ESCOLA DE ENGENHARIA DE PIRACICABA ENGENHARIA AMBIENTAL DISCIPLINA: SAÚDE AMBIENTAL TÓPICOS: DROGAS PROF. ALCINDO PIRACICABA: 2007 EEP – Escola de Engenharia de Piracicaba Saúde Ambiental – Prof. Alcindo Antoniássi 1 DROGAS 1. Objetivo: Conscientizar e educar a sociedade sobre as causas e conseqüências do uso de drogas, além de demonstrar a importância da prevenção, contrapondo-se à remediação. A palavra droga vem de droog (holandês antigo), que significa folha seca. Isto porque , antigamente, a maioria dos medicamentos era à base de vegetais. Droga é qualquer substância capaz de modificar a função dos organismos vivos, resultando em mudanças fisiológicas ou de comportamento. Classifica-se em psicotrópico, medicamento ou fármaco e tóxico. Droga Psicotrópica: é aquela que atua sobre o cérebro, alterando de alguma forma o psiquismo. Psico, em grego, significa psiquismo (o que sentimos, fazemos, pensamos); Trópico, relaciona-se com tropismo (ter atração por); logo, psicotrópico, é a atração pelo psiquismo. Medicamento ou Fármaco: é a droga que, atuando em organismos vivos provoca efeitos benéficos ou úteis. Tóxico: é a droga que, administrada em organismos vivos, produz efeitos nocivos. 2. Classificação das Drogas As drogas podem ser classificadas em três grupos básicos, conforme seus efeitos principais: a) Estimulantes: são as drogas que aceleram o funcionamento do cérebro. Cocaína, crack, anfetaminas, cafeína, cigarro, etc. b) Depressivas (Sedativas): são as drogas que diminuem a velocidade de funcionamento do cérebro. Álcool, calmantes, narcóticos (ópio, morfina, codeína, heroína, fentanil), hipnóticos não barbitúricos, barbitúricos, ansiolíticos, solventes (inalantes). c) Perturbadoras: são as drogas que alteram o funcionamento do cérebro (modificadoras do humor e da percepção). Alucinógenos primários: Sintéticos (LSD-25, êxtase) e naturais (derivados indólicos, da maconha, do peiote, cogumelos, chá de lírio); alucinógenos secundários; anticolinérgicos e outras substâncias. 3. O Sistema Nervoso O cérebro superior, conhecido por neocórtex, responde pelo intelecto. A capacidade relacional, o amor, a amizade, a gratidão, a religiosidade, a ética e a cidadania são produtos do cérebro superior e também fonte de prazer. Utilizamos o cérebro primitivo e o médio para satisfazer nossas necessidades fisiológicas, preservar a nós mesmos e a espécie. O sistema Nervoso Central (SNC) é constituído por 100 bilhões de neurônios, células especiais que veiculam as informações entre o cérebro e outras partes do corpo. Cada função do corpo é controlada por determinada região do cérebro. Porém, a mesma área pode coordenar mais que uma função corporal. Os neurônios comunicam-se entre si formando aproximadamente 100 trilhões de conexões, as chamadas sinapses. Como as células nervosas não se tocam, as informações são conduzidas entre elas por mensageiros químicos, os neurotransmissores. EEP – Escola de Engenharia de Piracicaba Saúde Ambiental – Prof. Alcindo Antoniássi 2 É importante conhecê-los porque as drogas, em geral, têm estruturas semelhantes a esses mensageiros, podendo imitar ou impedir sua ação. Os mais importantes são; a) Norepinefrina: presente na vivacidade, na concentração, nas emoções positivas e na analgesia (supressão da dor). Em baixa dosagem pode acarretar depressão e falta de atenção; em alta, impulsividade e ansiedade. As anfetaminas (remédios para emagrecer) podem camuflar os efeitos da norepinefrina. b) Dopamina: É considerada a molécula do prazer. Seu efeito principal é produzir euforia. Em excesso ocasiona comportamento psicótico, incluindo alucinações e paranóia. A cocaína imita o efeito da dopamina. c) Serotonina: está relacionada com as alterações do humor, com as compulsões e outros comportamentos inadequados. Os alucinógenos em geral interagem com os receptores de serotonina. d) Acetilcolina: necessária à capacidade de aprendizado, à memória, ao humor e ao sono. Observa-se perda desse mensageiro na doença de Alzheimer. A nicotina imita a ação da acetilcolina. e) Gaba (Ácido aminobutírico): inibidor das células amplamente disponível no cérebro. O excesso está associado ao mal de Parkinson. O álcool e os barbitúricos mimetizam os efeitos do Gaba. 3.1 As Drogas Enganam o Organismo As drogas competem com alguns neurotransmissores, imitam outros e, assim, desequilibram seus sistemas funcionais, interferindo em toda a atividade orgânica. A sensação de prazer é obtida enganando o corpo humano. A droga libera a recompensa sem a necessidade de comportamentos positivos, como defesa do território, autopreservação e preservação da espécie. O custo exigido é apenas seu uso. A experimentação é o único gesto ativo e depende da vontade do usuário. Significa muita recompensa para pouco esforço. Quando um usuário diz que se droga porque quer, pode, na verdade, estar camuflando o vício. As pessoas comem porque, do contrário, terão fome. A necessidade de comer atinge o cérebro, que se organiza para saciá-la. Quanto maior ela for, os mais primitivos comportamentos irão mobilizar. O corpo acaba cumprindo o que o instinto determina. Assim também pode acontecer com o consumo da droga. Ela cria no organismo uma relação de pequena causa (pouco esforço para consumir droga) e muita conseqüência (grande prazer). Ou seja, muita recompensa para pouco esforço. Desse modo, a droga engana o Circuito da Recompensa, que normalmente é acionado cada vez que a pessoa se autoprotege ou preserva a sua espécie. 3.2 Nicotina: Veneno Potente Todos os sistemas do corpo são afetados pela nicotina, o mais notório componente do cigarro e o responsável pela dependência. Ela é utilizada para estimular o SNC- Sistema Nervoso Central, obter prazer, aumentar a vivacidade e a performance nas tarefas, reduzir a ansiedade e o apetite. Provoca, ainda, aumento nos batimentos cardíacos, elevação da pressão arterial e diminuição do fluxo de sangue para os órgãos. A longo prazo os resultados são desastrosos. O pulmão é o maior prejudicado. Proporciona infecção dos brônquios (bronquite), inflamações das vias aéreas e o acúmulo de catarro. Isso explica a tosse persistente do fumante. EEP – Escola de Engenharia de Piracicaba Saúde Ambiental – Prof. Alcindo Antoniássi 3 A constrição das pequenas vias aéreas ocasiona asma e a destruição dos alvéolos e o conseqüente endurecimento de suas paredes (fibrose) conduz ao enfisema pulmonar. Os cânceres de pulmão, de boca e o de garganta ocorrem quase exclusivamente em fumantes. O cigarro aumenta ainda, o risco de tumores em outras áreas, como peito, fígado, intestino e próstata. O coração também perde. Fumar eleva os níveis de lipídios (gorduras) no sangue, sobretudo do mau colesterol, o culpado da arteriosclerose (endurecimento das artérias pela formação de placas de gordura no seu interior). Os que respiram a fumaça dos cigarros alheios, os chamados fumantes passivos, não escapam: o índice de doenças pulmonares também é alto entre eles. Quem consome quinze ou mais cigarros por dia, sente dificuldade ao parar. Os sinais da falta de nicotina são irritabilidade, sonolência, fome, ansiedade e avidez por cigarros. A redução progressiva por meio do uso de emplastos pode controlar tais sintomas. 4. AS DROGAS E SEUS EFEITOS O interesse na expansão da mente, que caracterizou os anos 60, popularizou-as como psicodélicas. Mas há milhares de anos tais drogas vêm sendo usadas em rituais religiosos e também para oferecer fuga, prazer e poder. As alterações de percepção se referem ao mundo exterior. Sob a influência da droga, cor, forma, ritmo, cheiro e som, entre outras informações sensoriais, são modificados durante seu trânsito pelo cérebro. Portanto, a imagem ou a sensação final produzida na mente é diferente, mesmo que nada se altere no meio ambiente. Com a maconha, tais modificações de percepção evoluem lentamente e as alucinações aparecem somente após doses muito altas e incomuns. Com o LSD, a progressão é rápida e a alucinação acontece logo. 4.1 Maconha: Transforma a Mente e o Comportamento São tantos efeitos diferentes produzidos pelo THC (tetrahidrocanabinol), o princípio ativo da maconha, que é difícil classificá-lo a não ser como uma droga psicoativa única capaz de alterar a mente e o comportamento. O THC é absorvido oralmente ou por inalação de sua fumaça, altamente nociva. Duas substâncias irritantes e cancerígenas estão presentes em alta concentração na fumaça da maconha: o monóxido de carbono (CO) e o alcatrão. Por isso, alguns ¨baseados¨ (cigarros de maconha) fazem tão mal quanto um maço de cigarros. O CO se fixa nos glóbulos vermelhos, reduzindo sua capacidade de transportar oxigênio. A má oxigenação do sangue prejudica todo o organismo. Para compensar essa carência, os rins liberam hormônios de defesa que estimula a medula a produzir mais hemácias, mas não resolve o problema: o sangue se torna grosso, cheio de glóbulos vermelhos pouco eficientes. O alcatrão da fumaça da maconha, que contém THC, é dez vezes mais cancerígeno que o da fumaça do cigarro, repleta de nicotina. Os efeitos psíquicos agudos dependem muito do estado de espírito do usuário e das expectativas do seu uso. Em algumas pessoas pode provocar euforia e hilaridade, em outras causa sonolência ou diminuição da tensão. Podem surgir também os efeitos de ilusões, delírios e alucinações. Ocorre também uma perda da noção de tempo e espaço e diminuição da memória. Quanto aos efeitos psíquicos crônicos não existem certezas, EEP – Escola de Engenharia de Piracicaba Saúde Ambiental – Prof. Alcindo Antoniássi 4 somente suposições. Possivelmente ocorra a chamada Síndrome amotivacional, em que as pessoas perdem o interesse pelos objetivos comuns. O THC não é solúvel em água e é por isso que ele não pode ser injetado. A via de introdução são os pulmões. Essa substância é inativada pelo fígado e eliminada pelas fezes e pela urina. Alguns derivados da maconha possuem efeitos terapêuticos. Tais aplicações incluem efeitos contra vômitos e náuseas causados pela quimioterapia no tratamento de câncer e ação analgésica e anticonvulsionante. 4.2 Anticolinérgicos Plantas do gênero Datura (cartucho, trombeta, saia-branca, zabumba), utilizadas como arbustos ornamentais, produzem substâncias anticolinérgicas, como a atropina e a escopolamina. Essas plantas podem ser encontradas em diversas regiões do Brasil. A descrição mais antiga de uma intoxicação causada pelo seu uso no Brasil, data do ano de 1866, na Bahia. A triexafenidila é uma substância sintética, que também tem efeito anticolinérgico. É usada para o tratamento do mal de Parkinson, mas a ingestão de grandes quantidades levam a fortes efeitos no sistema nervoso central e em outros órgãos do corpo. Essas substâncias têm a capacidade de bloquear (antagonismo competitivo) os receptores onde o neurotransmissor, acetilcolina, age. São, pois, substâncias que se opõem à ação fisiológica da acetilcolina ou que anula esta ação, que bloqueia a passagem de impulsos através dos nervos parassimpáticos. Os anticolinérgicos, como a atropina e a escopolamina agem, mais especificamente, em receptores chamados muscarínicos. Os seus efeitos, como a pupila dilatada, ocorrem devido ao bloqueio desse tipo de receptor. Nos olhos as pupilas ficam bastante dilatadas (midríase), o que causa embaçamento e ¨falta de foco¨ da visão. O coração bate mais rapidamente, a pele fica mais seca e avermelhada. Há, também, retenção urinária, aumento da temperatura, podendo ocorrer ataques convulsivos. Em alguns casos, a intoxicação pode levar à morte. 4.3 Anfetaminas As anfetaminas são drogas sintéticas, ou seja, são produzidas em laboratório. A primeira droga sintetizada foi a d - anfetamina em 1928. Depois desta, várias outras foram fabricadas. Existe também uma droga, tipo anfetamina, que é natural, usada por nativos do norte da África e do Oriente Médio. Ela é encontrada nas folhas de Khat, cujo nome científico é Cathia Edulis. As anfetaminas foram introduzidas em 1930 e eram usadas para congestão nasal. Depois elas começaram a ser utilizadas no tratamento da depressão e na diminuição do apetite. Logo em seguida foi descoberto o efeito da dependência causada pela droga e, com isso houve um controle e declínio do seu uso. Como conseqüência, ocorreu um crescimento da utilização da cocaína. O que as anfetaminas fazem no organismo? EEP – Escola de Engenharia de Piracicaba Saúde Ambiental – Prof. Alcindo Antoniássi 5 Substância usada como inalante e em solução para pulverização contra afecções, por resfriado, das passagens nasais e dos tecidos mucosos adjacentes e como estimulante do sistema nervoso central. As anfetaminas interferem na dopamina e noradrenalina, que são neurotransmissores do sistema nervoso. Essas drogas agem aumentando a liberação e diminuindo a recaptação desses transmissores. Com isso, aumenta a quantidade dessas substâncias e suas funções ficam exacerbadas no organismo. A dopamina e noradrenalina possuem várias funções fisiológicas e comportamentais. Os estados de apetite, saciedade, vigília e funções psíquicas estão envolvidos. A ingestão de anfetamina causa insônia, perda de apetite e um estado de hiperexcitabilidade. A pessoa se torna muito ativa, inquieta e extrovertida. No caso de uma dose excessiva, os efeitos se acentuam e a pessoa pode se tornar muito agressiva e ter delírios. Ocorre também aumento da temperatura, que em alguns casos pode levar a convulsões. A anfetamina produz efeitos também fora do sistema nervoso. Nos olhos ela provoca dilatação da pupila; no coração há taquicardia e ocorre aumento da pressão arterial. Como as anfetaminas são eliminadas do organismo? O fígado é o responsável pela metabolização das anfetaminas. Ela é inativada e posteriormente é eliminada pela urina. Uma pequena quantidade das drogas não é modificada pelo fígado, sendo eliminada diretamente pela urina. Tolerância e dependência às anfetaminas. Com o uso crônico dessa droga, ocorre uma diminuição do seu efeito com o passar do tempo. Para se obter o mesmo efeito é preciso aumentar a dose, ou seja, ocorre um efeito de tolerância. Não ocorre uma síndrome de abstinência característica quando cessa a ingestão abrupta da droga. 4.4 Cocaína A cocaína é um alcalóide presente numa planta sul-americana, a coca, cujo nome científico é Erythroxylon coca. O ¨vinho de coca¨, preparado à base da planta, foi considerado na Europa uma bebida muito reconfortante e de grande uso social. O Papa Pio XI agraciou o principal fabricante deste vinho. Um dos mais adeptos da cocaína foi Freud. Ele próprio ingeriu a cocaína para provar a energia e vitalidade produzida pela droga. A cocaína foi usada como medicamento até o início do século. Existiram surtos do uso desta droga no passado, mas depois que foram demonstrados os seus efeitos prejudiciais ao organismo, houve uma proibição do seu uso e um declínio na ingestão da cocaína. Hoje em dia, vive-se o pico de uma nova epidemia. Existem várias formas de cocaína. O ¨chá de coca¨, preparado à base das folhas, é muito utilizado no Peru. Nesta forma, pouca droga é absorvida e, portanto, muito pouco chega ao cérebro. Através de vários procedimentos, usando produtos como solvente e ácido sulfúrico, obtém-se o sal de cocaína (pó ou ¨neve¨). Como ele é solúvel, pode ser aspirado ou usado via endovenosa, dissolvido em água. Tratando o sal de cocaína com bicarbonato, obtém-se um bloco sólido, que é conhecido com o nome de ¨crack¨. Este nome ¨crack¨advém do barulho produzido neste processo de solidificação e na quebra deste bloco em pequenos pedaços. Ele também pode ser EEP – Escola de Engenharia de Piracicaba Saúde Ambiental – Prof. Alcindo Antoniássi 6 preparado a partir da pasta de cocaína. Esta forma é pouco solúvel em água, mas se volatiza quando aquecida, sendo fumada em cachimbos. O que a cocaína faz no organismo ? A cocaína interfere na ação de substâncias que existem no nosso cérebro, os ¨neurotransmissores¨, como a dopamina e a noradrenalina. A cocaína eleva a quantidade dessas substâncias, porque ela inibe a recaptação pelo neurônio, aumentando a concentração desta substância na fenda sináptica, isto é, no espaço entre os neurônios nos quais se processa a neurotransmissão. Com isso, todas as funções que esses neurotransmissores possuem ficam amplificadas e podem também aparecer ações que não existem nas concentrações normais. Com a ingestão da cocaína ocorre uma sensação de euforia e prazer. Ela produz aumento das atividades motoras e intelectuais, perda da sensação de cansaço, falta de apetite e insônia. Numa dose exagerada (overdose) aparecem sintomas de irritabilidade, agressividade, delírios e alucinações. Pode ocorrer também aumento de temperatura e da pressão arterial, taquicardia e degeneração dos músculos esqueléticos. Este excesso pode levar até à morte, que ocorre por convulsões, falência do coração ou depressão do centro controlador da respiração. Se a droga for usada via endovenosa ou respiratória os efeitos são quase imediatos. Isto porque ela vai direto para o cérebro, sem passar pelo fígado, onde é degradada. Isto provoca aumento da probabilidade de overdose. No caso da via endovenosa, além do risco de overdose, há também o perigo de infecção através do uso de seringas contaminadas, principalmente com o vírus da AIDS, da hepatite e de outras doenças transmissíveis. Como a cocaína é eliminada pelo organismo ? A cocaína é rapidamente metabolizada pelo fígado e seus metabólitos inativos são detectáveis na urina. Tolerância e dependência à cocaína Não há comprovação do efeito de tolerância devido ao uso crônico e não existe síndrome de abstinência característica, quando cessa a ingestão. No entanto, o componente psicológico é muito forte e ocorre, na maioria das vezes, uma vontade incontrolável de consumir a droga, que é chamada ¨fissura¨. 4.5 Cafeína A cafeína também chamada metil-xantina, derivada das xantinas, está presente em plantas amplamente distribuídas nas várias regiões geográficas, Ela é encontrada nos grãos de café, folhas de chá e de mate, nas sementes de cacau e em várias partes do guaraná. Devido ao consumo generalizado dessa substância, conclui-se que ela é a droga mais utilizada no mundo. Um copo de café contém aproximadamente 85 mg de cafeína. A cafeína possui efeitos terapêuticos importantes como dilatação dos brônquios, estimulação do coração e aumento da excreção urinária. No cérebro, ela alivia dores de cabeça. Ela possui também efeitos prejudiciais; provoca aumento da secreção gástrica, agravando sintomas de gastrite e úlcera. EEP – Escola de Engenharia de Piracicaba Saúde Ambiental – Prof. Alcindo Antoniássi 7 A droga também possui efeitos psicoestimulantes. Em doses moderadas (85 a 250 mg) os usuários relatam uma sensação de bem estar, melhora de atenção e pensamento. Porém, em doses elevadas (acima de 250 mg) surgem efeitos de nervosismo, inquietação, insônia e tremores. Doses muito altas podem produzir convulsões, delírios e aumento da freqüência cardíaca. Como a cafeína é eliminada do organismo ? A cafeína é metabolizada pelo fígado e eliminada pela urina Tolerância e dependência à cafeína. O uso crônico dessa substância (350 mg ao dia) provoca dependência física e tolerância à droga. Na retirada da droga pode aparecer uma síndrome de abstinência caracterizada por dores de cabeça, nervosismo, irritação, ansiedade e insônia. 4.6 Álcool Embora seja uma droga, freqüentemente o álcool não é considerado como tal, principalmente pela sua grande aceitação social e mesmo religiosa. Pode-se observar nas obras gregas, mitos sobre a criação do vinho. Com destaque para as figuras de Dionísio, Icário e o Rei Anfictião protagonizando a visão grega sobre o uso do vinho (álcool). Nos dias de hoje, é prática em muitas famílias a iniciação crianças no consumo do álcool. A permissividade ao álcool leva à falsa crença de inocência ao uso do álcool, mas o consumo excessivo tem se tornado um dos principais problemas das sociedades modernas. O álcool contido nas bebidas é cientificamente conhecido como etanol, e é produzido através de fermentação ou destilação de vegetais como a cana-de-açúcar, frutas e grãos. O etanol é um líquido incolor. As cores das bebidas alcoólicas são obtidas de outros componentes como o malte ou através da adição de diluentes, corantes e outros produtos. No Brasil há uma grande diversidade de bebidas alcoólicas, cada tipo com quantidade diferente de álcool em sua composição. Alguns exemplos: Bebida Cerveja Cerveja ¨Light¨ ¨Vinho Vinhos Fortificados Uísque, Vodka, Pinga Porcentagem de Álcool 5% 3,5% 12% 20% 40% O que o álcool faz no organismo ? O álcool é absorvido principalmente no intestino delgado, e em menores quantidades no estômago e no cólon. A concentração do álcool que chega ao sangue depende de fatores como: quantidade de álcool consumida em um determinado tempo, massa corporal e metabolismo de quem bebe, quantidade de comida no estômago. EEP – Escola de Engenharia de Piracicaba Saúde Ambiental – Prof. Alcindo Antoniássi 8 Quando o álcool já está no sangue, não há comida ou bebida que interfira em seus efeitos. Num adulto, a taxa de metabolismo do álcool é de aproximadamente 8,5 g de álcool por hora, mas essa taxa varia consideravelmente entre indivíduo. Os efeitos do álcool dependem de fatores como: a quantidade de álcool ingerido em determinado período, uso anterior de álcool e a concentração de álcool no sangue. O uso do álcool causa desde uma sensação de calor até o coma e a morte, dependendo da concentração que o álcool atinge no sangue. Os sintomas que se observam são: . Doses até 99 mg/dl: sensação de calor/rubor facial, prejuízo de julgamento, diminuição da inibição, coordenação reduzida e euforia; . Doses entre 100 e 199 mg/dl: aumento do prejuízo do julgamento, humor instável, diminuição da atenção, diminuição dos reflexos e incoordenação motora; . Doses entre 200 e 299 mg/dl: fala arrastada, visão dupla, prejuízo de memória e da capacidade de concentração, diminuição de resposta a estímulos, vômitos; . Doses entre 300 e 399 ml/dl: anestesia, lapsos de memória, sonolência; . Doses maiores de 400 ml/dl: insuficiência respiratória, coma, morte. Um curto período (8 a 12 horas) após a ingestão de grande quantidade de álcool pode ocorrer a ¨ressaca¨, que se caracteriza por: dor de cabeça, náusea, tremores e vômitos. Isso ocorre devido ao efeito direto do álcool ou outros componentes da bebida, ou pode ser resultado de uma reação de adaptação do organismo aos efeitos do álcool. A combinação do álcool com outras drogas (cocaína, tranqüilizantes, barbitúricos, antihistamínicos) pode levar ao aumento do efeito e até mesmo `a morte. Os efeitos do uso prolongado do álcool são diversos. Dentre os problemas causados diretamente pelo álcool pode-se destacar doenças do fígado, coração e do sistema digestivo. Secundariamente ao uso crônico abusivo do álcool, observam-se: perda de apetite, deficiências vitamínicas, impotência sexual ou irregularidades do ciclo menstrual. Tolerância e dependência ao álcool O uso regular do álcool torna a pessoa tolerante a muitos dos seus efeitos, sendo necessário maior consumo para o indivíduo apresentar os mesmos efeitos iniciais. A dependência física ocorre em consumidores de grandes doses de álcool. Como já estão adaptados à presença do álcool, esses indivíduos podem sofrer sintomas de abstinência quando param de beber. Os sintomas de abstinência são: nervosismo ou irritação, sonolência, sudorese, diminuição do apetite, tremores, convulsões e alucinações. Pode-se desenvolver a dependência psicológica com um uso regular do álcool, mesmo que em pequenas quantidades. Nesse tipo de dependência há um desejo persistente de consumir álcool e sua falta pode desencadear quadros ansiosos ou mesmo de pânico. Álcool e gravidez O consumo de álcool durante a gravidez expõe a criança aos efeitos do álcool. O mais grave desses efeitos é a síndrome Fetal pelo álcool, cujas características incluem: retardo mental, deficiência de crescimento, deformidade facial e de cabeça, anormalidades labiais e defeitos cardíacos. EEP – Escola de Engenharia de Piracicaba Saúde Ambiental – Prof. Alcindo Antoniássi 9 Fatos interessantes sobre o álcool 1) Epidemiologia do uso (quem usa, onde, situação) 2) Acidentes de trânsito relacionados ao uso do álcool. 3) O álcool e o trabalho 4) Custos hospitalares creditados ao uso do álcool. 5) Leis sobre o uso do álcool 6) Fontes de dados 4.7 Sedativos e Hipnóticos Não Barbitúricos Incluem-se nesse grupo agentes, que em certos casos substituíram os barbitúricos, ou que apesar de terem uso restrito, ainda são utilizados na medicina atual. Esses compostos foram introduzidos devido à necessidade de sedativos e hipnóticos ¨não barbitúricos¨. No entanto, tornaram-se drogas de significante uso abusivo. As drogas que podem ser assim classificadas são: benzodiazepínicos, paraldeídos e brometos. Benzodiazepínicos Alguns exemplos de benzodiazepínicos disponíveis: Nome Genérico Nome Comercial Clordiazepóxido Libreium Diazepan Valium Clonazepam Rivotril Lorazepam Lorax O que os benzodiazepínicos fazem no organismo? As drogas desse grupo promovem a ligação do ácido (a-aminobutírico GABA), principal neurotransmissor inibidor, à receptores na membrana dos neurônios. Com isso permitem um aumento de correntes iônicas dos canais de cloreto, inibindo a atividade neuronal. Os benzodiazepínicos têm um efeito sedativo-hipnótico dependendo da dose utilizada. Com o aumento progressivo da dose os efeitos são: sono, inconsciência, anestesia cirúrgica, coma e por fim a depressão fatal da regulação respiratória e cardiovascular. O coma só ocorre em doses muito elevadas, e a ocorrência de depressão respiratória fatal é muito difícil. Ainda, em doses terapêuticas os benzodiazepínicos têm a capacidade de dilatar vasos coronarianos; já em doses altas pode também bloquear a transmissão neuromuscular. Efeitos indesejados dos benzodiazepínicos Os efeitos indesejados que ocorrem mesmo com o uso de doses terapêuticas são: graus variados de tonteira, lassitude, tempo de reação aumentado, falta de coordenação motora, comprometimento das funções mental e motora, confusão, amnésia anterógrada, e alterações nos padrões de sono. Outros efeitos colaterais que podem ocorrer são: fraqueza, cefaléia, turvação visual, vertigem, náuseas e vômitos, desconforto epigástrico e diarréia, dores articulares, toráxica e incontinência urinária. EEP – Escola de Engenharia de Piracicaba Saúde Ambiental – Prof. Alcindo Antoniássi 10 Tolerância e Dependência aos benzodiazepínicos A tolerância ocorre de modo diferente para os vários efeitos. A ação ansiolítica parece não sofrer tolerância, mais isto ocorre rapidamente para as ações sedativas ou hipnóticas. Essa tolerância parece ser tanto funcional como metabólica. O desenvolvimento da dependência ocorre devido ao uso crônico de benzodiazepínicos e sua magnitude é dependente da dose utilizada. A síndrome de abstinência caracteriza-se por: insônia, ansiedade e alucinações. Benzodiazepínicos e a Gravidez A mulher grávida ou que planeja engravidar deve saber que os benzodiazepínicos podem afetar o bebê. O uso desses medicamentos durante a gravidez podem fazer com que o recém-nascido apresente sinais de abstinência. Os benzondiazepínicos também podem ser passados através do leite materno, por isso seu uso na gravidez deve ser cuidadoso. O uso só deve ser suspenso sob orientação médica. Paraldeído O paraldeído é um líquido incolor, com forte odor e gosto desagradável. Após a ingestão, o paraldeído é um hipnótico eficaz e de ação rápida. Devido à sua ação anticonvulsivante e de limitar a excitação motora, ele pode ser utilizado em convulsões do estado epilético, do tétano, e na abstinência de usuários crônicos de álcool e barbitúricos. O abuso de paraldeído é raro, devido ao seu gosto e odor. A superdosagem caracteriza-se por depressão grave do sistema nervoso central, respiração rápida e difícil, acidose, gastrite hemorrágica, hepatite tóxica, nefrose e edema pulmonar. A síndrome de abstinência lembra a do alcoolismo, incluindo ¨delirium tremens¨e alucinações. Brometos O uso de brometos como sedativo não é mais justificável, devido à existência de outras drogas e a possível intoxicação que podem causar. Os sinais de intoxicação são: vermelhidão na pele, depressão do sistema nervoso central, delírio ou alucinações e sinal de Babinski presente. Como a excreção do íon brometo é feita pelo rim, alguns diuréticos e sais podem aumentar sua excreção. 4.8 Barbitúricos Os barbitúricos (ou derivados do ácido barbitúrico) foram por muito tempo, a droga de escolha para o tratamento de insônia. O declínio de seu uso deu-se por vários motivos como: morte por ingestão acidental, o uso em homicídios e suicídios e, principalmente, pelo aparecimento de novas drogas como os benxodiazepínicos. Hoje em dia, os barbitúricos ainda são utilizados no tratamento de distúrbios convulsivos e na indução da anestesia geral. Os barbitúricos são produzidos através da condensação de derivados do ácido malônico e da uréia. Atualmente existem diversos barbitúricos disponíveis. EEP – Escola de Engenharia de Piracicaba Saúde Ambiental – Prof. Alcindo Antoniássi 11 Nome Genérico Amobarbital Barbital Butabarbital Fenobarbital Hexobarbital Mefobarbital Pentobarbital Secobarbital Tiamilal Tiopental Nome Comercial Amytal Veronal Butisol Gardenal, Luminal Evipal Mebaral Nembutal Seconal Surital Delvinal Duração da Ação Ação Curta a Intermediária Ação Prolongada Ação Curta a Intermediária Ação Prolongada Ação Curta a Intermediária Ação Prolongada Ação Curta a Intermediária Ação Curta a Intermediária Ação Ultra-curta Ação Curta a Intermediária O que os barbitúricos fazem no organismo A principal ação do barbitúrico é sobre o SNC. Eles podem causar depressão profunda, mesmo em dose que não têm efeito sobre outros órgãos. A depressão pode variar sendo desde um efeito sedativo, anestésico cirúrgico, ou até a morte. Outro efeito dos barbitúricos é o de causar sono, podendo induzir apenas o relaxamento (efeito sedativo) ou o sono (efeito hipnótico), dependendo da dose utilizada. Aborção, metabolismo e excreção dos barbitúricos O uso de barbitúricos pode ser oral, intramuscular, endovenoso ou retal. Independentemente da via de administração, eles se distribuem uniformemente pelos tecidos. Após absorção, eles se ligam a proteínas do sangue e vão agir principalmente no cérebro, devido ao seu alto fluxo sanguíneo. Os efeitos depressores aparecem entre 30 segundos e 15 minutos, dependendo do tipo de barbitúrico utilizado. Os barbitúricos são metabolizados no fígado e excretados na urina. Envenenamento por Barbitúrico O envenenamento barbitúrico é um problema clínico significativo, podendo levar à morte em alguns casos. A dose letal do barbitúrico varia de acordo com muitos fatores, mas é provável que o envenenamento grave ocorra com a ingestão de uma só vez de doses dez vezes maiores que a dose hipnótica total. Se o álcool ou outros agentes depressores forem utilizados junto com o barbitúrico, as concentrações que causam morte são mais baixas. Em casos de envenenamento grave o paciente apresenta-se comatoso, com a respiração lenta ou rápida e curta, a pressão sanguínea baixa, pulso fraco e rápido, pupilas mióticas reativas à luz e volume urinário diminuído. As complicações que podem ocorrer são: insuficiência renal e complicações pulmonares (atelectasia (falta de dilatação) , edema e broncopneumonia). Tolerância aos barbitúricos O uso crônico de barbitúricos pode levar ao desenvolvimento da tolerância. Isso ocorre tanto pelo aumento do metabolismo da droga, como pela adaptação do sistema nervoso central à droga. O grau de tolerância é limitado, já que há pouca ou nenhuma tolerância aos efeitos letais destes compostos. EEP – Escola de Engenharia de Piracicaba Saúde Ambiental – Prof. Alcindo Antoniássi 12 4.9 Inalantes Histórico dos Inalantes Um número grande de produtos comerciais tem em sua formação várias substâncias voláteis (evaporam-se facilmente), os chamados solventes. Como essas substâncias têm a capacidade de evaporar facilmente, a sua inalação pode ocorrer voluntária, principalmente entre adolescentes e crianças, ou involuntariamente, como nos casos de trabalhadores da indústria de sapatos. Como os inalantes agem no organismo ? Os solventes podem ter efeitos estimulatórios, ou de depressão e até causar alucinações. Devido à essa complexidade de efeitos, considera-se que essas substâncias tenham efeitos em vários processos fisiológicos cerebrais simultaneamente. Até o momento, não se conhece a interação dos solventes com nenhum neurotransmissor conhecido. A intoxicação aguda pode ser descrita em quatro fases; Primeira Fase: excitação, euforia, exaltação, tonturas, perturbações visuais e auditivas. Além disso, podem ocorrer: náuseas, espirros, tosse, salivação, fotofobia e rubor na face; Segunda Fase: confusão, desorientação, obnubilação, perda do autocontrole, visão embaçada, diplopia, cólicas abdominais, dor de cabeça e palidez; Terceira Fase: redução acentuada do alerta, incoordenação motora, ataxia, fala pastosa, reflexos deprimidos e nistagmo (tremulação das pálpebras); Quarta fase: depressão acentuada do alerta, chegando até à inconsciência, sonhos bizarros e convulsões epileptiformes. A exposição crônica aos solventes pode causar prejuízo de memória, diminuição da destreza manual, alteração no tempo de reação aos estímulos, cansaço, dor de cabeça, confusão mental, incoordenação motora e fraqueza muscular. Essa fraqueza pode ser causada por lesão em nervos motores que em casos graves pode resultar em paralisia. Metabolismo e eliminação dos inalantes A eliminação ocorre em parte através da respiração, mas a maior parte é metabolizada rapidamente pelo fígado. Os seus metabólitos, como a hexanodiona (substância tóxica para os nervos periféricos) são eliminados na urina. 4.10 Opiáceos Introdução e histórico aos opiáceos Os opióides incluem tanto drogas opiáceas naturais, quanto as drogas sintéticas relacionadas como a meperidina e a metadona. Os opiáceos são substâncias derivadas da papoula. A codeína e a morfina são derivadas do ópio. E a partir destas produz-se a heroína. O uso de opiáceos remonta a séculos atrás. No século XVI, o ópio era utilizadocomo remédio para os ¨nervos¨, contra a tosse e a diarréia. No fim do século XIX, a heroína foi utilizada como um remédio para a dependência causada pela morfina. No entanto, seu uso mostrou-se inadequado. Apesar de ter reconhecidamente um maior efeito contra a dor e contra a tosse, tem também maior probabilidade de causar dependência. EEP – Escola de Engenharia de Piracicaba Saúde Ambiental – Prof. Alcindo Antoniássi 13 As drogas sintéticas relacionadas aos opiáceos foram criadas para tratar da dor sem causar dependência. Apesar de sua eficiência como analgésicos, essas drogas também podem causar dependência. O que os opiáceos fazem no organismo ? Logo após a injeção de opióides, o usuário experimenta um ¨rush¨, uma ¨onda de prazer¨. Isso ocorre devido à rápida estimulação de centros cerebrais superiores, que pode ser seguido de depressão do sistema nervoso central. A dose necessária para causar esses efeitos pode também causar agitação, náuseas e vômitos. Com o aumento da dose, há a sensação de calor no corpo, boca seca, mão e pés pesados, e um estado em que o ¨mundo é esquecido ¨. Esses efeitos ocorrem devido à ação de opióides ¨exógenos¨como a morfina e opiódes ¨endógenos¨como as beta-endorfinas em receptores opióides do tipo mu. Ao se ligarem a esse receptor, essas substâncias causam analgesia; somente com o uso sistemático é que pode ocorrer a depressão do sistema nervoso central. Os efeitos fora do sistema nervoso central são muitos: contração da pupila, depressão respiratória, respiração irregular, obstipação, retenção urinária e diminuição do volume urinário. Todos esses efeitos ocorrem devido à ação da droga nos centros nervosos do tronco cerebral, ponte e bulbo, e na musculatura lisa do intestino e do trato genitourinário. A depressão respiratória pode ser bastante grave, podendo levar à morte. Como os opiáceos são eliminados do organismo ? Os opiáceos são absorvidos pelo trato gastrointestinal, mas sofrem o efeito da primeira passagem ¨(são metabolizados no próprio intestino e no fígado). Devido a seu caráter básico e a limitada ionização ao pH fisiológico, a droga atinge rapidamente o interior das células. Como essas substâncias não têm afinidade especial pelo sistema nervoso central, elas se espalham por todo o organismo, causando diversos efeitos. O metabolismo final ocorre no fígado, onde a morfina é transformada em mono e diglucuronídeos e é eliminada pela urina. Tolerância e dependência aos opiáceos Com o uso regular há necessidade de maior quantidade de droga para se obter o mesmo efeito anterior (tolerância). A dependência psicológica ocorre quando a droga ocupa um papel central na vida do usuário. Nestes casos, a cessação do uso leva os usuários a uma forte e incontrolável vontade de utilizar a droga. A dependência física faz com que os usuários tenham sintomas de abstinência quando o uso é diminuído ou interrompido de maneira abrupta. Estes sintomas podem aparecer poucas horas após a última administração. Os sintomas mais comuns são: agitação, diarréia, cólicas abdominais e uma vontade intensa de consumir a droga (¨fissura¨ou ¨craving¨). Estes sintomas são mais intensos entre 48 e 72 horas após o último uso e cessam após uma semana. Em usuários que não apresentam boa saúde, a abstinência pode levar à morte. Opióides e Gravidez Mulheres grávidas dependentes de opióides podem ter dificuldades durante a gravidez e o parto. As ocorrências mais comuns são: anemia, doenças cardíacas, diabetes, EEP – Escola de Engenharia de Piracicaba Saúde Ambiental – Prof. Alcindo Antoniássi 14 pneumonia e hepatite. Há também uma maior incidência de abortos espontâneos e nascimentos prematuros. Os recém-nascidos de mães dependentes de opióides geralmente são menores e mostram sinais de infecção aguda. Os opióides têm capacidade de ultrapassar a barreira placentária e a barreira hematoencefálica imatura do feto, causando depressão respiratória de maneira mais intensa que no adulto. A maioria dos recém-nascidos apresenta variados graus de abstinência. A mortalidade entre estas crianças é maior que a normal. 4.11 LSD - 25 O LSD – 25 ou a dietilamida do ácido lisérgico é uma substância sintética, produzida em laboratório. Ela foi descoberta acidentalmente pelo cientista suíço Hoffman, que ingeriu uma pequena quantidade da droga. A partir disso, iniciaram-se experiências terapêuticas como o LSD – 25. Ela foi utilizada para o tratamento de doenças mentais, mas hoje em dia sabe-se que ela não tem utilidade médica. Ela é talvez a substância mais ativa que age no cérebro. Pequenas doses já produzem grandes alterações. O que o LSD – 25 faz no organismo ? O LSD – 25 é uma droga perturbadora do sistema nervoso, ou seja, ela provoca alterações no funcionamento do cérebro, causando fenômenos psíquicos como alucinações, delírios e ilusões. Essa substância contém em sua estrutura o núcleo indol, que também está presente em um neurotransmissor do cérebro, a serotonina. Por esta característica, essa droga interfere no mecanismo de ação da serotonina. O LSD – 25 é um alucinógeno primário porque seus efeitos ocorrem principalmente no cérebro. Os efeitos dessa droga dependem da sensibilidade da pessoa, do ambiente, da dose e da expectativa diante do uso da droga. Os efeitos físicos observados são: dilatação da pupila, sudorese, aumento da freqüência cardíaca, aumento da temperatura. Às vezes podem ocorrer náuseas e vômitos. As alterações psíquicas são muito mais importantes. As sensações podem ser agradáveis como a observação de cores brilhantes e a audição de sons incomuns. Podem ocorrer também ilusões e alucinações. Em outros casos as alterações são desagradáveis. Algumas pessoas observam visões terríveis e sensações de deformidades externas do próprio corpo. Já foi descrito o efeito de ¨flashback¨, isto é, semanas ou meses após o uso da droga e os sintomas mentais podem voltar, mesmo que a pessoa não tenha mais consumido a droga. Como o LSD – 25 é eliminado do organismo ? A metabolização ocorre no fígado e a eliminação é feita pelas fezes e pela urina. Tolerância e dependência ao LSD -25 Os alucinógenos indólicos produzem pouco fenômeno de tolerância e não induzem dependência física. EEP – Escola de Engenharia de Piracicaba Saúde Ambiental – Prof. Alcindo Antoniássi 15 4.12 Outras Drogas Mescalina A mescalina é um alucinógeno sintetizado a partir de um cactus, peiote, natural do México. O cacto era usado há séculos em cerimônias religiosas. Ele ganhou maior importância há alguns anos atrás. Ela tem estrutura semelhante aos neurotransmissores do cérebro, a dopamina e a noradrenalina. Portanto, ela age nessas substâncias para produzir os efeitos de alucinações. A mescalina é quase inexistente no Brasil. Êxtase A sigla MDMA é a abreviação do nome Metilena-DioxiMeta Anfetamina, conhecida popularmente com o nome de êxtase. É uma droga sintética que surgiu recentemente e é quase inexistente no Brasil. Ela é uma droga que além de produzir alucinações provoca também, um estado de excitação. A droga interfere no sistema nervoso agindo nos neurotransmissores dopamina e noradrenalina. EEP – Escola de Engenharia de Piracicaba Saúde Ambiental – Prof. Alcindo Antoniássi 16