ORIENTAÇÃO E MOTIVAÇÃO EM SAÚDE BUCAL COMO ALIADAS

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Interbio v.9 n.2, Jul-Dez, 2015 - ISSN 1981-3775
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ORIENTAÇÃO E MOTIVAÇÃO EM SAÚDE BUCAL COMO ALIADAS NO
TRATAMENTO ODONTOLÓGICO DO DEFICIENTE MENTAL
GUIDANCE AND MOTIVATION IN ORAL HEALTH AS ALLIED IN DENTAL
TREATMENT OF MENTALLY DISABILITY
JARA, Anna Flavia Bogarim1; MOTTA, Eduardo Ferreira2
Resumo
As pessoas com deficiência mental, em virtude da sua dependência e vulnerabilidade possuem maior
suscetibilidade a problemas bucais, apesar dos cuidados bucais para estas pessoas não diferirem muito do que é
realizado para outras pessoas, certas dificuldades, assim como encontrar serviços apropriados as suas demandas,
faz com que haja um aumento dos distúrbios bucais entre pacientes com deficiência mental. Deste modo este
estudo teve por objetivo buscar o que a literatura tem abordado a respeito das orientações e motivação em saúde
bucal como aliadas a terapêutica odontológica do deficiente mental, nas bases de dados Scielo, BBO-odontologia
Brasil, para busca de estudos publicados a partir de 2003. Os estudos encontrados relataram que as principais
alterações dentárias encontradas em portadores de deficiência mental é a cárie. Assim estratégias simples, como
a capacitação do cirurgião-dentista desde sua graduação é importante para que o protocolo de atendimento do
paciente com deficiência mental seja seguido de modo correto, atendendo as necessidades específicas de cada
um.
Palavras-chave: Orientação, motivação em saúde bucal, deficiente mental.
Abstract
People with mental disabilities because of their dependency and vulnerability are more susceptible to oral health
problems, despite oral care for these people do not differ much from what is done to others, certain difficulties,
as well as finding appropriate services to their demands, means that there is an increase of oral disorders among
patients with mental disabilities. Therefore, this study aimed to seek what the literature has discussed about the
advice and motivation in oral health and dental therapy combined with the mentally deficient in the Scielo data,
BBO-dentistry Brazil, to search for studies published from 2003 onwards. the studies found reported that major
dental abnormalities found in patients with mental disabilities is the decay. So simple strategies, such as dentist
training since graduation is important for the treatment protocol for patients with mental disabilities is followed
correctly, meeting the specific needs of each.
Keywords: Guidance, motivation in oral health, mentally deficient.
1
Graduanda do curso de Odontologia do Centro Universitário da Grande Dourados/MS - UNIGRAN.
email: [email protected]
2
Docente do curso de Odontologia do Centro Universitário da Grande Dourados/MS - UNIGRAN.
JARA, Anna Flavia Bogarim; MOTTA, Eduardo Ferreira
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Introdução
Antes de discorrermos a respeito da
orientação e motivação em saúde bucal para
os pacientes com deficiência mental, é
importante conceituarmos saúde mental, e
transtorno mental, conforme Silva et al.,
(2011) a Organização Mundial de Saúde,
define o bem estar como a esperteza da
oportuna eficácia autonomia, competência e
auto realização de capacidades intelectuais e
emocionais a partir de uma perspectiva
transcultural. Já transtorno mental é definido
como distúrbio, seja por alterações no
cérebro ou em outras partes do corpo, que
influenciam para a alteração de conduta e
enfraquecimento da memória.
A International Association of
Dentistry for Desabilites and Oral Health
(IADH) distribuiu os pacientes portadores
de deficiência mental em dez grupos,
conforme os comprometimentos ou áreas
afetadas pela doença que apresenta. Assim
há: desvios de inteligência, deficiências
físicas, deficiências congênitas, desvios
comportamentais,
desvios
psíquicos,
deficiências
sensoriais
de
áudio
comunicação, doenças sistêmicas crônicas,
doenças endócrino-metabólicas, desvios
sociais e estados fisiológicos especiais
(CARVALHO; ARAÚJO, 2004).
Portanto, deficiência mental é
definida em três condições, a primeira diz
respeito ao funcionamento intelectivo
subnormal, a segunda refere-se quando a
deficiência mental que tem origem durante o
período de desenvolvimento adaptativo e a
terceira pode ainda ser definida como,
quando há detrimento sobrevindos em
condições que surgem sob forma de
retardamento
maturacional,
existindo
lentidão como andar, sentar, deficiências de
aprendizagens ou de relacionar-se com
outras crianças (SOUZA; BOEMER, 2003).
Desse modo Campos et al., (2009)
preconizaram que ao atender um paciente
com problemas mentais na consulta durante
o atendimento odontológico deverá ser
realizado um questionário de saúde
minucioso, registrando no prontuário
odontológico os tipos de medicamentos
utilizados, como por exemplo, sedativos,
ansiolíticos e anticonvulsivantes, que podem
ocasionar xerostomia e hiperplasia gengival,
estabelecendo laços de confiança e vínculo
para evitar a insegurança e medo,
divulgando aos pais os meios de proteção da
saúde bucal para o paciente, orientar a
higiene oral do paciente, para ele mesmo e
para sua família; caso seja necessário devese recomendar o uso de escovas com
adaptadores, dedeiras e passa-fio, indicar a
escova elétrica para pacientes com
dificuldade de coordenação motora e no
atendimento odontológico explicar o que
será feito e como será executado.
Em
casos
de
atendimento
Odontológico às crianças portadoras de
deficiência mental é necessário que os
cirurgiões-dentistas além de receber o
paciente no consultório, também recebam
sua família, pois é sabido que em algumas
situações pais de crianças com algum tipo
de deficiência mental devem realizar
modificações em sua estrutura social para
conviver com uma criança especial, assim a
ansiedade e superproteção ou rejeição em
relação ao filho são frequentemente
encontradas, logo o bom relacionamento do
cirurgião-dentista com os pais é essencial,
para que os procedimentos odontológicos
realizados sejam compreendidos (SILVA et
al., 2005a).
A capacitação do cirurgião-dentista
para lidar com pacientes portadores de
necessidades especiais requer dedicação.
São poucos profissionais que atuam nessa
área, sendo uma especialidade odontológica
reconhecida mais recente em relação às
outras. Muitas instituições ainda não
ingressaram esse conteúdo em seus
currículos, e isso interfere na formação
profissional, habilidade no atendimento e
conhecimento sobre esse grupo de pacientes
especiais. É necessário que o cirurgiãodentista busque interagir com os pacientes,
procure informações e convivência para
obter melhor desempenho em seu
atendimento odontológico (CARVALHO et
al., 2004).
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Celeste et al., (2012) acrescenta, que
antes do cirurgião-dentista julgar os
pacientes com deficiência mental em
pacientes difíceis e agressivos, deve
entender que eles na verdade são pacientes
diferentes, que requerem que o profissional
possua conhecimentos técnicos e científicos,
além de ser tolerante e possuir espírito
humanitário.
Para atendimento odontológico do
paciente portador de deficiência mental é
necessário que primeiramente o cirurgiãodentista busque conhecimentos básicos
relativos à deficiência, saiba suas
características, diagnostico, classificação, já
que são pacientes que necessitam de uma
atenção especial. O profissional deve agir
com paciência, compreensão, boa vontade,
saber os limites de acordo com cada
paciente e garantir melhor habilidade para
realizar o tratamento (PERES et al., 2005).
Segundo Jamelli et al., (2010) apesar
de algumas barreiras encontradas durante o
tratamento odontológico, tanto pela
dificuldade do profissional em saber lidar
com o paciente bem como por parte do
mesmo em colaborar com os atendimentos,
os portadores de deficiência mental
necessitam de atenção odontológica, pois
estão sujeitos a várias alterações bucais,
apresentando alto índice de cárie,
necessidade protética, doença periodontal e
elevada perda dental, e por consequência
desses fatos exibem elevado número de
dentes cariados, perdidos e obturados
(CPOD).
A doença periodontal é uma das
patologias mais encontradas na cavidade
oral de pacientes com deficiência mental,
sendo este um dos motivos de indícios de
inflamação e perda dentária que prejudica a
mastigação, fonética e estética do paciente.
A presença dessa afecção bucal desenvolvese com frequência por apresentarem déficit
intelectual e motor tornando-se precária a
realização da higiene oral e a eliminação de
seu fator etiológico (ROMANELLI, 2006).
A alta prevalência da doença
periodontal depende de vários fatores como
a idade do paciente, utilização de vários
medicamentos que resultam na diminuição
do fluxo salivar, grau de deficiência, porque
quanto mais severa é maior sua debilidade
motora. Mesmo com o controle da placa
bacteriana os pacientes portadores da
deficiência mental estão propensos a
desenvolver a doença periodontal, esse fato
pode influenciar em doenças sistêmicas,
principalmente doenças cardiovasculares,
portanto é necessário acompanhamento
odontológico para eliminar possíveis focos
de infecção que colocará em risco tanto a
saúde oral como a saúde geral do paciente
(FERREIRA, 2010).
Conforme Abreu et al., (2004) as
manifestações bucais em indivíduos com
deficiência mental irão variar segundo o
grau de comprometimento neuropsicomotor
e a conduta dos responsáveis, no que
concerne a ajuda do controle preventivo,
evitando ou diminuindo a incidência de
doenças bucais, como cáries e doença
periodontal, assim como maloclusões
decorrentes de hábitos bucais deletérios.
Caso a patologia mental esteja integrada à
epilepsia, poderá haver hiperplasia gengival
em virtude do desequilíbrio nos hábitos de
higiene, renovação de fibroblastos e uso de
fármacos que contenham definilidantoína,
fenobarbital e ácido valpróico.
A orientação e motivação em saúde
bucal de pacientes especiais, incluindo
deficientes mentais é um método preventivo
muito eficaz, auxilia a melhorar as
condições orais dos pacientes, reduzindo a
incidência de placa bacteriana, sendo este
um dos fatores de desenvolvimento da
doença
periodontal.
A
assistência
odontológica deve ser realizada de maneira
simples, eficiente e rápida, através de
orientação, reforço de escovação, aplicação
de flúor e acompanhamento (RESENDE et
al., 2007).
Neste sentido, o propósito é
incentivar o profissional a orientar e motivar
seu paciente com deficiência mental, para
um tratamento básico, eficiente e acessível
economicamente, acreditando-se que desta
forma se consiga proporcionar uma boa
condição de saúde bucal e geral, com
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métodos simples e preventivos, garantindo
dessa forma redução da necessidade de
técnicas invasivas e também o custo do
tratamento (FLÓRIO et al., 2007).
Portanto, destaca-se que para o
atendimento às pessoas portadoras de
deficiência mental é necessário obter maior
conhecimento
das
características,
diagnóstico e classificação desse distúrbio
neurológico, sendo que o intuito de realizar
essa revisão de literatura é proporcionar
mais informações a todos os profissionais da
área de odontologia, especificamente aos
que se dedicam a este tipo de atendimento.
Diante deste contexto onde por
muito tempo os portadores de patologias
mentais eram segregados e excluídos da
sociedade, muitos eram simplesmente
internados e destituídos do seu direito de
conviver em família e com a sociedade.
Com a odontologia caracterizada por uma
prática
cirúrgico-restauradora,
não
considerando as condições de vida dessa
população, ou mesmo não sabiam ao certo
como proceder diante do atendimento a
pacientes com problemas mentais, é algo
que vem sendo modificado. Atualmente na
área de odontologia apesar de poucos, já
existem cirurgiões-dentistas capacitados
para tratar da saúde bucal de pessoas com
transtorno mental.
Assim este estudo buscou o que a
literatura tem abordado a respeito das
orientações e motivação em saúde bucal
como aliadas a terapêutica odontológica do
deficiente mental.
Materiais e Métodos
As informações foram coletadas por
meio de base de dados: Biblioteca virtual da
saúde e Scielo. O descritor utilizado foi:
“Orientação e motivação em saúde bucal
como aliadas no tratamento odontológico do
deficiente mental”. Quanto aos critérios
adotados para este estudo foram utilizados
artigos científicos e tese de doutorado com
tema referente ao trabalho.
O tipo usado foi a Pesquisa
bibliográfica,
pois
o
trabalho
foi
desenvolvido com o objetivo de conhecer as
diferentes
contribuições
científicas
disponíveis sobre o tema proposto e é
comum a presença de citações a respeito do
assunto. Esse tipo de pesquisa usa como
metodologia referência bibliográfica já
existente, e através de citações indiretas
expõem-se as ideias de vários autores,
ampliando o conhecimento do leitor. É
muito
utilizado pela maioria dos
pesquisadores e alunos de faculdades, sendo
uma boa maneira de assimilação seja qual
for o conteúdo (LIMA; MIOTO, 2007).
Nesse caso especifico traz de forma direta o
desenvolvimento e a conclusão sobre o
assunto tratado nesse trabalho.
Neste estudo foram incluídos, teses,
dissertações, livros e artigos publicados
entre 2003 a 2013. Foram excluídos estudos
publicados anteriores a 2003, mesmo que
tratem sobre o assunto a ser pesquisado.
Como se trata de um estudo
bibliográfico não teve riscos físicos para a
pesquisadora, podendo apenas, não haver
todas as informações necessárias nos
estudos para responder aos objetivos
específicos da pesquisa, já que dependerá do
que já está publicado sobre o tema.
Sobre os benefícios, a pesquisa
trouxe mais conhecimentos aos profissionais
e acadêmicos que se interessam pelo
assunto.
Foi feito um levantamento nas bases
de
dados
BBO-odontologia
Brasil,
periódicos da Capes e Scielo a fim de se
buscar os estudos publicados a partir de
2003 sobre o assunto, foram utilizadas as
seguintes palavra-chave: transtorno mental,
odontologia, prevenção, cuidados bucais.
Discussão
De acordo com Fernandes (2011),
em sua pesquisa realizada com 25 pacientes
portadores de deficiência mental, atendidos
na clínica odontológica da Universidade
Federal de Paraíba, em relação às alterações
orais houve maior ocorrência de cáries 80%,
8% neoplasias benignas, 4% dente decíduo
retido, fenda palatina e mesiodente
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respectivamente. Como a cárie foi a mais
prevalente o autor referido optou pela
indicação terapêutica exodontia (remoção
cirúrgica de um dente), também utilizada
por Fernandes et al., (2011) Lee et al.,
(2009) que adotaram esse procedimento
como forma de remoção dos elementos
muito cariados, por ser menos complexo e
evitar complicações ou a necessidade de um
possível retratamento.
Crall
(2007),
Davis
(2009),
Gallagher (2007) e Council (2012)
concordam que a cárie é o tipo de alteração
odontológica mais encontrada entre os
portadores de problemas mentais, porque
eles possuem maior propensão a uma
higiene bucal deficiente. Além do fato da
utilização de algumas medicações para
controlar a deficiência que influenciam o
fluxo salivar e ainda pelo fato de alguns
fármacos possuírem grandes quantidades de
sacarose.
Abreu et al., (2004) também
compartilha da mesma ideia dos autores
acima citados, quanto ao fato da prevalência
de cárie, ser em virtude da higienização oral
precária, além do que em alguns graus da
deficiência mental a falta de coordenação
motora também dificulta a higienização,
assim como a dieta inadequada dos
pacientes. Na dentição decídua a hipoplasia
do esmalte também pode estar presente,
sobre a ocorrência de hiperplasia gengival, é
ocasionada pelo uso dos medicamentos
anticonvulsivantes a base de hidantoína.
Já no caso de indivíduos portadores
de síndrome de Down, não há prevalência
de cárie, porém a outros tipos de alterações
orais, como palato ogival, língua fissurada,
subdesenvolvimento da maxila com
protusão da língua, microdentes decíduos e
permanentes e hipocalcificação do esmalte
dentário. Portanto o tipo de alterações orais
irá depender do tipo de deficiência mental
que o paciente possui (CALVANCANTE et
al., 2009).
Jung (2011) complementa que o
portador de deficiência mental, pode
apresentar hipo
ou
hiperfonia
da
musculatura
de
lábios,
bochechas,
macroglossia, má oclusão e morfologia
dental alterada. Também é comum os
mesmos serem respiradores bucais e
apresentarem
bruxismo.
Diante
das
características apresentadas o portador de
deficiência mental, faz parte de um grupo
mais incidente de cáries, doença periodontal
e má oclusão.
Diante deste contexto a realização de
atividades educativas, sejam de ordem
preventiva ou curativa, necessita de uma
abordagem individual e coletiva e deve ser
embasada na realidade de cada paciente, a
fim de atingir os objetivos propostos. Assim
o cirurgião-dentista tem um papel
importante no contexto de tratamento e ação
terapêutica. A Resolução 22/2001 do
Conselho Federal de Odontologia, no artigo
31 destaca que para os pacientes especiais,
faz parte da função da odontologia o
diagnóstico, prevenção, tratamento e
controle de problemas bucais dos pacientes
que apresentam deficiência mental.
Portanto, a primeira medida a ser
tomada no atendimento odontológico para
pacientes especiais é a assinatura do termo
de consentimento informado, assinado e
aprovado pelos pais ou responsáveis
autorizando o tratamento, e posteriormente
deverão ser explicados para eles todos os
procedimentos a serem realizados e o
porquê é importante realiza-los (JUNG,
2011). Pois isto está descrito no Código
Civil Brasileiro (2002) no artigo 3º: “são
absolutamente incapazes de exercer
pessoalmente sobre seus atos da vida civil:
os que por enfermidade, ou deficiência
mental
não
tiverem
o
necessário
discernimento para a prática desses atos”
(COHEN et al., 2006).
Oliveira; Giro (2011) acrescentam
que a ausência de preparo dos cirurgiõesdentistas para atender pacientes com
deficiência mental conduz a desacertos
importantes de diagnóstico, induzindo os
profissionais a assumir uma postura
inadequada e um plano de terapêutica
incorreto. O tratamento odontológico de um
deficiente mental deve iniciar-se, assim que
sua condição sistêmica seja avaliada,
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devendo o plano de tratamento odontológico
abranger um programa de escovação
supervisionada, e educação de saúde voltada
para pais ou cuidadores permitindo a menor
intervenção de procedimentos atingidos em
ambiente clínico odontológico ou até
mesmo hospitalar sob anestesia geral,
proporcionando a estas pessoas a chance de
viverem com a saúde bucal adequada.
A promoção de saúde por meios
preventivos está direcionada à educação e
motivação, incentivando o paciente a criar
hábitos de higiene oral e manter sua saúde
em dia. É importante o profissional criar
uma relação de cumplicidade com o
paciente, procurar meios esporádicos,
recursos visuais para chamar atenção,
trabalhar com espelho, usar técnicas de
reforço e uma linguagem acessível ao
paciente a fim de facilitar seu atendimento
(ALVES et al., 2004).
Em seus estudos Silva et al., (2005b) avaliaram a efetividade do tratamento
odontológico em pacientes motivados,
constataram assim que o índice de placa
bacteriana reduz significativamente, pois
quando são motivados os pacientes
respondem melhor à expectativa esperada
do tratamento, melhoram sua frequência de
higiene, diminuindo assim as chances de
desenvolver doença periodontal, cárie,
halitose e outras doenças que podem
acometer a cavidade oral.
Diniz (2012) concorda com a
educação para realização dos cuidados
profiláticos em relação à higienização oral
dos pacientes com deficiência mental,
porque a falta de cuidados com a higiene
bucal desencadeia graves problemas, já que
o organismo do paciente portador de
deficiência mental é comovido pelo
desequilíbrio metabólico geral, onde os
descuidos geram lesões no organismo sendo
a boca a cavidade onde se conjeturam as
implicações deste descaso.
A ideia de abordar assuntos relativos
à orientação e motivação em pacientes com
necessidades especiais na odontologia
originou-se pelo fato da dificuldade de
preparação dos acadêmicos durante o
atendimento odontológico, que vai além da
técnica de manejo com esses pacientes, pois
é necessário adquirir experiência clínica,
visão de saúde geral, bem-estar físico e
psicológico,
incluindo
atendimento
odontológico digno, satisfatório, voltado
para
suas
necessidades
individuais
(MORAIS et al., 2006).
A prática da odontologia preventiva
melhora a condição de saúde bucal da
população em geral, essencialmente nos
pacientes com necessidades especiais, em
cujo grupo pode enquadrar o deficiente
mental objetivo deste estudo, que
necessitam de tratamentos odontológicos e
cuidados específicos, pois dependendo da
severidade de sua deficiência, são
considerados pacientes de difícil manejo e
colaboração
durante
o
tratamento
odontológico. Portanto a prática da
educação e motivação traz ao paciente de
modo geral maiores benefícios na qualidade
de vida e ao profissional melhor
desempenho
no
atendimento.
A
confiabilidade do paciente frente ao
profissional é fator fundamental para o
sucesso do tratamento, pois a intenção final
é sensibilizar o paciente, tomando como
base a orientação e técnicas de reforço,
visando o bem-estar futuro do paciente,
evoluindo cada vez mais a pratica da
odontologia através de métodos preventivos
(HADDAD, 2007).
Cabe ressaltar que em relação ao que
a saúde pública tem feito para melhorar o
atendimento odontológico aos pacientes
portadores de deficiência mental, tem-se a
Política Nacional de Saúde Bucal, Portaria
n. 599 de 23 de março de 2006, que
preconiza a atenção à saúde bucal dos
sujeitos
portadores
de
necessidades
especiais de Especialidade Odontológica
(CEOS). Porém antes destes pacientes irem
para esses centros de especialidades, devem
buscar primeiramente a atenção básica de
saúde mental, que irá avaliar, acolher e
tratar esse paciente e caso seja necessário o
encaminhará para os CEOS (BRASIL,
2008).
Apesar do avanço na assistência à
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saúde bucal dos pacientes de deficiência
mental, na prática este programa ainda
possui falhas, pois na pesquisa qualitativa
realizada com cirurgiões-dentistas de CEOS
de João Pessoa-PB, observaram que não
havia acolhimento, nem uniformidades das
informações, e que muitos pacientes
desconheciam os serviços odontológicos
ofertados. Assim é preciso que haja maior
divulgação a respeito desse serviço, além do
que o treinamento dos cirurgiões-dentistas
que irão trabalhar nestes locais também é
importante, para que os mesmos além de
enfocarem os serviços disponibilizados
também atuem na prevenção dos problemas
odontológicos (FERNANDES, 2011).
Porque por ser a terapêutica
restauradora em pacientes com deficiência
mental mais complicada no que nos demais
pacientes, é fundamental a prevenção.
Porém é sabido que adoção de higiene bucal
para pacientes especiais é um desafio para
cirurgiões-dentistas, devido à incapacidade
física de alguns e a incapacidade mental de
compreender como deve ser realizado os
movimentos necessários para escovação.
Diante disto o correto treinamento e
formação dos
cirurgiões-dentistas é
imprescindível (CASTILHO et al., 2013).
Acrescentam que o atendimento
odontológico a pacientes com deficiência
mental deve ser realizado, considerando a
realidade de cada um, assim a realização de
anamnese com os pais a fim de levantar a
história clínica do paciente, tipo de
patologia, medicamentos utilizados, grau de
estresse de medo e ansiedade, buscando um
estreitamento na relação entre profissional,
família e paciente, para que possa executar o
exame bucal e desenvolver o plano de
terapêutica adequado (RESENDE et al.,
2007).
Peres et al., (2005) concordam que
para que as medidas preventivas e curativas
destinadas a pacientes com deficiência
mental surtam efeito é preciso que o
cirurgião-dentista
realize
anamnese
completa, que entregue o termo de
consentimento aos pais e que insiram a
família do mesmo, para que as mesmas
saibam que possuem um papel fundamental
no monitoramento da higienização bucal de
seus filhos, portanto as condições físicas,
mentais,
sociais,
as
necessidades
psicológicas e emocionais dos pacientes
com deficiência mental, fazem parte da
terapêutica odontológica, visto que será
observando essas diferenças, que o
tratamento será mais humanizado, acolhedor
e integral atendendo as necessidades
específicas de cada paciente e familiar.
Colaboram com a ideia do autor
acima citado de que na primeira consulta a
realização
da
anamnese
completa,
observação do comportamento do paciente,
família, história médica e tipo de patologia
são essenciais para uma melhor interação
entre profissional/paciente/família. Ainda
faz-se necessário ao final da consulta
explicar para os pais ou responsáveis o
estado de saúde bucal do paciente, os
procedimentos que deverão ser realizados,
ressaltando a importância da cooperação
familiar para que o tratamento surta efeito
mais duradouro (CARVALHO, ARAÚJO,
2004).
Mouradian
e
Corbin
(2003)
enfatizam a importância da terapêutica
odontológica para pessoas que possuem
deficiência mental, pois enfrentam inúmeras
dificuldades, para encontrar serviços
apropriados às demandas desses pacientes,
problemas arquitetônicos, medo, negligência
por parte dos responsáveis em relação à
saúde bucal, mais especialmente a carência
de profissionais especializados nesta área.
Oliveira e Giro (2011) concordam
que a reduzida quantidade de profissionais
dispostas a atender os pacientes com
transtorno mental, que pode ser devido à
falta de no decorrer da graduação não haver
bases teóricas satisfatórias e experiências
clínicas que proporcionem motivação,
conhecimento e confiança em trabalhar com
pacientes especiais e sua família.
Profissionais
despreparados
no
conhecimento clínico e teórico, por
sentirem-se inseguros e intimidados, não
atendem pacientes com deficiência mental,
assim estes passam a ter que procurar outro
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profissional, o que pode acabar por aumento
dos riscos de comprometimento da saúde
mental e consequente diminuição de
qualidade de vida desses pacientes
(CANCINO et al., 2005).
Diante
deste
contexto,
onde
pacientes com deficiência mental estão cada
vez mais presentes nos consultórios
odontológicos, em virtude do aumento da
sua expectativa de vida, a especialização, ou
mesmo a inserção de bases teóricas e
práticas mais efetiva são essenciais durante
a graduação, para que os futuros cirurgiõesdentistas saiam, sem medo ou insegurança e
saibam como agir ao atender um paciente
com deficiência mental (SILVA et al.,
2005b).
Moraes et al., (2006) concordam que
somente com a adoção de uma capacitação
dos alunos no decorrer da graduação, é que
estes terão quando forem profissionais mais
segurança em atender pacientes com
deficiência mental e as peculiaridades de
cada um.
Conclusão
Conforme os estudos pesquisados,
dentre as principais alterações dentárias
encontradas nos portadores de deficiência
mental, tem-se a cárie em virtude da higiene
bucal precária. Por isso é importante, buscar
estratégias de atendimento na clínica regular
junto aos pacientes sem deficiência a fim de
efetivar a inclusão dos mesmos. Portanto,
medidas simples como capacitação do
profissional cirurgião-dentista desde sua
graduação é necessária a fim de que o
protocolo para atendimento dos portadores
de deficiência mental seja seguido.
Dentre as orientações do protocolo
tem-se a realização da reunião com os
responsáveis pelos pacientes, para melhor
interação paciente/profissional, entrega do
termo de consentimento esclarecido,
anamnese e exame clínico, para planejar o
tratamento mais adequado às necessidades
de cada paciente.
Diante deste contexto a preparação
dos
cirurgiões-dentistas
e
futuros
profissionais para atender os portadores de
deficiência mental, é fundamental, para que
estes e seus familiares encontrem serviços
apropriados que proporcionem motivação,
conhecimento e confiança em trabalhar com
eles.
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