Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos ASTRONOMIA: O LÚDICO COMO FORMA DE DESVENDAR OS SEGREDOS DO SISTEMA SOLAR E DO UNIVERSO NO ENSINO DE CIÊNCIAS Silvana Ponciano Tobias1 Oscar Kenji Nihei2 RESUMO Esta pesquisa visou inserir o lúdico como prática pedagógica no ensino de Ciências, estimulando a interação do aluno com o mundo que o cerca. Assim, objetivou-se aplicar uma intervenção pedagógica que possibilitasse a inserção do lúdico no Ensino Fundamental de Ciências, avaliando sua eficiência quando aplicada no ensino de Astronomia. O público alvo foi uma turma de 6° ano, vespertino, com 25 alunos, do Colégio Estadual Ayrton Senna da Silva do município de Foz do Iguaçu, Paraná, tendo a intervenção pedagógica duração total de 40 horas aulas. Inicialmente foi aplicado um pré-teste onde avaliou-se os conhecimentos prévios dos educandos relacionados à Astronomia. Em seguida, contemplando o conteúdo estruturante Astronomia da disciplina de Ciências foram abordados os conteúdos básicos: universo, sistema solar, movimentos terrestres, movimentos celestes e astros. A transposição pedagógica foi realizada através de aulas expositivas, leitura de textos informativos, pesquisas na internet, utilização de vídeos, visita ao Polo Astronômico Casimiro Montenegro Filho, atividades lúdicas e práticas. Ao final da intervenção foi aplicado um pós-teste para avaliar-se a eficiência da intervenção pedagógica. Verificou-se um percentual de acerto de 27% no pré-teste comparado com 69% no pós-teste, indicando que houve assimilação do novo conhecimento. Conclui-se que a intervenção realizada possibilitou a reflexão e aprendizado efetivo dos alunos envolvidos a respeito da Astronomia. Essa intervenção possibilitou trabalhar a astronomia indígena, contemplando assim a lei nº 11.645, de 10 de março de 2008, que torna obrigatório esse estudo nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e privados do Brasil. Palavras-chaves: Astronomia; Ciências Naturais; Aprendizagem. 1. INTRODUÇÃO O presente trabalho surgiu da inquietação perante dificuldades relacionadas à transição dos alunos do 5º ano para o 6º ano do Ensino Fundamental. Mudanças como a especialização das áreas de conhecimento e dos professores, o horário de aulas, a administração das tarefas e do tempo, além disso, a entrada na préadolescência acarreta na modificação do vínculo afetivo entre professores e alunos, isso promove naturalmente a resistência e desmotivação pela aprendizagem, fazendo com que seja necessário desenvolver atividades que despertem o prazer de aprender. De acordo com Leite (2002) analisando-se historicamente a formação de professores, constatou-se que a Astronomia ficou esquecida nos currículos da 1 Professora da Rede Pública Estadual de Ensino do Paraná. E-mail de contato: [email protected] 2 Orientador PDE da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Campus de Foz do Iguaçu, Paraná. E-mail de contato: [email protected] graduação. Como resultado, os professores preferem não ensinar Astronomia ou buscam outras fontes de informações. Partindo desta premissa e na expectativa de reverter essa situação, propomos utilizar o lúdico para abordar a Astronomia em sala de aula, implementando novas práticas educativas, dentre as quais se destaca o uso de estratégias de ensino diversificadas que possam auxiliar na superação dos obstáculos acima citados. Este artigo apresenta os resultados obtidos com o desenvolvimento do projeto de intervenção pedagógica do Programa de Desenvolvimento da Educação (PDE) tendo como temática o ensino de Astronomia para o 6º ano do Ensino Fundamental em uma turma do Colégio Estadual Ayrton Senna da Silva de Foz do Iguaçu, Paraná, no ano de 2014. 2. REVISÃO DA LITERATURA 2.1. ASTRONOMIA E LUDICIDADE NO ENSINO DE CIÊNCIAS O ser humano é impulsionado pela racionalidade para o ensino de Ciências, sendo o trabalho educativo o ato de produzir em cada aprendiz a humanidade construída histórica e coletivamente pelo conjunto dos homens. Assim, o objeto da educação se relaciona com a identificação de elementos naturais e culturais constituídos pela espécie humana para justificar a sua racionalidade (SAVIANI, 1995). Historicamente, o ensino de Ciências é recente na educação brasileira, pois somente após os anos 1970 tornou-se obrigatório em todas as séries da educação básica. A partir daí, passou-se a estudar os métodos relacionados com o entendimento da ciência, que deixou de ser apenas um produto para ser reconhecida como processo evolutivo de compreensão do natural (KRASILCHIK, 2007). A socialização do conhecimento científico caracteriza-se por desafiar os objetivos do ensino de Ciências, pois há necessidade de desenvolver uma cultura científica para uma sociedade que necessita formar para a vida social, desafiando a ciência enquanto instrumento de manutenção do conhecimento detido na mão dos poucos dominantes. Isso caracteriza a influência das relações de poder estabelecidas na produção científica, reservando à minoria a detenção do conhecimento que deveria ser socializado, isso decorre das relações de trabalho que se instalaram na sociedade contemporânea, onde o conhecimento deve servir aos interesses do poder (MANDARINO; BELFORT, 2005). O ensino de Ciências dentro dos currículos escolares ocorre por meio de conhecimentos estanques e fragmentados em disciplinas, como Biologia, Física, Química, Geologia e Astronomia, dentre outros. No entanto, para consolidar a disciplina de Ciências no contexto escolar torna-se necessário ultrapassar os diferentes campos de saber científicos, ultrapassando as finalidades estabelecidas pelos currículos escolares e pela sociedade, pois a educação deve possibilitar a compreensão dos conhecimentos científicos voltados para a natureza e para o contexto social, histórico, cultural, ético e político (PARANÁ, 2008). Segundo Moreira (1999), durante muito tempo a educação manteve um sistema educacional de reprodução do conhecimento já registrado, e somente no final do século XX o ensino de Ciências na escola passou a relacionar o conhecimento com a realidade social e cultural, valorizando as pesquisas científicas para estabelecer novos rumos e passou assim a ter uma nova identidade. A partir daí não cabia mais ao ensino de Ciências apenas descrever conhecimentos postos, mas relacionar as pesquisas de cunho científico ao conhecimento e compreensão da realidade. Neste contexto, no ensino de Ciências passou-se a desenvolver e selecionar conteúdos específicos pautados em recursos pedagógicos e tecnológicos que enriqueçam a prática docente, propondo elementos práticos que valorizam o ensino de Ciências com uma abordagem problematizadora, valorizando a relação contextual, a relação interdisciplinar, a pesquisa, a leitura científica, a atividade em grupo, a observação, a atividade experimental, os recursos instrucionais e o lúdico (PARANÁ, 2008). A escola pública de qualidade está relacionada ao reconhecimento da ação mediadora da escola onde o conhecimento e a prática social necessitam fazer sentido para os alunos. De acordo com Freire (1977) Educar-se é impregnar de sentido cada momento da vida, cada ato cotidiano. Ainda, segundo Silva (1996, p.24): Um dos fatores que possibilitam uma práxis educacional transformadora, é o do professor reconhecer-se como educador, o que decorre de um processo. Ao reconhecer-se como educador em formação, o professor aproxima-se de uma concepção de seu trabalho na qual reflexões e aprendizagens constantes impulsionam para que nesse trabalho esteja cada vez mais presente o compromisso com o ensino, e, portanto, com a escola pública de qualidade. Entendendo que o sujeito é fruto do seu tempo histórico e das relações sociais em que se encontra inserido e que a aprendizagem ocorre pela ação mediadora do professor, colocando o aluno em contato com o conhecimento através de interações, e tendo a escola como local de socialização do conhecimento, é urgente chegar a uma concepção de educação ativa e potencializadora, pois o homem enquanto sujeito construtor da história, atua e participa do mundo de acordo com sua compreensão e possibilidade. Diante disso, procura-se estimular na sala de aula o estabelecimento de relações onde os alunos possam compreender a Astronomia por meio de observações e debates, além de desenvolver atividades lúdicas e práticas envolvendo os conteúdos estabelecidos para esta aprendizagem. Segundo as Diretrizes Curriculares para o Estado do Paraná, o lúdico deve ser considerado como uma forma de interação entre o educando e o conhecimento, possibilitando vivenciar os conceitos e as práticas a partir de jogos, brincadeiras e técnicas de raciocínio lógico, sendo importantes e fundamentais para a compreensão da ciência (PARANÁ, 2008). O lúdico deve ser considerado na prática pedagógica, independentemente da série e da faixa etária do estudante, porém, adequando-se a elas quanto à linguagem, a abordagem, as estratégias e aos recursos utilizados como apoio (PARANÁ, 2008, p.77). No entanto, há que se considerar que o ludismo é uma prática que necessita de amplo planejamento e estudo para ser realizada de forma eficiente. Há que se ter em mente que a finalidade é enfatizar os objetivos e os fins da atividade desenvolvida, sua utilização lúdica, cognitiva, sociocultural. Sendo necessário saber observar as condutas dos educandos para então diagnosticar, avaliar e elaborar estratégias de trabalho para se identificar as dificuldades e os avanços dos educandos. Vygotsky e Piaget possuíam concepções diferentes de desenvolvimento, mas cada qual em conformidade com a sua concepção trata da importância do brinquedo no desenvolvimento infantil, indicando a importância do lúdico para o desenvolvimento do aprendiz (KISHIMOTO, 2002). Diante disso, o conhecimento específico do conteúdo estruturante que se deseja desenvolver assume uma importância incondicional para se poder pensar em elaborar jogos e brincadeiras voltados para a construção do conhecimento. Os saberes da Astronomia são muito significativos para serem compreendidos pelos alunos a partir de técnicas lúdicas, merecendo destaque as considerações sobre o conteúdo estruturante conforme previsto nas Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná (DCE). Para desenvolver o tema sobre o Sistema Solar é necessário compreender que se trata de um sistema formado por uma estrela, o Sol, e por planetas que se movimentam ao seu redor e que nesse universo, muitos planetas possuem satélites associados em seu entorno, bem como um vasto campo de outros corpos celestes – asteroides, meteoros e cometas – que compõem a área de estudo. O Sol, que está no centro do Sistema Solar, é uma estrela como tantas outras que observamos em noites estreladas. Contudo, o Sol domina o céu devido à sua proximidade, mas não se pode deixar de lembrar que é uma estrela comum em termos de tamanho e de brilho (ROCHA, 2006). A Astronomia enquanto conteúdo estruturante de Ciências apresenta como conteúdos básicos o universo, o sistema solar, os movimentos terrestres e movimentos celestes, além de promover o conhecimento sobre os astros. No entanto, o educador em Ciências precisa promover conhecimentos que levem ao entendimento das ocorrências astronômicas como fenômenos da natureza, reconhecendo as características básicas que levem a diferenciar estrelas, planetas, satélites naturais, cometas, asteroides, meteoros e meteoritos. Segundo Silva (1996, p. 46) as noções de Astronomia referem-se à localização espaço temporal dos astros e suas relações com a natureza dos animais e vegetais e suas características cíclicas, considerando os movimentos da Terra entorno do Sol. Segundo as DCE (PARANÁ, 2008, p.65), “Astronomia é uma das ciências de referência para os conhecimentos sobre a dinâmica dos corpos celestes”. Neste aspecto, considera como abordagem histórica os modelos geocêntrico e heliocêntrico propostos por Aristóteles e Ptolomeu, respectivamente. 3. DESENVOLVIMENTO DO PROJETO Neste trabalho, foi desenvolvido um projeto de aprendizagem lúdica de Astronomia com alunos do 6º Ano no período vespertino no Colégio Estadual Ayrton Senna da Silva - Ensino Fundamental, Médio e Educação de Jovens e Adultos, Foz do Iguaçu, 2014. 4. METODOLOGIA Entendendo que o aluno aprende mais e melhor a partir de sua interação com a realidade, uma das melhores maneiras de envolver o aluno no processo de aprendizagem é o de promover ações lúdicas que incentivem o uso da imaginação, da exploração, da criação de jogos e brinquedos que exemplifiquem as atividades realizadas. O projeto de intervenção teve como alvo os alunos de uma turma de 6º Ano do Ensino Fundamental, e foi realizado no primeiro semestre de 2014, constituído de 19 atividades, com duração total de 40 horas/aulas. As aulas foram planejadas em forma de unidade didática envolvendo várias ações que tiveram início com a apresentação do projeto de intervenção didática para os gestores e educadores do Colégio Estadual Ayrton Senna da Silva. No primeiro dia de aula, o projeto foi apresentado aos alunos que participaram das atividades propostas. As atividades desenvolvidas compreenderam a apresentação de vídeos, leitura de textos informativos científicos, construção de jogos, construção de modelos astronômicos, realização de atividades lúdicas envolvendo o conhecimento de Astronomia, visita ao Polo Astronômico Casimiro Montenegro Filho - Parque Tecnológico de Itaipu, localizado no município de Foz do Iguaçu-PR, e avaliação das atividades propostas. A avaliação da intervenção pedagógica foi realizada a partir da aplicação de um pré-teste e um pós-teste, utilizando-se um questionário com dez questões, que serviu como termo de comparação entre os conhecimentos pré-existentes e os obtidos após a intervenção pedagógica. 5. RESULTADOS Quando o projeto teve início foi aplicado um pré-teste aos 25 alunos do 6º ano para diagnosticar o que eles já sabiam a respeito do assunto. No final de toda a intervenção pedagógica foi aplicado o mesmo teste para se avaliar a aprendizagem efetiva dos alunos. O Quadro 1 apresenta os principais objetivos, o desenvolvimento e o resultado alcançado em cada uma das 19 atividades desenvolvidas no projeto. Na intervenção pedagógica foram implementadas seis aulas expositivas, onde na primeira aula foi aplicado o pré-teste, dez aulas práticas/lúdicas, uma aula de vídeo, uma visita ao polo astronômico, e uma aula onde houve a aplicação do questionário de pós-teste. QUADRO 1: Ações desenvolvidas na implementação do projeto de intervenção pedagógica no Ensino Fundamental, Foz do Iguaçu, 2014. ATIVIDADE 1.Aula expositiva e dialogada, e aplicação do questionário préteste. 2.Aula teórica: História da Astronomia, teorias geocêntrica e heliocêntrica. 3.Atividade lúdica: Caça-palavras. 4.Aula teórica: Astronomia básica (conceitos iniciais). OBJETIVO Avaliar o conhecimento prévio do aluno sobre Astronomia. DESENVOLVIMENTO Apresentação do projeto. Resolução de questionário contendo dez questões. RESULTADOS* Demonstraram pouco conhecimento científico sobre o assunto. Possibilitar o entendimento de que a Astronomia é uma ciência antiga e que todo conhecimento científico está sempre sendo aprimorado com novas descobertas. Despertar o interesse do aluno em observar o céu. Utilizar o caça-palavras como instrumento de fixação e avaliação da aprendizagem dos alunos sobre conceitos da Astronomia. Apresentação de conceitos teóricos da história da Astronomia, sua utilidade, os erros e os acertos dos grandes astrônomos e a importância do olhar científico na Astronomia. Orientação dos alunos para observações diárias do céu noturno. Apresentaram grande interesse pelas informações fornecidas. Encontrar palavras inseridas aleatoriamente em um caça palavras, preenchendo um texto relacionado à história da Astronomia, teoria geocêntrica e teoria heliocêntrica. Fornecer informações para que os alunos construam o conhecimento científico e confrontem seu conhecimento prévio sobre astros. A turma envolveu-se com essa atividade, procurando ajudar os colegas que apresentaram dificuldades. Conhecer e entender alguns conceitos relacionados à Astronomia, assim como a classificação de determinados astros. Apresentaram dificuldades com alguns conceitos mesmo diante do grande interesse pelo assunto. 5.Atividade lúdica: Jogo das três pistas. 6.Aula teórica: Astronomia indígena. 7.Atividade lúdica: Constelações indígenas. Promover a compreensão e fixação de conceitos astronômicos. Despertar o interesse e a valorização dos conhecimentos e saberes indígenas relacionados à Astronomia. Conhecer algumas constelações indígenas. Auxiliar na compreensão sobre a diversidade cultural em relação à Astronomia. Jogo contendo cartões com conceitos astronômicos e fichas com três pistas relacionadas aos mesmos. Estudo de texto e utilização slides. Uso do programa 1 Stellarium e confecção de cartazes. A maioria dos alunos dominava os conceitos. Os alunos ficaram surpresos ao descobrirem os conhecimentos e saberes indígenas sobre a Astronomia. Possibilitou a comparação entre constelações indígenas e ocidentais, estimulando um olhar diferenciado sobre os astros do céu. Os alunos puderam comparar a sombra do gnômon, em três momentos durante o período de aula. Aguçou-se a curiosidade dos alunos, fazendo com que pesquisassem mais e enriquecessem as discussões sobre o assunto. 8.Atividade lúdica: Relógio de Sol horizontal. Entender como funciona o Relógio de Sol. Construção e uso do Relógio de Sol horizontal. 9.Aula teórica: O Sistema Solar. Entender a importância do Sol. Valorizar e respeitar a Terra como único planeta conhecido com condições naturais de abrigar o homem. Leitura e estudo de textos. 10.Atividade lúdica: Simulador do Sistema Solar Conhecer os astros do Sistema Solar e suas principais características. Uso do simulador do 2 Sistema Solar , preenchimento do quadro com informações sobre os planetas do nosso sistema. A atividade foi bem recebida, a maioria comentou ter usado o simulador também em casa. 11.Atividade lúdica: Modelo de comparação entre os tamanhosdos principais astros do Sistema Solar. 12.Atividade lúdica: Modelo do Sistema Solar em escala de distância. Possibilitar uma visão ampliada do tamanho dos planetas do Sistema Solar em relação ao Sol. Construção de modelo para a comparação entre os tamanhos do Sol e dos planetas do Sistema Solar. Ficaram impressionados com o tamanho do Sol em relação aos planetas. Dimensionar a distância entre os planetas e o tamanho do Sistema Solar. Entender o uso de escalas para representar grandes valores de distância. Compreender que a Terra se movimenta com a Lua girando ao seu redor e que ambas se movimentam em torno do Sol. Construção de modelo do Sistema Solar em escala de distância. Apresentaram dificuldades no uso de medidas, mas puderam repensar sobre as ilustrações de Sistema Solar observados nos livros. Os alunos demonstraram interesse pelas informações contidas no vídeo. Dimensionar os tamanhos da Terra e da Lua, comparando seus discos. Confecção de discos representando a Terra e a Lua em escala de tamanho. 13.Aula vídeo: Terra e Lua. 14.Atividade lúdica: Tamanho da Terra e da Lua. Apresentação de vídeos, seguido de discussão. Compreenderam com facilidade a escala utilizada. 15.Aula teórica: Movimentos terrestres. Compreender os movimentos de rotação e de translação da Terra. Leitura e interpretação de textos. Apresentaram grande interesse pelas informações fornecidas. 16.Atividade lúdica: Stellarium. Observar o movimento aparente do Sol durante o ano e perceber que o dia e a noite apresentam duração diferenciada de acordo com o período do ano. Retomar os conteúdos já trabalhados oportunizando a sua fixação. Utilizaçãodo 1 Stellarium . software Os alunos compreendessem os conceitos propostos. Oportunizar aos alunos assistir a sessão de projeção de planetarium, observar astros com telescópio e observar um relógio de Sol. Jogo de Bingo com conceitos astronômicos. Os alunos mostraram grande interesse pela atividade. 17.Visita ao Polo Astronômico Casimiro Montenegro Filho, localizado em Foz do Iguaçu. 18.Atividade lúdica: Bingo Astronômico. 19.Atividade final do projeto: Questionário pósteste. Propiciar a aprendizagem de conceitos astronômicos por meio de enunciados e definições. Verificar se após a intervenção os alunos conseguiram superar os saberes do senso comum assimilando os conhecimentos científicos sobre o tema. Atividade final do projeto: Aplicação do questionário pós-intervenção. Demonstraram domínio dos conceitos trabalhados. Maior apreensão sobre os conhecimentos a respeito da temática. *Resultado obtido em cada atividade baseado na percepção do professor em relação à turma; 1 Disponível em: http://www.stellarium.org/pt/; 2 Disponível em:http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/2010/simuladoreseanimacoes/ 2011/geografia/sistema_solar.swf. A Figura 1 a seguir apresentam as fotos representativas das principais atividades práticas e lúdicas realizadas no projeto de intervenção pedagógica: FIGURA 1: 1A) Apresenta uma aluna resolvendo o caça-palavras após a primeira aula teórica sobre História da Astronomia; 1B) Apresenta o desenho esquematizado por um aluno após a aula sobre Teoria Geocêntrica e Teoria Heliocêntrica e seus principais defensores; 1C) Apresenta os alunos aprendendo e se divertindo com o Jogo das Três Pistas; 1D) Apresenta cartaz representando a Constelação da Ema produzido pelos alunos; 1E) Apresenta a tabela a ser preenchida pelos alunos com as principais informações sobre o Sistema Solar; 1F) Apresenta a página do Portal Dia a Dia Educação- Portal Educacional do Estado do Paraná- onde encontramos o simulador do Sistema Solar; 1G) Apresenta a construção de modelo de Sistema Solar em escala de tamanho; 1H) Apresenta modelos de Sistema Solar em escala de distância confeccionados por alunos;1I) Apresenta o Polo Astronômico Casimiro Montenegro Filho - Parque Tecnológico de Itaipu - Foz do IguaçuParaná; 1J) Apresenta uma das cartelas do Bingo Astronômico; Foz do Iguaçu, 2014. Figura 1A Figura 1B Figura 1C Figura 1D Figura 1E Figura 1F Figura 1G Figura 1H A S T R O Lua Marte Meteoro Rotação Dia e Noite Órbita Galileu Galilei Terra Buracos Negros Quarto Crescente Satélite Natural Asteroide Solstícios Júpiter Galáxia Ano-Luz Sol Relógio de Sol ViaLáctea Plutão Fobos e Deimos Figura 1J Figura 1I Constelação da Ema Geocêntrico Astronomia Cruzeiro do Sul O Quadro 2 apresenta os resultados do pré-teste em comparação com o pósteste, indicando a assimilação do conhecimento de Astronomia por parte dos 25 alunos do 6º Ano que participaram da intervenção pedagógica. Quadro 2: Resultados do Pré-teste e Pós-teste considerando-se o número de acertos da turma em cada uma das questões apresentadas, antes e após a intervenção pedagógica, Foz do Iguaçu, 2014. Questão 1) O que você entende por Astronomia? 2) O homem antigo já tinha conhecimentos sobre Astronomia? Justifique. 3) A Astronomia está presente no nosso dia-a-dia? Em caso positivo, explique como ou onde ela está presente. 4) A Terra se move no espaço? Em caso positivo, explique como ela se move. 5) Só podemos ver estrelas durante a noite? 6) Diferencie estrelas, planetas e satélites. 7) Qual é a ordem dos planetas do Sistema Solar de acordo com sua distância do Sol? 8) Como se explica as estações do ano? Por que elas ocorrem? Porque é que temos quatro estações do ano? (Para responder, você poderá fazer um desenho, esquema ou texto). 9) Explique a ocorrência de sucessão do Dia e da Noite (Para responder, você poderá fazer um desenho, esquema ou texto). 10) Por que a aparência da Lua muda constantemente? Média Geral Resultado (Número e % de acertos da turma de25 alunos) Pré-teste n (%) 19 (76) Pós-teste n (%) 20 (80) 6 (24) 23(92) 5 (20) 18 (72) 4 (16) 21 (84) 3 (12) 0 (0) 18 (72) 19 (76) 10 (40) 23 (92) 1(4) 5(20) 8(32) 19(76) 3(12) 6,7 (27) 15(60) 17,3 (69) A comparação dos resultados contribuiu para perceber que os alunos desenvolveram conhecimentos significativos sobre Astronomia, especialmente os conhecimentos básicos que permitem diferenciar alguns astros e realizar sua localização espacialcom eficiência tendo o Planeta Terra como referência e em relação aos demais astros do Sistema Solar. A visita ao Polo Astronômico Casimiro Montenegro Filho, os vídeos e as atividades lúdicas e experimentais realizadas contribuíram para a formação do conhecimento a respeito da organização dos astros no Sistema Solar.As atividades desenvolvidas despertaram o interesse dos alunos pela Astronomia. Durante a implementação da intervenção pedagógica houve também a participação dos docentes envolvidos no projeto no Grupo de Trabalho em Rede (GTR) que constitui um grupo virtual, envolvendo professores da área de Ciências de diferentes localidades do Estado do Paraná, que puderam opinar sobre as atividades propostas. Os 16 professores envolvidos no GTR demonstraram satisfação em poder trocar experiências e realizar estudos e atividades voltadas para o conhecimento de Astronomia. Além disso, partilharam estudos e atividades realizados em suas aulas, e reproduziram muitas das atividades propostas nesta intervenção em suas próprias escolas e turmas de Ciências, onde a resposta por parte de docentes e alunos foi muito positiva. Durante o GTR, a maioria dos professores afirmou que a Astronomia não tinha sido abordada em seus cursos de graduação e que o conhecimento da Astronomia indígena chamou-lhes a atenção, remetendo à necessidade de se repensar a formação de professores de forma a privilegiar a construção de tais conhecimentos. 6. DISCUSSÃO Um dos fatores que mais contribui para que a aprendizagem lúdica seja produtiva é que ela alia o dever ao prazer.Contrariando o velho ditado “Primeiro o dever, depois o prazer.”, neste tipo de aula os alunos aprendem de maneira natural e prazerosa sem cobranças e avaliações somativas. Considerando a importância que as atividades lúdicas exercem na formação escolar, é necessário buscar as melhores maneiras para estimular os aprendizes a vivenciar as mais variadas situações, utilizando jogos e brincadeiras, pois, nessas atividades o componente prazer está presente na sua realização. Os jogos na fase escolar proporcionam ao aluno unir o prazer do brincar com o de aprender e assim ele se preparar para o futuro experimentando o mundo ao seu redor dentro dos limites que sua condição permite. Através dos jogos e brinquedos o aprendiz adquire a primeira representação de mundo e, é por meio dela, que penetram no mundo das relações sociais, criando um senso de iniciativa e auxílio mútuo. Segundo Kishimoto (2002), realizar atividades lúdicas propiciam aos indivíduos vivenciar integralmente e de maneira autônoma o tempo e o espaço em que se encontram inseridos. Diante disso, torna-se necessário compreender que o ensino de Astronomia não pode ser realizado dentro de um ambiente sem permitir ao aluno observar e vivenciar a realidade que o circunda, uma vez que, todos os sujeitos estão inseridos num universo que está em constante mutação e movimento. A aprendizagem lúdica tem por essência a brincadeira como um processo de fazer cultura, pressupondo aí a aprendizagem. Observando esse conceito, certamente a brincadeira e o ato de brincar acompanham o desenvolvimento das sociedades desde os primórdios da civilização e servem como parâmetros para a criação e preservação de muitos conceitos culturais (KISHIMOTO, 2002). Neste aspecto, ao aprender as noções de Astronomia desenvolvidas pelas sociedades indígenas, tomam-se como ludicidade as relações existentes entre o conhecimento científico e estas vivências sociais. Ao conhecer as relações e conhecimentos construídos pelas sociedades primitivas aprende-se de maneira simples a raciocinar em benefício da compreensão da ciência e de como ela foi sendo construída através dos tempos. As facilidades tecnológicas da atualidade oportunizam o uso de saberes prontos, o que nem sempre facilita a compreensão das relações entre o homem, o espaço e o tempo. Assim, ao desenvolver a aprendizagem de Astronomia de maneira lúdica foi possível aos alunos compreenderem como são estabelecidos os movimentos celestes e terrestres, além das implicações de tais movimentos sobre nosso planeta e alguns fenômenos relacionados ao seu cotidiano. Durante as discussões virtuais realizado no Grupo de Trabalho em Rede com outros 16 professores de Ciências da rede pública estadual de diferentes regiões do Estado do Paraná, foi possível compreender as causas de muitas vezes o conhecimento de Astronomia ser tratado de maneira superficial, pois vários professores declararam que durante a sua graduação não lhes foi proporcionado o conhecimento de Astronomia, nem mesmo desenvolvida metodologia de trabalho pedagógico sobre este conteúdo, o que demonstrou que as atividades propostas nesta intervenção pedagógica vêm de encontro a uma necessidade dos professores de Ciências. Vários professores elogiaram as atividades sobre os conhecimentos astronômicos indígenas, pois entenderam que essas foram propostas visando a valorização dos conhecimentos e saberes indígenas contemplando assim a Lei nº 11.645/2008. Da mesma forma, a construção de um relógio de Sol, o conhecimento da Astronomia e das constelações indígenas proporcionaram melhoria na compreensão de Astronomia entre os alunos. Tanto os jogos e brincadeiras, quanto a visita ao Polo Astronômico, tornaram possível aos alunos compreenderem como são estabelecidos os movimentos celestes e terrestres. A presente experiência e intervenção pedagógica comprovou que é possível desenvolver conhecimentos sólidos a partir da aprendizagem lúdica. 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS Este artigo apresenta os resultados obtidos com o desenvolvimento do projeto de intervenção pedagógica do PDE, tendo como temática o ensino de Astronomia para o 6º ano do Ensino Fundamental de uma turma do Colégio Estadual Ayrton Senna da Silva do município de Foz do Iguaçu, Paraná, realizado no ano de 2014. Os livros didáticos não tratam adequadamente do conhecimento sobre Astronomia e verificou-se a necessidade de se implementar práticas/lúdicas tornando o conhecimento da Astronomia mais agradável e compreensível, de forma que os alunos relacionassem o conhecimento de Astronomia com os eventos do seu cotidiano. A presente intervenção pedagógica promoveu o ensino de Astronomia por meio de atividades lúdicas. Para tanto, implementou novas práticas educativas, destacando o uso de estratégias de ensino diversificadas que auxiliaram para que houvesse superação dos obstáculos relacionados ao ensino de Astronomia no Ensino Fundamental. O estudo foi motivado pela constatação de que é preciso reconhecer que os alunos do Ensino Fundamental necessitam de motivação natural para construir novos saberes e relacioná-los com atos do seu cotidiano, especialmente quando se trata de Astronomia. Assim, buscamos criar oportunidades que instigassem as mentes dos alunos de forma que eles assimilassem os conhecimentos construídos. Diante disso, durante as aulas de Ciências procuramos proporcionar aos alunos a compreensão das informações, dos fatos e dos fenômenos que compõem a Astronomia. Pelos resultados obtidos, concluímos que a abordagem lúdica baseada na adoção de múltiplas estratégias pedagógicas favoreceu o aprendizado de Astronomia permitindo a assimilação de novos conhecimentos por parte dos alunos, relacionados ao seu cotidiano e aumentando a sua compreensão sobre o seu lugar no espaço e no Universo. 8. REFERÊNCIAS FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977 KISHIMOTO, Tizuko Morchida et al. O brincar e suas teorias. São Paulo: Pioneira Thomson Learnirng, 2002. KRASILCHIK, Myrian. Ensino de Ciências e cidadania. São Paulo: Moderna, 2007. LEITE, C.M. Os professores de ciências e suas formas de pensar a Astronomia. Dissertação (Mestrado em Educação) - Instituto de Física e Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2002. MANDARINO, Mônica; BELFORT, Elizabeth. Números naturais: conteúdo e forma. Rio de Janeiro: Ministério da Educação: Universidade Federal do Rio de Janeiro, LIMC, 2005. MOREIRA, M.A. Aprendizagem significativa. Brasília: UnB, 1999. PARANÁ. Diretrizes Curriculares para o ensino de Ciências. Curitiba: SEED, 2008. ROCHA, R.G. Prática educativa das ciências naturais. Curitiba: IESDE, 2006. SAVIANI, Dermeval. Escola e democracia. 30ª edição, Campinas: Autores Associados, 1995. SILVA, Monica Ribeiro da.Formação de professores e ensino nas séries iniciais. Toledo-PR: EDT, 1996.