Sistema de Vigilância da Peste Suína Clássica (PSC) Inquérito soroepidemiológico visando comprovar a ausência de atividade do vírus da PSC nos criatórios de suínos da zona livre Elaborado a partir de material fornecido pelo Dr. Vitor Salvador Picão Gonçalves, DVM, PhD Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Saúde Animal Laboratório de Epidemiologia Veterinária - EpiPLan FAV - Universidade de Brasília Campus Darcy Ribeiro Brasília - DF - Brasil 1. Objetivo Demonstrar e documentar a ausência de atividade do vírus da PSC nos criatórios da zona livre, visando aumentar a sensibilidade do sistema de vigilância ativa da enfermidade. 2. População alvo Os resultados serão inferidos para toda a população de criatórios de suínos dos Estados participantes. 3. Metodologia de amostragem Em um inquérito por amostragem em grande escala, a seleção das unidades de amostragem – usualmente animais – através do método aleatório simples seria muito difícil, ou mesmo impraticável, e não consideraria a tendência natural da doença de concentração em agrupamentos/rebanhos de animais. Por estas razões optou-se por utilizar uma amostragem em duas etapas, que consistiu em: • numa primeira fase, foi selecionado aleatoriamente um número predeterminado de criatórios (unidade primária de amostragem) objetivando detectar se a infecção ocorre na zona alvo, com uma determinada prevalência; e, • seguidamente, em cada criatório selecionado, foi escolhido aleatoriamente um número predeterminado de animais (unidades elementares de amostragem) para concluir se haveria ou não presença do vírus. 4. Hipótese de trabalho Em função do alto poder de difusão do vírus da peste suína clássica, se ocorresse atividade viral, a prevalência de criatórios infectados seria igual ou superior a 1%, em cada estado amostrado. Hipóteses estatísticas: (1) Caso exista atividade viral, espera-se, com 95% de confiança, detectar pelo menos um criatório positivo em cada estrato de amostragem. Em outras palavras, se em nenhum criatório forem detectados indícios de atividade viral, a probabilidade desta existir na população alvo de cada estrato de amostragem é inferior a 5%. (2) Se em criatório com atividade viral existirem pelo menos 10% de suínos adultos, a probabilidade mínima de encontrar pelo menos um animal positivo em cada uma delas é de 95%. A detecção de pelo menos um animal reagente, classificará o criatório como possivelmente infectado, originando neste uma investigação epidemiológica mais detalhada. A hipotética prevalência mínima de 10% em criatórios infectados é conservadora se for considerada a natureza altamente infecciosa do vírus da PSC. 5. Método de diagnóstico e animais elegíveis 5.1. Testes de diagnóstico Ensaio imunoenzimático (ELISA) para detecção de anticorpos contra o vírus da PSC. 5.2. Animais elegíveis para amostragem Serão amostrados apenas animais adultos, dado que estes se mantêm tempo suficiente no local de criação para terem tido contato com o agente infeccioso, caso houvesse atividade viral. 5.3. Método de amostragem Em cada Estado, o tamanho da amostra é suficiente para obter 95% de probabilidade de detecção de atividade viral se pelo menos 1% dos criatórios estiverem infectadas. Os cálculos foram realizados usando o software específico Freecalc. Foi utilizada a distribuição hipergeométrica e os parâmetros seguintes: • Tamanho da população = número de criatórios em cada Estado; • Prevalência mínima de criatórios infectados = 1 %; • Grau de confiança ou probabilidade de detecção de pelo menos um criatório infectado= 95%; • Sensibilidade agregada (nível de rebanho / criatório) do sistema de diagnóstico = 95%; Estes parâmetros resultam numa amostragem de 314 criatórios clusters por Estado. Entretanto, para prevenir qualquer perda de confiança estatística, serão amostrados 320 criatórios. Com base no total de criatórios existentes por Estado foi feita uma amostragem aleatória simples a partir de 320 números aleatórios, a partir dos quais se estabeleceu o número de criatórios a serem amostrados por município. Em cada município, os criatórios amostrados serão escolhidos com base em critérios de risco, previamente definidos pelo sistema de vigilância da PSC, preconizado pelo PNSS. Recomenda-se que seja elaborada uma lista de criatórios de risco por município, a qual servirá para sortear aleatoriamente os locais onde serão coletadas amostras. o Norma Interna DSA n 5, de 20/8/2009 “A escolha dos estabelecimentos de criação para serem amostrados ficará a cargo do serviço veterinário oficial, em nível de UVL, baseando-se nos critérios a seguir: • estabelecimentos de criação em fronteira internacional e divisas da zona livre de PSC existente no país; • proximidade a reservas naturais, áreas de proteção ambiental ou parques nacionais com fauna de suídeos silvestres; • criatório de suínos localizados em áreas periurbanas ou comunidades carentes; • áreas com suídeos criados extensivamente; • assentamentos rurais ou reservas indígenas; • estabelecimentos de criação que fornecem resíduos alimentares (lavagem) aos suídeos; • proximidade a lixões; • estabelecimento de criação pertencente a proprietário com propriedade em outro país ou em área endêmica; • proximidade a graxarias; • proximidade a quarentenários de suídeos. A identificação desses CS depende fundamentalmente do envolvimento dos médicos veterinários das UVLs do sistema de defesa sanitária animal, que são responsáveis pela caracterização do espaço produtivo no(s) município(s) em que atuam.” Seleção das unidades elementares de amostragem (animais) A amostragem de animais dentro dos clusters visou obter 95% de probabilidade de detecção de pelo menos um animal soropositivo, com a finalidade de classificar o criatório como infectado ou não infectado. A amostragem restringiu-se aos animais adultos. Os cálculos amostrais foram baseados na distribuição hipergeométrica e executados com o auxilio do software Freecalc. O uso desta distribuição estatística justifica-se em função da população dos criatórios ser finita e a amostragem ser feita sem substituição de unidades amostrais. Em virtude da sensibilidade imperfeita (95%) do teste de diagnóstico foi introduzido um fator de correção nos cálculos, já previsto no software utilizado. Os parâmetros de amostragem foram os seguintes: • Tamanho da população = número de animais adultos em cada criatório; • Prevalência mínima de animais infectados = 10%; • Grau de confiança ou probabilidade de detecção = 95%; • Sensibilidade do teste de diagnóstico = 95%. Deve ser mencionado que a especificidade imperfeita (menor do que 100%) dos testes de diagnóstico não foi considerada nos cálculos amostrais, uma vez que o processo de diagnóstico só deverá terminar no momento em que um resultado positivo for confirmado, ou descartado, como indicativo de atividade viral, após uma investigação epidemiológica complementar. Tabela de amostragem de suínos adultos em cada criatório o (esta tabela substitui aquela da Norma Interna DSA n 5/2009) Nº de suínos adultos existentes Nº a ser amostrado Até 15 total existente 16 - 20 15 21 - 30 20 31 - 50 23 51 - 80 26 Mais de 80 30 Tabela de amostragem de criatórios por município Mato Grosso do Sul MUNICÍPIO Nº Criatórios Nº Criatórios Amostrados AGUA CLARA 22 1 ALCINOPOLIS 100 2 AMAMBAI 161 4 ANASTACIO 86 2 ANAURILANDIA 76 1 ANGELICA 79 3 ANTONIO JOÃO 65 2 APARECIDA DO TABOADO 9 0 AQUIDAUANA 51 2 ARAL MOREIRA 158 6 BANDEIRANTES 57 2 BATAGUASSU 49 3 BATAIPORA 123 8 BELA VISTA 243 10 BODOQUENA 10 0 BONITO 141 4 BRASILANDIA 20 0 CAARAPO 120 6 CAMAPUA 32 1 CAMPO GRANDE 118 4 CARACOL 51 2 CASSILANDIA 35 1 CHAPADAO DO SUL 48 2 CORGUINHO 55 2 CORONEL SAPUCAIA 77 3 CORUMBA 180 9 COSTA RICA 122 5 COXIM 18 2 DEODAPOLIS 66 3 DOIS IRMAOS DO BURITI 18 0 DOURADINA 19 2 DOURADOS 129 6 ELDORADO 99 4 FATIMA DO SUL 14 1 FIGUEIRAO 19 0 GLORIA DE DOURADOS 26 0 GUIA LOPES DA LAGUNA 61 2 IGUATEMI 213 3 INOCENCIA 33 0 ITAPORA 45 2 ITAQUIRAI 236 12 IVINHEMA 151 10 JAPORA 167 3 JARAGUARI 91 4 JARDIM 27 1 JATEI 19 2 JUTI 96 3 LADARIO 6 1 LAGUNA CARAPA 78 5 MARACAJU 97 4 MIRANDA 22 2 MUNDO NOVO 213 8 NAVIRAI 95 3 NIOAQUE 182 6 NOVA ALVORADA DO SUL 45 2 NOVA ANDRADINA 157 5 NOVO HORIZONTE DO SUL 109 5 PARANAIBA 167 5 PARANHOS 104 5 PEDRO GOMES 25 4 1.226 46 PORTO MURTINHO 63 5 RIBAS DO RIO PARDO 43 2 RIO BRILHANTE 118 3 RIO NEGRO 47 0 PONTA PORA RIO VERDE DE M.T 30 2 ROCHEDO 147 12 SANTA RITA DO PARDO 89 3 SAO GABRIEL DO OESTE 113 8 9 0 SELVIRIA SETE QUEDAS 85 2 SIDROLANDIA 359 13 SONORA 18 0 TACURU 130 10 TAQUARUSSU 49 2 TERENOS 162 6 TRES LAGOAS 77 2 VICENTINA 57 4 7.957 320 Total