DROGAS Drogas são produtos alucinógenos ou substâncias tóxicas que causam dependência e têm o poder de modificar a função dos organismos vivos, resultando em mudanças fisiológicas ou de comportamento. Muito se tem feito nos últimos tempos para prevenir ou evitar o seu uso, mas nem todas as ações de governos, entidades e famílias têm evitado que elas sejam amplamente utilizadas no Brasil, um país considerado estratégico para o tráfico. Os motivos que levam o usuário a ter o primeiro contato com as drogas variam muito. Curiosidade, influência dos amigos, fuga de problemas, rituais, fim da timidez e busca de prazer são só algumas das causas identificadas. Depois que essas substâncias entram no organismo, seja de que forma for (ingeridas, inaladas, injetadas, absorvidas pela pele), o resultado que o consumidor espera é basicamente um só: alteração do estado mental. Nesse momento, a luta fica desigual: todos os esforços para acabar com o consumo encontram pela frente a entrega rápida de bem-estar, mesmo que a um preço altíssimo, a destruição gradual do organismo. Drogas e cérebro O cérebro é o órgão que comanda todo o nosso corpo. É ele que absorve os estímulos do corpo e também dá as ordens. As drogas contêm substâncias que modificam e/ou destroem os sensores que captam os estímulos e retardam as ordens do cérebro, confundindo a pessoa. Todas as drogas chamadas psicoativas têm em comum a capacidade de alterar o estado mental do usuário, seja proporcionando uma sensação de prazer e conforto ou reduzindo a timidez e aumentando a sociabilidade de quem a usa. Elas causam dependência química e psicológica, transformando o usuário ocasional em viciado, alguém que acaba dependendo do consumo da droga para manter suas atividades normais. Conheça as drogas mais comuns O álcool é a droga lícita mais disseminada no Brasil. Uma pesquisa do Observatório Brasileiro de Informações sobre as Drogas (Obid) verificou que 68,7% dos brasileiros já tiveram contato com ele. Entre os adolescentes (12 e 17 anos), 48,3% já o experimentaram. O tabaco, a segunda droga lícita com números mais expressivos, já foi consumida por 41,1% da população brasileira. Entre as drogas ilícitas, a maconha é a mais produzida e consumida no mundo, segundo a ONU. No Brasil, o percentual de pessoas que admite contato com a droga é de 6,9%. Os solventes (5,8%), benzodiazepínicos (medicamentos, 3,3%) e a cocaína (2,3%) são os próximos na escala de popularidade entre os brasileiros. Produzido como a cocaína a partir de uma pasta refinada das folhas de coca, vegetal nativo da América do Sul, o crack ainda não tem números precisos. Estima-se que 600 mil pessoas sejam usuárias dessa droga de preço baixo, o que favorece o consumo por todas as camadas da população. Do que não se tem dúvida é do seu efeito devastador: cinco vezes mais potente que a cocaína, ela destrói rapidamente os neurônios e mata 30% dos seus usuários em um prazo de cinco anos. Ecstasy, a droga do momento Vendido de forma clandestina nas casas noturnas do Brasil, o ecstasy é a droga da moda e suas maiores vítimas são os jovens. O número crescente de pessoas na casa dos 17 a 25 anos que apresentam ausência de desejo sexual devido ao consumo dessa substância está aumentando de acordo com dados médicos recentes. Esta realidade é preocupante, já que esse tipo de droga provoca lesões irreparáveis no sistema límbico cerebral, que controla o desejo. O consumo exagerado de ecstasy, 1 a 2 vezes por semana, com mais do que uma pastilha, provoca uma ausência irreversível de desejo sexual, de acordo com o Estudo de avaliação da disfunção sexual nos homens, realizado pela Sociedade Portuguesa de Andrologia. A metilenodioximetanfetamina (MDMA), mais conhecida nas ruas como "Adam", "êxtase", "X-TC" ou a pílula do amor, é uma droga sintética com propriedades alucinógenas semelhantes às das anfetaminas (medicamento que inibe o apetite). Os efeitos físicos são taquicardia, aumento da pressão sanguínea, secura da boca, diminuição do apetite, dilatação das pupilas, dificuldade em caminhar, reflexos exaltados, vontade de urinar, tremores, transpiração, câimbras ou dores musculares. Os efeitos psíquicos promovem sensação de intimidade e de proximidade com outras pessoas, aumento da comunicação, da sensualidade, euforia, despreocupação, autoconfiança e perda da noção de espaço. Em longo prazo podem ocorrer alguns efeitos tais como lesões celulares irreversíveis, depressão, paranoia, alucinação, despersonalização, ataques de pânico, perda do autocontrole, impulsividade, dificuldade de memória e de tomar decisões. Agora veja as drogas de acordo com o efeito Depressores da Atividade do Sistema Nervoso Central (SNC): sob seu efeito, as pessoas tornam-se sonolentas, lentas, desatentas e desconcentradas. Quais são assim? O álcool, soníferos ou hipnóticos (drogas que promovem o sono), barbitúricos, ansiolíticos (calmantes), opiáceos ou narcóticos (aliviam a dor e dão sonolência), inalantes ou solventes (colas, tintas, removedores etc.). Estimulantes da Atividade do SNC: provocam aumento da vigília, da atenção, aceleração do pensamento e euforia. Quais são assim? Os anorexígenos (drogas que diminuem a fome, como as anfetaminas), cocaína, nicotina e cafeína. Perturbadores da Atividade do SNC: Produzem quadros de alucinação ou ilusão, geralmente de natureza visual, provocados pela perturbação do cérebro. Quais são assim? A mescalina (do cacto mexicano), THC (maconha), psilocibina (certos cogumelos), lírio (trombeteira, zabumba ou saia branca) e os de origem sintética, como LSD, ecstasy e os anticolinérgicos. Não deixe que o vício comece É na adolescência que as pessoas ficam mais vulneráveis ao contato e ao consumo de drogas. Período conturbado, cheio de mudanças, em que o indivíduo deixa de ser criança e começa a ter contato com o mundo adulto, quanto mais orientação for dada ao adolescente nessa fase, maiores são as chances de que ele não se torne usuário. Os sinais apresentados por quem experimenta ou é usuário de substâncias químicas são muitos, e os pais precisam estar atentos ao comportamento dos filhos para diagnosticar as mudanças. Ao substituir o uso lúdico e eventual das drogas pelo consumo frequente, o usuário torna-se mais agressivo e afasta-se dos antigos relacionamentos. A queda no rendimento escolar também é sinal de que o jovem está desviando seus projetos de vida. Outros sinais são específicos, dependendo da substância utilizada. Olhos vermelhos no caso da maconha; irritação nas narinas pela cocaína; alucinações por causa do LSD e do ecstasy durante as festas. Saiba como agir As drogas são uma muleta para o usuário que se tornou dependente delas. Ao descobrir a dependência química, a família deve amparar o usuário, e não culpá-lo. O melhor a fazer é observar as situações de fracasso e frustração – individuais ou da família – que o fragilizaram a ponto de ele se interessar pelas drogas como fonte de prazer. Moralizar o grupo de risco ou as atitudes do jovem é pior. Ele se afasta. É preciso criar nele novas necessidades e mostrar, tanto quanto possível, as consequências negativas do vício. É cuidar dos hábitos das crianças desde muito cedo para prevenir o uso de drogas. Incentivar os filhos a ter uma vida saudável e produtiva é a melhor forma de mantê-los longe delas. O gostoso nem sempre é bom A prevenção tem de mostrar a diferença que há entre o que é gostoso e o que é bom. Essa questão deve ser encarada com muita atenção, informação, carinho e sem preconceito. É muito importante saber como se prevenir, pois só assim podemos evitar esse mal do nosso século. Dar-lhes suporte afetivo e cuidar de sua autoestima são tarefas muito complexas, mas também muito eficazes tanto para evitar o problema das drogas quanto para formar adultos mais corajosos e conscientes de si mesmos. Dra. Elisabete F. Almeida