Instituto Educativo do Juncal O Cérebro e o Sistema Nervoso

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Instituto Educativo do Juncal
Psicologia B – 2010/2011
O Cérebro e o Sistema Nervoso
Prof. António Trindade
Joana Marques,
Tatiana Cordeiro
O cérebro e o Sistema Nervoso
Índice
1. Introdução
2. Unidade básica do Sistema Nervoso - O Neurónio
2.1. Constituição do neurónio
2.2. Tipos de Neurónios
2.3. Impulsos Nervosos
2.4. Interacção entre células nervosas
2.4.1. Sinapse
2.4.2. Células da Glia
2.5. Hierarquias Neuronais
3. O Sistema Nervoso
3.1. Evolução e desenvolvimento do SN
3.2. Sistema Nervoso Central
3.2.1. Encéfalo e as suas áreas
3.2.2. Espinal Medula
O cérebro e o Sistema Nervoso
3.3. Sistema Nervoso Periférico
3.3.1. Funções das várias estruturas do SNP
3.3.1.1. Nervos e Gânglios Nervosos
3.3.2.
Divisão funcional do SNP
3.4.Um ou dois cérebros
4.Córtex
4.1. A sua divisão e estruturas
4.2. Localização de funções do Córtex
4.3. Lesões cerebrais e a sua recuperação
4.4. Áreas de projecção
4.4.1. Áreas primárias e não-primárias
4.4.2. Áreas de Broca e de Wernicke
5.Curiosidades
6.Conclusão
7.Bibliografia e web grafia
O cérebro e o Sistema Nervoso
1- Introdução
Neste
primeiro
período
vamos
apresentar
um
trabalho sobre o Cérebro e o Sistema Nervoso, onde
abordaremos a sua grande complexidade.
Inicialmente vamos apresentar a unidade base de
todo o Sistema Nervoso, o Neurónio, a sua constituição e
todos os tipos de neurónios e iremos apercebermo-nos
de como são transmitidos os impulsos nervosos. Sendo o
principal tema o Sistema Nervoso iremos ter atenção, ao
longo do trabalho, sobretudo à sua constituição, que
inclui o sistema nervoso central e o sistema nervoso
periférico e às suas funções.
Ao longo dos tempos, o cérebro foi evoluindo,
chegando
ao
cérebro
da
actualidade,
e
o
seu
desenvolvimento começa logo dentro da barriga da
progenitora.
Outro dos temas principais é o Córtex, portanto
vamos aprofundar as suas estruturas, funções e algumas
das lesões principais.
A finalidade deste trabalho tem como objectivo
mostrar a dimensão que existe no interior do cérebro e a
sua funcionalidade.
O cérebro e o Sistema Nervoso
2 – Unidade básica do
Sistema
Nervoso
–
Neurónio
O neurónio, ou célula nervosa, é a unidade básica do
sistema nervoso. São células altamente estimuláveis,
capazes de detectar pequenas alterações do meio. Em
resposta a estas variações, verifica-se uma alteração
eléctrica, que percorre a membrana. São estas alterações
eléctricas que constituem o impulso nervoso. Estes
impulsos nervosos são transportados pelo corpo através
de fibras nervosas, dendrites e axónios. O neurónio tem
duas propriedades que o constituem: a excitabilidade e a
condutibilidade.
O cérebro e o Sistema Nervoso
2.1.Constituição de um neurónio
O neurónio é uma célula única com três subdivisões.
Ele apresenta um corpo celular e dois tipos de
prolongamentos citoplasmáticos – dendrites e axónios.
Corpo celular – É a parte mais volumosa da célula
nervosa. É onde se localiza o núcleo e a maioria dos
organelos celulares.
O cérebro e o Sistema Nervoso
Dendrites
–
ramificados,
São
prolongamentos
especializados
em
geralmente muito
conduzir
o
estímulo
nervoso ao corpo celular.
Axónio – É uma fibra fina e longa, com um diâmetro
relativamente uniforme e cuja função é transmitir os
impulsos nervosos provenientes do corpo celular.
2.2. Tipos de Neurónios
Os neurónios sensitivos (aferentes) transportam as
mensagens nervosas dos receptores (pele, olhos…) para
os centros nervosos.
Os neurónios motores (eferentes) transportam as
respostas emitidas pelos centros nervosos (encéfalo,
O cérebro e o Sistema Nervoso
espinal medula) para os órgãos que as podem efectuar
(músculos e glândulas).
Por fim, os neurónios de Associação (interneurónios)
localizam-se nos centros nervosos e estabelecem a
ligação entre neurónios sensitivos e neurónios motores.
Também podemos classificar os vários tipos de
neurónios através do número de dendrites de cada um.
Ou seja, existem três tipos de neurónios: Neurónios
O cérebro e o Sistema Nervoso
multipolares,
neurónios
bipolares
e
neurónios
unipolares.
2.3. Impulsos nervosos
O impulso nervoso é como uma corrente eléctrica,
que se propaga ao longo das fibras nervosas. Tem início
nas dendrites, provocado por um estímulo que estas
recebem, e prossegue ao longo do axónio até aos
axónios terminais.
O
fluido
extracelular
apresenta
elevadas
concentrações de sódio e baixas concentrações de
potássio. Por outro lado, o meio intracelular apresenta
baixas concentrações de sódio e altas concentrações de
potássio.
O cérebro e o Sistema Nervoso
→
Potencial de membrana
Como
o
citoplasma
dos
neurónios
contém,
proporcionalmente, menor quantidade de iões positivos
do que o fluido extracelular, a superfície interna da
membrana apresenta carga eléctrica negativa, enquanto
que a face externa apresenta carga eléctrica positiva.
Assim gera-se uma diferença de potencial eléctrico entre
as duas faces da membrana – potencial de membrana.
→
Potencial de repouso
- É da ordem dos -70mV e existe quando o neurónio não
está a transmitir impulsos;
- Deve-se à diferença de concentração de sódio e de
potássio dentro e fora da célula;
- É mantido devido à acção das bombas de sódio e
potássio;
- Fluido extracelular: Na+ e Cl-;
- Fluido intracelular: K+, fosfatos orgânicos e proteínas.
O cérebro e o Sistema Nervoso
Despolarização da membrana
Quando um neurónio é atingido por um determinado
estímulo, os canais de Na+ abrem-se conduzindo a uma
rápida entrada de Na+ para a célula. Esta brusca entrada
de iões positivos faz com que o potencial de membrana
passe de -70mV para +35mV.
Esta rápida alteração de potencial eléctrico, que
ocorre durante a despolarização, designa-se potencial de
acção, e é da ordem dos 105mV (de -70mV para +35mV).
Quando o potencial de acção atinge o seu pico os
canais de sódio fecham e há uma queda do potencial da
membrana (repolarização).
O cérebro e o Sistema Nervoso
Fig.1 Despolarização e repolarização de um neurónio.
A rápida propagação do impulso nervoso, nos
neurónios dos Vertebrados, é garantida pela presença da
bainha de mielina que recobre os axónios.
O isolamento dos axónios pela bainha de mielina
apresenta interrupções, designados nódulos de Ranvier,
nos quais a superfície do axónio fica exposta.
O cérebro e o Sistema Nervoso
Nas fibras nervosas mielinizadas, o potencial de acção
despolariza a membrana do axónio unicamente nas
regiões dos nódulos de Ranvier. Desta forma, o impulso
nervoso salta de um nódulo para o seguinte, o que lhe
garante uma velocidade de propagação muito mais
elevada em relação à que se verifica nos neurónios
desmielinizados.
Fig.2 Transmissão do impulso nervoso ao longo dos nódulos de Ranvier
O cérebro e o Sistema Nervoso
2.4. Interacção entre células
nervosas
Os neurónios podem interagir de muitas maneiras
diferentes, sendo o reflexo, a interacção mais simples.
→ Transmissores nervosos
Existem três tipos de transmissores nervosos: os
neurotransmissores, que intervêm nas sinapses, são
sintetizados e armazenados em vesículas no terminal présináptico, e podem também ser excitatórios ou inibitórios;
os neuromoduladores que alteram a quantidade de
neurotransmissores libertados e as respostas a estes; e as
neurohormonas que actuam num local distante de onde
foi produzido.
O cérebro e o Sistema Nervoso
2.4.1. Sinapse: estrutura, fisiologia e
conceitos associados
A sinapse é uma região de contacto muito próxima
entre a extremidade de um neurónio e a superfície de
outras células (outros neurónios, células musculares,
células sensoriais ou células glandulares).
- A sinapse é unidireccional;
- A membrana pré-sináptica corresponde ao botão
terminal;
- A propagação de um potencial de acção provoca a
libertação de um neurotransmissor;
- Existem duas condições que condicionam a eficácia do
estímulo, intensidade e tempo de actuação.
O cérebro e o Sistema Nervoso
Existem dois tipos de sinapses:
- Sinapses eléctricas;
-Sinapses químicas.
As
sinapses
eléctricas
ocorrem
no
SNC
dos
Vertebrados e permitem que o impulso nervoso se
propague muito rapidamente de um neurónio para o
outro. Nas sinapses eléctricas, o potencial de acção
propaga-se de um neurónio pré-sináptico para o seguinte
sem intervenção de neurotransmissores. Isto é possível
devido à existência de pontos de contacto entre as
membranas
das
duas
células,
permitindo
despolarização se propague de forma contínua.
que
a
O cérebro e o Sistema Nervoso
As sinapses químicas ocorrem quando o impulso
nervoso atinge as extremidades do axónio pré-sináptico,
ocorre a exocitose de vesículas onde estão armazenados
neurotransmissores, e estes são libertados para a fenda
sináptica.
Legenda:
1.
Terminal pré-sináptico;
2.
Neurotransmissores;
3.
Axónio pós-sináptico.
O cérebro e o Sistema Nervoso
Os neurotransmissores ligam-se a receptores do axónio
pós-sináptico, alterando a permeabilidade da membrana.
Existem dois tipos de receptores, os ionotrópicos, que
estão ligados aos canais iónicos e controlam a abertura e
fecho destes e os metabotrópicos, que estão ligados a
uma proteína (proteína G), que controla a abertura e
fecho dos canais iónicos.
As sinapses podem ser classificadas como excitatórias
ou inibitórias. Nas sinapses excitatórias, os canais de
sódio abrem e a membrana pós-sináptica é despolarizada,
criando-se um potencial de acção. Nas inibitórias, os
canais de sódio fecham, de forma a que o potencial fica
distante do limiar da excitabilidade.
Os processos inibitórios estão presentes a diferentes
níveis do processamento:
•
Selecção de informação sensorial;
• Selecção de movimentos;
O cérebro e o Sistema Nervoso
• Nos
padrões de coordenação de movimentos.
Nas sinapses Neuro-musculares placa motora é o
ponto de contacto entre os terminais axonais e os
músculos. O neurotransmissor libertado é a acetilcolina, e
quando esta se liga aos receptores os canis de sódio
abrem-se e dá-se uma entrada excessiva destes iões, o
que provoca a contracção muscular.
2.4.2.Células da Glia
Para além dos neurónios, o sistema nervoso possui
também células da glia, e em algumas regiões do
cérebro, as células da glia ultrapassam o número de
neurónios na proporção de dez para um.
Os quatro tipo de células da Glia:
Astrócitos:
- Mantêm os neurónios juntos;
-Guiam os neurónios para o seu destino final durante o
desenvolvimento fetal;
O cérebro e o Sistema Nervoso
- Ajudam no estabelecimento da barreira sangue –
cérebro;
- Importantes na reparação de danos cerebrais e na
cicatrização neural;
- Papel importante na actividade neuro-transmissora;
- Degradam mensageiros químicos no seu estado natural;
- Retiram o excesso de K+;
- Possui receptores para neurotransmissores.
Oligodentrócitos:
- Formam folhas de mielina à volta dos axónios no SNC.
Microglia:
- Têm um papel importante na defesa do cérebro
(fagocitose).
Células ependimais:
- Delineiam cavidades internas do cérebro e corda
espinal;
O cérebro e o Sistema Nervoso
- Contribuem para a formação do fluído cérebroespinal;
- Servem como células neurais com potencial para formar
novos neurónios e células gliares.
O cérebro e o Sistema Nervoso
2.5.Hierarquias Neuronais
Os sistemas nervosos estão organizados de um modo
hierárquico, com os centros superiores a coordenarem os
de nível mais baixo, que, por sua vez, coordenam outros
ainda mais baixos.
Em certos casos, uma única célula desempenha a
função de comando, dentro da hierarquia, coordenando a
actividade de outras. Um exemplo disto é no búzio
marinho, aplysia, que entre os sete neurónios que
determinam a circulação sanguínea no animal, um deles
age como célula de comando coordenando a actividade
dos outros seis.
Os níveis mais baixos da hierarquia são compostos
por grupos de células que constituem circuitos pequenos
chamados geradores centrais de padrões (CPG).
→
Quem comanda?
Alguns neurologistas levantaram a questão de quem
comandava, afinal. Supuseram que no topo da hierarquia
O cérebro e o Sistema Nervoso
estavam algumas regiões do córtex que enviavam
comandos a todas as outras. Chegaram a esta conclusão
devido à noção de que as funções que são mais
perturbadas por lesões corticais, como a linguagem, o
pensamento, a memória e a percepção, são processos
mentais “superiores” e estes controlam outros “inferiores”.
Por outro lado, muitos neurocientistas modernos
ponderam sobre o facto de não se poder tirar esta
conclusão, porque o córtex não controla muitas das
funções inferiores.
O
Sistema
Nervoso
compõe-se
por
diversas
hierarquias cujos controlos e funções se sobrepõem no
córtex e nas estruturas subcorticais. Estas hierarquias
interagem continuamente, mas enquanto domina uma
hierarquia, não domina qualquer outra. O funcionamento
do sistema nervoso não é orientado por uma hierarquia
única, mas por diversas hierarquias interdependentes.
Assim o sistema nervoso é orientado por uma interacção
complexa, de todas as hierarquias, cada uma com os seus
próprios mecanismos de controlo.
O cérebro e o Sistema Nervoso
Assim podemos concluir que não é um único
conjunto de neurónios que comanda todas as funções,
mas sim depende do tipo de funções desejadas, pois
cada uma tem hierarquias de neurónios diferentes a
comandar.
3. O Sistema Nervoso
O Sistema Nervoso é o conjunto de nervos, gânglios
e centros nervosos que asseguram o comando e a
coordenação das funções vitais além da recepção das
mensagens sensoriais. É constituído pelo sistema nervoso
central (SNC), que inclui o encéfalo e a espinal medula, e
pelo sistema nervoso periférico, que inclui o sistema
somático e o sistema autónomo.
O Sistema Nervoso possibilita ao organismo perceber
as variações do meio (externo/interno) e executar as
respostas adequadas para que seja mantido o equilíbrio
interno do corpo (homeostasia).
O cérebro e o Sistema Nervoso
3.1.Evolução e desenvolvimento
do SN
→ Evolução
Os sistemas nervosos podem ser distinguidos com
base no grau de controlo regional ou central. Animais
mais complexos possuem um maior controlo central, já os
animais mais simples, invertebrados, predomina a regra
regional.
Invertebrados um pouco mais complexos como os
moluscos
possuem
neurónios
que
comandam
os
movimentos individuais, mas estes neurónios agrupam-se
formando
gânglios.
Estes
gânglios
funcionam
principalmente como estações de retransmissão que
passam as mensagens sensoriais dos órgãos dos sentidos
aos músculos, e localizam-se normalmente próximos dos
músculos que comandam.
À medida que a evolução progrediu, a federação
inicial dispersa dos gânglios tornou-se cada vez mais
centralizada e, gradualmente, alguns gânglios começaram
O cérebro e o Sistema Nervoso
a comandar outros. Os gânglios dominantes localizavamse na cabeça.
Para integrar mensagens dos vários receptores na
cabeça, os organismos tiveram que desenvolver um
maquinismo neuronal cada vez maior. Este maquinismo
ficava melhor colocado perto dos receptores, por isso
precisava de estar na cabeça. Estes centros ganglióticos
tornaram-se cada vez mais complexos, à medida que os
organismos se desenvolveram, e finalmente começaram a
coordenar a actividade dos gânglios noutros lugares do
corpo. Ao longo de milhares de anos de evolução
formou-se o cérebro.
Mas a centralização não explica tudo e existem
também vantagens da regra regional. Os cérebros são
pesados e requerem uma grande quantidade de energia
para se manterem e funcionarem. Devem executar as suas
funções de um modo rápido e económico, evitando
cadeias de comando distantes, longas e burocráticas.
O cérebro e o Sistema Nervoso
(cérebro de invertebrado)
→
Desenvolvimento
Nos
vertebrados a grande maioria
das células
neuronais do corpo estão localizadas no centro de
processamento a que é chamado cérebro. Este padrão
emerge precocemente no desenvolvimento do indivíduo.
O sistema nervoso começa a formar-se na terceira
semana da vida embrionária. Inicia-se como um pequeno
espaçamento na porção superior do embrião que se
estende da cabeça até à cauda. Bastam alguns dias para
que os limites esquerdo e direito desta placa neuronal se
O cérebro e o Sistema Nervoso
fundam para formar o tubo neuronal. Por volta de um
mês de vida embrionária, a extremidade da cabeça do
tubo neuronal desenvolve três espaçamentos. Estes três
espaçamentos mais tarde irão dar lugar ao cérebro
posterior, anterior e médio e serão fechados pelos ossos
cranianos e constituem o cérebro. A extremidade inferior
do cérebro marca o início da espinal medula.
3.2. Sistema Nervoso Central
O SNC representa a componente mais importante na
estrutura do sistema nervoso.
O cérebro e o Sistema Nervoso
O Sistema Nervoso Central é composto pelo encéfalo
e pela espinal medula e
tem um papel fundamental no controlo do corpo.
O sistema nervoso central tem origem embrionária na
placa
neuronal,
que
por
sua
vez
é
uma
parte
especializada da ectoderme, camada exterior de um
embrião em desenvolvimento, durante o desenvolvimento
embrionário a placa neural dobra-se e forma o tubo
neuronal onde cada região desse tubo dá origem a
diferentes partes do sistema nervoso central, a espinal
medula e o encéfalo.
O SNC é revestido, sendo também protegido, pelas
meninges. As meninges são três delicadas membrana, a
dura-máter, a aracnóide-máter e a pia-máter. A duramáter é a camada mais espessa e externa das meninges e
está posicionada para actuar no combate aos ataques
patológicos infectantes e doenças malignas. Entre as
meninges circula um liquido que protege a sistema
nervoso. A aracnóide-máter é menos espessa e é
responsável pela formação dos espaços intra-meningicos,
O cérebro e o Sistema Nervoso
por outro lado a pia-máter é a mais delgada e está nos
feixes nervosos.
3.2.1. Encéfalo e as suas áreas
O encéfalo está dividido em três tipos de cérebros, o
cérebro inferior, o cérebro médio e o cérebro anterior.
O
cérebro
inferior
é
constituído
pelo
bulbo,
protuberância e cerebelo. Acima da espinal medula
encontramos o bulbo, este é fundamental no controlo de
muitas funções vitais básicas. Em primeiro lugar regula os
sistemas cardiovascular e respiratório, determinando a
rapidez ou a profundidade da respiração, a rapidez do
batimento cardíaco e a quantidade de sangue a bombear.
Em segundo lugar integra diversos reflexos importantes
tais como engolir, tossir e espirrar, e em terceiro contribui
para
a
manutenção
do
equilíbrio
controlando
a
orientação da cabeça. O bulbo possui um cor branca no
exterior sendo cinzento por dentro. Acima do bulbo
encontramos
a
protuberância
(ponte),
esta
contém
regiões especiais que integram os movimentos e as
sensações dos músculos faciais, língua, olhos e ouvidos, é
O cérebro e o Sistema Nervoso
o local de passagem de fibras nervosas que unem os
diferentes níveis do sistema nervoso central . Também
tem regiões importantes para regular o nível de activação
do cérebro e para iniciar o sono e sonho. Por fim, em
frente a protuberância, encontramos o cerebelo, tem um
formato semelhante ao cérebro é no entanto dez vezes
mais pequeno, tal como o cérebro é constituído por dois
hemisférios ligados entre si na parte inferior. O cerebelo
tem como principais funções Controlar a coordenação e
aprendizagem
de
movimentos,
é
responsável
pela
manutenção do equilíbrio e postura do corpo e está
ligado aos actos motores complexos e rápidos. Lesões no
cerebelo
resultam
em
perda
de
equilíbrio
e
descoordenação de movimentos.
O cérebro médio, ou mesencéfalo, é fundamental
para identificar como alvos estímulos auditivos ou visuais,
contribui também para a regulação da temperatura do
corpo,
percepção
protuberância
no
da
dor
controlo
e
do
cooperam
ciclo
com
a
vigília-sono.
O
mesencéfalo também coordena os movimentos simples
organizados pelo cérebro inferior.
O cérebro e o Sistema Nervoso
O cérebro anterior, ou prosencéfalo, é tudo o que
está acima do cérebro médio. Os
mamíferos, em
particular os primatas, são os animais com o prosencéfalo
maos desenvolvido. O prosencéfalo é tão grande no
homem que cobre todo o mesencéfalo e metade do
cérebro inferior. Este é separado por uma fissura
longitudinal, de cada lado dessa fissura e sob o córtex,
encontra-se todo o restante prosencéfalo, incluindo
numerosas estruturas subcorticais. Há quatro destas
estruturas que são “importantes”. A primeira é o tálamo ,
esta estrutura incorpora um grande número de centros
que parecem funcionar como estações de retransmissão
de quase toda a informação sensorial que se dirige ao
córtex. A segunda estrutura é o hipotálamo que está
directamente envolvido no comando do comportamento
motivado, como a alimentação, ingestão de líquidos,
manutenção da temperatura corporal e regulação da
actividade sexual. Gânglios da base são outra estrutura,
eles são fundamentais na regulação das contracções
musculares, durante o movimento, e no evitar que os
nossos
movimentos
sejam
espasmódicos.
A
importância é valorizada na observação de indivíduos
sua
O cérebro e o Sistema Nervoso
com doenças com a doença de Parkinson, e de
Huntington, causa contracções musculares. O quarto
conjunto de estruturas é o sistema límbico. O sistema
límbico inclui estruturas como a amígdala e o hipocampo
estabelece relações anatómicas próximas com muitas
outras partes do cérebro, principalmente o hipotálamo, o
córtex e as regiões que controlam o olfacto. Está
implicado em actividades emocionais e motivacionais, e
alguns aspectos da aprendizagem e da memória.
3.2.2. Espinal Medula
A Espinal Medula (ou medula espinal) é formada por
um tubo cilíndrico (1 cm de diâmetro e 50 cm de
comprimento) estando alojada ao longo da coluna onde
se encontra protegida pelas vértebras. O seu interior tem
cor cinzenta, corpos celulares, e o exterior é branco,
mielina dos axónios.
A Espinal Medula tem duas funções principais, é
responsável pela transmissão de sinais e condução destes
. Recebe os sinais dos órgãos dos sentidos e dos
músculos transmitindo-os ao cérebro. No sentido inverso,
O cérebro e o Sistema Nervoso
o cérebro envia para a medula, através dos axónios.
Assim uma lesão na espinal medula pode causar a
incapacidade de controlar o funcionamento das pernas,
braços, os intestinos ou a bexiga. A Espinal Medula
também é responsável pela Actividade reflexa, isto referese ao mecanismo que permite uma resposta motora (não
consciente) a um estímulo. Tal acontece no caso de um
estímulo que provoque a dor em que a resposta é
anterior
à
chegada
da
informação
ao
cérebro
e
consequente tomada de consciência. A esta resposta dáse o nome de reflexo e caracteriza-se por ser uma
resposta rápida, instantânea e automática a um estímulo.
A espinal-medula é ligada ao Encéfalo pelo Bulbo,
sendo as comunicações entre a medula, cérebro e
cerebelo asseguradas pelo tronco cerebral que estabelece
a transmissão de informações através de fibras nervosas.
3.3. Sistema Nervoso Periférico
O sistema Nervoso Periférico serve de um sistema de
comunicações, que liga o Sistema Nervoso Central, os
O cérebro e o Sistema Nervoso
órgãos receptores de estímulos e os órgãos efectores
(músculos, glândulas...).
É graças ao SNP que o cérebro e a espinal medula
recebem e enviam as informações, permitindo-nos reagir
às diferentes situações que têm origem no meio externo
ou interno. O SNP compreende os nervos, gânglios
nervosos e receptores periféricos; e divide-se no sistema
Nervoso Somático e no Sistema Nervoso Autónomo.
3.3.1. Funções das estruturas do SNP
3.3.1.1.Nervos e Gânglios Nervosos
Os nervos são feixes de fibras nervosas envolvidas
por tecidos,
O cérebro e o Sistema Nervoso
Existem vários tipos de nervos e cada um com
funções diferentes. Os nervos mais conhecidos são os
nervos espinais ou raquidianos, que se dispõem em
pares ao longo da medula (um par por vértebra) e ligam
a espinal medula aos músculos esqueléticos do corpo
humano. As raízes de um nervo espinal são formadas por
fibras sensitivas e motoras; e os nervos cranianos são os
nervos que possuem origem aparente (lugar onde o
nervo aparenta sair do encéfalo, mas a origem real é
onde estão presentes os corpos celulares dos neurónios
que formam os nervos) no encéfalo.
Mas existem ainda os nervos sensitivos, motores e
mistos. Os nervos sensitivos são os que contêm apenas
fibras sensitivas, que conduzem impulsos dos órgãos
sensitivos para o sistema nervoso central. Os nervos
motores são os que contêm somente fibras motoras, que
conduzem impulsos do sistema nervoso central até aos
órgãos efectores. Por fim, os nervos mistos contêm tanto
fibras sensitivas como fibras motoras.
Os gânglios são aglomerados de corpos celulares de
neurónios localizados fora do sistema nervoso central. Os
O cérebro e o Sistema Nervoso
gânglios aparecem como pequenas dilatações em certos
nervos.
3.3.2. Divisão funcional do SNP
Como já foi referido, o Sistema Nervoso Periférico
está dividido em Sistema Nervoso Somático e Sistema
Nervoso Autónomo.
O Sistema Nervoso Autónomo é a parte do sistema
Nervoso que está relacionada com o controlo da vida
vegetativa, ou seja, tem como função regular o ambiente
interno do corpo, controlando a actividade dos sistemas
O cérebro e o Sistema Nervoso
digestivo, cardiovascular, excretor e endócrino. O SNP
contém fibras nervosas que conduzem impulsos do
sistema nervoso central aos músculos lisos das vísceras e
à musculatura do coração.
Apesar de se chamar Sistema Nervoso Autónomo, ele
não é independente do restante do sistema nervoso. Na
verdade, ele é interligado com o hipotálamo, que
coordena a resposta comportamental para garantir a
homeostasia.
O SNP divide-se em simpático parassimpático.
A divisão simpática é a mais activa e actua quando
são necessárias mais energias, isto é poderá acelerar o
ritmo cardíaco, aumentar o nível de glicose no sangue ou
inibir a digestão. Permitem ainda responder a situações
de stress.
A nível estrutural os gânglios situam-se ao lado da
espinal medula, distante do órgão efector.
O cérebro e o Sistema Nervoso
A divisão parassimpática actua em situações como
abaixamento da tensão arterial, diminuição do ritmo
cardíaco em situações inibitórias.
A nível estrutural os gânglios estão longe do Sistema
Nervoso Central e próximos ou mesmo dentro do órgão
efector.
O Sistema Nervoso Somático é responsável pelo
controlo da musculatura esquelética e pela transmissão
de informação dos órgãos sensoriais. Engloba vários
nervos que se ramificam a partir do SNC, sensoriais ou
aferentes e motores ou eferentes.
O cérebro e o Sistema Nervoso
Os
nervos
sensoriais
recolhem
da
periferia
as
excitações que conduzem ao SNC, traduzindo-se depois
em sensação táctil, térmica, etc. Enquanto que os nervos
motores conduzem do SNC o estímulo que vai fazer
contrair os músculos, segregar as glândulas; orientando,
deste
modo,
diversos
comportamentos
(ex:
andar,
escrever, chorar...). Os nervos de conexão permitem
estabelecer a relação entre nervos sensitivos e nervos
motores.
O Reflexo é uma reacção corporal automática à
estimulação
(involuntária).
comportamentos
Os
correspondentes
reflexos
às
são
interacções
estímulo/resposta (ambiente-sujeito) incondicionadas.
Muitos reflexos permanecem entre os adultos, mas
um recém-nascido tem alguns reflexos chamados reflexos
primitivos, que vão desaparecendo, na medida que, o
córtex se vai desenvolvendo totalmente.
Em relação ao arco reflexo, este é a reacção
involuntária rápida, consciente ou não, que visa uma
protecção ou adaptação do organismo, sendo originado a
partir de um estímulo externo mesmo antes do cérebro
O cérebro e o Sistema Nervoso
tomar conhecimento do estímulo periférico. Os actos
reflexos são comandados pela substância cinzenta de
espinal medula e do bulbo.
3.4. Um ou dois cérebros
Os hemisférios direito e esquerdo, para além das
diferenças entre as lesões dos dois hemisférios, também
eles têm funções distintas. A esta diferença dá-se o nome
de lateralização, e esta assimetria manifesta-se em
fenómenos como a linguagem, a organização espacial e a
dominância manual.
Diversos
estudos
permitiram
mostrar
que
os
hemisférios diferem quer na estrutura, quer na função.
As circunvoluções têm um desenvolvimento diferente,
e, na infância aparecem mais cedo no lado esquerdo do
que no lado direito. Para além de que o lobo temporal,
que compreende a área de Wernicke é maior no lado
esquerdo na maior parte das pessoas.
O cérebro e o Sistema Nervoso
Em relação à parte morfológica, os hemisférios
diferem no volume sanguíneo, na dimensão do lobo
occipital, em concentrações de diversas hormonas e de
outras substâncias neuroquímicas e ainda nas ligações
microscópicas das suas células neuronais.
Do ponto de vista funcional, a maior diferença dos
dois hemisférios envolve a linguagem.
Sabendo que há sempre um hemisfério dominante
em relação ao outro, indivíduos destros com lesões no
hemisfério direito apresentam frequentemente lesões
dificuldades na compreensão de diversos aspectos do
espaço e da forma.
Como já vimos, anteriormente, lesões no lobo
temporal esquerdo podem resultar numa afasia fluente,
enquanto que lesões no lobo temporal direito têm como
consequência défices na percepção da música.
Quanto à restante população esquerdina, cerca de
70% têm a linguagem predominantemente lateralizada no
hemisfério esquerdo; os restantes dividem-se igualmente
tanto naqueles em que a linguagem está representada
nos dois hemisférios como naqueles que está
O cérebro e o Sistema Nervoso
representado apenas no hemisfério direito. Assim, a
afasia, nos esquerdinos, pode ser produzida por lesões
em qualquer um dos hemisférios.
→
Pacientes de cérebro dividido
No cérebro normal, os dois hemisférios comunicam
através de um feixe maciço de fibras nervosas chamado
corpo caloso, que vais permitir que as duas metades do
cérebro comuniquem entre si, partilhando informação.
Por vezes, os neurocirurgiões separam os dois
hemisférios, através de um corte nesta ponte neurológica,
assim
os
dois
hemisférios
do
cérebro
ficam
funcionalmente isolados entre si e, de algum modo, agem
como dois cérebros separados.
Existe um modelo bastante utilizado em estudos de
cérebro dividido, em que se coloca uma questão a um
dos hemisférios e exige-se uma resposta do outro,
consistindo no paciente fixar um ponto central e é
apresentado um desenho ou uma palavra à esquerda ou
à direita do ponto do ponto. Pode ser solicitado a ler a
palavra ou a nomear o desenho. Pode também ter que
O cérebro e o Sistema Nervoso
responder sem palavras, apanhando o objecto de entre
um grupo de objectos espalhados pela mesa, mas fora da
vista, podendo apenas ser identificado pelo tacto. Devido
à organização das vias anatómicas do sistema visual, as
figuras apresentadas no campo visual direito projectam-se
no hemisfério esquerdo; se forem apresentadas no lado
esquerdo do campo visual projectam-se no hemisfério
direito.
Se a figura for apresentada no campo visual direito
será
facilmente
transmitida
formular
a
para
identficada,
o
resposta
pois
hemisfério
verbal.
a
informação
esquerdo
Quando
que
a
é
pode
figura
é
apresentada na metade esquerda do campo visual a
informação é transmitida para o hemisfério direito, que
não pode dar uma resposta verbal nem enviar a
informação para o hemisfério esquerdo, pois a ponte foi
cortada.
Através destes estudos, concluímos então que a
linguagem é em grande medida, domínio do hemisfério
esquerdo.
O cérebro e o Sistema Nervoso
→
Lateralização Hemisférica em Sujeitos Normais
Aqui é demonstrada a lateralização na população
normal, sem problemas nos hemisférios ou no corpo
caloso, onde se utiliza um processo idêntico ao usado nos
pacientes de cérebro dividido. Apresentando-se , diversos
estímulos em intervalos de tempo muito curtos, ao
campo visual direito e ao esquerdo de participantes
saudáveis. Alguns objectos são itens que supostamente o
hemisfério esquerdo tem maior facilidade em analisar:
letras ou palavras; outros são objectos que exigem as
capacidades
do
hemisfério
direito:
faces.
Assim,
o
participante tem que reconhecer os objectos e dar uma
resposta
o
mais
rápido
possível
e
correcta.
Na
lateralização hemisférica em sujeitos normais o mais
importante é o tempo de reacção.
→ Os dois modos do Funcionamento Mental
Anteriormente
vimos
que
a
linguagem
e
a
organização espacial estão ligadas a duas áreas diferentes
do cérebro; assim, faz-se a distinção entre dois modos de
O cérebro e o Sistema Nervoso
pensamentos diferentes, em que um utiliza palavras e
outro processos espaciais.
A diferença entre os modos de pensamento verbal e
espacial é explicitamente reconhecida na construção de
muitos testes de inteligência. Por exemplo, as aptidões
espaciais podem ser testadas por itens que requerem que
o sujeito construa um desenho juntando um conjunto de
cubos coloridos ou visualize um modo como uma figura
bidimensional ficará depois de dobrada numa caixa.
Segundo uma perspectiva, o hemisfério direito está
especializado na organização do espaço, enquanto a
especialização do hemisfério esquerdo é a organização no
tempo. Por outro lado, sabemos que aquando uma lesão
no hemisfério esquerdo, os diversos testes verbais ficarão
mais comprometidos, enquanto que se for uma lesão no
hemisfério direito será a realização de testes espaciais
que ficará comprometida.
O motivo das funções da linguagem dependerem
mais do hemisfério esquerdo deve-se à linguagem, como
outras funções, depender de sequências de elementos
O cérebro e o Sistema Nervoso
marcados de modo preciso. Assim o hemisfério direito
lida com o lugar onde ocorre e o esquerdo com o
momento em que ocorre.
Na verdade, cada um de nós possui um cérebro único. As
capacidades complexas e sofisticadas que possuímos
dependem de todo o cérebro e das acções coordenadas
de todos os seus componentes. Os nosso hemisférios
conjugam
as
suas
capacidades
especializadas
para
produzir um eu integrado e único.
4- O córtex
O córtex cerebral corresponde à camada mais externa
do cérebro dos vertebrados, a designação córtex vem da
palavra latina “cortiça”. Nos mamíferos mais complexos, o
córtex é a parte mais maciça do cérebro, e representa
mais de metade do seu volume (homem, 80%).
O cérebro e o Sistema Nervoso
(córtex cerebral)
Nos
pássaros
e
répteis,
animais
com
uma
complexidade inferior aos humanos, o córtex tem uma
dimensão mais pequena e é comparável, quer do ponto
de vista anatómico, quer funcional, com regiões que, nos
mamíferos, são subcorticais. Por esta razão, no cérebro
dos mamíferos estas estruturas são chamadas “córtex
antigo”, porque eram a camada mais exterior dos animais
que antecederam os mamíferos. Por outro lado, o novo
tecido cortical que se vê nos mamíferos pode ser
chamado de “córtex novo”, reflectindo o facto de que, em
O cérebro e o Sistema Nervoso
termos evolutivos, esta parte do córtex é recente. Assim,
podemos concluir que o cérebro está em evolução.
(zona subcortical)
O córtex tem a fama de nos tornar inteligentes, mas
isto é só uma parte da história, o córtex permite-nos ser
flexíveis no comportamento, por exemplo, se uma rã
observar uma mosca a voar à sua frente tentará suga-la,
por outro lado, se um humano vir alguém com uma barra
de chocolate não a vai agarrar e comer, pois podemos
decidir o que vamos fazer, ou porque estamos de dieta
ou porque queremos guardar o apetite para a hora da
refeição,
mas
conseguimos
controlar-nos.
Esta
flexibilidade está na base da inteligência que caracteriza
muitos mamíferos, entre eles, nós, os humanos.
O cérebro e o Sistema Nervoso
Embora o córtex seja 80% do cérebro humano, tem
uma espessura de 2 a 3 mm. Isto é possível devido à
característica anatómica mais saliente do córtex, os seus
enrugamentos
(circunvoluções).
Se
alguém
pudesse
passar a ferro os enrugamentos do córtex humano, ele
ocuparia uma área de 2500cm2.
4.1.A sua divisão e estruturas
Algumas
das
circunvoluções
do
córtex
são
na
verdade fissuras. A fissura mais profunda existente no
córtex é a fissura longitudinal que se estende da parte
anterior à posterior e separa os hemisférios direito e
esquerdo.
O cérebro e o Sistema Nervoso
Outras fissuras marcam as grandes regiões de cada
um dos hemisférios, chamadas lobos. Existem quatro
lobos que têm o nome do osso craniano mais próximo.
Em cada hemisfério, os lobos frontal e parietal constituem
as porções mas anteriores e superiores do cérebro e são
separados pela fissura central (sulco central). Os lobos
temporais estão juntos com os lobos frontais com os
quais formam uma fissura, fissura lateral. O lobo occipital
é o lobo mãos posterior e está junto aos lobos temporal
e parietal.
O cérebro e o Sistema Nervoso
4.2. Localização de funções do
córtex
No século XIX a frenologia tornou-se popular.
Frenologia é o estudo da estrutura do crânio de modo a
determinar o carácter da pessoa e a sua capacidade
mental. A frenologia baseia-se na associação da forma da
cabeça (“caroços e protuberâncias”) com características da
personalidade da pessoa, carácter, grau e criminalidade,
etc.
Actualmente sabe-se que esta teoria não é viável,
apesar de haver zonas específicas para cada actividade,
no entanto não foram descobertas através da forma da
cabeça.
O cérebro e o Sistema Nervoso
Estudos posteriores baseados em lesões cerebrais
permitiram concluir que, tal como já se sabia, diferentes
estruturas do cérebro têm diferentes funções.
Ou seja, a zona pré-frontal do córtex corresponde à
área do pensamento, da resolução de problemas, da
concepção
de
especializada
planos
na
para
resposta
o
as
futuro,
já
informações
a
área
tácteis,
designada como a do córtex somatosensorial, localiza-se
no lobo parietal. Para além destas, existe ainda, uma zona
do córtex que permite a recepção de estímulos visuais e
auditivos, respectivamente, no lobo occipital e temporal.
Também existe uma zona do córtex associada aos
movimentos, o córtex motor, que funciona em conjunto
com o cerebelo, de forma a produzir movimentos
coordenados.
Existe
hemisférios
uma
assimetria
cerebrais.
Na
funcional
maioria
entre
das
os
dois
pessoas,
o
hemisfério esquerdo é o dominante. A sua função diz
respeito a tradução das percepções em representações da
realiadade, de natureza lógica, semântica ou fonética.
O cérebro e o Sistema Nervoso
Este hemisfério é o responsável por tudo o que se
relaciona com a liguagem e com a organização do
tempo.
Por outro lado, o hemisfério direito tem um papel na
construção de conceitos abstractos, estando especializado
no reconhecimento de uma melodia ou de uma cara
conhecida.
Nas funções existentes em cada um dos hemisférios
existe um chamado controlo contralateral que tem como
base o facto de quando há a estimulação do hemisfério
esquerdo desencadeia movimentos no lado do corpo por
outro lado quando há a estimulação do hemisfério direito
causa movimentos no lado esquerdo.
O cérebro e o Sistema Nervoso
4.3.Lesões e a sua
recuperação
As lesões no córtex podem ser provocadas por
tumores, hemorragias, bloqueio nos vasos sanguíneos e
acidentes.
Estas lesões levam à destruição de neurónios que,
por sua vez, não têm substituição possível, tal como,
acontece com as células mortas da nossa pele.
Poderíamos
estudar
uma
teoria
em
que
fosse
defendido o facto de áreas do cérebro que não foram
afectadas tomem as funções daquelas que sofreram
lesões, mas os factos não confirmam esta teoria, excepto
em crianças de até cerca de quatro anos de idade, cujo
cérebro ainda não atingiu o desenvolvimento completo.
Uma função perdida após uma lesão, pode vir a ser
recuperada numa outra zona do córtex, responsável pela
mesma função e assim compensar a “deficiência” (função
vicariante).
O cérebro e o Sistema Nervoso
Note-se que as conclusões baseadas no estudo das
lesões cerebrais devem ser consideradas com alguma
prudência, pois quando a lesão numa dada área provoca
um determinado défice psicológico, isto não nos informa
acerca do modo como essa área contribui para a função
que se perdeu, apenas nos diz que essa área está, de
alguma forma, envolvida na função que se perdeu.
Existem vários tipos de lesões, tais como, a apraxia,
que se baseia
na
incapacidade para
agir e uma
perturbação na organização da acção; a agrafia, que está
relacionada com incapacidade de escrever; a afasia,
incapacidade de falar, e pagnosia , que se debruça sobra
a incapacidade de reconhecer rostos.
→
Recuperação
Para recuperação de lesões cerebrais existem vários
tipos de especialistas aos quais se pode recorrer, tais
como,
Neurologistas,
Neurocirurgiões,
Fisiatras
e
Neuropsicólogos.
Os efeitos da deficiência ou incapacidade resultantes
de um dano cerebral podem ser tratados de várias
O cérebro e o Sistema Nervoso
maneiras, incluindo medicação, psicoterapia, reabilitação
neuropsicológica, cirurgia ou implantes físicos, tais como,
a estimulação profunda do cérebro, ou ainda se pode
recorrer à terapia ocupacional que está envolvida na
execução de programas de reabilitação para auxiliar na
recuperação de funções perdidas ou na reaprendizagen
de habilidades essenciais.
→
Técnicas de Imagiologia Cerebral

Tumografia axial computorizada (TAC)- Técnica para
visualizar a anatomia do cérebro através de um feixe
de raios X que atravessa a cabeça do paciente.

Imagiologia
por
Ressonância
Magnética
(IRM)-
Técnica de imagiologia mais utilizada,pois não se
utiliza a técnica do Raio X, baseando-se apenas no
princípio
físico
chamado
ressonância
nuclear
magnética.
-Mapas do córtex cerebral (imagens da
ressonância magnética estrutural) em plano frontal.
O cérebro e o Sistema Nervoso

Electroencefalógrama (EEG)- Técnica que consiste na
gravação da actividade pós-sináptica nos neurónios
corticais.
– Observação da actividade eléctrica do cérebro, à esquerda o traço é
normal, à direita o traço indica uma crise de epilepsia.

Tomografia Emissora de positrões (TEP)- Técnica que
permite uma imagens tridimencional da localização
da função cerebral.

IRM
funcional
procedimentos
(IRMf)da
IRM
Técnicaque
adapta
de
a
modo
os
fornecer
excelentes imagens anatómicas. Pode também ser
usada para medir as modificações fisiologicas rápidas.
4.4. Áreas de projecção
Descobertas da função cortical permitiram afirmar
que existem áreas primárias de projecção sensorial e
O cérebro e o Sistema Nervoso
motora. As áreas primárias de projecção sensorial
servem como estações de recepção de informação que
chega dos olhos, ouvidos e de outros órgãos dos
sentidos. A área primária de projecção motora é o
ponto de partida dos sinais que entram nas porções
inferiores do cérebro e da espinal medula até que por
fim levam ao movimento dos músculos.
4.4.1.Áreas primárias e nãoprimárias
O córtex cerebral funciona como uma estrutura que
acolhe
funções
distintas
em
diversas
áreas
complementares e coordenadas entre si.
As áreas primárias de projecção dividem-se em
sensitivas e motoras, já as áreas não-primárias são de
associação.
→Áreas
Motoras Primárias são o ponto de partida dos
sinais que entram nas porções inferiores do cérebro e da
espinal medula até que por fim levam ao movimento dos
O cérebro e o Sistema Nervoso
músculos. A área motora cortical localiza-se no lobo
frontal.
No homúnculo motor, áreas do corpo de tamanho
igual não recebem um espaço cortical com dimensão
igual. As partes do corpo com maior mobilidade capazes
de movimentos mais precisos e hábeis, tais como os
dedos e a língua, ocupam maior espaço cortical do que
as zonas do corpo com menor controlo, como o ombro e
o abdómen.
O cérebro e o Sistema Nervoso
→Áreas
Sensoriais Primárias ficam imediatamente
atrás da área motora primária. Esta área, localizada nos
lobos parietais em cada hemisfério, é a área receptora
para a informação sensorial dos órgãos dos sentidos.
A atribuição do espaço cortical é desproporcionada,
de modo que as partes do corpo mais sensíveis ao tacto,
como o dedo indicador e a língua, têm mais espaço
cortical. Tal como o controlo motor, a sensação é contra
lateral,
tal
que
a
informação
sensorial
de
cada
extremidade do corpo se dirige para o hemisfério do lado
oposto a esta. Lesões nestas áreas levam à perda de
sensibilidade discriminativa do lado oposto à lesão.
Existem áreas primárias de projecção semelhantes
para a visão e audição e estão localizadas nos lobos
ocidental e occipital respectivamente. A ablação bilateral
desta área leva à cegueira completamente, quanto à área
auditiva, a ablação desta área leva à surdez completa.
Também estas áreas de projecção são contra laterais.
O cérebro e o Sistema Nervoso
→Áreas
(de associação) não-primária
Consideram-se áreas de associação aquelas que não
se relacionam directamente com a motricidade ou a
sensibilidade e estavam implicadas em funções mentais
superiores com o planeamento, a percepção, a memória,
o pensamento e a linguagem.
As regiões associativas motoras amplas existem
imediatamente acima da área motora primária.
Estas áreas não-primárias servem para organizar e
relacionar as diversas mensagens que têm origem nas
O cérebro e o Sistema Nervoso
áreas primárias de projecção sensorial e que se dirigem
para as áreas primárias de projecção motora. Contribuem
efectivamente para a integração e a organização, para as
chamadas funções mentais superiores.
4.4.2. Áreas de Broca e Wernicke
Tanto a área de Broca como a área de Wernicke
estão relacionadas com as perturbações da linguagem. Os
nomes destas duas áreas foram atribuídos devido aos
seus autores, Paul Broca e Karl Wernicke.
A área de broca, localizada no lobo frontal esquerdo,
é
responsável
pelo
processamento
da
linguagem,
produção da fala e compreensão. A destruição da área de
broca provoca, geralmente, uma afasia expressiva.
A
área
de
Wernicke
é
responsável
pelo
conhecimento, interpretação e associação de informações.
Graves danos na área de Wernicke podem fazer com que
uma pessoa que escuta perfeitamente e reconhece bem
as palavras, seja incapaz de agrupar estas palavras para
formar um pensamento coerente.
O cérebro e o Sistema Nervoso
Assim, verificamos que estas duas áreas estão
interrelacionadas e isso permite-nos falar e interpretar um
discurso coerente.
Um exemplo bem conhecido é o do cérebro
embalsamado do célebre paciente de Broca chamado
“Tan”, por ser esta a única sílaba que conseguia articular,
devido a uma lesão na área de Broca.
O cérebro e o Sistema Nervoso
5. Curiosidades
Sabias que:
-O encéfalo de crianças de 5 anos tem quase 95% de
seu peso na vida adulta ;
- Na adolescência as cintigrafias cerebrais (técnica de
observação) mostram que partes do cérebro aumentam e
diminuem durante a puberdade;
- Nós temos no mínimo 100 triliões de sinapses no
nosso encéfalo – isto é, 100.000.000.000.000, ou seja,
mais que o número estimado de folhas nas árvores da
Floresta Amazónica;
- No pico do crescimento fetal, são produzidas 250 mil
novas células nervosas por minuto (15 milhões por hora) ;
- Células nervosas precisam de tanta energia que o
encéfalo consome até 20% do oxigénio do corpo;
-Os impulsos nervosos conseguem percorrer as fibras
nervosas em velocidade de até 430 km/h;
O cérebro e o Sistema Nervoso
6. Conclusão
Este trabalho permitiu-nos ficar a conhecer melhor o
funcionamento e a constituição do cérebro e do Sistema
Nervoso.
Através da pesquisa realizada ao longo das aulas,
conseguimos alcançar os nossos objectivos, que eram
interiorizarmos-nos no sistema Nervoso. Sendo o controlo
contralateral o que nos susceptou maior interesse, pois o
facto do hemisfério esquerdo controlar a parte direita do
corpo e o hemisfério direito a parte esquerda foi uma
novidade.
Inicialmente, este trabalho não foi o mais desejado,
mas acabámos por nos interessar bastante pelo tema e
realizar o trabalho da melhor forma possível.
O cérebro e o Sistema Nervoso
7. Bibliografia e
webgrafia
→
Bibliografia
Gleitman, Henry. Fridlund, Alan J. . Reisberg, Daniel.
Psicologia, 8ªedição. Fundação Calouste Gulbenkian,
Lisboa, 2009
→
Webgrafia
http://blig.ig.com.br/bio_loucos/2009/01/24/curiosidadessobre-o-encefalo-e-o-sistema-nervoso/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema_nervoso
http://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema_nervoso_central
http://pt.wikipedia.org/wiki/Enc%C3%A9falo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Medula_espinhal
http://pt.shvoong.com/medicine-and-health/1744353espinhal-medula/
http://www.math.ist.utl.pt/cienciaviva/teoria.htm
http://www.slideshare.net/joaomaria/basesneuropsicolgicas-da-aprendizagem
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