva, cujo
tema desenrolará todos os tempos do infectum;
2) O nome do verbo latino não é o infinitivo, como no português,
de modo que: se você for procurar um verbo num dicionário latino,
deve ficar atento à flexão da primeira pessoa do presente do indicativo.
Assim, as formas acima em negrito amo, are (eu amo) e moneo, ere (eu
advirto) correspondem ao nome do verbo e, respectivamente, à entrada do verbete no dicionário e logo em seguida, após a vírgula, é que
temos a terminação da conjugação –are, para a primeira, e –ere, para
a segunda conjugação;
Língua Latina I
I
SEAD/UEPB
47
3) A flexão dos verbos da primeira conjugação não traz na primeira
pessoa do singular a vogal temática, apenas acrescentamos a desinência –o ao final do radical –am, resultando, então, amo;
Todos os verbos regulares da 1ª e 2ª conjugação manterão esse
padrão. Mas, em se tratando dos tempos do infectum, precisamos conhecer a formação do imperfeito e do futuro do modo indicativo que,
junto com o presente, formam os três tempos possíveis dessa categoria.
Não há nenhum problema para reconhecermos esses tempos, pois só
precisamos saber que a eles são incorporados infixos modo-temporais,
assim:
a) O infixo modo-temporal do imperfeito é ba;
b) O infixo modo-temporal do futuro é bi.
1) O infixo modo-temporal deve ficar entre o tema (radical + VT) e
as desinências número-pessoais;
2) As desinências número-pessoais são basicamente as mesmas
para os três tempos do infectum, com exceção da primeira pessoa do
imperfeito que terá –m em vez de –o;
3) A vogal temática aparece na composição do tema de todas as
pessoas do imperfeito.
Agora, não teremos dificuldade para a composição do futuro do
infectum, basta conferir os quadros abaixo:
Tema + infixo BI + desinência número-pessoal = futuro do infectum de amo, are:
Tema + infixo BA + desinência número-pessoal = imperfeito do
infectum de amo, are:
Pessoa
TEMA e infixo
Desinência númeropessoal
O imperfeito do
Infectum
1ª pessoa do
singular
ama +BA
-m
amabam (=
amava)
2ª pessoa do
singular
ama + BA
-s
amabas (=
amavas)
3ª pessoa do
singular
ama + BA
-t
amabat (= amava)
1ª pessoa do
plural
ama + BA
-mus
amabamus (=
amávamos)
2ª pessoa do
plural
ama + BA
-tis
amabatis (=
amáveis)
3ª pessoa do
plural
ama + BA
-nt
amabant (=
amavam)
Tema + infixo BA + desinência número-pessoal = imperfeito do
infectum de moneo, ere:
Pessoa
TEMA e infixo
Desinência númeropessoal
O imperfeito do
Infectum
1ª pessoa do
singular
mone + ba
-m
monebam (=
advertia)
2ª pessoa do
singular
mone + ba
-s
monebas (=
advertias)
3ª pessoa do
singular
mone + ba
-t
monebat (=
advertia)
1ª pessoa do
plural
mone + ba
-mus
monebamus (=
advertíamos)
2ª pessoa do
plural
mone + ba
-tis
monebatis (=
advertíeis)
3ª pessoa do
plural
mone + ba
-nt
monebant (=
advertiam)
48
Notas:
SEAD/UEPB
I
Língua Latina I
Pessoa
TEMA e infixo
Desinência númeropessoal
O futuro do Infectum
1ª pessoa do
singular
ama + b
-o
amabo (= amarei)
2ª pessoa do
singular
ama + bi
-s
amabis (= amarás)
3ª pessoa do
singular
ama + bi
-t
amabit (= amará)
1ª pessoa do
plural
ama + bi
-mus
amabimus (=
amaremos)
2ª pessoa do
plural
ama + bi
-tis
amabitis (=
amareis)
3ª pessoa do
plural
ama + bu
-nt
amabunt (=
amarão)
Tema + infixo BI + desinência número-pessoal = futuro do infectum de moneo, ere:
Pessoa
TEMA e infixo
Desinência númeropessoal
O imperfeito do
Infectum
1ª pessoa do
singular
mone + b
-o
monebo (=
advertirei)
2ª pessoa do
singular
mone + bi
-s
monebis (=
advertirás)
3ª pessoa do
singular
mone + bi
-t
monebit (=
advertirá)
1ª pessoa do
plural
mone + bi
-mus
monebimus (=
advertiremos)
2ª pessoa do
plural
mone + bi
-tis
monebitis (=
advertireis)
3ª pessoa do
plural
mone + bu
-nt
monebunt (=
advertirão)
Língua Latina I
I
SEAD/UEPB
49
Notas:
1) O infixo da primeira pessoa do singular perde o –i em sua composição e muda para –u na terceira pessoa do plural;
2) A desinência número-pessoal da primeira pessoa do plural volta
a ser –o, de modo que só o acréscimo da letra “b” muda a expressão
temporal em relação ao presente do infectum.
Atividade I
dica. utilize o bloco
Dois verbos irregulares:
“sum” e “possum”
Assim como na língua portuguesa, o latim também possui irregularidades quanto à flexão dos verbos. Diz-se de irregularidade tudo o
que não segue um padrão ou uma norma e, por isso, apresenta-se de
forma inconstante. Agora, é preciso você prestar atenção a essa variação, para poder reconhecer quando um verbo não é regular. O aspecto principal a ser considerado é a alteração parcial ou total do radical
na conjugação de algumas pessoas e tempos verbais, que apresentam
desigualdade quanto à estrutura original.
Assim:
Com relação aos quadros acima estudados e lendo com atenção suas notas
explicativas, identifique na relação de verbos abaixo se eles pertencem à
primeira ou segunda conjugação e, em seguida, conjugue pelo menos três de
cada conjugação nos tempos (presente, imperfeito, futuro) do infectum, dando
as traduções devidas em língua portuguesa:
de anotações para
responder as atividades!
Accenseo, ere = juntar, associar;
Marceo, ere = murchar;
Canto, are = cantar;
Mordeo, ere = morder;
Doceo, ere = ensinar, instruir
Narro, are = narrar;
a) O verbo sum (= eu sou, estou) tem como infinitivo a forma esse,
que significa ser, estar, haver, existir etc.;
b) O verbo possum (= eu posso) tem como infinitivo a forma posse,
que significa poder;
Se você observar bem a conjugação dos dois verbos nos tempos
do infectum, perceberá que eles não respeitam o padrão de sua forma
primitiva, que é o infinitvo:
O verbo sum, esse, nos tempos do infectum:
Educo, are = educar;
Nato, are = are;
Pessoa
Presente
Imperfeito
Futuro
Habeo, ere = ter, possuir;
Paro, are = preparar, proporcionar;
sum
eram
ero
Ignoro, are = desconhecer, ignorar;
Pugno, are = lutar, brigar;
1ª pessoa do
singular
Impleo, ere = encher, completar;
Regno, are = reinar;
2ª pessoa do
singular
es
eras
eris
Invito, are = convidar;
Salto, are = dançar;
erat
erit
Sileo, ere = calar-se, descansar;
3ª pessoa do
singular
est
Irrideo, ere = escarnecer;
Laudo, are = louvar, elogiar;
Timeo, ere = temer, recear;
sumus
eramus
erimus
Ludo, are = jogar;
Vasto, are = destruir, devastar.
1ª pessoa do
plural
2ª pessoa do
plural
estis
eratis
eritis
3ª pessoa do
pulral
sunt
erant
erunt
Nota:
1) Compare a forma do infinitivo esse com as formas finitas da conjugação do verbo sum e perceba que não há um padrão estabelecendo
um radical comum às pessoas e, tampouco, infixos modo-temporais em
relação aos tempos.
50
SEAD/UEPB
I
Língua Latina I
Língua Latina I
I
SEAD/UEPB
51
O verbo possum, posse, nos tempos do infectum:
Pessoa
Presente
Imperfeito
Futuro
1ª pessoa do
singular
Possum
poteram
potero
2ª pessoa do
singular
Potes
poteras
poteris
3ª pessoa do
singular
Potest
poterat
poterit
1ª pessoa do
plural
possumus
poteramus
poterimus
2ª pessoa do
plural
Potestis
poteratis
poteritis
3ª pessoa do
plural
Possunt
poterant
poterunt
Nota:
1) Observando bem, você notará que para a conjugação do verbo
possum nos tempos do infectum basta acrescentar o prefixo pos- antes
de –s e pot- antes de –e, conforme a conjugação do verbo sum. Assim,
“eles são” em latim é “sunt”; para se conseguir “eles podem” em latim,
basta acrescentar pos- à forma sunt que teremos, então, possunt. Da
mesma forma, acrescentando pot- à forma eris, temos poteris; em português, tu poderás.
Atividade II
a. Exercitatio Verborum:
Dê as formas correspondentes em latim:
Sou, eu era, serei, és, eras, serás, ele está, estava, estará, nós existimos, existíamos, existiremos, sois, éreis, sereis, eles existem, existiam, existirão;
Posso, podia, poderei, pode, ela podia, ele poderá, podem, podiam, poderão, podemos, podíamos, poderemos, podes, podias,
poderás, podeis, podíeis, podereis.
b. Lusitane Reddere:
dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
04- Homicida erat nequam.
05- Regina femina est, non dea.
06- Semper esse nequam est perfidia.
07- Cur es hic? Hic sum quia incola sum.
08- Ubi sunt poetae? Ibi sunt.
09- Esse frugi necesse est.
10- Puellae nequam non erunt frugi feminae.
11- Ubi eratis? Ibi eramus.
12- Nequam numquam ero.
13- Necesse non est esse poeta.
14- Nunc estis discipulae sed eritis magistrae.
15- Esse frugi necesse esse poterit.
16- Magistrae ibi esse possunt.
17- Scribarum filiae nunc sunt discipulae sed magistrae esse poterunt.
VOCABULÁRIO:
Agricola, ae = agricultor,
lavrador;
Cur = por que?
Dea, ae = deusa;
Discipula, ae = aluna, discípula;
Et = e;
Femina, ae = mulher;
Filia, ae = filha;
Frugi (subst. invariável) =
honesto, frugal;
Hic = aqui;
Homicida, ae = assassino,
homicida;
Ibi = ali, lá, aí;
Incola, ae = habitante;
Regina, ae = rainha;
Scriba, ae = escrivão;
Sed = mas;
Magistra, ae = professora;
Nauta, ae = marinheiro;
Necesse = necessário, preciso;
Nequam (subst. invariável) =
malvado, perverso;
Non = não;
Numquam = nunca, jamais;
Nunc = agora;
Perfidia = perfídia;
Poeta, ae = poeta;
Possum, posse = poder;
Puella, ae = menina, moça,
garota;
Quia = porque;
Semper = sempre;
Sum, esse = ser, estar, existir;
Ubi = onde;
01- Hic et nunc.
02- Nunc et semper.
03- Sumus nautae, non agricolae.
52
SEAD/UEPB
I
Língua Latina I
Língua Latina I
I
SEAD/UEPB
53
dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
Leituras recomendadas
Para o aprofundamento da 3ª unidade, o aluno deve aprofundar as
leituras. Para a eficácia dos estudos, sugerimos as seguintes leituras:
a. Para Os tempos do infectum, ler o capítulo XIV “Morfologia dos
Verbos”, in: Gramática Latina: para seminários e faculdades, de Júlio
Comba (1991: 77-8; 80; 86-9); “Categorias, classes e conjugações”,
in: Língua e Literatura Latina e sua Derivação Portuguesa, de Oswaldo
Antônio Furlan (2006: 102-13); “1ª Conjugação Ativa”, in: Gramática
Latina, de Napoleão Mendes de Almeida (2000: 37-8);
Autovaliação
Com base nos estudos desta unidade, redija um texto que justifique
a importância dos recursos morfológicos para as expressões gramaticais dos verbos latinos.
b. Para Dois verbos irregulares: “sum” e “possum”, ler “sum – predicativo”, in: Gramática Latina, de Napoleão Mendes de Almeida (2000:
53-5).
Resumo
No primeiro tópico, você aprendeu que os verbos regulares da 1ª
e 2ª conjugações são flexionáveis como os verbos na língua portuguesa, pois apresentam alterações no corpo da palavra que expressam as
categorias gramaticais, tais como conjugação, modo, tempo, número,
formas nominais e aspecto. No entanto, para expressá-las, o verbo
precisa de recursos morfológicos que compõe cada sentido gramatical,
como raiz, vogal temática, desinência número-pessoal e infixo modotemporal. Você também viu que os tempos do infectum são três: presente, imperfeito e futuro e que esses tempos correspondem a um sentido
incompleto quanto ao aspecto da ação verbal. Os exemplos foram
apreciados com os verbos amo, are e moneo, ere, respectivamente.
No segundo tópico, você viu que a irregularidade dos verbos, assim
como na língua portuguesa, é considerada pela alteração parcial ou
total do radical na conjugação de algumas pessoas e tempos verbais,
apresentando um desvio em relação à estrutura originária. Os tempos
do infectum possuem o infinitivo como forma primitiva, mas para os
verbos sum e possum, o padrão reconhecido no primeiro tópico não
servirá, haja vista reconhecermos as irregularidades de flexão desses
verbos que sequer possuem os infixos modo-temporais para lhes designar o imperfeito e o futuro do indicativo. O aluno atento, precisa
aprender cada forma verbal desses irregulares para não se confundir.
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dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
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Referências
IV Unidade
ALMEIDA, Napoleão Mendes de. Gramática Latina: curso único e
completo. 29 ed. São Paulo: Saraiva, 2000.
BOYES, Francis Xavier. Língua Latina I. Recife: Fasa Editora, 1989.
COMBA, Júlio. Gramática Latina: para seminários e faculdades. 4ª ed.
Ver. E adpt. À nomenclatura gramatical brasileira. São Paulo: São Paulo:
Editora Salesiana Dom Bosco, 1991.
FURLAN, Oswaldo Antônio. Língua e literatura latina e sua derivação
portuguesa. Petrópolis: Vozes, 2006.
A organização
da Frase Latina
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Apresentação
Objetivos
Tendo aprendido corretamente como identificar as pessoas e tempos verbais do infectum, você agora precisa compreender algumas regras de organização da frase latina.
Conhecendo algumas palavras de tema em –a, da 1ª declinação, e alguns verbos, você pode, desde já, formar frases. Ao final da 4ª unidade, esperamos que você aprenda
a organizar a frase em latim para identificação e uso dos
casos latinos dos substantivos e dos tempos verbais. Nessa
unidade, esperamos também que você compare a formação
do modo imperativo na língua latina e na língua portuguesa,
bem como a sua associação com o caso vocativo;
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• Organização da frase latina: reconhecer o lugar dos verbos na
frase latina;
• Colocar de forma adequada o caso genitivo nas frases latinas;
• Conhecer as estruturas do modo imperativo, bem como a sua
sintaxe e associação com o caso vocativo;
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mais livre na frase latina, bem como as formas nominais do verbo. O
infinitivo, por exemplo, não precisa vir ao final da frase, como vemos
a seguir:
O lugar dos verbos
na frase latina
Ancilla tunicas lavare non potest.
A empregada não pode lavar as túnicas.
Como vimos na 2ª Unidade, os vocábulos latinos possuem uma
flexibilidade maior quanto à colocação na frase se comparados aos da
língua portuguesa. A característica sintética desses vocábulos permite
uma variação maior no latim, daí nem sempre se apresentarem numa
ordem direta. Em latim, a frase pode ter seus termos trocados de ordem
que não afetará o entendimento da mensagem, mas, se alterarmos as
desinências dos casos, encontraremos outros sentidos.
Apesar da flexibilidade, existem algumas regras para a colocação
de vocábulos na organização da frase. Quando nos deparamos com
uma frase latina, a primeira coisa que devemos fazer é encontrar o verbo. Então, se o verbo expressa ação, comumente é localizado ao final
da frase, com todos os outros elementos lhe antecedendo, inclusive
advérbios, adjuntos e complementos1.
Isso não quer dizer que seja uma regra rígida, mas que freqüentemente o verbo em
latim vem ao final da frase; as exceções
consistem no uso de recursos estilísticoprosódicos que, na maioria das vezes, não
são evidentes aos nossos ouvidos. Por isso,
não estranhe encontrar em outras fontes e
até mesmo neste curso de Língua Latina um
verbo de ação no meio da frase.
1
Assim, o objeto direto, por exemplo, que em latim chamamos acusativo, deve vir antes do verbo. Fato que acontece na língua portuguesa
com ênfase dada ao complemento verbal, especialmente, quando usado de forma poética, porque o termo é estilisticamente reforçado. Em
português de forma geral, o complemento verbal é posposto.
Sobre esse aspecto, Napoleão Mendes de Almeida (2000: 38) lembra-nos que, “em latim, precisamos colocar o objeto direto antes do
verbo transitivo direto”. Assim, a frase “A lua ilumina a terra” fica nesta
ordem:
Discipulas magistra vocabit.
A professora chamará as alunas.
Esse magistrae post instructas puellae poterunt.
Depois de formadas, as moças poderão ser professoras.
No primeiro exemplo, podemos verificar que a forma nominal do
verbo no infinitivo “lavare” (= lavar), tanto em português quanto em
latim, está no meio da frase. Contudo, o verbo finito “pode”, correspondendo a terceira pessoa do singular, vem ao final da frase latina
como “potest”. O mesmo acontece no segundo exemplo, em que não
há correspondência de colocação entre o verbo “vocabit” e “chamará”.
No terceiro exemplo, porém, o infinitivo “esse” topicaliza a frase e o
verbo “poterunt” encerra; a tradução, em português, só permite que o
infinitivo seja posposto ao verbo flexionado: “poderão ser”.
Mesmo flexionado, o verbo sum pode vir em qualquer parte da
frase:
Via est angusta.
Est angusta via.
Angusta via est.
Luna
Suj.
terram
Obj. dir.
illustrat
Verbo trans. dir.
E da mesma forma, a tradução para o português da frase latina não
deve ser “A lua a terra ilumina”, pois devemos transferir o objeto direto para depois do verbo, como é o costume na língua portuguesa. A
anteposição do complemento acontece em latim porque é próprio das
línguas sintéticas, como o grego, o alemão ou o russo. O autor enfatiza
que as línguas sintéticas possuem flexão de caso e essa característica
faz com que exista um padrão que fixa “o complemento antes da palavra completada”. Seja o objeto direto (acusativo) seja o objeto indireto
(dativo); os complementos verbais, grosso modo, devem vir antes do
predicador (verbo).
As três frases acima podem ser traduzidas como “A rua é estreita”.
Em português, podemos inverter o sujeito e seu atributo, de modo que
a frase pode ser “Estreita é a rua”. Com a inversão, incide uma carga
enfática sobre o predicativo, que se realça com a topicalização. Porém,
o verbo de ligação continua no meio da sentença. A segunda frase
latina “Est angusta via”, por causa da topicalização do verbo “est”,
pode também ser traduzida “Há uma rua apertada” ou “existe uma rua
apertada”, assim, a topicalização do verbo “sum” exige uma acuidade na hora da tradução, pois est pode significar “é”, “está”, “há” ou
“existe”.
Ainda com relação à regra de ordem na colocação do verbo, você
deve saber que o verbo sum, que é verbo de ligação, tem localização
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A colocação do
genitivo na frase
Atividade I
a. De acordo com as possibilidades de uso do verbo sum, aplique a flexão verbal
concordante com o sujeito e, em seguida, traduza para o português de forma
adequada:
01.Vaca no caminho (= vacca in via)
02.Rosas na mesa (= rosae in mensa)
03.Menina doente (= puella aegrota)
04.Aluna aplicada (= discipula sedula)
05.Marinheiros no bar (= nautae in taberna)
06.Professora severa (= magistra severa)
dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
O caso genitivo requer um cuidado especial, pois ele traduz a função do adjunto adnominal restritivo, e como em latim não existe a preposição para indicar o sentido de posse, a desinência e sua disposição
na frase devem indicar com precisão essa relação. Assim, o genitivo
possui o substantivo mais próximo de si na oração.
Vamos lembrar as terminações do genitivo:
A terminação do genitivo singular é –ae;
A terminação do genitivo plural é –arum;
Quanto à função, o genitivo pode ser possessivo ou partitivo, assim:
b. Latine vertere:
Isso não quer dizer que seja uma regra rígida, mas que freqüentemente o verbo em
latim vem ao final da frase; as exceções
consistem no uso de recursos estilísticoprosódicos que, na maioria das vezes, não
são evidentes aos nossos ouvidos. Por isso,
não estranhe encontrar em outras fontes e
até mesmo neste curso de Língua Latina um
verbo de ação no meio da frase.
1
Onde está a harpa de Maria?
01.Lúcia é filha de um lavrador honesto.
02.A patroa chamará as empregadas e criadas.
03.O escrivão demonstrará a culpa do homicida
04.Por que existe falta d’água aqui?
05.Estávamos mostrando o caminho aos estrangeiros2.
06.As lágrimas não evitarão o castigo.
07.Não será preciso viajar de navio.
08.Contei uma fábula às filhas da empregada.
Ubi esta harpa Mariae?
A frase acima traduz um sentido de posse completa da coisa possuída, no caso uma harpa. Portanto, Maria possui a harpa toda e não
uma parte dela.
O genitivo partitivo indica também a posse e traz no próprio nome
a indicação que temos com este genitivo uma parte da coisa possuída
e não a sua totatilidade. Assim:
Vocabulário:
Água = aqua, ae;
Escrivão = scriba, ae;
Uma grande quantidade de rosas.
Copia rosarum.
Aqui = hic;
Estrangeiro = advena, ae;
Lúcia = Lucia,ae;
Caminho = via, ae;
Evitar = vito, are;
Mostrar = monstro, are;
Castigo = poena, ae;
Existir = sum, esse;
Não = non;
Chamar = voco, are;
Fábula = fabula, ae;
Patroa = domina, ae;
Contar = narro, are;
Falta = inópia, ae;
Por que = cur;
Criada = famula, ae;
Filha = filia, ae;
Preciso = necesse;
Culpa = culpa, ae;
Honesto = frugi (subst. invariável);
Ser = sum, esse;
Demonstrar = demonstro, are;
Homicida = homicida, ae;
Viajar de navio = navigo, are;
Empregada = ancilla, ae;
Lágrima = lacrima, ae;
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Uma falta de modéstia.
Inopia modestiae.
Lavrador = agricola, ae;
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Uma multidão de piratas.
Turba piratarum.
Uma concha d’água.
Concha aquae.
Logo, uma parte das rosas, um pouco de modéstia, muitos piratas
e uma quantidade de água indicam, em todos os casos, uma relação
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partitiva da coisa possuída. Porém, para termos certeza da relação de
posse na oração latina, não podemos colocar um genitivo entre dois
substantivos, porque isso pode causar confusão na hora de traduzir.
Observe a frase abaixo:
Ancilla dominae filiam castigabit.
Atividade II
a. Forme estruturas nominais de posse com as palavras dadas:
Na frase, o genitivo dominae está entre a palavra ancilla e filiam, de
modo que há duas possibilidades de tradução: “A empregada castigará
a filha da patroa” ou “A empregada da patroa castigará a filha”. Por
isso, devemos evitar colocar o genitivo entre dois substantivos para não
ocorrer esse tipo de confusão. Há outras maneiras mais adequadas de
formular a frase com precisão. Partindo da idéia de que a filha a ser
castigada é a da patroa, teremos:
As asas (ala,ae) da galinha (gallina, ae);
Os altares (ara, ae) das igrejas (ecclesia, ae);
A audácia (audacia, ae) dos piratas (pirata, ae);
A culpa (culpa, ae) do assassino (homicida, ae);
Uma carência (inopia, ae) de alimento (esca, ae);
As garras (ungula, ae) das águias (aquila, ae).
dica. utilize o bloco
Dominae filiam ancilla castigabit.
de anotações para
responder as atividades!
Ancilla filiam dominae castigabit.
b. Latine vertere:
01.Os convidados da patroa estão aqui.
Ancilla filiam castigabit dominae.
02.Os piratas devastarão as terras dos agricultores.
A tradução nas três frases é a mesma: “A empregada castigará a filha da patroa”. Desse modo, não há como confundir a noção de posse
nos três exemplos, porque o substantivo mais próximo do genitivo dominae é filiam em todos os exemplos, ou seja, a patroa possui uma filha e
não a empregada. Na primeira frase, o genitivo é topicalizado, caracterizando a posse do substantivo subseqüente; na segunda, o genitivo
só pode se relacionar com o termo antecessor, pois que o seguinte é o
verbo; no terceiro exemplo, vemos a possibilidade de interposição do
verbo, ao deslocar o genitivo para o final da frase evitando, assim, a
dubiedade na tradução.
03.A professora ensina as filhas do poeta.
04.Recentemente, narramos uma fábula para as alunas da professora Júlia.
Vocabulário:
Agricultor = agricola, ae;
Júlia = Iulia, ae;
Aluna = duiscipula, ae;
Narrar = narro, are;
Aqui = hic;
Patroa = domina, ae;
Convidado = conviva, ae;
Pirata = pirata, ae;
Devastar = vasto, are;
Poeta = poeta, ae;
Ensinar = educo, are;
Professora = magistra, ae;
Estar = sum, esse;
Recentemente = nuper;
Fábula = fabula, ae;
Terras = terra, ae;
Filha = filia, ae;
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1ª conjugação verbal, amo: ama + te = amate (vós) – amai5;
2ª conjugação verbal, video: vide + te = videte (vós) – vede;
O caso vocativo e o
modo imperativo
Para recobrar o assunto, ver “A sintaxe dos
casos”, na Unidade II.
3
Agora, observe como são colocados o vocativo e o verbo no modo
imperativo na organização da frase latina:
Como já estudamos, o vocativo é o caso do chamamento e vem
separado do restante da frase por vírgula, de modo que não devemos
confundi-lo com o sujeito da oração, embora tenha as mesmas desinências do nominativo3. Assim, o vocativo indica uma interpelação ou
uma injunção dirigida a um (tu) ou vários (vós) interlocutores. Sintaticamente, ele não exerce uma função, tanto é que vem isolado no enunciado. Ele é apenas um chamamento para a abertura do canal, para
manter o interlocutor atento à mensagem, como no exemplo: Pedro,
vem aqui agora! Nele, o sujeito é o pronome tu oculto e não Pedro,
que é o vocativo.
O caso vocativo não possui desinências próprias. Ele, na 1ª declinação, adota as desinências do nominativo, singular e plural:
Observe que para formar o imperativo da
2ª pessoa do plural em português, também
basta retirar o “s”característico. Assim, vós
amais sem o “s” resulta no imperativo amai
vós; da mesma forma, vós vedes sem o “s”
resulta no imperativo vede vós.
5
Poetae, narrate fabullam! (Poetas, narrai uma fábula!)
Agricola, vide magnam silvam! (Agricultor, vê a grande mata!)
Puellae, amate poetas! (meninas, amai os poetas!)
Perceba que todas as frases são exclamativas, porquanto expressam
uma ordem ou um apelo. Também, os vocábulos poetae, agricola e
puellae não são os sujeitos da oração, embora tragam as terminações
do caso nominativo: –a e –ae. Necessariamente, o sujeito das orações
são os pronomes TU e VÓS ocultos nas frases. Outra característica importante é que o vocativo topicaliza a frase, uma vez que tem a função
comunicativa de abrir o canal, e o verbo, nesse caso, é colocado logo
após a vírgula, de modo que seu complemento – o acusativo nos três
exemplos – vem depois.
Vocativo singular: -a
Vocativo plural: -ae
Quando usamos o vocativo, é bastante comum empregarmos os
verbos no modo imperativo, porque expressa uma ordem ou um apelo,
através de um comando ou de um simples pedido. Em latim, o imperativo presente ativo é bem simples. Basicamente, possui duas pessoas
verbais usualmente empregadas nos enunciados: a 2ª pessoa do singular e do plural.
A formação do imperativo na 2ª pessoa do singular é o próprio
tema da palavra ou, como na língua portuguesa, basta retirar o “s”
característico da desinência número-pessoal do presente do indicativo.
Note como se forma o vocativo na primeira e na segunda conjugação:
Lembre-se de que no português também
é só retirar o “s” da segunda pessoa de
tu amas: retira-se o “s” e temos ama tu;
da mesma forma tu vês, retira-se o “s” e
temos vê tu. Ainda, é preciso lembrar que
em português temos a forma pronominal
“você” que – embora exija concordância
com a terceira pessoa – é um tratamento de
interlocução. Os mesmo verbos usados no
imperativo, dirigindo-se a “você”, fica: ame
você e veja você.
4
1ª conjugação verbal, amo: (tu) amas; retira-se o s = ama (tu)4;
2ª conjugação verbal, video: (tu) vides; retira-se o s = vê (tu);
Já para formar o imperativo na 2ª pessoa do plural é necessário
anexar ao tema do verbo a desinência –te. Desse modo, você não
encontrará dificuldade, pois só precisa acrescentar a desinência às
formas já obtidas no exemplo anterior. Então,
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Língua Latina I
Atividade III
a. Com base na aula, encontre as formas do imperativo, em português6 e em
latim, da 2ª pessoa do singular e do plural dos verbos arrolados:
Quando for colocar o imperativo em Português, procure manter um padrão ao se
reportar ao pronome “tu” ou “você”; melhor
será se você apresentar as duas possibilidades, pois não deixaremos de observar a sua
habilidade.
Impleo, ere = encher;
Laudo, are = louvar;
Curo, are = cuidar;
Habeo, ere = ter;
Manduco, are = comer;
Remeo, are = voltar;
Gaudeo, ere = alegrar-se;
6
b. Lusitane reddere:
Discipula, recita fabulam!
Servae, ornate mensam deae et aram!.
Mea filia, voca servas!
Agricolae, irrigate terram!
Aurigae, indicate poetae villae viam advenis!
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dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
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Vocabulário
Advena, ae = estrangeiro;
Mea = minha;
Agricola, ae = agricultor;
Mensa, ae = mesa;
Ara, ae = altar;
Orno, are = enfeitar, ornar;
Auriga, ae = condutor;
Poeta, ae = poeta;
Dea, ae = deusa;
Recito, are = recitar;
Discipula, ae = aluna;
Serva, ae = escrava;
Et = e;
Terra, ae = terra;
Fabula, ae = fábula;
Via, ae = caminho;
Filia, ae = filha;
Villa, ae = casa de campo;
Indico, are = indicar;
Voco, are = chamar;
Irrigo, are = regar, irrigar;
Leituras recomendadas
Para o melhor entendimento dos conteúdos estudados nesta Unidade,
você deve procurar ler:
a. Para “O lugar dos verbos na frase”, ver “1ª
conjugação ativa”, in: Gramática Latina, de
Napoleão Mendes de Almeida (2000: 38); e
“Regra de ordem de palavra n. 2”, in: Língua
Latina I, de Francis Xavier Boyes (1989: 19);
b. Para “A colocação do genitivo na frase” ver
Regra de ordem de palavra n. 1”, in: Língua Latina I, de Francis Xavier Boyes (1989: 17); e “normas para tradução”, in: Gramática Latina, de
Napoleão Mendes de Almeida (2000: 34-6);
c. Para “O caso vocativo e o modo imperativo,
ver: “Vocativo”, in: Programa de Latim, de Júlio
Comba (2000: 20-1); e “Lição 57: o imperativo”, in: Gramática Latina, de Napoleão Mendes de Almeida (2000: 246-7).
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Resumo
No primeiro tópico, você viu que o verbo latino, embora mais flexível quanto à colocação do que na língua portuguesa, comumente
vem ao final da frase quando expressa ação. Apesar da flexibilidade,
existem regras para a colocação dos verbos na organização da frase.
A primeira coisa que devemos fazer ao considerar uma frase em latim
é identificar o verbo. Então, se o verbo expressa ação, facilmente será
localizado ao final da frase, com todos os outros elementos lhe antecedendo, inclusive advérbios, adjuntos e complementos. O objeto direto,
por exemplo, que em latim chama-se acusativo, deve vir antes do verbo. Contudo, Quando se trata do verbo de ligação, a colocação pode
variar. Então, o verbo sum, que é verbo de ligação, tem localização
mais livre na frase latina, bem como as formas nominais do verbo. O
infinitivo, por exemplo, não precisa vir ao final da frase.
No segundo tópico, vimos que o caso genitivo requer um cuidado
especial, pois traduz a função do adjunto adnominal restritivo, e como
em latim não existe a preposição para indicar o sentido de posse, a
desinência e sua disposição na frase devem indicar com precisão essa
relação. Assim, o genitivo possui o substantivo mais próximo de si na
oração. Há duas formas de genitivo: o possessivo, que indica uma posse total da coisa possuída, e o partitivo indicando uma posse parcial.
Outra consideração importante é saber que devemos evitar colocar o
genitivo entre dois substantivos para não ocorrer dubiedade quanto à
tradução, pois existem outras maneiras adequadas de formular a frase
com precisão.
No terceiro tópico, vimos que o vocativo é o caso do chamamento
e vem separado do restante da frase por vírgula, de modo que não
deve ser confundido com o sujeito da oração, apesar de possuir as
mesmas desinências do nominativo. O vocativo indica uma interpelação ou uma injunção dirigida a um (tu) ou vários (vós) interlocutores.
Sintaticamente, ele não exerce uma função, por isso vem isolado no
enunciado. Ele é um chamamento para a abertura do canal, para
manter o interlocutor atento à mensagem, como no exemplo: Pedro,
vem aqui agora! Nele, o sujeito é o pronome tu oculto e não Pedro,
que é o vocativo. O caso vocativo não possui desinências próprias,
posto que adota as desinências do caso nominativo. Quando usamos
o vocativo, é bastante comum empregarmos os verbos no modo imperativo, porque expressa uma ordem ou um apelo, através de um comando ou de um simples pedido. Em latim, a formação do imperativo
presente ativo é bem simples, já que ele possui duas pessoas verbais
usualmente empregadas nos enunciados: a 2ª pessoa do singular e
a do plural. Para formar o imperativo da 2ª pessoa do singular basta
encontrar o tema do verbo ou, como na língua portuguesa, basta retirar o “s” característico da desinência número-pessoal. Já para formar
o imperativo na 2ª pessoa do plural é necessário anexar ao tema do
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verbo a desinência –te. Outra característica importante é que o vocativo topicaliza a frase, uma vez que tem a função comunicativa de
abrir o canal, e o verbo, nesse caso, é colocado logo após a vírgula,
de modo que seu complemento – o acusativo e/ou o dativo – vem
depois. Lembre-se de que no português também é só retirar o “s” da
segunda pessoa, como em tu amas: retira-se o “s” e temos ama tu; da
mesma forma, tu vês: retira-se o “s” e temos vê tu. Também, é preciso
lembrar que em português temos a forma pronominal “você” que –
embora exija concordância com a terceira pessoa – é um tratamento
de interlocução. Os mesmo verbos usados no imperativo, dirigindo-se
a “você”, fica: ame você e veja você. Para a segunda pessoa do Plural
em português, também basta retirar o “s”característico, como em vós
amais: sem o “s” resulta no imperativo amai vós; da mesma forma,
vós vedes: sem o “s” resulta no imperativo vede vós.
Referências
ALMEIDA, Napoleão Mendes de. Gramática Latina: curso único e
completo. 29 ed. São Paulo: Saraiva, 2000.
BOYES, Francis Xavier. Língua Latina I. Recife: Fasa Editora, 1989.
COMBA, Júlio. COMBA, Júlio. Programa de Latim: 1º. Volume –
introdução à língua latina. 16 ed. São Paulo: Editora Salesiana Dom
Bosco, 2000.
Autovaliação
Recapitulando a Unidade e com base no conhecimento sobre as
características sintéticas da língua latina e as características analíticas
da língua portuguesa, compare as duas línguas explicando as ordens
de colocação do verbo e do substantivo na organização de frases.
dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
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V Unidade
Algumas
particularidades
da Frase Latina
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Apresentação
A frase latina é diferente da frase em língua portuguesa
pela natureza de seus atributos morfossintáticos. Não temos
um vasto repertório de desinências para indicar a função
sintática em português. Não obstante essa diferença, existem semelhanças entre as línguas, a exemplo dos “pluralícios”: os substantivos que só se empregam no plural. Outras
vezes, existem características próprias da língua que devem
ser adaptadas na hora de uma tradução. Por exemplo, em
latim existem verbos que pedem um duplo acusativo; seria o
caso de, em português, termos um duplo objeto direto, em
vez de uma bitransitividade, ou seja, um objeto direto e um
indireto.
Ao final desta unidade, esperamos que você conheça
aessas especificidades do latim, além de conhecer os principais advérbios e de saber formar frases interrogativas.
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Objetivos
• Algumas particularidades da frase latina: identificar os substantivos que só se flexionam conforme as desinências de plural,
bem como a sua concordância;
• Reconhecer a regência dos verbos que pedem um duplo acusativo e a morfossintaxe dos advérbios latinos;
• Formar as primeiras frases interrogativas;
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75
Agora, aprecie a relação de alguns pluralícios da primeira declinação:
Pluralícios ou Pluralia Tantum:
Substantivos que só
existem no plural
A língua portuguesa possui substantivos que só existem no plural,
como: exéquias, férias, óculos, Estados Unidos, etc. Esses substantivos
exigem concordância no plural, justamente por carecerem da forma
singular. Assim, façamos a análise das frases a seguir:
Os Estados Unidos são ricos e, por isso, politicamente fortes.
Os óculos ficaram muito bons em mim.
As tuas férias foram adiadas para o próximo mês.
As exéquias de meu avô ainda não foram celebradas.
Nelas, os verbos concordam com os substantivos em número, flexionando no plural juntamente com os atributos do sujeito pluralício:
ricos, fortes, bons, adiadas, celebradas, porque devem concordar com
aquele em gênero e número.
Da mesma forma, o latim possui seus pluralícios e os verbos também devem ir para o plural quando o nominativo for um substantivo
que só existe no plural. Desse modo, o termo “Pluralício”, ou a locução
substantiva “Pluralia Tantum” como também é conhecido, designa tanto
em português quanto em latim a relação desses nomes só existentes no
plural.
Athenae, arum = Atenas;
Bracae, arum = calça;
Deliciae, arum = prazer, encanto, delícias;
Divitiae, arum = riqueza;
Epulae, arum = banquete;
Exsequiae, arum = cortejo fúnebre, funeral, enterro, exéquias;
Indutiae, arum = trégua;
Insidiae, arum = emboscada, cilada;
Minae, arum = ameaça;
Nuptiae, arum = casamento, bodas, núpcias;
Reliquiae, arum = resto, restos;
Scalae, arum = escada, escadaria;
Scopae, arum = vassoura;
Sinae, arum = China;
Syracusae, arum = Siracusa;
Tenebrae, arum = escuridão, trevas;
Thermae, arum = banhos quentes, sauna, termas;
Thermopylae, arum = Termópilas;
Venetiae, arum = Veneza.
Repare que após a vírgula, todos os indicativos do genitivo também
estão no plural –arum da primeira declinação, uma vez que esses nomes substantivos carecem da forma singular e, dessa forma, só flexionam no plural em todos os casos.
Portanto, um pluralício é um substantivo que não encontramos no
singular, pois só se declina no plural:
Nauta est in thermis. = O marinheiro está na sauna.
Athenae sunt in Graecia. = Atenas fica na Grécia.
O “s” da palavra Atenas não é indicativo de
plural em português, mas resquício do caso
acusativo desta palavra, que era pluralício
em latim.
1
Veja que os pluralícios sublinhados acima não correspondem a pluralícios em português – e o inverso também pode acontecer. A palavra
sauna e a cidade de Atenas1 não são pluralícios em português. Na
primeira frase, o caso ablativo está expresso com a desinência de plural
–is; na segunda, o nominativo possui a desinência –ae, única possibilidade para os pluralícios da primeira declinação. O segundo exemplo
deixa isso mais evidente, pois o verbo sunt, indicativo da terceira pessoa
do plural, é traduzido em português para o singular: fica. Se a tradução
do verbo corresponde à sua forma original de plural, a frase ficaria sem
sentido. Por isso, é imprescindível a sua perspicácia para perceber algumas destas peculiariedades apresentadas na estrutura frasal latina.
Atividade I
Decline apenas os nomes próprios da relação de pluralícios acima, traduzindo
os casos para o português, conforme o estudo relalizado na segunda unidade.
dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
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SEAD/UEPB
I
Língua Latina I
Língua Latina I
I
SEAD/UEPB
77
Verbos que regem
um duplo acusativo
Deusa = dea, ae;
Minerva = Minerva, ae;
frequentemente = saepe;
Sabedoria = sapientia, ae;
Habitantes gregos = [incolae
Graeciae];
Ser = sum, esse;
Logo = itaque;
suplicar = obsecro, are;
Certos verbos em latim, em vez de serem bitransitivos, são duplamente transitivos, isto é, em vez de terem um objeto direto e um indireto, têm dois objetos diretos. O latim possui poucos verbos que regem
o duplo acusativo, mas precisamos conhecê-los. São apenas quatro
verbos da primeira conjugação que regem um duplo acusativo:
Os principais
advérbios latinos
CELO, ARE (= esconder, ocultar);
OBSECRO, ARE (= suplicar);
ORO, ARE (= pedir);
ROGO, ARE (= pedir, rogar, perguntar).
NOTA - Rogasvit traduz-se par ao perfeito,
pois traz o -v, desinência modo-temporal do
perfectum, tempo verbal que veremos na
unidade VII.
Assim, na frase “Ancilla pecuniam scribam rogasvit” (= A empregada pediu dinheiro ao escrivão), temos um duplo acusativo, porque
o verbo rogo rege de maniera exepcional os seus complementos. Em
português, o objeto direto “dinheiro” tem correspondência com acusativo “pecuniam”, e, nisso, a analogia da tradução segue o padrão.
Entretanto, o segundo complemento “ao escrivão”, que é objeto indireto em português, não corresponde ao dativo em latim, e, sim, ao
acusativo novamente. Isso acontece porque o verbo rogo não rege em
nehuma circunstância o dativo e, dessa maneira, possui sempre um
duplo acusativo.
A classe gramatical dos advérbios tem características muito semelhantes em português e em latim. A princípio, o advérbio corresponde
àquela palavra que é colocada junta ao verbo com a função de modificá-lo, podendo, ainda, modificar um adjetivo ou o próprio advérbio.
A idéia de “modificar” uma classe de palavra é compreendida gramaticalmente pelo acréscimo de uma idéia. Por exemplo, no caso de “Rua
estreita”, a palavra “rua” está sendo modificada pelo adjetivo “estreita”,
que imprime uma caracterísitica particular ao vocábulo rua: a de ser
estreita e não larga. Contudo, se à frase for acrescentado o advérbio
“muito” – “rua muito estreita”, esse modifica o adjetivo.
Então, a palavra que modifica o substantivo chama-se adjetivo,
mas a que modifica o verbo, o adjetivo ou o próprio advérbio chamase advérbio. Por exemplo, “O palestrante discursou admiravelmente”.
No exemplo, a palavra admiravelmente é o advérbio, pois é ela que
adiciona uma idéia a ação de discursar, indicando a forma admirável
pela qual o palestrante discursou.
Os advérbios são divididos em grupos segundo as circunstâncias
que indicam. Segundo Napoleão Mendes de Almeida (2000: 142-3),
as principais circunstâncias que um advérbio pode indicar são “lugar”,
“tempo” e “modo”:
Atividade II
Latine vertere:
Lugar
Ubi = onde;
Quo = aonde, para onde;
Unde = donde, de onde;
Qua = por onde;
Hic = aqui;
Ibi = ali, lá, aí;
01. Minerva era a deusa da sabedoria; logo os habitantes gregos
suplicavam frequentemente sabedoria à deusa Minerva.
dica. utilize o bloco
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Vocabulário
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Língua Latina I
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SEAD/UEPB
79
Tempo
Cotidie = diariamente, todos os dias;
Cras = amanhã;
Deinde = depois, em seguida;
Diu = por muito tempo;
Dum = enquanto (durante o tempo em que);
Heri = ontem;
Hodie = hoje;
Nunc = agora;
Postridie = no dia seguinte;
Pridie = na véspera;
Saepe = frequentemete, muitas vezes;
Semper = sempre;
Simul = ao mesmo tempo, simultaneamente;
Atividade III
Com base nos advérbios latinos, construa 3 frases usando advérbios de lugar,
3 frases usando advérbios de tempo e 3 frases usando advérbios de modo (o
vocabulário é o conhecido nos estudos até agora realizados3).
Modo
Bene = bem;
Male = mal;
Facile = facilmente;
Difficile = dificilmente;
Fortiter = fortemente, corajosamente;
Feliciter = felizmente;
Prudenter = prudentemente;
Quoque = também;
As frases interrogativas
Em português, quando a frase interrogativa começa com um pronome interrogativo – que, qual, quem, quanto, quando, etc. – é fácil
identificar que se trata de uma pergunta.
Assim como no português, o advérbio latino é invariável, ou seja,
não flexiona em nehuma circunstância, quanto ao número, quanto ao
gênero e, tampouco, quanto aos casos.
Alguns advérbios são derivações de adjetivos, isso implica dizer que
a formação desses advérbios comporta uma alteração mínima em relação à palavra primitiva da qual se origina. Então, para formar um advérbio, tomamos o genitivo singular masculino do adjetivo e mudamos
a terminação “i” para “e”, como no exemplo:
Perceba que os radicais das palavras continuam os mesmos para os adjetivos masculinos e femininos como para os advérbios, o
que muda são as desinências.
2
Adj. fem.
nominativo
Adj.
fem.
genitivo
Adj. masc.
nominativo
Adj. asc.
genitivo
Advérbio
latino2
Tradução
Laet-a
-ae
Laet-us
-i
Laet-e
Alegremente
Ver-a
-ae
Ver-us
-i
Ver-e
Verdadeiramente
Modic-a
-ae
Modic-us
-i
Modic-e
Moderadamente
Mal-a
-ae
Mal-us
-i
Mal-e
Mal
Miser-a
-ae
Mis-er
-i
Miser-e
Miseravelmente
Pigr-a
-ae
Pig-er
-i
Pigr-e
Preguiçosamente
Pulchr-a
-ae
Pulch-er
-i
Pulchr-e
Lindamente
Evidentemente, há exceções para essa regra: o advérbio do adjetivo
bonus (= bom) é bene (= bem) e o do adjetivo multus (= muito) é valde
( = muito), de modo que não podemos aplicar a regra anteriormente
vista em todos os casos.
80
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I
Língua Latina I
Que horas são?
Quem disse?
Quem mandou?
Quanto custa?
Quantas peças vieram?
Qual o preço?
Qual o nome do candidato?
Entretanto, quando a pergunta não possui esses indicativos e, por
se tratar de uma comunicação oral, também não possui o sinal de interrogação, a entonação interrogativa deve dar ênfase à sentença. Desse
modo, a entonação interrogativa distingue a sentença das outras classes existentes: a afirmativa ou negativa, a exclamativa e a de comando,
que possuem outras entonações.
Em latim não existe uma entonação interrogativa. Todavia, quando
queremos perguntar alguma coisa sem o uso de pronome interrogativo,
devemos usar nonne, num ou a partícula interrogativa enclítica –ne.
Embora não tenham uma tradução específica na língua portuguesa,
essas palavras atuam semanticamente nas frases interrogativas:
a. Usa-se Nonne quando se cria uma expecativa para uma resposta
afirmativa.
Nonne Mariam invitavisti?
Convidaste maria, não foi?
Língua Latina I
I
SEAD/UEPB
81
Quanto à colocação do advérbio latino,
lembre-se de que ele modifica a palavra
subsequente, isto é, o advérbio deve vir imediatamente antes da palavra que ele modivifica, no caso, antes do verbo.
3
dica. utilize o bloco
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b. Usa-se Num quando se cria uma expectativa para uma resposta
negativa.
Non invitavi.
Não convidei.
Num Mariam Invitavisti?
Não convidaste Maria, convidaste?
c. Usa-se –Ne quando não se sabe se a resposta será afirmativa
ou negativa.
1) Para respostas afirmativas, basta repetir o verbo, às vezes com
vero ou sane, ou usar simplesmente: Ita, ita est, sic, etiam, sane, utique.
Assim,
Pergunta:
Invitavistine Mariam?
Convidaste Maria?
Invitavistine Mariam?
Convidaste Maria?
Notas:
a. Perceba você que em português não possuímos partículas para
expressar uma expectativa com relação à resposta a ser dada. Todavia,
podemos enfatizar o final da pergunta. Vejamos:
1. Para a expectativa afirmativa, colocamos o advérbio de negação “não” mais o uso enfático do verbo “ser” flexionado no mesmo
tempo do verbo expresso na oração interrogativa; como “colocaste” é
perfeito, o verbo “ser” também deve vir no perfeito, caracterizando a
expectativa: “não foi?”.
2. Para a expectativa negativa, basta colocar o advérbio “não” antes do verbo na oração interrogativa e, na parte enfática da frase, após
a vírgula, repitimos o verbo da mesma forma que foi conjugado na
sentença: “convidaste?”.
b. Nonne ou Num é sempre a primeira palavra da oração.
c. A partícula interrogativa enclítica –ne não expressa expectativa
alguma e sequer tem traduçào, pois é apenas sinal de uma pergunta.
Quando a oração não começa com pronome interrogativo (cur, quando, quid, quo, quomodo, quot, ubi, unde, etc.), devemos colocar -ne no
fim da primeira palavra da oração que frequentemente é o verbo, mas
que pode ser qualquer outra palavra importante (BOYES, 1989: 25).
Contudo, a resposta não precisa confirmar a expectativa lançada na
pergunta, pois, segundo Boyes (1989:31), “A maneira de formular a pergunta nada tem a ver com a resposta, isto é, pode-se esperar uma resposta
afirmativa e receber uma resposta negativa”. Temos, assim, as respsotas:
Pergunta:
Nonne Mariam Invitavisti?
Convidaste Maria, não foi?
82
Resposta:
SEAD/UEPB
I
Língua Latina I
Resposta:
Invitavi (= convidei);
Etiam (= sim);
Utique (= é claro que sim);
Sane [invitavi] (= certamente [convidei]);
2) Para respostas negativas, basta repetir o verbo com non, ou usar
simplesmente non ou minime. Assim,
Pergunta:
Invitavistine Mariam?
Convidaste maria?
Resposta:
Non invitavi (= não convidei);
Non (= não);
Minime (= de jeito nenhum).
Alguns Pronomes interrogativos:
Cur = por que;
Qualis = qual, de que espécie;
Quam = quanto (sing.);
Quamdiu = há quanto tempo;
Quamobrem = por que razão;
Quando = quando, em que tempo;
Quid = o que;
Quis (m.) Quae (f.) = quem;
Quomodo = como, de que modo;
Quonam = aonde, para onde;
Quot = quantos (pl.);
Uter = qual dos dois;
Língua Latina I
I
SEAD/UEPB
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Atividade IV
a. Formule duas frases interrogativas sem pronome interrogativo e dê-lhes
respostas. Em seguida, formule duas frases interrogativas com o uso de
pronome interrogativo.
b. Lusitane Reddere:
Ver correção
do professor
dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
01. Syracusae sunt in insula Sicilia.
02. Nonne luna viam nautis indicat?
03. Post pugnam Israelitas indutias Persae rogabunt.
04. Mendicas vel medicinis vel eleemosynis iuvare poteritis.
05. Num sunt scalae in agricolarum taberna?
06. Nonne magistra Martha est valde bona et Iusta?
07. Bracae aurigam Galbam valde delectabunt.
08. Sapientiam et scientiam desidero, non divitias.
09. Scopis areneas quinque ancilla nuper necabat.
10. Licentiam reginam Iuliam scriba Seneca nunc orat.
11. Num Luciae ancilla mendicis reliquias escae dat?
12. Tenebris et procellae angustias intrare non potueramus.
13. Sunt angustiae prope Thermopylas in Graecia.
Bona = boa;
Bracae, arum = calça;
Delecto, are = agradar;
Desidero, are = desejar;
Divitiae, arum = riqueza;
Do, are = dar;
Eleemosyna, ae = esmola;
Esca, ae = comida;
84
Iuvo, are = ajudar;
Licentia, ae = licença;
Lucia, ae = Lúcia;
Luna, ae = lua;
Magistra, ae = professora;
Martha, ae = Marta
Medicina, ae = remédio;
Mendica, ae = mendiga;
Regina, ae = rainha;
Reliquiae, arum = resto;
Rogo, ae = pedir
Sapientia, ae = sabedoria;
Scalae, arum = escada;
Scalae, arum = escada;
Scientia, ae = ciência;
Scopae, arum = vassoura;
Scriba, ae = escrivão, secretário;
Seneca, ae = Sêneca;
Sicilia, ae = Sicília;
Sum,esse = ser, estar, haver, existir;
Syracusae, arum = Siracusa;
Taberna, ae = loja;
Tenebrae, arum = escuridão;
Thermopylae, arum = Termópila;
Valde = muito;
Vel = ou;
Via, ae = Caminho;
Nauta, ae = marinheiro;
Leituras recomendadas
Vocabulário
Agricola, ae = agricultor;
Ancilla, ae = empregada;
Angustiae, arum [pl.] = desfiladeiro;
Aranea, ae = aranha;
Auriga, ae = cocheiro;
Et = e;
Galba, ae = Galba;
Graecia, ae = Grécia
Graecia, ae = Grécia;
in = em, no(a);
Indico, ae = indicar
Indutiae, arum = trégua;
Instraelita, ae = istraelita;
Insula, ael = ilha;
Intro, are = entrar
Iulia, ae = Júlia
Iusta, ae = justa
Nauta, ae = marinheiro;
Neco, are = matar;
Non = não;
Nunc = agora;
Nuper = há pouco tempo, recentemente;
Oro, are = pedir;
Persa, ae = persa;
Possum, posse = poder;
Post = depois de;
Procella, ae = tempestade;
Prope = perto de;
Pugna, ae = luta, briga;
Quinque = cinco;
SEAD/UEPB
I
Língua Latina I
Para o aprofundamento desta Unidade, você deve procurar ler o material sugerido.
a. Para o primeiro tópico “Substantivos que só existem no plural”, ler
“Lectio XIII - pluralícios”, Língua Latina I, de Francis Xavier Boyes
(1989: 28); “1a declinação”, in: Gramática Latina, de Napoleão
Mendes de Almeida (2000: 33).
b. Para segundo tópico “Verbos que regem um duplo acusativo”, ler
“Verbos que regem um duplo acusativo”, in: Língua Latina I, de
Francis Xavier Boyes (1989: 28); “Duplo Acusativo”, in: Gramática
Latina, de Napoleão Mendes de Almeida (2000: 424-5).
c. Para o terceiro tópico “Os principais advérbios latinos”, ler “Lectio
XXXVIII – Formação de Advérbios”, in: Língua Latina I v.II, de Francis
Xavier Boyes (1989); “Principais advérbios e preposições”, in: Gra-
Língua Latina I
I
SEAD/UEPB
85
mática Latina, de Napoleão Mendes de Almeida (2000: 142-3);
“Capítulo VII – Advérbios”, in: Compêndio de Gramática Latina, de
Maria Ana Almendra e José Nunes de Figueiredo (2003: 118-24);
“As classe não flexionáveis – advérbios”, in: Língua Latina, de Janete
Melasso Garcia (1997: 21).
d. Para o quarto tópico “As frases interrogativas”, ler “Lectio XIII – Perguntas com NONNE e NUM”, in: Língua Latina I, de Francis Xavier
Boyes (1989: 28); “Lição 87 – interrogatvas”, in: Gramática Latina,
de Napoleão Mendes de Almeida (2000: 3916); “Anexo 2”, in:
Compêndio de Gramática Latina, de Maria Ana Almendra e José
Nunes de Figueiredo (2003: 125).
Resumo
Num primeiro momento, estudamos que o protuguês e o latim possuem substantivos que só existem no plural, como: exéquias, férias,
óculos, Estados Unidos, etc. Esses substantivos exigem concordância
no plural por carecerem da forma singular. Nas frases cujo sujeito é
um pluralício, os verbos concordam com ele em número, flexionando
no plural. Quando o verbo for de ligação, o predicativo adjetivo deve
também estabelecer concordância em gênero e número. O termo “Pluralício”, também conhecido pela locução substantiva “Pluralia Tantum”,
designa que esses nomes substantivos só existentes no plural. Portanto,
um pluralício é um substantivo que não tem forma no singular e só
se declina no plural. Lembre-se que os pluralícios latinos não correspondem necessariamente a pluralícios em português. Por exemplo, a
palavra sauna e a cidade de Atenas não são pluralícios em português,
mas são em latim Thermae, arum e Athenae, arum. Lembre-se também
que, após a vírgula, todos os indicativos do genitivo também estão no
plural –arum, uma vez que esses nomes substantivos carecem da forma
singular e, dessa forma, só flexionam no plural em todos os casos.
Num segundo momento, vimos que alguns verbos latinos – CELO,
OBSECRO, ORO, ROGO –, em vez de serem bitransitivos, são duplamente transitivos, porque têm dois objetos diretos. Assim, na frase
“Ancilla pecuniam scribam rogavit” (= A empregada pediu dinehiro ao
escrivão), temos um duplo acusativo, pois o verbo rogo rege de maniera exepcional os seus complementos. Em português, o objeto direto
“dinheiro” tem correspondência com o acusativo “pecuniam”, e, nisso,
por analogia, segue o padrão. Entretanto, o segundo complemento
“ao escrivão”, que é objeto indireto em português, não corresponde ao
dativo em latim, e, sim, ao acusativo novamente. Isso acontece porque
o verbo rogo não rege em nehuma circunstância o dativo e, dessa maneira, possui sempre um duplo acusativo.
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SEAD/UEPB
I
Língua Latina I
Numa terceira instância, apreciamos a classe gramatical dos advérbios latinos, suas características e semelhanças com o português. Vimos
que o advérbio é aqulea palavra que é colocada junta ao verbo com
a função de modificá-lo, mas podendo, também modificar um adjetivo
ou o próprio advérbio. A idéia de “modificar” uma classe de palavra
é compreendida gramaticalmente pelo acréscimo de uma idéia. Por
exemplo, a palavra que modifica o substantivo chama-se adjetivo, mas
a que modifica o verbo, o adjetivo ou o próprio advérbio chama-se advérbio. Os advérbios são divididos em grupos segundo as circusntâncias que indicam. Para Napoleão Mendes de Almeida (2000: 142-3),
as principais circusntâncias que um advérbio pode indicar são “lugar”,
“tempo” e “modo”. O advérbio é invariável em portugês e em latim, ou seja, não flexiona em nehuma circustância, quanto ao número,
quanto ao gênero e, tampouco, quanto aos casos. Alguns advérbios
latinos são derivações de adjetivos, isso implica dizer que a formação
desses advérbios comporta uma alteração mínima em relação à palavra
primitiva da qual se origina. Então, para formar um advérbio, tomamos
o genitivo singular masculino do adjetivo e mudamos a terminação “i”
para “e”. Todavia, há exceções para essa regra: o advérbio do adjetivo
bonus (= bom) é bene (= bem) e o do adjetivo multus (= muito) é valde
( = muito), de modo que não podemos aplicar a regra anterormente
vista em todos os casos.
Por fim, estudamos a formação de frases interrogativas. Vimos que,
em português, quando a frase interrogativa começa com um pronome
interrogativo – que, qual, quem, quanto, quando, etc. – é fácil identificar
que se trata de uma pergunta. Entretanto, quando a pergunta não possui
esses indicativos e, por se tratar de uma comunicação oral, também não
possui o sinal de interrogação, a entonação interrogativa deve dar ênfase à
sentença. A entonação interrogativa distingue a senteça das outras classes
existentes: a afirmativa ou negativa, a exclamativa e a de comando, que
possuem outras entonações. Em latim não existe uma entonação interrogativa. Todavia, quando queremos perguntar alguma coisa sem o uso de
pronome interrogativo, devemos usar nonne, num ou a partícula interrogativa enclítica –ne. Embora não tenham uma tradução específica na língua
portuguesa, essas palavras atuam semanticamente nas frases interrogativas: usa-se Nonne quando se cria uma expecativa para uma resposta
afirmativa; usa-se Num quando se cria uma expectativa para uma resposta
negativa; e usa-se –Ne quando não se sabe se a resposta será afirmativa
ou negativa. Contudo, a resposta não precisa confirmar a expectativa
lançada na pergunta, pois de acordo com Boyes (1989:31) “A maneira de
formular a pergunta nada tem a ver com a resposta, isto é, pode-se esperar uma resposta afirmativa e receber uma resposta negativa”. Para respostas afirmativas, basta repetir o verbo, às vezes com vero ou sane, ou usar
simplesmente Ita, ita est, sic, etiam, sane, utique. Para respostas negativas,
basta repetir o verbo com non, ou usar simplesmente non ou minime.
Língua Latina I
I
SEAD/UEPB
87
Sugerimos que você, aluno (a), adquira e
leia na integra o livro Análise do poema, da
Norma Godstein. Afim de que você possa ter
conhecimento, de maneira mais aprofundada, dos recursos expressivos do poema.
VI Unidade
Autovaliação
dica. utilize o bloco
Com base nesta unidade, redija um texto fazendo um levantamento
de aspectos que distinguem a composição de frases latinas em relação às
frases feitas em língua portuguesa.
de anotações para
responder as atividades!
Referências
ALMEIDA, Napoleão Mendes de. Gramática Latina: curso único e
completo. 29 ed. São Paulo: Saraiva, 2000.
ALMENDRA, Maria Ana; FIGUEIREDO, José Nunes de. Compêndio de
Gramática Latina. Porto: Porto editora, 2003.
BOYES, Francis Xavier. Língua Latina I. Recife: Fasa Editora, 1989.
GARCIA, Janete Melasso. Língua Latina: a teoria sintática na prática dos
textos. Brasília: Unb, 1997.
Os nomes de tema em “o”:
a 2ª declinação
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I
Língua Latina I
Língua Latina I
I
SEAD/UEPB
89
Apresentação
Objetivos
Até o momento, os estudos de língua latina, bem como
as atividades realizadas a cada tópico, contaram apenas
com nomes de tema em –a, pertencentes à primeira declinação. A partir dessa unidade, incorporamos nomes da segunda declinação, de tema em –o. Portanto, ao cabo desta
unidade, esperamos que você identifique as diferenças que
consignam particularidade aos substantivos da segunda declinação quando contrastados com os da primeira, além de
conhecer o gênero neutro.
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SEAD/UEPB
I
Língua Latina I
• Substantivos de tema em –o: Estudar e identificar as estruturas
que permitem a composição dos nomes da 2ª declinação;
• Saber usar os substantivos cognatos masculinos e femininos
quando empregados com desinência especial de gênero;
• Identificar o gênero neutro da 2ª declinação e as suas particularidades desinenciais;
Língua Latina I
I
SEAD/UEPB
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2. Veja que Dominus é do gênero masculino e Humus do gênero
feminino, mas ambos os vocábulos possuem as mesmas terminações
em todos os casos, no singular e no plural.
Nomes de tema em –O
Morfema é o elemento linguistico mínimo
significativo ou dotado de significado para a
formação das palavras, como o morfema de
número –s, para o plural, ou -0 (zero), para
o singular.
1
Em latim, todos os nomes de países são
do gênero feminino, a exemplo de Brasilia,
nome latino do Brasil.
2
Para você saber qual o tema dos substantivos latinos, basta retirar o
RUM do genitivo plural das declinações. O genitivo plural da primeira
declinação é –arum, o da segunda declinação é –orum; retirando-lhes
o rum da desinência, encontramos o tema dos nomes pertencentes às
declinações. Portanto, dizemos que a primeira declinação possui substantivos de tema em –a e a segunda declinação possui substantivos de
tema em –o. É importante conhecer os temas das declinações, porque
eles constituem morfemas1 históricos para a língua portuguesa.
A segunda declinação possui nomes de gênero masculino em sua
maioria, uma pequena parcela de nomes de gênero feminino e, ainda,
nomes de gênero neutro. Alguns nomes femininos terminados em –us
– ficus (= figueria), malus (= macieira), pirus (= pereira), lauros (=loureiro) – são nomes de árvores; outros – Aegyptus (= Egito), Cyprus (=
Chipre) – são nomes de países2; e há alguns outros que são femininos
em latim, mas com a derivação para a língua portuguesa, perderam a
noção histórica primitiva de gênero, adotando o gênero masculino em
sua evolução por causa do tema, assim como: methodus (= o método),
periodus (= o período), dialectus (= o dialeto).
Se a primeira declinação possui uma entrada para o nominativo
singular em -a, a segunda declinação fixa quatro desinências para o
nominativo singular. Assim, a segunda declinação possui nomes em
–us, –er, –ir e –um.
Nomes de tema em –o, terminados em –US:
singular
Nominativo
Genitivo
4. As exceções acima aludidas são a nomes em –us da segunda
declinação, cuja última letra do radical é –i ou –e como filius (= filho),
o nome próprio Orbilius (= Orbílio) e o pronome possessivo meus (=
meu) que farão o vocativo singular em –i; respectivamente: Fili, Orbili e
mi. O vocativo plural desses nomes volta a ser igual ao nominativo.
Nomes de tema em –o, terminados em –ER:
cancer, cri m. (= caranguejo); socer, i m. (= sogro).
Caso
singular
plural
singular
Domin-us
Domin-i
Hum-us
Hum-i
Domin-i
Domin-orum
Hum-i
Hum-orum
Acusativo
Domin-um
Domin-os
Hum-um
Hum-os
plural
Dativo
Domin-o
Domin-is
Hum-o
Hum-is
Ablativo
Domin-o
Domin-is
Hum-o
Hum-is
Vocativo
Domin-e
Domin-i
Hum-e
Hum-i
singular
plural
Nominativo
Cancer
Cancr-i
Socer
Socer-i
Genitivo
Cancr-i
Cancr-orum
Socer-i
Socer-orum
Acusativo
Cancr-um
Cancr-os
Socer-um
Socer-os
Dativo
Cancr-o
Cancr-is
Socer-o
Socer-is
Ablativo
Cancr-o
Cancer-is
Socer-o
Socer-is
Vocativo
Cancer
Cancer-
Socer
Socer-i
1. Para encontrar o radical de qualquer substantivo latino, você só
precisa retirar a desinência do genitivo singular. Essa medida é importante porque, nem sempre, o radical do vocábulo, existente na maioria
dos casos, coincide com o nominativo singular, que dá nome ao substantivo. Dessa forma, a palavra cancer pertence ao grupo de nomes da
segunda declinação que perdem o –e na passagem para o genitivo,
forma que servirá para compor os demais casos no singular e no plural.
A palavra socer, por sua vez, pertence ao grupo que conserva o –e:
Notas:
Grupo que perde o –e no genitivo: arbiter, tri (= árbitro, juiz); ager, gri (= campo, lavoura); faber, bri
(= operário, artífice, marceneiro); magister, tri (=
professor); coluber, bri (= cobra); minister, tri (=
ajudante, servente, ministro); aper, pri (= javali);
caper, pri (= bode); Auster, tri (vento do sul, o sul);
liber, bri (= livro)3.
1. Todos os nomes cujo genitivo singular é –i pertencem à segunda
declinação, assim você não tem como confundi-los com os nomes da
primeira declinação, que têm o genitivo singular em –ae, ou com qualquer outro nome das três declinações ainda não vistas.
92
plural
Notas:
dominus, i m. (= senhor, patrão); humus, i f. (= terra, chão, solo)
Caso
3. Os nomes em –US da segunda declinação, salvo as exceções,
possuem o vocativo em –e, configurando o único grupo das cinco declinações que não tem o caso vocativo igual ao nominativo.
SEAD/UEPB
I
Língua Latina I
Língua Latina I
I
SEAD/UEPB
93
O substantivo liberi, liberorum só existe no
plural e significa filhos; além dessa particularidade ele conserva o –e em todos casos,
por isso não se confunde com liber, bri (=
livro).
3
Grupo que conserva o –e no genitivo: puer, i (= rapaz,
menino, garoto); adulter, i (=adúltero); armiger, i
(= escudeiro); gener, i (= genro); presbyter, i (=
ancião, presbítero, sacerdote); signifer, i (= portabandeira, porta-estandarte); vesper, i (= tardinha,
noitinha, o Oeste).
2. Perceba que todas as palavras em –ER que perdem o –e no genitivo e demais casos geram um encontro consonantal. É por isso que
após a vírgula, além da desinência –i do genitivo singular, é preciso
destacar que há uma alteração fonemática nessa passagem que precisa vir caracterizado no verbete Ex: Cancer, cri – com a queda do –e,
gerou-se o encontro consonantal “cr”.
Singular
Plural
Nom. deus
di (dii; dei)*
Gen. dei
deorum (deum)*
Acu. deum
deos
Dat.
deo
dis (diis; deis)*
Abl.
deo
dis (diis; deis)*
Voc. deus
di (dii; dei)*
3. Para os dois grupos, o vocativo singular é sempre igual ao nominativo, independente da queda característica do –e no primeiro grupo.
4. É muito importante saber o genitivo desses substantivos juntamente com o nominativo, pois se a vogal “-e” desaparece no genitivo,
ela também desaparece em toda a declinação; se ela é mantida no
genitivo, é também mantida em toda a declinação.
Nome de tema em –o, terminado em –IR:
a. Exercitatio Declinationis;
Gladius, ii (= espada); filius, ii (= filhos) equus, i (= cavalo); vicus, i
m. (= aldeia); fluvius, ii (= rio); faber, bri (= operário); puer, i (= menino);
gener, i (= genro); culter, tri (= faca).
Atividade I
Vir, i (= homem, varão)
Caso
Singular
plural
Nominativo
Vir
Vir-i
Genitivo
Vir-i
Vir-orum
Acusativo
Vir-um
Vir-os
Dativo
Vir-o
Vir-is
Ablativo
Vir-o
Vir-is
Vocativo
Vir
Vir-i
b. Latine Vertere:
01.Amanhã, os homens da aldeia sacrificarão quatro touros e oito
bodes a Baco.
02.Eu voltava da escola todos os dias com os filhos do professor de
retórica.
03.Meu filho, escuta a boa música das flautas!
Nota:
1. Existe apenas um nome na segunda declinação que termina em
–IR: VIR, VIRI.
2. Perceba que o vocativo é igual ao nominativo e que, apesar das
particularidades de cada grupo, as desinências mantêm-se em todos os
casos para os nomes terminados em –us, –er e –ir.
Com relação aos asteriscos (*): você deve
preferir a primeira forma (di, deorum, deos,
dis, dis, di), pois as outras formas são menos comuns.
4
dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
Existem substantivos importantes que não possuem uma regularidade
na declinação dos casos. Um exemplo é o substantivo Deus. Este substantivo declina-se regularmente no singular, mas no plural é irregular4.
94
SEAD/UEPB
I
Língua Latina I
Língua Latina I
I
SEAD/UEPB
95
Vocabulário:
Aldeia = vicus, i;
Homem = vir, i;
Amanhã = cras;
Meu = meus;
Baco = Bachus, i;
Música = musica, ae;
Boa = bona;
Oito = octo
Bode = caper, pri;
Professor = magister, tri;
Com = cum (prep. rege o ablat.);
Quatro = quattuor;
E = et;
Retórica = rhetorica;
Escola = schola, ae;
Sacrificar = immolo, are;
Escutar = ausculto, are
Todos os dias = cotidie;
Filho = filius, ii;
Touro = taurus, i;
Flauta = tibia, ae;
Voltar = Remeo, ere;
Animabus
Deabus
Filiabus
Libertabus
Famulabus
Natabus
Mulabus
Equabus
Asinabus
Então:
1) Os substantivos, acima da primeira declinação, sempre têm a
terminação –abus no dativo e no ablativo plural.
Magistram merendam discipulis et discipulabus dedit.
A professora deu merenda aos alunos e às alunas.
Entretanto, as desinência dos casos dativo e ablativo plural nas
duas declinações são idênticas: –is. Então, como fazer para saber se
um substantivo cognato é masculino ou feminino, quando estão flexionados em um desses casos? Quando isso ocorre, há uma alteração desinencial especial para o nome de gênero feminino, que será em –abus.
Napoleão Mendes de Almeida (2000, p. 47) explica que “o latim adota
para a 1ª declinação a desinência abus para o dativo e ablativo plural”.
Então, para evitar confusão é que existe essa desinência diferencial de
gênero.
Apesar disso, o autor exibe uma relação de substantivos femininos
da primeira declinação que sempre terão a terminação em –abus em
vez de –is no dativo e ablativo plural. Assim acontece com os seguintes
casos:
I
Anima, ae (f.) = alma;
Dea, ae (f.) = deusa;
Filia, ae (f.) = filha;
Liberta, ae (f.) = livre;
Famula, ae (f.) = criada;
Nata, ae (f.) = filha, nascida;
Mula, ae (f.) = mula;
Equa, ae (f.) = égua;
Asina, ae (f.) = jumenta, burra;
Exemplo:
Em latim, existem muitos substantivos que possuem cognatos noutra
declinação, com raiz idêntica. Assim, a primeira declinação possui um
número considerável de substantivos femininos correlatos a cognatos
masculinos da segunda declinação. Como a maioria das desinências
da primeira e da segunda declinação não coincide, fica fácil diferenciar
o substantivo masculino do feminino apesar do mesmo radical.
SEAD/UEPB
Dat. e Ablat. Plural
2) Os outros substantivos femininos que têm um substantivo masculino idêntico têm a terminação –abus no dativo e no ablativo plural
obrigatoriamente quando eles vêm na mesma oração com tal substantivo masculino, mesmo que os dois substantivos estejam em casos
diferentes.
Substantivos cognatos
masculinos e femininos
96
1ª declinação
Língua Latina I
Famuli in culina cum famulabus cantant.
Os criados estão cantando com as criadas na cozinha.
Atividade II
Com base no estudo sobre cognatos da primeira e da segunda declinação,
traduza para o português as seguintes frases:
a. Lusitane reddere:
01.Sane columbi cum columbabus circum lacunam saepe volant.
02.Vitulos et agnos dis et deabus pagani olim immolabant.
03. Cum pluvit, sponsi cum suis sponsabus ecclesiam velociter intraverunt.
04.Catulis et catulabus cibum alumni vidui nuper dederunt.
05.Agos ab agnabus mihi vetula cras separabit.
Língua Latina I
I
SEAD/UEPB
97
dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
Vocabulário:
Agna, ae = cordeira;
Lacuna, ae = lagoa;
Agnus, i = cordeiro;
Mihi = para mim;
Alumnus, i = filho de criação, filho
adotivo;
Nuper = recentemente;
Catula, ae = filhote, cadelinha;
Olim = antigamente;
Catulus, i = filhote, cachorrinho;
Paganus, i = pagão;
Circum = em volta de (rege acus.);
Pluvit (perf.) = [choveu]*;
Columba, ae = pomba;
Saepe = frequentemente;
Columbus, i = pombo;
Sane = realmente;
Cras = amanhã
Separo, are = separar;
Cum = com (rege ablat.);
Sponsa, ae = noiva;
Cum = quando;
Sponsus, i = noivo;
Dea, ae = deusa;
Suis = suas;
Dederunt cibum (perf.) =
[alimentaram]*;
Velociter = depressa;
Deus, i = deus;
Vetula = velhinha;
Ecclesia, ae = igreja;
Viduus, i = viúvo;
Et = e;
Vitulus, i = bezerro, novilho;
Intraverunt (perf.) = [entraram]*;
Volo, are = voar;
Nota:
Os verbetes que estão com asterisco (*) são verbos flexionados no
perfeito do indicativo, tempo verbal ainda não estudado. Para esses
casos, você só precisa usar os verbos, transcrevendo-os como estão.
Nomes de tema em –o
terminados em UM
Os nomes terminados em –um da segunda declinação são os de
gênero neutro. A 1ª declinação não possui o gênero neutro e a maioria
de seus vocábulos é do gênero feminino. Embora possua resíduos do
neutro, na língua portuguesa só há o masculino e o feminino na divisão
dos gêneros gramaticais, muito embora possua neutros restados na derivação dos pronomes: isto, isso, aquilo, em oposição a este/esta, esse/
essa, aquele/aquela, que possuem gênero preciso – ou é masculino ou
é feminino. Assim, a língua portuguesa conservou nomes masculinos e
femininos, mas os nomes de gênero neutro, segundo Furlan (2006, p.
323), “assumiram em geral o gênero masculino.”
Por sua vez, o latim contrapõe masculino e feminino ao neutro.
A própria origem do termo “neutro” explica a oposição: vem de “neutrum”, que significa nenhum dos dois. O pronome interrogativo Uter,
utra, utrum (= qual dos dois), do qual o nome “neutro” se origina,
exige uma definição entre um ou outro elemento, daí a indeterminação
da palavra neutrum, que designa nem um e nem outro, ou seja, nem
masculino nem feminino.
É comum pensarmos que, originariamente, o latim, assim como as
demais línguas que possuem o gênero neutro, aplicava-o em relação a
seres entendidos como não animados em contraposição aos animados,
que seriam masculinos ou femininos. Todavia, o latim não obedece a
esse padrão, ainda que o neutro seja o gênero de muitos conceitos
abstratos, como peccatum, i (= pecado, erro, crime), que pode significar muitas coisas. Entretanto, pode ser como bellum, i (= guerra),
que tem sentido mais preciso ou oppidum, i (= cidade) que, apesar
de significar cidade, não obsta os nomes das cidades que são todos
femininos. O iumentum, i (= animal de carga), por exemplo, não é um
conceito abstrato e tampouco um ser inanimado, daí que não poderia
se enquadrar em nenhuma das duas prerrogativas.
São neutros da segunda declinação as seguintes palavras:
argentum, i (= prata);
institutum, i (= costume);
bellum, i (= guerra);
iumentum, i (= animal de carga);
bracchium, i (= braço);
lignum, i (= madeira, pau, lenha;
árvore);
colloquium, i (= conversa);
officium, i (= dever, cargo);
concilium, i (= reunião, assembléia);
oppidum, i (= cidade);
consilium, i (= plano, projeto, conselho); periculum, i (= perigo);
98
SEAD/UEPB
I
Língua Latina I
Língua Latina I
I
SEAD/UEPB
99
damnum, i (= prejuízo, dano);
pilum, i (= dardo);
deversorium, i (= hospedaria, hotel)
plubum, i (= chumbo, bala de chumbo);
factum, i (= fato, feito, façanha);
regnum, i (= poder real, poder absoluto,
reino);
fatum, i (= destino, fado);
saxum, i (= pedra)
frumentum, i (= cereal, cereais; trigo,
milho);
telum,i (= arma ofensiva);
imperium, i (= comando, governo,
império);
verbum, i (= palavra);
Obs.: Veja que todos os verbetes de vocábulos de gênero neutro
possuem as mesmas características: todos os neutro da segunda declinação terminam em –UM, que será sempre a desinência do nominativo
singular. Você deve ter muito cuidado para não confundir o nominativo
singular neutro com o acusativo singular dos outros nomes masculinos
e femininos da segunda declinação, porque eles têm a desinência –um
para esse caso, embora sua função sintática seja completamente diferente daquela. Note também que a desinência após a vírgula é –i, que
é o genitivo singular de todos os nomes da segunda declinação, sem
exceção.
Os nomes neutros da segunda declinação mantêm o seguinte padrão flexional:
Bellum, i (= guerra); donum, i (= presente)
Contudo, pertence à segunda declinação três vocábulos neutros irregulares, ou seja, que não se flexionam da forma padrão apresentada.
São eles vulgus, i (= povo, vulgo), virus, i (= peçonha, veneno) e pelagus,
i (= mar, alto mar, mar profundo).
Caso
Singular
Singular
Singular
Nominativo
Vulg-us
Vir-us
Pelag-us
Genitivo
Vulg-i
Vir-i
Pelag-i
Acusativo
Vulg-us
Vir-us
Pelag-us
Dativo
Vulg-o
Vir-o
Pelag-o
Ablativo
Vulg-o
Vir-o
Pelag-o
Vocativo
Vulg-us
Vir-us
Pelag-us
Notas:
1. Os três vocábulos só se empregam no singular. Esses casos são
conhecidos pelo termo “singularia tantum”, grupo de substantivos que
não possuem plural.
2. Os casos acusativo e vocativo também são obtidos com a desinência –us, uma vez que todos os neutros possuem três casos iguais.
Então, você mantenha uma atenção especial para esses vocábulos,
para não confundir as funções de seu emprego.
Caso
singular
plural
singular
plural
Nominativo
Bell-um
Bell-a
Don-um
Don-a
Genitivo
Bell-i
Bell-orum
Don-i
Don-orum
Acusativo
Bell-um
Bell-a
Don-um
Don-a
Dativo
Bell-o
Bell -is
Don-o
Don-is
Nominativo
-a
-us, -er, -ir e -um
Ablativo
Bell-o
Bell -is
Don-o
Don-is
Genitivo
-ae
-i
Vocativo
Bell-um
Bell-a
Don-um
Don-a
Acusativo
-am
-um
Dativo
-ae
-o
Ablativo
-a
-o
Vocativo
-a
-e, -i e igual ao
nominativo
Nominativo
-ae
-i
-a
Quadro comparativo de desinências da 1ª e 2ª declinação
Casos
2. Não confunda a terminação (–a) do plural dos neutros com um
nome singular da primeira declinação.
2ª Declinação
Singular:
Nota:
1. O aspecto mais significativo da flexão dos neutros da segunda
declinação é o fato dele possuir três casos idênticos. Desse modo, os
casos nominativo, acusativo e vocativo terão SEMPRE as mesmas desinências, independente de serem da segunda, terceira ou quarta declinação. No momento, o que importa saber é que a segunda declinação
tem para os casos iguais: –um, no singular, e –a, no plural.
1ª Declinação
Plural:
Genitivo
-arum
Acusativo
-as
-orum
-os
-a
Dativo
-is (-abus)
Is
Ablativo
-is (-abus)
Is
Vocativo
-ae
-i
-a
3. As desinências dos demais casos – genitivo, dativo e ablativo –
serão as mesmas dos outros nomes da 2ª declinação.
100
SEAD/UEPB
I
Língua Latina I
Língua Latina I
I
SEAD/UEPB
101
Atividade III
a. Quais as características fundamentais que distinguem os vocábulos da 1ª e
2ª declinações? Compare e Justifique.
b. Reflita sobre o que pode fundamentar a existência do gênero neutro enquanto
categoria gramatical na língua latina; podemos afirma que não há “neutro” em
nenhuma hipótese na língua portuguesa?
de anotações para
responder as atividades!
01-Mundus est Dei templum.
02-Amicus est donum Dei.
03-Bella quidem vulgo damna semper parant.
05-Cur vicinorum colloquia semper auscultas?
06-Virorum fatum sane ignoramus.
07-Erant septem statuae ex plumbo in platea.
08-Gladius hastaque* et pilum sunt tela.
09-In principio erat Verbum, et Verbum erat apud Deum, et Deus
erat Verbum.
(*) A particular enclítica –que ao final da palavra tem o mesmo significado da conjunção et.
Vocabulário:
Amicus, i = amigo;
Paro, are = proporcionar;
Apud = junto a, em (rege o acus.);
Pilum, i (n.) = dardo;
Ausculto, are = escultar;
Platea, ae = praça;
Bellum, i (n.) = guerra;
Plumbum, i = chumbo;
Colloquium, ii (n.) = conversa;
Pricipium, ii (n.) = princípio;
Concilium, i (n.) = reunião;
-que (enclítico) = e;
Cur = por que;
Quidem = na verdade;
Damnum, i (n.) = prejuízo;
Sane = sem dúvida;
Deus, i = Deus;
Semper = sempre;
Donum, i (n.) = presente;
Septem = sete;
SEAD/UEPB
Ex = de (rege o abl. de matéria);
Sum, esse = ser, estar, haver;
Fatum, i (n.) = destino
Telum, i (n.) = arma ofensiva;
Gladius, i = espada;
Templum, i (n.) = templo;
Hasta, ae = lança;
Turbaverunt (perf.) = [incomodaram];
Ignoro, are = desconhecer;
Valde = muito;
In = em (rege ablativo)
Verbum, i = palavra, verbo;
Legatus, i = embaixador;
Vicinus, i = vizinho;
Mundus, i = mundo;
Vir, i = homem;
Nuntius, ii = mensageiro;
Vugus, i (n.) = povo;
É sempre muito bom manter o nível de compreensão! Para tanto,
a matéria aqui vista deve ser aprofundada com a leitura regular dos
textos sugeridos. Por isso, organize a sua agenda de leituras com as
indicações, para isentar qualquer dúvida existente, e não deixe de procurar os tutores para os esclarecimentos.
04-Nuntii verba in concilio legatos valde turbaverunt.
102
Statua, ae = estátua;
Chegamos ao final de mais uma unidade. Você está de parabéns,
pois se manteve concentrado e venceu mais um desafio! Especialmente,
nesta unidade, você entrou em contato com novos padrões flexionais
característicos da 2ª declinação. Conheceu um grande número de
vocábulos masculinos e viu que o gênero neutro é uma categoria gramatical do Latim que não existe na língua portuguesa, muito embora
existam resíduos pronominais que podemos considerar neutros, como
isto, isso, aquilo.
c. Latine Vertere:
dica. utilize o bloco
Et = e;
I
Língua Latina I
Leituras recomendadas
Para ler Nomes de tema em –o, ler: “Temas em o - 2ª declinação – Genit.
do sing.: I”, in: Compendio de Gramática Latina, de Maria Ana
Almendra e José Nunes de Figueiredo (2003, p. 30-4); “Lição 11
– 2ª declinação”, in: Gramática Latina, de Napoleão Mendes de
Almeida (2000, p. 44-6).
Para ler Substantivos Cognatos Masculinos e Femininos, ler: “Lição 12 –
2ª declinação: algumas observações”, in: Gramática Latina, de
Napoleão Mendes de Almeida (2000, p. 46-8); “Substantivos que
terminam em –ABUS em vez de IS no Dativo e Ablativo Plural”, in:
Literatura Latina I, de Francis Xavier Boyes (1989); “Terminações”,
in: Não Perca o seu Latim, de Paulo Rónai (2002, p. 193).
Para ler Nomes de Tema em –o Terminados em –UM, ler: “Gêneros: resíduos
do neutro”, in: Língua e Literatura Latina e sua Derivação Portuguesa, de Oswaldo Antônio Furlan (2006, p. 323-4); “Morfologia dos
substantivos: introdução às declinações”, in: Gramática Latina para
Seminários e Faculdades, de Júlio Comba (1991, p. 19-21).
Língua Latina I
I
SEAD/UEPB
103
Resumo
No primeiro tópico, você viu que para saber qual o tema dos substantivos latinos, basta retirar o RUM do genitivo plural das declinações.
Assim, retiramos o rum respectivamente de –arum e –orum e encontramos
o tema –a, da primeira declinação, e o tema –o, da segunda declinação. A segunda declinação possui nomes de gênero masculino em sua
maioria, uma parcela de nomes de gênero feminino e, ainda, nomes
de gênero neutro. Se a primeira declinação possui uma entrada para o
nominativo singular em -a, a segunda declinação fixa quatro desinências para o nominativo singular: –us, –er, –ir e –um. Todos os nomes cujo
genitivo singular é –i pertencem à segunda declinação, assim você não
tem como confundi-los com os nomes da primeira declinação, que têm
o genitivo singular em –ae. Para encontrar o radical de qualquer substantivo latino, você só precisa retirar a desinência do genitivo singular. Essa
medida é importante porque, nem sempre, o radical do vocábulo coincide com o nominativo singular, que dá nome ao substantivo. Todas as
palavras em –ER que perdem o –e no genitivo e demais casos geram um
encontro consonantal. Existe apenas um nome na segunda declinação
que termina em –IR: VIR, VIRI. E, finalmente, você viu que o substantivo
Deus declina-se regularmente no singular, mas no plural é irregular.
No segundo tópico, você conheceu que a 1ª e a 2ª declinações
possuem substantivos cognatos, com raiz idêntica. Assim, a primeira declinação possui um número considerável de substantivos femininos correlatos a cognatos masculinos da segunda declinação. Como a maioria
das desinências da primeira e da segunda declinação não coincide, fica
fácil diferenciar o substantivo masculino do feminino apesar do mesmo
radical. Entretanto, as desinência dos casos dativo e ablativo plural nas
duas declinações são idênticas: –is. Então, como fazer para saber se um
substantivo cognato é masculino ou feminino, quando estão flexionados
em um desses casos? Quando isso ocorre, há uma alteração desinencial
especial para o nome de gênero feminino, que será em –abus. Napoleão
Mendes de Almeida (2000, p. 47) explica que “o latim adota para a 1ª
declinação a desinência abus para o dativo e ablativo plural”. Então,
para evitar confusão é que existe essa desinência diferencial de gênero.
No último tópico, você aprendeu que os nomes terminados em –um
da segunda declinação são os de gênero neutro e que, embora possua
resíduos do neutro, a língua portuguesa só possui o masculino e o feminino como gêneros gramaticais. Ainda assim, podemos considerar neutros alguns pronomes, como isto, isso, aquilo, em oposição a este/esta,
esse/essa, aquele/aquela, que possuem gênero preciso – ou é masculino ou é feminino. A língua portuguesa conservou nomes masculinos e
femininos, mas os nomes de gênero neutro, segundo Furlan (2006, p.
323), “assumiram em geral o gênero masculino.” Por sua vez, o latim
contrapõe masculino e feminino ao neutro. A própria origem do termo
104
SEAD/UEPB
I
Língua Latina I
“neutro” explica a oposição: vem de “ne-utrum”, que significa nenhum
dos dois. O pronome interrogativo Uter, utra, utrum (= qual dos dois),
do qual o nome “neutro” se origina, exige uma definição entre um ou
outro elemento, daí a indeterminação da palavra neutrum, que designa
“nem um e nem outro”, ou seja, nem masculino nem feminino. É comum
pensarmos que, originariamente, o latim, assim como as demais línguas
que possuem o gênero neutro, aplicava-o em relação a seres entendidos como não animados em contraposição aos animados, que seriam
masculinos ou femininos. Todavia, o latim não obedece a esse padrão,
ainda que o neutro seja o gênero de muitos conceitos abstratos, como
peccatum, i (= pecado, erro, crime), que pode significar muitas coisas.
Entretanto, iumentum, i (= animal de carga) não é um conceito abstrato
e tampouco um ser inanimado, daí que não poderia se enquadrar em
nenhuma das duas prerrogativas. Você aprendeu ainda que todos os verbetes de vocábulos de gênero neutro possuem as mesmas características:
terminam em –UM e têm três casos iguais: o nominativo, o acusativo e
o vocativo, ou seja, –um, no singular, e –a, no plural. As desinências dos
demais casos – genitivo, dativo e ablativo – serão as mesmas dos outros
nomes da 2ª declinação. Ainda assim, existem três neutros irregulares:
vulgus, i (= povo, vulgo), virus, i (= peçonha, veneno) e pelagus, i (= mar,
alto mar, mar profundo). Os três vocábulos só se empregam no singular
e são conhecidos pelo termo “singularia tantum”, grupo de substantivos
que não possuem plural. Para esses, os casos acusativo e vocativo também são obtidos com a desinência –us, uma vez que todos os neutros
possuem três casos iguais.
Autovaliação
A língua portuguesa não possui o gênero neutro, mas tem resíduos
do neutro restados nos pronomes. Além disso, o conceito de neutro
ultrapassa os limites gramaticais, sobretudo, quando abrange um sentido de indeterminação ou abstração. Termos genéricos como “coisa”,
“negócio” ou “isso” muitas vezes referem-se a um conceito que encerra
uma “incerteza” quanto ao gênero. Ao refletir sobre tais considerações,
compare a língua portuguesa ao latim, tendo como parâmetro o conceito de gênero.
dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
Língua Latina I
I
SEAD/UEPB
105
Referências
VII Unidade
ALMEIDA, Napoleão Mendes de. Gramática Latina: curso único e
completo. 29 ed. São Paulo: Saraiva, 2000.
ALMENDRA, Maria Ana; FIGUEIREDO, José Nunes de. Compêndio de
Gramática Latina. Porto: Porto editora, 2003.
BOYES, Francis Xavier. Língua Latina I. Recife: Fasa Editora, 1989.
CARDOSO, Zélia Almeida. Iniciação ao Latim. 5 ed. São Paulo: Ática,
2003. (Série Princípios).
COMBA, Júlio. Gramática Latina para Seminários e Faculdades. 4 ed. rev.
e adpt. São Paulo: Editora Salesiana Dom Bosco, 1991.
FURLAN, Oswaldo Antônio. Língua e literatura latina e sua derivação
portuguesa. Petrópolis: Vozes, 2006.
RÓNAI, Paulo. Não Perca o seu Latim. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
2002.
Morfologia Verbal:
os tempos do “perfectum”
106
SEAD/UEPB
I
Língua Latina I
Língua Latina I
I
SEAD/UEPB
107
Apresentação
Com relação à morfologia verbal, você viu a 1ª e 2ª
conjugações na Unidade III, sob os padrões flexionais dos
tempos do infectum: presente, imperfeito e futuro. Também,
você aprendeu a reconhecer os verbos na flexão do modo
imperativo, bem como sua colocação na frase. Viu que existem formas irregulares de flexão verbal, assim como na língua portuguesa. Nesta unidade, você verá a continuação
dos estudos relativos à morfologia verbal: a 3ª e 4ª conjugações nos tempos do infectum. Além disso, estudará o
tema de cada conjugação para não restar dúvidas quanto
aos padrões flexionais de cada conjugação. Ainda, saberá
consultar um verbo no dicionário e identificar no verbete as
formações primitivas nele contidas, das quais derivam as demais formações verbais.
É condição básica dessa Unidade que, ao seu término,
você possa conjugar os verbos latinos em todos os tempos
do modo indicativo, do infectum (presente, imperfeito e futuro) e do perfectum (perfeito, mais-que-perfeito e futuro anterior), para compreender os aspectos verbais latinos na mais
variada implicação que nos permite conferir os exercícios de
tradução. Portanto, tenha um bom estudo e não deixe de
procurar os tutores na hora da dúvida. Lembre-se de que
aprender o latim em parceria pode ser bem mais proveitoso.
108
SEAD/UEPB
I
Língua Latina I
Objetivos
Esperamos que nesta Unidade você aprenda a:
• Complementar o conhecimento sobre morfologia verbal, atentando agora para o presente do infectum da 3ª e 4ª conjugações;
• Considerar os paradigmas da 3ª e 4ª conjugações também nos
tempos imperfeito e futuro do infectum;
• Identificar o tema das quatro conjugações latinas;
• Compreender a formação dos tempos do perfectum nos tempos
do pretérito perfeito, pretérito mais-que-perfeito e futuro anterior, para arrematar o estudo sobre morfologia verbal,
• Reconhecer as formas primitivas dos verbos latinos.
Língua Latina I
I
SEAD/UEPB
109
Notas:
A 3ª e 4ª conjugações
latinas da voz ativa
1) Note que as desinências número-pessoias da 3ª conjugação são
as mesmas já conhecidas da 1ª e 2ª conjugações;
O aluno que estudou bem a Unidade III não sentirá grandes problemas em concluir os estudos sobre morfologia verbal. Naquela Unidade,
você teve oportunidade de estudar a formação dos tempos do infectum
latinos – presente, imperfeito e futuro – com exemplos respeitantes a
1ª e 2ª conjugações. Agora, você pode concluir o assunto através dos
padrões flexionais da 3ª e 4ª conjugações para os mesmos tempos anteriormente vistos. Assim, para o devido entendimento da formação dos
verbos da 3ª e 4ª conjugações, considere: o radical, a vogal temática
ou o tema verbal, os infixos modo-temporais, as desinências númeropessoais entre outros recursos eventuais para a formação verbal.
2) A 3ª conjugação apresenta o tema com apenas o radical, por
isso se diz que ela possui tema zero ou apresenta tema em consoante,
quando consideramos a última letra do radical, que sempre é uma
consoante, aqui, a letra -g.
3) A flexão da 1ª pessoa do singular é formada com a junção do
tema mais a desinência -o, típica dessa flexão; da 2ª pessoa do singular até a 2ª pessoa do plural, apresenta-se a vogal -i-, que é vogal de
ligação; a vogal -u- da 3ª pessoa do plural também possui a função de
ligar o tema à desinência número-pessoal.
Então, tomemos as indicações a seguir:
A 3ª conjugação possui uma variante de tema em
consoante (ou tema zero), que não apresenta vogal
temática. A forma do infinitivo também é em -re,
mas a vogal existente (o e breve) é tema apenas do
infinitivo, uma vez que o verbo flexionado apresenta o -i- apenas como vogal de ligação, que liga o
radical às desinências variadas.
Vejamos:
Radical + Vogal de Ligação (VL) + desinência número-pessoal =
presente do infectum de Lego, is, (e)re – tema zero:
Pessoa
O presente do
infectum
4) A variação da vogal de ligação pode ser dada com -i- ou com
-u-, de modo que a vogal de ligação responde aos tipos de consoante
que ligam, no caso: o -i- diante de desinências verbais iniciadas por
consoantes sonoras e o -u- diante de desinências verbais iniciadas por
consoante nasal, que é o caso da 3ª pessoa do plural em -nt.
Outro fato curioso é que a 3ª conjugação, e exclusivamente ela,
apresenta duas variantes de temas diferentes. Você acabou de conhecer a variante de tema zero, também conhecida pelo tema consonantal,
mas falta conhecer a de tema em semivogal, que apresenta sub-variante em -i ou em -u.
Vejamos, então, o exemplo abaixo:
O Radical já é o tema
+ VL
Desinência númeropessoal
1ª pessoa do
singular
leg
-o
lego (= leio)
2ª pessoa do
singular
leg + i
-s
legis (= lês)
-o
capio (= tomo)
leg + i
-t
legit (= lê)
1ª pessoa do
singular
cap + i
3ª pessoa do
singular
-s
capis (= tomas)
leg + i
-mus
legimus (= lemos)
2ª pessoa do
singular
cap + i
1ª pessoa do
plural
-t
capit (= toma)
leg + i
-tis
legitis (= ledes)
3ª pessoa do
singular
cap + i
2ª pessoa do
plural
-mus
leg + u
-nt
legunt (= leem)
1ª pessoa do
plural
cap + i
3ª pessoa do
plural
capimus (=
tomamos)
2ª pessoa do
plural
cap + i
-tis
capitis (= tomais)
3ª pessoa do
plural
cap + i (u)
-nt
capiunt (= tomam)
Radical + Semivogal Temática (ST) + desinência número-pessoal =
presente do infectum de capio, is, ere:
Pessoa
110
SEAD/UEPB
I
Língua Latina I
Língua Latina I
Radical e VT = TEMA
I
SEAD/UEPB
Desinência númeropessoal
O presente do
infectum
111
Notas:
1) Note que nessa variante a VT é o “-e” (breve) para o infinitivo,
mas para as formas finitas (flexionadas), há uma mudança para a ST
-i;
2) As desinências número-pessoais não mudam e o -u aparece
como vogal de ligação na 3ª pessoa do plural;
1) O -i tem valor vocálico e, portanto, trata-se de VT, que é inserida
entre o radical aud- e as desinências número-pessoais, com as quais
você já lida desde a 1ª conjugação;
2) A 3ª pessoa do plural possui VL -u para unir o tema audi à desinência número-pessoal -nt iniciada por consoante nasal;
3) O tema do infinitivo é em -ire.
3) O modelo de flexão apresentado serve para os verbos da 3ª conjugação de tema em semivogal (-i ou -u) no presente do infectum, muito
embora a flexão dos verbos em ST -u acrescente a ligação da vogal -i
da 2ª pessoa do singular a segunda do plural:
Falamos tanto em TEMA que talvez você se pergunte, como descubro o tema de um verbo latino? Para se descobrir o tema de um verbo
latino, basta retirar a desinência número-pessoal característica da 2ª
pessoa do singular da voz ativa. Assim, o que resta é o tema:
A sub-variante de tema em semivogal -u para a
3ª conjugação segue o modelo de minuo, is, ere
(= diminuir), apresentando as formas finitas da
seguinte maneira: munuo, minuis, minuit, minuimus,
minuitis, minuunt.
1ª conjugação: o verbo amar é em latim amo, o infinitivo é amare;
retirando-se o -re final, temos o tema da 1ª conjugação que coincide
com a retirada do -s característico da 2ª pessoa do singular, restando
ama – radical + VT = TEMA em –a;
Agora, resta-nos conhecer a 4ª e última das conjugações latinas.
O aluno que considerou todas as minúcias das conjugações vistas, não
tardará em conhecer esta que encerra os paradigmas de conjugação
ativa regular:
2ª conjugação: o verbo advertir é em latim moneo, o infinitivo é
monere; retirando-se o -re final, temos o tema da 2ª conjugação que
coincide com a retirada do -s característico da 2ª pessoa do singular,
restando mone – radical + VT = TEMA em –e;
Radical + Vogal Temática (VT) + desinência número-pessoal = presente do infectum de audio, is, ire:
3ª conjugação: o verbo ler é em latim lego, o infinitivo é legere;
retirando-se o -re final, temos o tema do infinitivo em lege, mas as formas finitas (flexionadas) apresentam vogal de ligação (-i da 2ª pessoa
do singular a 2ª do plural e -u para a 3ª pessoa do plural), de modo
que o radical torna-se um tema em consoante, restando leg – radical
= TEMA em consoante –g;
Pessoa
Radical e VT = TEMA
Desinência númeropessoal
O presente do
infectum
1ª pessoa do
singular
aud + i
-o
audio (= ouço)
2ª pessoa do
singular
aud + i
-s
audis (= ouves)
3ª pessoa do
singular
aud + i
-t
audit (= ouve)
1ª pessoa do
plural
aud + i
-mus
audimus (=
ouvimos)
2ª pessoa do
plural
aud + i
-tis
auditis (= ouvis)
3ª pessoa do
plural
aud + i (u)
-nt
audiunt (= ouvem)
3ª conjugação: o verbo diminuir é em latim minuo, o infinitivo é minuere; retirando-se o -re final, temos o tema do infinitivo em minue,
contudo as formas finitas não conservam o -e dessa estrutura, substituindo-o pelo -i- de ligação nas formas convencionadas da 2ª pessoa
Notas:
112
3ª conjugação: o verbo tomar é em latim capio, o infinitivo é capere;
retirando-se o -re final, temos o tema do infinitivo em cape, todavia
as formas finitas não conservam o -e característico do infinitivo, ora
substituindo-o pela semivogal -i, que encontramos na 2ª pessoa do
singular capis, cuja retirada do -s característico, permite-nos encontrar
capi – radical + ST = TEMA em semivogal –i;
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I
Língua Latina I
Língua Latina I
I
SEAD/UEPB
113
do singular a 2ª do plural; e pelo -u- de ligação para a 3ª pessoa do
plural em -nt. A 2ª pessoa do singular é minuis que, sem a desinência
número-pessoal e sem a vogal de ligação, permite-nos encontrar minu
– radical + ST = TEMA em semivogal –u;
4ª conjugação: o verbo ouvir é em latim audio, o infinitivo é audire;
retirando-se o -re final, temos o tema da 4ª conjugação que coincide
com a retirada do -s característico da 2ª pessoa do singular que é, então, audi – radical + VT = TEMA em vogal -i.
Atividade I
Considerando as quatro conjugações latinas, bem como as variantes da 3ª
conjugação, indique em seu caderno qual o tema e a que conjugação pertence
os verbos abaixo; em seguida, conjugue-os conforme os paradigmas estudados
no presente do infectum1.
O verbo será dado conforme sua entrada
em dicionário, com a 1ª pessoa do presente
do indicativo topicalizada; logo após, temos
a desinência característica da 2ª pessoa do
presente do indicativo e, por fim, a desinência do infinitivo latino, como no exemplo:
Regno, as, are – verbo que pertence a 1ª
conjugação e possui tema em -a.
1
a) Metuo, is, ere (= temer);
b) Gemino, as, are (= duplicar);
c) Erigo, is, ere (= erguer)
d) Ignio, is, ire (= incendiar, queimar);
e) Maneo, es, ere (= permanecer);
f) Ravio, is, ire (= enrouquecer);
g) Imbuo, is, ere (= embeber, ensopar);
h) Possideo, es, ere (= possuir);
i) Rapio, is, ere (= agarrar, roubar, ocupar);
j) Invito, as, are (= convidar);
k) Accipio, is, ere ( = aceitar);
l) Mingo, is, ere (= urinar).
Você deve lembrar bem que o termo infectum designa, sob efeito
do aspecto verbal, uma ação não realizada e, portanto, não concluída,
ainda por se fazer. Para essa condição, os tempos do presente, imperfeito e futuro conservam tal aspecto, conforme a irrealização de uma
ação, que é inacabada ou que está por se concluir.
No capítulo anterior, vimos o presente do infectum, agora, resta-nos
conhecer o “imperfeito” e o “futuro”. Você recorda que, para a composição de tais tempos, lançamos mão de infixos modo-temporais, de
acordo com a composição verbal adequada ao modo e ao tempo, ou
seja: precisamos de morfemas que são colocados entre o TEMA verbal
e as desinências número-pessoais para indicar com precisão as formas
finitas em relação à ação considerada.
Tais considerações foram vistas na Unidade III, mas, para refrescar
a memória, vamos recobrar que o imperfeito possui o infixo “BA” e o futuro (1ª e 2ª conjugações) possui o infixo “BI”. Agora, vamos conhecer
como funcionam os mesmos tempos na 3ª e 4ª conjugações regulares
da voz ativa do infectum.
Então, vejamos:
Tema + Vogal de Ligação (VL) + infixo BA + desinência númeropessoal = imperfeito do infectum de lego, is, (e)re:
Pessoa
O Radical já é o tema
+ VL + BA
Desinência
número-pessoal
O Imperfeito do
infectum
1ª pessoa do singular
Leg(e) + ba
-m
legebam (= lia)
2ª pessoa do singular
Leg(e) + ba
-s
legebas (= lias)
3ª pessoa do singular
Leg(e) + ba
-t
legebat (= lia)
1ª pessoa do plural
Leg(e) + ba
-mus
legebamus (=
líamos)
2ª pessoa do plural
Leg(e) + ba
-tis
legebatis (= líeis)
3ª pessoa do plural
Leg(e) + ba
-nt
legebant (= liam)
Notas:
1) Perceba que a letra “e” entre parênteses é uma vogal de ligação,
pois que este verbo é de tema consonantal (ou Tema Zero);
dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
114
O Imperfeito e o Futuro do
infectum para a 3ª e 4ª
conjugações
2 Assim, não há grande novidade para essa formação, basta lembrar que para o imperfeito a desinência número-pessoal “-o” da 1ª
pessoa do singular muda para “-m”; nos demais casos tudo continua
semelhante às flexões de 1ª e 2ª conjugações.
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I
Língua Latina I
Língua Latina I
I
SEAD/UEPB
115
– E o futuro de lego, is, ere também será igual?
– Não!
Assim, você deve tomar muito cuidado com esta formação de futuro, uma vez que ela não se vale do infixo “bi”, como nas conjugações
anteriores. O artifício gramatical consiste nas seguintes considerações:
Tema + Vogal de Ligação (VL) do infinitivo + desinência númeropessoal = imperfeito do infectum de rego, is, ere:
Pessoa
O Radical já é o
tema + VL
Desinência
número-pessoal
O futuro do infectum
1ª pessoa do singular
Leg + a
-m
legam (= lerei)
2ª pessoa do singular
Leg + e
-s
leges (= lerás)
3ª pessoa do singular
Leg + e
-t
leget (= lerá)
1ª pessoa do plural
Leg + e
-mus
legemus (=
leremos)
2ª pessoa do plural
Leg + e
-tis
legetis (= lereis)
3ª pessoa do plural
Leg + e
-nt
legent (= lerão)
2ª pessoa do plural
Capi + e + ba
-tis
capiebatis (=
tomáveis)
3ª pessoa do plural
Capi + e + ba
-nt
capiebant (=
tomavam)
Notas:
1) Para a variante da 3ª conjugação de tema em semivogal “-i”,
consideramos apenas esse acréscimo (a semivogal), uma vez que o
restante da estrutura coincide com a de Tema Zero;
2) A variante da 3ª conjugação de tema em semivogal “-u” flexionase no imperfeito do infectum da seguinte forma: minuebam, minuebas,
minuebat, minuebamus, minuebatis, minuebant. Portanto, conserva o
mesmo padrão da formação temática em semivogal “-i”.
Para a formação do futuro, não encontraremos grandes problemas,
uma vez que já aprendemos a formação do futuro do infectum de Tema
Zero. Agora, basta ficar atento aos detalhes:
Tema + Vogal de Ligação (VL) do infinitivo + desinência númeropessoal = Futuro do infectum de Capio, is, ere:
Notas:
1) Só a 1ª pessoa do singular conserva um resíduo do infixo do
imperfeito para compor o futuro do infectum, no caso a estrutura “-am”,
sem a vogal de ligação “-e-” e sem a letra “-b” em situação medial,
típica de infixo, assim temos: legam;
2) As demais pessoas fazem o futuro do infectum sem as estruturas
de imperfeito, então, basta retirar o infixo do imperfeito e teremos o
futuro do infectum de Lego, is, ere, ou a junção de TEMA + VL + Desinência número-pessoal. Portanto, Legebas sem o “ba” forma o futuro
e assim por diante.
Essas regras são, no entanto, para a 3ª conjugação de Tema Zero
(em consoante), pois, para obtermos as regras da 3ª conjugação em
sua variação em semivogal, devemos proceder conforme o quadro
abaixo:
Tema + Semivogal de Ligação (SL) + infixo BA + desinência número-pessoal = imperfeito do infectum de Capio, is, ere:
Pessoa
Tema + VL + BA
Desinência
número-pessoal
O Imperfeito do
infectum
1ª pessoa do singular Capi + e + ba
-m
capiebam (=
tomava)
2ª pessoa do singular Capi + e + ba
-s
capiebas (=
tomavas)
3ª pessoa do singular Capi + e + ba
-t
capiebat
(=tomava)
1ª pessoa do plural
-mus
capiebamus (=
tomávamos)
116
Capi + e + ba
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I
Língua Latina I
Pessoa
Tema + VL
Desinência
número-pessoal
O futuro do infectum
1ª pessoa do singular
Capi + a
-m
capiam (= tomarei)
2ª pessoa do singular
Capi + e
-s
capies (= tomarás)
3ª pessoa do singular
Capi + e
-t
capiet (= tomará)
1ª pessoa do plural
Capi + e
-mus
capiemus (=
tomaremos)
2ª pessoa do plural
Capi + e
-tis
capietis (=
tomareis)
3ª pessoa do plural
Capi + e
-nt
capient (=
tomarão)
Notas:
1) Mais uma vez, apenas a 1ª pessoa do singular conserva um
resíduo do infixo do imperfeito para compor o futuro do infectum, no
caso a estrutura “-am”, com a semivogal “-i-” agregada ao radical para
formar o TEMA capi-; também, sem o “b” em situação medial, típico de
infixo, e assim temos: capiam;
2) As demais pessoas fazem o futuro do infectum sem as estruturas
de imperfeito, então, basta retirar o infixo do imperfeito e teremos o
futuro do infectum de capio, is, ere (TEMA + ST + Desinência númeropessoal), de modo que Capiebas sem o “ba” forma o futuro de capio,
e assim por diante;
Língua Latina I
I
SEAD/UEPB
117
3) A variante da 3ª conjugação de tema em semivogal “-u” flexionase no futuro do infectum da seguinte forma: minuam, minues, minuet,
minuemus, minuetis, minuent. Portanto, conserva o mesmo padrão da
formação em semivogal, mudando apenas o tema de semivogal “-i”
para “-u”.
Considerando que você fez a atividade 1 desta Unidade e sabe
diferenciar os TEMAS de cada conjugação, bem como conjugá-los no
presente do indicativo, agora não encontrará problemas para identificar as formações verbais de “imperfeito” e “futuro” da 4ª e última conjugação latina. O modelo é o verbo regular audio, is, ire (= ouvir), que se
flexiona no imperfeito como no quadro é demonstrado:
Tema + Vogal de Ligação (VL) + infixo BA + desinência númeropessoal = imperfeito do infectum de audio, is, ire:
Pessoa
Tema + VL + BA
Desinência
número-pessoal
O Imperfeito do
infectum
1ª pessoa do
singular
audi + e + ba
-m
audiebam (= ouvia)
2ª pessoa do
singular
audi + e + ba
-s
capiebas (=
ouvias)
3ª pessoa do
singular
audi + e + ba
-t
capiebat (= ouvia)
1ª pessoa do plural
audi + e + ba
-mus
capiebamus (=
ouvíamos)
2ª pessoa do plural
audi + e + ba
-tis
capiebatis (=
ouvíeis)
3ª pessoa do plural
audi + e + ba
-nt
capiebant (=
ouviam)
Pessoa
Tema + VL
Desinência
número-pessoal
O futuro do infectum
1ª pessoa do singular
audi + a
-m
audiam (= ouvirei)
2ª pessoa do singular
audi + e
-s
audies (= ouvirás)
3ª pessoa do singular
audi + e
-t
audiet (= ouvirá)
1ª pessoa do plural
audi + e
-mus
audiemus (=
ouviremos)
2ª pessoa do plural
audi + e
-tis
caudietis (=
ouvireis)
3ª pessoa do plural
audi + e
-nt
audient (=
ouvirão)
Notas:
1) Conforme as variantes em semivogal (-i e -u) da 3ª conjugação,
o modelo audio, is, ire da 4ª conjugação formará a 1ª pessoa do futuro
com o resíduo -am do imperfeito, mas sem o uso do “-b” medial, típico
de infixo: audiam.
2) As demais pessoas seguem o paradigma anteriormente visto na
3ª conjugação, sem as estruturas do imperfeito, e seguindo o esquema:
audi + am (1ª pessoa do singular) e o restante (2ª e 3ª pessoa do singular e 1ª, 2ª e 3ª pessoas do plural): audi + e + s, t, mus, tis ou nt. Assim,
audiebas sem o infixo “BA”, confere a 2ª pessoa do futuro do infectum:
audies (= tomarás).
Nota:
1) Agora, não há mais que fazer, uma vez que todos os verbos
que têm o infinitivo em -ire pertencem à 4ª conjugação e se flexionam
conforme audio, is, ire; a vogal temática é em “-i” e os demais recursos
como, por exemplo, o infixo “BA” e as desinências número-pessoais (m,
s, t, mus, tis, nt) são as mesmas apresentadas na Unidade III.
– E o futuro do Infectum de audio,is, ire também manterá o padrão
da 1ª e 2ª conjugações ou o da 3ª?
– O padrão da 4ª conjugação seguirá o modelo da 3ª para o futuro
do infectum.
Então, vejamos como isso ocorre:
Atividade II
a. Latine Vertere:
01.Recentemente, eu estava ouvindo a música de flautas e violões2.
02.Amanhã, leremos um livro.
03.Tomaste o dinheiro dos mercenários, não foi?
04.Antigamente, temíamos os monstros e animais da floresta.
05.Frequentemente, roubávamos comida para os nossos filhos e filhas.
06.Ficarei contigo para sempre!
07.Antigamente, aceitávamos as ordens do embaixador, mas agora não
temos sequer patrão para obedecer3.
Tema + Vogal de Ligação (VL) + desinência número-pessoal =
Futuro do infectum de audio,is, ire:
118
SEAD/UEPB
I
Língua Latina I
Língua Latina I
I
A locução verbal que a frase apresenta não
é usual ao latim, então, você procederá da
seguinte forma: tome o verbo principal no
gerúndio e empregue-o em latim de acordo
com o tempo flexionado pelo verbo auxiliar.
2
SEAD/UEPB
119
Em latim, esta formação verbal é sintética
e chama-se SUPINO; o supino é uma formação primitiva de verbo que dela deriva
outras formações verbo-nominais. Dizemos:
“para cantar” – cantatum; “para caminhar”
- ambulatum; para permanecer – monitum;
e, da mesma forma, “para obedecer” – obtemperatum. ‘
3
Vocabulário:
A(b) = de [ablativo de separação];
Mercenário = mercenarius, i
Aceitar = accipio, is, ere;
Monstro = monstrum, i;
Agora = nunc;
Música = musica, ae;
Amanhã = cras;
Não = non;
Animal = bestia, ae;
Ordem = mandatum, i;
Antigamente = olim;
Ouvir = audio, is, ire;
Comida = cibus, i;
Para obedecer = obtemperatum;
E = et;
Para os nossos = nostris;
Embaixador = legatus, i;
Para sempre = ad aeternum;
Ficar = sum, es, esse;
Patrão = dominus, i;
Filha = Filia, ae;
Recentemente = nuper;
Filho = filius, ii;
Roubar = rapio, is, ere;
Flauta = tibia, ae;
Sequer (adv.) = saltem;
Floresta = silva, ae;
Temer = metuo, is, ere;
Frequentemente = saepe;
Ter (possuir) = possideo, es, ere;
Ler = lego, is, ere;
Tomar = capio, is, ere;
Livro = liber, bri;
Violão = chitara, ae.
Assim, as formas sublinhadas em latim são os verbos que se apresentam sintéticos nas duas orações. Porém, para traduzirmos certas formações, precisamos conhecer muito bem como funcionam as flexões
verbais para expressá-las com seu aspecto preciso.
Na primeira frase, a oração subordinada [quando eu voltar...] apresenta o verbo no futuro do subjuntivo. Em latim, esta formação deve ser
traduzida para o futuro simples do infectum [Cum... remeabo], que todos
conhecemos desde a III Unidade. No entanto, a oração principal [terá
começado] é uma locução verbal que não possibilita uma composição
sintética em português; em latim, sim! Para efeito aspectual, o “futuro
anterior” significa uma ação que antecede outra, que ainda não aconteceu, porque se trata de uma projeção de ações em sequência que
acontecerão – de fato – no futuro. Esta solução é sintética em latim:
cenaverit.
Tomando o Futuro Anterior, temos:
CENA + ERIT
Tema
Mas = sed;
Desse modo, em português, as seguintes locuções verbais possuem
respectivos sintéticos em latim: terei jantado, terás jantado, terá jantado,
teremos jantado, tereis jantado, terão jantado. Tanto em português quanto
em latim, elas possuem o mesmo aspecto, mas em latim sua composição é sintética.
Pessoa
Os Tempos do Perfectum
Se os tempos do infectum têm aspecto verbal inacabado, os tempos
do perfectum comportam, a seu turno, uma ação completa (realizada
ou feita) quanto à natureza aspectual do verbo.
2. Tempos do perectum: perfeito, mais-que-perfeito, futuro anterior;
Dois dos tempos do perfectum são bastante conhecidos pelos nativos de língua portuguesa, porque são formações verbais que existem
no vernáculo: o “perfeito” e o “mais-que-perfeito”. Porém, o termo acima sublinhado – “futuro anterior” – não existe em composição sintética
na língua portuguesa, apenas em locução verbal. Então, considere as
seguintes frases:
Quando eu voltar da praia, a minha família já terá jantado.
(Cum ego ex ora remeabo, mea familia iam cenaverit.)
SEAD/UEPB
Radical + VT =
TEMA - infectum
Desinência modotemporal
TEMA -perfectum
Desinência
número-pessoais do
futuro anterior do
perfectum
1ª pessoa do singular
Cen + a
-V
-ero (cenavero)
2ª pessoa do singular
Cen + a
-V
-eris (cenaveris)
3ª pessoa do singular
Cen + a
-V
-erit (cenaverit)
1ª pessoa do plural
Cen + a
-V
-erimus
(cenaverimus)
2ª pessoa do plural
Cen + a
-V
-eritis (cenaveritis)
3ª pessoa do plural
Cen + a
-V
erint (cenaverint)
Notas:
1. Tempos do infectum: presente, imperfeito e futuro;
120
Desinência
I
Língua Latina I
1) Note que as desinências número-pessoais coincidem com a formação do futuro do infectum do verbo sum, es, esse; apenas a 3ª pessoa do plural é que se distingue em erint para não se confundir com a
3ª do perfeito, que veremos a seguir;
2) Se o tema do infectum permite-nos encontrar cena, o perfectum,
por sua vez, também possui um tema em V que – para os verbos regulares da 1ª, 2ª e 4ª conjugação – permite essa configuração:
cena + V = cenav- [tema do perfectum de jantar];
ama + V = amav- [tema do perfectum de amar];
dele + V = delev- [tema do perfectum de destruir];
Língua Latina I
I
SEAD/UEPB
121
audi + V = audiv- [tema do perfectum de ouvir];
igni + V = igniv- [tema do perfectum de queimar].
Contudo, o tema regular do perfectum é uma extensão dos temas
do infectum, através de V- e, também, através de U-. Os temas do perfectum de jantar, amar, destruir, ouvir e queimar são, respectivamente,
cenav-, amav-, delev-, audiv-, igniv-; todavia, os temas de advertir, ter e
poder são: monu, habu e potu. De qualquer forma, tomando os temas
regulares do perfectum dessas formações verbais em V- ou em U- e a
eles acrescentamos as desinências número-pessoais de perfectum, temos o seguinte:
Primeiramente, você precisa conhecer as desinências número-pessoais do perfeito, porque elas não são as mesmas dos tempos do infectum, assim considere:
i
imus
isti
istis
it
erunt
Note que as desinências são as mesmas para os dois grupos, entretanto o que muda é o tema do perfectum. Por isso, você precisa conhecer a maior quantidade possível de variações do tema do perfectum,
para poder identificar as formas finitas (pessoais) sem cometer erro de
conjugação.
Nessa perspectiva, você deve conhecer alguns verbos importantes,
irregulares quanto à formação do perfetcum. Arrolamos trinta desses
verbos para você compreender que o tema do perfectum varia, quando
não há a regularidade em V- ou em U- anteriormente vista. Todavia, as
desinências número-pessoais do perfeito continuarão sendo sempre as
mesmas.
Antes de você conferir alguns temas irregulares do perfectum, dispostos na 4ª coluna em cinza, é preciso saber que todos os verbos
possuem a entrada em dicionário de forma peculiar. Assim, todos os
dicionários de língua latina apresentam os verbetes de verbos com as
seguintes flexões:
Amo, as are, avi, atum
(forma abreviada)
Agora, se você unir o tema do perfectum em V- dos verbos vistos
às desinências número-pessoais, certamente encontrará as seguintes
formações:
Ou
Amo, amas, amare, amavi, amatum
(forma desdobrada)
Pessoa
Jantar
Amar
Destruir
Ouvir
Queimar
1ª pessoa
do singular
cenavi
amavi
delevi
audivi
ignivi
2ª pessoa
do singular
cenavisti
amavisti
delevisti
audivisti
ignivisti
3ª pessoa
do singular
cenavit
amavit
delevit
audivit
ignivit
1ª pessoa
do plural
cenavimus
amavimus
delevimus
audivimus
ignivimus
2ª pessoa
do plural
cenavistis
amavistis
delevistis
audivistis
ignivistis
1. A primeira forma (amo – que dá o nome ao verbo) é a flexão da
1ª pessoa do singular do presente do indicativo do infectum;
3ª pessoa
do plural
cenaverunt
amaverunt
deleverunt
audiverunt
igniverunt
2. A segunda forma (amas) designa a 2ª pessoa do singular do presente do indicativo do infectum;
Da mesma forma, se você unir o tema do perfectum em U- dos
verbos já vistos às desinências número-pessoais, certamente encontrará
as seguintes formações:
Pessoa
Advertir
Ter / haver
Poder
1ª pessoa do
singular
monui
habui
potui
2ª pessoa do
singular
monuisti
habuisti
potuisti
3ª pessoa do
singular
monuit
habuit
potuit
1ª pessoa do
plural
monuimus
habuimus
potuimus
2ª pessoa do
plural
monuistis
habuistis
potuistis
3ª pessoa do
plural
monuerunt
habuerunt
potuerunt
122
SEAD/UEPB
I
Língua Latina I
O verbete garante aos que consultam o dicionário conhecer as formas primitivas (Tempos Primitivos ou Tempos Fundamentais) dos verbos
latinos das quais se derivam todas as outras formações verbais da língua. Assim:
3. A terceira forma é a do infinitivo (amare);
4. A quarta considera a formação primitiva do perfectum (amavi) e
dela deriva o pretérito perfeito, pretérito mais-que-perfeito e o futuro
anterior;
5. E, finalmente, a quinta forma registra a composição primitiva do
supino (amatum), que se traduz na locução: para amar.
Com base nessa ordem, agora fica mais fácil para você reconhecer como é a entrada de um verbo latino no dicionário. Então, analise
o quadro abaixo e considere a sequência de formações verbais, com
especial atenção para a formação do perfeito, que se forma através do
TEMA do perfectum mais a desinência número-pessoal da 1ª pessoa
desse tempo:
Língua Latina I
I
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1ª pessoa do
presente do
infectum
2ª pessoa do
presente do
infectum
Infinitivo
TEMA do
perfectum +
desinência
númeropessoal
Supino
(na trad. =
prep. para +
infinitivo)
Tradução
Adveni-o
Adveni-is
Adven-ire
Adven-i
Adven-tum
Chegar
Caed-o
Caed-is
Caed-ere
Cecid-i
Cae-sum
Cortar
Circund-o
Circund-as
Circund-are
Circunded-i
Circundatum
Rodear
Cog-o
Cog-is
Cog-ere
Coeg-i
Coac-tum
Reunir
Cond-o
Cond-is
Cond-ire
Condid-i
Condi-tum
Fundar
Cred-o
Cred-is
Cred-ere
Creded-i
Credi-tum
Crer
Deflu-o
Deflu-is
Deflu-ere
Deflux-i
Deflu-xum
Cair
Então, vamos tomar como exemplo dois verbos irregulares vistos
na Unidade III: o verbo sum (= ser, estar, haver) e o verbo possum (=
poder):
Sum, es esse, fu-i
(não há supino)
Possum, potes, posse, potu-i
(não há supino)
Depon-o
Depon-is
Depn-ere
Deposu-i
Deposi-tum
Pousar
Deprom-o
Deprom-is
Deprom-ere
Depromps-i
Depromptum
Tirar
Dic-o
Dic-is
Dic-ere
Dix-i
Dic-tum
Dizer
D-o
D-as
D-are
Ded-i
Da-tum
Dar
Ed-o
Ed-is
Ed-ere
Ed-i
E-sum
Comer
Faci-o
Fac-is
Fac-ere
Fec-i
Fac-tum
Fazer
Ignosc-o
Ignosc-is
Ignosc-ere
Ignot-i
Igno-tum
Perdoar
Incipi-o
Incip-is
Incip-ere
Incep-i
Incep-tum
Começar
Tomando a última formação em negrito, apreciamos a 1ª pessoa
do pretérito perfeito do perfectum latino. Essa formação é composta
de TEMA, no caso fu- e potu-, mais a desinência número-pessoal “-i”,
da 1ª pessoa do singular, de modo que: se trocarmos a desinência por
outra, podemos encontrar qualquer pessoa do pretérito perfeito (-i, -isti,
-it, -imus, -istis, -erunt).
Já sabemos que o futuro anterior possui as desinências númeropessoais iguais às flexões do futuro simples do verbo sum (-ero, -eris,
-erit, erimus, eritis, erint). Agora, para completar o assunto desta Unidade, você precisa saber que o tempo mais-que-perfeito do perfectum
latino também se forma com o tema do perfeito, mas as desinências
número-pessoais desse tempo correspondem à flexão do imperfeito do
verbo sum, que são estas:
Leg-o
Leg-is
Leg-ere
Leg-i
Lec-tum
Ler
Mitt-o
Mitt-is
Mitt-ere
Mis-i
Mis-sum
Enviar
Pon-o
Pon-is
Pon-ere
Posu-i
Posi-tum
Pôr
eram
eramus
Prospici-o
Prospic-is
Prospi-ere
Prospex-i
Prospec-tum
Ver
eras
eratis
Recipi-o
Recip-is
Recip-ere
Recep-i
Recep-tum
Receber
erat
erant
Rede-o
Red-is
Red-ire
Red-i
Red-itum
Voltar
Scrib-o
Scrib-is
Scrib-ere
Scrips-i
Scrip-tum
Escrever
Sede-o
Sed-es
Sed-ere
Sed-i
Ses-sum
Sentar-se
Senti-o
Sent-is
Sent-ire
Sens-i
Sem-sum
Sentir
Toll-o
Toll-is
Toll-ere
Sustul-i
Subla-tum
Erguer
Transe-o
Trans-is
Trans-ire
Transi-i
Transi-tum
Passar
Ung-o
Ung-is
Ung-ere
Unx-i
Unc-tum
Ungir
Veni-o
Ven-is
Ven-ire
Ven-i
Ven-tum
Vir
Vide-o
Vid-es
Vid-ere
Vid-i
Vi-sum
Ver
Vort-o
Vort-is
Vort-ere
Vort-i
Vor-sum
Verter
As desinências do mais-que-perfeito são a conjugação do imperfeito do verbo sum, es, esse, fui, porquanto quem soube-las, saberá formar o mais-que-perfeito. Assim, para se conseguir o mais-que-perfeito
do verbo Sum,ou de qualquer outro verbo, basta acrescentar as desinências ao tema do perfeito. Assim:
1. O verbo jantar é em latim ceno; o tema do perfectum é cenav;
2. O verbo amar é em latim amo; o tema do perfectum é amav;
Veja que é preciso saber examinar o verbete dos verbos num dicionário latino para conhecer os tempos primitivos, seu radical, suas
desinências e variações!
3. O verbo destruir é em latim deleo; o tema do perfectum é delev;
4. O verbo ouvir é em latim audio; o tema do perfectum é audiv;
5. O verbo queimar é em latim ignio; o tema do perfectum é igniv;
6. O verbo advertir é em latim moneo; o tema do perfectum é monu;
7. O verbo ter é em latim habeo; o tema do perfectum é habu;
8. O verbo ser é em latim sum; o tema do perfectum é fu;
9. O verbo poder é em latim possum; o tema do perfectum é potu;
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10. O verbo chegar é em latim advenio; o tema do perfectum é adven;
11. O verbo dar é em latim do; o tema do perfectum é ded;
12. O verbo escrever é em latim scribo; o tema do perfectum é scrips;
13. O verbo ver é em latim video; o tema do perfectum é vid;
14. O verbo perdoar é em latim ignosco; o tema do perfectum é ignot;
15. O verbo comer é em latim edo; o tema do perfectum é ed;
De fato, se a qualquer um TEMA do perfectum acrescentarmos as
desinências número-pessoais:
Vocabulário:
Amicus, i = amigo;
Nuper = recentemente;
Ausculto, as, are, avi = escutar;
Nuptiae, arum = casamento;
Chitara, ae = violão;
Occulto, as, are, avi = esconder;
Clarus, a, um = ilustre;
Persicum, i (n.) = pêssego;
Conviva, ae = convidado;
Possum, potes, posse, potui = poder;
Cras = amanhã;
Pugno, as, are, avi = brigar;
Culina, ae = cozinha;
Quia = porque;
Et = e;
Quod (n.) = que;
Fabula, ae = fábula;
Schola, ae = escola;
Illi = eles;
Sponsus, i = noivo;
In = em, na;
Sum, es, esse, fui = ser, haver;
Malum, i (n.) = maçã;
Super = sobre;
I. -i, -isti, -it, -imus, -istis, -erunt, obteremos o pretérito perfeito;
II. -eram, -eras, -erat, -eramus, -eratis, -erant, obteremos o mais-que-perfeito;
III. -ero, -eris, -erit, -erimus, -eritis, -erint, obteremos o futuro anterior.
Atividade III
Medium, i (n.) = meio;
Te = te;
Mendica, ae = mendiga;
Theatrum, i (n.) = auditório;
Mendicus, i = mendigo;
Tibia, ae = flauta;
Mensa, ae = mesa;
Tu = tu;
Meus, mea, meum = meu;
Valde = muito;
Musica, ae = música;
Via, ae = rua;
Nam = pois;
Vicus, i = aldeia;
Narro, as, are, avi = narrar, contar;
a. Encontre o tema do perfectum dos verbos dados e conjugue-os em latim
no perfeito, no mais-que-perfeito e no futuro anterior, traduzindo-os para o
português:
Non = não;
Num (part. enclit.) = não;
c. Latine vertere:
– sum – possum – laudo – canto – amo – moneo – sentio – tollo redeo – scribo – sedeo – dico – edo – transeo.
b. Lusitane Reddere:
1. Non erunt nuptiae cras, quia sponsi convivis valde pugnant.
1. Muitas vezes, a escuridão e a tempestade do grande mar confundem os marinheiros ao longo da viagem, mas os deuses das águas
os protegem de todo malefício.
Vocabulário:
2. Tibiarum musicam et chitararum in scholae theatro nuper auscultabam.
Água = aqua, ae;
Marinheiro = nauta, ae;
3. Num mala et persica quod erant super culinae mensam occultavisti?
Ao longo de = propter;
Mas = sed;
Confundir = conturbo, as, are, avi;
Muitas vezes = saepe;
4. Mi clare amice, fabulas in viae medio mendicis vici et mendicabus
tu narrare non potes, nam illi non te auscultabunt.
dica. utilize o bloco
De = ab (abl. de sep.);
Os (pron. od.) = eos;
Deus = deus, i;
Proteger = adjuvo, as, are, avi;
Escuridão = tenebrae, arum;
Tempestade = procela, ae;
Grande = magni;
Todo = omne;
Malefício = maleficium, ii (n.);
Viagem = iter maritimum;
Mar = pelagus, i (n.);
de anotações para
responder as atividades!
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Língua Latina I
I
SEAD/UEPB
dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
127
Finalmente, chegamos ao término de mais uma Unidade. Agora,
cada vez mais, você aprofunda o seu conhecimento em língua latina.
Nesta Unidade, vimos os aspectos que ainda faltavam para complementar o aprendizado de morfologia verbal. Além da formação dos
tempos do infectum e do perfectum, você viu a terceira conjugação
latina, bem como as suas variantes em tema consonantal e em semivogal; também viu o paradigma dos verbos da 4ª conjugação. Agora,
você sabe identificar os TEMAS de todas as conjugações e, também,
reconhecer a importância dos Tempos Primitivos dos verbos latinos para
a consulta do verbete, para reconhecer a derivação de todas as outras
formas verbais.
De agora em diante, você não sentirá tanta dificuldade para identificar os tempos verbais quando for consultar um dicionário. Na dúvida,
peça aos tutores que lhe auxiliem com os exercícios e quanto ao procedimento de pesquisa de verbetes. Além disso, fique atento às sugestões
de leitura.
Leituras recomendadas
Para o melhor entendimento dos conteúdos estudados nesta Unidade,
você deve procurar ler:
a. Para “A 3ª e 4ª conjugações latinas da voz
ativa”, ver “3ª 4ª conjugações regular”, in:
Gramática Latina, de Napoleão Mendes de Almeida (2000: 222-29); e “Morfologia dos Verbos”, in: Gramática Latina: para seminários e
faculdades, de Júlio Comba (1991: 77; 82-5); “Categorias, classes
e conjugações”, in: Língua e Literatura Latina e sua Derivação Portuguesa, de Oswaldo Antônio Furlan (2006: 102-13);
b. Para “O Imperfeito e o Futuro do infectum
para a 3ª e 4ª conjugações” ver Gramática Latina, de Napoleão Mendes de Almeida (2000:
222-29);
c. Para “Os tempos do Perfectum”, ver: “Verbos: que é conjugar”, “Verbos: como decorar um verbo” e “Curiosidades e cuidados de conjugação” in: Gramática Latina, de Napoleão Mendes de Almeida
(2000: 203-15); e “Modos e Tempos” in: Gramática Latina: para
seminários e faculdades, de Júlio Comba (1991: 86-9).
128
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Língua Latina I
Resumo
No primeiro tópico, você teve oportunidade de estudar os padrões
flexionais da 3ª e 4ª conjugações para o presente do indicativo do
infectum. Assim, você conheceu que as desinências número-pessoias
da 3ª conjugação são as mesmas já conhecidas da 1ª e 2ª conjugações. Viu também que a 3ª conjugação apresenta o tema com apenas
o radical, por isso se diz que ela possui Tema Zero ou apresenta Tema
em Consoante, quando consideramos a última letra do radical, que é
sempre uma consoante. Especificamente, você viu que ao Tema verbal
agregamos desinências número-pessoais que, para unirmos aos temas,
precisamos também de uma vogal de ligação. A variação da vogal de
ligação pode ser dada com -i- ou com -u-, mediante os tipos de consoante a que se liga, no caso: o -i- diante de desinências verbais iniciadas
por consoantes sonoras e o -u- diante de desinências verbais iniciadas
por consoante nasal, que é o caso da 3ª pessoa do plural em -nt. Outro
fato curioso é que a 3ª conjugação apresenta duas variantes de temas
diferentes: a de Tema Zero (também conhecida pelo tema consonantal)
e a de Tema em Semivogal, que apresenta sub-variante em -i ou em
-u. A forma do infinitivo também é em –(e)re, mas a vogal existente (o
e breve) é tema apenas do infinitivo, uma vez que o verbo flexionado
apresenta uma outra vogal, o -i-, apenas como vogal de ligação, porque liga o radical às desinências variadas. A 4ª conjugação, por sua vez,
apresenta o -i com valor vocálico e, portanto, possui VT, que é inserida
entre o radical e as desinências número-pessoais. A 3ª pessoa do plural
possui VL -u para unir o tema à desinência número-pessoal -nt, iniciada
por consoante nasal; o Tema do infinitivo é em -ire. Para se descobrir
o tema de um verbo latino, basta retirar a desinência número-pessoal
característica da 2ª pessoa do singular da voz ativa. Assim, o que resta
é o tema: a 1ª conjugação possui TEMA em -a; a 2ª conjugação possui
TEMA em -e; a 3ª conjugação possui TEMA em Consoante ou Zero e,
ainda, TEMA em semivogal -i e em semivogal -u; a 4ª conjugação possui
TEMA em vogal -i.
No segundo tópico, você estudou os tempos verbais do “imperfeito”
e do “futuro” da 3ª e 4ª conjugações. Os tempos do presente, imperfeito e futuro conservam um aspecto de ação não realizada, porque é inacabada ou simplesmente está por se concluir. Você recordou que, para
a composição de tais tempos, precisamos de infixos modo-temporais
para a composição verbal mais adequada. Para refrescar a memória,
recobramos que o imperfeito possui o infixo “BA” e o futuro da 1ª e 2ª
conjugações possui o infixo “BI”. No segundo capítulo desta Unidade,
você conheceu como funcionam os mesmos tempos na 3ª e 4ª conjugações regulares da voz ativa do infectum. Viu que não há grande
novidade para essa formação, basta lembrar que para o imperfeito a
desinência número-pessoal “-o” da 1ª pessoa do singular muda para
Língua Latina I
I
SEAD/UEPB
129
“-m”; nos demais casos tudo continua semelhante às flexões de 1ª e 2ª
conjugações. No entanto, para o futuro não! Assim, você deve tomar
muito cuidado com a formação de futuro, uma vez que ela não se vale
do infixo “bi”, como nas conjugações anteriores. O artifício gramatical consiste nas seguintes considerações: só a 1ª pessoa do singular
conserva um resíduo do infixo do imperfeito para compor o futuro do
infectum, no caso a estrutura “-am”, sem a vogal de ligação “-e-” e sem
a letra “-b” em situação medial, típica de infixo, como no exemplo:
legam. As demais pessoas fazem o futuro do infectum sem as estruturas de imperfeito, então, basta retirar o infixo do imperfeito e teremos
o futuro do infectum de Lego, is, ere. Portanto, Legebas sem o “ba”
forma o futuro do infectum – Leges – e assim por diante. Essas regras
são, no entanto, para a 3ª conjugação de Tema Zero (em consoante),
pois, para obtermos as regras da 3ª conjugação em sua variação em
semivogal, percebemos que elas mudam um pouco. Para a variante
da 3ª conjugação de tema em semivogal “-i”, consideramos apenas
esse acréscimo (a semivogal), uma vez que o restante da estrutura coincide com a de Tema Zero; A variante da 3ª conjugação de tema em
semivogal “-u” conserva o mesmo padrão da formação temática em
semivogal “-i” para o imperfeito. Para a formação do futuro, você não
encontrou dificuldade, uma vez que já aprendeu a formação do futuro
do infectum de Tema Zero: mais uma vez, apenas a 1ª pessoa do singular conserva um resíduo do infixo do imperfeito para compor o futuro
do infectum, no caso a estrutura “-am”, com a semivogal “-i-” agregada
ao radical para formar o TEMA capi-, que é, então, capiam; As demais
pessoas fazem o futuro do infectum sem as estruturas de imperfeito,
então, basta retirar o infixo do imperfeito e teremos o futuro do infectum
de capio, is, ere, de modo que Capiebas sem o “ba” forma o futuro de
capio, que é, então, capies. A variante da 3ª conjugação de tema em
semivogal “-u” flexiona-se no futuro do infectum com o mesmo padrão
da formação em semivogal, mudando apenas o tema de semivogal
“-i” para “-u”. A 4ª conjugação segue o modelo de audio, is, ire (= ouvir),
que se flexiona no imperfeito conforme as variantes em semivogal (-i e
-u) da 3ª conjugação; para a 1ª pessoa do futuro, com o resíduo -am
do imperfeito, mas sem o uso do “-b” medial, que é, então, audiam. As
demais pessoas (2ª e 3ª pessoas do singular e 1ª, 2ª e 3ª pessoas do
plural): audi + e + s, t, mus, tis ou nt. Assim, audiebas sem o infixo “BA”,
confere a 2ª pessoa do futuro do infectum: audies.
No terceiro tópico, você viu que os tempos do perfectum comportam uma ação completa (realizada ou feita) quanto à natureza aspectual do verbo. Viu que os tempos do infectum são três: presente,
imperfeito e futuro; e que os tempos do perfectum também são três:
perfeito, mais-que-perfeito e futuro anterior. Dois dos tempos do perfectum são bastante conhecidos pelos nativos de língua portuguesa,
porque são formações verbais que existem no vernáculo: o “perfeito” e
o “mais-que-perfeito”. Porém, o tempo “futuro anterior” não existe em
composição sintética na língua portuguesa, apenas em locução verbal.
Para traduzirmos esta formação, precisamos conhecer muito bem como
funcionam as flexões verbais para precisá-las. Para efeito aspectual, o
“futuro anterior” significa uma ação que antecede outra, que ainda não
130
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Língua Latina I
aconteceu, porque se trata de uma projeção de ações em sequência
que só acontecerão no futuro. Tanto em português quanto em latim, o
futuro anterior possui o mesmo aspecto, mas em latim sua composição
é sintética. Se o tema do infectum permite-nos encontrar, por exemplo,
cena; o perfectum, por sua vez, também possui um tema, que é em V
para os verbos regulares da 1ª, 2ª e 4ª conjugação. Contudo, o tema
regular do perfectum é uma extensão dos temas do infectum, através de
V- ou U-. Os temas do perfectum de jantar, amar, destruir, ouvir e queimar são, respectivamente, cenav-, amav-, delev-, audiv-, igniv-; todavia, os
temas de advertir, ter e poder são: monu, habu e potu. Se acrescentarmos a estes temas as desinências número-pessoais: -i, -isti, -it, -imus,
-istis, -erunt, obteremos o pretérito perfeito; -eram, -eras, -erat, -eramus,
-eratis, -erant, obteremos o mais-que-perfeito; e -ero, -eris, -erit, -erimus,
-eritis, -erint, obteremos o futuro anterior. Também, você conheceu que
o verbete garante aos que consultam o dicionário conhecer as formas
primitivas (Tempos Primitivos ou Tempos Fundamentais) dos verbos latinos das quais derivam todas as outras formações verbais da língua.
Assim, a primeira forma (amo) é a flexão da 1ª pessoa do singular do
presente do indicativo do infectum; a segunda forma (amas) designa a
2ª pessoa do singular do presente do indicativo do infectum; a terceira
forma é a do infinitivo (amare); a quarta considera a formação primitiva
do perfectum (amavi) e dela deriva o pretérito perfeito, pretérito maisque-perfeito e o futuro anterior; e, finalmente, a quinta forma registra a
composição primitiva do supino (amatum), que se traduz para o português através da locução: para amar.
Autovaliação
Com base nesta Unidade VII, justifique as entradas dos verbos nos
dicionários, explicando as características básicas das quatro conjugações existentes na língua latina, bem como os Tempos Fundamentais,
também conhecidos como Primitivos.
dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
Língua Latina I
I
SEAD/UEPB
131
Referências
VIII Unidade
ALMEIDA, Napoleão Mendes de. Gramática Latina: curso único e
completo. 29 ed. São Paulo: Saraiva, 2000.
BOYES, Francis Xavier. Língua Latina I. Recife: Fasa Editora, 1989.
COMBA, Júlio. Programa de Latim: 1º. Volume – introdução à língua latina.
16 ed. São Paulo: Editora Salesiana Dom Bosco, 2000.
__________. Gramática Latina: para seminários e faculdades. 4ª ed.
rev. e adpt. À nomenclatura gramatical brasileira. São Paulo: São Paulo:
Editora Salesiana Dom Bosco, 1991.
FURLAN, Oswaldo Antônio. Língua e literatura latina e sua derivação
portuguesa. Petrópolis: Vozes, 2006.
A morfossintaxe das
preposições e adjuntos
adverbiais latinos
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SEAD/UEPB
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Língua Latina I
Língua Latina I
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133
Apresentação
Uma vez tendo assimilado a estrutura morfológica, especialmente no que se refere à flexão dos nomes e dos verbos
em latim, bem como as noções básicas que envolvem a organização frasal, você agora precisa conhecer as preposições latinas, que, assim como em Português, são palavras
invariáveis que regem substantivos, palavras substantivas
ou pronomes, estabelecendo uma relação de dependência entre estes e outros elementos da oração. Todavia, vale
salientar que, em latim, as preposições ou regem o caso
ablativo ou o caso acusativo. Assim, no Capítulo 2 você
poderá aprender como se formam os adjuntos adnominais
mais comuns em latim, que, via de regra, constituem-se de
preposição seguida de acusativo ou preposição seguida de
ablativo; quais as proposições que regem apenas o acusativo, quais regem apenas o ablativo, e quais podem reger
os dois casos. E, ainda nesse capítulo, você conhecerá os
adjuntos adverbiais de lugar - subclasse que porta uma série
de minúcias merecedoras de nosso olhar atento - compreendendo as especificidades espaciais que as preposições sinalizam nos contextos frasais que remetem a lugares. Ao final,
você terá aprendido a reconhecer, por meio da preposição
empregada, a que caso corresponde o adjunto adverbial, e,
ainda, a empregar a preposição adequada a cada circunstância, especialmente no tocante a adjuntos adverbiais de
lugar. Bons estudos!
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Língua Latina I
Objetivos
Ao final desta Unidade, esperamos que você:
• Compreenda a morfossintaxe das preposições latinas, atentando para as especificidades de regência quanto ao caso e ao
uso;
• Conheça a morfossintaxe dos adjuntos adverbiais em latim, articulando com o conhecimento acerca das preposições latinas e
observando as especificidades de cada circunstância no que se
refere ao caso regido;
• Conheça especialmente as peculiaridades dos adjuntos adverbiais de lugar, correlacionado-as com o entendimento sobre
a morfossintaxe das preposições e dos adjuntos adverbiais de
modo geral.
Língua Latina I
I
SEAD/UEPB
135
Vejamos, então, as vinte e oito preposições que exigem o acusativo:
As preposições latinas
Antes de adentrarmos nas especificidades de cada caso quanto às
preposições que venham a exigi-los, vejamos algumas notas sobre essa
categoria gramatical. Segundo Furlan (2006, p. 128), preposições ou
“anteposições”
são conectivos gramaticais invariáveis prepostos ao
termo regido, que subordinam [grifo do autor] nomes, locuções (sintagmas) nominais ou pronomes a
outros termos da oração, criando, entre eles, relações de lugar, tempo, causa, modo, especificação,
etc. e podendo designar mais de um significado.
Apenas dois dos seis casos latinos são regidos por preposições: o
acusativo e o ablativo. Vinte e oito delas regem apenas o acusativo;
catorze, o ablativo; e quatro (in, sub, subter, super), ora o acusativo, ora
o ablativo. São antigos advérbios e partículas independentes, oriundas
de antigas formas nominais flexionadas.
Pelo fato de o Português ser derivação do Latim, você perceberá
que muitas preposições latinas serão familiares, o que facilita a compreensão dos sentidos que encerram na oração.
a. Preposições que regem o acusativo
Conforme vimos na 2ª Unidade, o acusativo latino corresponde ao
chamado objeto direto da oração, o qual, de modo geral, não vem
regido de preposição. Como explicar, então, que o acusativo possa ser
regido por preposição? Uma especificidade da língua latina é o fato de
a preposição exigir a palavra a ser regida, e, curiosamente, o acusativo é um dos casos exigidos pela maioria das preposições. Assim, se
faz necessário que você conheça essa mobilidade do acusativo. Nesse
caso, ele funciona como um adjunto adverbial que exprime circunstância, e não como objeto direito. A diferença reside no emprego da
preposição.
136
SEAD/UEPB
I
Língua Latina I
Ad: para;
Ob: por causa de;
Adversus: contra;
Penes: entre,em, em poder de;
Ante: perante;
Per: através de, por meio de;
Apud: junto a, em casa de, na
presença de;
Post: depois de;
Circa / Circum: ao redor de;
Praeter: diante de, ao longo de;
Cis: aquém de,do lado de cá de;
Prope: perto de;
Citra: aquém de;
Propter: por causa;
Contra: contra;
Secundum: ao longo de , ao
lada de;
Erga: para com;
Supra: sobre, por cima;
Extra: fora de;
Trans: além de;
Infra: abaixo;
Ultra: além de, do outro lado de;
Inter: entre;
Usque: até, até a;
Intra: dentro de;
Versum / Versus: na direção de,
Iuxta: perto de;
b. Preposições que regem o ablativo
O ablativo, ainda conforme vimos na Unidade II, é o caso correspondente ao adjunto abverbial da oração, ou seja, ao termo que funciona como um circunstancializador da ação verbal, ativa ou passiva.
Algumas preposições, nesse caso, funcionam em conformidade
com sua origem, que, como sabemos, é, também, de antigos advérbios. Logo, ocorrem mais como advérbios do que como preposições,
como é o caso de palam, “em presença de” e de clam, “às escondidas,
clandestinamente”. É notório o caráter adverbial completo dessas duas
preposições, posto que possuem significação nocional própria. Ainda
assim, os nomes que vêm regidos por cada uma são flexionados no
ablativo.
A / ab1: por;
E / ex: de do lado de;
Absque: sem, fora de, longe de;
Palam: em presença de;
Clam: às escondidas, clandestinamente;
Prae: por causa de
Coram: diante de
Pro: em favor de, diante de;
Cum: com;
Sine: sem;
De: a respeito;
Tenus: até, até a.
Língua Latina I
I
SEAD/UEPB
137
Essas duas formas da mesma preposição
estão em função da palavra regida: se começada por consoante, usa-se A; se começada
por vogal ou h, usa-se Ab.
1
c. Preposições que regem o
ablativo ou o acusativo
Atividade I
Embora determinadas preposições exijam que os termos regidos
sejam flexionados apenas no acusativo, e outras, apenas no ablativo,
existem algumas que admitem ser o termo regido ora acusativo, ora
ablativo. Entretanto, há determinadas razões para que isto ocorra, que
serão melhor explicitadas no tópico 3 da presente unidade. Por enquanto, é bom que você conheça quais são essas preposições e quando elas exigem cada caso:
2. Advena vaccam pro panthera vulnerat. (Abl)
3. Apud Senecam saepe cenabamus. (Acu)
4. Pro patria in advenas pugnabimus. (Abl/ Acu)
6. Aurigae filia a schola ad poetae villam properavit. (Abl/ acu)
Sub: sob;
7. Mosa est in Gallia, sed Vistula est in Polonia. (Abl)
Subter: abaixo de, debaixo de;
Super: sobre, em cima de.
Vocabulário
As preposições IN, SUB, SUPTER e SUPER regem o acusativo quando indicam “lugar para onde” e regem o ablativo quando indicam “Lugar onde”.
Exemplos:
Supra significa, assim como super, acima
de ou sobre, no entanto, tem caráter mais
abstrato, distante do objeto referenciado.
Ex.: Super mensam (sobre a mesa – em cima
dela); Supra omnis homines (sobre todos os
homens – acima deles).
1. Macedonia est inter Thessaliam et Thraciam. (Acu)
5. Cis Celtarum terras est província. (Acu)
In: em, para, dentro de, sobre;
2
a. Lusitane reddere
1. Aranea supra2 fenestram habitat.
A aranha habita sobre a janela.
2. E via musca per fenestram advolat.
Do lado da rua a mosca voa para dentro através da janela.
3. Puella sub aquam saltavit.
A menina pulou para baixo da água.
4. Puella sub aqua natat.
A menina nada em baixo da água.
Advena, ae: estrangeiro;
Província, ae: província, cargo;
Auriga, ae: condutor, cocheiro;
Pugno, as, are: combater, lutar,
Celtae, arum: Celtas;
Saepe (adv): muitas vezes,
frequentemente;
Ceno, as, are: jantar
Schola, ae: escola;
Filia, ae: filha;
Sed: mas;
Gália, ae: França;
Seneca, ae: Sêneca (filosofo);
Madedonia, ae: Macedônia
Terra, ae: terra, região;
Mosa, ae: Mosa (rio);
Thessalia, ae: Tessália
Panthera, ae: pantera;
Thracia, ae: Trácia
Patria, ae: pátria, país de origem;
Vacca, ae: vaca
Poeta, ae: poeta;
Villa, ae: casa de campo, fazenda;
Polonia, ae: Polônia;
Vistula, ae: Vistula (rio);
Propero, are: correr;
Vulnero, as,are: ferir, ofender;
Os Adjuntos adverbiais
Os advérbios são palavras de natureza nominal ou pronominal que
se juntam a verbos, adjetivos, advérbios ou enunciados inteiros para
modificar-lhes ou precisar-lhes o sentido. Quando falamos em modificar ou precisar sentido, falamos em circunstanciar, tarefa precípua
desses termos. Indicam, assim, circunstâncias de tempo, lugar, modo,
causa, intensidade, interrogação, afirmação, negação e outras.
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dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
Adjunto adverbial (note-se a referência explícita ao verbo = junto
ao verbo, em função do verbo) é a expressão que designa o advérbio
ou locução adverbial no contexto oracional, ou seja, quando procedemos à análise sintática.
Algumas preposições “abrem alas” para termos circunstanciais que
não são essencialmente advérbios – além de elas mesmas serem oriundas de advérbios -, formando o que chamamos de locução adverbial.
Perceba a pertinência de tratarmos de adjuntos adverbiais neste capítulo: os nomes em latim, especialmente no ablativo, regidos por preposição, possuem a função sintática de adjuntos adverbiais.
Na parte inicial deste curso, quando da apresentação da língua
latina e seus casos (p. 6 e 7), você viu que o caso ablativo em latim indica as mais diversas circunstâncias adverbiais, tais como, causa, proveniência, espaço, tempo, modo, instrumento, companhia, etc. Como
todo caso latino, a depender da declinação, o ablativo possui suas
desinências específicas.
Dessa maneira, voltemos, pois, a tratar do ablativo.
Na 1ª declinação, o ablativo é marcado na frase pelas seguintes
desinências:
Ablativo plural: -is (-abus)
Na 2ª declinação, o ablativo é marcado na frase pelas seguintes
desinências:
Adjunto de causa – indica o motivo pelo qual se faz alguma ação.
Traduz-se pelo ablativo simples ou pelo acusativo precedido pelas preposições ob ou propter:
officia desĕrunt pigritia (Abl.)
ou ob pigritiam (Acu.)
ou propter pigritiam (Acu.)
Puĕri
Os meninos descuidam dos deveres por preguiça
Note a semelhança deste com o advérbio
de modo. No entanto, só o adjunto de modo
pode, por regra, ser transformado num advérbio: Defendem com cuidado ou cuidadosamente; brincam com muita alegria ou
muito alegremente.
4
Ego cum Antonio ambŭlo
Eu passeio com Antônio
Adjunto de instrumento – indica o objeto com que se faz alguma
ação. Traduz-se pelo ablativo simples.
Ablativo singular: -o
Ablativo plural: -is
Vale salientar que o ablativo singular da 1ª declinação possui a
mesma desinência do nominativo singular. No entanto, como toda e
qualquer coincidência formal de termos, em qualquer língua, tal confusão é desfeita pelo contexto frasal.
Sabemos, então, que muitas são as circunstâncias expressas
pelos adjuntos adverbiais. Vejamos, agora, algumas das mais recorrentes, traduzidas pelos adjuntos adverbiais mais comuns:
Adjunto de modo – derivam em sua maioria de adjetivos qualificativos - indica a maneira segundo a qual se faz alguma ação. Responde
à pergunta quomŏdo, “de que modo, como?” – traduz-se pelo ablativo
precedido da preposição cum:
Veterani patriam cum curā defendunt
Os veteranos defendem a pátria com cuidado
SEAD/UEPB
a. Scribo calamo / b. Concordiā patriam servabĭmus
Escrevo com (por meio da) caneta
Pela concórdia salvaremos a pátria
Adjunto de companhia - indica a pessoa, o animal ou a coisa juntamente com a qual se faz alguma ação. Responde às perguntas com
quem? Com quê? Traduz-se com o ablativo precedido pela preposição
cum4:
Ablativo singular: -a
140
Adjunto de meio – indica a pessoa, o animal ou a coisa, pela qual
(por meio da qual) se faz alguma ação. Geralmente, traduz-se pelo
ablativo simples, isto é, com o ablativo sem preposição:
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Língua Latina I
Nautae hastis (Abl. pl.)pugnant
Os marinheiros lutam com lanças
Adjunto de separação – emprega-se depois dos verbos que indicam
separação ou afastamento e alguns outros. Traduz-se pelo ablativo precedido pelas preposições a(ab), de e e(ex)5. Estes são alguns verbos que
frequentemente admitem o ablativo de separação: SEPARO, SERVO,
SALVO, LIBERO e POSTULO.
Agricola equas a capris separabit
O agricultor separara as éguas das cabras
Nauta Joannam a piratis servavit
O marinheiro salvou Joana dos piratas
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141
As preposições “e” e “a” são usadas quando as palavras seguintes começam com
consoante, ex.: E schola remeavi (eu voltei
da escola); A taberna redii (voltei da loja);
e ex e ab são usadas quando a palavra seguinte começa com vogal ou com h, ex.: Ex
ora (do litoral), e Ab horto ( do jardim), mas
tratam-se das mesmas preposições, no caso
a-ab e e-ex.
5
Conforme dissemos anteriormente, esses são os adjuntos mais comuns. Além desses, há outros adjuntos adverbiais expressos pelo ablativo para tantas quantas circunstâncias houver: segundo Rónai (1980,
p. 247-9), há, ainda, adjuntos que encerram as ideias de origem, carência ou abundância, limitação, preço, qualidade, etc.
Quanto aos adjuntos de lugar, pela natureza pormenorizada deste
subtema, optamos por apresentá-lo em capítulo à parte.
Percebam nesses três exemplos a carga
semântica que as preposições possuem,
fato que justifica seu surgimento a partir
de advérbios e palavras independentes antigas.
6
Puella a silva properavit
A moça correu da floresta (= da orla da floresta)6
Puella e silva properavit
A moça correu da floresta (= de dentro da floresta)
2.1. Adjuntos adverbiais de lugar
Como o próprio nome sinaliza, os advérbios de lugar precisam o
lugar onde a ação se faz. Os nomes que encerram lugares admitem
variadas noções circunstanciais, e, para tanto, precisam de preposições
próprias para cada uma delas, como, por exemplo, casa:
podemos ir para a casa (para onde);
Puella de montanis properavit
A moça correu das montanhas (= de cima das montanhas)
LUGAR PARA ONDE - depois das preposições ad e in, o adjunto vai
para o acusativo:
Puella ad silvam properavit
A moça correu para a floresta (mas não entrou.)7
voltar da casa (de onde/donde);
morar na casa (onde);
Puella in silvam properavit
A moça correu para a floresta (e entrou.)
pela casa chegar a outro ponto (por onde).
Em latim não é diferente. Contudo, não há apenas a mudança da
preposição, há também a flexão casual, que, como vimos, em se tratando de regência por preposição, convida os casos acusativo e ablativo.
Peguemos os exemplos apresentados em português como parâmetros.
LUGAR ONDE – depois da preposição in, o adjunto vai para o ablativo:
Puella in silva properavit
A moça correu na floresta
Quando indicando lugar para onde, as preposições IN, SUB, SUPTER e
SUPER regem o acusativo:
Puella sub aquam saltavit.
A menina pulou para baixo da água.
LUGAR POR ONDE - depois da preposição per, o adjunto vai para o
acusativo:
Puella per silvam properavit
A moça correu pela floresta
Acerca das preposições que regem tanto o acusativo quanto o ablativo,
quando indicam lugar onde, as preposições IN, SUB, SUPTER e SUPER regem
o ablativo:
Para uma melhor visualização dos sentidos indicados por cada preposição acima apontada, vejamos um gráfico desenvolvido por Francis
Xavier Boyes (1989: 24), que transmite essas noções espaciais de forma
mnemônica:
Suponha que esta imagem demarque os limites da floresta, lugar
que serve de exemplo para a explicação acima.
Puella sub aqua natat.
A menina nada em baixo da água.
142
LUGAR DONDE – depois das preposições a(ab), de e e(ex), o adjunto
vai para o ablativo:
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143
Observe que as preposições, nesse caso,
se comportam como orações: Ad = não invade o perímetro; In: invade o perímetro.
7
Recentemente, os filósofos estavam na biblioteca.
c) Reginam audacia servabimus. (
Salvaremos a rainha pela audácia.
)
d) Piratae colonos pecunia necabant. (
)
Os piratas estavam matando os colonos por dinheiro.
e) Sponsus cum sponsabus ante ecclesiam saltabant. (
)
Os noivos estavam dançando com as noivas diante da igreja.
In silva properavi
Ad silvam properavi
x>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>
x>>>>>>>>>>>>>>>>>>>
A silva
properavi
f) In silva properavi. (
Eu corri na floresta.
)
x>>>>>>>>>
In silvam properavi
x>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>
E silva properavi
x>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>
g) Agricola equos a capris mihi separaverat. (
)
O agricultor tinha separado para mim os cavalos das cabras.
h) Medici medicinam cum cura parant. (
)
Os médicos estão preparando o remédio com cuidado.
i) Advenae citharis cantant. (
)
Os estrangeiros estão tocando violões.
j) Ancillae mensam et sellas in culina collocaverunt nam domina sic
imperavit. (
)
As empregadas tinham colocado a mesa e as cadeiras na cozinha,
pois a senhora assim ordenou.
Per silvam properavit
x>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>
Atividade II
Mais uma unidade finalizada! Você venceu mais este desafio, mostrando dedicação e concentração, e agora está preparado para identificar as preposições latinas e que adjuntos adverbiais elas introduzem.
Além de tê-las conhecido em grande maioria, você viu que, quando
introduzem adjuntos de lugar, elas podem significar algo mais do que
em outras situações.
Circule o caso ablativo nas frases abaixo, quando houver, e ao lado indique
se sua circunstância expressa: causa, meio, lugar, instrumento, companhia,
separação ou modo.
dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
Mas isso, conforme sabemos, não é o bastante! Para aprofundar
e de fato aprender bem os temas apresentados nesta Unidade, uma
leitura regular dos textos sugeridos, para isentar qualquer dúvida existente, se faz necessária. E não deixe de procurar os tutores para os
esclarecimentos.
a) Bone Deus, da longam vitam et sapientiam filio meo et filiae.
(
)
Bom Deus, dá longa vida e sabedoria a meu filho e filha.
b) Philosophi nuper erant in bibliotheca. (
144
)
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Leituras recomendadas
Para o melhor entendimento dos conteúdos estudados nesta Unidade,
você deve procurar ler:
a. Para “As preposições latinas”, ver “Principais
advérbios e preposições”, in: Gramática Latina, de Napoleão Mendes de Almeida (2000:
p. 142-149); “Preposições”, in: Iniciação ao
Latim, de Zelia de Almeida Cardoso (2003, p. 100); “Sintaxe das
preposições”, in: Gramática latina, de Júlio Comba (1991, p. 202210); “Preposições, conectivos entre termos frasais”, in: Língua e
Literatura Latina e sua derivação Portuguesa, de Oswaldo Antônio
Furlan (2006: p.128-132); e “Preposições”, in: Programa de Latim:
introdução à Língua Latina. V.1, de Júlio Comba.
b. Para “Adjuntos adverbiais” ver “Principais
advérbios e preposições”, in: Gramática Latina, de Napoleão Mendes de Almeida (2000:
p. 142-149); “Capítulo XVI - Advérbios” e
“Capítulo XVIII – Ablativo”, in: Gramática latina, de Júlio Comba (1991, p. 123; 133); e “Advérbios, adjuntos
modificativos”, in: Língua e Literatura Latina e sua derivação Portuguesa, de Oswaldo Antônio Furlan (2006: p.124-128)
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Resumo
No primeiro tópico desta unidade, você viu que preposições ou
“anteposições” são conectivos gramaticais invariáveis prepostos ao termo regido, que subordinam nomes, locuções (sintagmas) nominais ou
pronomes a outros termos da oração, criando, entre eles, relações de
lugar, tempo, causa, modo, especificação, etc. e podendo denotar mais
de um significado, e que penas dois dos seis casos latinos são regidos
por preposições: o acusativo e o ablativo, sendo vinte e oito próprias
para o acusativo, catorze para o ablativo, e quatro que podem reger
tanto um como o outro. Ficou sabendo que essa classe de palavras tem
origem em antigos advérbios e partículas independentes, oriundas de
antigas formas nominais flexionadas. O acusativo latino corresponde
ao chamado objeto direto da oração, o qual, de modo geral, não vem
regido de preposição, mas que, pelo fato de na língua latina a preposição exigir a palavra a ser regida, o acusativo figura como exigência
de muitas dessas preposições, funcionando, nesse caso, como um advérbio circunstancial, e não como objeto direito, sendo determinante
para a distinção o emprego ou não da preposição. Algumas preposições exigem que o termo regido seja flexionado no ablativo, que é o
caso próprio dos adjuntos abverbiais da oração. Mesmo que algumas
preposições funcionem independentemente como advérbios, caso de
palam e clam, os advérbios que vêm regidos por elas são flexionados no
ablativo. Existem, ainda, preposições que admitem ser o termo regido
ora acusativo, ora ablativo, a depender dos sentidos encerrados pelo
adjunto adverbial de lugar, se onde ou para onde.
No segundo tópico, você viu que os advérbios são palavras de
natureza nominal ou pronominal que se juntam a verbos, adjetivos,
advérbios ou enunciados inteiros para modificar-lhes ou precisar-lhes
o sentido. Indicam, assim, circunstâncias de tempo, lugar, modo, causa, intensidade, interrogação, afirmação, negação e outras. Algumas
preposições “abrem alas” para termos circunstanciais que não são essencialmente advérbios – além de elas mesmas serem oriundas de advérbios -, formando o que chamamos de locução adverbial. Perceba
a pertinência de tratarmos de adjuntos adverbiais neste capítulo: os
nomes em latim, especialmente no ablativo, regidos por preposição,
possuem a função sintática de adjuntos adverbiais. Como todo caso
latino, a depender da declinação, o ablativo possui suas desinências
específicas. Vale salientar que o ablativo singular da 1ª declinação
possui a mesma desinência do nominativo singular. No entanto, como
toda e qualquer coincidência formal de termos, em qualquer língua, tal
confusão é desfeita pelo contexto frasal.
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147
IX Unidade
Autovaliação
dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
Com base nos estudos desta unidade, elabore um quadro comparativo contendo semelhanças e diferenças entre as preposições em
Português e em Latim, atentando principalmente para o sentido que
encerram e para o comportamento dos demais termos oracionais, com
atenção especial para as possibilidades de caso para uma mesma preposição.
Referências
ALMEIDA, Napoleão Mendes de. Gramática Latina: curso único e
completo. 29 ed. São Paulo: Saraiva, 2000.
A morfossintaxe da
voz passiva e os verbos
compostos de “sum”
BOYES, Francis Xavier. Língua Latina I. Recife: Fasa Editora, 1989.
CARDOSO, Zélia Almeida. Iniciação ao Latim. 5 ed. São Paulo: Ática,
2003. (Série Princípios).
COMBA, Júlio. Programa de Latim: introdução à Língua Latina. V.1. 16.ed.
São Paulo: Salesianas Dom Bosco, 2000.
FURLAN, Oswaldo Antônio. Língua e literatura latina e sua derivação
portuguesa. Petrópolis: Vozes, 2006.
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Apresentação
Agora que você conhece grande número de preposições
latinas, bem como suas especificidades e exigências, poderá
adentrar no universo da morfologia verbal da voz passiva.
Você viu que a voz ativa do verbo se dá quando o sujeito
pratica a ação verbal. Na voz passiva, por outro lado, ocorre o inverso: o sujeito sofre a ação verbal, que, para tanto,
deve ter sido praticada por algo ou alguém. Aquilo ou aquele que pratica a ação verbal na voz ativa recebe o nome de
agente da passiva. Dessa maneira, você verá que o verbo
na voz passiva recebe uma marca flexional distinta daquela
que configura a voz ativa, além de o agente da passiva também ser flexionado de acordo com as categorias animado
ou inanimado, precedido, ou não, de preposição. Verá também que, para cada conjugação verbal (1ª, 2ª, 3ª e 4ª), assim como na voz ativa, haverá desinências específicas para
cada pessoa, tempo e modo. Antes de começarmos os estudos desta nova Unidade, é aconselhável que você retome
os apontamentos da Unidade III, que trata das preliminares
da morfologia verbal em latim, para que haja facilidade na
assimilação do conteúdo. Em seguida, você conhecerá os
compostos de “sum”, verbo irregular que também foi tema
da Unidade III, sendo que, agora, você terá conhecimento
de suas formas compostas por algumas preposições, encerrando significados diversos. A você, nossos votos de bons
estudos e ótimos resultados!
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Objetivos
Esperamos que, com o estudo desta Unidade, você consiga:
• Compreender a morfossintaxe verbal da voz passiva em latim,
assimilando as desinências que a sinalizam para cada pessoa
no presente e no imperfeito do Infectum de verbos regulares de
1ª e 2ª conjugações;
• Conhecer como se comporta o agente da passiva nas orações
latinas, atentando para os atributos “ser animado” e “ser inanimado”, que determinarão a regência ou não por preposição;
• Aprofundar os conhecimentos acerca do verbo sum, compreendendo que, ao lado de determinadas preposições, dão origem
a formas compostas, com significados diversos uns dos outros.
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151
Presente do Infectum de moneo, -ere – Voz ativa
A Morfossintaxe
da voz passiva
O paradigma da flexão verbal da voz passiva em latim conserva,
para os verbos regulares, a exemplo de amare (1ª conjugação) e monere (2ª conjugação), o tema do verbo, assim como na voz ativa. Entretanto, a voz passiva apresenta desinências pessoais distintas da voz
ativa.
Para facilitar o reconhecimento dessas diferenças, optamos por reproduzir os quadros que ilustram os paradigmas flexionais do presente
do Infectum dos verbos acima citados, apresentados originalmente na
Unidade III, e, logo em seguida, como cada um se flexiona na voz
passiva.
Presente do Infectum de amo, -are – Voz ativa
Pessoa
Radical e VT = TEMA
Desinência númeropessoal
O presente do
Infectum
1ª pessoa do singular
am
-o
amo (= amo)
2ª pessoa do singular
am + a
-s
amas (= amas)
3ª pessoa do singular
am + a
-t
amat (= ama)
1ª pessoa do plural
am + a
-mus
amamus (=
amamos)
2ª pessoa do plural
am + a
-tis
amatis (= amais)
3ª pessoa do plural
am + a
-nt
amant (= amam)
Pessoa
Radical e VT = TEMA
Desinência
número-pessoal
O presente do
Infectum
1ª pessoa do singular
mon + e
-o
moneo (= advirto)
2ª pessoa do singular
mon + e
-s
mones (= advertes)
3ª pessoa do singular
mon + e
-t
monet (= adverte)
1ª pessoa do plural
mon + e
-mus
monemus (=
advertimos)
2ª pessoa do plural
mon + e
-tis
monetis (= advertis)
3ª pessoa do plural
mon + e
-nt
monent (=
advertem)
Presente do Infectum de moneo, -ere – Voz passiva
Pessoa
Radical e VT =
TEMA
Desinência númeropessoal
O presente do
Infectum
1ª pessoa do singular
mon + e
-or
moneor (= sou
advertido)
2ª pessoa do singular
mon + e
-ris
moneris (= és
advertido)
3ª pessoa do singular
mon + e
-tur
monetur (= é
advertido)
1ª pessoa do plural
mon + e
-mur
monemur (=
somos advertidos)
2ª pessoa do plural
mon + e
-mini
monemini (= sois
advertidos)
3ª pessoa do plural
mon + e
-ntur
monentur (= são
advertidos)
Agora, observe como fica a flexão verbal da voz passiva no imperfeito do Infectum desses mesmos verbos:
Imperfeito do Infectum de amo, -are – Voz ativa
Presente do Infectum de amo, -are – Voz passiva
Pessoa
Radical e VT = TEMA
Desinência númeropessoal
O presente do
Infectum
Pessoa
TEMA e infixo
Desinência númeropessoal
O imperfeito do
Infectum
1ª pessoa do singular
ama +BA
-m
1ª pessoa do singular
am
-or
amor (= sou
amado)
amabam (=
amava)
2ª pessoa do singular
ama + BA
-s
2ª pessoa do singular
am + a
-ris
amaris (= és
amado)
amabas (=
amavas)
3ª pessoa do singular
ama + BA
-t
amabat (= amava)
3ª pessoa do singular
am + a
-tur
amatur (= é
amado)
1ª pessoa do plural
ama + BA
-mus
amabamus (=
amávamos)
1ª pessoa do plural
am + a
-mur
amamur (=
somos amados)
2ª pessoa do plural
ama + BA
-tis
amabatis (=
amáveis)
2ª pessoa do plural
am + a
-mini
amamini (= sois
amados)
3ª pessoa do plural
ama + BA
-nt
amabant (=
amavam)
3ª pessoa do plural
am + a
-ntur
amantur (= são
amados)
SEAD/UEPB
I
152
Língua Latina I
Língua Latina I
I
SEAD/UEPB
153
Olhando atentamente, você perceberá que há mais semelhanças
que diferenças. Além do mais, as diferenças apresentam uma regularidade, merecendo, todavia, especial atenção às flexões da:
Imperfeito do Infectum de amo, -are – Voz passiva
Pessoa
TEMA e infixo
Desinência
número-pessoal
O imperfeito do
Infectum
1ª pessoa do singular
ama +BA
-r
amabar (= era
amado)
2ª pessoa do singular
ama + BA
-ris
amabaris (= eras
amado)
3ª pessoa do singular
ama + BA
-tur
amabatur (= era
amado)
1ª pessoa do plural
ama + BA
-mur
amabamur (=
éramos amados)
2ª pessoa do plural
ama + BA
-mini
amabamini (= éreis
amados)
3ª pessoa do plural
ama + BA
-ntur
amabantur (=
eram amados)
Imprefeito do Infectum de moneo, -ere – Voz ativa
Pessoa
TEMA e infixo
Desinência
número-pessoal
O imperfeito do
Infectum
1ª pessoa do singular
mone + ba
-m
monebam (=
advertia)
2ª pessoa do singular
mone + ba
-s
monebas (=
advertias)
3ª pessoa do singular
mone + ba
-t
monebat (=
advertia)
1ª pessoa do plural
mone + ba
-mus
monebamus (=
advertíamos)
2ª pessoa do plural
mone + ba
-tis
monebatis (=
advertíeis)
3ª pessoa do plural
mone + ba
-nt
monebant (=
advertiam)
Imprefeito do Infectum de moneo, -ere – Voz passiva
Pessoa
TEMA e infixo
Desinência númeropessoal
O imperfeito do
Infectum
1ª pessoa do singular
mone + ba
-r
monebar (= era
advertido)
2ª pessoa do singular
mone + ba
-ris
monebaris (= eras
advertido)
3ª pessoa do singular
mone + ba
-tur
monebatur (= era
advertido)
1ª pessoa do plural
mone + ba
-mur
Monebamur (=
éramos advertidos)
2ª pessoa do plural
mone + ba
-mini
monebamini (=
éreis advertidos)
3ª pessoa do plural
mone + ba
-ntur
monebantur (=
eram advertidos)
154
SEAD/UEPB
I
Língua Latina I
• 1ª pessoa do presente: na ativa terminada em o, acrescente, na
passiva, -r;
• 1ª pessoa do imperfeito: na ativa terminada em m, troque, na
passiva, por r, ficando as demais terminações sem mais novidades.
É válido salientar que todas as formas passivas apresentadas correspondem às chamadas passivas sintéticas, isto é, expressas por só uma
palavra, como amor, indicando, em todo caso, tanto o masculino (sou
amado) como o feminino (sou amada).
a. O agente da passiva - caso ablativo
Agora que você já sabe como são flexionados os verbos regulares
de 1ª e 2º conjugação no presente e no imperfeito do Infectum na voz
passiva, lancemos um olhar mais atento ao termo oracional que aponta
para quem ou o quê pratica a ação do verbo nesse caso, que não é,
como na voz ativa, o sujeito da oração, mas o agente da passiva.
O agente da passiva em latim traduz-se pelo caso ablativo, ora
com, ora sem preposição. Acrescente que a preposição que rege o
ablativo enquanto agente da passiva é A e sua variante Ab1. Assim,
você deve estar se perguntando: se o ablativo corresponde ao agente
da passiva, ainda mais regido pela preposição A/Ab (que pode indicar,
também, um adjunto adverbial), como saber se se trata de agente da
passiva ou de adjunto adverbial? A resposta é muito simples: basta
olhar primeiramente para a forma verbal da oração, requisito essencial para a análise e tradução de frases latinas. Se estiver na voz ativa,
trata-se de um adjunto adverbial; estando na voz passiva, teremos um
agente da passiva.
No entanto, não é sempre que o agente da passiva vem regido por
preposição. Há casos em que ele virá traduzido pelo ablativo simples,
que, já sabemos, não acompanha preposição. Ainda assim, a flexão
verbal é o indício de que dispomos para saber se se trata de um adjunto
adverbial ou de um agente da passiva. Os critérios que definem se virá
com ou sem preposição são o de ser animado ou o de ser inanimado
(ou considerado inanimado), conforme veremos a seguir.
Língua Latina I
I
SEAD/UEPB
155
A respeito dos usos de cada forma, ver
“Preposições que regem o ablativo”, Unidade VIII.
1
b. Ser animado - com preposição A/Ab
c. Ser inanimado ou considerado
inanimado - sem preposição
Quando o agente da passiva é um ser animado ou personificado, o
ablativo vem regido pela preposição A, quando iniciado por consoante;
e pela derivada Ab, quando iniciado por vogal ou por h. Você já deve
saber das especificidades que envolvem vogais e consoantes em fim e
começo de palavras, mas, se não as assimilou bem, não custa nada
revisar as unidades pertinentes.
Por outro lado, se o agente da passiva corresponde a ser inanimado
ou assim considerado, vem traduzido pelo ablativo simples, isto é, sem
preposição, sendo determinante para seu reconhecimento perceber se
o verbo está ou não na voz passiva. Exemplos:
Vejamos, agora, alguns exemplos de ser animado sendo agente da
passiva:
Bella tubis copiaruam quondam nuntiabantur.
Outrora, as guerras eram anunciadas pelas trombetas das tropas
Anima amicitia novatur.
A alma é revigorada com a amizade
Orphanus a mendica amatur
O órfão é amado pela mendiga
Cervus a lupis capĭtur
O veado é apanhado pelos lobos
abIsraelita delēntur
A cidade foi destruída pelo povo israelita
Oppĭda
Atividade I
Há o caso de se considerarem animados seres inanimados,
ocorrendo o que chamamos de personificação. A flexão casual e sua
regência preposicional não são alheias a esse fenômeno e figuram
como se o agente da passiva fosse, de fato, animado:
Inimica novicula a amicis ventis verberabatur.
A embarcação inimiga era fustigada pelos ventos amigos
(observe “ventos amigos” como seres animados)
Quando com o verbo probari (ser louvado, ser aprovado) e com
os verbos formados pelo particípio perfeito, o agente da passiva pode
encontrar-se no dativo:
Você deve estar estranhando o verbo de
ação no meio da oração. Dissemos em outro ponto que, geralmente, o verbo vem no
final da oração, nada impedindo, pois, que
surjam no meio, formato que muitos poetas
adotavam para que seus versos tivessem ritmo e melodia.
a. Analise sintaticamente as orações abaixo:
Aegroti medicinis curantur.
Terra luna illuminatur.
Cogitatum animo illustratur.
Fabulae a poetis in platea publica olim recitabantur.
1. Indique o agente da passiva de cada oração, apontando caso e número.
2. Passe as orações dos enunciados para a voz ativa.
2
Pompeius iudicat2 ea mihi probari
Pompeu julga que aqueles casos são aprovados por mim
Omnes consulares, qui tibi persaepe ad caedem constituti fuerunt...
Todos os ex-cônsules, que foram por ti muitas vezes destinados à morte...
156
SEAD/UEPB
I
Língua Latina I
b. Lusitane Reddere:
dica. utilize o bloco
Traduza as frases acima colocadas na voz passiva e ativa:
Língua Latina I
I
SEAD/UEPB
de anotações para
responder as atividades!
157
Vocabulário:
A(b) = pelo(a);
In = em; na;
Aegrotus, i = o doente;
Medicina, ae = remédio;
Animus, i = espírito;
Olim = antigamente;
Cogitatum, i = pensamento;
Platea, ae = praça;
Não constitui novidade o que dissemos até agora quanto a esse
verbo. Entretanto, ele possui uma característica especial: pode se unir
a determinadas preposições, formando novos verbos, com significados
diversos entre si. Você já conhece a maioria das preposições latinas e
irá reconhecer aquelas que, ao lado de sum, formam seus compostos.
Contudo, observe bem a flexão de sum nos tempos do Infectum acima
reproduzida, seus compostos obedecem a esse mesmo paradigma.
São composto de sum (esse):
Curo, as, avi, are = curar, cuidar
Poeta, ae = poeta;
Fabula, ae = fábula;
Publicus, a, um = público, pública;
Abesse (estar ausente)
Obesse (opor-se a)
Illumino, as, avi, are = iluminar;
Recito, as, avi, are;
Adesse (estar presente)
Praeesse (comandar)
Illustro, as, avi, are = ilustrar, iluminar
Terra, ae = Terra;
Deesse (faltar)
Prodesse (ser últil a, servir a)
Inesse (estar em)
Superesse (sobreviver a)
Interesse (participar de)
Tomemos como exemplo o composto adesse e vejamos como fica a
sua flexão nos tempos do Infectum:
Os Verbos Compostos
de “sum”
Na Unidade III, no Capítulo 2 “Dois verbos irregulares: ‘sum’ e
‘possum’”, falamos que o latim, assim como a língua portuguesa, possui irregularidades quando à flexão dos verbos, isto é, apresenta inconstâncias. Você viu também que, para reconhecer que um verbo é
irregular, o aspecto principal a ser considerado é a alteração parcial
ou total do radical na conjugação de algumas pessoas e tempos verbais, que apresentam desigualdade quanto à estrutura original, como
é o caso do verbo “sum” (= eu sou, estou), que tem como infinitivo a
forma esse, que significa ser, estar, haver, existir etc. – a depender do
contexto.
Para facilitar a compreensão do tema ora apresentado, vimos por
bem reproduzir a tabela de flexão do verbo “sum”, que fora apresentada inicialmente na Unidade supracitada:
Pessoa
Presente
Imperfeito
Futuro
1ª pessoa do singular
Sum
eram
ero
2ª pessoa do singular
Es
eras
eris
3ª pessoa do singular
Est
erat
erit
1ª pessoa do plural
Sumus
eramus
erimus
2ª pessoa do plural
Estis
eratis
eritis
3ª pessoa do pulral
Sunt
erant
erunt
158
SEAD/UEPB
I
Língua Latina I
Presente
Imperfeito
Futuro
Perfeito
Mais-que-perfeito
adsum
aderam
adero
adfui
adfueram
ades
aderas
aderis
adfuisti
adfueras
adest
aderat
aderit
adfuit
adfuerat
adsumus
aderamus
aderimus
adfuimus
adfueramus
adestis
aderatis
aderitis
adfuistis
adfueratis
adsunt
aderant
aderunt
adfuerunt
adfuerant
Nota:
1) As preposições, agora prefixos verbais, devem ser escritas por inteiro, não podendo ficar truncadas. Ex.: é supēreram, e não “superam”.
Contudo, no verbo absum, a preposição ab muda-se em a antes de f
(letra com que se iniciam as flexões do perfeito e do mais-que-perfeito):
afui e afueram, por exemplo; e no verbo prosum, o prefixo pro torna-se
prod antes de e (letra com que se iniciam as flexões do presente, do
imperfeito e do futuro): proderam e prodero, por exemplo.
Língua Latina I
I
SEAD/UEPB
159
2.1. Regência dos compostos de “sum”
Todos os compostos do verbo sum regem o dativo, a exceção do
verbo absum, que rege o ablativo de separação3. E insum pode construir-se também com in e o ablativo.
Lembre-se que o ablativo de separação
ocorre com as preposições a (ab) e e (ex), a
depender da letra inicial da palavra regida.
3
Vejamos alguns exemplos:
Inĕrat
ção de certas preposições, formando compostos que possuem sentidos
diversos entre si. Em outras palavras, somando o conhecimento obtido
por meio das unidades anteriores a este, você está pronto para proceder a uma análise sintática da oração sem maiores preocupações. Mas
isso nunca será o bastante:
Para aprofundar e de fato aprender bem os temas apresentados
nessa Unidade, uma leitura regular dos textos sugeridos, para isentar
qualquer dúvida existente, se faz necessária. E não deixe de procurar os
tutores para os esclarecimentos.
populo (= Estava entre o povo);
Inest in vultu superbus (= A serenidade está gravada no rosto);
Defŭit
officio (= Faltou ao dever);
Leituras recomendadas
Absum a (ou e) schola (= Estou ausente da escola).
Para o melhor entendimento dos conteúdos estudados nesta Unidade,
você deve procurar ler:
Atividade II
Conjugue, em todos os tempos do infectum, os seguintes compostos de sum:
Abesse (estar ausente)
Deesse (faltar)
Inesse (estar em)
Interesse (participar de)
Prodesse (ser últil a, servir a)
dica. utilize o bloco
Superesse (sobreviver a)
de anotações para
responder as atividades!
Chega ao fim mais uma unidade de estudos de Latim I. Se você não
percebeu, só nos falta uma unidade para o encerramento da disciplina.
Assim, procure mostrar ainda mais dedicação e concentração, falta
pouco para você vencer a primeira grande etapa deste maravilhoso
desafio, que é conhecer a língua-mãe de nossa língua vernácula em
muitos de seus aspectos!
a. Para “Morfossintaxe da voz passiva”, ver
“Voz ativa – agente da passiva”, in: Gramática Latina, de Napoleão Mendes de Almeida
(2000: p. 59 - 61); “O sistema verbal latino”,
in: Iniciação ao Latim, de Zelia de Almeida
Cardoso (2003, p. 65 - 96); “Sintaxe das preposições”, in: Gramática latina, de Júlio Comba (1991, p. 202-10); “Preposições, conectivos entre termos frasais”, in: Língua e Literatura Latina e sua derivação Portuguesa, de Oswaldo Antônio Furlan (2006: p.128-32);
“Agente da passiva”, in Gramática latina, de Júlio Comba (1991,
p. 145 – 6); e “O agente da passiva”, in Compêndio de gramática
latina, de Almendra e Figueiredo (2003, p. 155-156).
b. Para “Compostos de sum” ver “Compostos
de sum”, in: Gramática Latina, de Napoleão
Mendes de Almeida (2000: p. 233-34); “Os
compostos do verbo sum”, in: Língua latina
I, de Francis Boyes (1989, p. 32); e “Verbos
irregulares – sum e seus compostos”, in: Não perca o seu latim, de
Paulo Rónai (1980, p. 222 – 23).
Então, agora você conhece como se flexiona a voz passiva em latim, dos verbos regulares de 1ª e 2ª conjugações do Infectum; o agente
da passiva, os casos que podem sê-lo e as preposições que podem
regê-lo; e uma especialidade do verbo sum, que é permitir a prefixa-
160
SEAD/UEPB
I
Língua Latina I
Língua Latina I
I
SEAD/UEPB
161
Resumo
Nesta unidade, você viu que o paradigma da flexão verbal da voz
passiva em latim conserva, para os verbos regulares, a exemplo de
amare (1ª conjugação) e monere (2ª conjugação), o tema do verbo, assim como na voz ativa. Entretanto, a voz passiva apresenta desinências
pessoais distintas da voz ativa. Olhando atentamente, você perceberá
que há mais semelhanças que diferenças. Além do mais, as diferenças
apresentam uma regularidade, merecendo, todavia, especial atenção
as flexões da: 1ª pessoa do presente: na ativa terminada em -o, acrescente-se, na passiva, -r; 1ª pessoa do imperfeito: na ativa terminada em
-m, troque-se, na passiva, por -r, ficando as demais terminações sem
mais novidades. Todas as formas passivas apresentadas correspondem
às chamadas passivas sintéticas, isto é, expressas por só uma palavra.
Percebeu que o agente da passiva em latim merece especial atenção, pois é o termo oracional que aponta para quem ou o quê pratica
a ação do verbo na voz passiva, não se confundindo com o sujeito. O
agente da passiva em latim traduz-se pelo caso ablativo, ora com, ora
sem preposição. Acrescente-se que a preposição que rege o ablativo
enquanto agente da passiva é A e sua variante Ab. Olhando primeiramente para a forma verbal da oração, requisito essencial para a análise
e tradução de frases latinas, você saberá se se trata de agente da passiva ou de adjunto adverbial, devido às semelhanças (ablativo regido por
preposição): se estiver na voz ativa, trata-se de um adjunto adverbial;
estando na voz passiva, teremos um agente da passiva. Não é sempre,
no entanto, que o agente da passiva vem regido por preposição. Há
casos em que ele virá traduzido pelo ablativo simples, que, já sabemos,
não acompanha preposição. Os critérios que definem se virá com ou
sem preposição são o de ser animado ou o de ser inanimado (ou considerado inanimado).
cujos diferentes prefixos são algumas das preposições estudadas, originando novos verbos, com significados distintos entre si, sendo conhecidos como os compostos de sum. Assim, as preposições, agora prefixos
verbais, devem ser escritas por inteiro, não podendo ficar truncadas.
Contudo, no verbo absum, a preposição ab muda-se em a antes de f
(letra com que se iniciam as flexões do perfeito e do mais-que-perfeito):
afui e afueram, por exemplo; e no verbo prosum, o prefixo pro torna-se
prod antes de e (letra com que se iniciam as flexões do presente, do
imperfeito e do futuro): proderam e prodero, por exemplo. Todos os compostos do verbo sum regem o dativo, a exceção do verbo absum, que
rege o ablativo de separação. E insum pode construir-se também com
in e o ablativo.
Autovaliação
Há muitas semelhanças entre a voz ativa e a voz passiva dos verbos regulares nos tempos do infectum. Com base nisso, elabore uma
consideração sobre as diferenças entre a voz ativa e a voz passiva dos
verbos regulares de 1ª e 2ª conjugações, aduzindo ao texto as principais informações acerca do agente da passiva.
Quando o agente da passiva é um ser animado ou personificado, o
ablativo vem regido pela preposição A, quando iniciado por consoante;
e pela derivada Ab, quando iniciado por vogal ou por h. Há o caso, no
entanto, de se considerarem animados seres inanimados, ocorrendo
o que chamamos de personificação. A flexão casual e sua regência
preposicional não são alheias a esse fenômeno e figuram como se
o agente da passiva fosse, de fato, animado. Quando com o verbo
probari (ser louvado, ser aprovado) e com os verbos formados pelo
particípio perfeito, o agente da passiva pode-se encontrar no dativo.
Por outro lado, se o agente da passiva corresponde a ser inanimado
ou assim considerado, vem traduzido pelo ablativo simples, isto é, sem
preposição, sendo determinante para seu reconhecimento perceber se
o verbo está ou não na voz passiva.
dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
Você viu, ainda, que o verbo sum possui uma derivação prefixal,
162
SEAD/UEPB
I
Língua Latina I
Língua Latina I
I
SEAD/UEPB
163
x Unidade
Referências
ALMEIDA, Napoleão Mendes de. Gramática Latina: curso único e
completo. 29 ed. São Paulo: Saraiva, 2000.
ALMENDRA, Maria Ana; FIGUEIREDO, José Nunes de. Compêndio de
Gramática Latina. Porto: Porto editora, 2003.
BOYES, Francis Xavier. Língua Latina I. Recife: Fasa Editora, 1989.
CARDOSO, Zélia Almeida. Iniciação ao Latim. 5 ed. São Paulo: Ática,
2003. (Série Princípios).
COMBA, Júlio. Gramática Latina para Seminários e Faculdades. 4 ed. rev. e
adpt. São Paulo: Editora Salesiana Dom Bosco, 1991.
FURLAN, Oswaldo Antônio. Língua e literatura latina e sua derivação
portuguesa. Petrópolis: Vozes, 2006.
RÓNAI, Paulo. Não Perca o seu Latim. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
2002.
A função pronominal e os
adjetivos de 1ª Classe
164
SEAD/UEPB
I
Língua Latina I
Língua Latina I
I
SEAD/UEPB
165
Apresentação
Você já vem conhecendo muitos nomes em latim, e, como
sabemos, um dado universal a respeito das línguas é que
os nomes surgem para nomear coisas, seres, fenômenos,
sentimentos, etc., e também para predicá-los, com características ora em conformidade com que se nos apresentam
(objetivo), ora conforme os consideramos (subjetivo). Na
própria fala, nos cansaríamos de repetir o nome daquilo sobre o que falamos, e também cansaríamos o nosso ouvinte
com uma redundância suportável por pouco tempo. Assim,
as línguas naturais, devido a sua dinamicidade, trataram de
fazer aparecer termos que, na fala e no registro escrito, se
remetessem a palavras já citadas, evitando as repetições,
atribuindo-lhes posses, qualidades (boas ou más), situandoas no espaço geográfico e na interlocução. A tudo isso que
falamos correspondem os pronomes e os adjetivos. Vale salientar que os adjetivos se confundiam com os pronomes justamente por sua capacidade de estar em função do nome.
Assim como em Português, em Latim há pronomes pessoais,
possessivos, demonstrativos, reflexivos, relativos, interrogativos e indefinidos, cujas funções precípuas são referir-se aos
nomes em torno dos quais orbitam, nas mais diversas relações (de posse, posição espacial, etc.). Dessa maneira, nesta unidade, você conhecerá os pronomes pessoais do caso
reto (ou pronomes-sujeitos), os adjetivos de 1ª classe e os
pronomes possessivos, por possuírem caráter propedêutico,
ou seja, necessário ao entendimento dos demais pronomes
e adjetivos. Bons estudos!
166
SEAD/UEPB
I
Língua Latina I
Objetivos
Esperamos que nesta Unidade, você consiga:
• Entender a função pronominal, especialmente dos pronomes
pessoais do caso reto (ou pronomes-sujeitos) em latim, procurando assimilar suas regularidades e especificidades;
• Conhecer os adjetivos de primeira classe, compreendendo sua
morfossintaxe e peculiaridades;
• Aprender os pronomes possessivos latinos, buscando entender a
morfossintaxe que se mostra quando dos usos dessa subclasse.
Língua Latina I
I
SEAD/UEPB
167
“o amor de mim”, isto é, “o amor que se sente por mim”, e memor mei,
“lembrado de mim”. Os genitivos em –um (nostrum e vestrum) empregam-se exclusivamente em sentido partitivo: unus nostrum, “um dentre
nós”, ou “um de nós” (uma parte de nós – por isso partitivo).
Os pronomes pessoais
do caso reto
Não se confunda pelas formas: mei, tui, sui, nostri, nostrum, vestri,
vestrum, que são genitivos de pronomes pessoais, não são adjetivos
possessivos.
Os pronomes pessoais não substituem propriamente o nome; indicam a pessoa do discurso: a pessoa que fala ou a com quem se fala.
Em latim, o seu emprego é, muitas vezes desnecessário. No entanto,
existem e são enfáticos, expressivos. Possuem, por outro lado, na sua
forma objectual, papel gramatical. Abaixo, quadro dos pronomes pessoais nas 1ª, 2ª e 3ª pessoas, nos casos latinos em que existam:
Quando acompanhados pela preposição cum, especificidade do
ablativo, fundem-se com esta: ao invés de cum me, temos mecum. Da
mesma forma: tecum, secum, nobiscum, vobiscum. Quando o pronome te
recebe a preposição a (ab), esta frequentemente toma a forma abs:
Abs te diu afui
Estive distante de ti por muito tempo
SINGULAR
Caso
1ª pessoa
2ª pessoa
3ª pessoa
sui “de si”
se “se”
sibi “se”, “a si”
se “por si”
-
Nom.
Gen.
Ac.
Dat.
Abl.
Voc.
ego “eu”
mei “de mim”
me “me”
mihi “me” “a mim”
me “por mim”
-
tu “tu”
tui “de ti”
te “te”
tibi “te”, “a ti”
te “por ti”
tu “tu”
Nom.
Gen.
Ac.
Dat.
Abl.
Voc.
nos “nós”
nostri (poss.)“de nós”
nos “nos”
nostrum (part.)“dentre nós”,
nobis “por nós”
-
vos “vós”
vestri (poss.)“de vós”
vos “vos”
vestrum (part.)“dentre vós”
vobis “vos”, “a vós”
vos “vós”
PLURAL
sui “de si”
se “se”
sibi “se”, “a si”
se “por si”
-
Segundo Cardoso (2003, p. 57), não há pronome pessoal de terceira pessoa. Para designar aquele de quem se fala usa-se o demonstrativo, que, para Rónai (1980, p. 205), é de sentido reflexivo e não
tem nominativo. Em outras palavras, os pronomes pessoais da terceira
pessoa existem em função de um pronome reflexivo que obviamente
não atende ao nominativo, mas se flexiona de acordo com os pronomes pessoais da segunda pessoa (observe as semelhanças entre os
pronomes pessoas de segunda pessoa do singular e os de terceira do
singular e do plural, destacados na tabela).
Pronomes pessoais como os que temos em português não se originam necessariamente dos pronomes pessoais latinos, são correspondências aos pronomes demonstrativos latinos: “ele”, “ela” e suas flexões (“o”, “a”, “lhe”, etc.) correspondem em latim aos demonstrativos
is, ea, id e ille, illa, illud.
É válido salientar que o genitivo do pronome pessoal não se emprega nunca com sentido possessivo, uma vez que a tradução do genitivo
para português está atrelada à preposição “de”, que pode, também,
indicar posse, e, nesse caso, pode estar adjunto a um verbo, ou a um
substantivo ou adjetivo verbal. Como exemplos deste último, amor mei,
168
SEAD/UEPB
I
Língua Latina I
Atividade I
a. Circule todos os pronomes nas frases dadas:
01.Dominus vobiscum! Et etiam tecum!
02.Et me sicut et te Deus creavit.
03.Ego te amo; tune me amas?
04.Deus te sine te creavit; sed te sine te non salvabit.
05.Tibi vero semper profui; cur ergo mihi obesse desideras?
06.Vos vero ab insidiis diaboli Deus liberabit.
07.Horatii germanus quidem se novacula vulneraverat.
08.Abs te diu abero; itaque te valde desiderabo.
09.Mene vocavisti? Te non vocavi.
10.Sibi vilicus sic oberit.
11.Et in Dei ecclesia estis vos et Dei ecclesia estis vos.
12.Cura absque modis tibi oberit.
13.Sicarius autem me vel te sica vulnerare temptabit.
14.Nos vestri memoria delectabit nobisque proderit.
15.Tibi nos magister commendabit.
16.Cicero a me laudatur.
17.Cras tecum coenabo
18.Improbi sibi semper obtemperant
b. Lusitane Reddere:
Agora traduza as frases acima, conforme o vocabulário dado:
dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
Língua Latina I
I
SEAD/UEPB
169
Vocabulário:
A(b) = de(a/o);
Nobis = a nós, para nós;
Absque = sem;
Nos = nos
Absum, abesse, afui = estar ausente,
estar distante;
Novacula, ae = navalha;
Amo, as, avi, are = amar;
Obsum, obesse, obfui = opor-se,
prejudicar, fazer mal;
Cicero = Cícero;
Obtempero, as, avi, are [ rege o dat.] =
obedecer;
Coeno, as, avi, are = jantar;
Prossum, prodesse, profui = ser útil,
fazer bem;
Commendo, as, avi, are = recomendar;
Que [enclítico] = e;
Cras = amanhã;
Quidem = de fato, certamente;
Creo, as, avi, are = criar;
Salvo, as, avi, are = salvar;
Cur = por que;
Se = se;
Cura, ae = preocupação; tratamento;
Sed = mas;
Delecto, as, avi, are; agradar(-se);
deleitar-se;
Semper = sempre;
Desidero, as, avi, are = desejar; sentir
falta;
Sibi = a si, para si;
Deus, i = Deus;
Sic = assim; deste modo;
Diabolus, i = diabo;
Sica, ae = adaga, punhal;
Diu = por muito tempo; há muito
tempo;
Sicarius, i = assassino;
Dominus, i = o Senhor;
Sicut = assim como;
Ecclesia, ae = igreja;
Sine = sem;
Ego = eu;
Sum, es, fui, esse = ser, estar, haver;
Ergo = logo, portanto;
Te = te;
Et etiam = e também;
Tecum = contigo;
Et...et = Assim... como;
Tecum = contigo;
Germanus, i = irmão;
Tempto, as, avi, are = tentar
Horatius, i = Horácio;
Tibi = a ti, para ti;
Improbus, i = o mau
Tu = Tu;
In = em;
Valde = muito;
Insidiae, arum = emboscada, cilada;
Vel = ou;
Itaque = logo, portanto;
Vero = na verdade;
Laudo, as, avi, are = elogiar, louvar;
Vestri = de vós [vossa];
Libero, as, avi, are = livrar;
Villicus, i = caseiro;
Magister, tri = professor;
Vobiscum = comvosco;
Me = me;
Voco, as, avi, are = chamar;
Memoria, ae = memória, lembrança;
Vos = vós (vocês); vos
Mihi = a mim, para mim;
Vulnero, as, avi, are = ferir;
Modus, i = medida, regra;
170
SEAD/UEPB
I
Língua Latina I
Os Adjetivos de
Primeira Classe
Adjetivos são palavras que se referem a substantivos ou palavras
substantivadas, indicando-lhe um atributo. Para efeito de declinação,
em latim os adjetivos são divididos em: adjetivos de 1ª classe e adjetivos de 2ª classe. Fiquemos, por enquanto, com a definição dos primeiros. São denominados adjetivos de primeira classe aqueles que determinam, modificam, qualificam os substantivos, obedecendo às regras
de flexão da 1ª classe e 2ª declinações. Portanto, um adjetivo concorda
com um substantivo em gênero, número e caso, usando as desinências
da 1ª declinação para exercer a concordância com substantivos femininos; usando as desinências da 2ª declinação para exercer a concordância com substantivos masculinos e neutros.
São considerados adjetivos triformes, por apresentarem três formas,
uma para cada gênero, sendo:
uma para o masculino, em us
bonus (2ª declinação)
uma para o feminino, em a
bona (1ª declinação)
uma para o neutro, em um
bonum (2ª declinação)
Quando, portanto, o dicionário apresentar um nome da seguinte
forma:
bonus, a, um
dignus, a, um
parvus, a, um
citando três formas, uma por extenso em –us, seguida de duas abreviadas, em a e em um, estará nos indicando um adjetivo de 1ª classe.
Contudo, há substantivos masculinos da segunda declinação que
têm o nominativo singular em –er (liber, magister, puer etc.). Nesse caso,
o adjetivo de primeira classe, que confere atributos a estes nomes, não
fica indiferente a esta mudança flexional, e em vez da forma –us para o
masculino, têm a forma –er. A maioria de tais adjetivos segue no masculino a declinação do substantivo líber, perdendo no genitivo singular
o e da terminação er:
Língua Latina I
I
SEAD/UEPB
171
SINGULAR
SINGULAR
Caso
Masculino
Feminino
pulcher (= lindo)
pulchr-i
pulchr-um
pulchr-o
pulchr-o
pulcher
Nom.
Voc.
Gen.
Dat.
Abl.
Ac.
pulchra
pulchr-ae
pulchr-am
pulchr-ae
pulchr-a
pulchra
Neutro
pulchrum
pulchr-i
pulchr-um
pulchr-o
pulchr-o
pulchrum
Caso
Masculino
plerīque
plurimorum
plerosque
plerīsque
plerīsque
Nom.
Gen.
Ac.
Dat.
Abl.
Feminino
pleraēque
plurimarum
plerasque
plerīsque
plerīsque
Neutro
plerăque
plurimorum
plerăque
plerīsque
plerīsque
PLURAL
pulchr-i
pulchr-i
pulchr-orum
pulchr-is
pulchr-is
pulchr-os
Nom.
Voc.
Gen.
Dat.
Abl.
Ac.
pulchr-ae
pulchr-arum
pulchr-as
pulchr-is
pulchr-is
pulchr-ae
pulchr-a
pulchr-orum
pulchr-a
pulchr-is
pulchr-is
pulchr-a
Alguns seguem no masculino a declinação de puer, isto é, conservam sempre o e dessa terminação:
SINGULAR
Caso
Masculino
miser (= infeliz)
miser
misĕr-i
misĕr-o
misĕr-o
misĕr-um
Nom.
Gen.
Ac.
Dat.
Abl.
Voc.
Feminino
misĕra
misĕra
misĕr-ae
misĕr-ae
misĕr-a
misĕr-am
Neutro
misĕrum
misĕrum
misĕr-i
misĕr-o
misĕr-o
misĕrum
PLURAL
misĕr-i
miser-orum
misĕr-os
misĕr-is
misĕr-is
misĕr-i
Nom.
Gen.
Ac.
Dat.
Abl.
Voc.
misĕr-ae
miser-arum
misĕr-as
misĕr-is
misĕr-is
misĕr-ae
misĕr-a
miser-orum
misĕr-a
misĕr-is
misĕr-is
misĕr-a
Existe entre os adjetivos de 1ª classe apenas um cuja terminação se
dá em -ur: satur, satŭra, satŭrum (= farto, saciado), cujo vocativo é igual
ao nominativo.
Nota: Alguns adjetivos raramente são empregados no nominativo
masculino singular, como é o caso de:
(cetĕrus), cetĕra, cetĕrum (= restante)
(extĕrus), extĕra, extĕrum (= exterior, externo)
(postĕrus), postĕra, postĕrum (= seguinte)
Além disso, existe um adjetivo (plerīque, pleraēque, plerăque = a maior
parte, o maior número, quase todos) declinável somente no plural, ficando sempre o –que final inalterável; não tem vocativo e no genitivo é
substituído por plurimorum, plurimarum, plurimorum:
172
SEAD/UEPB
I
Língua Latina I
Atividade II
a. Decline em seu caderno as seguintes expressões, em todos os casos:
01.Malus florida = macieira florida;
02.Magnus Poeta = um grande poeta;
03.Praemium pretiosum = um prêmio precioso;
b. Lusitane Reddere:
01.Viri improbi liberi non sunt, autem miseri
02.Dextra Graecorum ala sinistram Persarum alam fugat
03.Deus virum ac feminam bestiasque terrae cuntas creavit;
04.Simii vitam longam habent
05.Equi legati non sunt nigri, sed albi et rubri
06.Mater mea aegra erat et miser eram
Vocabulário:
Ac = e;
Legatus, i = Embaixador;
Aeger, gra, grum = doente
Liber, ĕra, ĕrum = livre;
Ala, ae = ala, fila, lado;
Mater, matris [3ª Decl.] = mãe;
Albus, a, um = branco
Meus, mea, meum = meu;
Autem = porém;
Miser, ĕra, ĕrum = infeliz, desgraçado
Bestia, ae = animal;
Niger, gra, grum = negro, preto
Creo, as, avi, are = criar;
Non = não;
Cuntus, a, um = junto, unido;
Persae, arum = Persas;
Deus, i = Deus;
Que [enclítico] = e;
Dexter, tra, trum (ou tĕra, tĕrum) = direito Ruber, bra, brum = vermelho, castanho;
Equus, i = cavalo
Sed = mas (conjugação)
Et = e;
Simius, i = símio, macaco;
Língua Latina I
I
SEAD/UEPB
173
dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
Femina, ae = mulher;
Sinister, tra, trum = esquerdo;
Fugo, as, avi, are = afugentar, afastar,
por em fuga
Sum, es, esse, fui = ser, estar, haver;
Graeci, orum = Gregos;
Terra, ae = Terra;
Habeo, es, ui, ere = Ter
Vir, i = varão, homem;
Improbus, a, um = mau;
Vita, ae = vida;
Os pronomes possessivos
Os pronomes possessivos podem ser ora adjetivos, ora pronomes.
São chamados também de adjetivos possessivos. Vejamos a tabela dos
possessivos latinos:
PESSOA
1ª
2ª
3ª
SINGULAR
meus, mea, meum
tuus, tua, tuum
suus, sua, suum
PLURAL
noster, nostra, nostrum
vester, vestra, vestrum
suus, sua, suum
“nosso”, “nossa”
“vosso”, “vossa”
“seu”, “sua”
Os adjetivos possessivos declinam-se como qualquer adjetivo de 1ª
classe, apresentando apenas uma irregularidade: meus tem por vocativo singular mi. O adjetivo possessivo de 3ª pessoa emprega-se somente no sentido de “seu próprio”. Quando em português empregamos
“seu”, em latim ou não há adjetivo possessivo, ou, às vezes, se usa o
genitivo do pronome demonstrativo (como em português “dele” em vez
de “seu”), etc.
Às vezes encontram-se na mesma oração o adjetivo possessivo da
3ª pessoa e o genitivo do pronome demonstrativo; os dois se referem,
então, a pessoas diferentes. Por exemplo: Heuvetii cum Germanis contendunt, eos suis finĭbus prohibent aut ipse in eorum finĭbus bellum gerunt, “Os helvécios lutam com os germanos, repelem-nos de suas próprias fronteiras ou fazem a guerra dentro das fronteiras deles”. (Como
quase sempre acontece, suus refere-se ao sujeito da oração).
Tuus, tua, tuum e suus, sua, suum seguem, de princípio afim, bonus,
bona, bonum, observando que não possuem vocativo. Noster, nostra, nostrum e vester, vestra, vestrum seguem pulcher, pulchra, pulchrum, observando que vester não tem vocativo. Suus, a, um serve para o singular e
para o plural, isto é, pode referir-se a uma só pessoa ou a várias.
174
Não se devem confundir nostri e vestri (=de nós, de vós), genitivo
dos pronomes pessoais nos e vos, com nostri e vestri, genitivo singular
ou nominativo plural dos possessivos noster e vester (= de nosso, de
vosso ou os nossos, os vossos). A mesma observação se deve fazer com
relação a tui (genitivo de tu) e tui (de tuus, a, um), sui (genitivo da 3ª
pessoa) e sui (de suus, a, um); a própria oração indica se essas formas
são de pronomes pessoais ou de possessivos.
De noster deriva o adjetivo nostras, ātis (= de nosso país) e de vester
deriva o adjetivo vestras, ātis (= de vosso país).O ablativo dessas palavras pode ser em e ou em i.
TRADUÇÃO
“meu”, “minha”
“teu”, ”tua”
“seu”, “sua”
TRADUÇÃO
1ª
2ª
3ª
Os possessivos latinos só se empregam para reforço ou por necessidade de clareza ou de especificação, e costumam pospor-se, em regra geral, aos substantivos: pater meus (e não: meus pater). A presença,
portanto, de um possessivo numa frase latina exige muitas vezes um
acréscimo na tradução, que indique esse reforço: manu suā = com sua
própria mão.
SEAD/UEPB
I
Língua Latina I
Atividade III
a. Lusitane Reddere:
01.Magister ego vester eram
02.Boni non sibi, sed omnibus vivunt
03.Puella epistolam manu sua scribit
04.Tu quoque, Brute, fili mi?
Vocabulário:
Boni, orum = os bons, as pessoas de
bem;
Omnibus = para todos;
Magister, tri = professor;
Puēlla, ae = moça;
Brutus, i = Bruto;
Quoque (adv.) = também;
Ego = eu;
Scrībo, is, scripsi, ĕre = escrever;
Manus, us [4ª decl.] = mão;
Sed (conj.) = mas;
Filius, ii = filho;
Sum, es, esse, fui = ser, estar, haver;
Epistula, ae = carta, epístola;
Vester, tra, trum = de vós, os vossos;
Meus, mea, meum = meu;
Vivo, is, vixi, ĕre = viver
de anotações para
responder as atividades!
b. Latine Vertere:
Língua Latina I
I
dica. utilize o bloco
SEAD/UEPB
175
01.Nós estamos contentes porque vós e vossa filha passais bem.
02.Carrego comigo todas as minhas coisas.
03.Sábio professor, nós vos confiamos nossos filhos.
04.Ilustre amigo, estarei sempre lembrando de ti
05.Raramente os heróis geram filhos semelhantes a si.
Vocabulário:
dica. utilize o bloco
A si = sibi;
Nós = Nos;
Amigo = amicus, i;
Nosso = noster, tra, trum;
Carregar = porto, as, avi, are;
Passar bem =valĕo, es, ui, ēre;
Comigo = mecum;
Porque = quia;
Confiar = commendo, as, avi, are;
Professor = Magister, tri;
Contente = contentus, a um;
Raramente = raro
De ti = tui;
Sábio = doctus, a, um
Estar = sum, es, esse, fui;
Semelhante = simĭles [rege dativo]
Estarei lembrando = memor ero [rege
genitivo]
Sempre = semper;
Filha = filia, ae;
Todas as minhas coisas = omnia mea;
Filhos = libĕri, orum
Vós = vos;
Gerar = genĕro, as, avi, are;
Vos = vos;
Heróis = heroes;
Vosso = Vester, tra, trum;
Ilustre = Clarus, a, um;
de anotações para
responder as atividades!
Fim dos módulos correspondentes à disciplina Latim I! Você venceu
este primeiro grande desafio! Agora, está preparado para identificar os
pronomes pessoais, os adjetivos de 1ª classe e os pronomes possessivos nas orações latinas, sabendo também distingui-los uns dos outros,
uma vez que apresentam uma série de semelhanças que só são resolvidas pela análise do contexto frasal. De modo geral, você, se estudou
conforme o indicado, resolvendo as atividades e procurando leitura
mais aprofundada, já sabe como se estrutura a língua latina e quais as
peculiaridades inerentes à morfossintaxe nominal, verbal e de algumas
palavras que orbitam em torno dos núcleos da oração.
Mas esse é o primeiro grande passo dos restantes e não menos
importantes neste terreno que ainda tem muito a ser conhecido. Reforçando o que temos dito ao final de cada unidade, contentar-se não é o
bastante! Para aprofundar e de fato aprender bem os temas apresentados nessa Unidade, uma leitura regular dos textos sugeridos, para isentar qualquer dúvida existente, se faz necessária. E não deixe de procurar
os tutores para os esclarecimentos.
176
SEAD/UEPB
I
Língua Latina I
Leituras recomendadas
Para o melhor entendimento dos conteúdos estudados nesta Unidade,
você deve procurar ler:
a. Para “Os pronomes pessoais”, ver “Pronomes pessoais”, in: Iniciação
ao Latim, de Zelia de Almeida Cardoso (2003,
p. 56-8); “Pronomes pessoais”, in: Não perca
o seu latim, de Paulo Rónai (1980, p. 205206); “Pronomes pessoais”, in: Compêndio
de Gramática Latina, de Maria Ana Almendra
e José Nunes de Figueiredo (2003, p. 64, 69
e 74); “Pronomes, pessoas do discurso”, in: Língua e Literatura Latina e sua derivação Portuguesa, de Oswaldo Antônio Furlan (2006:
p.185-186); “Os pronomes pessoais da primeira e da segunda pessoas e o pronome reflexivo”, in: Língua latina I, de Francis Boyes
(1989, p. 33);
b. Para os “Adjetivos de primeira classe”, ver “Bonus, bona, bonum” e
“Os adjetivos de primeira classe”, in: Gramática latina, de Napoleão Mendes de Almeida (2000: p. 49 e 95);
“Sintaxe dos adjetivos”, in: Gramática latina,
de Júlio Comba (1991, p. 173); “Declinação
dos adjetivos qualificativos”, in: Não perca o
seu latim, de Paulo Rónai (1980, p. 199-200);
e “Adjetivos da primeira classe”, in: Compêndio de Gramática Latina, de Maria Ana Almendra e José Nunes de Figueiredo (2003, p.
49-51);
c. Para “Os pronomes possessivos”, ver “Adjetivos e pronomes possessivos”, in: Não perca o seu latim, de Paulo Rónai (1980, p. 206); “Pronomes possessivos”,
in: Compêndio de Gramática Latina, de Maria
Ana Almendra e José Nunes de Figueiredo
(2003, p. 65 e 74); “Sintaxe dos pronomes –
pessoais e possessivos”, in: Gramática latina,
de Júlio Comba (1991, p. 181); “Pronomes, pessoas do discurso”,
in: Língua e Literatura Latina e sua derivação Portuguesa, de Oswaldo Antônio Furlan (2006: p.185-186); “Pronomes possessivos”, in:
Gramática latina, de Napoleão Mendes de Almeida (2000: p. 158);
e “Morfologia dos pronomes – pronomes pessoais/ pronomes possessivos”, in: Programa de Latim: introdução à Língua Latina. V.1, de
Júlio Comba (p. 90-93).
Língua Latina I
I
SEAD/UEPB
177
Resumo
No capítulo 1 da presente unidade, você viu que os pronomes pessoais não substituem propriamente o nome; indicam a pessoa do discurso: a pessoa que fala ou a com quem se fala. Além disso, não há
pronome pessoal de terceira pessoa. Para designar aquele de quem se
fala usa-se o demonstrativo, que, para Rónai (1980, p. 205), é de sentido reflexivo e não tem nominativo. Em outras palavras, os pronomes
pessoais da terceira pessoa existem em função de um pronome reflexivo
que obviamente não atende ao nominativo, mas se flexiona de acordo com os pronomes pessoais da segunda pessoa; pronomes pessoais
como os que temos em português não se originam necessariamente
dos pronomes pessoais latinos, são correspondências aos pronomes
demonstrativos latinos: “ele”, “ela” e suas flexões (“o”, “a”, “lhe”, etc.)
correspondem em latim aos demonstrativos is, ea, id e ille, illa, illud. É válido salientar que o genitivo do pronome pessoal não se emprega nunca com sentido possessivo, uma vez que a tradução do genitivo para
português está atrelada à preposição “de”, que pode, também, indicar
posse, e, nesse caso, pode ser adjunto a um verbo, ou a um substantivo
ou adjetivo verbal. Como exemplos deste último, amor mei, “o amor de
mim”, isto é, “o amor que se sente por mim”, e memor mei, “lembrado
de mim”. Os genitivos em –um (nostrum e vestrum) empregam-se exclusivamente em sentido partitivo: unus nostrum, “um dentre nós”, ou “um
de nós” (uma parte de nós – por isso partitivo). Não se confunda pelas
formas: mei, tui, sui, nostri, nostrum, vestri, vestrum, genitivos de pronomes pessoais, não são adjetivos possessivos. Quando acompanhados
pela preposição cum, especificidade do ablativo, fundem-se com esta:
ao invés de cum me, temos mecum. Da mesma forma: tecum, secum,
nobiscum, vobiscum. Quando o pronome te recebe a preposição a (ab),
esta frequentemente toma a forma abs.
Adjetivos são palavras que se referem a substantivos ou palavras
substantivadas, indicando-lhe um atributo. Para efeito de declinação,
em latim os adjetivos são divididos em: adjetivos de 1ª classe e adjetivos de 2ª classe. Fiquemos, por enquanto, com a definição dos
primeiros. São denominados adjetivos de primeira classe aqueles que
determinam, modificam, qualificam nomes da primeira (feminino) e da
segunda (masculino e neutro) declinações, obedecendo, portanto, em
termos de declinação, às mesmas regras de flexão desses nomes. São
considerados adjetivos triformes, por apresentarem três formas, uma
para cada gênero, sendo uma para o masculino, em us (bonus - 2ª
declinação), uma para o feminino, em a (bona - 1ª declinação) e uma
para o neutro, em um (bonum - 2ª declinação). Quando, portanto, o
dicionário apresentar um nome citando três formas, uma por extenso
em –us, seguida de duas abreviadas, em a e em um, estará nos indicando um adjetivo de 1ª classe. Contudo, há substantivos masculinos da
segunda declinação que têm o nominativo singular em –er (liber, magister, puer etc.). Nesse caso, o adjetivo de primeira classe, que confere
atributos a estes nomes, não fica indiferente a esta mudança flexional,
178
SEAD/UEPB
I
Língua Latina I
e em vez da forma –us para o masculino, têm a forma –er. A maioria
de tais adjetivos segue no masculino a declinação do substantivo líber,
perdendo no genitivo singular o e da terminação er. Alguns seguem
no masculino a declinação de puer, isto é, conservam sempre o e dessa terminação. Existe entre os adjetivos de 1ª classe apenas um cuja
terminação se dá em -ur: satur, satŭra, satŭrum (= farto, saciado), cujo
vocativo é igual ao nominativo. Alguns adjetivos raramente são empregados no nominativo masculino singular, como é o caso de (cetĕrus),
cetĕra, cetĕrum (= restante), (extĕrus), extĕra, extĕrum (= exterior, externo)
e (postĕrus), postĕra, postĕrum (= seguinte). Além disso, existe um adjetivo (plerīque, pleraēque, plerăque = a maior parte, o maior número, quase
todos) declinável somente no plural, ficando sempre o –que final inalterável; não tem vocativo e no genitivo é substituído por plurimorum,
plurimarum, plurimorum.
Os pronomes possessivos podem ser ora adjetivos, ora pronomes.
São chamados também de adjetivos possessivos. Vejamos a tabela dos
possessivos latinos: Os adjetivos possessivos declinam-se como qualquer
adjetivo de 1ª classe, apresentando apenas uma irregularidade: meus tem
por vocativo singular mi. O adjetivo possessivo de 3ª pessoa emprega-se
somente no sentido de “seu próprio”. Quando em português empregamos “seu”, em latim ou não há adjetivo possessivo, ou, às vezes, se usa
o genitivo do pronome demonstrativo (como em português “dele” em vez
de “seu”), etc. Às vezes encontram-se na mesma oração o adjetivo possessivo da 3ª pessoa e o genitivo do pronome demonstrativo; os dois se
referem, então, a pessoas diferentes. Por exemplo: Heuvetĭi cum Germanis contendunt, eos suis finĭbus prohibent aut ipse in eorum finĭbus bellum
gerunt, “Os heuvécios lutam com os germanos, repelem-nos de suas
próprias fronteiras ou fazem a guerra dentro das fronteiras deles”. (Como
quase sempre acontece, suus refere-se ao sujeito da oração). Tuus, tua,
tuum e suus, sua, suum seguem, de princípio a fim, bonus, bona, bonum, observando que não possuem vocativo. Noster, nostra, nostrum e vester, vestra, vestrum seguem pulcher, pulchra, pulchrum, observando-se que vester
não tem vocativo. Suus, a, um serve para o singular e para o plural, isto é,
pode referir-se a uma só pessoa ou a várias. Os possessivos latinos só se
empregam para reforço ou por necessidade de clareza ou de especificação, e costumam pospor-se, em regra geral, aos substantivos: pater meus
(e não: meus pater). A presença, portanto, de um possessivo numa frase
latina exige muitas vezes um acréscimo na tradução, que indique esse
reforço: manu suā = com sua própria mão. Não se devem confundir nostri e vestri (=de nós, de vós), genitivo dos pronomes pessoais nos e vos,
com nostri e vestri, genitivo singular ou nominativo plural dos possessivos
noster e vester (= de nosso, de vosso ou os nossos, os vossos). A mesma
observação se deve fazer com relação a tui (genitivo de tu) e tui (de tuus,
a, um), sui (genitivo da 3ª pessoa) e sui (de suus, a, um); a própria oração
indica se essas formas são de pronomes pessoais ou de possessivos. De
noster deriva o adjetivo nostras, ātis (= de nosso país) e de vester deriva
o adjetivo vestras, ātis (= de vosso país).O ablativo dessas palavras pode
ser em e ou em i.
Língua Latina I
I
SEAD/UEPB
179
Referências
Autovaliação
ALMEIDA, Napoleão Mendes de. Gramática Latina: curso único e
completo. 29 ed. São Paulo: Saraiva, 2000.
Através de um texto, compare o comportamento morfossintático dos
pronomes do caso reto, adjetivos e possessivos do português e do latim, levando em consideração as semelhanças e as diferenças.
ALMENDRA, Maria Ana; FIGUEIREDO, José Nunes de. Compêndio de
Gramática Latina. Porto: Porto editora, 2003.
BOYES, Francis Xavier. Língua Latina I. Recife: Fasa Editora, 1989.
CARDOSO, Zélia Almeida. Iniciação ao Latim. 5 ed. São Paulo: Ática,
2003. (Série Princípios).
COMBA, Júlio. Gramática Latina para Seminários e Faculdades. 4 ed. rev.
e adpt. São Paulo: Editora Salesiana Dom Bosco, 1991.
FURLAN, Oswaldo Antônio. Língua e literatura latina e sua derivação
portuguesa. Petrópolis: Vozes, 2006.
RÓNAI, Paulo. Não Perca o seu Latim. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
2002.
dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
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