µ Breno Keifer Eleutério Marcelo Dias Regis Renata Lameira Silvia Barros Origens: Anterior as correntes formalistas; ³...) o que houve, na realidade, foi uma reatualização de seus princípios. O paradigma funcional ostenta, na verdade, uma história quase tão longa quanto o do paradigma formal, (...) o funcionalismo moderno é, de certo modo, um retorno à concepção de linguístas anteriores a Saussure (...´ (PEZATTI, 2004: 166) Dentro do Estruturalismo. ³RIXQFLRQDOLVPRVXUJHFRPRPRYLPHQWRSDUWLFXODU dentro do estruturalismo ´&81+$ Definição: Definição: ³2 funcionalismo é uma corrente linguística que (...) se preocupa em estudar a relação entre a estrutura gramatical das línguas e os diferentes contextos comunicativos em que elas são usadas (...´. (CUNHA, 2008:157); Apresenta variados modelos com denominadores em comum; Aborda a língua dentro de seus usos reais. Princípios Gerais e Pressupostos: Considera a língua instrumento de interação e ação social; Focaliza a situação de interação. SITUAÇÃO COMUNICATIVA INTERLOCUTORES SEUS PROPÓSITOS CONTEXTO DISCURSIVO Ex: Baratão das calcinhas Princípios Gerais e Pressupostos: yA língua desempenha funções que são externas ao sistema linguístico em si yAs funções externas influenciam a organização interna do sistema linguístico yA língua não é um conhecimento autônomo, independente do comportamento social yA língua reflete uma adaptação pelo falante às diferentes situações comunicativas Dados e conceitos da abordagem yProcura explicar as regularidades observadas no uso interativo da língua, tomando por base a analise das condições discursivas, ou seja, toma como objeto os dados reais de fala yEx: Você é desonesto (afirmação) Desonesto é você ( sit. com. de réplica) SINTATICAMENTE IGUAIS DISCURSIVAMENTE DIFERENTES Funcionalismo X Formalismo ySistema não autônomo, inserido yA língua é vista como um sistema em um contexto de interação social. autônomo, é estudada como objeto descontextualizado. yA compreensão do mecanismo gramatical depende da consideração de fatores como interação social, cultura, variação, dentre outros. yA função das formas linguísticas desempenha papel predominante. yAnálise da forma linguística é predominante, os interesses funcionais são secundários. Funcionalismo X Formalismo yA aquisição se dá em termos das crescentes necessidades e habilidades da criança na sociedade yA aquisição é explicada em termos de uma capacidade humana específica para aprendizagem da língua yA criança constrói a gramática com base na sua exposição aos dados linguísticos e interação social yInclui em seus estudos os fenômenos psicológicos e sociológicos, isso fere a ³DXWRQRPLD´GD/LQJXtVWLFDHP relação a outras ciências yA linguagem constitui-­se em um conhecimento específico O FUNCIONALISMO NA HISTÓRIA ASPECTO PECULIAR: ³2VUyWXORVTXHVHFRQIHUHPDRVHVWXGRVGLWRV funcionalistas geralmente se ligam ao nome dos estudiosos e não a características GHILQLGRUDVGDFRUUHQWHWHyULFD´1HYHV Então como identificar as idéias FUNCIONALISTAS? Com base no grau em que se considera o condicionamento do sistema linguístico pelas funções externas (Martelota, 2009) O Contínuo das idéias vai ao extremo de que QmRKDYHULDRQtYHOVLQWiWLFRHD³OtQJXDVHULD IUXWRDSHQDVGRVSURSyVLWRVFRPXQLFDWLYRV´'X Bois, 1985) Hopper & Thompson (1980) ± ³DWUDQVLWLYLGDGH GHULYDGRGLVFXUVR´ Postura Moderada admite interação entre forma e função ( Dik e Halliday) Æ propõem a incorporação da semântica e da pragmática à análise sintática. As primeiras análises na linha Funcionalista: FUNCIONALISMO EUROPEU Circulo Linguístico de Praga (1926) Vilém Mathesius (em oposição à distinção nítida entre sincronia e diacronia proposta por Saussure) A Escola de Praga se destaca nos estudos fonológicos dos russos: Trubetzkoy Æ função distintiva fonológica Jakobson Æ marcação morfológica A Escola de Londres Halliday (década de 70) Æ conceito amplo de função abrangendo: enunciados, textos e unidades da estrutura Dik (1970) Æ desenvolve a sintaxe funcional Funcionalismo Norte Americano Boas, Sapir e Whorf (etnolinguistas) que se opunham à tendência formalista derivada do estruturalismo. Bolinger Æ fatores pragmáticos (ordenação das palavras na frase) Gillian, Sankoff e Penelope Brown Æ The Origins of Syntax in Discourse (1976) ± discurso gerando estruturas sintáticas Talmy Givón (1979) Æ From Discourse to Syntax antigerativista Æ busca de parâmetros substantivos (motivados comunicativa ou cognitivamente para explicação de fatos gramaticais) Funcionalismo no Brasil 1980 Æ pesquisadores propõem fatores de natureza comunicativa e cognitiva para explicar tópicos morfossintáticos. Projetos: Norma Urbana Culta / Projeto de Estudo do Uso da Lingua (UFRJ) entre outros Ícones: Sebastião Votre , Martelotta Cezário Rios de Oliveira , Furtado da Cunha A GRAMÁTICA FUNCIONAL (GF) É uma teoria da organização gramatical das línguas naturais que procura integrar-­se em uma teoria global da interação social. (Neves, 2004) Sua principal tarefa é fazer correlações ricas entre forma e significado dentro do contexto global do discurso. A GF não pode ser entendida sem referência a parâmetros como cognição e comunicação, processamento mental, interação social e cultura, mudança e variação, aquisição e evolução. (Givón, 1995) EXEMPLOS: Take your little horse out of the rain! Tire o seu cavalinho da chuva! ,W¶VUDLQLQJFDWVDQGGRJV Está chovendo cães e gatos. COMPETÊNCIA COMUNICATIVA Codificar e Decodificar expressões Usar e interpretar as expressões de uma maneira interacionalmente satisfatória CONSIDERAÇÕES SOBRE A GRAMÁTICA FUNCIONAL Concebe a linguagem como um instrumento de interação verbal e seu interesse de investigação lingüística vai além da estrutura gramatical. Admite que um grande conjunto de fenômenos lingüísticos é o resultado da adaptação da estrutura gramatical às necessidades comunicativas dos usuários da língua. A língua é vista como um sistema de meios apropriados a um fim. O PAPEL DA GRAMÁTICA NO FUNCIONALISMO ³$ gramática é vista como um organismo maleável, que se adapta às necessidades comunicativas e cognitivas dos IDODQWHV´. Por razões cognitivas, o falante se utiliza de estratégias ou escolhas, que ocasionam modificações na estrutura do sistema lingüístico. Assim, percebemos como situações reais de comunicação, influem na estrutura da língua. Esses aspectos constituem a base das análises funcionalistas. A Gramática no Funcionalismo Se a função mais importante da língua é a contínua interação entre as pessoas, que se alternam como falantes e ouvintes, essa função deve, de algum modo, condicionar a forma do código lingüístico. Para os funcionalistas é do uso que origina-se a forma da língua, com as características que lhe são peculiares. Sendo assim; A estrutura ou a forma é uma variável dependente, resultante das regularidades das situações em que se fala. Como afirma Givon apud Neves: A estrutura só pode ser explicada levando-se em considerando-se com especial cuidado, a comunicação. conta, e A Gramática no Funcionalismo Ao lado de padrões morfossintáticos estáveis, sistematizados pelo uso, a gramática de qualquer língua exibe mecanismos de codificação emergentes, que são conseqüentes da necessidade de formas mais expressivas. É essa necessidade de formas mais expressivas que se relaciona a GRAMATICALIZAÇÃO. A GRAMATICALIZAÇÃO designa um processo unidirecional, segundo o qual itens lexicais e construções sintáticas, em determinados contextos, passam a assumir novas funções gramaticais 1: eu sou um tipo de pessoa assim ... mais reserVAda... 2: Ronaldinho é aquele TIpo de jogador assim que tá SEMpre surpreendeno a gente... 1: eu tô pensano chegá LÁ... tipo assim DEZ horas... 2: cê me LEva e fica me esperano tipo assim do lado de fora... TIPO: SUBSTANTIVO ASSIM: ADVÉRBIO Núcleo do Sintagma Nominal marcador/delimitador mais ou menos vago de tempo, lugar, número, etc., Aplicações/Abrangência da Teoria (Halliday, 1985) Para entender a natureza e as funções da linguagem; Para entender o que as línguas possuem em comum, o que difere algumas línguas de outras; Para entender como as crianças desenvolvem a linguagem; Entender como a linguagem se desenvolveu ao longo do tempo; Para entender a qualidade dos textos e seus recursos; Para entender como a língua varia de acordo com usuário e com seu propósito; Para entender os textos poéticos e literários, além da natureza da arte verbal; Para entender as relações entre língua e cultura e língua e contexto social; Para ajudar no ensino/aprendizagem de línguas estrangeira; Para treinar tradutores e interpretes Para ajudar no diagnóstico e tratamento de patologias que afetam a linguagem oriundas de danos cerebrais (tumores, AVC, acidentes) ou patologias congênitas (autismo, afasias, síndrome de Down); Para entender a linguagem de sinais; Para desenvolver softwares que possam produzir, compreender, traduzir textos, converter texto escrito em texto falado; Para projetar meios eficientes e econômicos para a transmissão da fala e do texto escrito; Críticas (Chomsky, 1980 apud Labov, 1987) A dicotomia formalismo versus gerativismo ofuscou a existência de modos não-gerativistas de ser formalista (Ex.:gramática categorial); A possibilidade de um estudo naturalista da pragmática (teoria referencial do significado) é questionável, pois a linguagem está envolta no livre arbítrio; O funcionalismo não explica como as crianças adquirem a linguagem em tão pouco tempo e com a capacidade de construir sentenças bem formadas; O estudo do uso da língua é diferente do estudo de sua estrutura e essa possibilidade não é tão importante para a lingüística a priori. A sintaxe é autônoma e pode ser estudada sem levar em consideração a semântica; a função constrativa dos sons não determina o sistema fonológico e pode estar ausente por algum tempo sem interferir no sistema; A faculdade da linguagem é uma estrutura inata que pode ser isolada da interação social; Referências Bibliográficas: CUNHA, Angélica Furtado. Funcionalismo. In: MARTELOTTA, Mário. Manual de Linguística. São Paulo: Contexto, 2008. ________________. O modelo das motivações competidoras no domínio funcional da negação. Revista D.E.L.T.A, 2001 . DIK, C.S. Functional Grammar. Dorderecht-Holland/Cinnaminson-EUA: Foris Publications, 1978. HALLIDAY, M.A. K. An Introduction to Functional Grammar. Baltimore: Edward Arnold, 1985. LABOV, W. The Overestimation of Functionalism. In: R. DIRVEN & V. FRIED (eds). Functionalism in Linguistics. Amsterdam/Philadelphia: John Benjamins Publishing Company, 1987, p. 311-332. NEVES, M.H.M. A Gramática Funcional. São Paulo: Martins Fontes, 2004. PEZATTI, Erotilde Goreti. O Funcionalismo em linguística. In: MUSSALIM, Fernanda e BENTES, Anna Christina (orgs.). Introdução à Lingüística: fundamentos epistemológicos. Vol. 3. São Paulo: Cortez, 2004. ________. Uma visão geral da gramática funcional. Alfa, v. 38, 1994. P. 109-127. VOTRE, S.J e NARO, A. J. Mecanismos funcionais do uso da língua. DELTA, v. 7, n.2, 1989, p. 169-184. BITTENCOURT, Vanda de Oliveira. Rumos da gramaticalização no português oral do Brasil. Disponível em http://www.filologia.org.br/revista/artigo/5(13)69-75.html.