Inibidores 6 - Luzimar Teixeira

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Texto de apoio ao curso de Especialização
Atividade física adaptada e saúde
Prof. Dr. Luzimar Teixeira
Sibutramina
Sibutramina é uma amina terciária que sofre desmetilação rápida ao ser ingerida por animais ou
seres humanos e vem sendo usada para o tratamento da obesidade. A perda do radical metil
origina o Metabólito 1, que é uma amina secundária. A seguir forma-se o Metabólito 2, que é
uma amina primária e ambos com atividade farmacológica.
A Sibutramina age inibindo a recaptação de noradrenalina, entretanto, seus metabólitos ativos
(Metabólito1 e Metabólito2) também é inibida a recaptação de noradrenalina e serotonina. Este
fato diferencia claramente a Sibutramina de outras substâncias causadoras de perda de peso
como a D-fenfluramina (na qual há predomínio da liberação de 5-HT) e a D-anfetamina
(predominantemente um liberador de dopamina e noradrenalina).
Levando em conta o perfil citado, poder-se-ia esperar que a Sibutramina tivesse propriedades
antidepressivas. Entretanto, ao mesmo tempo em que se constatou a ausência de ação nos
quadros depressivos, observou-se que a substância produz importante perda de peso nos
pacientes deprimidos. Atualmente, já existem de diversos trabalhos clínicos esclarecendo os
mecanismos envolvidos na ação da Sibutramina como redutor de peso.
Comportamento alimentar
Em laboratório, a Sibutramina, em administração aguda, reduziu, de forma dose-dependente, a
ingestão alimentar de ratos magros em fase de crescimento, mostrando uma inibição da
ingestão na dose média de 5-8 mg/kg. A substância também reduziu a ingestão em ratos Zucher
genéticamente magros e obesos, como também em ratos tornados obesos graças à dieta rica
em gorduras. Como era esperado, os metabólitos M1 e M2 demonstraram a mesma
propriedade, também dose-dependente, e tiveram uma potência aproximadamente igual à da
Sibutramina.
A resposta à Sibutramina difere daquela observada com as anfetaminas (femproporex e
anfepramona), pois estas levam também a uma redução do volume ingerido, mas as fases de
alimentação, descanso e auto-limpesa são substituídas por uma hiperatividade motora. Isto
mostra que as anfetaminas diminuem o apetite através de uma desorganização da seqüência
normal da saciedade.
Seu mecanismo de ação justifica a inclusão da Sibutramina na categoria dos medicamentos
inibidores da recaptação da serotonina e noradrenalina. Desta forma, a Sibutramina se
diferencia claramente das outras categorias de agentes capazes de reduzir peso que são:
- agentes simpatomiméticos;
- agentes liberadores de serotonina;
- inibidores seletivos da recaptação de serotonina.
Eliminação
Após a biotransformação hepática, os metabólitos são eliminados, preferencialmente na urina,
sendo a relação urina/fezes cerca de 10/1.
Em casos de insuficiência hepática leve ou moderada foram observados aumentos de 24% na
biodisponibilidade dos metabólitos Me1 e Me2. Esta pequena diferença não parece trazer
implicações clínicas, mas não se recomenda a adminstração de Sibutramina em pacientes com
insuficiência hepática grave 2.
Eficácia clínica
Identificada a ação da Sibutramina sobre a recaptação de serotonina e noradrenalina em
laboratório, havia razões para creditar à molécula uma atividade antidepressiva. A administração
em animais e, posteriormente, em seres humanos, não confirmou a ação antidepressiva mas
tornou evidente a influência do fármaco no controle da ingestão calórica, via aumento da
saciedade. Há diversos trabalhos clínicos de tipo comparativo, controlado com placebo,
demonstrando que a Sibutramina reduz o peso em excesso através de um mecanismo
específico Indicações
Sibutramina é indicado para redução do peso, no tratamento da obesidade, e deve ser usado
em conjunto com dieta e exercícios, como parte de um programa de controle de peso, desde
que a orientação alimentar e a atividade física não sejam suficientes para atingir o objetivo
clínico.
Efeitos colaterais principais
As seguintes reações adversas ocorreram com freqüência igual ou superior a 1%, em estudos
clínicos de pacientes obesos sob tratamento com Sibutramina e foram estatisticamente
significantes, em comparação com placebo: dor de cabeça, secura da boca, insônia, dor nas
costas, vasodilatação, taquicardia, palpitações, anorexia, constipação, aumento do apetite,
náuseas, dispepsia, vertigem, parestesia, dispnéia, sudorese, alteração do paladar e
dismenorréia. A maioria destes eventos diminuiu de intensidade e freqüência com o tempo e,
geralmente, não houve necessidade de interromper a medicação.
Infecções e eventos com os quais podem estar relacionadas, tais como resfriado comum,
sinusite e doenças do aparelho auditivo, foram, com significância estatística, mais freqüentes em
pacientes tratados com Sibutramina do que com placebo. Tais eventos tiveram, de forma geral,
intensidade leve ou moderada e duração limitada, não requerendo interrupção prematura do
tratamento e não foram associados a qualquer alteração na contagem leucocitária.
Precauções
Idade
Sibutramina não é recomendado para crianças ou jovens de até 18 anos e também para idosos
com mais de 65 anos devido a inexistência de estudos clínicos nestes grupos etários.
Uso na gravidez e lactação
Embora os estudos em animais não tenham sugerido potencial de teratogenicidade, não há
segurança no uso do produto durante a gravidez. Não se sabe se a Sibutramina é excretada no
leite materno. Portanto, o uso deste produto deve ser evitado em mulheres lactantes. Mulheres
em idade procriativa, ao iniciar o tratamento com Sibutramina, devem usar recursos
contraceptivos.
Potencial de abuso
Acredita-se que os efeitos estimulantes da dopamina sobre o SNC sejam responsáveis pela
tendência ao uso indevido (abuso) das anfetaminas e substâncias semelhantes. A Sibutramina
não estimula a liberação de dopamina nas terminações nervosas e tem efeito muito discreto
como inibidora da recaptação deste neurotransmissor, mesmo com o emprego de doses
elevadas.
Os diferentes estudos clínicos não registram o aparecimento de sintomas da abstinência, não
havendo necessidade de interrupção gradual do uso. Desta forma, os dados farmacológicos e
clínicos sugerem que a Sibutramina não tem potencial de abuso.
Uso em cardiopatas
A Sibutramina não foi avaliado em pacientes com doenças cardíacas ou conorárias e deve ser
usado com cautela nestes pacientes. O seu emprego em indivíduos sem cardiopatia causou, no
pulso, um aumento aproximado de 6 batimentos por minuto. Os níveis de pressão arterial
tiveram aumentos médios da pressão sistólica ou diastólica de cerca de 4 mmHg durante o
tratamento com Sibutramina.
Em pacientes com hipertensão arterial controlada, o uso de Sibutramina não se associou a
maiores aumentos dos valores da pressão. Todavia, aconselha-se cuidadoso acompanhamento
clínico se a Sibutramina for empregada para redução de peso em pacientes também portadores
de hipertensão arterial2.
Outros
Sibutramina é um inibidor da recaptação de monoaminas e não deve ser usado concomitante de
estímulo do centro da saciedade.
com inibidores da monoaminooxidase (IMAOs). Deve haver pelo menos duas semanas de
intervalo após a interrupção dos IMAOs antes do início do tratamento, O tratamento com IMAOs
não deve ser iniciado dentro das duas semanas posteriores à interrupção do tratamento com
Sibutramina.
Cautela nos pacientes nefropatas
Apesar de terem sido relatados somente três casos de convulsão em 3244 indivíduos que
receberam Sibutramina durante a evolução clínica, este deve ser usado com cuidado em
pacientes com história de epilepsia ou convulsão e deve ser descontinuado em qualquer
paciente que apresente convulsões durante o tratamento.
Embora a Sibutramina não afete a performance psicomotora e cognitiva em voluntários sadios,
qualquer fármaco que tenha ação no SNC pode prejudicar julgamentos, pensamentos ou
habilidade motora. Por estes motivos pacientes deverão ter cautela na condução de veículos
motorizados e na operação de maquinários.
Contra-indicações
A Sibutramina não deve ser prescrita nas seguintes condições:
- pacientes com hipersensibilidade conhecida a esta substância ou a qualquer outro componente
da fórmula;
- antecedentes de anorexia nervosa ou bulimia;
- conhecimento ou suspeita de gravidez;
- durante a lactação.
As funções cardiovasculares
Os efeitos cardiovasculares da Sibutramina são complexos. A perda de peso, em geral, se
associa com uma redução na pressão arterial. Por outro lado, sendo a Sibutramina um inibidor
da recaptação de noradrenalina, é natural que provoque algum aumento da pressão. Estudos
comparativos mostram redução de 0,6 a 0,7 mmHg na pressão arterial, em normotensos que
perdem peso com placebo, ao passo que a Sibutramina, nas doses de 10 a 15 mg ao dia, eleva
os níveis diastólicos e sistólicos em 2 mm, em média. Esta influência pode ser considerada um
efeito previsível de um inibidor da recaptação de noradrenalina. Pode-se concluir que a
posologia usual de Sibutramina não impõe riscos clínicos relevantes, desde que os níveis de
pressão arterial sejam acompanhados.
Num estudo de tipo aleatório comparativo11, indivíduos com hipertensão leve (pressão
diastólica em repouso entre 90 e 120 mmHg e IMC entre 27 e 40 mg/m2) que receberam
placebo, perderam em média 2,2 kg, após 12 semanas, ao passo que aqueles que receberam
Sibutramina, na dose de 10 mg ao dia, perderam 4,7 kg. A queda na pressão arterial foi de 5,9
mmHg no grupo do placebo e de 4,0 mmHg no grupo da substância ativa. Há estudos apontado
que a terapêutica com Sibutramina se associa ainda com um pequeno aumento de pulso, sem
repercussões clínicas signficativas para a grande maioria dos pacientes.
Posologia
Indica-se rotineiramente uma dose inicial de 10mg ao dia, pela manhã, com ou sem
alimentação. A perda de peso deverá ser evidente num período de 4 semanas. Há experiências
no uso de Sibutramina por muitos meses, chegando a um ano.
PLENTY (MEDLEY)
Apresentações: 10 mg e 15 mg - Embalagem contendo 30 cápsulas
REDUCTIL (ABBOTT)
Apresentações: 10 mg e 15 mg - Embalagem contendo 30 cápsulas
Fonte: Ballone GJ - Outros com ação no Sistema Nervoso - in. PsiqWeb, Internet, disponível
em www.psiqweb.med.br, revisto em 2005.
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