O Modelo Padrão A.C.A Oliveira O modelo padrão é uma teoria que busca explicar o comportamento de toda matéria como a conhecemos (estável ou não) por meio de blocos fundamentais e forças que fazem com que interajam, forças essas “carregadas” por quantas de campo, o que em base não foge da proposta das primeiras teorias feitas para mesmo propósito, dos quatro elementos ao atomismo, aqui pode ser visto um pequeno resumo do que todo livro – pelo menos todos que vi – com o inicio do titulo “introdução” e sobre altas energias faz em seus primeiros capítulos mas tentando herdar o formato e o bom humor de D. Griffiths [1]. 1 – Era clássica Primeiro a idéia de átomo e a insatisfação com ela diante da quantidade de elementos químicos que iam sendo descobertos, depois a descoberta do elétron, do núcleo, da estrutura formada por estes e por fim do nêutron e do próton resumem uma primeira parte do estudo de partículas denominada era clássica feita com observações simples da natureza, principalmente pelo fato de o próton e o elétron possuírem carga e responderem a iterações com o já conhecido campo eletromagnético. Assim também se pôde “apalpar” a estrutura que estes formam, por uma técnica que virou praxe no estudo experimental da matéria – fabricar o choque de partículas e estudar o resultado, neste inicio as energias de colisões não eram suficientes para desintegrar as partículas existentes e chegar em distancias em que forças alem da eletromagnética agiam sendo então o estudado somente as iterações com este campo, o que foi muito bom para o desenvolvimento dessa área pois o nosso aprendizado, em tudo e sobretudo em física, é mais rentável se começamos do simplificado (a vaca esfericamente simétrica) e introduzirmos as dificuldades uma a uma, no entanto tal pensamento só nos leva a diferenciar elétron de núcleo – matéria carregada a nossa mão. Esse enfoque mais cientifico e menos filosófico aconteceu aproximadamente no inicio do século XX. O elétron por ser uma partícula fácil de ser retirada de metais e do hidrogênio foi a partícula que conhecemos primeiro com mais detalhe, o primeiro a detectá-lo diretamente foi J.J. Thompson devido a seu trabalho pudemos, antes de saber da divisão do núcleo, saber a sua massa e sua carga percebendo que havia uma profunda quebra de simetria entre sua massa e a massa do núcleo – apesar de ter a mesma carga o núcleo pesava imensamente mais do que a soma dos elétrons do átomo! Tudo bem que ainda é cedo para falar em simetria, mas é uma coisa natural de se procurar, um bebe procura classificar coisas parecidas! Mas espere, ainda estamos falando da era clássica – e apesar de eles terem pensado isso na época ainda falta dividir o núcleo, primeiro foi preciso isolá-lo do elétron, que já tinha sido estudado, isso é fácil de fazer com o hidrogênio, átomo mais simples – um elétron, um próton – e com a estrutura mais fácil de se fazer analogia com a física clássica, a analogia feitas por Bohr e Rutherford foi com o sistema planetário estando o núcleo (pesado) no lugar do sol e os elétrons no lugar dos planetas, pode-se ter uma intuição sobre isso vendo a forma funcional da força entre duas cargas pontuais e a da força gravitacional – idênticas – mas o modelo era ainda mais simplificado admitindo para os elétrons órbitas circulares, como pode ser visto na figura abaixo. Figura 1 – Modelo primordial do átomo de hidrogênio O hidrogênio tem como núcleo um único próton o que possibilitou o estudo da sua massa e carga – oposta a do elétron – como era de se esperar porque o átomo é neutro. Mas, e o nêutron? Este por ser neutro não interage com campos assim sua descoberta foi no inicio indireta, a existência de uma partícula neutra com aproximadamente a mesma massa do próton foi proposta pois depois da descoberta direta do próton se observava que os átomos que continham X elétrons possuíam massa de 2X ou mais prótons (a massa do elétron é em valores atuais desprezível perto da ordem de grandeza da massa do próton como pode ser visto na tabela 1) e foi confirmada diretamente mais tarde (1932) por Chadwick tendo uma massa pouco maior do que a do próton (da ordem de 1 Mev). Carga Próton Neutron elétron 1 0 -1 Massa 938,28 939,573 0,511 Tabela 1 – Propriedades dos constituintes do átomo sendo a massa medida em Mev/c² (em valores atuais) e a carga em unidades da carga do próton. Apesar da massa das partículas ate então elementares ser tão diferente enquanto sua carga permanecia elementar esse quadro era satisfatório, um mundo simples construído a partir de poucos tijolos, mas esse mundo tinha alguns problemas e eles apareciam ate na nossa vaca esférica – o hidrogênio do modelo de Bohr – seus constituintes têm cargas opostas, sendo que na aproximação da massa do próton infinita uma delas continha aceleração (centrípeta) o que classicamente a fazia perder energia então o que as mantinha separadas? Outra, em certas condições o átomo radiava sim energia, só que em formas quantizadas, em sua analogia Bohr resolveu este problema dizendo que ele simplesmente não existe, postulou dentre outras coisas que no estado ligado próton-elétron o momento angular do sistema é quantizado e tem um mínimo não nulo, ou seja, o elétron fica em órbitas circulares bem determinadas e não irradia por causa disso, tudo bem, aceitamos os postulados de Newton então por que não os de Bohr? Esse modelo apesar de explicar bem e ser bem preciso com os dados experimentais para o hidrogênio, só funcionava para ele e para o Helio ionizado (com um elétron), o átomo mais simples depois destes – o Helio, com dois elétrons – e os outros com mais elétrons fugiam, mas essa discussão foge demais do escopo deste trabalho já entrando nos primórdios da mecânica quântica e da física atômica e molecular, o importante nesta primeira seção foi comentar sobre as primeiras partículas ditas elementares depois do átomo que para a física ate então conhecida eram completamente satisfatórias, uma visão de mundo simples que só precisava ser um pouco lapidada para abranger o resto. Outro problema que também precisava de lapidação era o de saber como o núcleo de elementos mais pesados de mantia unido se era composto por partes positivas e neutras somente. Encaixa-se nesta época também a descoberta do spin, uma propriedade intrínseca das partículas que foi descoberta medindo o momento angular do elétron e percebendo que se os cálculos da mecânica quântica estivessem certos esse seria semi-inteiro, ou esta estava completamente errada ou estava incompleta, foi descoberto estar incompleta, faltando a ela a noção de spin, um momento angular intrínseco da partícula que pode ser imageado por a rotação dela sobre si mesma, este pode ter valor inteiro ou semi-inteiro (o caso do elétron), partículas de spin inteiro são denominadas bósons e de spin semi-inteiro férmions, cada qual tem propriedades especificas que serão abordadas adiante. 2 – Como pequenas. detectar coisas tão O principio do estudo de física de partículas depois da era clássica , aproximadamente na década de 30, assim como todo estudo subseqüente teve como filosofia o estudo de Ruterford na descoberta da estrutura do átomo: jogar uma coisa contra a outra e ver o que sai, mas no inicio quem jogava era só o céu. Falando mais diretamente os primeiros aceleradores de partículas foram os raios cósmicos, partículas extremamente energéticas, em sua maioria prótons que ao bater com tal energia na nossa atmosfera são capazes de criar novas partículas com o choque que por sua vez batem ou decaem em outras formando assim um chuveiro de partículas que chega à superfície, e algumas podem ser detectadas diretamente por possuírem carga, outros produtos das reações neutros podem ser encontrados com o principio da conservação do momento ou com a observação de seu decaimento em outras partículas carregadas. Como são produzidos tais raios ainda é objeto de estudo mas suas reações aqui na terra forneceram e ainda fornecem um laboratório muito rico e muito energético, com a desvantagem de, por ser um processo inteiramente natural, ser randômico, nunca poder se saber o que vai cair, e o que vai ser formado a partir disso (que depende da energia incidente), a taxa de raios que chega a Terra é de algumas partículas por centímetro por segundo, essa taxa pode aumentar com a altura, assim a coleta sempre se da em picos. Pelas velocidades é indispensável o uso da relatividade restrita no estudo e não mais a mecânica clássica. Os primeiros detectores desses raios cósmicos funcionam, como já dito, como detectores de carga sendo câmaras com substancias sensíveis à passagem de coisas carregadas, gases ou líquidos facilmente ionizáveis, como o hidrogênio, assim a passagem de um próton ou um elétron, por exemplo, deixa rastros. A razão entra carga e massa era descoberta aplicando imergindo esta solução em um campo magnético aproximadamente constante que fazia tais partículas curvarem suas trajetórias de acordo com a força de Lorentz, baseado no fato já aceito de que a carga era elementar e sabendo a razão carga-massa do próton e do elétron podia-se estudar as novas partículas que apareciam inferindo a carga e assim calculando a massa ou vice versa, esses detectores eram chamados de câmaras de bolha, mais tarde foram substituídos por emulsões fotográficas que também tinham o mesmo sistema de funcionamento, uma fotografia tirada de uma câmara de bolhas pode ser vista na figura X abaixo, do lado pode-se ver um esquema das partículas identificadas nela, as linha tracejadas nesta representam as partículas neutras, que não aparecem na imagem real. Figura 2 – Imagem de uma câmara de bolhas – Brookhaven National Laboratory e, ao lado desenho das trajetórias mais importantes. A imagem mostrada é especial pois ela confirma a existência de uma nova partícula que como veremos na seção 4 foi prevista pelo modelo de quarks denominada - , sendo uma evidencia importante para seu sucesso. Os primeiros mesons, como será visto, foram observados por meio de raios cósmicos e sua observação também esta relacionada com outra evidencia importante para o sucesso de outra teoria, a relatividade restrita, o que foi visto é que uma partícula – o muon – que deveria decair em um tempo não suficiente para que este chegasse a superfície, por estar em grande velocidade chegava evidenciando a contração do espaço no referencial do muon ou a dilatação do tempo no referencial terrestre. Mas a ciência não pode conviver com a experimentação apenas baseada na paciência e sorte, assim começou-se a pensar em aceleradores de partículas, onde os experimentos podiam ter energia e bases controladas, esses aceleradores só funcionam acelerando partículas carregadas, pois utilizam como força geratriz campos elétricos e, como direcionador campos magnéticos. Conforme a energia aceleradora dos aceleradores crescia campos mais fortes eram necessários, como uma diferença de potencial muito grande é difícil de ser mantida o usado é uma diferença de potencial oscilante, com os cálculos de que a partícula passa por eles somente na faze de crescimento, para criação de campos magnéticos fortes são usados dipolos ou quadrupolos de corrente usando supercondutores que permitem correntes mais altas com menos gasto. Existem dois tipos de aceleradores, o linear e o circular, os dois tem vantagens e desvantagens associados a eles, mas a desvantagem destes em relação aos raios cósmicos é que a energia é muito menor, como comparação a energia media de uma colisão provinda de raios cósmicos no referencial do centro de massa é ......................... Outra maneira de aumentar a energia da maquina é aumentando o raio do anel (no caso de aceleradores circulares) ou o comprimento (no caso de lineares), para números, por exemplo, o CERN, um acelerador circular proton-proton entre a Suíça e a França tem 4 Km de raio e pode alcançar uma energia de colisão no centro de massa de Tev e o SLAC um acelerador linear elétron-positron nos EUA que chega a energia de colisão no cetro de massa de Gev. O acelerador circular tem a desvantagem de que para partículas leves como o elétron a perda de energia por radiação provinda da aceleração centrípeta é muito grande impedindo a uma certa altura que a aceleração tangencial aumente, logo tais acelerados são mais utilizados para partículas mais pesadas como prótons e núcleos, o acelerador linear tem como desvantagem que a partícula a ser acelerada só pode passar uma vez pelo circuito acelerador tendo assim um ganho menor de energia. 3 – Os primeiros não-convidados. Fótons – Se seguirmos um rumo histórico podemos dizer que a primeira partícula que aparece além das tabeladas na tabela 1 é o fóton (denotado por ), a idéia da sua existência apareceu, de maneira desastrada, na teoria de Planck para radiação do corpo negro e se consolidou com a de Einstein para o efeito fotoelétrico onde, sendo observado também no efeito Compton, efeitos que não entraremos em detalhe aqui, sendo importante para nos somente as propriedades de , esta é uma partícula sem massa e neutra que descreve a propagação da luz (ou seja, é uma “partícula” que as vezes se comporta como onda eletromagnética e é percebida por nós como luz), com a idéia de fóton veio também a idéia de que toda força é transportada por uma partícula correspondente, ou seja, o campo que gera uma força é quantizado em partículas virtuais, assim o campo eletromagnético é quantizado em fótons (na verdade, o pensamento foi ao contrario, o campo eletromagnético é quantizado em fótons virtuais daí generalizamos para todo campo que gera força). Mesons – E quanto ao segundo problema citado para era clássica no ultimo parágrafo da seção anterior? O que segura prótons e nêutrons unidos se neste sistema só existe carga de um sinal, uma tentativa de responder essa pergunta foi supor a existência de uma nova força, mais forte que a eletromagnética não sentida a grandes distancias (grandes = alem da ordem de grandeza do núcleo típico), por uma generalização da teoria para o fóton podemos esperar que aja uma partícula que seja a quantização desta força, a previsão foi de uma particula massiva e sem spin (o que simplificava sua iteração) que mais tarde foi denominada meson , que na verdade é uma família de partículas sendo uma neutra 0, e outras duas carregadas (meson quer dizer massa intermediaria entre elétron e próton) cuja massa poderia ser calculada por um uso simples da relação de incerteza da no momento já consolidada mecânica quântica e carga inteira (em unidades da carga fundamental), essa proposta foi feita por Yukawa em 1934, partícula essa que seria descoberta em 1937, mais detalhes sobre essa parte serão dados quando a discussão sobre maneiras de detecção de partículas já tiver sido feita. Mas esta não é a única família que pertence ao grupo dos mesons, a característica principal deste grupo antes da proposta dos quarks era ser constituído de partículas de spin inteiro, com os quarks a razão do spin ser inteiro veio de seus elementos serem formados por um quark e um anti-quark, os primeiros deles foram descobertos com o estudo de raios cósmicos e não foram os mesons previstos por Yukawa para iteração dos prótons e nêutrons o que a principio gerou uma frustração e confusão pois aquelas novas partículas descobertas aparentemente não eram necessárias (e ainda não são) para constituição da matéria como conhecemos no dia-a-dia. Apesar do nome, meson, significar massa intermediaria foram descobertas outras partículas que se encaixavam neste grupo mas que tinham massa maior do que a massa do próton, no entanto o nome persistiu. Neutrinos () – Já que estamos o núcleo vamos os voltar a observações feitas sobre eles, foi observado que vários átomos como Potássio, Cobre e Trítio decaem para outro tipo de elemento (nos exemplos dados os resultados dos decaimentos são respectivamente Cálcio, Zinco e Helio) em todos estes decaimentos era observada a emissão de um elétron e o resultado era um átomo com uma unidade de carga elementar a mais no núcleo e massa ligeiramente menor do que o original, esse decaimento foi então entendido como um nêutron indo em um elétron e um próton, o que foi denominado decaimento beta (na época o elétron emitido era denominado radiação beta), ainda não nos importando em como esse processo ocorre podemos perceber que este é um problema de dois corpos o que na teoria deveria gerar produtos (próton e elétron) com momento bem definido e que podem ser calculados usando a conservação de energia com base na condição inicial e na massa dos produtos no entanto medindo o momento de uma amostra de material que possui tal decaimento verificou-se que o momento do elétron não era o calculado e pior não era bem definido, havia uma distribuição entre um valor médio menor que o esperado, ou seja, uma fração da energia inicial misteriosamente sumia – energia não é conservada, o que era um grande problema para física e foi resolvido com uma proposta feita por Pauli em meados de 1930 de que a energia não desaparecer mas ser carregada por uma outra partícula não detectada denominada neutrino sem carga e sem massa, daí a dificuldade da detecção (que mais tarde seria identificada como anti-neutrino, como veremos no próximo parágrafo), a evidencia experimental desta se deu em 1962, a demora entre proposta e evidencia se seu pelo fato de o neutrino ser muito penetrante, hoje já existem evidencias de que o neutrino é massivo. Anti-particulas – Outro, sim outro, problema que surge quando considero partículas com base na mecânica quântica desenvolvida com o final da seção anterior é o fato de que as considero com velocidades não relativísticas quando isso é consertado temos que para cada partícula existe uma outra correspondente com a energia negativa, isso foi calculado por Dirac em 1927 que interpretou de maneira um tanto mística, uma reinterpretação deste fato foi feita por Feyman-Stuckelberg como que para cada partícula existente existe uma anti-particula correspondente com a mesma massa e carga oposta, posso dizer que se meu numero de partículas elementares estava aumentando neste ponto esta aumentando dobrado. No entanto escrevi anteriormente sobre uma anti-particula do neutrino mesmo ele sendo neutro, o que não combina com essa definição de anti-particula pois nesta toda partícula neutra seria a anti de si mesma mas não foi levado em conta ainda o momento angular (Spin) sendo partículas neutras diferem da sua anti-particula por uma inversão de spin. Muon () – A proposta da existência do neutrino não aconteceu para explicar um só decaimento ele também aparecia no decaimento dos mesons (os mesmo de Yukawa, já mencionado) mas neste decaimento também foi descoberta uma nova partícula, bem parecida com o elétron, no entanto mais massiva que foi denominada muon, de outras observações percebeu-se que ele e o elétron quando apareciam estavam sempre acompanhados de anti-neutrinos (se no resultado) ou a reação continha um neutrino (inverso para pósitron e anti-muon, denominado muon menos - sendo o que aparece no decaimento mencionado é o muon mais) que sugeria uma lei de conservação, o elétron o muon e o neutrino foram colocados numa família denominada leptons descobriu-se que para cada um dos primeiros o neutrino envolvido na reação era característico existindo então em dois tipos neutrino do elétron e neutrino do muon, para falar quantitativamente da conservação no numero de muons e do numero de elétrons foi atribuído ao muon e seu neutrino um numero de muon não igual a 1 para eles, a -1 para suas respectivas antiparticulas e zero para o resto o mesmo foi feito para o elétron e seu neutrino definindo um numero de elétron. É importante citar que este tipo de decaimento é característico de uma força nova não mencionada – a força fraca – que não se limita só a decaimento beta ou de píons (mesons-), se cito uma nova força no espírito do que foi escrito anteriormente posso procurar um mediador para tal força que tem como característica principal ser mais débil, rara e lenta e mudar algumas propriedades dos originais para os produtos, características que serão mais elaboradas na seção 4, os neutrinos por não possuírem carga só podem interagir por esse tipo de força o que explica o fato de serem penetrantes. Partículas estranhas – A existência deste tipo de partícula aconteceu com o aumento da energia dos métodos de detecção que serão apresentados na próxima seção, as primeiras partículas estanhas descobertas foram os kaons (que assim como o píon é uma família composta por neutro positivo e negativo) e o lambda partículas que foram identificadas como mesons, tinham spin inteiro, mas tinham massa maior e decaimento mais lento 10-10 segundos quando o decaimento típico de partículas instáveis era 10-23 segundos. Sobre os primeiros agrupamentos e as primeiras regras de conservação observadas – As demais partículas, que não elétrons, muons, neutrinos e suas anti-particulas, foram agrupadas em um grupo denominado hadrons, e esse grupo dividido em dois os já mencionados mesons, e os baryons, partículas de spin semiinteiro (como o próton e o neutron). Nas maneiras que veremos adiante para detecção de partículas foi observado que o numero de mesons criados em uma iteração não é limitado tendo somente a necessidade de ser compatível com a conservação de energia e de carga, enquanto a quantidade de baryons antes e depois de qualquer interação é conservada assim como o numero de lepton. 4 – Tentativas de classificação e modelo de quarks. Em meados de 1960 a tabela de partículas elementares descobertas já vencia o numero de elementos na tabela periódica, uma classificação com o mesmo espírito de Mendeleiev foi feita em 1964 e era denominada “eightfold way”, no entanto como a tabela periódica não explicava porque tal podia ser feita, isso gerava insatisfação pois na tentativa de simplificar o mundo procurando por blocos fundamentais tinha-se achado um jardim complexo de elementos, muitos dos quais aparentemente sem função na formação da matéria que conhecemos. As novas descobertas ocorriam somente no grupo dos hadrons o que sugeria, se fizermos a analogia já induzida com Mendeleiev, que os hadrons eram constituídos por coisas ainda mais elementares. O modelo que adaptou os dados foi proposto em 1964 por Gell-Mann e Zweig este falava na existência de blocos fundamentais que formavam os hadrons – denominados Quarks – esses quarks se separavam em três tipos (ou sabores como é dito mais comumente) down, up e strange que possuem 4 propriedades – carga (em frações da carga elementar), massa, estranheza e spin semi-inteiro, propriedades essas que podem ser vistas na tabela 2 abaixo. Quark Carga Up Down Strange 2/3 -1/3 -1/3 Massa de repouso (especulativa) 7,5 4,2 150 Estranheza 0 0 -1 Tabela 2 – Propriedades dos primeiros quarks propostos massa medida em Mev/c² (em valores atuais) e a carga em unidades da carga do próton. Este modelo explicava todos os hadrons conhecidos ate então de forma que todo baryon é composto de três quarks e todo antibaryon de três anti-quarks e todo meson era formado por um par quark anti-quark obedecendo ao fato de que a carga total do conjunto tem que ser um múltiplo inteiro da carga elementar, podendo ser formados mais de um objeto com a mesma configuração de quarks e massas diferentes indicando apenas diferentes estados (assim como os estados excitados do hidrogênio), o modelo obteve bastante sucesso por ser simples e pelo fato de conseguir prever a existência de uma partícula ate então não conhecida e detectada depois o baryon composto pos 3 quarks strange (é verdade que esta já tinha sido prevista pelo “eightfold way” por motivos de simetria no entanto o modelo de quarks também a previa com a vantagem de que a explicava de maneira menos mística). Outro sucesso do modelo foi explicar porque partículas estranhas eram bem mais pesadas – estas possuíam um quark strange, mais massivo do que o up e o down, como pode ser visto na tabela 2. O modelo agrupa os baryons no estado menos excitado um decupleto e os mesons no mais baixo estado excitado em um noneto, essa classificação já tinha sido feita pelo eightfold way mas não com a composição de quarks, esses grupos podem ser vistos nas figuras 1, 2 e 3 abaixo. Figura 3 – Decupleto baryonico Figura 4 – Noneto de mesons. Os problemas que podem ser detectados logo de inicio no modelo são a falta de uma explicação para o que os mantinha ligados e o fato de que existiam estados ligados 3 quarks no mesmo estado o que violava um principio já muito bem estabelecido – o principio de Pauli que dizia que duas partículas não poderiam estar no mesmo estado quântico ao mesmo tempo, mas o modelo era muito simples, bonito e concordava com a lista de partículas conhecidas para ser simplesmente descartado, começou então a procura por quarks e por qual seria a energia necessária para detecta-los diretamente, estando um quark sozinho seria fácil diferencia-lo das outras partículas (com carga inteira) pelo fato de que este possuiria carga fracionaria, no entanto essa busca por observação direta foi vazia. Porque eles não eram vistos diretamente era um problema que embaraçava os defensores do modelo, que então veio com a idéia de que os quarks eram confinados por alguma razão ainda não conhecida podendo apesar disso explicar que estes não eram vedados a evidencia experimental pensando em um experimento com o mesmo espírito que o que descobriu a estrutura do átomo (só que muito mais energia para poder chegar em tal escala) esse experimento foi feito em 1984, pôde-se então concluir que o próton possuía estrutura interna, ou seja sua carga estava localizada em três “aglomerados”, essa foi a evidencia para a existência dos quarks, mas ainda assim só uma evidencia. O próximo passo então para a teoria da física de partículas era descobrir o mecanismo que escondia os quarks, ou seja, que força os mantinha unidos e como. A força proposta foi denominada força forte (a mesma que apareceu com o meson de Yukawa – sendo que agora o que mantém o átomo unido é a força forte residual assim como a residual eletromagnética mantém moléculas neutras coesas), para entre outras coisas evitar o problema de descartar o principio da exclusão de pauli foi proposto em 1964 pro Greenberg que para tal força possui 3 tipos de cargas, e suas correspondentes anti-cargas, que foram denominadas cores – vermelho, verde e azul – em analogia com o esquema de cores de computadores, isso pois combinação de três cores diferentes assim como cor anti-cor tem resultante nula, o que explica o fato de essa propriedade nunca ter sido detectada, uma característica dessa carga é que a pequenas distancias ele se comporta como a força elétrica coulombiana, cai com o quadrado da distancia, e com o aumento desta a intensidade da força aumenta fazendo com que seja energeticamente mais favorável a criação de massas de repouso na forma de um novo par partícula antiparticula, percebendo o decaimento forte por esse ângulo podemos perceber o porque do confinamento, não vemos quarks separados, e mesons, hadrons constituídos por dois quarks não são conservados e são criados aos montes em colisões como foi comentado na seção anterior. Hoje há uma especulação de um grupo de cientistas brasileiros e americanos de que no CERN se tenha produzido um quark top solitário por meio de acoplamentos forte e fraco sucessivos, a fonte deste fato esta listada na referencia 4. Os mediadores desta força foram denominados gluons, e é sabido, são bicolores, ou seja carregam duas cargas de cor de forma que em toda interação cor é conservada, pelo fato dos mediadores força forte os mediadores possuem carga eles podem interagir entre si complicando muito os cálculos da dinâmica provocada por eles em relação a eletrodinâmica, o estudo desse força em analogia com eletrodinâmica é denominada cronodinâmica. As características dos gluons alem de possuírem carga dupla são a ausência de massa e spin. Mais tarde mais um meson de propriedades diferentes fora descoberta denominada em que outro sabor de quark foi descoberto o charm ainda mais pesado que o strange, esta partícula também é denominada charmonium por ser um estado ligado charmanticharm, outras partículas com esse sabor de quark na decomposição foram descobertas posteriormente, confirmando sua existencia. Foi atribuído a esse sabor um numero quântico que é 1 para cada charm da composição, -1 para cada anticharm e zero para o resto. Para os que procuravam simetrias na natureza esta descoberta era esperada pois como já comentado existiam 4 leptons (elétron muon e neutrinos), podia-se então esperar 4 quarks, mas tal euforia com a simetria encontrada durou pouco pois mais um lepton e seu respectivo neutrino seriam descobertos, o Tau (), no entanto mais dois sabores de quarks também seriam o botton e o top o que restaurou a simetria, todos de spin 1/2 a descoberta de novos sabores de férmions elementares então parou ate hoje. Para cada novo sabor de quark descobertos novos números quânticos foram necessários para determinar uma partícula que são 1 para dado sabor -1 para a sua antiparticula e zero para o restante. Os quarks e leptons encontrados foram classificados e divididos por gerações, cuja massa aumenta conforme o numero da geração aumenta esta divisão pode ser vista na figura X abaixo, essas partículas são os férmions conhecidos assim com suas respectivas antiparticulas Leptons – Spin ½ Geração Sabor Massa Elétron e 5,11*10-4 1 <10-8 e 0,106 Muon 2 <2*10-4 1,7771 Tau 3 <2*10-2 5 – Diagramas de Feynman. Carga -1 0 -1 0 -1 0 Antes que possamos seguir nossa discussão fazendo um apanhado geral das interações citadas ate aqui com um enfoque um pouco mais formal é recomendável introduzirmos uma notação mais mimeonica para representá-las, esta notação foi introduzida por Feynman, assim é denominada (inclusive por ele mesmo) por diagramas de Feynman. A melhor maneira de explicar um diagrama é apresenta-lo primeiro e depois discutir em cima dele, então um diagrama pode ser visto na figura 2. deste fato é que as partículas ai representadas são as anti-C e anti-A respectivamente. Os diagramas apresentados são os mais simples depois de um vértice sozinho (por exemplo só A, B e g ), existem diagramas muito mais complicados, os apresentados são ditos ser de segunda ordem (pois tem dois vértices) e para todos existem regras. A primeira regra é que em cada vértice a carga total é conservada, cada vértice contribui com um termo no calculo da energia, um diagrama de quarta ordem que representa a mesma entrada e saída da figura 1 pode ser o da figura 3, podendo se F sem relação alguma com a entrada e saída, ou ate o par de partículas criadas não ser do mesmos sabor mas isso depende de qual força esta agindo – qual o mediador g. Figura 5 – Exemplo 1 de um diagrama de Feynman O diagrama, como exemplificado na figura 2 é um diagrama espaço tempo, onde por convenção vamos arbitrariamente adotar o eixo tempo como de baixo para cima, não mais o explicitando, podemos interpretá-la como as partículas B e D interagem por meio de g e geram como produtos as A e C, neste diagrama não é pensado espaço tanto as partículas iniciais “pais” quanto os produtos, ou até ambos podem estar em repouso, ele só diz que houve interação. O diagrama pode ser livremente girado, mantendo a direção do tempo fixa, ou seja, se pode-se desenhar a figura 2, então a figura 3 abaixo também pode ser desenhada. Figura 7 – Exemplo 3 de um diagrama de Feynman Outras infinitas complicações do diagrama de uma mesma interação podem ser feitas (figura 4) e todas tem uma probabilidade de ocorrer, como foi dito cada vértice contribui com um termo no calculo da energia da interação a energia da iteração não é infinita pois quanto maior a ordem da iteração menor a energia das contribuições e tal diminuição é regida pela chamada constante de acoplamento característica de cada força. Figura 8 – Possíveis jeitos de uma interação com mesma entrada e saida ocorrer Um exemplo palpável e simples do que pode ser as figura 1 e 3 é identificar A, B, C e D como elétrons e g como um fóton, a interação em questão é conhecida como repulsão coulombiana, é simplismente a repulsão de duas cargas negativas pela força elétrica. Figura 6 – Exemplo 2 de um diagrama de Feynman Podemos perceber que nesta figura as flechas que indicam C e A estão em sentido oposto ao seguimento do tempo, a interpretação 6 – Interações fundamentais. Os tipos de força citados ate agora foram a força eletromagnética, sendo seu quanta de campo o fóton, a carga relacionada a elétrica e a teoria que a rege a eletrodinâmica quântica QED e alcance infinito e a força forte sendo o seu quanta de campo o gluon, e a teoria que a rege a cronodinâmica (QED) sendo bem mais forte que a força eletromagnética porem com pouco alcance, todos os dois com spin inteiro não tendo ainda sendo citada com nome a interação fraca apesar de os decaimentos apresentados para introdução do neutrino fossem regidos por tal, a força responsável por tal interação é a força fraca que tem 3 tipos de quanta de campo, os bósons W+ , W- , e Z os dois primeiros portadores de carga eletrica e o ultimo neutro, tais intemediadores são muito massivos o que ajuda a saber por que a interação fraca é tão rara e fraca em comparação com as outras, a teoria que rege tal interação é a flavordininamica. Mais tarde tal força seria unificada à eletromagnetica, ou seja, a altíssimas energias (no inicio da formação do universo) a força eletromagnética é indistinguível da força fraca identificando assim o Z como um “foton pesado” (o mecanismo por qual esse adquiriu massa ao longo da evolução do universo ainda é motivo de estudos sendo). Assim temos que os bósons mediadores de força são: Fontes das figuras: As duas da pagina inicial- www.aventuradasparticulas.ift.unesp.br/ 1– www.monlau.es/btecnologico/quimica/bohratam.gif/ 2 – Introduction to elementary particles, D. Griffiths 3–www.upscale.utoronto.ca/GeneralInterest/DBailey/SubAtomic/Lectures/LectF22/ 4 – www.slac.stanford.edu/library/pdg/ 5,6 e 7 – modificadas - aportes.educ.ar/fisica/flechas.jpg / 8 – www.fis.cinvestav.mx/~xamador/Artikelvetenskapen/SUPERSTRINGS.html 21/08/2007 17/08/2007 18/08/2007 08/08/2007 18/08/2007 08/08/2007 Referências: [1] – Introduction to elementary particles, D. Griffiths [2] – Particle explosion, F. Close, M.Martan & C. Sutton [3] – From atoms to quarks, J. Treffil [4] – Introduction to high energy phyisics, 1 - www.aventuradasparticulas.ift.unesp.br/ 2 - www.slac.stanford.edu/ 3 - www.bartleby.com/65/el/elementr-p.html/ 4 -www.fnal.gov/pub/presspass/images/feynman1.gif 5 - pdg.lbl.gov/ 08/08/2007 08/08/2007 17/08/2007 17/08/2007 17/08/2007 Perguntas: 1 – Porque todos os novos quarks (depois de u, d e s) foram descobertos em estados ligados de partícula antiparticula, por exemplo, o charmonium se outros mesons que o continham podiam ser menos massivos e portanto criados com menos energia de colisão? 2 – Os mediadores da força forte interagem por força forte, o que media tal interação ?