extinção

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EXTINÇÃO
Autores: Luis Antonio de Pinho e Fernando Mayer Pelicice
Sumário
I. Introdução
II. Padrões e causas naturais da Extinção
III. Extinções em massa
IV. Extinção normal ou de fundo
V. Extinções de fundo em Populações pequenas
VI. Extinções de fundo por fatores genéticos
VII. Histórico do estudo sobre Extinção
VIII. Padrões e causas atuais de extinções
IX. Níveis de ameaça às espécies
X. Considerações finais
XI. Referências
I. Introdução
A origem da vida na Terra ainda não é plenamente conhecida,
existindo algumas teorias que tentam iluminar essa questão. O fato é
que, desde esse acontecimento, a variedade de espécies vivendo no
planeta vem aumentando, sendo resultado de diferentes interações
que ocorrem em nível do indivíduo, assim como interações que
envolvem o ambiente e os seres vivos, num processo denominado
especiação (Figura 1).
Saiba mais
O termo especiação
designa o
surgimento de novas
espécies a partir de
uma forma
ancestral, por meio
de mudanças na
frequência gênica da
população existente.
Essa “criação” pode
acontecer em quatro
cenários diferentes
(Figura 1). A nova
espécie pode
aparecer pelo
surgimento de uma
barreira que segrega
a população original
(alopatria), pode
ocorrer pela
ocupação de um
novo habitat,
posteriormente
isolando-se
(peripatria) ou não
(parapatria), ou
pode aparecer por
mudanças genéticas
que ocorrem em
populações
coexistindo em um
mesmo habitat
(simpatria).
Figura 1: As diferentes maneiras pelas quais pode ocorrer a especiação: alopatria, peripatria,
parapatria e simpatria.
As diferentes forças de pressão que atuaram sobre as espécies,
como as mudanças climáticas, moldaram os atributos biológicos que
hoje estudamos como a idade de maturidade, número de
descendentes e expectativa de vida. Esses atributos, no seu conjunto,
compõem a história de vida do organismo. Fatores como competição
inter ou intraespecífica, doenças, predação ou mudanças ambientais
representam importantes forças de seleção atuando diretamente no
desenvolvimento e modificação desses atributos, sendo também
promotores diretos da especiação. Esses fatores em elevada
intensidade, entretanto, podem provocar efeitos extremos, a ponto de
impedir que uma espécie mantenha uma população viável num
determinado local ou região. Quando isso ocorre, e o último
indivíduo da espécie é eliminado, acontece o que chamamos de
extinção da espécie.
Por toda a história geológica da Terra, a taxa média de
especiação superou a de extinção, uma condição que resultou no
aumento progressivo de diversidade ao longo das eras. A diversidade
Saiba mais
A história de vida
do organismo diz
de que maneira os
indivíduos se
reproduzem,
crescem e morrem,
podendo-se assim
estudar as
diferenças que
ocorrem dentro e
entre as espécies e
os fatores que
levam a essas
variações.
de espécies no planeta teve taxas crescentes até cerca de 30 mil anos
atrás, período em que ocorreu a maior diversidade biológica no
planeta. Porém, esse valor passou a diminuir conforme o crescimento
da população humana, atingindo níveis de extinção comparáveis a de
grandes catástrofes que ocorreram no passado. Essa unidade procura
abordar os fatores que levam as espécies à extinção, discutindo
aqueles tidos como naturais, assim como o papel da espécie humana
nesse processo.
Ao final dos estudos dessa unidade, você será capaz de:
 conhecer os mecanismos pelos quais a extinção naturalmente
ocorre;
 saber de que maneira a atividade humana está causando um
aumento nas taxas de extinção;
 entender a importância da pesquisa básica sobre extinção,
para que se possa aplicar esse conhecimento, de modo que a
humanidade não interfira tanto nos processos naturais, em
particular na extinção de espécies;
 verificar como você faz parte do processo de perda da
biodiversidade.
II. Padrões e causas naturais da Extinção
Primeiramente, é importante esclarecer que o conceito de
extinção tem sido utilizado nem sempre com o mesmo sentido.
Existem conotações que levam em consideração a distribuição
geográfica da espécie. Caso a espécie ocorra em mais de um
local, e aconteça a morte do último indivíduo em uma
localidade, como em uma bacia hidrográfica ou uma reserva
florestal, dizemos que ocorreu a extinção local da espécie. Esse
tipo de extinção provoca efeitos apenas sobre o ecossistema
regional, visto que serviços e relações previamente atrelados a
espécie deixam de existir. Porém, nesse caso ainda não se
estabeleceu a perda total do genoma da espécie e a espécie
localmente extinta ainda pode ser encontrada em outras
regiões. Já na extinção global, todos os indivíduos foram
erradicados do planeta e o referido táxon, nesse caso, deixaria
de existir na natureza. Alguns ecólogos utilizam também o
termo extinção ecológica para designar uma espécie que não
possui uma população viável na natureza, destinada a
desaparecer com o tempo. Maiores explicações sobre
categorizações do estado de ameaça de uma espécie serão
dadas mais adiante.
A extinção é parte fundamental da natureza e do processo da
vida na Terra. Como dito, eventos sucessivos de extinção e especiação
se somaram por milhões de anos, criando e moldando a
biodiversidade que hoje contemplamos no planeta. Estima-se que
cerca de 99% das espécies que já viveram no planeta estejam agora
extintas, mas as causas e os fatores que levam às extinções naturais
ainda são pouco conhecidos.
O fenômeno é dificilmente observável em condições
laboratoriais e de estudos de campo, já que a extinção natural (assim
como a especiação) tende a ser um processo moroso, acontecendo em
escalas temporais muito amplas (geológica), compatível com o ritmo
temporal do planeta. Assim, o estudo dos mecanismos por trás das
extinções tem sido feito por meio de modelos teóricos e matemáticos
e da análise da documentação do registro fóssil. Diversas são as
dificuldades encontradas, já que os dados empíricos e teóricos e a
documentação do registro fóssil, que é considerada pelos próprios
pesquisadores como problemática, muitas vezes não coincidem. O
material coletado possui inúmeras lacunas temporais, dadas pela
simples falta de registro, pela dificuldade de se analisar
geneticamente o material mais antigo e o viés dado pelos próprios
fósseis, já que não são todos os tipos de organismos que permitem a
fossilização. Apesar de todas as dificuldades, o conhecimento
científico avançou e é isso o que vamos ver a seguir.
Saiba mais
III. Extinções em massa
Além das extinções pontuais e difusas que aconteceram por toda a
história do planeta (ver a seguir), sabe-se que ocorreram ao menos
cinco eventos de extinção em massa, fenômenos raros de desastres
naturais súbitos que destruíram grande parte na vida na Terra (Tabela
1). Segundo David M. Raup, em seu livro “Extinção: maus genes ou má
sorte?”, de 1991, a maioria desses eventos ocorreu depois de impactos
de grandes meteoritos (chamados de bólidos) com a Terra. Um ponto
mais controverso de sua teoria afirma que a sobrevivência das
espécies em tais eventos, dependeu apenas da distância do ponto
zero do impacto, e não de adaptações adquiridas com o processo
evolutivo. A tabela 1 aponta também outras razões para algumas das
extinções em massa, e muitos autores concordam com essas outras
teorias; porém as ideias de Raup ainda são válidas e deram novos
rumos teóricos para a discussão sobre os principais motores dos
processos de extinção e evolução.
David M. Raupp é
paleontólogo da
Universidade de
Chicago. Estuda a
diversidade de vida
na Terra e os
registros fósseis.
Junto com seu
colega, Jack
Sepkoski, ele sugere
que a extinção dos
dinossauros, há 65
milhões de anos, fez
parte de um ciclo de
extinções em massa
que ocorre a cada 29
milhões de anos.
Tabela 1: Eventos de extinção em massa registrados no planeta (adaptado de RAUP, 1994;
JØRGENSEN; FATH, 2007).
Período
geológico
Ocorrência
(milhões de anos
atrás)
Diversidade extinta
(%)
Ordoviciano
440
85
Devoniano
370
82
Permiano
245
96
Triássico
210
76
Cretáceo
65
76
Razão potencial
Esfriamento
global súbito
Mudança
climática global
Mudança
climática global
induzida por um
bólido
???
Colisão de
meteorito
Atividade Complementar 1
Com base no que vimos até agora, responda às seguintes
questões:
1. O termo “extinção” designa sempre o mesmo fenômeno?
Quais são as disciplinas que estudam esse acontecimento?
2. Quais são as grandes dificuldades em se estudar o processo
de extinção?
3. O que são extinções em massa?
IV. Extinção normal ou de fundo
Além desses eventos, outras forças provocam o que se chama de
extinção normal ou de fundo. Esse tipo de extinção representa a taxa
esperada de perda de espécies na ausência de eventos
extraordinários. Diferentes fatores, como competição por recursos,
predação excessiva, irrupção de doenças ou modificações na
qualidade do ambiente, podem diminuir a aptidão reprodutiva
(fitness – capacidade em deixar descendentes viáveis) dos organismos
a um nível em que a população é incapaz de se manter.
Como o ambiente e a matriz biótica (espécies) estão em
perpétua transformação, espécies estabelecidas não possuem garantia
alguma de que estejam mais consolidadas e adaptadas frente a outras
espécies que surgem. Caso espécies novas consigam ter alguma
vantagem adaptativa que a permita utilizar um recurso outrora
utilizado pela espécie estabelecida, essa poderá ter dificuldades em
manter uma população viável. A hipótese da “Rainha Vermelha”,
criada por Leigh Van Valen, em 1973, lida com essa questão,
afirmando que as espécies estabelecidas possuem as mesmas chances
de se extinguirem que as espécies novas, caso não continuem a se
especializar (evoluir) para se adaptar às novas condições. Seu nome
se deve à passagem do livro de Lewis Carroll, “Alice no País das
Maravilhas”, em que Alice tenta correr atrás da rainha vermelha, mas
se dá conta, após algum tempo, de que tanto ela quanto a rainha
continuavam no mesmo lugar (Figura 2).
Saiba mais
Leigh Van Valen é
um biólogo
evolucionista e,
atualmente, é
professor do
Departamento de
Ecologia e Evolução
da Universidade de
Chicago. Ele propôs
a hipótese da
“Rainha Vermelha”
como uma explicação
para a Lei da
Extinção.
Figura 2: Ilustração do trecho do romance “Alice no País das Maravilhas” que deu nome à
teoria de Van Valen. No caso, a Rainha Vermelha diz a Alice: “Aqui, como você vê, precisamos
estar sempre correndo para ficar no mesmo lugar”.
A extinção normal pode acontecer pela ação de desastres
naturais, com sua dinâmica de ação dada pelo acaso. Mas, existem
outros dois motivos pelos quais a extinção natural ocorre: i) nos
momentos em que as populações são raras e pequenas e ii) quando
ocorrem determinados processos de ordem genética, geralmente
também atrelados a pequenas populações.
A população de certa espécie invariavelmente torna-se escassa
em algum momento de sua existência. No início do episódio da
especiação, por exemplo, ela naturalmente possui um pequeno
contingente. Mesmo que a espécie aumente sua distribuição
geográfica, ela pode possuir populações de pequeno tamanho, por
exemplo, se viver em ambientes de dimensões restritas, como uma
pequena ilha. Além disso, a população pode se tornar rara, pois a sua
área geográfica e seu contingente foram diminuídos por um episódio
qualquer.
V. Extinções de fundo em Populações pequenas
Quando a população é pequena, dado qualquer um dos motivos
citados acima, uma série de razões pode provocar sua extinção. A
importância desses fatores depende do tamanho da população e das
características da espécie. As causas da extinção normal ou de fundo
podem ser de natureza ambiental, demográfica e/ou genética, e
podem ter características estocásticas ou mais determinísticas. A
seguir, iremos detalhar os diferentes processos que, quando
presentes, podem diminuir uma população até sua extinção.
A estocacidade ambiental é o nome dado aos eventos
inesperados que modificam de maneira significativa a qualidade
do ambiente, como situações em que se tenham alterações climáticas,
afetando toda a população de maneira similar. Essas mudanças
podem alterar taxas reprodutivas ou de sobrevivência das formas
existentes. Como exemplo, tomemos o caso recente de uma espécie de
borboleta (Euphydryas editha bayensis) presente na Califórnia, Estados
Unidos (Figura 3). Pela variação ambiental das últimas décadas,
ocorreram anos mais secos em que houve grande mortalidade de
larvas devido à rápida morte das plantas que servem de alimento à
espécie, ocasionando inúmeros episódios de extinções locais.
Figura 3: Euphydryas editha bayensis, espécie de borboleta ameaçada de extinção global devido à
repetidas extinções locais.
Variações demográficas ao acaso também podem implicar a
extinção normal de populações pequenas. Por exemplo, o sucesso
reprodutivo de uma população pode variar de maneira estocástica
entre os anos, fazendo com que sua taxa de crescimento intrínseco
(natalidade – mortalidade) varie consideravelmente. Como o
contingente é limitado, uma diminuição exagerada na taxa de
crescimento pode colocar a população em situação de risco,
especialmente se um evento promotor de mortalidade se suceder.
Entre os processos demográficos que podem ser considerados
mais determinísticos para a extinção normal, está o efeito de Allee,
que é o declínio da aptidão reprodutiva dada não por motivos
genéticos e sim pela baixa densidade populacional. Por exemplo,
num caso em que uma população está se estabelecendo, buscando
aumentar suas taxas de incremento populacional, e um fator externo,
como a predação, impede o aumento de sua densidade populacional.
Outro processo de natureza semelhante é o efeito de borda, em que,
por diversos motivos, os indivíduos da população se deslocam para
os habitats marginais, e têm uma queda na sua aptidão. Conforme a
amplitude geográfica dessa população diminui, aumenta a parcela
populacional que está na borda, e tem a aptidão reduzida.
Dinâmica
Metapopulacional
refere-se
a
redes
de
subpopulações que se mantêm estruturadas devido a constantes
migrações entre essas manchas populacionais (Figura 4). Diversos
fatores controlam o processo de migração entre as subpopulações,
como o número, tamanho e distribuição das manchas populacionais,
e as taxas de dispersão entre elas. Caso a população diminua, seja em
números de indivíduos ou de subpopulações, o fluxo de indivíduos
entre as manchas pode ser alterado de forma que inevitavelmente
ocorra o colapso do sistema. Essa seria então uma razão demográfica
e mais determinística para a extinção normal.
Thamnophis elegans
Figura 4: Representação de uma dinâmica metapopulacional de Thamnophis elegans, uma espécie
de cobra presente no lago “Eagle”, Califórnia. As diferentes siglas indicam subpopulações
distintas, e os círculos e setas são proporcionais ao tamanho da subpopulação e da taxa de
migração, respectivamente (adaptado de MANIER; ARNOLD, 2005).
VI. Extinções de fundo por fatores genéticos
Agora falaremos dos processos genéticos que facilitam a ocorrência
de extinções de fundo. Entre esses processos está a hibridização,
evento em que há o cruzamento interespecífico que, gerando uma
prole viável, propicia a especiação. Quando ocorre uma hibridização
entre uma população pequena e outra maior, algumas situações
podem desfavorecer a primeira. Pode, por exemplo, acontecer a
redução do recrutamento (reposição) de novos indivíduos às
populações originais, dificultando sua manutenção e crescimento
(Figura 5). Deve se considerar também a possibilidade da espécie
hibridizada se tornar competitivamente superior que a matriz,
reduzindo a aptidão dos indivíduos da população parental.
Alternativamente, a hibridização pode aumentar a frequência de
proles estéreis, um processo com efeitos extremamente negativos
para o recrutamento populacional, especialmente quando a chance de
acasalamento entre espécies é mais provável que o cruzamento
intraespecífico.
Figura 5: Extinção via hibridização, em que uma população rara (círculos brancos) se cruza com
outra espécie (círculos negros), diminuindo o recrutamento de novos indivíduos a cada geração
(adaptado de MAYHEW, 2006).
A depressão por endogamia é outro processo genético que
pode conduzir uma espécie rumo à extinção de fundo. Ele ocorre
quando a taxa de cruzamentos entre parentes ou indivíduos
geneticamente próximos é elevada, como, por exemplo, quando o
tamanho populacional é diminuído de maneira drástica (sobrando
poucos indivíduos em condição reprodutiva) ou quando uma
pequena população fica confinada a um pequeno ambiente (com
pouca chance de migração). A endogamia, por facilitar o
aparecimento de homozigose de alelos recessivos deletérios, ocasiona
a formação de proles defeituosas ou com baixa variabilidade genética.
Geralmente, as consequências desse processo são observadas pela
diminuição progressiva no tamanho da prole entre gerações, ou pela
diminuição na viabilidade reprodutiva da prole.
Atividade Complementar 2
Descreva as maneiras pelas quais ocorre a extinção de fundo ou
normal. Fale também sobre os processos que levam a extinção
normal em populações pequenas.
VII. Histórico do estudo sobre Extinção
Com tudo o que vimos até agora, entende-se que a extinção é um
fenômeno natural, presente em toda a história geológica do planeta,
que pode ser favorecido em algumas circunstâncias. Junto com a
especiação, a extinção representa um dos processos elementares por
trás da biodiversidade do planeta Terra, nos diferentes instantes de
sua longa história. Esse entendimento, entretanto, não foi sempre
assim. A aceitação de que espécies poderiam se extinguir é assunto
muito recente. Agora que conhecemos mais sobre as causas da
extinção, podemos fazer um resumo de todo o processo histórico que
levou ao conhecimento atual.
Em tempos imemoriais, antes mesmo do nascimento formal da
filosofia (~VII a.C.), o mundo era explicado por mitos. Mitologias de
criação, que relatam o nascimento do mundo e de seus seres,
usualmente argumentam que as espécies foram criadas
independentemente num momento particular da história, pelo
capricho e onipotência de um Criador. Uma vez colocadas no mundo,
as espécies só deixarão de existir por intervenção do mesmo criador
(como explica a história bíblica cristã do Dilúvio e a Arca de Noé).
Nessa interpretação, as espécies que habitam o mundo hoje são
exatamente as mesmas que povoaram o mundo no dia da criação.
Extinções casuais, sem a intervenção do Criador, são impossíveis.
Esse pensamento prevaleceu por quase toda a história da
humanidade e só começou a mudar com a descoberta (ou
reinterpretação) dos fósseis (Figura 6), entre o século XV e XVIII. Até
então, o material fóssil, principalmente conchas, ossos e pequenos
animais, recebia interpretações de diferentes naturezas. Por exemplo,
eram tomados como pedras que curiosamente se assemelhavam aos
seres vivos, organismos viventes que haviam sido petrificados, ou
mesmo vestígios de seres bestiais, como fênix e dragões – nunca
como representantes de espécies que deixaram de existir.
Figura 6: Exemplar fóssil de Tyrannossaurus rex, espécie extinta há mais de 65 milhões de anos
(Fonte: Wikimedia Commons).
Para você esse tipo de pensamento representa algo
inconcebível, mesmo para aqueles que viviam na época?
Responda e siga com a leitura.
Análises mais detalhadas do material, entretanto, mudaram o
rumo das interpretações. A falta de correspondência entre a biota
existente e as formas fósseis, sua localização particular e improvável
(conchas no cume de montanhas), assim como sua distribuição
precisa em estratos no sedimento levaram os pesquisadores da época
a imaginar que os fósseis poderiam ser, na verdade, espécies que
povoaram o planeta em épocas remotas e por razões desconhecidas
foram extintas. Entre esses pensadores estiveram Leonardo da Vinci e
o Conde de Buffon.
Mesmo com o crescente acúmulo de evidência fóssil, a aceitação
de que a extinção era um fenômeno natural continuou difícil entre os
pensadores, basicamente porque o pensamento mitológico
criacionista era incompatível com a ideia de que as espécies poderiam
desaparecer casualmente. Esse quadro mudou em definitivo somente
no século XIX, quando ideias evolucionistas começaram a adquirir
estrutura teórica mais robusta. No raciocínio evolutivo, as espécies
davam origem umas as outras, então elas poderiam, da mesma
forma, deixar de existir. Nesse contexto, os fósseis indicavam
exatamente isso: milhares de espécies que deixaram de habitar o
planeta.
Diversos evolucionistas participaram ativamente na elaboração
dessa nova concepção da existência das espécies, cada um com suas
próprias ideias, como Erasmus Darwin, Lamarck e o próprio Charles
Darwin. Importantes anatomistas tiveram papel análogo, como o pai
da paleontologia, Georges Cuvier. Mesmo sendo antievolucionista,
Cuvier fez cuidadosas análises de material fossilizado e se tornou um
dos maiores defensores da existência das extinções. Sir Richard
Owen, outro adversário das ideias darwinistas, foi um dos primeiros
a restaurar esqueletos de dinossauro – na condição de um grande e
terrível lagarto extinto. A extinção, a partir de então, passava a fazer
parte das teorias científicas.
A forma como a extinção operava passou então a chamar a
atenção. Para Charles Darwin, proponente da teoria da evolução por
seleção natural, a extinção é uma das forças mais importantes no
processo de evolução, ocorrendo de forma gradual e contínua ao
longo do tempo, causada principalmente pela incapacidade da
espécie em competir com outras na luta pela vida. O ponto de vista
de Darwin é conhecido como gradualista, já que as espécies se
transformam de maneira gradual no tempo, pelo vagaroso acúmulo
de modificações adaptativas.
Saiba mais
Erasmus Darwin
(1731-1802) foi
membro da família
Darwin, sendo avô
paterno de Darwin.
Médico inglês, que
além de escrever
poesias, escreveu
obras de caráter
científico sobre
medicina e
botânica. Sua obra
de destaque,
denominada
Zoonomia, de 1792,
abordou aspectos
de evolução, sendo
admirada pelos
seus netos,
inclusive Charles
Darwin.
O assunto ganhou rumo diferente no decorrer do século
passado, pela preocupação com a perda de espécies por ação humana
na década de 1960, e com as controvérsias acerca da grande extinção
ocorrida no Cretáceo, há 65 milhões de anos (Tabela 1). A discussão
caminhava no contexto das mudanças ambientais súbitas, sejam elas
de natureza física ou biológica, com suas características
intrinsecamente estocásticas, capazes de extinguir espécies
amplamente distribuídas. Esse modelo de extinção, que acometia
grande parte da biota ao mesmo tempo (extinção em massa), de certa
forma rivalizava com a noção de extinção defendida pelos pioneiros,
como a de Darwin (extinções graduais). Entre os expoentes dessa
linha de pensamento estão David M. Raup, já citado anteriormente, e
Stephen Jay Gould e Niles Eldredge, que criaram a teoria do
equilíbrio pontuado, na década de 1970. Essa teoria, chamada de
saltacionista, afirma que as espécies passam por longos períodos de
estase evolutiva. Na ocorrência de súbitas mudanças ambientais,
desencadeadas por algum evento, novas espécies se originariam
rapidamente, para então adentrarem num novo período de estase.
Nesse raciocínio, a especiação não ocorre de maneira gradual, mas de
maneira intensa e restrita a instantes particulares da história.
O que se viu desde então foram monólogos de paleobiólogos,
estudando fósseis e extinções em massa, defendendo os desastres
naturais como a verdadeira causa da evolução; e monólogos de
biólogos evolucionistas, pesquisando os fatores biológicos da
extinção, geralmente com abordagens conservacionistas. Porém, com
novas evidências moleculares sobre a história das espécies e,
sobretudo, com novas abordagens relacionadas à previsão da
susceptibilidade das espécies à extinção, as ideias de Darwin
tomaram novo fôlego.
Novas linhas de pesquisas estão surgindo, com abordagens que
integram biologia evolutiva, genética, ecologia e paleontologia. Essa
nova visão, compartilhada por David Jablonski e outros, busca
compreender a relação entre microevolução (adaptação) e
macroevolução (especiação e origem de táxons superiores). Nessa
nova abordagem, os processos que levam à extinção têm ambas as
causas, dadas repentinamente nos episódios de extinção em massa e
também pela seleção de espécies que, em recentes pesquisas, é tratada
pelos meios oriundos da chamada de seleção de espécies num sentido
amplo (broad sence), também chamado de species sorting, em que os
padrões evolutivos são moldados pelas diferenças nas taxas de
especiação e extinção que surgem pela interação de características
biológicas em nível de organismo (exemplos: tamanho corporal,
fecundidade) e/ou de espécie (exemplos: tamanho da população,
habilidade competitiva) com o ambiente.
Agora que vimos mais sobre esse assunto, pense um pouco
sobre o seguinte assunto: será que as gerações futuras irão olhar para
essas teorias mais recentes e pensarão como aqueles que
responderam “sim” frente à questão levantada na reflexão proposta
anteriormente? Ou levarão em conta os valores e conhecimentos da
sociedade até então?
Concluindo essa seção, a extinção é um processo natural
presente em toda a história da vida nesse planeta. As causas das
extinções, entretanto, possuem natureza muito diversa. Porém, um
dos promotores de extinção que Darwin e contemporâneos sequer
cogitavam encontram-se nas atividades humanas espalhadas na
biosfera. A ação humana representa a principal causa de perda de
biodiversidade na atualidade, com efeitos tão agressivos que quase se
equiparam aos bólidos do passado geológico. Sobre esse assunto
iremos falar agora.
Atividade Complementar 3
Faça um resumo sobre as teorias que tentam explicar a extinção.
VIII. Padrões e causas atuais de extinções
Atualmente, existe uma gama de fatores provocando mudança nas
condições ambientais e de relações entre as espécies, introduzida pela
ação do homem na natureza. Na verdade, as extinções causadas por
atividades humanas são documentadas desde a era pré-histórica,
como na colonização da Austrália e Américas, em que várias espécies
de grandes mamíferos desapareceram pouco depois da chegada dos
humanos. Porém, informações precisas sobre a atuação humana
desencadeando a perda de diversidade, incluindo a mensuração de
taxas de extinção, só apareceram a partir do século XVII.
Com base nos dados disponíveis, e por estimativas otimistas,
calcula-se a perda total de 85 espécies de mamíferos e 113 espécies de
aves entre o século XVII e a primeira metade do século XX, com taxas
de extinções crescentes (Figura 7). A queda nas taxas de ambos os
grupos a partir de 1950 ou pode ser atribuída a um real sucesso dos
esforços conservacionistas que conseguiram preservar a
biodiversidade das atividades antrópicas, ou ser uma superestimação
camuflada pelo esforço de coleta de dados por pesquisadores em
todo o mundo, que conseguiram, por exemplo, localizar espécies
dadas como extintas. Também se pode dizer que a diminuição ainda
não implica taxas seguras de perdas de espécies.
Com os avanços científicos do século XX, foi possível descobrir
que as extinções provocadas pelo homem têm muitas causas. Abaixo,
apontamos as mais importantes:
 destruição e fragmentação de paisagens naturais;
 degradação do habitat;
 introdução de espécies exóticas;
 sobre-exploração.
Esses fatores muitas vezes atuam em conjunto, sendo comum
que mais de um responda pelas extinções em curso. A intensificação e
manutenção dessas atividades estão fortemente relacionadas com o
modelo econômico de desenvolvimento adotado pela cultura
ocidental, que estimula o consumo e privilegia o acúmulo de bens e
capital. Por essa razão, alguns pesquisadores e ambientalistas
acreditam que a reversão do quadro depende muito mais de uma
reorientação ética na conduta da sociedade, do que grandes avanços
tecnológicos capazes de frear o ritmo das extinções. Para melhor
compreender a complexidade do problema, vale a pena analisar mais
detalhadamente as causas antrópicas da extinção. É o que faremos a
seguir.
Curiosidades
De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO),
uma raça de animal de criação desaparece por mês no mundo. Os países em desenvolvimento
formam o principal palco desse problema. Pequenos produtores agrícolas abandonaram a
criação de animais tradicionais em favor de raças de rendimento mais elevado importadas
dos Estados Unidos e da Europa. O que pode ser um grande erro. Num caso em Uganda, uma
seca assolou esse país, e só os produtores da raça Ankol, que vem sendo substituída por outra
raça que produz mais leite, puderam salvar seu rebanho, já que a espécie conseguiu chegar a
fontes d'água mais longínquas.
Fonte: http://ciencia.hsw.uol.com.br/extincao-animais.htm
Figura 7: Porcentagem de táxons de aves e mamíferos sendo extintos entre períodos de
cinquenta anos a partir do século XVII (adaptado de PRIMACK; RODRIGUES, 2001).
struição e fragmentação de paisagens naturais
O crescimento da população humana se deu de forma
assustadora nos últimos 150 anos, passando de um bilhão de
habitantes para dois bilhões entre 1850 e 1930, e para mais de seis
bilhões atualmente. Esse crescimento vertiginoso é produto direto de
tecnologias que melhoraram a condição geral do homem, como a
revolução industrial, a mecanização da agricultura, além de avanços
na cura e tratamento de doenças. A acomodação dessa
D
e
superpopulação no planeta tem implicado crescente expansão da
fronteira humana, demandado cada vez mais a modificação de
habitats e ecossistemas, antes selvagens. Consequentemente, a
destruição de paisagens naturais tomou proporções nunca vistas, já
que a expansão humana é inexoravelmente acompanhada pela
criação de novas áreas agricultáveis, expansão de cidades, atividades
mineradoras, grande projetos de infraestrutura, como a criação de
reservatórios, geração de energia e malhas de transporte. Por essa
razão, a destruição e modificação de habitats representam a principal
causa promotora de extinções no presente.
A intensa destruição de habitats naturais (principalmente os
florestais), experimentada nos últimos séculos, tem transformado
extensas áreas selvagens em núcleos remanescentes de menor
tamanho. Tais remanescentes geralmente encontram-se isolados no
espaço, rodeados por uma matriz ocupada por atividades antrópicas
(ex.: pastagem). A menor área de cobertura nesses remanescentes,
assim como seu isolamento espacial, faz com que se tornem simples
pedaços do ecossistema original, assumindo inclusive aspecto de ilha.
Esse processo desencadeia uma série de consequências negativas ao
remanescente, que podem, inclusive, comprometer sua continuidade.
Por exemplo, a chance de que preservem condições ótimas de
sobrevivência, como condições específicas de temperatura, umidade e
luminosidade, é muito menor. Não são capazes, portanto, de
manterem muitos dos elementos da biota original. Nesse cenário
aparece o “efeito de borda”, um fenômeno em que as condições na
fronteira do remanescente são tão alteradas, que espécies não
adaptadas a esse novo ambiente são eliminadas. É comum, inclusive,
que esse efeito se alastre progressivamente ao interior do
remanescente, transformando regiões internas em bordas. Nesse caso,
a área da “ilha” é significativamente diminuída com o tempo, até que
permaneçam apenas espécies tolerantes, pioneiras ou oportunistas.
O aparecimento de tais “ilhas” segue um padrão que é mais
conhecido como fragmentação do habitat, onde geralmente se
caracteriza a redução da área de cobertura, e o que antes era
uma unidade ecológica em termos espaciais, passa a se
distribuir em fragmentos. Muitos dos aspectos ligados à
fragmentação foram temas da Unidade anterior, mas é
importante agora salientar que a fragmentação implica o
aumento das bordas por área de habitat e que o centro de cada
fragmento passa a se localizar mais próximo da borda. O efeito
de borda então ganha proeminência. Além desse fenômeno, que
pode devastar o fragmento por completo (pois acomete espécies
arbóreas), deve-se destacar que os remanescentes têm menor
capacidade suporte, o que significa a manutenção de
populações menores. Adicionalmente, cria-se o contexto
propício para o aparecimento de problemas genéticos, como a
endogamia.
Vimos, então, que a perda de habitats desencadeia processos
que implicam a diminuição da população, ou até sua extinção local.
Quando a espécie se restringe a pequenas populações em poucas
áreas de ocorrência, dizemos que ela é uma espécie de população
rara. Populações raras têm sua importância para a diversidade, visto
que pelo menos 50% das plantas vasculares e 42% dos vertebrados
são endêmicos (ocorrem em apenas uma localidade) a 34 áreas
geográficas consideradas hotspots (algo como lugares “quentes”,
importantes) da biodiversidade. Um hotspot é um ambiente num
contexto especial, já que apresenta megadiversidade, muitas espécies
endêmicas, ao mesmo tempo em que sofre elevada pressão antrópica
pela perda e/ou degradação do habitat. Nesses locais, onde a extinção
é provável, a perda de espécies acontece em nível global. Essas áreas
somadas representam algo em torno de 2,3% da área elevada acima
do mar na Terra (Figura 8).
Figura 8: Os 34 hotspots para a conservação da biodiversidade no mundo, mostrados em
vermelho (Fonte: www.biodiversityhotspots.org ).
A fragmentação pode também promover efeitos indiretos, mas
importantes na desestabilização de algumas populações. Entre estes,
está a diminuição da capacidade de dispersão e colonização.
Considerando que os recursos, como alimento, podem ficar
distribuídos de maneira heterogênea entre os fragmentos, o custo de
aquisição energética se eleva – nem todas as espécies conseguem
atravessar com facilidade a matriz de entorno, considerando também
que a pressão de predação costuma se intensificar tanto na borda
como na matriz. A consequência mais direta disso seria a diminuição
da aptidão reprodutiva dos indivíduos. Destaca-se, por fim, que a
redução da área muitas vezes implica um aumento de disputas por
áreas centrais, mediada pela territorialidade.
Internet
Para saber mais
sobre os
hotspots e
diversas outras
informações
acerca da
conservação da
biodiversidade,
acesse o site da
organização
Conservação
Internacional no
Brasil, presente
em:
http://www.co
nservation.org.b
r
Entre os hotspots mostrados na Figura 8, não estão citadas
muitas áreas que são altamente representativas da biodiversidade
planetária: algumas florestas tropicais das Américas e da África (as
da Ásia estão em sua maioria listadas entre os hotspots – ver Figura 8).
As florestas tropicais ocupam cerca de 7% da superfície da Terra, mas
representam de 40 a 50% da biodiversidade total. Com base em
análises por sensoriamento remoto, estima-se que a cada ano cerca de
1% da área total de florestas tropicais seja destruída para os mais
diversos fins, entre eles o aumento da fronteira agrícola e a
prospecção de minérios.
Além da questão óbvia das extinções de espécies endêmicas nas
florestas tropicais, outro grande problema está associado com a perda
dessas áreas. As extinções em massa são seguidas, nos milhões de
anos posteriores ao episódio, por eventos intensos de especiação, que
tem sua origem nas espécies ancestrais remanescentes – fenômeno
chamado de radiação adaptativa. Alguns cientistas argumentam que,
visto que esses ambientes influenciam os processos climáticos
regionais e muitas vezes globais, a destruição e alteração destes
locais, associada à frequente pobreza dos solos nestas áreas, podem
diminuir ou eliminar a capacidade natural de uma futura radiação
adaptativa. Em outras palavras, a pobreza da biota sobrevivente a um
evento de extinção em massa dificultaria a recomposição do planeta.
Degradação do habitat
Na degradação, o habitat continua existindo fisicamente, mas
sua qualidade ambiental é significativamente alterada. Esse processo
está sempre associado a algum evento de perturbação antrópica que
não modifica estruturalmente todas as condições para as populações
presentes no sistema, como no caso da destruição de habitats.
Impacta-se, em alguns casos, apenas uma parcela da comunidade
presente, por pressão seletiva da perturbação a certas espécies. Vale
destacar que eventos de destruição do habitat são invariavelmente
acompanhados por efeitos de degradação.
A emissão de poluentes talvez represente o melhor exemplo de
degradação, já que afetam certas populações, podendo levá-las à
extinção. A contaminação com pesticidas é uma das formas mais
agressivas, já que entram nas cadeias alimentares promovendo
problemas fisiológicos até mesmo em seres humanos. Estes
compostos também poluem as águas, promovendo efeitos
semelhantes. Além destes, outras substâncias contaminam o solo,
corpos d’água e lençóis freáticos, como herbicidas, dejetos, óleos,
detergentes, metais pesados e materiais radioativos. Fertilizantes
também alteraram a qualidade ambiental, principalmente de
comunidades aquáticas.
Em escala planetária, o aquecimento global promovido pelas
emissões de dióxido de carbono na atmosfera também constitui numa
forma de degradação ambiental. Esse e outros gases atmosféricos,
como o metano, intensificam o efeito estufa, que nada mais é do que
uma maior absorção da radiação solar por esses gases e pelo vapor
d’água (nuvens), aumentando a quantidade de energia retida na
Terra. Como a energia é retida na forma de calor, ocorre aumento na
temperatura do planeta. Alterações climáticas desse tipo devem
redistribuir a biota no planeta num futuro próximo, inclusive com
extinções. Especialistas preveem o derretimento completo das calotas
polares em algumas décadas, o que deve desorganizar de maneira
profunda os ecossistemas dos polos e ter interferência nas regiões
tropicais do planeta.
Introdução de espécies exóticas
A distribuição natural da biota no globo é muito heterogênea,
tanto é que a maioria das espécies tem distribuição limitada a
algumas localidades (endemismo). Essa distribuição é produto direto
de sua história evolutiva, assim como de aspectos da história
geológica do planeta. A humanidade, desde suas mais remotas
origens, vem rompendo com esse padrão de distribuição, ao
transportar e introduzir milhares de espécies nos mais diferentes
pontos do planeta. As espécies introduzidas, chamadas de exóticas ou
não-nativas, na maioria das vezes, enfrentam dificuldades em
colonizar o novo ambiente, pela inadequação às suas necessidades
biológicas. Porém, quando elas conseguem estabelecimento de
populações viáveis, seus efeitos costumam ser altamente deletérios
para a biota residente. Como não houve coevolução entre as partes,
espécies nativas frequentemente não possuem mecanismos de defesa
ou habilidades competitivas contra o invasor; igualmente, o invasor
não possui inimigos naturais ou patógenos no novo ambiente,
encontrando caminho livre para a colonização. Nesse contexto, a
humanidade tem redistribuído as espécies entre os ecossistemas
numa velocidade antes nunca vista, o que faz da introdução de
espécies a segunda maior causa promotora de extinções na
atualidade.
A degradação de habitats e o aumento das bordas nos
fragmentos de sistemas ecológicos geralmente facilitam a colonização
de espécies invasoras generalistas. Acredita-se, inclusive, que os
grandes eventos de invasão conhecidos aconteceram em conjunto
com importantes modificações de habitats ou fortes perturbações
ambientais. Nesse caso, alterações na qualidade ambiental, por
desestabilizar as comunidades residentes, geram oportunidade de
invasão.
Entre os efeitos provocados pelas espécies não-nativas,
destacam-se a predação, competição, transmissão de doenças,
hibridização e mesmo alterações na qualidade do ambiente. O
resultado tem sido a perda de espécies, assim como alterações graves
Saiba mais
Sobre as espécies
exóticas. Leia:
Espécies
Exóticas:
Situação
Brasileira.
Brasília: MMA,
24p., 2006.
no funcionamento dos ecossistemas. Vale destacar que habitats
insulares (ilhas) são especialmente vulneráveis às invasões, cujas
condições ambientais particulares produzem espécies endêmicas
altamente suscetíveis a impactos. Existe ampla documentação desse
tipo de fenômeno, como a introdução acidental da cobra arbórea
marrom (Boiga irregularis) em algumas ilhas do Oceano Pacífico
(Figura 9), que, pelo seu comportamento de se alimentar de ovos de
pássaros, dizimou 10 espécies endêmicas. A introdução de ratos, cães,
gatos e porcos em diversas ilhas ao redor do mundo também
contribuíram no desaparecimento de espécies de aves, que
nidificavam no chão ou possuíam poder de voo muito limitado.
Figura 9: A cobra arbórea marrom (Iboga irregularis), espécie exótica introduzida que levou a
extinção de espécies endêmicas de algumas ilhas do Oceano Pacífico (Fonte:
http://www.fws.gov/pacific/lawenforcement/BrownTreeSnake.html).
Sobre-exploração
A sobre-exploração compreende o exercício em excesso de
atividades pesqueiras, de caça e extrativistas, tendo registros de
casos de extinção derivados dessas atividades. Estudos indicam, por
exemplo, que a pesca oceânica demonstra sinais claros de
esgotamento. O mesmo aconteceu com diversas populações de aves e
mamíferos ao redor do mundo. Em outros casos, eliminaram-se
intencionalmente certas populações pelos problemas que causam à
sociedade,
como
espécies
nocivas
a
agricultura
ou
vetores/causadores de doenças. Espécies predadoras, que causam
prejuízos a rebanhos, também foram alvo de programas de controle
ou erradicação. Importante citar o comércio ilegal de animais
silvestres, para domesticação, recreação, uso em pesquisas e na
prospecção e manufatura de produtos, como confecção de casacos de
pele ou produção de remédios, que contribui na diminuição
populacional e extinção local de várias espécies.
Atividade Complementar 4
Responda às questões abaixo:
1) A extinção de espécies pelas das atividades humanas é um
fenômeno recente, presente praticamente desde a revolução
industrial, ou não? Por quê?
2) Quais são as principais causas da perda atual da
biodiversidade
relacionadas
com
o
homem?
Fale
resumidamente sobre cada uma delas.
IX. Níveis de ameaça às espécies
Alguns estudos conseguiram identificar as condições onde a
probabilidade de extinção é maior. Tais condições foram então
ordenadas em 13 categorias não excludentes (Tabela 2), com o
propósito de se priorizar esforço conservacionista sobre espécies mais
vulneráveis. Todas as condições podem ocorrer por ação antrópica, e
algumas podem ocorrem naturalmente. Uma espécie pode se
enquadrar em mais de uma categoria, o que aumenta o seu grau de
vulnerabilidade. Esse arranjo de informação deve facilitar o
reconhecimento das espécies com maior chance de extinção,
auxiliando na tomada de medidas e/ou políticas de manejo e
conservação.
Tabela 2: Categorias de classificação de espécies vulneráveis à extinção pelas atividades
antrópicas (Fonte: dados de PRIMACK; RODRIGUES, 2001).
Categoria
Descrição
Ocorre naturalmente?
Área de ocorrência
Qualquer evento que altere ou destrua
sim, especialmente em
geográfica limitada
uma área específica pode desencadear
ilhas
a extinção.
Poucas populações
Idem
sim, especialmente em
Populações pequenas
Idem. Inclui vulnerabilidade genética
sim, especialmente em
Populações em declínio
Sinal de que existe uma perturbação
sim, mas raramente
ilhas
ilhas
interna ou externa
Baixa densidade
Vulnerável à fragmentação do habitat,
populacional
onde pode ocorrer pequenas
sim, mas raramente
populações em cada pedaço
Necessidade de habitats
Tendem a desaparecer com
extensos
danificação de parte da área ou pela
fragmentação
sim, mas raramente
Grande porte
Sofrem pela necessidade de grande
sim
habitats e geralmente tem populações
pequenas e/ou com baixa densidade
Ineficácia na dispersão
Condições do habitat mudam
raríssimo
rapidamente e forçam a migração para
evitar a extinção. Aqueles que não
conseguem fazê-lo tendem a extinguirse
Migrantes sazonais
Problemas quando uma das áreas de
raríssimo
migração foi danificada e/ou
destruída; ou quando há empecilhos à
sua dispersão
Pouca variabilidade genética
Vulneráveis a mudanças ambientais,
sim, especialmente em
na predação ou de patógenos
ilhas
Necessidade de nichos
Alteração de habitats pode inviabilizar
sim, mas raramente
especiais
a vida, devido à ausência de outra
Preferência por ambientes
Intolerância a mudanças ambientais,
espécies com as quais se relacionava
estáveis
sim
como árvores presentes sob o dossel
de florestas tropicais. Geralmente tem
populações pequenas e ciclo
reprodutivo longo (seleção k)
Formação de agregações
Em certos períodos, toda sua
sim, mas raramente
população se aglomera, facilitando a
predação/captura.
Espécies caçadas ou
Sobreexploração da espécie pode
consumidas
diminuir sua população
sim, mas raramente
As condições apresentadas na Tabela 2 auxiliam na identificação
das espécies mais suscetíveis à extinção. Nessa linha de raciocínio, e
com o intuito de gerar dados globais quanto ao estado de ameaça à
extinção das espécies conhecidas, alguns parâmetros internacionais
foram estabelecidos, em grande parte pelos esforços de uma
organização não-governamental, chamada União Internacional pela
Conservação da Natureza – IUCN (sigla, em inglês, para International
Union for Conservation of Nature and Nature Resources). Os parâmetros
propostos por essa organização são adotados quase que
universalmente na formulação de políticas nacionais e locais de
conservação e manejo da biodiversidade. A ideia principal é
identificar as espécies ameaçadas nos diferentes biomas do planeta,
assim como determinar o seu nível de ameaça.
Importante dizer que a classificação do nível de ameaça, ou
declaração de sua extinção, requer extensos e cuidadosos estudos.
Essa tarefa é árdua, complexa e custosa, já que o inventário atual de
espécies é ainda incompleto, e o conhecimento da distribuição e
biologia dos táxons descritos é ainda muito pobre. Por exemplo,
Internet
Para mais
informações
sobre a lista da
IUCN divulgada
em 2009, acesse:
http://www.car
bonobrasil.com/
print.php?report
agens_carbonobr
asil/noticia=7236
38
E o próprio site
da IUCN:
http://www.iuc
nredlist.org
alguns cientistas acreditam que as cerca de 1,75 milhões de espécies
inventariadas até o presente correspondam a aproximadamente 10%
da real biodiversidade total, e a menos de 1% das populações
geneticamente distintas.
As categorias de ameaça e extinção criadas pela IUCN são
apresentadas a seguir. O esquema de adoção das categorias é
ilustrado na figura 11.
Extinta (EX): uma espécie é considerada extinta quando, após
extensos estudos nos habitats conhecidos e esperados do táxon,
levando-se em consideração fatores como seu ciclo de vida e a escala
temporal, não se registram mais indivíduos. Como exemplo, temos o
quagga africano (Figura 10 a).
Extinta na Natureza (EW): espécies que ocorrem apenas fora do
seu habitat natural, principalmente em cativeiro (ex.: mutum-donordeste, Figura 10 b).
Ameaçada: segundo a versão 3.1 da IUCN, criada em 2001,
existem três níveis de ameaça à espécie, conforme se segue:
(i) Criticamente em perigo (CR): enquadra aquelas espécies com alto
risco de extinção eminente;
(ii) Em perigo (EN): ainda não em perigo crítico, mas com risco alto
de extinção num futuro próximo;
(iii) Vulnerável (VU): considera que em médio prazo esse táxon
estará ameaçado. Nessa categoria tomamos como exemplo a
arara-azul-de-lear (Figura 10 c), cuja situação de ameaça era
criticamente em perigo (CR), mas que por esforços
conservacionistas houve aumento de sua população e a espécie é
atualmente listada no nível de ameaça em perigo (EN).
(a)
(b)
(c)
Figura 10: (a) Quagga (Equus quagga quagga); (b) mutum-do-nordeste (Mitu mitu) e (c) araraazul-de-lear (Anodorhynchus leari).
Populações, numa localidade qualquer, podem estar sofrendo
perturbações que ainda não comprometem sua viabilidade, assim
como podem não estar sofrendo risco iminente de extinção. Espécies
nessas situações são enquadradas nas categorias a seguir, e não são
consideradas ameaçadas:
Quase ameaçada (NT): ainda não atingiu o critério de
ameaçado-vulnerável, mas se não forem tomadas medidas para sua
conservação tornar-se-á rapidamente.
Não ameaçada (LC): após as avaliações e inventários,
considerou-se que não se justifica o enquadramento da espécie em
nenhuma das categorias de risco.
Existe a possibilidade da informação disponível ser insuficiente
para uma conclusão segura sobre o status da espécie. Existe uma
categoria que abriga essas espécies:
Deficiente em dados (DD): é assim considerado o táxon com
dados que não permitem saber seu estado de ameaça. Para estes são
necessárias mais pesquisas para a consolidação do seu status de
conservação. Destaca-se que essa categoria pode abrigar espécies
seriamente ameaçadas, em risco iminente de extinção.
Cabe destacar que muitas espécies não foram avaliadas em
termos de distribuição, aspectos biológicos e impactos associados
(Figura 11). Considerando que conhecemos aproximadamente um
décimo da biodiversidade global, e que a lista mais recente da IUCN
contempla aproximadamente 3% do total conhecido (47.677 espécies
– dados divulgados em novembro de 2009), a maioria das espécies se
enquadra nessa categoria. Assim como na categoria DD, espécies não
avaliadas podem estar em condição crítica de ameaça, uma situação
muito complicada pela falta de conhecimento. Existe a possibilidade,
nesse caso, que a espécie desapareça antes mesmo de ser descrita.
Espera-se, portanto, que a intensificação nos programas de pesquisa e
monitoramento suprima aos poucos essas deficiências.
Figura 11: Esquema para a avaliação do status de ameaça das espécies, segundo a IUCN (2001)
(fonte: MACHADO et al., 2008).
Atividade Complementar 5
Leia o texto abaixo (adaptado), que foi extraído da revista
Nature, de setembro de 2009, escrito por Johan Rocksröm e
colaboradores. Ele traz uma abordagem muito interessante
sobre as ações humanas na Terra. O artigo original é em inglês,
e está referenciado no final da Unidade. A seguir, redija um
pequeno texto com as suas ideias sobre o tema.
Um espaço de operação seguro para a humanidade
“Apesar de a Terra ter passado por vários períodos de
mudanças ambientais significativas, o ambiente na Terra tem se
mantido relativamente estável pelos últimos 10.000 anos. Este
período de estabilidade – conhecido pelos geólogos como Holoceno –
tem visto civilizações humanas surgirem, desenvolverem e
declinarem. Tal estabilidade pode agora estar sob ameaça. Desde a
Revolução Industrial, uma nova era surgiu, o Antropoceno, no qual
as atividades humanas tem se tornado o principal motor para a
mudança ambiental global. Esta pode ver as atividades humanas
empurrar o sistema terrestre para fora do estado ambiental estável do
Holoceno, com conseqüências que são prejudiciais ou até mesmo
catastróficas para grandes partes do mundo. [...] Sem a pressão dos
humanos, esperava-se que o Holoceno durasse por ao menos várias
centenas de milhares de anos.
Limites planetários
Para encontrar o desafio de manter o estado do Holoceno, nós
propomos uma abordagem baseada nos “limites planetários”. Esses
limites definem o espaço de operação seguro para a humanidade com
respeito ao sistema da Terra [...]. Nós tentamos identificar processos e
limiares do sistema da Terra que, se atravessados, podem gerar
mudanças ambientais inaceitáveis. Nós encontramos nove de tais
processos que nós acreditamos que sejam necessários para definirem
os limites planetários: mudanças climáticas, taxa de perda da
biodiversidade (terrestre e marinha), interferência nos ciclos do
nitrogênio e fósforo, depleção do ozônio estratosférico, acidificação
do oceano, uso da água doce global, mudança no uso da terra (para
agricultura, p. ex. – Nota do Tradutor.), poluição química, e
carregamento de aerossóis atmosféricos.
Taxa de perda da biodiversidade
A extinção de espécies é um processo natural, e pode ocorrer
sem ações humanas. No entanto, a perda da biodiversidade no
Antropoceno tem acelerado maciçamente. Espécies estão se tornando
extintas numa taxa que não é vista desde o último evento de extinção
em massa global.
O registro fóssil mostra que a taxa de extinção de fundo para a
vida marinha é de 0,1-1 extinção por milhão de espécies por ano; para
mamíferos ela é de 0,2-0,5 extinção por milhão de espécie por ano.
Hoje, a taxa de extinção de espécies é estimada em ser 100 a 1.000
vezes o que se poderia considerar natural. Junto com a mudança
climática, as atividades humanas são as principais causas da
aceleração.
[...] A perda da biodiversidade ocorre a nível local/regional,
mas pode ter efeitos que penetram no funcionamento dos sistemas da
Terra, e interage com vários outros limites planetários. Por exemplo, a
perda da biodiversidade pode aumentar a vulnerabilidade de
ecossistemas terrestres e aquáticos a mudanças no clima e na
acidificação do oceano, e portanto reduzindo os níveis dos limites
seguros para esses processos. [...] Isto significa que uma redundância
aparente é necessária para manter a resiliência de um ecossistema.
[...] De uma perspectiva dos sistemas da Terra, estabelecer um
limite para a biodiversidade é difícil. Apesar de que agora seja aceito
que uma mistura rica de espécies mantém a resiliência dos
ecossistemas, pouco se sabe quantitativamente sobre quanto da
biodiversidade pode ser perdida antes da resiliência ser erodida. [...],
nosso limite planetário para a biodiversidade de dez vezes a taxa de
extinção de fundo (10 extinções por milhão de espécies por ano, N. T.)
é apenas uma estimativa preliminar. [...] No entanto, nós podemos
dizer com alguma confiança que a Terra não pode manter a taxa atual
de perda da biodiversidade sem uma erosão significativa da
resiliência do ecossistema.
Balanço delicado
Apesar dos limites planetários serem descritos em termos de
quantidades individuais e processos separados, os limites são unidos
com força. Nós não temos o luxo de concentrar nossos esforços em
qualquer um deles em isolamentos dos outros. Se um limite é
transgredido, então os outros limites estão sob sério risco. [...]
Os limites que nós propomos representam uma nova
abordagem para definir pré-condições biofísicas para o
desenvolvimento humano. Pela primeira vez, nós estamos tentando
quantificar os limites seguros fora dos quais os sistemas da Terra não
podem continuar a funcionar em um estado estável, parecido com o
do Holoceno. [...]
As evidências até agora sugerem que, enquanto os limiares não
sejam ultrapassados, a humanidade tem a liberdade de perseguir o
desenvolvimento social e econômico em longo prazo.”
X. Considerações finais
Vamos refletir um pouco sobre tudo o que vimos? No início da
Unidade, vimos de que maneira os processos evolutivos
desencadeiam as extinções naturais das espécies viventes.
Vimos que esse é um fenômeno absolutamente normal, e que o
destino final de todas as espécies é invariavelmente serem
extintas. A atividade humana sempre teve um impacto na
natureza, e existem registros de extinções causadas por
humanos desde períodos pré-históricos. Porém, a atividade
humana atual tem levado a uma perda da biodiversidade que é
considerada insustentável e que pode ter, em conjunto com
outros processos que estão sendo alterados, consequências
drásticas, como o texto de Rockström sugere. Com base nessas
informações, o que podemos fazer frente a tais problemas, que
parecem totalmente descontrolados e sem solução?
Alguns pontos importantes podem ser levantados frente a essas
questões. Primeiramente, a pesquisa de base com relação às causas da
extinção é uma forte fonte de conhecimento dos processos e, ao se ter
mais consciência do problema, é mais fácil de lidar com ele. Essa
busca tem caminhado a ritmos galopantes perante os avanços
recentes de diversas áreas, como a genética, paleontologia, ecologia e
Internet
Visite o site:
http://evolution
.berkeley.edu/,
e tenha acesso a
informações
relevantes sobre
evolução.
a biologia da conservação, bem como a própria mudança de
pensamento filosófico com relação a como se fazer ciência, que hoje
tem uma abordagem bem mais integralista do que anteriormente,
cujo pensamento paradigmático encontrava-se na defesa de uma
disciplina em particular para o encontro de respostas gerais.
O segundo ponto encontra-se na própria resposta da
sociedade perante o problema. É muito fácil ver atualmente matérias
de revistas e jornais denunciando e/ou discutindo sobre os efeitos
das atividades humanas sobre a biodiversidade. Esse fato, somado a
muitos outros, denunciam a preocupação geral da população perante
o tema, e que justamente o avanço do conhecimento científico está
repercutindo e fortalecendo as demandas sociais de mudanças de
políticas de desenvolvimento e economia.
Mas, é importante saber que fazemos parte de alguma maneira
dos fatores que levam a perda de biodiversidade, seja na maneira que
nos alimentamos, nos transportamos, nos divertimos ou em nosso
trabalho. Verifique atentamente suas atividades e veja de que
maneira elas impactam o ambiente e, posteriormente, a vida na Terra.
Vamos dar o nosso exemplo. Para escrever essa Unidade, utilizamos
computadores e luminárias, que gastam energia, cuja fonte é uma
usina hidrelétrica. A construção dessa usina demandou o
represamento de um rio, o que pode ter levado a extinções locais ou
até mesmo globais, caso as espécies fossem endêmicas. Faça você
também suas conexões e faça o possível para impactar menos o
planeta.
XI. Referências
BEGON, M.; TOWNSEND, C. R.; HARPER, J. L. Ecologia: de
indivíduos a ecossistemas. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2007.
FUTUYMA, D. J. Biologia evolutiva. 2. ed. Ribeirão Preto: Sociedade
Brasileira de Genética/CNPq, 1997.
JABLONSKI, D. Extinction: past and present. Nature, v. 427, p. 589,
2004.
JABLONSKI, D. Species selection: theory and data. Annual Reviews in
Ecology, Evolution and Systematics, v. 39, p. 501-524, 2008.
JØRGENSEN, S. E.; FATH, B. D. A new ecology: systems perspective.
1. ed. Amsterdam: Elservier, 2007.
MACHADO, A. B. M.; DRUMMOND, G. M.; PAGLIA A. P. (Ed).
Livro vermelho da fauna brasileira ameaçada de extinção. 1 ed. Brasília:
Saiba mais
Conheça o site da
United Nations
Environmental
Programee (UNEP),
programa das
Nações Unidas para
assuntos
ambientais. Acesse:
www.unep.org,
e tenha acesso a
diversos materiais
relacionados às
consequências das
atividades humanas
sobre o meio
ambiente.
MMA; Belo Horizonte: Fundação Biodiversitas, 2008.
MANIER, M. K.; ARNOLD, S. J. Population analysis indentifies
source-sink dynamics for two sympatric garter snake species
(Thamnophis elegans and Thamnophis sirtalis). Molecular Ecology, v. 14,
p. 3965-3976, 2005.
MAYHEW, P. Discovering evolutionary ecology. 1. ed. Oxford: Oxford
University Press, 2006.
PRIMACK, R. B.; RODRIGUES, E. Biologia da conservação. 1. ed.
Londrina: Editora Planta, 2001.
RAUP, D. M. The role of extinction in evolution. Proceedings of the
National Academy of Sciences, v. 91, p. 6758-6763, 1994.
RAVEN, P. H.; BERG, L. R. Environment. 3. ed., Orlando: Harcourt
College Publishers, 2001.
REZNICK, D. N.; RICKLEFS, R. E. Darwin’s bridge between
microevolution and macroevolution. Nature, v. 457, p. 837-842, 2009.
RICKLEFS, R. E. A economia da natureza. 5. ed. Rio de Janeiro:
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ROCKSTRÖM, J. et al. A safe operating space for humanity. Nature, v.
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SIMBERLOFF, D. The ecology of extinction. Acta Paleontologica
Polonica, v. 38, n. 3/4, p. 159-174, 1994.
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