ORIGENS ORIENTAIS DA CULTURA CLÁSSICA

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ORIGENS ORIENTAIS DA CULTURA CLÁSSICA
Dr. Edrisi Fernandes
“Por muito tempo, os estudiosos da Grécia consideraram que as primeiras civilizações gregas
nada deviam ao Oriente. Hoje, esta afirmação é muito questionada, pois muitíssimo da cultura
grega veio das civilizações orientais. As escritas de lá vieram, assim como divindades e
costumes. Já na própria Antiguidade, Heródoto, o ‘pai da História’, dizia isso, mas só
recentemente suas ideias foram revalorizadas pelos estudiosos” (FUNARI, 2002, p. 16).
INTRODUÇÃO
A antiga Grécia é a pátria mítica da cultura ocidental. O “mundo oriental”, por
sua vez, é uma extensa região, que compreende o continente asiático e uma pequena
parte da África, onde se desenvolveram as primeiras aglomerações urbanas conhecidas
no “velho mundo”. É importante apontar que “o Egito, apesar de ser África, tem sua
história muito mais entremeada com a dos povos da Ásia do que com os da África”
(SPROVIERO, 1998). Mas o Oriente (fundamentalmente, a Ásia) é também um
conceito ideológico-cultural; trata-se de uma representação que o Ocidente faz de um
“outro” que lhe tem sido estranho desde remota antiguidade, mas que necessita de um
reconhecimento como realidade passível de ser conhecida, e não apenas antagonizada
ou explorada (como de fato tem ocorrido ao longo de séculos).
Mesopotâmia e Egito apresentam sinais de urbanização a partir de 4.000 a.C.,
enquanto na Grécia os primeiros sinais de organização social humana surgem a partir do
segundo milênio a.C.. No mundo latino, o processo é ainda posterior. Grécia e Roma,
civilizações luminares da cultura ocidental clássica, se desenvolveram bem mais
tardiamente do que o Oriente (Ásia). Postula-se que as próprias palavras para Europa e
Ásia possam ter origem asiática (BEN MENAHEM, 2009, 446). Europa (em grego,
Εὐρώπη) teria vindo do acádio erebu (fenício erob), “entrar; pôr-se” - aplicados ao
lugar onde o sol entra e se põe -, enquanto Ásia (Ἀσία) teria vindo do acádio asu, “ir-se;
surgir” - aplicados ao lugar de onde o sol surge e se vai. Conforme SPROVIERO
(1998), “o nome Europa está ligado ao mito relacionando gregos e fenícios. Zeus, em
forma de touro, rapta uma mulher fenícia, a bela Europa. Assim, o nome Europa é nome
que vem do Oriente”.
Pelo menos desde o segundo milênio a.C., o Mediterrâneo Oriental foi
atravessado por uma vasta rede de intercâmbios culturais, com o corredor sírio-palestino
servindo de intermediário entre Chipre e o mundo minóico e micênico a oeste, os
impérios e reinos da Anatólia ao norte, a Mesopotâmia ao leste e o Egito ao sul.
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES METODOLÓGICAS
Neste estudo sobre as origens orientais da cultura clássica, trataremos do Oriente
com um recorte que emprega este nome em relação ao Antigo Oriente Próximo, também
chamado de Ásia Ocidental ou Ásia Anterior, e que abrangia o Egito, a Arábia, a Síria, a
Palestina, a Anatólia (ou Ásia Menor), a Mesopotâmia, a Armênia e o Irã. Neste estudo,
será falado muito mais sobre a Anatólia do que sobre outras regiões do Antigo Oriente
Próximo, por serem muito antigas, extensas e profundas as interações entre a Anatólia e
o mundo grego, aqui tomado como paradigmático da “cultura clássica” em virtude de
sua antiguidade e importância fundamental.
A antiga Grécia não formava uma nação única, sendo composta de várias
comunidades e cidades-estado, que tinham suas próprias organizações sociais, políticas
e econômicas, e uma origem que se perdia nas brumas do mito. O que hoje chamamos
de mundo grego é uma construção da modernidade e foi se formando muito lentamente.
Em virtude dessa formação lenta, divide-se a história grega a.C. em períodos para
facilitar a compreensão do homem contemporâneo:
“Período Pré-Homérico”
• Neolítico I (c. 4.500-3.000)
• Neolítico II (c. 3.000-2.600) – em Creta, principia a civilização minóica, que
controlará várias áreas do futuro “mundo grego” e que vai aproximadamente até
c. 1450 a.C.
• Bronze Antigo ou Heládico Antigo (c. 2.600-1.950) - finda com as primeiras
invasões dos “gregos” (jônios) na Grécia
• Bronze Médio ou Heládico Médio (c. 1.950-1.580) - finda com novas invasões
gregas (aqueus e eólios?)
• Bronze Recente ou Heládico Recente; Período Micênico (c. 1.580-1.100) finda com as últimas invasões gregas (dórios) após 1.200 a.C.
“Período Homérico” (c. 1.100-700 a.C.)
• “Idade das Trevas” (c. 1.100-800 a.C.)
• Período Arcaico (776-480 a.C.)1
• Período Clássico (480-323 a.C.) – finda com a morte de Alexandre o Grande.
A FORMAÇÃO DO MUNDO GREGO
O solo da península grega, Neolítico I, foi coberto por uma série de edificações
rochosas, obra, ao que parece, de populações oriundas do Oriente Próximo asiático. A
transição do Neolítico I para o Neolítico II é marcada na Grécia pela invasão de povos
cuja origem não se pode determinar com segurança. Na virada do Neolítico II para o
Bronze Antigo ou Heládico Antigo, c. 2.600-1950 a,C., chegaram à península grega
invasores provenientes da Anatólia. Esses novos invasores iniciaram uma grande
civilização. Uma das contribuições mais sérias dessa civilização foi linguística: a partir
do período do Bronze Antigo ou Heládico Antigo, montes, rios e cidades gregas
recebem nomes que ficaram registrados, o que permite acompanhar o desenvolvimento
e a extensão da conquista anatólia.
No final do período neolítico, a população da ilha de Creta era composta de
agrupamentos heterogêneos que conheciam a agricultura e a pecuária e tinham iniciado
a metalurgia do bronze e a construção de grandes embarcações. A partir de 2.600 a.C.
os cretenses construíram povoados portuários através dos quais comerciavam diversos
bens com os povos da península grega, com os egípcios e os povos da Palestina.
Em 1800 a.C. a civilização cretense dita “minoica” já havia desenvolvido a arte
da construção de grandes palácios com depósitos monumentais de alimentos, belos
afrescos e arquivos contábeis em escrita pictográfica e mais tarde silábica. Os cretenses
adotaram uma administração centralizada no rei e baseada no domínio marítimo
(talassocrácia), criando o primeiro império comercial marítimo do qual temos
conhecimento. Devido à sua localização, a ilha de Creta funcionava como ponto de
encontro entre a Europa e o Oriente Próximo. Por isso o povo cretense desempenhou
importante papel na assimilação de elementos culturais da antiguidade oriental. Esses
elementos depois de transformados e desenvolvidos, foram transmitidos em grande
parte para a cultura grega.
1
Alguns autores incluem as eras das civilizações minóica e micênica no período arcaico grego, enquanto
outros defendem a tese de que essas civilizações foram tão diferentes das culturas gregas posteriores que
devem ser classificadas separadamente. Outros autores, por sua vez, consideram que o período arcaico
envolve um “período das trevas” que representaria mais propriamente uma transição (não tão demorada
quanto 3 séculos) que uma estagnação anterior à ascensão das primeiras cidades-estado gregas no século
IX a.C., aos poemas épicos de Homero (que existiram oralmente por muito tempo antes de serem escritos)
e às primeiras instâncias da escrita alfabética grega (que fazem recuar ao séc. IX a.C. ou mesmo antes).
Nos fins do segundo milênio, entre c. 2.000-1.950 a.C., no apagar das luzes da
Idade do Bronze Antigo ou Heládico Antigo (dando início à “Idade das Trevas”), a
civilização anatólia da península grega praticamente desapareceu, com a irrupção de
novos invasores: eram os gregos que pisavam, pela primeira vez, o solo da futura
Grécia. Por volta de 1.450-1.400 a.C. os domínios cretenses foram conquistados pelos
os aqueus micênicos, que falavam uma forma antiga do idioma grego.
QUEM ERAM OS GREGOS?
Responder a esta pergunta não é tarefa fácil, uma vez que não sabemos ao certo
donde vieram. Por volta de 3.000 a.C., disseminaram-se, na Península Grega, povoados
fortificados de tribos seminômades de cultura agrária, ancestrais dos “pelasgos”,
provavelmente vindos da Anatólia. No início da Idade do Bronze, povos vindos da
Anatólia trouxeram novas técnicas à região, e o comércio no Mediterrâneo Oriental foi
ampliado. Por volta do ano 2000 a.C., começou a ocupação da Península Grega por
povos indoeuropeus, vindos das planícies euroasiáticas. O “Período Micênico” da
história grega tem início por volta de 1.600 a.C., época em que os jônios são expulsos
de parte de seus domínios pelos gregos aqueus e eólios. Entre 1.600 e 1.200 a.C.
intensificam-se as migrações para a Península Grega de povos pastores que falam grego,
trabalham os metais e utilizam carros de guerra. Esse período pouco conhecido pode ser
reconstituído pela arqueologia com apoio parcial da narrativa preservada nos poemas
Ilíada e Odisseia, atribuídos ao poeta grego Homero. Os poemas homéricos tiveram um
papel essencial na formação da “língua grega”. A maioria dos antigos considerava que
Homero tinha composto seus épicos muito pouco tempo depois da Guerra de Tróia, mas
hoje se acredita que essa guerra teria ocorrido quatro séculos antes.
Os diversos grupos gregos pós-micênicos falavam “dialetos” que tinham muitos
aspectos em comum, podendo ser vistos como variantes de uma língua única. Esses
povos tinham também crenças religiosas comuns e compartilhavam diversos valores
culturais, tais como festivais religiosos, espetáculos teatrais e grandes competições
esportivas.
A Guerra de Tróia foi provocada pela disputa entre os gregos micênicos e os
troianos (provavelmente um povo luvita, aparentado aos hititas). Segundo a lenda, o
estopim da guerra foi o rapto de Helena, mulher de Menelau, rei de Amicléia (futura
Esparta), por Páris, príncipe troiano; a causa mais provável do conflito, contudo, parece
ter sido a competição pelas terras do litoral do mar Negro, ricas em minérios e trigo.
Tróia constituiu por um bom tempo (c. 2.000 anos) um posto avançado contra invasões
da Anatólia a partir dos Bálcãs. A Ílios do rei Príamo, na epopeia de Homero,
corresponde a um dos extratos - o estrato “h” - da chamada “Tróia VI” [1.700-1.300
a.C.] (Tróia VIh, 1.400-1.300 a.C.), devastada por um terremoto (mas que não tardou a
ser reconstruída), enquanto “Tróia VII” (1.300-950 a.C.) parece ter sido a cidade
capturada e pilhada pelos aqueus (c. 1200-1180 a.C. segundo a arqueologia moderna;
1183 a.C. segundo Eratóstenes).
GREGOS E TROIANOS NAS FONTES ORIENTAIS HITITAS?
O topônimo Wilusa (Ílios?) é mencionado em vários textos hititas, remontando a
primeira referência ao reino de Tudhaliya I (1.420-1.400 a.C.), que à época estava em
conflito com o reino de Assuwa, que controlava vários Estados vassalos no ocidente,
entre os quais Truwisa (Tróia?) e Wilusiya2. Esta última palavra significa “Terra de
Wilusa”, em lúvio, o que tem sido apontado como evidência de que os troianos falavam
lúvio. Após a campanha de Tudhaliya I, e talvez devido a ela, o topônimo Assuwa
desaparece das fontes hititas, que menciona no seu lugar os países de Arzawa: Seha,
Haballa e Mira. Wilusa parece ter se tornado independente. No século XIV a.C. o rei
hitita Mursili II (c. 1321-c. 1295 a.C.), numa campanha contra Arzawa em c. 1318,
saqueou Millawanda (ou Milawata; Mileto) e capturou Apasa (Éfeso), a capital de
Mira. O último rei independente de Arzawa tentou resistir a Mursili II, aliando-se ao
povo de Ahhiyawa (dos aqueus?), mas foi derrotado e acabou fugindo para o território
destes. Os países de Arzawa passaram a ser vassalos do Império Hitita.
Wilusa foi abalada por um terremoto e reconstruída por volta de c. 1300 a.C.
Quase imediatamente após a reconstrução, Wilusa envolveu-se numa importante crise
internacional. Piyamaradu, um “aventureiro” de Arzawa, tentou tornar-se rei de Mira.
Ele contava com o apoio de Tawagawala (Eteoclés?), irmão do rei de Ahhiyawa
(Ahhiya no registro mais antigo). Entre as cidades de vassalas de Ahhiyawa estava
Millawanda, a partir de onde Tawagawala deu apoio a Piyamaradu. Este, para alcançar
seus intentos, além de atacar Lazpa (Lesbos) e Seha resolveu ir contra Wilusa,
confrontando o rei Kukkunni (Cýcnos?) e depois forçando o sucessor deste, o rei
Alaksandu (talvez o Aléxandros/Páris da Ilíada) a buscar a ajuda dos hititas. O rei
2
Susanne Heinhold-Krahmer (“Ist die Identität von Ilios mit Wiluša endgültig erwiesen ?”. Studi Miceni
ed Egeo-Anatolici, 46 (1), 2004: 29-57) considera que não há prova irrefutável da equivalência entre
Wilusa e Tarwisa.
destes determinou que o rei de Seha apoiasse Wilusa, mas ele foi derrotado por
Piyamaradu. Exércitos hititas marcharam para o ocidente, e Wilusa foi incorporado
como Estado vassalo. Um tratado de paz foi concluído antes de 1.272 a.C. O deus
troiano Appaliunas (equivalente ao grego Apolo) foi evocado como um dos fiadores do
tratado. Supõe-se que Ahhiyawa, além do apoio moral, ofereceu ajuda militar a
Piyamaradu. Já se cogitou que o conflito entre Ahhiyawa e os hititas constitui um dos
núcleos das estórias sobre a Guerra de Tróia.
Há evidências de que entre 1.250 e 1.230 a.C. o rei de Wilusa, Walmu (Élimo?),
foi destronado por um parente de Piyamaradu. O soberano hitita pediu ao rei de Mira
que ajudasse Walmu, mas não se sabe o que ocorreu depois – essa é a última
informação histórica que se pode vincular a “Tróia VIIa”. As evidências arqueológicas
mostram que c. 1200 a.C. a cidade foi saqueada, e os responsáveis por isso podem ter
sido os gregos aqueus.
Em vagas sucessivas após a época da Guerra de Tróia, novas hordas de
conquistadores apossaram-se de territórios antes pertencentes às culturas minoica e
micênica, sem que se possa falar de clara assimilação ou de continuidade de tradições.
Não obstante a vitória dos aqueus sobre os troianos, “o mundo micênico desapareceu no
século XI a.C., gradativamente, sem que se saiba o que ocorreu. Os palácios deixaram
de ser usados, assim como a escrita, até que uma nova civilização, sem palácios, viesse
a surgir. Segundo a interpretação tradicional, teria sido a invasão dos dórios, no fim do
segundo milênio, que teria feito submergir a Grécia aquéia a partir de 1.200 a.C., entre
os séculos XII e XI” (FUNARI, 2002, p. 18).
A GESTAÇÃO DA GRÉCIA CLÁSSICA
Conforme FLORENZANO (1986, 9), “o conjunto de traços que se articularam
para compor o que conhecemos como Grécia Clássica começou a se desenvolver a
partir do século X”. Com o colapso da civilização micênica, “numerosos aqueus se
refugiaram na costa da Ásia Menor (...), seguidos por alguns dórios. Lá, (...) formou-se
então a Grécia da Ásia, onde sobreviveram certos traços da civilização cretomicênica
que, no contato com o Oriente, desenvolveu-se ainda mais”, e os gregos da Ásia se
enriqueceram com os conhecimentos tecnológicos de civilizações mais antigas e
sofisticadas (FUNARI, 2002, p. 19). No mundo grego ocidental, os núcleos urbanos
construídos em torno das fortalezas micênicas se transformaram em comunidades
político-religiosas autônomas. Ática, Argos, Atenas, Esparta, Tebas, Mileto e Corinto
estabeleceram relações comerciais entre si e através de todo o Mediterrâneo. Em torno
de 1.000 a.C. o intercâmbio comercial transformou-se num processo de colonização de
outras regiões.
Durante os séculos que se seguiram às invasões dórias, nascia lentamente,
sobretudo na Grécia da Ásia – da mistura de contribuições creto-micênicas,
indoeuropeias e orientais –, a civilização grega propriamente dita, chamada
clássica. Ela não surgiu como um milagre e sim como herdeira dos avanços e
conhecimentos aprendidos e adaptados de outras civilizações (...) (FUNARI,
2002, p. 20).
A partir do séc. VIII a.C. as informações de que dispomos sobre os gregos
começam a ser mais seguras. Após a “Idade das Trevas”, os gregos estavam em
expansão pelo Mediterrâneo, estabelecendo colônias nas costas do Mar de Mármara e
do Mar Negro, em regiões da Anatólia, na costa egípcia, na “Magna Grécia” e no sul da
Gália. Em c. 825 a.C. (data contestada por alguns), na desembocadura do rio Orontes
(no norte da Síria; antigamente o principal rio do Oriente mediterrâneo), estabelece-se o
centro comercial batizado de Al-Mina (em árabe, “O Porto”), por Leonard Wooley, uma
povoação mista de gregos eubeus, cipriotras e fenícios.
A partir de 750 a.C. acentua-se a expansão grega, resultado do crescimento da
população, da expansão do comércio, das disputas internas e das guerras entre as póleis.
Na arte, o estilo geométrico, característico da “Idade das Trevas”, entrou em sua fase
final por volta de 750 a.C. Desde c. 800 a.C. até c. 600 a.C., novos temas e novas
técnicas de origem oriental começaram a influenciar de forma decisiva a cultura grega.
Os reflexos desse período, conhecido por “Fase Orientalizante” (que coincide em parte
com o início do “Período Arcaico”), se fizeram sentir nos anos seguintes sobretudo nas
diversas formas de expressão artística, em templos, esculturas, estatuetas votivas, vasos,
jóias, moedas e outros objetos.
A ÉPOCA ORIENTALIZANTE DA GRÉCIA ANTIGA
Os contatos estabelecidos pelos gregos em sua expansão a partir do século VIII
a.C. introduzem na Grécia novos materiais e técnicas artesanais que permitirão
desenvolver a arquitetura, a escultura e a cerâmica. No Oriente Próximo, os
gregos estiveram
em
contato
com
a
rica
herança
de
dois
mil
anos
da Mesopotâmia, principalmente por intermédio do Império Hitita tardio (1.200-700
a.C.), no sudeste da Anatólia, em sua fase final. Conforme Furio DURANDO (2005,
111), “a Grécia, primeira realidade politicamente evoluída e culturalmente bem definida
na hora de sofrer a influência levantina”, soube apropriar-se rapidamente e de forma
incisiva “do patrimônio ideológico, cultural e formal vindo do leste”.
No final da “Idade das Trevas”, a retomada da navegação permitiu aos gregos
canalizar seu aumento demográfico para a fundação de colônias, como já vimos. Ao
longo do século VIII a.C. a expansão colonial pôs os gregos em contato com outros
povos. O Mediterrâneo logo se converteu numa espécie de “lago” interior, disputado
com os fenícios. Os contatos com o Oriente faziam chegar à Grécia materiais novos tais
como tecidos, marfins, manufaturados orientais (principalmente em metal) e técnicas
artesanais diferentes. Conforme DURANDO (2005, 110-11), as mercadorias orientais
de excepcional mérito artístico “eram exibidas como mostra de prestígio econômico e
de poder”. Às primeiras navegações fenícias os gregos parecem dever seus
conhecimentos marítimos, além da importação do alfabeto. Este último permitiu aos
gregos retomar o emprego da escritura, marginalizado e depois esquecido após a queda
dos palácios micênicos.
Com a empreitada colonial e a chegada de diferentes influências do Oriente,
iniciou-se um processo de regionalização muito característico, formando-se então as
distintas culturas do “Período Orientalizante” e também do “Alto Período Arcaico”. Em
Corinto, a chegada de motivos ornamentais orientalizantes provocou uma revolução
artística entre 750 e 640 a.C. O nascimento da escultura grega de grande porte “é fruto
também da relação com o Oriente, da qual deriva o gosto pelas imagens imponentes,
rígidas e em canônica posição frontal” (DURANDO, 2005, 112). As primeiras
influências orientais na escultura grega vieram da Mesopotâmia ou da Síria. Após 650
a.C. a influência egípcia passou a aparecer cada vez mais, culminando nas famosas
estátuas, em tamanho natural, de rapazes nus (gr. koũroi) e de moças vestidas (gr.
kórai), usadas em monumentos funerários e nos templos. Provavelmente também veio
do Egito a inspiração para a construção de templos monumentais.
Ao longo do século VII a.C. os objetos importados do Oriente dão lugar a
versões localmente reelaboradas, com a mistura de elementos orientais e autóctones. As
distintas procedências dos materiais trazidos pelos comerciantes e mesmo a importação
de artesãos estrangeiros, com seus variados repertórios iconográficos, assim como seus
característicos estilos, foram responsáveis pela diversidade regional do período
orientalizante na Grécia.
A ÉPOCA ARCAICA
Graças aos contatos comerciais, cada vez mais intensos entre os gregos e as
prósperas comunidades da Sírio-Palestina, da Mesopotâmia e do Egito, a crescente
prosperidade das cidades gregas logo se fez notar nas transformações do “Período
Arcaico” (776 [data da 1ª Olimpíada]-480 a.C.), durante muito tempo considerado como
mero prelúdio para o “Período Clássico”, mas que contemporaneamente é avaliado
como uma fase de intensa atividade intelectual, política e artística, durante a qual
ocorreram conquistas decisivas para a consolidação da cultura grega.
Na fase de grandes transformações do “Alto Arcaísmo”, acompanhada por
abundante produção artística, se originam diversas escolas de arte: dedálica (difundida
nos territórios gregos a partir de Creta), cicládica (responsável pela introdução da
escultura monumental na Grécia, através de seus contatos com o Egito), jônica (dos
gregos da costa ocidental da Anatólia) e ática (centrada em Atenas, capital da arte grega
a partir de meados de 600 a.C.). Os efeitos mais notáveis da influência oriental na arte
grega podem ser observados na cerâmica, particularmente nos vasos “de figuras
negras”. Essa inovação surgida em Corinto atingiu o apogeu em Atenas, entre 600 e 480
a.C., mas começou a ser suplantada por volta de 530 a.C. por uma nova técnica, aquela
“de figuras vermelhas”, criada em Atenas.
A uniformidade quase geral do período arcaico, com diferenças regionais já não
muito pronunciadas, se plasma em uma língua praticamente similar, deuses comuns
(embora com atributos locais), e importantes atividades compartilhadas, entre as quais
se destacam os Jogos Olímpicos ou a peregrinação a afamados santuários mais ou
menos internacionais, tendo à frente Delfos e seus oráculos.
SURGEM A DEMOCRACIA E A FILOSOFIA
Nos fins do séc. VII a.C. ocorreu nas cidades-estado gregas uma importante
alteração política: o regime monárquico foi abandonado, sendo substituído por uma
forma rústica de democracia. Nestas cidades-estado, ocorreram outras alterações na vida
das suas populações que permitiram e estimularam novas maneiras de pensar: o
desenvolvimento de uma economia mercantil baseada num vigoroso comércio
marítimo; a adoção e difusão da escrita (c. metade do séc. VIII a.C.?), a partir da
Fenícia [herdada do fenício Cadmo (Histórias, V.8), irmão de Europa e fundador de
Tebas], e da moeda (séc. VI), a partir da Lídia; o contato com outras culturas; um
arraigado sentimento de individualidade, nascido da independência administrativa e
legislativa de cada cidade. Tudo se conjugou para que ocorresse uma gradual ruptura
com os modos tradicionais de conceber e pensar o Cosmos, o que conduziu ao
aparecimento da Filosofia.
INFLUÊNCIAS ORIENTAIS SOBRE A FILOSOFIA NASCENTE
Não obstante ser largamente aceito atualmente que a filosofia começou entre os
gregos, as circunstâncias desse surgimento não são simples de explicitar. Apesar de
haver consenso que filosofia grega originou-se nas colônias gregas da Jônia, na Ásia
Menor, no final do século VII/início do século VI a.C., este foi um processo complexo,
que tem sido objeto de muita discussão. Temos por um lado aqueles que sustentam a
origem oriental da filosofia; do outro lado temos a tese do “milagre grego”, que defende
a total originalidade dos gregos.
Pensadores gregos como Heródoto, Platão e Aristóteles admitiram alguma
continuidade entre a sabedoria oriental e a filosofia grega. Nas Vidas e Doutrinas dos
Filósofos Ilustres, obra do século III d.C., época em que o “Oriente” no imaginário dos
cidadãos romanos helenófonos consistia principalmente no Império Iraniano (então sob
a dinastia Sassânida), DIOGENES LAERTIUS (1972) relata o exemplo de vários
gregos dos quais a tradição diz que visitaram os “magos” iranianos em busca de
sabedoria: Pitágoras (VIII.3), Demócrito (IX.35) e Pirro (IX.61); Platão, que teria
pretendido visitar os magos, teria sido impedido de fazê-lo por causa da guerra na Ásia
(III.7). Robert STRASSLER, (1998, 597-98) deixou claro que “foi largamente através
do contato com a Pérsia que os gregos se familiarizaram com conhecimento acumulado
do antigo Egito, da Mesopotâmia ou mesmo da Índia, de modo que não é acidental que
a maior parte dos primeiros filósofos, poetas e historiadores gregos vieram de cidades
da Ásia Menor que tinham caído sob governo lídio e depois persa”.
HELENOCENTRISTAS VERSUS ORIENTALIZANTES
Apesar de poder ter pretendido visitar os magos iranianos, Platão sugeriu
nas Leis (747b-c) a existência de uma desvantagem natural do caráter de certos povos
(“egípcios, fenícios, e muitas outras nações”) em relação aos gregos, e Diogenes
Laertius (Diógenes Laércio), em um locus classicus do helenocentrismo (I.4), refutou a
possibilidade da invenção “bárbara” da filosofia, postulando que os gregos deram
origem não só ao pensamento filosófico, mas à própria ideia que se tem de humanidade.
Posteriormente, a hipótese de uma origem oriental para a filosofia veio a ser defendida
pelos filósofos alexandrinos e pelos apologistas cristãos, grupos que, em polêmica com
as escolas filosóficas tradicionais e com o propósito de desacreditá-las, fomentaram a
tese da origem oriental da filosofia.
Os gregos, povo migrante, navegador e extensivamente comerciante,
descobriram através das viagens a agrimensura e a medicina empírica dos egípcios, a
astrologia dos egípcios, fenícios e mesopotâmicos, as genealogias de deuses e reis, os
mistérios religiosos referentes aos rituais de purificação da alma, os ensinamentos éticos
etc. Não menos importantes devem ter sido os conflitos bélicos com povos orientais,
inclusive com a apropriação de espólio cultural sobre a forma de escravos (muitos dos
quais convertidos em instrutores) e bens. A filosofia parece ter nascido pelas
transformações que os gregos impuseram a esses conhecimentos, principalmente
(segundo VERNANT, 1992) em virtude do estabelecimento do novo modelo de
organização social representado pela pólis.
Pela perspectiva helenocêntrica3, a filosofia seria uma invenção grega, sem
equivalentes em outras civilizações da antiguidade. Uma vertente extremista da ideia da
filosofia como uma invenção grega foi abraçada pelos partidários da ocorrência de um
“milagre grego” no pensamento antigo. Com a palavra “milagre”, autores como John
BURNET (1930) quiseram sugerir várias ideias helenocêntricas: que a filosofia teria
surgido de modo imprevisível e maravilhoso na Grécia, como fruto original espontâneo
e ímpar do gênio helênico, e que os gregos foram um povo excepcional, sem qualquer
outro semelhante a eles, e por isso somente eles poderiam ter sido capazes de dar
origem à filosofia, resultante de uma ruptura radical com o pensamento e as atitudes dos
antigos e dos orientais, entre os quais não teria ocorrido uma separação
entre pensamento conceptual, ciência e mito/religião, ou entre individualidade e ordem
natural e sobrenatural. Finalmente, os gregos teriam sido os únicos povos a criar as
ciências e a dar às artes uma elevação que outros não alcançaram. Estruturando-se em
dissonância com essas ideias, a teoria propositora de uma origem oriental para a
filosofia procura mostrar os empréstimos que o pensamento grego fez das culturas
orientais. Para uma vertente mais fundamentalista da teoria orientalista, a filosofia deve
ser vista como uma transformação adaptativa do pensamento oriental, uma sabedoria
inconteste e de maior antiguidade.
3
Exemplificada, por exemplo, por Hegel (Introdução à História da Filosofia, 1816), John Burnet (Early
Greek Philosophy, 1892), Martin Heidegger (Que é Isso, a Filosofia?, 1955) e Giovanni Reale (História
da Filosofia Antiga, 1975).
As tendências da historiografia atual procuram apontar o exagero na polarização
das duas teses. Devemos reconhecer que os gregos tiveram prolongado e diversificado
contato com muitas culturas orientais, apropriando-se de muitos elementos dessas
tradições. Por outro lado, também existiu originalidade, pois os gregos operaram uma
mudança qualitativa em tudo aquilo que receberam do Oriente.
A ORIGEM DA FILOSOFIA NO ORIENTE GREGO
Autores como Karl JASPERS (1953), Benjamin SCHWARTZ (1975), Shmuel Noah
EISENSTADT (1980-1992) e Karen ARMSTRONG (2008) integram o aparecimento
da filosofia no âmbito de um movimento de renovação do pensamento religioso,
marcado pela universalização e pela procura de uma razão comum a todas as coisas. A
emergência da filosofia se deu numa época em que as religiões desde a Grécia até a
China atravessavam uma fase de grande turbulência, assistindo-se ao aparecimento de
movimentos reformadores que conduziram à criação de novas religiões. Nestes
movimentos não é incomum um processo de abstração das concepções religiosas: os
deuses tornam-se princípios ou ideias abstratas, e assumem uma vocação cada vez mais
universal, sendo secundarizadas as suas raízes étnicas ou nacionais.
A filosofia surgiu nos séculos VII a VI a.C. nas cidades gregas situadas na Jônia
(região da costa ocidental da Anatólia). Ela começou sendo uma interpretação
dessacralizada dos mitos cosmogônicos difundidos pelas culturas de então, não apenas
de mitos gregos, mas dos mitos de todas as culturas que influenciavam a Ásia Menor.
Os mitos foram, segundo Platão e Aristóteles, a matéria inicial de reflexão dos
filósofos. Eles tornaram-se um campo comum da religião e da filosofia, revelando que
a pretensa separação entre estes dois modos de interpretação da realidade não é tão
nítida como aparentemente se julga.
Estudos conduzidos no século XX promoveram uma revalorização da cultura
mesopotâmica e egípcia e a uma reavaliação de suas contribuições à ciência e à filosofia
nascentes. Conforme o conceituado historiador da filosofia Rodolfo MONDOLFO
(1971), esses estudos reconheceram a existência nas culturas orientais, junto à técnica
dirigida a fins práticos utilitários, por vezes também um interesse científico
desinteressado, uma tendência à generalidade e um encaminhamento à racionalidade.
Junto a esse início da pesquisa científica, admite-se também, dentro da especulação
religiosa, a existência e a formação de conceitos (em grande parte envolvidos na
roupagem do mito) de fácil transmissão e capazes de desenvolvimentos filosóficos. Nas
religiões que existiam nessa época, Mondolfo afirma que é possível determinar alguns
conceitos principais, que seriam facilmente apreensíveis pelos primeiros filósofos:
• a ideia de uma unidade universal, afirmada entre egípcios e mesopotâmicos sob
a forma de certa unidade divina: os vários deuses estavam subordinados à figura
de um deus tutelar do qual tudo derivava e para o qual tudo convergia.
• a concepção da cosmogonia como passagem da unidade primordial caótica e
indistinta à ordem e distinção na natureza.
• o entendimento da cosmogonia segundo três modos essenciais:
- uma potência intrínseca à matéria (como a Tiamat babilônica) criou o cosmos desde o
caos inicial;
- um espírito exterior à matéria (como Aton Ra na Cosmogonia egípcia de Heliópolis)
atuou sobre ela, conferindo-lhe a forma atual;
- O cosmos resultou de uma luta entre potências opostas (Seth e Hórus no Egito, Tiamat
e Marduk na Babilônia, Ahura-Mazdâ e Angra-Mainyu no Irã), personificando caos e
ordem, trevas e luz, ódio e amor, morte e vida etc.
• a ideia de uma conexão universal, uma espécie de “simpatia” (afecção comum)
que une todos os seres da natureza;
• a noção de uma lei ou necessidade que a todos governa, e a concepção desta lei
como retorno cíclico universal que se completa no “grande ano cósmico”, com
uma volta periódica de todas as coisas àquilo que haviam sido
• a ideia de um dualismo entre corpo (mortal) e alma (imortal) e a preocupação
como o além-túmulo e o julgamento dos mortos, ligada ao desenvolvimento das
exigências éticas da justiça e da pureza moral: a imortalidade da alma estava
condicionada pelo modo como fora vivida a vida mortal.
Walter Nascimento NETO (2010, 117-8) afirmou que “o início da filosofia é em
grande parte pensado como um atravessar de uma fronteira ao mesmo tempo em que é
um delimitar um território próprio. É neste território que a tradição filosófica erguerá
seu ímpeto agônico, recusando tradições concorrentes e dando início a uma outra”. É o
caso buscarmos compreender aquilo que os gregos entenderam sobre as tradições
concorrentes, tendo se apropriado delas e a elas transformado em algo
reconhecidamente seu, embora não surgido de modo espantoso e miraculoso, mas
resultando de trocas culturais duradouras e bem mais profundas que certas leituras
etnocêntricas tem feito supor.
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