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CULTURA GERMÂNICA E ROMANA
Giulia Thadeu Coelho ¹
Angela Maria Roberti Martins ²
Esse trabalho é parte de uma pesquisa de Iniciação Científica, em desenvolvimento, que vem sendo
realizada no âmbito do Curso de História e em parceria com o CAP-UNIGRANRIO, sob a
coordenação geral da Prof. Uiara Otero. Sua proposta principal consiste em fazer uso de novas
tecnologias e de novas linguagens, através da apropriação e transposição de conteúdos da História
Antiga e da História Medieval, para propiciar a aprendizagem efetiva no espaço da sala de aula, por
meio do recurso multimídia. Nesse sentido, procura-se articular diferentes saberes: o conhecimento
histórico produzindo a fundamentação teórica através da pesquisa, seleção e organizaação dos
conteúdos relevantes e pertinentes ao ensino e prática da História como disciplina na sala de aula; o
de fundamentação pedagógica apropriando-se de conceito de transposição didática defendido por
Chevalard, cuja intenção é transformar o saber científico em conteúdos curriculares do ensino
básico; as linguagens do campo da informática e suas tecnologias, as quais permitirão criar um
programa multimídia de fácil visualização e operacionalização através de interatividade, com vistas
à, de forma lúdica, possibilitar a compreensão dos conteúdos abordados, reconstruindo-os e dandolhes sentido.
O objetivo mais amplo desse trabalho é transformar os recursos MULTIMÍDIA, em linguagem de
software, numa ferramenta útil para fins educacionais, operacionalizando, de forma lúdica e
interativa, os conteúdos históricos da antiguidade e do medievo para o ensino fundamental. Para
tanto, foi necessário identificar e selecionar conteúdos curriculares abordados no período que
medeia a desestruturação do Império Romano do Ocidente e a construção do mundo medieval.
Igualmente relevante foi a análise dos conceitos históricos construídos no processo de dominação e
expansão romana, cujo núcleo de poder se concentra na cidade, bem como a formação dos núcleos
germânicos no leste e centro Europeu, centrando a reflexão no período em que os mesmos se
deslocam para território romano. Todo esse movimento tem a finalidade de reconhecer a existência
de culturas distintas, com suas singularidades, romana e germana, e compreender as razões que
levaram ao contato e aproximação entre essas culturas na Europa ocidental.
Do ponto de vista metodológico, esse trabalho segue algumas diretrizes fundamentais. Num
primeiro momento, recorreu-se ao uso da transposição didática, defendida por Chevalard, a qual
consiste em transformar conteúdos curriculares acadêmicos em linguagem do saber a ser ensinado
no ensino fundamental do segundo ciclo, em sala de aula na disciplina de História.
____________________
¹ Bolsista do Programa de Iniciação Científica Júnior, UNIGRANRIO
² Docente da Escola de Educação, Ciências, Letras, Artes e Humanidades, UNIGRANRIO
No segundo, selecionou-se o período de transição da antiguidade para o medievo (sécs. III-V), a fim
de abordar o processo de migrações germânicas atravessando fronteiras territoriais do Império
Romano, fixando-se neste espaço e transformando-se em reinos. Com essa seleção, pretendeu-se
favorecer a compreensão de um processo histórico complexo e de longa duração, utilizando
cenários de época em forma de desenhos, cartoons, a fim de que o aluno se identifique com os
conteúdos históricos e participe ativamente, interagindo com contextos e personagens. Nessa etapa,
selecionamos dez cenários, os quais julgamos necessários para abarcar um período longo na
História, primando pela imparcialidade, ao descrever as culturas germânicas e romanas ao mesmo
tempo, buscando desconstruir a imagem do senso comum, a qual consagra a superioridade romana
sobre os outros, interpretados como “bárbaros”.
Em um terceiro momento, selecionamos os povos germânicos de etnia goda (visigodos e
ostrogodos), porque constatamos os diferentes tipos de relacionamento que os mesmos travaram
com Roma, como aliados, federados até definirem-se como ocupantes da península ibérica,
herdando títulos e estrutura de poder romano.
Em quarto, visualizou-se o processo histórico através do auxílio de mapas que abarcam os contextos
históricos específicos, demonstrando as ocupações godas e também dos demais povos germânicos
em território romano.
Em quinto, buscou-se utilizar moedas cunhadas no mundo romano e os vestuários dos guerreiros
romano e germano para conceder movimento às tarefas realizadas pelo personagem central, e, ao
mesmo tempo, favorecer o conhecimento sobre as culturas, os valores, hábitos, costumes e
ideologias.
E finalmente, optou-se por uma nova visão historiográfica que entende que os termos “invasões” e
“bárbaros” não são mais satisfatórios para abarcar um processo de infiltração lenta e gradual de
povos e culturas nas estruturas do sistema imperial romano. O Império absorve e integra membros
germânicos como aliados mais que invasores.
No atual estágio da pesquisa, encontramo-nos na fase 4 do planejamento - segundo cronograma
proposto - transformando cenários em desenhos-cartoons, criando contextos, diálogos, tarefas,
personagens e transformando na técnica de RPG na tela do computador. O jogo se desenvolve da
seguinte maneira: a tela de abertura apresenta o título: Atravessando fronteiras na História: da
antiguidade ao medievo. O cenário apresenta um portal que permite a entrada no jogo, com
imagens de moedas e personagens que veiculam características romanas de domínio e germanas.
Segue-se a introdução do jogo, em cujo cenário se apresentam como personagens um aluno e um
professor do mundo contemporâneo, entrando num Museu de História, na seção de antiguidade e do
medievo, no qual o mestre guiará o jovem para uma aula de História de experiência real, quando o
personagem se transportará para as situações contextualizadas do passado. O aluno/personagem
atravessará dez cenários, cumprindo tarefas com a interação do usuário no jogo.
Ao final do projeto, espera-se aplicar conteúdos da História Antiga e Medieval em linguagem lúdica
e interativa para alunos do ensino fundamental do CAP UNIGRANRIO (Duque de Caxias), através
de um jogo usando cenários e contextos reconstruídos de acordo com a época retratada em situação
real na sala de aula.
Nessa comunicação, pretende-se explicar especificamente os contextos e concepções históricas
retratadas nos cenários (figuras 1, 2 e 3).
No ano 116 – ROMA-URBS –, tendo alcançado o limite máximo de extensão territorial e de
domínio na época do imperador Trajano sobre os povos conquistados e reinos clientes, amigos, os
romanos desenvolveram um modelo de vida urbano: centro de vida social, de cultura, de prazer, de
vida política e de vida religiosa – atraindo atenção dos seus vizinhos e dos povos estrangeiros por
sua grandeza - fóruns, templos, palácios, termas, cúrias, locais de reunião pública, e mercados.
Figura 1 – Urbs Romana
No séc. III – habitantes das florestas, os povos Germânicos desenvolveram um modo de vida
peculiar, no campo - viviam em aldeias rurais, compostas por habitações rústicas feitas de barro e
galhos de árvores. Praticavam o cultivo de cereais como, por exemplo, o trigo, o feijão, a cevada e a
ervilha. Criavam gado para obter o couro, a carne e o leite. Dedicavam-se também às guerras como
forma de obter riquezas e alimentos. Nos momentos de batalhas importantes, escolhiam um
guerreiro valente e forte e faziam dele seu líder militar. Praticavam uma religião politeísta, pois
adoravam deuses representantes das forças da natureza. Odin era a principal divindade e
representava a força do vento e a guerra. Para estes povos havia uma vida após a morte, onde os
bravos
guerreiros
mortos
em
batalhas
poderiam
desfrutar
de
um
paraíso.
Figura 2 – Florestas Da Germânia
Originários das regiões meridionais da Escandinávia, os Godos eram um povo germânico que se
distinguia pela fidelidade ao seu rei e comandantes, também por usar espadas pequenas e escudos
redondos. Desta forma, deixaram a região do rio Vístula, em meados do século II, e alcançaram o
Mar Negro. Outros povos germânicos passaram a pressionar o império romano através do rio
Danúbio. Com constantes migrações, os godos ultrapassam a fronteira romana, em busca de novas
terras. No século III, foram várias as incursões e saques às províncias de Anatólia, à península
balcânica e à costa asiática, num contexto de guerra civil em Roma. Os romanos retiram-se da
Dácia envolvidos com outros problemas políticos e os Godos se instalam definitivamente na região
do Danúbio. Há uma possibilidade de novas negociações com os romanos. Assim, de acordo com a
região ocupada, os godos foram denominados também de ostrogodos e visigodos.
Figura 3 – Floresta 2 - Baixo Danúbio – Godos
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Disponível em www.ebooksbrasil.org.
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