A FLORA VAGINAL Yara Furtado Professora Assistente da UNIRIO Médica do Ambulatório de Patologia Cervical do Instituto de Ginecologia da UFRJ A FLORA VAGINAL CONSIDERAÇÕES GERAIS - As infecções vulvovaginais são extremamente comuns - Representam mais de 10 milhões de consultas/ano (EUA) - Representam um terço das consultas ginecológicas nos (EUA) - Admite-se que toda mulher na sua vida reprodutiva terá um surto infeccioso agudo vulvovaginal - 90% das vulvovaginites são causadas por Gardnerella vaginalis, Candida albicans ou Trichomonas vaginalis A FLORA VAGINAL PROBLEMAS - Autodiagnóstico - Diagnóstico clínico é insuficiente - Tratamento empírico (sem confirmação laboratorial) - Tratamento com polivalentes CONSEQÜÊNCIAS - Má propedêutica - Diagnósticos incorretos - Tratamentos inadequados “Corrimentos rebeldes ao tratamento” A FLORA VAGINAL Fluxo vaginal normal • Volume - 3 a 4g/dia. • Aspecto - incolor. • Odor - inodoro. • pH - 3,8 a 4,5. • Bactérias - 105 a 106 bactérias/ml. A FLORA VAGINAL Composição do conteúdo vaginal • Fluidos do TG superior - útero e tubas. • Colo - muco cervical (mucina). • Transudato vaginal (sais minerais, água e proteínas). • Secreção das glândulas de Bartholin e Skene. • Células escamosas. • Células do sangue (linfócitos, granulócitos e monócitos). MICROFLORA VAGINAL Lactobacilos vaginalis (produtores de peróxido) (principais espécies crisptatus e jensenii) Estafilococos coagulase–negativo Estafilococos coagulase-positivo Enterococos Estreptococos anaeróbios Difteróides Bacteróides Micoplasma Escherichia coli Coliformes Além da Candida Modificação do fluxo vaginal • Variações fisiológicas - idade, fases do ciclo, excitação sexual e gravidez. • Alterações do ecossistema - antibióticos, duchas vaginais, preparados vaginais, relações sexuais frequentes e infecções. Equilíbrio do ecossistema Estudo do fluxo vaginal • Flora tipo I - Lactobacilos 90% + Bactérias 10% (Bacilar). • Flora tipo II - Lactobacilos 50% + Bactérias 50% (Intermediária). • Flora tipo III - Lactobacilos 10% + Bactérias 90% (Cocácea). Donders et al., Am J Obstet Gynecol, 2000 FLORA VAGINAL ESTUDO DO CONTEÚDO VAGINAL Anamnese Exame físico Medida do pH Teste das aminas (Whiff test) Bacterioscopia a fresco – microscópio Bacterioscopia corada (Gram) - microscópio Culturas específicas Sistema de escore de esfregaço vaginal (Gram) Escore Lactobacilos 0 1 2 3 4 4+ 3+ 2+ 1+ 0 Gardnerella/ Bacteróides 0 1+ 2+ 3+ 4+ Cocos curvos 0 1+ ou 2+ 3+ ou 4+ Escore= Lactobacilus + Gardnerella/Bacteróides + Cocos curvos 0 a 3 – Flora bacilar (Normal) 4a6 – (Intermediária) 7 a 10 – Flora cocácea (Vaginose) Nugent et al., J Clin Microbiol, 1991 Infecções vaginais • Vaginite ou colpite - resposta inflamatória com presença de polimorfonucleares (microscopia direta). • Vaginose - ausência de resposta inflamatória. Vaginites e vaginoses Principais infecções vaginais: • Vaginose bacteriana (40-50%). • Candidíase (20-25%). • Tricomoníase (15-20%). • Vaginite descamativa. Vaginose bacteriana Enzimas: cadaverina, putressina, trimetilamina Sobel, Annu Rev Med,2000 VAGINOSE BACTERIANA CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DE AMSEL Fluxo vaginal - branco-acinzentado, aderente pH – maior que 4.5 Teste das aminas (Whiff test) – positivo Células – escamosas Clue cells Amsel et al., Am J Med, 1983 VAGINOSE CITOLÍTICA CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS Lactobacilus - exacerbado Fluxo vaginal - branco, leitoso pH – 3.5 a 4.5 Células – escamosas, citólise, núcleos, poucos leucócitos Microoganismos - ausentes Cibley & Cibley, Am J Obstet Gynecol,1991