Departamento de Física e Química – Curso de Física Laboratório de Competências Experimentais III Fenômenos Ondulatórios - Cuba de Onda Objetivos: Usando ondas produzidas mecanicamente sobre a superfície da água, verificar propriedades gerais de ondas, como a relação entre os parâmetros velocidade de propagação, comprimento de onda e freqüência, e observar qualitativamente situações análogas às da óptica geométrica e da óptica física. Introdução Quando um meio é perturbado e esta perturbação propaga-se sem a necessidade de translação do mesmo, temos a formação de uma onda. Uma única perturbação gera um pulso ou onda única, enquanto perturbações periódicas levam à formação de ondas periódicas. O intervalo de tempo necessário para o padrão de perturbação se repetir é chamado período, T, e relaciona-se à freqüência da onda por f 1 T A distância que deve ser transladada na direção de propagação da onda para que o seu padrão se repita é chamada de comprimento de onda . Os parâmetros freqüência e comprimento de onda são relacionados através da expressão abaixo para uma onda propagando-se na superfície da água. v f Pode-se, para a cuba de ondas, considerar como a distancia entre duas cristas ou dois vales consecutivos.onde v é a velocidade de propagação da onda. Esta velocidade depende do meio em que a onda se propaga. Os pontos da onda que estão na mesma fase definem uma superfície (para a propagação num espaço de 3 dimensões) ou uma curva (quando a propagação ocorre numa superfície bidimensional) chamada de frente de onda. No caso de uma onda propagando-se sobre a superfície da água, todos os pontos ao longo de uma mesma crista constituem uma frente de onda. As linhas perpendiculares às frentes de onda são chamadas raios. É com o conceito de raio que trabalha a óptica geométrica, descrevendo os fenômenos de reflexão e refração dos raios luminosos. A reflexão é descrita por 1 = 2 Onde 1 e 2 são, respectivamente, os ângulos dos raios incidente e refletido em relação à normal à superfície refletora, estando esses dois raios e a normal no mesmo plano. A refração ocorre quando a velocidade da onda muda ao passar de um meio para outro fisicamente distinto, alterando, inclusive, a direção de propagação da onda no caso de incidência oblíqua à superfície que separa os meios. Todavia, a explicação dos fenômenos de interferência e difração da luz exige se levar em conta a sua natureza ondulatória, constituindo, portanto, objeto de estudo da óptica física, da qual a óptica geométrica é um caso particular. Nesta prática, serão produzidas ondas sobre a superfície da água e verificadas suas propriedades gerais, como a relação entre os parâmetros v, e f. Embora se trabalhe com ondas mecânicas, serão observadas qualitativamente situações similares às habitualmente abordadas na óptica geométrica, tratando-se dos fenômenos de reflexão e refração, assim como casos análogos aos da ótica física, travando-se um primeiro contato experimental com os fenômenos da difração e interferência. Para a visualização dos fenômenos será usada uma cuba de ondas. Ela contém uma camada de água na qual ondas são produzidas mecanicamente e, fazendo-se uso de uma lâmpada colocada acima da mesma, tais ondas são projetadas sobre um anteparo abaixo da cuba. Nesta projeção as cristas das ondas funcionam como lentes convergentes e os vales como lentes divergentes. - Material Cuba de ondas com acessórios (lâmpada, emissor de ondas, suportes, etc.) Folhas de papel ofício- Fonte de alimentação Luz Estroboscópica. Procedimento Experimental 1. Coloque as folhas de papel ofício por baixo da cuba, acenda a lâmpada e, batendo levemente o dedo na água, teste a visualização no papel da projeção das ondas produzidas sobre a superfície da água. 2. Usando o emissor de ondas planas (tábua que trepida sob ação de um motor desbalanceado) produza ondas com frentes de onda paralelas, isto é, ondas planas. Como são os raios associados a estas ondas? 3. Substitua a lâmpada pelo estroboscópio e varie a freqüência com que a lâmpada deste aparelho pisca até obter uma imagem projetada "parada" das ondas planas. Por que esta imagem aparenta estar parada? 4. Varie a freqüência do emissor de ondas planas e observe a alteração do comprimento de onda das mesmas. Isto é compatível com a equação (2) ? 5. Utilizando ainda ondas planas, de preferência com comprimento de onda grande, introduza na água a haste retilínea de madeira formando um ângulo de aproximadamente 45º com as frentes de onda das ondas incidentes. Esta haste desempenha função análoga à de um espelho plano. Usando a relação entre frentes de onda e raios e a equação (3) da reflexão, esboce uma figura do que seria esperado nesta reflexão de ondas planas por um espelho plano (desenhe as cristas das ondas incidente e refletida esperadas), e compare-a com a figura projetada observada. 6. Substitua o "espelho plano" pelo pedaço de mangueira de forma a ter um "espelho côncavo". Localize o seu foco e compare a distância focal com o raio do espelho (na projeção, o espelho é a sombra da mangueira). A equação (3) leva a uma relação entre a distância focal e o raio de um espelho esférico dada por: F R 2 Isto é compatível com o que foi observado? 7. Retire a mangueira e introduza a lâmina acrílica em frente ao emissor de ondas planas, de forma que esta lâmina fique coberta por uma camada de água bem fina. Compare os comprimentos de onda das ondas que se propagam sobre a placa com os comprimentos de onda das ondas fora da placa. (A) Onde é maior? Use a equação para interpretar o que está ocorrendo. (B) Como é chamado o fenômeno que ocorre com as ondas quando incidem sobre a placa? Use esta parte da experiência para elaborar um modelo que explique porque as ondas do mar quebram na praia. Observação: Os fenômenos até aqui apresentados possuem análogos abordados habitualmente na óptica geométrica. Adiante, lidaremos com fenômenos cujos análogos ópticos encontram explicação na óptica física. 8. Retire a lâmina acrílica e construa uma barreira com uma fenda no meio, colocando-a à frente do emissor de ondas planas. Varie a largura desta fenda até obter ondas aproximadamente semicirculares após a barreira. Quando são obtidas estas ondas aproximadamente semicirculares após a barreira temos o fenômeno da difração. (A) É possível explicá-lo usando apenas o conceito de raio? Portanto, é possível explicar a difração dentro da óptica geométrica? (B) Peça ao professor (ou pesquise no livro-texto) uma explicação qualitativa para este fenômeno. (C) Variando a abertura da fenda e/ou a freqüência do emissor de ondas, altere drasticamente a relação entre o tamanho da fenda (d) e o comprimento de onda. O que acontece quando << d ? E quando >> d? (D) Infira as relações entre e d para: (I) a difração manifestar-se nitidamente, e (II) para ocorrer a transição da óptica física para a óptica geométrica. 9. Suspenda da água o emissor de ondas planas e faça com que apenas uma das esferas que constituem os vibradores puntuais toque a superfície da água. (A) Onde a amplitude das ondas produzidas é maior, próximo à fonte ou afastado dela? Por quê? (B) Que tipo de onda propaga-se mantendo a amplitude constante? 10. Suspenda da água o emissor de ondas planas e faça com que apenas uma das esferas que constituem os vibradores puntuais toque a superfície da água. Em seguida deixe as duas esferas vibrarem sobre a superfície da água. Observe e interprete a figura de interferência.