Potencial de Eletrodo Durante uma transformação química os metais têm a tendência a perder elétrons, sofrendo oxidação, ou seja, ocorre sua corrosão. Experimentalmente verificamos que os metais apresentam diferentes tendências à oxidação. Para facilitar o estudo e a previsão de processos corrosivos construiu-se uma tabela de “Potenciais de Eletrodo”. Precisamos então entender como os metais se comportam em soluções eletrolíticas. Vejamos um exemplo: 1 – Ao colocarmos uma placa de Zinco (Zn°) em uma solução aquosa de CuSO4 verificamos, após algum tempo, o surgimento de um resíduo avermelhado na superfície do zinco e a coloração da solução diminui. Zn° Zn 2+ + 2e- semi-reação de oxidação Cu2+ + 2e- Cu° semi-reação de redução Zn° + Cu 2+ Cu° + Zn 2+ reação global 2 – Colocando agora uma placa de cobre (Cu°) em um a solução de ZnSO4 , nada se observa na placa de cobre e na solução incolor. Executando uma série de ensaios com diversos metais e soluções, podemos determinar uma “ordem de reatividade” desses metais. Ao colocarmos um metal em contato com uma solução eletrolítica ocorre uma diferença de potencial entre a fase sólida e a fase líquida denominada de “diferença de potencial eletroquímico” por ser de natureza elétrica e química. Construímos assim o que denominamos “eletrodo” – sistema formado pelo metal e pela solução eletrolítica vizinha ao metal. O esquema mostra o equilíbrio que ocorre entre o metal e a solução eletrolítica. A medida da facilidade com que os átomos do eletrodo perdem elétrons ou a facilidade com que os íons recebem elétrons é chamada de “potencial de eletrodo”. Para medir esse potencial devemos padronizar a concentração das soluções, pois o potencial varia com a concentração. Potencial padrão ou potencial normal é a medida, em volt, de um metal imerso em uma solução 1 mol/L de seus íons. O eletrodo assim formado é chamado eletrodo padrão ou meia pilha padrão e pode ser representado da seguinte forma para um metal M qualquer: M / Mn+ (1mol/L) Necessitamos de um eletrodo de referência para efetuar a medida do potencial de um eletrodo qualquer, pois ocorrerá um fluxo de elétrons do eletrodo de maior potencial para o outro. O eletrodo padrão escolhido como referência foi o de hidrogênio e atribuído o potencial zero. Esquema de um eletrodo padrão de hidrogênio Ao Interligarmos o eletrodo padrão de hidrogênio com outro de um metal qualquer, poderemos medir a diferença de potencial através de um voltímetro pois haverá um fluxo de elétrons do eletrodo de maior potencial para o outro. O potencial de eletrodo padrão de um elemento, é a diferença de potencial, medida em volt, entre o elemento e a solução 1 mol/L de seus íons em relação ao eletrodo normal de hidrogênio. A voltagem registrada no voltímetro do exemplo ao lado indica o valor de 0,763 V que corresponde ao valor do eletrodo padrão de zinco. Da mesma forma, podemos determinar o potencial de eletrodo de qualquer metal. A reação que ocorre neste exemplo é Znº Zn2+ + 2e-. Já para o eletrodo de cobre obtemos o valor de 0,337 V para o potencial do eletrodo e a reação é Cu2+ + 2e Cuº. Notamos que alguns metais sofrem oxidação e outros redução em relação ao eletrodo padrão de hidrogênio. Segundo a recomendação da IUPAC, o potencial do eletrodo ( E ) será a diferença entre o potencial do metal e o potencial da solução: E = Emetal - Esolução . Construiu-se então uma escala de medidas relativas e quando se ligam dois eletrodos através de um circuito metálico externo em presença de eletrólito tem-se uma pilha eletroquímica. Ponte salina Zn Cu Estabelecendo a condutância iônica entre os eletrólitos podemos usar uma ponte salina ou uma parede porosa. Durante o funcionamento de uma pilha eletroquímica observamos o fenômeno de transformação de energia química em energia elétrica. O eletrodo onde ocorre oxidação é denominado anodo e o eletrodo onde ocorre redução é o cátodo. No anodo há uma tendência: ⇒ Aumentar o número de elétrons livres na fase metálica ⇒ Aumentar a concentração de íons do metal na solução em torno dele ⇒ Aumentar o número de íons em estado de oxidação mais elevado na solução em torno dele ⇒ Diminuir a massa do eletrodo (corrosão) No cátodo há uma tendência: ⇒ diminuir o número de elétrons na fase metálica ⇒ diminuir o número de íons do metal na solução em torno dele ⇒ aumentar o número de íons em estado de oxidação menos elevado na solução em torno dele ⇒ aumentar a massa do catodo A força eletromotriz da pilha é caracterizada pela diferença de potencial entre seus eletrodos em circuito aberto e é recomendado pela IUPAC segundo a convenção de sinais: Epilha = Ecatodo - Eanodo ou seja..... Epilha = E(recebe elétrons) – E(doa elétrons) , onde E representa o potencial de redução dos eletrotrodos. Convencionou-se o uso dos potenciais de redução e como vimos nos exemplos do zinco e cobre em relação ao eletrodo padrão de hidrogênio , o zinco sofreu oxidação e o cobre redução. Os potenciais atribuídos aos dois eletrodos devem então ter sinais opostos, ficando portanto representados da seguinte forma: E°Zn = -0,763 V e E°Cu = +0,337 V (vide tabela de potenciais). A pilha formada pelos dois eletrodos é conhecida por “Pilha de Daniel” e a sua “ddp” ou “fem” pode ser calculada seguinte forma: Epilha = E(recebe elétrons) – E(doa elétrons) Epilha = 0,337 – (-0,763) = 1,1 V Representação sugerida pela IUPAC Zn°/Zn 2+(1mol/L) // Cu2+(1mol/L)/Cu° Conhecendo-se a Tabela de Potenciais podemos prever qualitativamente a possibilidade de ocorrer ou não uma reação de óxido-redução (vide aula prática) Tabelas Práticas A tabela de potenciais não inclui ligas e apresenta algumas limitações já que não prevê a cinética da reação e algumas reações podem não ocorrer devido a velocidade muito baixa. Usamos então algumas tabelas práticas onde os metais e ligas estão distribuígdos de acordo com seus potenciais, medidas em um dado meio corrosivo. Como exemplo, podemos citar a tabela prática de nobreza em água do mar entre outras. Tabela prática de nobreza em água do mar