astronomia: o lúdico como forma de desvendar os segredos

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ISBN 978-85-8015-076-6
Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
ASTRONOMIA: O LÚDICO COMO FORMA DE DESVENDAR OS SEGREDOS DO
SISTEMA SOLAR E DO UNIVERSO NO ENSINO DE CIÊNCIAS
Silvana Ponciano Tobias1
Oscar Kenji Nihei2
RESUMO
Esta pesquisa visou inserir o lúdico como prática pedagógica no ensino de Ciências, estimulando a
interação do aluno com o mundo que o cerca. Assim, objetivou-se aplicar uma intervenção
pedagógica que possibilitasse a inserção do lúdico no Ensino Fundamental de Ciências, avaliando
sua eficiência quando aplicada no ensino de Astronomia. O público alvo foi uma turma de 6° ano,
vespertino, com 25 alunos, do Colégio Estadual Ayrton Senna da Silva do município de Foz do
Iguaçu, Paraná, tendo a intervenção pedagógica duração total de 40 horas aulas. Inicialmente foi
aplicado um pré-teste onde avaliou-se os conhecimentos prévios dos educandos relacionados à
Astronomia. Em seguida, contemplando o conteúdo estruturante Astronomia da disciplina de Ciências
foram abordados os conteúdos básicos: universo, sistema solar, movimentos terrestres, movimentos
celestes e astros. A transposição pedagógica foi realizada através de aulas expositivas, leitura de
textos informativos, pesquisas na internet, utilização de vídeos, visita ao Polo Astronômico Casimiro
Montenegro Filho, atividades lúdicas e práticas. Ao final da intervenção foi aplicado um pós-teste para
avaliar-se a eficiência da intervenção pedagógica. Verificou-se um percentual de acerto de 27% no
pré-teste comparado com 69% no pós-teste, indicando que houve assimilação do novo
conhecimento. Conclui-se que a intervenção realizada possibilitou a reflexão e aprendizado efetivo
dos alunos envolvidos a respeito da Astronomia. Essa intervenção possibilitou trabalhar a astronomia
indígena, contemplando assim a lei nº 11.645, de 10 de março de 2008, que torna obrigatório esse
estudo nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e privados do
Brasil.
Palavras-chaves: Astronomia; Ciências Naturais; Aprendizagem.
1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho surgiu da inquietação perante dificuldades relacionadas à
transição dos alunos do 5º ano para o 6º ano do Ensino Fundamental. Mudanças
como a especialização das áreas de conhecimento e dos professores, o horário de
aulas, a administração das tarefas e do tempo, além disso, a entrada na préadolescência acarreta na modificação do vínculo afetivo entre professores e alunos,
isso promove naturalmente a resistência e desmotivação pela aprendizagem,
fazendo com que seja necessário desenvolver atividades que despertem o prazer de
aprender.
De acordo com Leite (2002) analisando-se historicamente a formação de
professores, constatou-se que a Astronomia ficou esquecida nos currículos da
1
Professora da Rede Pública Estadual de Ensino do Paraná. E-mail de contato:
[email protected]
2
Orientador PDE da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Campus de Foz do Iguaçu,
Paraná. E-mail de contato: [email protected]
graduação. Como resultado, os professores preferem não ensinar Astronomia ou
buscam outras fontes de informações.
Partindo desta premissa e na expectativa de reverter essa situação,
propomos utilizar o lúdico para abordar a Astronomia em sala de aula,
implementando novas práticas educativas, dentre as quais se destaca o uso de
estratégias de ensino diversificadas que possam auxiliar na superação dos
obstáculos acima citados.
Este artigo apresenta os resultados obtidos com o desenvolvimento do projeto
de intervenção pedagógica do Programa de Desenvolvimento da Educação (PDE)
tendo como temática o ensino de Astronomia para o 6º ano do Ensino Fundamental
em uma turma do Colégio Estadual Ayrton Senna da Silva de Foz do Iguaçu,
Paraná, no ano de 2014.
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1. ASTRONOMIA E LUDICIDADE NO ENSINO DE CIÊNCIAS
O ser humano é impulsionado pela racionalidade para o ensino de Ciências,
sendo o trabalho educativo o ato de produzir em cada aprendiz a humanidade
construída histórica e coletivamente pelo conjunto dos homens. Assim, o objeto da
educação se relaciona com a identificação de elementos naturais e culturais
constituídos pela espécie humana para justificar a sua racionalidade (SAVIANI,
1995).
Historicamente, o ensino de Ciências é recente na educação brasileira, pois
somente após os anos 1970 tornou-se obrigatório em todas as séries da educação
básica. A partir daí, passou-se a estudar os métodos relacionados com o
entendimento da ciência, que deixou de ser apenas um produto para ser
reconhecida como processo evolutivo de compreensão do natural (KRASILCHIK,
2007).
A socialização do conhecimento científico caracteriza-se por desafiar os
objetivos do ensino de Ciências, pois há necessidade de desenvolver uma cultura
científica para uma sociedade que necessita formar para a vida social, desafiando a
ciência enquanto instrumento de manutenção do conhecimento detido na mão dos
poucos dominantes. Isso caracteriza a influência das relações de poder
estabelecidas na produção científica, reservando à minoria a detenção do
conhecimento que deveria ser socializado, isso decorre das relações de trabalho
que se instalaram na sociedade contemporânea, onde o conhecimento deve servir
aos interesses do poder (MANDARINO; BELFORT, 2005).
O ensino de Ciências dentro dos currículos escolares ocorre por meio de
conhecimentos estanques e fragmentados em disciplinas, como Biologia, Física,
Química, Geologia e Astronomia, dentre outros. No entanto, para consolidar a
disciplina de Ciências no contexto escolar torna-se necessário ultrapassar os
diferentes campos de saber científicos, ultrapassando as finalidades estabelecidas
pelos currículos escolares e pela sociedade, pois a educação deve possibilitar a
compreensão dos conhecimentos científicos voltados para a natureza e para o
contexto social, histórico, cultural, ético e político (PARANÁ, 2008).
Segundo Moreira (1999), durante muito tempo a educação manteve um
sistema educacional de reprodução do conhecimento já registrado, e somente no
final do século XX o ensino de Ciências na escola passou a relacionar o
conhecimento com a realidade social e cultural, valorizando as pesquisas científicas
para estabelecer novos rumos e passou assim a ter uma nova identidade. A partir
daí não cabia mais ao ensino de Ciências apenas descrever conhecimentos postos,
mas relacionar as pesquisas de cunho científico ao conhecimento e compreensão da
realidade.
Neste contexto, no ensino de Ciências passou-se a desenvolver e selecionar
conteúdos específicos pautados em recursos pedagógicos e tecnológicos que
enriqueçam a prática docente, propondo elementos práticos que valorizam o ensino
de Ciências com uma abordagem problematizadora, valorizando a relação
contextual, a relação interdisciplinar, a pesquisa, a leitura científica, a atividade em
grupo, a observação, a atividade experimental, os recursos instrucionais e o lúdico
(PARANÁ, 2008).
A escola pública de qualidade está relacionada ao reconhecimento da ação
mediadora da escola onde o conhecimento e a prática social necessitam fazer
sentido para os alunos.
De acordo com Freire (1977) Educar-se é impregnar de sentido cada
momento da vida, cada ato cotidiano.
Ainda, segundo Silva (1996, p.24):
Um dos fatores que possibilitam uma práxis educacional transformadora, é
o do professor reconhecer-se como educador, o que decorre de um
processo. Ao reconhecer-se como educador em formação, o professor
aproxima-se de uma concepção de seu trabalho na qual reflexões e
aprendizagens constantes impulsionam para que nesse trabalho esteja
cada vez mais presente o compromisso com o ensino, e, portanto, com a
escola pública de qualidade.
Entendendo que o sujeito é fruto do seu tempo histórico e das relações
sociais em que se encontra inserido e que a aprendizagem ocorre pela ação
mediadora do professor, colocando o aluno em contato com o conhecimento
através de interações, e tendo a escola como local de socialização do
conhecimento, é urgente chegar a uma concepção de educação ativa e
potencializadora, pois o homem enquanto sujeito construtor da história, atua e
participa do mundo de acordo com sua compreensão e possibilidade.
Diante disso, procura-se estimular na sala de aula o estabelecimento de
relações onde os alunos possam compreender a Astronomia por meio de
observações e debates, além de desenvolver atividades lúdicas e práticas
envolvendo os conteúdos estabelecidos para esta aprendizagem.
Segundo as Diretrizes Curriculares para o Estado do Paraná, o lúdico deve
ser considerado como uma forma de interação entre o educando e o conhecimento,
possibilitando vivenciar os conceitos e as práticas a partir de jogos, brincadeiras e
técnicas de raciocínio lógico, sendo importantes e fundamentais para a
compreensão da ciência (PARANÁ, 2008).
O lúdico deve ser considerado na prática pedagógica, independentemente
da série e da faixa etária do estudante, porém, adequando-se a elas quanto
à linguagem, a abordagem, as estratégias e aos recursos utilizados como
apoio (PARANÁ, 2008, p.77).
No entanto, há que se considerar que o ludismo é uma prática que necessita
de amplo planejamento e estudo para ser realizada de forma eficiente. Há que se ter
em mente que a finalidade é enfatizar os objetivos e os fins da atividade
desenvolvida, sua utilização lúdica, cognitiva, sociocultural. Sendo necessário saber
observar as condutas dos educandos para então diagnosticar, avaliar e elaborar
estratégias de trabalho para se identificar as dificuldades e os avanços dos
educandos.
Vygotsky
e
Piaget
possuíam
concepções
diferentes
de
desenvolvimento, mas cada qual em conformidade com a sua concepção trata da
importância do brinquedo no desenvolvimento infantil, indicando a importância do
lúdico para o desenvolvimento do aprendiz (KISHIMOTO, 2002).
Diante disso, o conhecimento específico do conteúdo estruturante que se
deseja desenvolver assume uma importância incondicional para se poder pensar em
elaborar jogos e brincadeiras voltados para a construção do conhecimento. Os
saberes da Astronomia são muito significativos para serem compreendidos pelos
alunos a partir de técnicas lúdicas, merecendo destaque as considerações sobre o
conteúdo estruturante conforme previsto nas Diretrizes Curriculares do Estado do
Paraná (DCE).
Para desenvolver o tema sobre o Sistema Solar é necessário compreender
que se trata de um sistema formado por uma estrela, o Sol, e por planetas que se
movimentam ao seu redor e que nesse universo, muitos planetas possuem satélites
associados em seu entorno, bem como um vasto campo de outros corpos celestes –
asteroides, meteoros e cometas – que compõem a área de estudo. O Sol, que está
no centro do Sistema Solar, é uma estrela como tantas outras que observamos em
noites estreladas. Contudo, o Sol domina o céu devido à sua proximidade, mas não
se pode deixar de lembrar que é uma estrela comum em termos de tamanho e de
brilho (ROCHA, 2006).
A Astronomia enquanto conteúdo estruturante de Ciências apresenta como
conteúdos básicos o universo, o sistema solar, os movimentos terrestres e
movimentos celestes, além de promover o conhecimento sobre os astros. No
entanto, o educador em Ciências precisa promover conhecimentos que levem ao
entendimento das ocorrências astronômicas como fenômenos da natureza,
reconhecendo as características básicas que levem a diferenciar estrelas, planetas,
satélites naturais, cometas, asteroides, meteoros e meteoritos.
Segundo Silva (1996, p. 46) as noções de Astronomia referem-se à
localização espaço temporal dos astros e suas relações com a natureza dos animais
e vegetais e suas características cíclicas, considerando os movimentos da Terra
entorno do Sol.
Segundo as DCE (PARANÁ, 2008, p.65), “Astronomia é uma das ciências de
referência para os conhecimentos sobre a dinâmica dos corpos celestes”. Neste
aspecto, considera como abordagem histórica os modelos geocêntrico e
heliocêntrico propostos por Aristóteles e Ptolomeu, respectivamente.
3. DESENVOLVIMENTO DO PROJETO
Neste trabalho, foi desenvolvido um projeto de aprendizagem lúdica de
Astronomia com alunos do 6º Ano no período vespertino no Colégio Estadual Ayrton
Senna da Silva - Ensino Fundamental, Médio e Educação de Jovens e Adultos, Foz
do Iguaçu, 2014.
4. METODOLOGIA
Entendendo que o aluno aprende mais e melhor a partir de sua interação com
a realidade, uma das melhores maneiras de envolver o aluno no processo de
aprendizagem é o de promover ações lúdicas que incentivem o uso da imaginação,
da exploração, da criação de jogos e brinquedos que exemplifiquem as atividades
realizadas.
O projeto de intervenção teve como alvo os alunos de uma turma de 6º Ano
do Ensino Fundamental, e foi realizado no primeiro semestre de 2014, constituído de
19 atividades, com duração total de 40 horas/aulas.
As aulas foram planejadas em forma de unidade didática envolvendo várias
ações que tiveram início com a apresentação do projeto de intervenção didática para
os gestores e educadores do Colégio Estadual Ayrton Senna da Silva. No primeiro
dia de aula, o projeto foi apresentado aos alunos que participaram das atividades
propostas.
As atividades desenvolvidas compreenderam a apresentação de vídeos,
leitura de textos informativos científicos, construção de jogos, construção de
modelos astronômicos, realização de atividades lúdicas envolvendo o conhecimento
de Astronomia, visita ao Polo Astronômico Casimiro Montenegro Filho - Parque
Tecnológico de Itaipu, localizado no município de Foz do Iguaçu-PR, e avaliação das
atividades propostas.
A avaliação da intervenção pedagógica foi realizada a partir da aplicação de
um pré-teste e um pós-teste, utilizando-se um questionário com dez questões, que
serviu como termo de comparação entre os conhecimentos pré-existentes e os
obtidos após a intervenção pedagógica.
5. RESULTADOS
Quando o projeto teve início foi aplicado um pré-teste aos 25 alunos do 6º ano
para diagnosticar o que eles já sabiam a respeito do assunto. No final de toda a
intervenção pedagógica foi aplicado o mesmo teste para se avaliar a aprendizagem
efetiva dos alunos.
O Quadro 1 apresenta os principais objetivos, o desenvolvimento e o
resultado alcançado em cada uma das 19 atividades desenvolvidas no projeto. Na
intervenção pedagógica foram implementadas seis aulas expositivas, onde na
primeira aula foi aplicado o pré-teste, dez aulas práticas/lúdicas, uma aula de vídeo,
uma visita ao polo astronômico, e uma aula onde houve a aplicação do questionário
de pós-teste.
QUADRO 1: Ações desenvolvidas na implementação do projeto de intervenção
pedagógica no Ensino Fundamental, Foz do Iguaçu, 2014.
ATIVIDADE
1.Aula expositiva
e dialogada, e
aplicação
do
questionário préteste.
2.Aula
teórica:
História
da
Astronomia,
teorias
geocêntrica
e
heliocêntrica.
3.Atividade
lúdica:
Caça-palavras.
4.Aula
teórica:
Astronomia
básica (conceitos
iniciais).
OBJETIVO
Avaliar o conhecimento
prévio do aluno sobre
Astronomia.
DESENVOLVIMENTO
Apresentação do projeto.
Resolução de questionário
contendo dez questões.
RESULTADOS*
Demonstraram pouco
conhecimento
científico
sobre
o
assunto.
Possibilitar
o
entendimento de que a
Astronomia
é
uma
ciência antiga e que
todo
conhecimento
científico está sempre
sendo aprimorado com
novas
descobertas.
Despertar o interesse
do aluno em observar o
céu.
Utilizar o caça-palavras
como instrumento de
fixação e avaliação da
aprendizagem
dos
alunos sobre conceitos
da Astronomia.
Apresentação de conceitos
teóricos da história da
Astronomia, sua utilidade,
os erros e os acertos dos
grandes astrônomos e a
importância
do
olhar
científico na Astronomia.
Orientação dos alunos para
observações diárias do céu
noturno.
Apresentaram grande
interesse
pelas
informações
fornecidas.
Encontrar
palavras
inseridas
aleatoriamente
em um caça palavras,
preenchendo um
texto
relacionado à história da
Astronomia,
teoria
geocêntrica
e
teoria
heliocêntrica.
Fornecer informações para
que os alunos construam o
conhecimento científico e
confrontem
seu
conhecimento prévio sobre
astros.
A turma envolveu-se
com essa atividade,
procurando ajudar os
colegas
que
apresentaram
dificuldades.
Conhecer e entender
alguns
conceitos
relacionados
à
Astronomia,
assim
como a classificação de
determinados astros.
Apresentaram
dificuldades
com
alguns
conceitos
mesmo
diante
do
grande interesse pelo
assunto.
5.Atividade
lúdica: Jogo das
três pistas.
6.Aula
teórica:
Astronomia
indígena.
7.Atividade
lúdica:
Constelações
indígenas.
Promover
a
compreensão e fixação
de
conceitos
astronômicos.
Despertar o interesse e
a
valorização
dos
conhecimentos
e
saberes
indígenas
relacionados
à
Astronomia.
Conhecer
algumas
constelações indígenas.
Auxiliar
na
compreensão sobre a
diversidade cultural em
relação à Astronomia.
Jogo contendo cartões com
conceitos astronômicos e
fichas com três pistas
relacionadas aos mesmos.
Estudo de texto e utilização
slides.
Uso
do
programa
1
Stellarium e confecção de
cartazes.
A maioria dos alunos
dominava
os
conceitos.
Os alunos ficaram
surpresos
ao
descobrirem
os
conhecimentos
e
saberes
indígenas
sobre a Astronomia.
Possibilitou
a
comparação
entre
constelações
indígenas e ocidentais,
estimulando um olhar
diferenciado sobre os
astros do céu.
Os alunos puderam
comparar a sombra do
gnômon,
em
três
momentos durante o
período de aula.
Aguçou-se
a
curiosidade
dos
alunos, fazendo com
que
pesquisassem
mais e enriquecessem
as discussões sobre o
assunto.
8.Atividade
lúdica: Relógio de
Sol horizontal.
Entender
como
funciona o Relógio de
Sol.
Construção e uso do
Relógio de Sol horizontal.
9.Aula teórica:
O Sistema Solar.
Entender a importância
do Sol. Valorizar e
respeitar a Terra como
único
planeta
conhecido
com
condições naturais de
abrigar o homem.
Leitura e estudo de textos.
10.Atividade
lúdica: Simulador
do Sistema Solar
Conhecer os astros do
Sistema Solar e suas
principais
características.
Uso do simulador do
2
Sistema
Solar ,
preenchimento do quadro
com informações sobre os
planetas do nosso sistema.
A atividade foi bem
recebida, a maioria
comentou ter usado o
simulador também em
casa.
11.Atividade
lúdica: Modelo de
comparação entre
os tamanhosdos
principais astros
do Sistema Solar.
12.Atividade
lúdica: Modelo do
Sistema Solar em
escala
de
distância.
Possibilitar uma visão
ampliada do tamanho
dos
planetas
do
Sistema
Solar
em
relação ao Sol.
Construção de modelo para
a comparação entre os
tamanhos do Sol e dos
planetas do Sistema Solar.
Ficaram
impressionados com o
tamanho do Sol em
relação aos planetas.
Dimensionar a distância
entre os planetas e o
tamanho do Sistema
Solar. Entender o uso
de
escalas
para
representar
grandes
valores de distância.
Compreender que a
Terra se movimenta
com a Lua girando ao
seu redor e que ambas
se movimentam em
torno do Sol.
Construção de modelo do
Sistema Solar em escala
de distância.
Apresentaram
dificuldades no uso de
medidas,
mas
puderam
repensar
sobre as ilustrações
de
Sistema
Solar
observados nos livros.
Os
alunos
demonstraram
interesse
pelas
informações contidas
no vídeo.
Dimensionar
os
tamanhos da Terra e da
Lua, comparando seus
discos.
Confecção
de
discos
representando a Terra e a
Lua em escala de tamanho.
13.Aula
vídeo:
Terra e Lua.
14.Atividade
lúdica:
Tamanho
da
Terra e da Lua.
Apresentação de vídeos,
seguido de discussão.
Compreenderam com
facilidade a escala
utilizada.
15.Aula teórica:
Movimentos
terrestres.
Compreender
os
movimentos de rotação
e de translação da
Terra.
Leitura e interpretação de
textos.
Apresentaram grande
interesse
pelas
informações
fornecidas.
16.Atividade
lúdica: Stellarium.
Observar o movimento
aparente do Sol durante
o ano e perceber que o
dia
e
a
noite
apresentam
duração
diferenciada de acordo
com o período do ano.
Retomar os conteúdos
já
trabalhados
oportunizando a sua
fixação.
Utilizaçãodo
1
Stellarium .
software
Os
alunos
compreendessem os
conceitos propostos.
Oportunizar aos alunos
assistir a sessão de
projeção de planetarium,
observar
astros
com
telescópio e observar um
relógio de Sol.
Jogo
de
Bingo
com
conceitos astronômicos.
Os alunos mostraram
grande interesse pela
atividade.
17.Visita ao Polo
Astronômico
Casimiro
Montenegro Filho,
localizado em Foz
do Iguaçu.
18.Atividade
lúdica:
Bingo
Astronômico.
19.Atividade final
do
projeto:
Questionário pósteste.
Propiciar
a
aprendizagem
de
conceitos astronômicos
por meio de enunciados
e definições.
Verificar se após a
intervenção os alunos
conseguiram superar os
saberes
do
senso
comum assimilando os
conhecimentos
científicos
sobre
o
tema.
Atividade final do projeto:
Aplicação do questionário
pós-intervenção.
Demonstraram
domínio dos conceitos
trabalhados.
Maior
apreensão
sobre
os
conhecimentos
a
respeito da temática.
*Resultado obtido em cada atividade baseado na percepção do professor em relação à turma;
1
Disponível em: http://www.stellarium.org/pt/;
2
Disponível em:http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/2010/simuladoreseanimacoes/
2011/geografia/sistema_solar.swf.
A Figura 1 a seguir apresentam as fotos representativas das principais
atividades práticas e lúdicas realizadas no projeto de intervenção pedagógica:
FIGURA 1: 1A) Apresenta uma aluna resolvendo o caça-palavras após a primeira aula
teórica sobre História da Astronomia; 1B) Apresenta o desenho esquematizado por um
aluno após a aula sobre Teoria Geocêntrica e Teoria Heliocêntrica e seus principais
defensores; 1C) Apresenta os alunos aprendendo e se divertindo com o Jogo das Três
Pistas; 1D) Apresenta cartaz representando a Constelação da Ema produzido pelos alunos;
1E) Apresenta a tabela a ser preenchida pelos alunos com as principais informações sobre o
Sistema Solar; 1F) Apresenta a página do Portal Dia a Dia Educação- Portal Educacional do
Estado do Paraná- onde encontramos o simulador do Sistema Solar; 1G) Apresenta a
construção de modelo de Sistema Solar em escala de tamanho; 1H) Apresenta modelos de
Sistema Solar em escala de distância confeccionados por alunos;1I) Apresenta o Polo
Astronômico Casimiro Montenegro Filho - Parque Tecnológico de Itaipu - Foz do IguaçuParaná; 1J) Apresenta uma das cartelas do Bingo Astronômico; Foz do Iguaçu, 2014.
Figura 1A
Figura 1B
Figura 1C
Figura 1D
Figura 1E
Figura 1F
Figura 1G
Figura 1H
A
S
T
R
O
Lua
Marte
Meteoro
Rotação
Dia e
Noite
Órbita
Galileu
Galilei
Terra
Buracos
Negros
Quarto
Crescente
Satélite
Natural
Asteroide
Solstícios
Júpiter
Galáxia
Ano-Luz
Sol
Relógio
de Sol
ViaLáctea
Plutão
Fobos e
Deimos
Figura 1J
Figura 1I
Constelação
da Ema
Geocêntrico
Astronomia
Cruzeiro do
Sul
O Quadro 2 apresenta os resultados do pré-teste em comparação com o pósteste, indicando a assimilação do conhecimento de Astronomia por parte dos 25
alunos do 6º Ano que participaram da intervenção pedagógica.
Quadro 2: Resultados do Pré-teste e Pós-teste considerando-se o número de
acertos da turma em cada uma das questões apresentadas, antes e após a
intervenção pedagógica, Foz do Iguaçu, 2014.
Questão
1) O que você entende por Astronomia?
2) O homem antigo já tinha conhecimentos sobre
Astronomia? Justifique.
3) A Astronomia está presente no nosso dia-a-dia? Em caso
positivo, explique como ou onde ela está presente.
4) A Terra se move no espaço? Em caso positivo, explique
como ela se move.
5) Só podemos ver estrelas durante a noite?
6) Diferencie estrelas, planetas e satélites.
7) Qual é a ordem dos planetas do Sistema Solar de acordo
com sua distância do Sol?
8) Como se explica as estações do ano? Por que elas
ocorrem? Porque é que temos quatro estações do ano? (Para
responder, você poderá fazer um desenho, esquema ou
texto).
9) Explique a ocorrência de sucessão do Dia e da Noite
(Para responder, você poderá fazer um desenho, esquema ou
texto).
10) Por que a aparência da Lua muda constantemente?
Média Geral
Resultado
(Número e % de acertos da
turma de25 alunos)
Pré-teste
n (%)
19 (76)
Pós-teste
n (%)
20 (80)
6 (24)
23(92)
5 (20)
18 (72)
4 (16)
21 (84)
3 (12)
0 (0)
18 (72)
19 (76)
10 (40)
23 (92)
1(4)
5(20)
8(32)
19(76)
3(12)
6,7 (27)
15(60)
17,3 (69)
A comparação dos resultados contribuiu para perceber que os alunos
desenvolveram conhecimentos significativos sobre Astronomia, especialmente os
conhecimentos básicos que permitem diferenciar alguns astros e realizar sua
localização espacialcom eficiência tendo o Planeta Terra como referência e em
relação aos demais astros do Sistema Solar.
A visita ao Polo Astronômico Casimiro Montenegro Filho, os vídeos e as
atividades lúdicas e experimentais realizadas contribuíram para a formação do
conhecimento a respeito da organização dos astros no Sistema Solar.As atividades
desenvolvidas despertaram o interesse dos alunos pela Astronomia.
Durante a implementação da intervenção pedagógica houve também a
participação dos docentes envolvidos no projeto no Grupo de Trabalho em Rede
(GTR) que constitui um grupo virtual, envolvendo professores da área de Ciências
de diferentes localidades do Estado do Paraná, que puderam opinar sobre as
atividades propostas. Os 16 professores envolvidos no GTR demonstraram
satisfação em poder trocar experiências e realizar estudos e atividades voltadas
para o conhecimento de Astronomia. Além disso, partilharam estudos e atividades
realizados em suas aulas, e reproduziram muitas das atividades propostas nesta
intervenção em suas próprias escolas e turmas de Ciências, onde a resposta por
parte de docentes e alunos foi muito positiva.
Durante o GTR, a maioria dos professores afirmou que a Astronomia não
tinha sido abordada em seus cursos de graduação e que o conhecimento da
Astronomia indígena chamou-lhes a atenção, remetendo à necessidade de se
repensar a formação de professores de forma a privilegiar a construção de tais
conhecimentos.
6. DISCUSSÃO
Um dos fatores que mais contribui para que a aprendizagem lúdica seja
produtiva é que ela alia o dever ao prazer.Contrariando o velho ditado “Primeiro o
dever, depois o prazer.”, neste tipo de aula os alunos aprendem de maneira natural
e prazerosa sem cobranças e avaliações somativas.
Considerando a importância que as atividades lúdicas exercem na formação escolar,
é necessário buscar as melhores maneiras para estimular os aprendizes a vivenciar
as mais variadas situações, utilizando jogos e brincadeiras, pois, nessas atividades o
componente prazer está presente na sua realização. Os jogos na fase escolar
proporcionam ao aluno unir o prazer do brincar com o de aprender e assim ele se
preparar para o futuro experimentando o mundo ao seu redor dentro dos limites que
sua condição permite. Através dos jogos e brinquedos o aprendiz adquire a primeira
representação de mundo e, é por meio dela, que penetram no mundo das relações
sociais, criando um senso de iniciativa e auxílio mútuo.
Segundo Kishimoto (2002), realizar atividades lúdicas propiciam aos
indivíduos vivenciar integralmente e de maneira autônoma o tempo e o espaço em
que se encontram inseridos.
Diante disso, torna-se necessário compreender que o ensino de Astronomia
não pode ser realizado dentro de um ambiente sem permitir ao aluno observar e
vivenciar a realidade que o circunda, uma vez que, todos os sujeitos estão inseridos
num universo que está em constante mutação e movimento.
A aprendizagem lúdica tem por essência a brincadeira como um processo de
fazer cultura, pressupondo aí a aprendizagem. Observando esse conceito,
certamente a brincadeira e o ato de brincar acompanham o desenvolvimento das
sociedades desde os primórdios da civilização e servem como parâmetros para a
criação e preservação de muitos conceitos culturais (KISHIMOTO, 2002).
Neste aspecto, ao aprender as noções de Astronomia desenvolvidas pelas
sociedades indígenas, tomam-se como ludicidade as relações existentes entre o
conhecimento científico e estas vivências sociais. Ao conhecer as relações e
conhecimentos construídos pelas sociedades primitivas aprende-se de maneira
simples a raciocinar em benefício da compreensão da ciência e de como ela foi
sendo construída através dos tempos.
As facilidades tecnológicas da atualidade oportunizam o uso de saberes
prontos, o que nem sempre facilita a compreensão das relações entre o homem, o
espaço e o tempo.
Assim, ao desenvolver a aprendizagem de Astronomia de maneira lúdica foi
possível aos alunos compreenderem como são estabelecidos os movimentos
celestes e terrestres, além das implicações de tais movimentos sobre nosso planeta
e alguns fenômenos relacionados ao seu cotidiano.
Durante as discussões virtuais realizado no Grupo de Trabalho em Rede com
outros 16 professores de Ciências da rede pública estadual de diferentes regiões do
Estado do Paraná, foi possível compreender as causas de muitas vezes o
conhecimento de Astronomia ser tratado de maneira superficial, pois vários
professores declararam que durante a sua graduação não lhes foi proporcionado o
conhecimento de Astronomia, nem mesmo desenvolvida metodologia de trabalho
pedagógico sobre este conteúdo, o que demonstrou que as atividades propostas
nesta intervenção pedagógica vêm de encontro a uma necessidade dos professores
de Ciências.
Vários professores elogiaram as atividades sobre os conhecimentos
astronômicos indígenas, pois entenderam que essas foram propostas visando a
valorização dos conhecimentos e saberes indígenas contemplando assim a Lei nº
11.645/2008. Da mesma forma, a construção de um relógio de Sol, o conhecimento
da Astronomia e das constelações indígenas proporcionaram melhoria na
compreensão de Astronomia entre os alunos.
Tanto os jogos e brincadeiras, quanto a visita ao Polo Astronômico, tornaram
possível aos alunos compreenderem como são estabelecidos os movimentos
celestes e terrestres. A presente experiência e intervenção pedagógica comprovou
que é possível desenvolver conhecimentos sólidos a partir da aprendizagem lúdica.
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este artigo apresenta os resultados obtidos com o desenvolvimento do projeto
de intervenção pedagógica do PDE, tendo como temática o ensino de Astronomia
para o 6º ano do Ensino Fundamental de uma turma do Colégio Estadual Ayrton
Senna da Silva do município de Foz do Iguaçu, Paraná, realizado no ano de 2014.
Os livros didáticos não tratam adequadamente do conhecimento sobre
Astronomia e verificou-se a necessidade de se implementar práticas/lúdicas
tornando o conhecimento da Astronomia mais agradável e compreensível, de forma
que os alunos relacionassem o conhecimento de Astronomia com os eventos do seu
cotidiano.
A presente intervenção pedagógica promoveu o ensino de Astronomia por
meio de atividades lúdicas. Para tanto, implementou novas práticas educativas,
destacando o uso de estratégias de ensino diversificadas que auxiliaram para que
houvesse superação dos obstáculos relacionados ao ensino de Astronomia no
Ensino Fundamental.
O estudo foi motivado pela constatação de que é preciso reconhecer que os
alunos do Ensino Fundamental necessitam de motivação natural para construir
novos saberes e relacioná-los com atos do seu cotidiano, especialmente quando se
trata de Astronomia. Assim, buscamos criar oportunidades que instigassem as
mentes dos alunos de forma que eles assimilassem os conhecimentos construídos.
Diante disso, durante as aulas de Ciências procuramos proporcionar aos alunos a
compreensão das informações, dos fatos e dos fenômenos que compõem a
Astronomia.
Pelos resultados obtidos, concluímos que a abordagem lúdica baseada na
adoção de múltiplas estratégias pedagógicas favoreceu o aprendizado de
Astronomia permitindo a assimilação de novos conhecimentos por parte dos alunos,
relacionados ao seu cotidiano e aumentando a sua compreensão sobre o seu lugar
no espaço e no Universo.
8. REFERÊNCIAS
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977
KISHIMOTO, Tizuko Morchida et al. O brincar e suas teorias. São Paulo: Pioneira
Thomson Learnirng, 2002.
KRASILCHIK, Myrian. Ensino de Ciências e cidadania. São Paulo: Moderna, 2007.
LEITE, C.M. Os professores de ciências e suas formas de pensar a Astronomia.
Dissertação (Mestrado em Educação) - Instituto de Física e Faculdade de Educação,
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2002.
MANDARINO, Mônica; BELFORT, Elizabeth. Números naturais: conteúdo e
forma. Rio de Janeiro: Ministério da Educação: Universidade Federal do Rio de
Janeiro, LIMC, 2005.
MOREIRA, M.A. Aprendizagem significativa. Brasília: UnB, 1999.
PARANÁ. Diretrizes Curriculares para o ensino de Ciências. Curitiba: SEED,
2008.
ROCHA, R.G. Prática educativa das ciências naturais. Curitiba: IESDE, 2006.
SAVIANI, Dermeval. Escola e democracia. 30ª edição, Campinas: Autores
Associados, 1995.
SILVA, Monica Ribeiro da.Formação de professores e ensino nas séries iniciais.
Toledo-PR: EDT, 1996.
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