ARTIGO DE ATUALIZAÇÃO Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo 2015;60:85-90. Utilização de protetores bucais em pacientes internados na unidade de terapia intensiva: proposta de protocolo The use of biteguards in patients hospitalized in the intensive care unit: protocol proposal Juliana Bertoldi Franco1, Natália Moreira Barquette2, Sumatra Melo Costa Pereira Jales3, Camila Eduarda Zambon3, Priscila Ribas Guardieiro3, Diogo Toledo Matias3, Márcio Vieira Ortegosa3, Maria Paula Siqueira de Melo Peres4 fácil manipulação e adaptação, podendo ser removido e inserido na mesma posição, devendo ser passível de higienização, afastando e protegendo os tecidos bucais da região dentária e de trauma. O objetivo deste estudo foi realizar uma revisão de literatura sobre as indicações dos protetores bucais utilizados pela odontologia para pacientes neurológicos e em UTI, e descrever um protocolo clínico de instalação visando a proteção, segurança, conforto bucal e melhora da qualidade de vida do paciente. Este protetor bucal deve ser instalado por um cirurgião-dentista que tenha conhecimento sobre o estado geral do paciente em UTI, a fisiopatologia das lesões bucais e habilidade manual para a instalação do protetor devido a presença do tubo orotraqueal e outros dispositivos mantenedores de vida encontrados neste ambiente. Resumo O paciente em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pode apresentar lesões bucais ocasionadas por doença sistêmica, infecção oportunista, imunossupressão ou trauma, as quais geram desconforto, dor e sangramento. O tratamento dessas lesões pode estar associado à melhora do quadro clínico, a instituição de um tratamento tópico, e a proteção das mucosas bucais nos eventos de auto mutilação/ trauma. O protetor bucal descrito na literatura está relacionado à prática esportiva e a realização de procedimentos anestésicos e de endoscopia, atuando na proteção de traumas bucais. É um assunto escasso na literatura odontológica especializada, porém relevante, no que se refere a prevenção e tratamento de traumatismos mucosos em pacientes neurológicos ou em UTI. Este dispositivo deve ser constituído de material de Descritores: Protetores bucais, Automutilação, Saúde bucal, Intubação, Unidades de terapia intensiva Abstract 1. Coordenadora Clínica da Equipe Odontológica da Unidade de Terapia Intensiva e Cirurgiã-Dentista Assistente da Divisão de Odontologia das Unidades Médicas e de Apoio do Instituto Central do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP) 2. Pós-Graduanda em Odontologia Hospitalar pelo Hospital das Cínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP) 3. Cirurgião-Dentista Assistente da Equipe Odontológica de Unidade de Terapia Intensiva da Divisão de Odontologia das Unidades Médicas e de Apoio do Instituto Central do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCF¬MUSP) 4. Diretora da Divisão de Odontologia das Unidades Médicas e de Apoio do Instituto Central do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP) Trabalho realizado: Universidade de Paulo. Hospital das Clínicas. Faculdade de Medicina. Divisão de Odontologia Endereço para correspondência: Juliana Bertoldi Franco. Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, Divisão de Odontologia – ICHC. Av. Dr. Enéas de Carvalho Aguiar, 155 (PAMB, 6º andar, sala 02) - Cerqueira Cesar - 05403-900 - São Paulo - SP – Brasil. Fone: (011)2661.6393 / E mail: [email protected] The patient in the Intensive Care Unit (ICU) may present oral lesions caused by systemic disease, opportunistic infection, immunosuppression or trauma, which generate discomfort, pain and bleeding. Treatment of these lesions may be associated with clinical improvement, the topical treatment institution, and the protection of the oral mucosa in self-injury/ trauma events. The mouthguard described in the literature is related to sports and the performing anesthetic procedures and endoscopy, acting in the protection of oral trauma. It is a scarce subject in specialized dental literature, however relevant as regards the prevention and treatment of mucosal injury or neurological patients in the ICU. This device shall consist of easy handling and adapting material, it can be removed and inserted in the same position should be subject to hygiene, should step aside and protect the oral tissues of the tooth region and trauma. The aim of this study was to conduct a literature review of the indications of mouth guards used by dentistry for neurological patients and ICU and describe a clinical protocol facility, aiming at the protection, safety, oral comfort and improves the patient’s 85 Franco JB, Barquete NM, Jales SMCP, Zambon CE, Guardieiro PR, Matias DT, Ortegosa MV, Peres MPSM. Utilização de protetores bucais em pacientes internados na unidade de terapia intensiva: proposta de protocolo. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2015;60:85-90. quality of life. This mouth guard should be installed by a dentist who is knowledgeable about the general condition of the patient in the ICU, the pathophysiology of oral lesions, manual skill to install the protector, because the presence of the endotracheal tube and other devices found maintainers of life in this environment. Diversos materiais têm sido sugeridos para confecção do protetor bucal para diversas finalidades, como acetato de polivinilo ou polietileno-etileno, etil vinil acetato (EVA), copolímero de cloreto de polivinilo, de látex de borracha, resina acrílica e de poliuretano(11-12,16). O dispositivo a base de EVA é bem descrito na literatura para prática de esportes de impacto e para a realização de procedimentos anestésicos e de endoscopia, mas existem poucos relatos sobre o uso destes protetores em pacientes neurológicos/ especiais e em UTI(12-14). Devido a esta deficiência na literatura e a necessidade de uma solução efetiva para os pacientes com indicação do uso de protetores bucais em UTI, iniciou-se a busca pelo dispositivo mais indicado para cada caso, assim como a melhor forma de instalação, sugerindo o protocolo descrito a seguir, de acordo com a experiência clínica em um hospital estadual público de alta complexidade. Keywords: Mouth protectors, Self mutilation, Oral health, Intubation, Intensive care unit Introdução O paciente em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pode apresentar lesão no sistema nervoso central como as que atingem o córtex cerebral, o hipotálamo, e os sistemas reticulares e/ ou piramidal, devido a traumatismo craniano, acidente vascular cerebral, choque séptico ou hipóxia, os quais são exemplos de situações clínicas que podem alterar mecanismos cerebrais e modificar o reflexo mastigatório, ocasionando hiperatividade muscular, trismo e bruxismo secundário, provocando lesões na mucosa bucal, lábios e língua(1). Estas lesões, na maioria das vezes, levam a deformidades, desnutrição, hipovolemia (quando existe sangramento importante), necessitando do aumento da analgesia e do uso de antibióticos, para controle da colonização por patógenos, devido ao risco de infecção a distância, por via hematogênica(2). As lesões bucais traumáticas levam ao atraso da recuperação do paciente, com aumento do tempo de permanência na UTI e também dos custos hospitalares(2-3). O tubo orotraqueal da intubação e os dispositivos mantenedores de vida também podem induzir lesões na cavidade bucal, por trauma intermitente(4). Para os tratamentos destas lesões podem ser instituídos: o tópico (a base de corticoides), hidratação da lesão, instalação de protetor bucal, aplicação de toxina botulínica, LASER, arredondamento de bordas dentárias cortantes e exodontias (em casos mais graves)(5-10). O protetor bucal é um dispositivo instalado dentro da boca, com o objetivo de afastar e proteger os tecidos da linha de mordida em situações de possíveis traumas dentários(6,8,11-12). As indicações para a instalação destes protetores são: trauma persistente por mordedura; trismo; sangramento bucal advindo de lesão bucal traumática; risco de perfuração do tubo de intubação ou redução da passagem do ar pelo apertamento do tubo(8,9,13-16). É importante que o protetor bucal seja confortável, de fácil remoção e instalação, que não interfira na respiração, devendo ser passível de higienização, bem como deve apresentar requisitos importantes como resistência, impacto, força de absorção, custo e praticidade da técnica(9,13-16). Descrição do Protocolo de Instalação de Protetores Bucais Os primeiros relatos do uso de protetores bucais em UTI foram descritos em 1975 para proteção da mucosa bucal em pacientes com quadros neuropatológicos, devido aos movimentos mandibulares involuntários, sendo estes confeccionados de materiais como prata, resina acrílica, resina acrílica reforçada com fios de metal, borracha e materiais poliméricos(14). Inicialmente os protetores bucais eram confeccionados em resina acrílica, sendo este um material rígido e de boa adaptação, o qual era instalado em uma das arcadas (superior ou inferior). A sua confecção era realizada em várias etapas, sendo realizada primeiramente a moldagem das arcadas dentárias com material específico, e posteriormente estes moldes eram vazados em gesso, e então era confeccionado o protetor em resina acrílica. No decorrer do tempo foi observado que este tipo de material não era muito adequado para ser utilizado em pacientes em UTI pela dificuldade da moldagem das arcadas dentárias e o longo tempo utilizado para a confecção e instalação, assim como a dificuldade de sua remoção e inserção na mesma posição pela equipe de enfermagem, que poderia ocasionar em alguns casos traumas dentários importantes, inclusive fratura dento-alveolar(9,14-17). A seguir, observamos as inúmeras técnicas e materiais utilizados na confecção dos protetores bucais, encontrados na literatura (Quadro 1). A instalação do protetor bucal requer conhecimento da técnica, indicação precisa e seleção adequada do material. Optamos pela utilização do protetor constituído de EVA, de 8mm, pré-fabricado, o qual proporciona simplificação da técnica, redução dos custos, facilidade de remoção, reposicionamento e 86 Franco JB, Barquete NM, Jales SMCP, Zambon CE, Guardieiro PR, Matias DT, Ortegosa MV, Peres MPSM. Utilização de protetores bucais em pacientes internados na unidade de terapia intensiva: proposta de protocolo. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2015;60:85-90. Quadro 1 Descrição da técnica e dos materiais utilizados na confecção de protetores bucais, em pacientes com patologias neurológicas, que apresentavam lesão bucal traumática decorrente de trismo e/ou mordedura bucais constantes. Autor Hanson et al, 1975(14) Patologia de Base Tipo de Lesão Bucal Tipo de Protetor Resultado da Intervenção Neurológicos leves Lesão Traumática por mordedura Protetor de material macio e removível Autor não descreveu o desfecho da intervenção Neurológicos severos Lesão Traumática por mordedura Protetor de material rígido e fixo aos dentes através de cimentação Autor não descreveu o desfecho da intervenção Diab, 2004(17) Doença de Leigh Fratura dento-alveolar por apertamento dentário Confecção de Protetor bucal rígido em resina acrílica após moldagem das arcadas dentárias Deslocamento do protetor durante convulsão ocasionando fratura dento-alveolar Kobayashi et al, 2005(15) Paciente em estado comatoso em UTI Laceração em lábio devido a trismo e mordedura Confecção de protetor bucal de material plástico de 8mm, após moldagem da arcada dentária utilizando hidrocolóide irreversível Cessação do trismo mandibular após 4 dias da instalação do protetor, e cicatrização da lesão após 14 dias da instalação Cauwels, Martens, 2005(18) Sídrome de Lesch-Nyhan Lesão traumática por mordedura Protetor bucal rígido a base de resina acrílica, fixo aos dentes devido a cimentação Dificuldade de higienização, pois o aparelho foi cimentado aos dentes Kiat-Amnuay S, Koh SH, Powner DJ, 2008(16) Paciente em estado comatoso após hemorragia intra-craniana Lesão traumática em língua Protetor macio a base de Polietileno, inicialmente, e posteriormente foi realizado a confecção de protetor rígido a base de resina acrílica, após a moldagem da arcada superior Melhora da lesão em língua inicialmente com o protetor de Polietileno, e confecção de um protetor rígido em acrílico para a prevenção de novas lesões traumáticas Ragazzini et al, 2014(19) Síndrome de Lesch-Nyhan Lesão traumática por mordedura Confecção de protetor macio a base de Polietileno, após a moldagem das arcadas dentárias Autor descreve passo a passo da confecção do protetor sem relatar os resultados clínicos higienização, tornando-se o dispositivo de escolha pela equipe para os pacientes de UTI, sejam eles intubados ou não. Antes de iniciar a instalação deve ser realizado exame físico minucioso da cavidade bucal e da condição dentária para a escolha do protetor. Em seguida, a cavidade deve ser limpa para que não haja adesão de resíduos alimentares e biofilme dental no protetor durante a instalação. Caso o paciente não possa colaborar devido aos movimentos mandibulares involuntários torna-se necessária a sedação pela equipe médica que o acompanha(9-10,13-14). Para a confecção desse protetor bucal serão necessários lâmina de bisturi com cabo, tesoura e um protetor bucal pré-fabricado de EVA de 8mm, pois este dispositivo pode ser cortado e perfurado para a melhor adaptação a cavidade bucal e aos dispositivos mantenedores de vida (Figura 1). O protetor de EVA é termoativado, podendo ser adaptado na cavidade bucal após aquecimento em água quente (100oC), sendo indicado este passo quando o paciente apresentar Figura 1 - Materiais necessários para a instalação do protetor bucal de EVA 87 Franco JB, Barquete NM, Jales SMCP, Zambon CE, Guardieiro PR, Matias DT, Ortegosa MV, Peres MPSM. Utilização de protetores bucais em pacientes internados na unidade de terapia intensiva: proposta de protocolo. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2015;60:85-90. Figura 2 - Vista frontal e superior de protetor bucal simples Figura 3 - Vista frontal e superior de protetor bucal duplo dentes, proporcionando assim maior estabilidade do protetor na cavidade bucal. Os protetores bucais de EVA podem ser simples (Figura 2), adaptados em uma das arcadas dentárias, ou duplos (Figura 3), adaptados tanto na arcada superior quanto na inferior, e a indicação vai depender da intensidade do trauma, da condição dentária para retenção e da presença do tubo endotraqueal, sendo a indicação individualizada, podendo ser utilizada em crianças e adultos. Os protetores bucais simples estão indicados na ausência de intubação orotraqueal, e o paciente deve apresentar uma condição dentária capaz de manter o protetor em posição, sempre dando preferência para a arcada superior devido à ausência da língua e dos movimentos mandibulares constantes. Não devem ser utilizados em pacientes dentados que apresentam edema e/ou lesão traumática em língua, pois a mesma pode ficar interposta entre as arcadas e o protetor contribuindo para o agravamento do edema e da lesão. Protetores duplos são mais indicados quando existe trismo, bruxismo secundário, na presença de traumatismo mucoso à língua e nos pacientes com intubação orotraqueal, pois oferecem maior proteção e melhor estabilidade. Para a instalação devemos realizar uma perfuração ou canaleta no protetor para a passagem do tubo de intubação orotraqueal (Figura 4). Figura 4 - Protetor bucal perfurado para a passagem do tubo orotraqueal em paciente intubado orotraqueal. 88 Franco JB, Barquete NM, Jales SMCP, Zambon CE, Guardieiro PR, Matias DT, Ortegosa MV, Peres MPSM. Utilização de protetores bucais em pacientes internados na unidade de terapia intensiva: proposta de protocolo. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2015;60:85-90. Considerações Finais Após a instalação do protetor algumas medidas de prevenção de acidentes devem ser tomadas como a colocação de uma gaze aberta, fio dental ou cordão de traqueostomia para facilitar a remoção pela equipe de enfermagem durante a higienização ou em caso de engasgo por desadaptação do mesmo (Figura 5). O protetor bucal pré-fabricado descrito neste protocolo, quando bem indicado e selecionado, constitui alternativa simples, segura e de baixo custo, podendo ser utilizado na prevenção ou no tratamento de lesões bucais traumáticas, proporcionando segurança e conforto bucal ao paciente. A presença do cirurgião-dentista na equipe interdisciplinar de UTI vai muito além dos cuidados bucais, objetivando o diagnóstico e tratamento de lesões bucais, e instalação de protetores bucais que proporcionem qualidade de vida ao paciente hospitalizado. Referências Bibliográficas 1. Romer M, Dougherty NJ. Oral self-injurious behaviors in patients with developmental disabilities. 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A instalação de protetores bucais está indicada na presença de lesões bucais traumáticas que ocasionam dor, desconforto, sangramentos, e perda de tecido mucoso bucal(3, 6, 8-10). Independente da finalidade é consenso entre os profissionais de que os protetores bucais devem possuir características básicas como serem resistentes, confortáveis, de fácil adaptação, proporcionando afastamento dos tecidos moles da região de oclusão e de outros traumas, durável, não interferindo na fala e respiração, no tubo da intubação, devendo ser passível de higienização(11,13-15). A técnica de confecção do protetor bucal instituída pelo protocolo descrito mostra-se efetiva no afastamento do tecido traumatizado de novos traumas, assim como a proteção dos tecidos ainda não lesionados, apresentando simplicidade da técnica, ganho no tempo de instalação do protetor, proporcionando qualidade de vida e segurança ao paciente. 89 Franco JB, Barquete NM, Jales SMCP, Zambon CE, Guardieiro PR, Matias DT, Ortegosa MV, Peres MPSM. Utilização de protetores bucais em pacientes internados na unidade de terapia intensiva: proposta de protocolo. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2015;60:85-90. 16. Kiat-Amnuay S, Koh SH, Powner DJ. An occlusal guard for preventing and treating self-inflicted tongue trauma in a comatose patient: a clinical report. J Prosthet Dent. 2008; 99:421-4. 17. Diab M. Self-inflicted orodental injury in a child with Leigh disease. Int J Paediatr Dent. 2004;14:73-7. 18. Cauwels R, Marteans L. Self-mutilation behaviour in LeschNyhan syndrome. 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