Interbits – SuperPro ® Web Gabarito: Resposta da questão 1: [D] Falta para a questão uma referência bibliográfica apropriada. A filosofia de Platão é resultado de um trabalho de reflexão intenso e extenso, de modo que as questões durante os inúmeros diálogos por ele escritos são respondidas de maneiras distintas. Porém, Platão possui uma questão de fundo que se refere ao problema da identidade – resquício da tradição conflituosa de Parmênides e Heráclito –, a saber: o que é, é sempre idêntico a si mesmo ou é sempre distinto? O mundo verdadeiro é uma totalidade sempre permanente ou uma totalidade sempre efêmera? A concepção sobre Ideias que Platão formula atende, em geral, a essas questões e busca demonstrar como o sensível apesar de expor uma realidade impermanente, possui um fundamento permanente. As Ideias são verdadeiras, a realidade sensível é apenas uma aparência passageira dessa realidade. Resposta da questão 2: [A] É tão estranha a classificação de uma teologia-protestante como filosofia que qualquer professor decente se perguntará após ler essa questão qual o significado do advérbio “filosoficamente” utilizado na escrita do texto. Como poderia haver compatibilidade filosófica entre duas coisas que não são de modo algum filosofias? Enfim, afirmemos que considerando os fatos descritos na reportagem nos parece que eles não sejam compatíveis com nenhuma concepção da tradição filosófica; todavia, que eles sejam vagamente compatíveis com o calvinismo citado em “concepção teológico-protestante, baseada na valorização do sacrifício pessoal e da prosperidade material”. Resposta da questão 3: [A] O mito é uma simples história contada de modo pomposo. A grande diferença entre mito e ciência é a justificação do discurso, enquanto o primeiro simplesmente se satisfaz com o seu encantamento próprio, a segunda necessita axiomaticamente de uma satisfação pública de seu conteúdo, isto é, uma satisfação acessível a qualquer um que seja racional. Resposta da questão 4: [A] A obra A Ideologia alemã, escrita conjuntamente por Marx e Engels, é uma crítica ao pensamento produzido por aqueles que costumam ser chamados de “jovens hegelianos” (Feuerbach, Bauer, Stirner). Na obra, a intenção é apontar para a importância da materialidade na constituição da realidade e principalmente superar a ideia hegeliana de que é o espírito, e não a atividade humana, o sujeito da história. Resposta da questão 5: [D] A filosofia é um ato direcionado primordialmente pela crítica. A crítica é uma avaliação seletiva, isto é, de um conjunto infinito de possibilidades o pensamento recolhe de maneira judiciosa alguma, por exemplo, entre as possibilidades de o real ser apenas efêmero ou ser permanente se escolhe uma de maneira extremamente justificada. A filosofia não é exatamente um conhecimento, a filosofia é uma ação do pensamento que engendra raciocínios absolutamente rigorosos; a filosofia é, digamos, a própria expressão do ato crítico. A ciência é mobilizada pela filosofia, porém ela possui necessidades de funcionamento particulares que exigem a manutenção de certas estruturas, de certos paradigmas. Por conseguinte, a ciência não pode Página 1 de 3 Interbits – SuperPro ® Web ser crítica a todo instante, por um período no tempo a ciência deve deixar de avaliar e fazer uso pragmático daquilo que já foi avaliado. Resposta da questão 6: [A] Em geral, a ciência estabelece um método de pesquisa racional que busca a construção coletiva de conhecimentos refletidos e seguros sobre a variedade da natureza, e, também, de conhecimentos esclarecedores sobre os fenômenos que nos parecem familiares. Sendo assim, a ciência possui uma base racional fundante a qual todo homem pode ter acesso e, desse modo, todos podem participar. Ela possui, além disso, como objeto de pesquisa a perplexidade do homem perante a variância de alguns fenômenos naturais e a permanência de outros, e como objetivo da pesquisa harmonizar estas diferenças em equilíbrios dinâmicos através de conceitos e sistemas de conceitos justificados da melhor maneira possível, isto é, pela construção de experimentos controlados e avaliações imparciais. Resposta da questão 7: [B] A publicidade se constrói através de mitos. Seus autores contam quaisquer fábulas, elaboradas por um trabalho meticuloso de fabricação industrial. Essa atividade tem o intuito de engendrar pela comunicação um encantamento que nos atrai na direção de um produto acessível apenas através do ato consumista de comprar. Resposta da questão 8: [A] O fenômeno descrito como a diminuição da importância da religião em si mesma. No caso, a religião é um recurso utilizável de acordo com as necessidades do sujeito vazio e perdido num mundo capitalista e individualista. Paradoxalmente, a religião é tanto parte do mundo capitalista quanto não é para essas pessoas que fazem uso da religião, quer dizer, a religião é um refúgio do capitalismo cujo funcionamento é exatamente igual ao do próprio capitalismo. O que faz nós entendermos a falta de importância da religião em si mesma, e a relevância da produção de certos relacionamentos e crenças para a constituição do sujeito. Não interessa o fato de a religião ser organizada de maneira capitalista, o que interessa para os consumidores de religião é o relacionamento estabelecido dentro da comunidade religiosa e as crenças que são assumidas em comum – mesmo que isso tudo seja alienante, mesmo que isso tudo seja falso. Resposta da questão 9: [A] Somente a alternativa [A] está de acordo com a definição de filosofia dada por Martin Heidegger. Devendo tornar as coisas mais refletidas e profundas, a filosofia se torna uma atividade crítica em relação às crenças do senso comum, significando a possibilidade de transcendência humana. Além disso, ela se distingue da ciência, devido à forma como constrói seus objetos de saber, englobando, inclusive as questões de ética e de política. Resposta da questão 10: [A] Karl Marx (1818-1883) é geralmente conhecido como o teórico que influenciou as revoluções e a constituição de inúmeros regimes políticos comunistas, porém as coisas não são tão simples. Evidentemente, Marx é o teórico do comunismo, porém o seu pensamento não pode ser reduzido aos resultados alcançados por parte da tradição que dele surgiu. Sua formação é filosófica e com o passar do tempo Marx foi profundamente influenciado por questões políticas e econômicas. Dessa mistura surge, por exemplo, sua teoria da história na qual se desenvolve a concepção de que as formas da sociedade se materializam e se decompõem de acordo com o desenvolvimento das forças produtivas e o conflito presente em uma sociedade dividida em classes – para Marx essa concepção é uma superação da teoria da história hegeliana na qual Página 2 de 3 Interbits – SuperPro ® Web havia uma centralidade na fenomenologia do espírito, e, como o próprio Marx diz no prefácio d’O Capital: “o meu método dialéctico não só difere, pela sua base, do método hegeliano, mas é exactamente o seu oposto. Para Hegel, o movimento do pensamento, que ele personifica com o nome de Ideia, é o demiurgo da realidade, que não é senão a forma fenomenal da Ideia. Para mim, pelo contrário, o movimento do pensamento é apenas o reflexo do movimento real, transposto e traduzido no cérebro do homem”. Basicamente, a teoria marxista parte do fato de que o homem precisa produzir e reproduzir aquilo que materialmente constitui a sua subsistência. O trabalho produtor disto, que materialmente o homem necessita, não é apenas dividido, mas também dominado, isto é, o meio de produção disto é possuído por algum homem. Então, o trabalho é dividido, cada homem realiza uma tarefa específica e todos respondem ao dono do meio de produção. Diferentes sociedades possuem disposições distintas dessa relação, todavia é sempre das contradições existentes na relação entre força de trabalho e posse do meio de produção que as modificações acontecem e as sociedades se revolucionam. Página 3 de 3