Remédio não é antídoto contra a ressaca

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7.03.2011 às 00h00 > Atualizado em 17.12.2011 às 01h12
Remédio não é
antídoto contra a ressaca
Médicos alertam sobre o risco à saúde do folião que
recorre a medicamentos
Rio - Engana-se quem pensa que os medicamentos de venda livre — que não precisam de
receita e têm o consumo aumentado em 40% durante o Carnaval — são a solução para
todas as ressacas. Especialistas alertam: remédio não cura o mal estar de quem exagera
nas bebidas alcoólicas durante a folia. Pelo contrário, o uso não orientado de analgésicos,
antiácidos e remédios para enjoo é perigoso para quem ainda pretende aproveitar a Festa
de Momo.
“Não existe medicamento contra ressaca. Os que prometem acabar com o problema são,
na verdade, uma mistura de anti-histamínico, analgésico e antiácido. Isto não elimina o
mal, somente alivia os sintomas”, afirma o clínico Marcos Benchimol.
Segundo o profissional, fazer uso desses remédios sem orientação médica pode causar
irritação no estômago e arritmias cardíacas. Em alguns casos, pode até mascarar alguma
enfermidade desconhecida pelo paciente.
“Medicamentos injetáveis para enjoo, por exemplo, podem causar agitação psicomotora,
inquietação, alterações no batimento cardíaco, o que, em pessoas que já apresentam
estes problemas, é potencialmente grave”, diz Benchimol. “Entre os não injetáveis, o risco
é menor devido à absorção mais lenta da substância pelo organismo”, afirma o
profissional, ressaltando que os analgésicos também podem ser perigosos se consumidos
em excesso.
Já a farmacêutica Dafne Estevão destaca que é preciso conhecer a origem do mal-estar
antes de utilizar os medicamentos. As dores de cabeça da ressaca, por exemplo, podem
ser causadas por uma sobrecarga do fígado. Nesse caso, se o folião tomar mais de uma
dose de analgésico de uma só vez ou em pouco espaço de tempo, os efeitos colaterais do
medicamento podem ser potencializados.
“Dor de cabeça é algo muito incômodo, mas tomar dois remédios de uma só vez não
dobra o efeito positivo da droga. Pelo contrário, a dor pode não passar e ainda agravar o
problema: pode haver episódios de vômito e náuseas”, afirma Dafne.
É melhor prevenir do que remediar: a melhor forma de evitar o mal-estar alcoólico não é
automedicar-se, e sim a moderação. Além disso, é fundamental não beber de estômago
vazio e manter-se hidratado antes, durante e depois da ‘bebedeira’. “Intercalar a ingestão
de bebida alcoólica com água irá facilitar a eliminação do álcool e, portanto, as chances de
ressaca no dia seguinte”, recomenda Marcos Benchimol.
FOLIA ESPERTA
É fundamental saber a causa do mal-estar. Na dúvida, procure assistência médica.
Nunca tome uma dose maior do que a recomendada, achando que o medicamento irá
resolver o problema mais rapidamente. O problema pode até se agravar.
O uso concomitante de medicamentos e álcool pode causar tontura, perda da
coordenação motora e redução dos reflexos.
Não acredite em milagres: nenhum remédio cura ressaca. Os medicamentos, no máximo,
minimizam os sintomas da ‘bebedeira’.
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