UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO DIRETORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU E PESQUISA MESTRADO PROFISSIONAL EM BIOMATERIAIS DANIELA VIEIRA AMANTÉA EFEITO DA APLICAÇÃO DA TOXINA BOTULÍNICA DO TIPO A NOS MÚSCULOS MASSETER E TEMPORAL DE PACIENTES COM BRUXISMO: AVALIAÇÃO CLÍNICA POR ELETROMIOGRAFIA São Paulo 2016 DANIELA VIEIRA AMANTÉA MESTRADO PROFISSIONAL EM BIOMATERIAIS EFEITO DA APLICAÇÃO DA TOXINA BOTULÍNICA DO TIPO A NOS MÚSCULOS MASSETER E TEMPORAL DE PACIENTES COM BRUXISMO: AVALIAÇÃO CLÍNICA POR ELETROMIOGRAFIA Dissertação apresentada como exigência parcial à Banca Examinadora da Universidade Anhanguera de São Paulo, para obtenção do título de MESTRE em Biomateriais, sob a orientação da Profa. Dra Marcela Rocha de Oliveira Carrilho e co-orientação da Profa. Dra. Andréa Anido Anido. São Paulo 2016 A443e Amantéa, Daniela Vieira Efeito da aplicação da toxina botulínica do tipo A nos músculos masseter e temporal de pacientes com bruxismo: avaliação clínica por eletromiografia. / Daniela Vieira Amantéa. – São Paulo, 2016. 88 f.: il.; 30 cm Dissertação (Programa de Mestrado em Biomateriais em Odontologia) – Coordenadoria de Pós- graduação, Universidade Anhanguera de São Paulo, 2016. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Marcela Rocha de Oliveira Carrilho Coorientadora: Prof.ª Dr.ª Andréa Anido Anido 1. Toxina botulínica tipo A. 2. Disfunção temporomadibular. 3. Bruxismo. 4. Eletromiografia de superfície. I. Título II. Universidade Anhanguera de São Paulo. CDD 617.6 Aos meus pais, Ciro Francisco Amantéa e Rute Maria de O.V. Amantéa (in memorian), Àqueles que me deram a vida ofereço-lhes o meu sonho... A vocês dedico este trabalho. AGRADECIMENTOS Inicialmente a Deus pela vida, pela oportunidade de evolução. A minha filha, Luísa, por ser a luz que me guiou e me inspirou para a realização deste trabalho. A você filha te ofereço este presente, nele estão contidas horas de dedicação e trabalho, exemplos que quero que leve para toda sua vida. Ao meu companheiro de vida Fernando, alguém que me ensinou a ter coragem e perseverança, alguém que com seu carinho, paciência e amor me mostrou o caminho a ser percorrido. Este trabalho também é para você, que me guiou e permitiu que este sonho se realizasse, eternamente obrigada. Aos meus irmãos, Andréa e George, meu alicerce, sem vocês não teria a tranquilidade necessária para seguir adiante. A minha irmã de coração Rita, sua compreensão e cuidados foram indispensáveis. A minha orientadora Profa. Dra. Marcela Rocha de Oliveira Carrilho a qual me presenteou com seus conhecimentos de ciência e sua destreza na arte da docência. Minha gratidão por ter me aceitado como sua orientada mesmo com o trabalho já em andamento, obrigada pela atenção, disponibilidade, paciência e ensinamentos, obrigada pela confiança. A minha co-orientadora Profa. Dra. Andréa Anido Anido, àquela que me conduziu nos primeiros passos da construção deste trabalho. Os ensinamentos que me ofereceu foram indispensáveis para solidificar a base deste projeto, a dedicação e paixão pela docência que me demonstrou foram lições essenciais para minha formação docente. Professora, muito obrigada, este trabalho também é seu. A todos os professores da pós-graduação em Biomateriais em Odontologia; Profa. Dra. Roberta Alonso, Profa. Dra. Alejandra Horten, Prof. Dr. Ricardo Amore, Prof. Dr. Fábio Nascimento, Prof. Dr. Paulo Dalpino, Prof. Dr. Vinícius Hipólito, muito obrigada pelas aulas e ensinamentos que muito contribuíram para minha formação. Agradecimento especial também dedico ao responsável pela minha entrada neste programa de pós-graduação, Prof. Dr. Camillo Anauate Neto, obrigada pela oportunidade, confiança e ensinamentos. Àquele que é meu mentor na profissão, me iniciou no caminho da minha especialidade, a cirurgia e traumatologia bucomaxilofacial, àquele que me fez desejar a docência, que me espelhei assistindo suas aulas, àquele que eu admiro e que hoje tenho a honra de tê-lo como membro de minha banca, Prof. Dr. Tarley Eloy Pessoa de Barros, minha eterna gratidão. Esteve presente, mesmo que ainda distante, em todas as fases deste trabalho, da doação das ampolas de toxina botulínica as lições que pacientemente me ofereceu, sem você, professor, isto não seria possível. Muito obrigada. Ao meu também professor e amigo, Prof. Dr. Gabriel Denser Campolongo, àquele a quem dedico todo meu respeito, carinho e admiração, àquele que me ensina e orienta nos caminhos de profissão e cujos ensinamentos me embasam na rotina cirúrgica diária, àquele que me foi um incentivador e colaborador imprescindível na confecção deste trabalho, a você, professor, meu muito obrigada. Ao Prof. José Accurso, meu professor de especialidade, seus ensinamentos me conduzem ainda hoje; sua amizade me é preciosa e a confiança e paciência que me depositou neste período em que confeccionava este trabalho, foram-me valiosos. A coordenação do curso de Odontologia da UNIAN, personificada pela amiga, Profa. Priscilla Vales Rocha, por me conceder a permissão da utilização da Clínica Odontológica da Universidade para a realização da fase clínica do meu trabalho e, principalmente, por sua amizade e compreensão no decorrer de todo o projeto. A todos os meus amigos e colegas de profissão, professores assim como eu, que com compreensão, paciência e carinho proporcionaram as condições necessárias para o desenvolvimento deste trabalho. Aos meus colegas do programa de pósgraduação em Biomateriais em Odontologia e em Biotecnologia: Fabiana, Rafael, Mayara, Lívia, Marcos, Rose, João, Norton, Taiana, Claudio; o companheirismo de todos vocês me proporcionaram momentos incríveis, obrigada. Não poderia deixar de fazer um agradecimento especial para minha companheira de trabalho e de pós-graduação Fabiana Saraiva. Querida amiga, obrigada pelo apoio, pelo companheirismo e atenção. Tenha certeza que toda a ternura e dedicação que demonstrou a mim neste período, para sempre, ficará registrado em meu coração. Obrigada. Aos meus alunos, os reais motivos que me fazem amar à docência, muito obrigada. A querida aluna Joyce Nardotto e ex-aluna, Camila Portugal, agora colega de profissão e amiga, pelo apoio e essencial ajuda que me proporcionaram, sem vocês tudo seria mais difícil. Aos meus pacientes que em mim depositaram sua confiança e expectativa de melhora, muito obrigada, este trabalho foi feito para vocês. As queridas Vera, Ana Paula e Gisele, funcionárias da Clínica de Odontologia da UNIAN, que me foram mais do que especiais na confecção deste trabalho. Sempre presentes e dispostas a ajudar, tornaram mais agradáveis as minhas intermináveis manhãs e tardes de trabalho. A Instituição a qual faço parte, Universidade Anhanguera de São Paulo- UNIAN, bem como a todos os seus integrantes, diretoria, secretarias e funcionários, que de alguma maneira colaboraram comigo na confecção deste trabalho, muito obrigada. LISTA DE FIGURAS Figura 1: Estrutura molecular da toxina botulínica tipo A.................................24 Figura 2: Mecanismo de ação da toxina botulínica tipo A na placa neuromotora........................................................................................25 Figura 3: Sequência que demonstra o mecanismo de ação da toxina botulínica tipo A sobre a terminação nervosa.........................................26 Figura 4: Brotamento axonal para restabelecimento da inervação..................26 Figura 5: (A) Eletromiógrafo de superfície (Miotec, Miotool 400) de 4 canais, com 14 bites de resolução de faixa dinâmica e assessórios. (B) Eletrodos meditrace® 100 infantil com cloreto de prata Ag/AgCl..............................................................................................................35 Figura 6: Sequência do protocolo de instalação dos eletrodos.........................36 Figura 7: Posição dos roletes de algodão..........................................................37 Figura 8: Sinais eletromiográficos captados......................................................38 Figura 9: Resultado em microvolts. O software mostra os valores da CVM máxima, mínima, média e o desvio padrão..............................39 Figura 10: Botox®- toxina botulínica tipo A........................................................40 Figura 11: Pontos de aplicação, masseter inferior e temporal superior..............................................................................................41 Figura 12: Sequência de aplicação da toxina botulínica....................................42 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Resultados descritivos da microvoltagem mensurada nos músculos avaliados e o desvio padrão fornecido pelo equipamento.....................................................................................48 Tabela 2: Resultados descritivos da microvoltagem mensurada nos músculos avaliados e em todos os períodos.....................................49 Tabela 3: Comparação, com significância estatística, das atividades eletromiográficas registradas em R0 e R3........................................50 Tabela 4: Coeficiente de correlação de Pearson e grau de regressão (R2) entre grau de bruxismo e atividade mioelétrica que antecedeu a aplicação de TB-A..............................................................................52 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1: Redução (em %) da atividade mioelétrica do músculo masseter direito ao longo das avaliações...........................................50 Gráfico 2: Redução (em %) da atividade mioelétrica do músculo masseter esquerdo ao longo das avaliações.....................................51 Gráfico 3: Redução (em %) da atividade mioelétrica do músculo temporal direito ao longo das avaliações...........................................51 Gráfico 4: Redução (em %) da atividade mioelétrica do músculo temporal esquerdo ao longo das avaliações......................................52 Gráfico 5: Regressão linear entre a atividade mioelétrica inicial do músculo masseter direito e o grau de bruxismo inicial........................53 Gráfico 6: Regressão linear entre a atividade mioelétrica inicial do músculo masseter esquerdo e o grau de bruxismo inicial...................54 Gráfico 7: Regressão linear entre a atividade mioelétrica inicial do músculo temporal direito e o grau de bruxismo inicial.........................55 Gráfico 8: Regressão linear entre a atividade mioelétrica inicial do músculo temporal esquerdo e o grau de bruxismo inicial...................56 LISTA DE ABREVIATURAS AASM: Associação Americana de Medicina do Sono ASA: American Society of Anesthesiology AR: Artrite Reumatóide ATM: Articulação Temporomandibular CCP: Coeficiente de Correlação de Pearson CVM: Contração Voluntária Máxima KS- test: Smirnov-Kolmogorov LER: Lúpus Eritematoso Sistêmico QV: Qualidade de Vida RDC/ TMD: Research Diagnostic Criteria for Temporomandibular Disorders SNARE: Soluble N- ethymaleimide- sensitive fator attachment proteine- Receptor TB- A: Toxina Botulínica Tipo A UNIAN: Universidade Anhanguera de São Paulo RESUMO Objetivos: Constatar se o uso de toxina botulínica tipo A (TB-A) proporciona uma diminuição da atividade mioelétrica dos músculo masseter e temporal que possa ser mensurável e que reduza os sinais de bruxismo, e relacionados com melhora subjetiva da dor e/ou desconforto da articulação temporomandibular (ATM). Dados relativos à melhora da qualidade de vida e nível de satisfação com o tratamento também foram coletados. Método: Um total de 23 pacientes clinicamente diagnosticados com bruxismo (dor e/ou desconforto ao movimentar a ATM) que atendiam aos critérios de inclusão e exclusão do estudo foram selecionados após consentirem a livre e própria participação nesta pesquisa. Antes da aplicação da TB-A foram mensurados o grau de bruxismo e a atividade mioelétrica dos músculos masseteres e temporais. Atividade eletromiográfica repetiu-se 15, 30 e 60 dias após a aplicação da TB-A. O grau de bruxismo foi mensurado no período inicial e 60 dias após. Nesse último período os participantes também responderam um questionário que averiguou subjetivamente a melhora da dor, qualidade de vida e nível de satisfação com o tratamento. Nas avaliações eletromiográficas foram solicitadas ao paciente três (3) medidas de contrações voluntária máxima (CVMs). Uma média aritmética das 3 foi considerada. Resultados: A amostra final contou com 20 participantes (13 mulheres e 7 homens), com idade média de 37.15 anos. Três pacientes foram excluídos por não retornarem as consultas de avaliação do tratamento. No primeiro retorno (15 dias), a atividade mioelétrica reduziu em 78% (p<0.001). Grau de bruxismo inicial e atividade mioelétrica inicial correlacionaram-se negativa e significativamente com os músculos temporais. Durante os retornos, a atividade mioelétrica alterou de forma discreta embora, no último retorno, observou-se uma clara tendência de elevação. O grau de bruxismo e a dor reduziram em 64 e 85%, respectivamente. O parâmetro “qualidade de vida” (QV) melhorou em 87% dos casos e o nível de satisfação com o tratamento ficou em 8.75, em uma escala de zero a dez (muito satisfeito). QV e diminuição da dor correlacionaram-se de forma positiva. Nenhuma da variáveis qualitativas foi capaz de predizer o grau de redução da atividade eletromiográfica no primeiro retorno. Conclusão: A aplicação da TB-A reduziu a atividade eletromiográfica dos músculos masseter e temporal, o que coincidiu com a diminuição do grau de dor, de bruxismo, melhora da qualidade de vida e, além disso, contou com elevado grau de satisfação. O primeiro retorno após a aplicação da toxina é o mais importante, pois é nele que se observa os maiores efeitos. Sendo assim, embora possamos afirmar que a toxina botulínica mostrou-se útil para se tratar o bruxismo, somente estudos de longo prazo seriam capazes de fornecer mais afirmações sobre seu tempo de duração e efeitos a longo prazo. Palavras-chave: Toxina botulínica tipo A; disfunção temporomadibular; bruxismo; eletromiografia de superfície. ABSTRACT Objectives: To verify how much TB-A reduces electrical activity of both masseter and temporal muscles and, consequently, pain and/or distress temporomandibular joint (TMJ); Verify bruxism severity reducing and quality of life (QOL) improvement after TB-A injection. To measure level of satisfaction to the treatment. Method: In total, we recruited 23 young adult individuals with bruxism that met the criteria for inclusion and agreed to participate of the study. Bruxism diagnosis and severity were evaluated through the modified RDC-TMD diagnosis criteria. Before TB-A injection in both masseter and temporal muscles, their electrical activity was measured through a surface electromyography (EMG) device. This procedure was repeated at the 15th, 30th and 60th day after the baseline measurement (before TBA injection). Throughout the evaluations, it was requested three maximal voluntary contractions (MVCs) and an average of the electrical activity was calculated. Besides that, in the latest test-period, the participants were asked about pain relief, quality of life (QOL) and their level of satisfaction to the treatment. Results: The final sample consisted of only 20 participants (13 female and 7 male) with a mean age of 37.15 years. Three participants were excluded because did not attend the recalls. In the first revaluation (recall), the myoelectric activity decreased by 78% (p <0.001). Bruxism severity showed a negative and significant correlation to both MEA temporal muscles evaluated in the pre-injection period. Along the next two revaluations, MEA changed slightly though clear upward trend was observed in the latter period (60 days). Both bruxism severity and TMJ pain/distress level decreased by 64 and 85%, respectively. QOL improved by 87% and the level of satisfaction to the treatment remained at 8.75, in a scale that ranges from zero to ten (very satisfied). QOL and pain decreasing correlated positively. None of the qualitative measurements showed significant correlation and prediction levels to the muscle activity reduction. Conclusion: Masseter and temporal muscles showed significant mioelectrical reduction 15 days after TB-A injection. This reduction changed slightly along the time and it was related to both bruxism severity and pain/distress reduction. The first revaluation showed the most significant reduction in the mioelectrical signal when compared to the other revaluations. All participants confirmed a QOL improvement and high level of satisfaction to the treatment. Taking results and methodological limits in consideration, it can be concluded that TB-A showed to be an useful approach to reduce critical symptoms of bruxism. Despite that, long-term studies should be performed to provide consistent results about the efficiency of such treatment over time. Keywords: Botulinum toxin type A; temporomandibular dysfunction; bruxism; Surface electromyography. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 14 2. REVISÃO DE LITERATURA 17 2.1 Bruxismo 17 2.1.1 Etiologia 17 2.1.2 Diagnóstico 18 2.1.3 Tratamento 20 2.2 Revisão da Toxina Botulínica 2.2.1 Bruxismo e Toxina Botulínica 22 26 3. OBJETIVOS 30 4. MATERIAL E MÉTODOS 31 4.1 Tamanho da Amostra 31 4.2 Critérios de Inclusão 32 4.3 Critérios de Exclusão 32 4.4 Avaliação Clínica 33 4.5 Avaliação Eletromiográfica 35 4.5.1 Especificações do Equipamento 35 4.5.2 Coleta e Registro da Atividade Eletromiográfica 37 4.6 Procedimento para aplicação da TB-A 39 4.6.1 Descrição Geral 39 4.6.2 Preparação e Aplicação da Droga 40 4.6.3 Metodologia e Pontos de Aplicação 40 4.7 Análise Estatística 42 5.RESULTADOS 44 5.1 Distribuição da Amostra 44 5.2 Tamanho Da Amostra 44 5.3 Confirmação da Hipótese 45 5.4 Análise Qualitativa 45 5.5 Análise Quantitativa 46 5.6 Análise comparativa entre músculos masseteres e temporais 46 5.7 Análise de correlação e regressão 47 6. DISCUSSÃO 57 7. CONCLUSÔES 61 8.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 62 9. ANEXO 68 10. APÊNDICE 71 1. INTRODUÇÃO O aparelho mastigatório, que também está envolvido na deglutição e fonação, é controlado pelo sistema nervoso central e executado pelos seus componentes periféricos como dentes, músculos e a articulação temporomandibular (ATM), sendo essa de grande importância pois é a única articulação entre o crânio e a mandibula. Segundo Rosenbauer et. al., (2001) a ATM possui uma dinâmica complexa, extremamente ativa, multifuncional e de ação variada (p. ex. diferentes graus de força / precisão, são necessários ao se executar tarefas como mastigação, fonação e deglutição). Sendo assim, qualquer alteração ou sobrecarga, que atue impedindo o funcionamento equilibrado deste complexo neuro-anatômico-muscular repercute em, pelo menos, em uma dessas esferas: função (p. ex. mastigação inadequada); qualidade de vida (p. ex. prejuízo do sono, dor); equilíbrio psicológico (p. ex. alterações de humor). Importante salientar que, até onde se sabe, o bruxismo não existem estudos comprovando uma relação causal do btuxismo com a fonação (Pereira et al., 2006). O bruxismo é uma das principais desordens do aparelho mastigatório e se encaixa perfeitamente no quadro acima descrito: prejudica a função mastigatória, compromete a qualidade de vida; e influencia o humor de forma negativa (Pereira et al., 2006). Adiciona-se ao sinais clínicos e sintomas citados: má oclusão, hipertrofia biateral de masseter, desgaste dental, desconfortos na face, sobretudo no seu terço inferior, dificuldades na alimentação, dor em região cefálica (Maciel et al., 2010, Ohayon et al., 2001). Quando em grau severo a dor, acompanhada de fadiga dos músculos mastigatórios, desgaste dental e alterações de mobilidade da ATM, costuma ser a principal queixa (Nomura et al., 2007). O bruxismo é um doença crônica e conta com um histórico de “abandono”, já que raramente era levado em consideração, tanto por pacientes como por profissionais. Fatores contribuintes diversos podem explicar esse cenário prévio: subdiagnóstico por falta de profissionais especializados; ausência/escasssez de literatura e avanço tecnológico específico para a área; população carente de informações; dentre outros. 14 No entanto, e principalmente nos últimos anos, esse cenário sofreu uma inversão, já que é cada vez maior o número de pacientes diagnosticados e/ou que procuram ajuda profissional espontaneamente ao desconfiarem serem bruxistas. A confirmação desse cenario mais favorável pode ser verificado em estudos epidemiológicos mais recentes, que reportaram que de 8 a 31% da população mundial sofrem de algum grau bruxismo (Manfredini et al., 2013) Embora a etiologia do bruxismo permaneça em discussão, ela se resume em fatores: fatores externos (p. ex. alterações anatômicas que levam a uma má oclusão dentária) e fatores internos (p. ex. desarranjo de conexões sinápticas de determinadas estruturas do sistema nervsos central). De acordo com a literatura, essa última proposta parece atender e explicar melhor a doença, quando comparada à primeira (Lobbezoo & Naeije, 2001; Ohayon, 2001). Interessante notar que, diante a dificuldade de se interferir em desarranjos centrais (p. ex. aumentando e/ou diminuindo oferta de neurotransmissores), o tratamento do bruxismo baseia-se, quase que inteiramente, na interferência dos agentes externos, como utilização de placas interoclusais, medicamentos de uso sistêmico (miorrelaxantes, antinflamatórios, antidepressivos, benzodiazepínicos) (Dionne, 1997). Esses tratamentos, que obviamente têm um caráter paliativo, objetivam diminuir a atividade muscular para a resolução da dor e minimizar sequelas, como a perda da superfície dentária ocasionada pelo atrito entre os dentes superiores com os inferiores. No entanto, alguns trabalhos reportam que, por vezes, estas terapias não são totalmente efetivas no que se refere ao alívio dos sinais e sintomas (p. ex. dor e descomforto) pois não agem diretamente no fator etiológico causal, como no caso de relaxantes musculares, que não miram os músculos mastigatórios exclusivamente (Freud & Schwartz, 1999; Dionne, 1997) e das placas interoclusais que, embora seja a primeira escolha para o tratamento do bruxismo, demontra relativa ineficácia (Tsukiyama et. al., 2001) e, em 20% dos casos, intensificam a atividade muscular (Okeson, 1987). Com o objetivo de ampliar as possibilidades terapêuticas para as doenças musculares do aparelho mastigatório, como no caso do bruxismo, a toxina botulínica tipo A começou a ser empregada (Alonso-Navarro et al., 2011; Lee et 15 al., 2010; Guarda-Nardini et al., 2008). Ao ser injetada no músculo mastigatório, a toxina impedirá a liberação do neurotransmissor acetilcolina na junção neuromuscular. Isto impedirá a contração do músculo, promovendo o seu relaxamento e diminuindo sua hiperatividade, o que acarreta na melhora da dinâmica mandibular e alívio da dor (Von Lindern et al., 2003; Freud & Schwartz, 2003 e 1999). No que se refere ao uso de toxina botulínica no bruxismo, a literatura escassa aliada a uma não padronização metodológica (p. ex. ausência de variáveis quantitativas por natureza, amostras pequenas e uso de doses heterogêneas), faz com que ainda não se possa concluir qual a repercussão clínica dessa abordagem. Sendo assim, estudos com metodologias mais robustas (p. ex. homogeniedade na dosagem aplicada; desenho horizontal; análise quantitativa da atividade muscular pré e pós aplicação), e com amostras mais representativas, seriam capazes de determinar, de maneira mais sólida e assertiva, quais são os reais resultados da utilização da toxina botulínica do tipo A no paciente com bruxismo (Tinastepe & Küçük, 2015; Guarda Nardini et al., 2008). 16 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1- Bruxismo Segundo a Academia Americana de Dor Orofacial, o bruxismo é definido como uma atividade muscular parafuncional, diurna ou noturna, cujo os principais sinais clínicos são o ato de apertar, apoiar / ranger / roer os dentes (Okenson, 1992). Considerando-se essas duas principais formas de apresentação, vigília e sono, temos uma incidência variando de 22.1 – 31% e 9.8 – 15.1%, respectivamente, não encontrando diferenças na incidência entre homens e mulheres (Manfredini et al., 2013). Segundo Lee et al. (2010) a prevalência de bruxismo varia de 20% a 25% em crianças, 5% a 8% na população adulta e 3% em idosos. A intensa atividade muscular no paciente com bruxismo, especialmente dos músculos masseter e temporal, gera estresse articular e fadiga muscular que causam dor e redução da amplitude de movimento mandibular. Na verdade, estudos prévios referem que a dor, qualquer que seja sua localização topográfica (músculos da mastigação, região orofacial, articulações temporomandibulares ou cefalalgia) é fator limitante e referida por cerca de 60% dos pacientes que referem sinais clínicos de bruxismo (Nomura et al., 2007; Chiao Yi, 2002). Tal condição também foi reforçada por Okeson (1992), referindo que a dor é uma resposta fisiológica, ou seja, uma vez que o recrutamento muscular involuntário ultrapassa as capacidades fisiológicas dos mesmos, existe um colapso funcional aliado à fadiga que culminam em dor e/ou desconforto. Além da dor, outros sinais clínicos são frequentemente observados nos pacientes que apresentam bruxismo severo tais como desgaste dental, perda de superfície oclusal, fratura de dentes e/ou restaurações, disfunção temporomandibular e mobilidade dental (Ohayon et al., 2001). 2.1.1 - Etiologia A etiologia do bruxismo, indiferentemente de sua apresentação clínica (sono e vigília), tem duas teorias, sendo uma de origem periférica e a outra de origem central. Enquanto a primeira baseia-se em alterações anatômicas do complexo 17 maxilomandibular e/ou má oclusão dentária, a segunda, e a mais aceita atualmente, propõem haver um desarranjo de neurotransmissores e/ou do sistema neuronomuscular (Maciel, 2010; Manfredini et al., 2004; Lobbezoo & Naeije, 2001; Ohayon, 2001). Aqui é importante ressaltar que, indiferentemente de sua etiologia, aceita-se que o bruxismo é uma doença multifatorial, envolvendo aspectos morfológicos, neurológicos, psicológicos, distúrbios do sono, sendo exacerbado diante o uso de certas substâncias químicas como nicotina e álcool (Maciel, 2010; Lobbezoo & Naeije, 2001). Na hipótese central, a proposta é que existe um desequilíbrio dos níveis de acetilcolina e dopamina nos núcleos da base e estruturas correlatas. Esse desequilíbrio, que pode ter etiologias diversas, parece interferir / comprometer processos neuroplásticos que, consequentemente, favorecem um desarranjo das conexões excitatórias – inibitórias. Nesse cenário, a ocorrência de movimentos involuntários (bruxismo) é facilitada, sendo sua intensidade e frequência diretamente relacionados ao grau desse desequilíbrio (Lobbezoo & Naeije, 2001). Na verdade, tudo se passa como se o bruxismo fosse um tipo de discinesia, um movimento involuntário que pode ser engatilhado diante uma maior oferta dopaminérgica (Behr et al., 2012; Lobbezoo & Naeije, 2001) 2.1.2 - Diagnóstico O diagnóstico do bruxismo é baseado principalmente em avaliações clínicas podendo estar associado aos exames complementares, como a polissonografia (bruxismo noturno) e a eletromiografia de superfície dos músculos acometidos (Smith et. al., 2009). O diagnóstico clínico é baseado nos sinais e sintomas, tais como: Perda de superficie dental; Fratura de dentes; Hipertrofia dos músculos masseteres e temporais; Mordidas nos lábios, língua ou face interna das bochechas; Fadiga dos músculos mastigatórios, com ou sem dor, principalmente ao acordar ou ao fim do dia; 18 Dor na articulação temporomandibular ou dor referida à palpação dos músculos mastigatórios; Dor facial (dor orofacial crônica); Cefalalgia crônica; Hipersensibilidade dentária; Stresse, ansiedade e perda da qualidade de vida são queixas relativamente frequentes. A Academia Americana de Medicina do Sono (AASM) propôs, em 2005, alguns critérios de diagnóstico para o bruxismo do sono. Segundo a academia, o paciente deve apresentar, no mínimo, as situações A e B: A) Possuir queixa de apertar ou ranger os dentes durante o sono. B) Apresentar uma das características abaixo: 1 - Desgaste da superfície dental. 2 - Desconforto nos músculos mastigatórios, dor e/ou fadiga nestes músculos ao acordar. 3 - Sons relacionados ao bruxismo. C) A polissonografia confirma a atividade muscular durante o sono e descarta alguma atividade epilética associada. D) Ausência de doenças neurológicas como epilepsia. E) Ausência de outros distúrbios do sono como apnéia obstrutiva do sono. Haketa et al., (2003), na tentativa de aprimorar a identificação de eventos de bruxismo, durante o sono, e em domicílio, monitoraram a atividade elétrica do músculo masseter de 56 indivíduos e por 6 noites. Baseando-se em estudos anteriores Lavigne et al., (1996), Kondo & Calrk (1991), a ocorrência de bruxismo foi considerada como positiva toda vez que fossem registrados eventos mioelétricos 20% da contração voluntária máxima (CVM). Eventos falsos-positivos foram todos aqueles que não passavam de 10% da CVM. Eventos mioelétricos entre 11-19% da CVM foram considerados como duvidosos (falso-positivo / falsonegativo). Em suas conclusões os autores reportaram que atividades mioelétricas > 20% da CVM apresentavam correlação significativa com a ocorrência de eventos de bruxismo e uma boa margem de segurança para se evitar condições 19 falso-positivo. Por exemplo, o ato de “engolir saliva” durante o sono foi o maior responsável por simular falsos eventos de bruxismo durante o sono. 2.1.3 Tratamento Não há uma única forma de tratamento capaz de eliminar o bruxismo de maneira permanente. Tal fato pode ser explicado devido aos múltiplos fatores causais, além da dificuldade em se estabelecer a exata etiologia da doença. Há poucas alternativas de tratamento e todas são classificadas como sendo de baixa eficácia e pouca adesão dos pacientes, segundo Dionne (1997). Dentre as formas de tratamento as mais utilizadas são: Placas Oclusais Os estudos conduzidos por Dubé et al., (2004) mostraram que as placas oclusais podem reduzir o ranger dos dentes, a atividade muscular e a dor miofascial. Neste estudo randomizado com 9 pacientes, os autores tiveram como objetivo comparar a eficácia e segurança da placa oclusal com um dispositivo de controle palatal e concluíram que ambos foram eficazes na diminuição do bruxismo. Para tanto, os pacientes devem utilizar o dispositivo por, no mínimo 3 meses, durante todo o dia e toda a noite (Amorin, 2012). Por outro lado, há trabalhos descrevendo que o uso de placas oclusais estão associados ao aumento da atividade muscular na ordem de 20% nas placas oclusais rígidas e de 50% no caso das placas confeccionadas com materias flexíveis (Okeson, 1992). Até o presente momento, as evidências clínicas relacionadas ao uso das placas oclusais não são suficientes para se preconizar seu uso em todos os casos de disfunções temporomandibulares e bruxismo (Tsukiyama et. al., 2001; Dao & Lavigne, 1998). Psicoterapia O tratamento psicoterápico serve como uma ferramenta para prover alívio e controle do estresse e da ansiedade. Essa abordagem tem se mostrada essencial, visto ser o fator psicológico um dos determinantes para o 20 desenvolvimento da hiperatividade muscular e bruxismo (Aloé et. al., 2003; Ohayon et. al., 2001). Analgésicos e antinflamatórios São indicados quando se pretende analgesia e diminuição/cessação da inflamação (Pertes & Gross, 2005). Considerando-se que nenhum deles eles são específicos para os músculos mastigatórios, sua atuação geralmente não culmina em resultdos satisfatórios (Freud & Schwartz, 1999). Ansiolíticos Dentre os ansiolíticos, os benzodiazepínicos também podem ser utilizados, de maneira coadjuvante, no tratamento do bruxismo a medida que melhoraram a qualidade do sono devido seu ação depressora do Sistema Nervoso Central que acarreta em diminuição do hábito parafuncional. Apesar da eficácia, possuem efeitos adversos como dependência química, além de promoverem uma resolução temporária para o bruxismo, ao se parar a administração da droga, ocorrerá o retorno da parafunção (Aloé et. al., 2003; Okeson, 1994). Agentes Dopaminérgicos A hipótese de que distúrbios da concentração do neurotransmissor dopamina relaciona-se com o bruxismo nasceu a partir de investigações do bruxismo noturno. Sabe-se que o bruxismo noturno ocorre em períodos específicos do sono (transição entre sono profundo para sono leve). Nesse período específico níveis anormais de dopamina interferem na liberação de outros neurotransmissores, destacando-se a acetilcolina. Nesse cenário, regiões do tronco encefálico passam a sofrer influência excitatória proveniente de estruturas subcorticais (núcleos da base). Ou seja, regiões subcorticais liberam engramas motores relacionados à mastigação mas que, por alguma razão, geralmente se apresentam na forma de äpertar” e/ou “ranger” (McCarley et al., 2007). Em Shilpa et al., (2010), Lobbezzo et al., (1997) referiram que enquanto o uso a curto prazo de agentes dopaminérgicos agonistas inibem a ocorrência de bruxismo, o uso a longo prazo facilita sua ocorrência. No entanto, é importante ressaltar a terapia 21 dominérgica no bruxismo, assim como sua eficácia, ainda permanece em discussão, portanto, ainda não pode ser indicada para este tratamento. Antidepressivos Possuem efeito sedativo e anticolinérgico o que permitiu que estes medicamentos fossem sugeridos e utilizados, mesmo que empiricamente, no tratamento do bruxismo. No entanto tais medicações não apresentam eficácia efetiva (Aloé et. al., 2003). Em casos de bruxismo o uso de inibidores seletivos de recaptação de seretonina (ISRS) devem ser evitados (McCarley et al., 2007; Lobbezo et al.,1997). Miorrelaxantes Atuam em sistema nervoso central, especificamente na formação reticular, diminuindo o tônus muscular. São inespecíficos aos músculos mastigatórios, promovem efeitos colarerais indesejáveis e não atuam de maneira satisfatória (Freud & Schwartz, 1999). Toxina Botulínica Considerando-se ser a toxina botulínica o objetivo desse trabalho, detalhes sobre sua função e procedimento de uso serão detalhados logo abaixo. Por agora, podemos dizer que sua utilização no bruxismo iniciou-se após se verificar a ineficiência de todas as abordagens até então consideradas (Freud & Schwartz, 1999). 2.2 Revisão da Toxina Botulínica A toxina botulínica é uma exotoxina, proteína catalisadora do tipo neurotoxina, derivada de uma bactéria anaeróbica, gram positiva, Clostridium botulinum. Age nas terminações nervosas bloqueando o impulso nervoso nas fibras musculares promovendo seu relaxamento (Dutton, 1996). Considerada uma das toxinas mais letais reconhecidas atualmente é responsável pelo desenvolvimento de uma doença neuromuscular denominada botulismo (botulus: do latim, linguiça). Historicamente os primeiros relatos 22 descritos da doença por envenenamento com a toxina botulínica datam do final do século XVIII, no Reino de Württemberg (Alemanha). A diminuição do poder econômico na região, consequência das guerras Napoleônicas, diminuíram o controle sanitário na produção de alimentos, levando a intoxicação de linguiças de sangue e carne. Como sintomas, os pacientes apresentavam midríase e perda progressiva da competência muscular. Em 1820, um médico e poeta alemão, Justinus Kerner descreveu a doença em uma monografia na qual relatava suas avaliações clínicas de pacientes e de seus experimentos em animais. No oitavo capítulo desta monografia, Justinus Kerner sugeriu a possibilidade da utilização da toxina botulínica em métodos terapêuticos. Em 1895, Emile Van Ermengem, um microbiologista alemão discípulo de Robert Koch, conseguiu fazer a relação da doença com a bactéria Clostridium botulinum (Erbguth, 2008). Das sugestões postuladas por Justinus Kerner em 1820 surgiram as primeiras evidências de que realmente a toxina botulínica do tipo A poderia ser utilizada no tratamento de doenças. Em 1973 o primeiro trabalho mostrando a utilização da toxina botulínica tipo A como método terapêutico foi publicado. Nele foi descrito o resultado da utilização da toxina nos músculos extraoculares de macacos para a correção do estrabismo (Scott et al., 1973). A partir de então, com a evolução dos trabalhos a respeito, a toxina botulínica do tipo A passou a ser utilizada no tratamento de diversas alterações neuromusculares na neurologia (distonias cervicais, Síndromes de Gilles e de La Tourettena), fisiatria e reabilitações (paralisia cerebral, mialgias), urologia (falta de coordenação da atividade da bexiga e esfíncter urirário), entre outras (Jankovic, 2004; Sposito, 2004). A toxina botulínica se apresenta de 8 tipos diferentes classificadas de A-G, sendo que as do tipo A, B, E, F produzem efeitos em seres humanos. O subtipo A é a mais utilizada para fins terapêuticos, foi esta a primeira a ser isolada e purificada e é a que apresenta maior potencialidade terapêutica. Ela atua no bloqueio da liberação da acetilcolina, neurotransmissor responsável pela passagem do impulso nervoso do nervo periférico até a fibra muscular, e como consequência o músculo não entra em contração (Freud & Schwartz, 1999). Possui dose letal média (DL50– dose de toxina capaz de levar à morte 50% da 23 população a ela exposta) de 1 nanograma de toxina por quilograma de peso corporal (10-9 ng/kg) (Horowitz, 2005) o que corresponde aproximadamente 3000U (Sposito, 2004). A toxina botulínica do tipo A, em sua forma ativa, apresenta 150KDa, a cadeia pesada com 100KDa apresenta dois domínios (Hc+Hn) e a cadeia leve de 50KDa (L), zinco dependente (Figura 1). As duas cadeias se ligam por uma ponte di-sulfídica. Cada uma das cadeias exerce papel primordial no mecanismo de ação da toxina botulínica do tipo A: a cadeia leve, catalítica, impede a liberação do neurotransmissor na fenda sináptica, fusionando-se a vesícula contendo a acetilcolina; a cadeia pesada, por sua vez, promove a ligação aos receptores de membrana, através de domínios acessórios de ligação (Hc-N e Hc-C), e permite a internalização da toxina no nervo motor através do seu domínio de translocação (Hn) (Sposito, 2009) (figura 2). Fonte: Sposito, 2009, p. 27. Figura 1: Estrutura molecular da toxina botulínica tipo A 24 Endocitose da Toxina Botulínica b Cadeia leve quebra proteínas específicas SNARE c Tipos Cadeia leve a Cadeia pesada Tipos Complexo SNARE não se forma Tipo Membranas não se fundem Toxina Botulínica Neurotransmissor não liberado Célula Muscular Fibra Muscular Paralisada Fonte: Sposito, 2009, p. 30. Figura 2: Mecanismo de ação da toxina botulínica tipo A na placa neuromotora. Em (a) a molécula de toxina botulínica, por endocitose, penetra no interior da terminação nervosa por ação da cadeia pesada. A cadeia leve, já no interior da terminação nervosa (b) atua quebrando as proteínas que se ligam aos receptores de membrana (SNARE) o que liberaria o neurotransmissor acetilcolina na fenda sináptica (c). Desta maneira a fibra muscular permanece em estado de relaxamento. Segundo Aoki (2004) assim que a toxina botulínica do tipo A é injetada na musculatura, por tropismo, ela chega ao terminal nervoso colinégico. O seu mecanismo de ação acontece em 3 fases: 1. Fusão: a toxina liga-se ao terminal nervoso motor colinérgico através do subdomínio Hc da cadeia pesada (Figura 3.A) 2. Internalização/ Translocação: após a ligação aos receptores de membrana possibilitada pelo subdomínio Hc da cadeia pesada, o subdomínio Hn (subdomínio de translocação) facilita a entrada cadeia leve, Hl, através de transformações moleculares ocorridas na membrana celular do terminal nervoso (Figura 3.B). 3. Bloqueio, inibição: a cadeia leve irá atuar quebrando as proteínas responsáveis pela fusão das vesículas de acetilcolina com a membrana celular do terminal nervoso. 25 Esta proteína é reconhecida como SNARE (Soluble N- ethymaleimide- sensitive fator attachment proteine- Receptor) (Figuras 3.C). 4. O efeito da toxina botulínica não é permanente na placa neuromotora, isto porque ocorre um estímulo no terminal nervoso para que ocorra um crescimento de brotamentos axonais laterais o que permite o restabelecimento da função neuromotora (Sposito, 2004) (Figura 4) A A C C B 4 Fonte: Toxina botulínica tipo A- Repositório Digital da Allergan. Figura 3: sequência que demonstra o mecanismo de ação da toxina botulínica tipo A sobre a terminação nervosa. A cadeia pesada da toxina se liga aos receptores de membrana da terminação nervosa que contém as vesículas de acetilcolina (a). Internalização da cadeia leve no interior da terminação nervosa (b). Cadeia leve atua nos receptores de membrana da vesícula de acetilcolina impedindo sua fusão com a membrana da terminação nervosa o que bloqueia a liberação deste neurotransmissor (c). Figura 4: brotamento axonal para restabelecimento da inervação. Isto ocorre lateralmente a terminação nervosa bloqueada. 2.2.1 - Bruxismo e Toxina Botulínica Por se tratar de uma parafunção multifatorial, não há uma única forma de tratamento capaz de eliminar o bruxismo de maneira permanente. Algumas alternativas que variam entre tratamento medicamentoso, fisioterapias e placas interoclusais vem sendo propagadas, no entanto, segundo Dionne (1997), todos apresentam baixa eficácia e pouca adesão dos pacientes. 26 Em um estudo randomizado com 13 pacientes, Sener et al., (2007) concluíram que a placa interoclusal e toxina botulínica tipo A, são igualmente eficientes para o tratamento do bruxismo, sendo a toxina especialmente indicada para aqueles pacientes que se sentem desconfortáveis com os dispositivos interoclusais durante a noite. Diante dos fatos, a toxina botulínica do tipo A passou a ser utilizada para o tratamento do bruxismo. Vários estudos, bastante promissores, apoiam a eficácia do uso da toxina na redução da dor e da hiperatividade dos músculos da mastigação, além de colaborar com uma melhora da qualidade do sono em pacientes com bruxismo (Tinastepe & Küçük, 2015; Alonso- Navarro et al., 2011; Lee et al., 2010; GuardaNardini et al., 2008). Em estudo randomizado, duplo cego, placebo controlado, Guarda-Nardini et. al., (2008) concluíram que a toxina botulínica do tipo A foi eficiente no tratamento de pacientes apresentando bruxismo, no que se refere a dor e a amplitude de movimentos mandibulares. Neste estudo, 20 pacientes foram avaliados, 10 receberam a injeção de toxina botulínica tipo A nos masseteres (30U cada) e temporais (20U cada) e 10 pacientes receberam injeções de placebo. Tempos depois, um outro estudo nos mesmos padrões (randomizado, duplo cego, placebo controlado), foi realizado por Lee et al. (2010), agora com 12 pacientes; 6 deles receberam a toxina botulínica do tipo A nos músculos masseteres e os outros 6 pacientes receberam salina. Foram realizadas eletromiografias nos músculos masseteres e temporais a fim de se verificar a diminuição da atividade destes músculos. As avaliações eletromiográficas mostraram diminuição de atividade muscular nos músculos masseteres que receberam a toxina botulínica e nenhuma alteração dos músculos temporais, estes permaneciam com episódios de bruxismo. Tais resultados levaram os autores a concluírem que, além da toxina botulínica só exercer seus efeitos localmente nos músculos injetados, também se mostrou eficiente no tratamento do bruxismo. Com o intuito de se ampliar as avaliações dos efeitos da toxina botulínica tipo A em pacientes com bruxismo, Alonso-Navarro et al., (2011) realizaram um estudo de longo prazo. Os autores administraram a toxina nos músculos masseter e temporal dos pacientes com dose inicial de 25U cada e acompanharam estes pacientes, com 27 visitas periódicas, por 11 anos. Nestas visitas, os pacientes recebiam novas aplicações, de acordo com a necessidade e, ao fim dos acompanhamentos, o intervalo das doses administradas variou entre 25U a 40U cada músculo. Neste estudo, os autores concluíram que a toxina botulínica tipo A é um tratamento seguro e útil para pacientes apresentando bruxismo. Em 2012, Long et al., através de uma revisão sistemática, avaliaram a eficácia da toxina botulínica do tipo A em pacientes com bruxismo. Do total de estudos coletados em um período de 21 anos, apenas 04 estudos preenchiam os critérios de inclusão (ensaios clínicos randomizados ou não randomizados). Nesta avaliação, os autores concluíram que a TB-A quando utilizada no tratamento do bruxismo reduz a frequência de eventos bruxismo, diminui os níveis de dor induzida pela parafunção e foi considerada um tratamento satisfatório pelos pacientes. Com o objetivo de verificar o comportamento dos músculos masseter e temporal nos eventos de bruxismo noturno após receberem a aplicação de TB-A, Shim et al., (2014) selecionaram 20 pacientes, 10 deles receberam aplicações de TB-A apenas nos músculos masseteres e os outros 10 receberam injeções nos músculos masseteres e temborais (bilateral). Além disto, os pacientes foram monitorados através de polissonografia e eletromiografia em duas ocasiões diferentes; a primeira antes das aplicações de TB-A e a segunda 4 semanas após as aplicações. Em suas conclusões, os autores relataram que a toxina não diminuiu a frequência e nem a duração dos episódios de bruxismo noturno mas diminuiu a amplitude dos picos de sinal eletromiográfico dos masseteres e temporais. Existem algumas contra- indicações para o tratamento com a toxina botulínica, algumas absolutas, como nos pacientes portadores de doenças neuromusculares e associadas ao nervo motor; miastenia gravis, esclerose lateral amiotrófica e síndrome de Lambert-Eaton; além de infecção local, gravidez, lactação e hipersensibilidade conhecida a ingredientes da formulação, como a albumina. Isto ocorre devido ao já desequilíbrio de acetilcolina apresentado por estes pacientes. Algumas contraindicações relativas também são relatadas: distúrbios de coagulação, uso de anticoagulantes e uso de certas medicações, tais como aminoglicosídeos, penicilamina ou bloqueadores de canais de cálcio, que podem potencializar os efeitos da droga (Klein, 2003). 28 Os efeitos colaterais relacionados a aplicação da toxina são raras, dose dependentes, reversíveis e de leve intensidade, dentre elas a hipotensão, náusea, vômitos e disfagia são as mais comuns (Dutton, 1996). Embora relatado na literatura, Lee et al., (2010) e Alonso- Navarro et al., (2011), descrevem em seus trabalhos a irrelevância e inexistência de efeitos colaterais relacionados a utilização da toxina botulínica. O efeito da toxina botulínica sobre os músculos mastigatórios para alívio dos desconfortos mandibulares e diminuição da hiperatividade muscular não é definitivo, sua ação na diminuição da atividade muscular é variável, em torno de 4 meses após a aplicação da neurotoxina (Balbinot., 2010). Isto ocorre devido um “brotamento” de novas fibras nervosas sobre a superfície do músculo, restabelecendo- se assim, a junção neuromuscular (Aoki, 2004). 29 3. OBJETIVOS Verificar os efeitos em curto e médio prazo da utilização da toxina botulínica do tipo A no bruxismo. Quantificar a atividade mioelétrica, através da eletromiografia de superfície dos músculos masseter e temporal, os efeitos da toxina botulínica do tipo A. Correlacionar a redução da atividade mioelétrica dos músculos masseter e temporal com aspectos qualitativos (melhora da dor e satisfação do tratamento) após a aplicação da toxina botulínica do tipo A em pacientes com bruxismo. 30 4. MATERIAL E MÉTODOS Este projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Anhanguera de São Paulo- UNIAN (Anexo I). Aos pacientes selecionados e incluídos no presente trabalho solicitou-se a leitura e a aceitação do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo II). Foram incluídos pacientes voluntários provenientes de demanda espontânea, oriundos da clínica de Odontologia da Faculdade de Odontologia da Universidade Anhanguera de São Paulo. A seleção dos pacientes ocorreu no período de junho a julho de 2015. De uma maneira geral, os procedimentos tiveram deram-se na seguinte ordem: 1º - O paciente preenche dados demográficos e responde às avaliações qualitativas. 2º - Avaliação eletromiográfica inicial 3º - Aplicação da TB-A 4º - Retornos para reavaliação eletromiográfica (mesmo procedimento do item segundo). No total o paciente retornou outras três vezes. O intervalo entre cada retorno foram de: Retorno 1 (R1): 15 dias após aplicação de TB-A; Retorno 2 (R2): 30 dias após aplicação de TB-A; Retorno 3 (R3): 60 dias após aplicação da TBA). 4.1 Tamanho da Amostra Todos os participantes foram submetidos a avaliação clínica incluindo exame físico intra e extra oral através do Research Diagnostic Criteria for Temporomandibular Disorders- RDC/TMD (Manfredini et al., 2003) e avaliação de bruxismo (Anexo III). No total, foram avaliados 24 pacientes com diagnóstico de bruxismo sendo que 01 paciente foi excluído por se encaixar em um dos critérios de exclusão e 03 pacientes por não retornarem para reavaliações. Sendo assim, nossa amostra final contou com um total de 20 pacientes diagnosticados com Bruxismo. Os participantes serviram como controle deles próprios ao se comparar os dados 31 eletromiográficos e qualitativos antes e depois das aplicações de toxina botulínica do tipo A. 4.2 Critérios de Inclusão: a) Pacientes adultos, que possuam de 20 a 50 anos de idade, do sexo masculino e feminino. b) Classificados, segundo a American Society of Anesthesiology (ASA), no grupo I (saudáveis normais, sem apresentarem alterações sistêmicas nem fazerem uso contínuo de medicamentos). c) Comprovação clínica do bruxismo, diurno e/ou noturno, realizada através dos critérios de diagnóstico para desordens temporomandibulares (RDC/TMD). Para inclusão foram confirmados os seguintes sinais clínicos: Queixa de apertar, comprimir ou ranger os dentes referidos pelo paciente ou pelo parceiro (a), com pelo menos 6 meses de duração. Hipertrofia dos músculos masseter e/ou temporal Uma das seguintes complicações: cefalalgia/dor orofacial crônica (>6 meses), dor mastigatória crônica (>6 meses), dor à palpação dos músculos mastigatórios e/ou faciais (terço médio e inferior) (>6 meses). 4.3 Critérios de Exclusão a) Não concordaram em participar da pesquisa após leitura do termo de consentimento informado e esclarecido. b) Pacientes portadores de próteses totais em uma ou ambas as arcadas. c) Apresentarem histórico de hipersensibilidade a algum componente do fármaco. d) Quando o paciente não retornar para o acompanhamento pósoperatório. e) Pacientes que estejam participando de outros estudos clínicos. f) Antecedentes de dois ou mais anos de licença médica. g) Indivíduos com as seguintes co-morbidades: Doenças reumatológicas em atividade (por ex. LES e AR); Diagnóstico prévio de fibromialgia; 32 Diagnóstico de doença neoplásica, muscular ou neurológica (Doença de Parkinson, Doença de Alzheimer e/ou Coréia); Doenças psiquiátricas graves (ativas ou latentes); Uso de algum dos seguintes medicamentos: quinidina/quinina e antibióticos aminoglicosídeos ou penicilaminas; Infecção/inflamação nos locais de injeção; Miastenia gravis, Síndrome de Eaton-Lambert ou outras síndromes neuronais motoras; Distúrbios da coagulação ou que estejam em uso de anticoagulantes; Pacientes com diagnóstico de doenças auto- imunes; Dependentes de álcool e/ou outras drogas; Lesões gengivais graves e/ou patologias dentárias com inflamação extensa/ intensa; Antecedente de cirurgia da articulação temporomandibular. Achados anormais ao exame clínico, quaisquer outras doenças e/ou exames clínicos que, na opinião do investigador, possam prejudicar a segurança do paciente ou diminuir a chance de obtenção de dados satisfatórios necessários para atingir o (s) objetivo (s) do estudo. 4.4 Avaliação Clínica Na avaliação qualitativa verificou-se o grau de bruxismo, dor, nível de satisfação, qualidade de vida e a presença de efeitos adversos. Avaliação do grau de bruxismo Para esta avaliação foi utilizada a escala RDC/ TMD modificada (Manfredini et al., 2003), antes e depois da intervenção com a toxina botulínica tipo A. Esta escala, presente na ficha de avaliação e representada abaixo, vai de 0-96 e serve para identificar o bruxismo e mensurar sua gravidade. 33 Avaliação do Bruxismo (Pontuação)- Modificada Você está ciente de apertar / cerrar os dentes (ou alguém ouviu você ranger os dentes durante a noite)? ( ) Sim (2 pontos) ( ) Não(0 pontos) Acorda pela manhã com a mandíbula fadigada? ( ) Sim (2 pontos) ( ) Não (0 pontos) Você tem dentes ou gengivas doloridos ao despertar ou hipersensibilidade ao ar frio ou líquido pela manhã? ( ) Sim (2 pontos) ( ) Não(0 pontos) Estalo ou travamento da articulação temporomandibular? ( ) Sim (2 pontos) ( ) Não (0 pontos) Presença de hipertrofia de masseter em contração voluntária? ( ) Sim (2 pontos) ( ) Não(0 pontos) Utiliza placas mio relaxantes? ( ) Sim (2 pontos) ( ) Não (0 pontos) As placas mio relaxantes proporcionam alívio bom para você? ( ) Sim (2 pontos) ( ) Não (0 pontos) ( ) Não se aplica (0 pontos) Apresenta cefaléia temporalao acordarpela manhã? ( ) Não (0 pontos) ( ) Sim, ocasionalmente (2 pontos) ( ) Sim, frequentemente (2 pontos) Reclama de desconforto, fadiga, rigidez dos músculos ou dor na parte da manhã? ( ) Sem dor (0 pontos) ( ) Sim, ocasionalmente (1-2 dias / semana)(2 pontos) ( ) Sim, freqüentemente (≥ 3 dias / semana) (3 pontos) ( ) Sim, preciso analgésicos frequentemente (qualquer frequência)(4 pontos) Presença de perda de superfície dentária (desgaste do dente) dentro da faixa normal de movimentos da mandíbula ou em posição excêntrica? ( ) Nenhum desgaste ou desgaste desprezável de esmalte(0 pontos) ( ) Desgaste de esmalte à dentina em pontos individuais (2 pontos) ( ) Desgaste da dentina ≤ 1/3 da altura da coroa (3 pontos) ( ) Desgaste da dentina >1/3 da altura da coroa(4 pontos) Somar a pontuação e multiplicar por 4 = Dor e desconforto A abordagem para mensurar o grau de redução de dor foi uma escala analógica que variava de 0-10, onde 0 era a manutenção da dor e desconforto e 10 a sua ausência. Nível de satisfação do tratamento Na última visita o paciente foi questionado sobre a melhora de sua qualidade de vida mensurada em uma escala de 0-10, onde 0 não ficou satisfeito e 10 ficou completamente satisfeito. Presença de efeitos adversos O paciente foi questionado sobre a ocorrência de efeitos adversos, como náusea, cefaleia, dor no local da aplicação da TB-A, tais como náusea, cefaléia. 34 4.5 Avaliação Eletromiográfica 4.5.1 Especificações do Equipamento A mensuração da atividade mioelétrica dos músculos masseteres e temporais foi feita utilizando-se um eletromiógrafo de superfície da marca Miotec, modelo Miotool 400®, de 4 canais, com 14 bites de resolução de faixa dinâmica conectado aos músculos estudados através de eletrodos individuais meditrace® 100 infantil com cloreto de prata Ag/AgCl (Gel Sólido (hidrogel) adesivo e condutor), os dados foram interpretados pelo software Miograph® da Miotec (Manual do usuário Miotool 400®). Os eletrodos utilizados para avaliação estão dispostos na Figura 5: A B Fonte: Manual de Instruções Miotool 200- Miotec Equipamentos Biomédicos, 2006. Figura 5: (A) Eletromiógrafo de superfície (Miotec, Miotool 400) de 4 canais, com 14 bites de resolução de faixa dinâmica e assessórios. (B) Eletrodos meditrace® 100 infantil com cloreto de prata Ag/AgCl. Antes da colocação dos eletrodos tomou-se o cuidado de se fazer uma limpeza do local com uma esponja (remoção de células mortas) e, também o uso de álcool par remoção de gordura superficial (Figura 6A) Em relação ao posicionamento dos mesmos, temos: Um eletrodo foi utilizado como terra e posicionado na região do processo estilóide da ulna (Figura 6B). 35 Um eletrodo de registro na região da inserção do músculo masseter estudado (bilateral) (Figura 6C). Um eletrodo de registro na região das fibras verticais e anteriores do músculo temporal estudado (bilateral) (Figura 6C). Depois de posicionados, os eletrodos são conectados aos fios condutores que ligam ao aparelho de eletromiógrafo (Figura 6D). A C C C B D D C Fonte: Elaborada pelo autor Figura 6: Sequência do protocolo de instalação dos eletrodos: (A) Limpeza da pele com esponja e álcool, (B) local de instalação do eletrodo terra, (C) locais de instalação dos eletrodos no masseter (superior) e temporal (inferior), (D) eletrodos conectados com o aparelho de eletromiografia. 36 4.5.2 Coleta e Registro da Atividade Eletromiográfica O paciente permaneceu sentado em uma cadeira, com o dorso completamente apoiado no encosto, plano de Frankfurt (linha imaginária traçada do trágus da orelha até forame infraorbitário) paralelo ao solo, olhos abertos, pés apoiados na cadeira e braços apoiados sobre os membros inferiores. Foram posicionados um rolete de algodão entre os dentes, molares superiores e inferiores, bilateral (Figura 7). Sobre estes roletes os pacientes exerceram a força de contração máxima (CVM). Fonte: Elaborada pelo autor Figura 7: Posicionamento dos roletes de algodão posicionados O sinal eletromiográfico foi captado em um total de 30 segundos, divididos em seis tempos de 5 segundos (Figura 8). A leitura do exame eletromiográfico permite a quantificação de impulso nervoso que chega na placa motora e que é feita pelo próprio software do aparelho em microvolts. Salienta-se aqui também que, para efeito estatístico, considerou-se uma média das 3 CVMs. (Figura 9). O ganho de atividade mioelétrica foi regulado em 200 vezes, sendo aplicado filtro do tipo passa-banda, que limita a leitura de 20Hz à 500Hz para eliminar interferências externas (Barros, 2008; Campolongo, 2007; Michelotti et al., 2005). Detalhes sobre a coleta estão descritos logo abaixo. De 0 ao 5° segundo em relaxamento voluntário dos músculos masseter e temporal. 37 Do 05° ao 10° segundos o paciente promove a contração voluntária máxima (CVM) dos músculos masseter e temporal sobre um rolete de algodão. Do 10° ao 15° segundos em relaxamento voluntário dos músculos masseter e temporal. De 15° a 20° segundos o paciente promove a contração voluntária máxima dos músculos masseter e temporal sobre um rolete de algodão. De 20° a 25° segundos em relaxamento voluntário dos músculos masseter e temporal. De 25° a 30° segundos o paciente promove a contração voluntária máxima dos músculos masseter e temporal sobre um rolete de algodão. Figura 8: Sinais eletromiográficos captados Fonte: Elaborada pelo autor 38 Fonte: Elaborada pelo autor Figura 9: Resultado em micro volts. O software mostra os valores da CVM máxima, mínima, média e o desvio padrão. 4.6 Procedimento Para Aplicação da TB-A 4.6.1 Descrição Geral Para este trabalho a toxina botulínica utilizada foi da empresa Allergan. A toxina botulínica tipo A foi armazenada a temperatura abaixo de 5º C até o momento da sua utilização (Toxina Botulínica tipo A: Allergan, 2004). A empresa Allergan detêm os direitos comerciais sobre o uso da marca Botox (Figura 10). Todos os pacientes foram orientados a evitar acionar a musculatura por pelo menos 15 minutos e permanecer em repouso por 2 horas (Toxina Botulínica tipo A: Allergan, 2004) após as aplicações. 39 Fonte: Elaborada pelo autor Figura 10: Botox®- toxina botulínica tipo A 4.6.2 Preparação e Aplicação da Droga Antes da aplicação da TB-A o local de interesse foi limpo com o uso de clorexidina 2%. Em relação a sua preparação, a neurotoxina foi dissolvida em aproximadamente 1ml de cloreto de sódio a 0,9%, dessa forma cada décimo de mililitro da solução preparada conteve 10U de toxina. Em relação `dosagem aplicada, todos os pacientes receberam no total 100U, sendo 60U nos masseteres (30U em cada lado) e 40U nos temporais (20U em cada lado). Estas doses foram estabelecidas seguindo protocolo de GuardaNardini et al., (2008) e também são as doses recomendadas pela a empresa (Toxina Botulínica tipo A: Allergan, 2004). As seringas padronizadas para o estudo eram descartáveis com capacidade para 1ml (normalmente usadas para aplicação de insulina). As agulhas padronizadas para os procedimentos foram as seguintes: Diluição: 30/7 – 22 G1 ¼ canhão preto Aplicação: 25/6 – 23 G1 ¼ canhão cinza 4.6.3 Metodologia e Pontos de Aplicação Para se identificar os pontos onde a toxina deveria ser aplicada, primeiro traçou-se uma linha imaginária entre o centro articular da ATM e a base da 40 comissura labial (ver Figura 11). Uma vez que a hemiface foi dividia em região superior (temporal) e inferior (masseter), os pontos de aplicação foram identificados, como descrito abaixo e demonstrado nas Figura 12A e 12B. Masseter: Foram selecionados três pontos abaixo da linha equatorial do músculo masseter, dois pontos abaixo e paralelos a linha equatorial do músculo e um ponto acima da inserção muscular, paralelo a base da mandíbula. Temporal: injeção tangencial em V, dois pontos, visando os feixes anteriores e verticais do músculo. Fonte: Elaborada pelo autor Figura 11: pontos de aplicação, masseter inferior e temporal superior. A B 41 B A Fonte: Elaborada pelo autor Figura 12: Sequência de aplicação da toxina botulínica. (A) músculo masseter, (B) músculo temporal. 4.7 - Análise Estatística Todos os resultados foram calculados utilizando-se o software IBM-SPSS v.21, enquanto que os gráficos foram gerados a partir de uma planilha de dados (Microsoft Office Excel 2013). Para se verificar o tipo de distribuição da amostra (idade, sexo e dados eletromiográficos) foi utilizado o índice Z do teste de Smirnov-Kolmogorov (KS-test). O teste-t foi utilizado para se verificar diferenças relativas a idade e ao sexo dentro da amostra. Para se verificar se o tamanho da amostra foi significativa, os seguintes dados foram utilizados: “poder estatístico”; índice de Cohen (>0.8) e seu delta correspondente (n~delta/d)2. A hipótese nula foi rejeitada utilizando-se o teste-t pareado entre os dados eletromiográficos colhidos na avaliação inicial e no primeiro retorno. O mesmo teste também foi utilizado para se mensurar diferenças entre o grau de bruxismo inicial e final. A diferença da atividade eletromiográfica entre os retornos foi verificada utilizandose o teste ANOVA e a comparação entre eles através do teste Tukey post-hoc. Grau de redução de dor, melhoria de qualidade de vida e nível de satisfação foram calculados em porcentagem. O coeficiente de correlação de Pearson (CCP) e a regressão linear (R2) foram utilizados para se verificar o grau e o nível de correlação entre os dados quantitativos (eletromiografia) com idade, sexo e as variáveis qualitativas (dor, qualidade de vida e nível de satisfação). Ambos os 42 testes também foram usados para se verificar se possíveis desequilíbrios da atividade eletromiográficas entre os músculos pares (masseteres direito x esquerdo / temporais direito x esquerdo) correlacionavam-se com o grau de bruxismo inicial (variável independente). Todos os testes foram bi-caudados e o nível de significância foi estabelecido em alfa < 0.05. 43 5. RESULTADOS 5.1. Distribuição da Amostra No total foram avaliados 24 participantes, sendo que 4 foram excluídos: 1 não atendeu aos critérios de inclusão/exclusão e 3 não puderam assegurar presença aos retornos. Sendo assim, a amostra final contou com 20 participantes (13 femininos), com idade média de 37.15 (mínimo = 26; máxima = 50; desvio padrão (DP) = 5.950). No que se refere a idade e sexo, o teste-t indicou ser uma amostra não homogênea (p<0.001), ou seja, houve predominância de um sexo (> feminino) e a idade dos participantes eram significativamente diferentes. Com relação à distribuição, o teste de normalidade Kolmogorov-Smirnov (KS-test), revelou uma distribuição normal para idade (Z=0.381; p=0.999) mas não para sexo (Z=1.846; p=0.02). 5.2. Tamanho Da Amostra Considerando-se que a hipótese nula foi descartada pelo teste-t de amostras pareadas, foi feito um cálculo para se verificar se o tamanho da amostra era, de fato, representativa. Para tanto, os seguintes passos foram seguidos: Primeiro, utilizando-se de experiência clínica pregressa e informações coletadas em estudos anteriores, considerou-se que a toxina botulínica tem um grande efeito (d > 0.8) (Cohen, 1969 – 1988). Segundo, calculou-se o poder estatístico da intervenção, ou seja, o quanto a atividade mioelétrica foi “comprometida” pela toxina botulínica; nesse caso o poder estatístico ficou em 0.98. Importante salientar aqui que, para cada grau de poder estatístico existe um delta correspondente que, nesse caso, é de 3.6 (ver tabela nesse site http://www.unt.edu/rss/class/Jon/ISSS_SC/Module008/delta/). Sendo assim, e utilizando-se da seguinte fórmula: n~(delta/d)2, temos: n = (3.6/0.8)2 = 20.25. Ou seja, uma amostra de 20 indivíduos demonstrou-se suficiente para se comprovar o efeito da toxina botulínica nos músculos faciais (masseteres e temporais) de indivíduos bruxistas. 44 5.3 Confirmação da Hipótese Para se testar a hipótese de que a toxina botulínica era capaz de reduzir o grau de bruxismo através de uma redução da atividade mioelétrica dos músculos considerados, foi utilizado o teste-t de amostras pareadas. Nesse caso, comparou-se a primeira eletromiografia (antes da aplicação) com àquela obtida no primeiro retorno (15 dias após). Essa comparação foi feita para todos os músculos (masseteres e temporais) e a redução foi significativa para todos (p < 0.001). Ou seja, a atividade eletromiográfica dos músculos considerados reduziu, de forma significativa, após a intervenção, e manteve-se ao longo das reavaliações (Tabela 1 e 2). Essa hipótese confirmou-se verdadeira por dois motivos: 1º - o grau de bruxismo reduziu após a aplicação da TB-A (ver análise qualitativa descrita logo abaixo); 2º - o grau de atividade eletromiográfica entre o R1 vs R3 aumentou significativamente somente para um dos 4 músculos considerados (masseter direito). Mais detalhes ver discussão abaixo. 5.4. Análise Qualitativa No que se refere ao grau de bruxismo, todos os participantes reportaram melhora significativa (p<0.001): grau de bruxismo inicial: (média=61.2; mín=40; máx=96; DP=17.319); grau de bruxismo final (média=21.8; mín=8; máx=56; DP=13.579). No que se refere à dor, os participantes reportaram, em média, uma melhora de 85%, sendo que 1 indivíduo reportou melhora de 30%; 2 reportaram melhora de 50%; 6 reportaram melhora de 80%; e 11 indivíduos reportaram melhora de 100%, ou seja, ausência de dor. Dentre os participantes, apenas 8 reportaram efeitos adversos, sendo náusea e cefaleia os únicos relatados. No entanto, importante salientar que esses efeitos não perduraram por mais de 15 dias. Ao serem questionados sobre seu grau de satisfação com o tratamento, obteve-se uma média de 8.75, numa escala de 0 (zero) a 10 (dez), sendo 0 “não satisfeito” e 10 “muito satisfeito”. De acordo com o CCP, a correlação entre essas variáveis ficou em: diminuição da dor x grau de satisfação (CCP=0.618; p=0.04). 45 5.5. Análise Quantitativa Com relação à distribuição dos dados eletromiográficos da avaliação inicial, o KS-test demonstrou uma distribuição normal de atividade mioelétrica para todos os músculos: masseter direito (Z=0.917; p=0.370); masseter esquerdo (Z=1.139; p=0.149); temporal direito (Z=0.758; p=0.614); temporal esquerdo (Z=1.211; p=0.106). Com relação aos dados colhidos durante a avaliação eletromiográfica, é importante ressaltar que os números referem-se a uma média aritmética das 3 contrações voluntária máximas (CVMs) requisitadas durante cada uma das avaliações (R0 = pré-tratamento; R1 = retorno 1; R2 = retorno 2; R3 = retorno 3). Considerando-se que o equipamento também fornece um desvio padrão das médias, procedimento semelhante foi adotado, ou seja, uma média aritmética do desvio padrão das médias foi calculado. Importante ressaltar que a média aritmética das 3 CVMs, assim como seus desvios padrões, não foram estatisticamente diferentes das mensurações isoladas (p>0.05). De uma maneira geral, todos os quatro músculos (masseteres e temporais), reduziram sua atividade mioelétrica significativamente ao se comparar a avaliação de base com àquela feita 15 dias após (128.77 -> 27.63 microvolts – diferença de 72.37%). Nesse cenário, a diferença foi significativa para todos os músculos (p<0.001). Observando-se os dados eletromiográficos dos retornos, decidimos comparar as diferenças entre as atividades eletromiográficas de R1 x R2 x R3 para todos os músculos. Maiores detalhes desses dados estão dispostos na Tabela 2 e nos Gráficos 1,2,3 e 4. Para efeitos demonstrativos, e para ratificarmos que os dados eletrmiográficos colhidos em R0 e R3 eram de fato estisticamente diferentes (R0 > R3), decidimos criar a Tabela 3 comparando essas duas condições. 6.6. Análise comparativa entre os músculos masseteres e temporais O primeiro passo nessa comparação foi verificar se a atividade miolelétrica entre os músculos pares eram significativamente diferentes. Nesse cenário, enquanto a diferença entre os masseteres não foi significativa (p=0.409), ela o foi 46 entre os músculos temporais (0.015), sendo o temporal direito aquele com nível mais elevado de atividade mioelétrica. Um segundo passo foi verificar se existe alguma correlação entre o grau de bruxismo e a diferença de atividade eletromiográfica entre os músculos aqui considerados. Ou seja, o quanto o desequilíbrio da atividade mioelétrica entre músculos pares poderia estar correlacionada com o grau de bruxismo inicial. Sendo assim, o seguinte procedimento foi realizado: subtraiu-se o nível de atividade eletromiográfica inicial dos músculos masseter direito do masseter esquerdo (MD–ME) e dos temporais direito e esquerdo (TD–TE). Na análise descritiva, a diferença entre os músculos masseter e temporal ficaram em -11.64 e 31.14 microvolts, respectivamente. Neste caso, o CCP revelou não haver nenhuma correlação significativa entre o grau de bruxismo e desequilíbrio miolétrico entre os músculos pares: MD-ME vs Grau de bruxismo inicial (CCP= 0.122; p= 0.609); TD-TE vs Grau de bruxismo inicial (CCP= -0.069; p= 0.772). 6.7. Análise de correlação e regressão A diferença da atividade eletromiográfica entre os retornos não apresentou níveis significativos ao se utilizar o sexo e idade como variáveis independentes. Esse cenário repetiu-se para todos os músculos: Masseter direito: (CCP=0.072, R2=0.018, p=0.857); Masseter esquerdo: (CCP=0.040, R2=0.033, p=0.753); Temporal direito: (CCP= -0.104, R2=0.011, p=0.908); Temporal esquerdo: (CCP=0.205, R2=0.041, p=0.205). Além disso, nenhuma das variáveis qualitativas consideradas (grau de bruxismo, dor, qualidade de vida e grau de satisfação) foram capazes de predizer o grau de redução da atividade eletromiográfica no primeiro retorno, mesmo quando controlada por sexo e idade. Embora esse não tenha sido nosso objetivo, decidimos investigar se existe alguma correlação e/ou regressão significativa entre o grau de bruxismo inicial com a atividade mioelétrica coletada antes da aplicação da TB-A. Essas comparações podem ser visualizadas na Tabela 4 e nos Gráficos 5,6,7 e 8. 47 Tabela 1. Resultados descritivos da microvoltagem mensurada nos músculos avaliados e o desvio padrão fornecido pelo equipamento. Período MD MD_DP ME ME_DP TD TD_DP TE TE_DP Ava. Inicial 122.59 42.69 134.23 45.61 144.71 46.29 113.56 37.72 R1 30.89 9.50 36.17 9.62 41.39 11.94 33.92 12.73 R2 26.42 8.74 29.00 8.11 35.63 11.85 35.65 12.69 R3 43.95 15.84 34.56 12.77 39.72 14.72 39.72 20.22 MD: masseter direito; ME: masseter esquerdo; TD: temporal direito; TE: temporal esquerdo; Ava. Inicial: avaliação inicial; R1: retorno 15 dias após intervenção; R2: retorno 30 dias após intervenção; R3: retorno 60 dias após intervenção; MD_DP, ME_DP, TD_DP, TE_DP: média do desvio padrão das três CVMs fornecidas pelo equipamento. 48 Tabela 2. Resultados descritivos e compartivos da microvoltagem mensurada nos músculos avaliados e em todos os períodos. Tukey Post Hoc Test Músculos / Período Mín. Máx. Média DP Sig. Comparação entre grupos MD-R0 32.57 397.90 122.59 83.40 MD-R1 5.67 74.77 30.89 16.66 Sig. MDRO X MDR1 <0.001* MDR1 XMDR2 0.075 <0.001 MD-R2 5.13 66.10 26.42 14.11 MDR1 X MDR3 0.042* MD-R3 5.80 141.63 43.95 36.63 MDR2 X MDR3 0.024* ME-R0 31.33 417.70 134.23 101.43 MER0 X MER1 <0.001 ME-R1 6.97 68.47 36.17 15.95 MER1 X MER2 0.025* <0.001 ME-R2 6.53 58.17 29 13.85 MER1 X MER3 0.715 ME-R3 7.67 64.63 34.56 17.11 MER2 X MER3 0.134 TD-R0 41.64 407.67 144.71 99.21 TDR0 X TDR1 <0.001* TD-R1 9.77 85.17 41.39 18.77 TDR1 X TDR2 0.061 <0.001 TD-R2 12.00 83.05 35.63 16.55 TDR1 X TDR3 0.764 TD-R3 13.33 95.80 39.72 21.73 TDR2 X TDR3 0.466 TE-R0 30.67 289.17 113.56 78.67 TER0 X TER1 <0.001 TE-R1 14.80 61.40 33.92 14.11 TER1 X TER2 0.498 <0.001 TE-R2 12.50 97.77 35.65 19.65 TER1 X TER3 0.085 TE-R3 13.53 74.00 39.72 16.86 TER2 X TER3 0.278 MD: masseter direito; ME: masseter esquerdo; TD: temporal direito; TE: temporal esquerdo; R0: Avaliação inicial R1:Retorno 15 dias após intervenção; R2: Retorno 30 dias após intervenção; R3: Retorno 60 dias após intervenção; Mín: mínimo; Máx: máximo; DP: desvio padrão; Sig: significância. 49 Tabela 3. Comparação, com significância estatística, das atividades eletromiográficas registradas em R0 e R3. Músculo Média R0 Média R3 Significância MD 122.59 43.95 <0.001 ME 134.23 34.56 <0.001 TD 144.71 39.72 <0.001 TE 113.56 39.72 <0.001 MD: masseter direito; ME: masseter esquerdo; TD: temporal direito; TE: temporal esquerdo; R0: Avaliação inicial R3: Retorno 60 dias após intervenção. Gráfico 1. Redução (em %) da atividade mioelétrica dos músculos masseter direito ao longo das avaliações. Masseter direito (%) 120% 100% 100% 80% 60% 35,85% 40% 25,19% 21,55% 20% 0% Avaliação. Inicial R1 R2 R3 R1: retorno 15 dias após intervenção; R2: retorno 30 dias após intervenção; R3: retorno 60 dias após intervenção. 50 Gráfico 2. Redução (em %) da atividade mioelétrica dos músculosmasseter esquerdo ao longo das avaliações. Masseter esquerdo (%) 120% 100% 100% 80% 60% 40% 26,94% 21,60% 25,74% 20% 0% Avaliação. Inicial R1 R2 R3 R1: retorno 15 dias após intervenção; R2: retorno 30 dias após intervenção; R3: retorno 60 dias após intervenção. Gráfico 3. Redução (em %) da atividade mioelétrica dos músculo temporal direito ao longo das avaliações. Temporal direito (%) 120% 100% 100% 80% 60% 40% 28,60% 24,62% 27,44% R2 R3 20% 0% Avaliação. Inicial R1 51 R1: retorno 15 dias após intervenção; R2: retorno 30 dias após intervenção; R3: retorno 60 dias após intervenção Gráfico 4. Redução (em %) da atividade mioelétrica dos músculostemporalesquerdo ao longo das avaliações. Temporal esquerdo (%) 120% 100% 100% 80% 60% 40% 29,86% 31,39% R1 R2 34,97% 20% 0% Avaliação. Inicial R3 R1: retorno 15 dias após intervenção; R2: retorno 30 dias após intervenção; R3: retorno 60 dias após intervenção. Tabela 4. Coeficiente de correlação de Pearson e grau de regressão (R2) entre grau de bruxismo e atividade mioelétrica que antecedeu a aplicação de TB-A. Músculo EMG (microvolts) CCP R2 MD 122.580 -0.251 0.063 0.143 ME 134.230 -0.280 0.079 0.116 TD 144.700 -0.393 0.154 0.043 TE 113.560 -0.450 0.202 0.023 Sig MD: masseter direito; ME: masseter esquerdo; TD: temporal direito; TE: temporal esquerdo; EMG: eletromiografia; CCP: coeficiente de correlação de Pearson; R2: regressão linear. 52 Gráfico 5: Regressão linear entre a atividade mioelétrica inicial do músculo masseter direito e o grau de bruxismo inicial. MDR0_média: média da atividade mioelétrica (em microvolts) do músculo masseter direito; Brux_I: avaliação do grau de bruxismo inicial. 53 Gráfico 6: Regressão linear entre a atividade mioelétrica inicial do músculo masseter esquerdo e o grau de bruxismo inicial. MER0_média: média da atividade mioelétrica (em microvolts) do músculo masseter esquerdo; Brux_I: avaliação do grau de bruxismo inicial. 54 Gráfico 7: Regressão linear entre a atividade mioelétrica inicial do músculo temporal direito e o grau de bruxismo inicial. TDR0_média: média da atividade mioelétrica (em microvolts) do músculo temporal direito; Brux_I: avaliação do grau de bruxismo inicial. 55 Gráfico 8: Regressão linear entre a atividade mioelétrica inicial do músculo temporal esquerdo e o grau de bruxismo inicial. TER0_média: média da atividade mioelétrica (em microvolts) do músculo temporal esquerdo; Brux_I: avaliação do grau de bruxismo inicial. 56 6. DISCUSSÃO Embora todo cálculo amostral tenha uma dose de subjetividade, conseguimos demonstrar que o tamanho da nossa amostra foi suficiente para se confirmar o efeito do tratamento. Considerando-se que nenhum dos estudos aqui analisados descreveram informações sobre o tamanho de efeito da amostra e poderes estatístico (Sener et al., 2007; Guarda-Nardini et at al., 2008; Lee et al., 2012), estudos futuros, principalmente aqueles que objetivam uma abordagem prospectiva, podem utilizar dessa informação para delinear suas metodologias. Neste trabalho, a média de idade apresentada foi de 37.15 anos, compatível com os relatos de literatura que confirmam uma incidência maior de pacientes bruxistas nesta faixa etária (Okeson, 1992). Ainda com relação à idade de nossa amostra, podemos dizer que ela foi representativa pois não só a idade foi significativamente diferente entre os participantes como também apresentou uma distribuição paramétrica. Já em relação ao maior número de mulheres, não foi uma surpresa de fato pois estas não costumam postergar procura por ajuda médica especializada. No entanto, essa discrepância não parece ser de grande importância já que Manfredini et al., (2013) já haviam comprovado não haver relação entre sexo e bruxismo, ou seja, uma amostra heterogênea como a nossa, onde o número de mulheres apresentou-se maior do que o número de homens, muito provavelmente não teve seus resultados comprometidos em função dessa variável. A confirmação da hipótese de nosso trabalho corrobou com aquelas propostas por (Lee et al., (2010) e Shim et al., (2014), que confirmaram haver uma relação entre a redução da atividade eletromiográfica e a redução do grau de bruxismo após a aplicação TB-A nos músculos mastigatórios. Tal resultado, até então, só poderia ser constatado clinicamente, através de relatos dos pacientes ou da palpação dos músculos responsáveis. Portanto, nossos resultados obtidos através da eletromiografia de superfície, confirmam a responsabilidade e a participação de uma alta atividade elétrica no quadro de bruxismo. 57 Do ponto de vista etiológico, alguém poderia argumentar que tais resultados são incoerentes com a literatura já que, atualmente, a teoria mais aceita para o bruxismo baseia-se num distúrbio central e não periférico (Maciel, 2010; Manfredini et a., 2004; Lobbezoo & Naeije, 2001; Ohayon, 2001). No entanto, mesmo atuando perifericamente, a TB-A permite uma desprogramação da musculatura por diminuição da propriocepção, possibilitando ao músculo o tempo necessário para restabelecimento do seu quadro inflamatório e consequentemente uma diminuição dos índices de dor. Outro fator importante a ressaltar é que a diminuição da hiperatividade elétrica do músculo irá prevenir danos aos elementos dentais como desgastes e fraturas (Lee et al., 2010 e Shim et al., 2014). Embora a maior redução da atividade mioelétrica tenha ocorrido nos primeiros quinze dias, seu pico de ação foi visualizado no segundo retorno, que foi 30 dias após a intervenção. Esses resultados podem ser facilmente visualizados na Tabela 2 e estão de acordo com a literatura (Sposito, 2009). A despeito disso, todos os músculos reduziram sua atividade mioelétrica após a intervenção e essa permanência estendeu-se ao longo dos retornos. Esse cenário, no entanto, demonstrou uma tendência de reversão ao se comparar a atividade mioelétrica do primeiro retorno (R1) com àquelas colhidas nos retornos R2 (30 dias após) e R3 (60 dias após), ou seja, ocorreu uma queda acentuada sendo o masseter direito o único que atingiu diferença estatisticamente significativa. Ou seja, sua atividade mioelétrica reduziu em R1, continuou reduzindo em R2 e, subitamente, aumentou em R3 (ver Tabela 2 e Gráfico 1). Uma possível explicação para esse fato refere-se ao uso, ou seja, lado preferencial de mastigação. Este resultado também confere com o que nos relata a literatura (Sposito, 2004 3 2009) no que se refere ao retorno da atividade mioelétrica, isto é, o efeito de relaxamento produzido pela toxina botulínica nos músculos não é definitivo, aos poucos a fibra muscular retoma sua atividade elétrica Ao final do estudo, todos os participantes reportaram redução da gravidade das atividades bruxistas, significativa melhora do quadro de dor e, acima de tudo, demonstraram grande satisfação com o tratamento. 58 Resultados semelhantes aos acima descritos foram encontrados por outros autores (Tinastepe & Küçük, 2015; Alonso-Navarro et al., 2011; Lee et al., 2010; Guarda-Nardini et al., 2008), ou seja, uma diminuição do grau de bruxismo e melhora da dor. A parte mais complicada dessa discussão é quando tenta-se investigar a correlação entre o nível de atividade mioelétrica x grau de bruxismo. Em outras palavras, a importância de se discutir essas duas variáveis é proporcional à dificuldade de se discuti-las. Por exemplo, em nossos resultados verificou-se que quanto menor o nível de atividade mioelétrica maior o grau de bruxismo (ver Tabela 4 e Gráficos 5,6,7 e 8). No entanto, dois pontos podem ser discutidos com relação a essa informação: Primeiro: somente os músculos temporais (TD > TE) apresentaram correlação / regressão significativa com o grau de bruxismo, sendo que essa correlação foi negativa, ou seja, quanto maior o grau de bruxismo menor o nível de atividade mioelétrica; Segundo: mesmo sendo significativa, os níveis de correlação (TD: CCP= -0.450; TE: CCP= -0.393) ficaram entre fraco e moderado, ou seja, embora significativa, não foi de grande intensidade e proporcionalidade. A discussão dessas duas diferentes posturas esbarra em, pelo menos, dois impedimentos: 1º - dados controversos na literatura; 2º - a atividade mioelétrica dos músculos da mastigação é individual e intransferível, ou seja, é quase impossível se criar uma normatização de quanta atividade mioelétrica os músculos faciais, destacando-se os masseteres e temporais, devem ter para serem considerados “fisiologicamente normais”. Em resumo, ainda não é possível se estabelecer um modelo de causa-efeito entre atividade mioelétrica e grau de bruxismo. Em relação aos efeitos adversos, 40% dos pacientes tratados neste trabalho relataram terem sentido nos primeiros 15 dias apenas, sendo que os principais foram náusea e cefaleia. Estes resultados discordam com os obtidos por outros autores que descrevem que tais efeitos não são significativos (Lee et al., 2010; Alonso-Navarro et al., 2011). O porquê destes efeitos adversos pode estar associado a dose excessiva utilizada, 30U em cada masseter e 20U em cada temporal, 100U no total. Podemos chegar a esta conclusão já que na própria bula da medicação estes efeitos são descritos e, quando ocorrem, estão associados a 59 doses elevadas utilizadas. Outro fator que pode promover um desconforto ao tratamento quando se utiliza de doses elevadas, é a dificuldade na mastigação relatada por alguns pacientes, embora também este desconforto não tenha se estendido para além de 15 dias após as aplicações. Essa investigação contou com algumas limitações, sendo a literatura escassa e o desenho metodológico os principais fatores limitadores. No que se refere ao desenho metodológico podemos argumentar os seguintes fatos: Primeiro: as avaliações qualitativas (dor, qualidade de vida e satisfação) contaram com escalas analógicas e só foram aplicadas no último retorno. Isso limitou a análise estatística pois uma análise comparativa não foi possível. Embora o mesmo não tenha ocorrido com relação à escala de bruxismo (foram feitas avaliações inicial e final), essa escala não conta com uma note de corte ou graduação (leve, moderado e grave). Segundo: a criação de um grupo, no qual se aliaria um tratamento não medicamentoso (p. ex. psicoterapia e/ou placas oclusais), poderia comprovar a eficácia, ou ineficiência, das abordagens mistas (medicamentoso + não medicamentoso). E, por final, o tempo de “follow-up”. Ele poderia ter se seguido por um período maior. No entanto, em relação a isso, vale ressaltar dificuldades econômicas (p. ex. preço da droga) e logísticas (p. ex. dificuldade de se achar indivíduos dispostos a se apresentarem em estudos de longo prazo). É comum que estudos horizontais apresentem perda de participantes e, sendo assim, uma amostra maior deveria ser recrutada para se garantir viabilidade estatística. 60 7. CONCLUSÕES A amostra de 20 participantes mostrou-se suficiente para indicar os efeitos positivos do uso da toxina botulínica no bruxismo (redução dor / desconforto). Todos os participantes apresentaram redução da atividade mioelétrica após a intervenção e esta redução correlacionou-se com redução de dor e diminuição do grau de bruxismo. O nível de satisfação dos participantes com o tratamento foi elevado. Os efeitos colaterais mais relatados foram náusea e/ ou cefaleia e não perduraram mais do que 04 dias após as aplicações. O primeiro retorno após a aplicação da toxina mostrou-se o mais importante, pois é nele que se observa os maiores efeitos. 61 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Alonso-Navarro H.; Jiménez-Jiménez F.J.; Plaza-Nieto F.J.; Pilo-de-la-Fuente B.; Navacerrada F.; Arroyo-Solera M.; Calleja M .Tratamiento del bruxismo grave con toxina botulínica tipo A. Rev. Neurol., v. 53, p. 73-6, 2011. 2. Alóe F.; Gonçalves L.; Azevedo A.; Barbosa R. Bruxismo durante o Sono. 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Toxina botulínica tipo A: Allergan- Informações Profissionais [online] [citado em 2004 out 31]. Disponível em: URL:http://www.wplastia.com.br/botox/mechaction.html. 53. Tsukiyama Y.; Baba K.; Clark G.T. An evidence-based assessment of occlusal adjustment as a treatment for temporomandibular disorders. J Prosthet Dent., v. 86, n. 1, p. 57-66, jul. 2001. 67 54. Von Lindern J.J.; Niederbagen B.; Bergé S.; Appel T. Type A botulinum toxin in the treatment of chronic facial pain associated with masticatory hyperactivity. American Association of Oral and Maxillofac Surg., v. 61, p. 774-8, 200 68 9. ANEXOS Anexo 1. Aprovação Comitê de ética 69 70 71 10. APÊNDICE Apêndice 1. Termo de Consetimento Livre e Esclarecido TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Título da Pesquisa:Avaliação Eletromiográfica dos Músculos Masseter e Temporal quando submetidos a Tratamento Com Toxina Botulínica do Tipo A em Pacientes com Bruxismo. Nome do (a) Pesquisador (a): Daniela Vieira Amantéa Orientador: Profa. Dra. Andréa AnidoAnido Endereço: Rua Maria Cândida, 1813, bloco G, Vila Guilherme, São Paulo - CEP.: 02071-013 Telefone:(11) 2967-9015 Celular: (11)985396454 Email: [email protected]/ [email protected] Osr (sra.) está sendo convidada (o) a participar desta pesquisa que tem como finalidade a avaliação da eficácia da toxina botulínica tipo A para o tratamento das doenças dos músculos relacionados a articulação temporomandibular, estrutura esta responsável pelos movimentos da boca (abertura, fechamento, lateralidade). A doença específica avaliada neste estudo é o Bruxismo, caracterizada pelo ranger de dentes noturno, responsável pelo desgaste dos dentes, e dor muscular, principalmente nos músculos responsáveis pelos movimentos da boca. Todo o estudo será realizado na clínica de Odontologia desta Universidade, Universidade Anhanguera de São Paulo. Para tanto iremos injetar a toxina botulínica em dois músculos do seu rosto, o músculo temporal e o masseter, no lado esquerdo e direito. As injeções serão realizadas com seringas e agulhas descartáveis, bastante fininhas, mas que mesmo assim poderá causar um pouco de desconforto. Este desconforto poderá ser amenizado com a utilização de uma pomada anestésica que será passada sobre a sua pele antesda injeção. Antes da realização das injeções iremos realizar um exame nos seus músculos chamado de Eletromiografia de superfície e nele iremos confirmar a capacidade de funcionamento destes seus músculos. Neste exame serão fixados eletrodos no seu rosto e lhe será solicitado, em alguns momentos, que você faça força de fechamento da boca. O exame é rápido e totalmente indolor. 72 Após a aplicação das injeções, será solicitado ao senhor (a) que retorne a clínica de Odontologia para reavaliação e repetição do exame de eletromiografia de superfície em 15, 30 e 60 dias após as aplicações. Todos estes retornos serão previamente agendados com o pesquisador. Espera-se que este tratamento que você está recebendo proporcione melhora dos sintomas relacionados ao Bruxismo, principalmente da dor, mas isso não pode ser totalmente garantido. Se, ao final do estudo, você ainda apresentar os sintomas, o dentista irá decidir sobre outras formas de tratamento e de acompanhamento da sua doença. Ao participar deste estudo, você contribuirá para o melhor entendimento no tratamento do Bruxismo. A análise dos resultados trará informações importantes sobre o uso da toxina botulínica e poderá beneficiar você e outros pacientes no futuro. Osr (sra.) tem liberdade de se recusar a participar deste estudo e possui a garantia de plena liberdade para se retirar da pesquisasem qualquer prejuízo em qualquer momento. Sempre que quiser poderá pedir mais informações sobre a pesquisa através do telefone do (a) pesquisador (a) do projeto e, se necessário, através do telefone do Comitê de Ética em Pesquisa. Caso necessite entre em contado com o Comite de Ética em Pesquisa: End: Rua Maria Cândida, 1813 - Bloco G - 7o andar -Vila Guilherme - São Paulo - SP CEP: 02071-013. Fone: (11) 2967-9015 e-mail: [email protected] Os procedimentos adotados nesta pesquisa obedecem aos Critérios da Ética em Pesquisa com Seres Humanos conforme Resolução no. 466/12 do Conselho Nacional de Saúde. Ao fim da pesquisa o senhor (a) terá acesso ao resultado do estudo e, sendo este favorável ao seu tratamento, o senhor (a) terá garantido a toxina botulínica até a finalização do tratamento. De maneira geral, o uso da toxina botulínica tipo A é bem tolerada, mas como qualquer outro medicamento, pode-se observar efeitos colaterais durante seu uso. Informações sobre segurança e tolerância da toxina botulínica tipo A são baseados em estudos clínicos realizados para tratamento de doenças musculares em outras regiões do corpo. Esta substância também é utilizada com bastante segurança em tratamentos estéticos. Após as aplicações pode-se observar fraqueza temporária dos músculos vizinhos ao local da injeção. Dor no local da injeção e sensação de queimação também pode ser percebido um a dois minutos após a aplicação do medicamento. Em caso de efeitos indesejáveis, entre em contato com o seu dentista a qualquer hora ou dia. Ao participar desta pesquisa a sra (sr.) receberá como benefício o tratamento para sua doença e esperamos que este estudo traga informações importantes para o tratamento das disfunções temporomandibulares que acarretam em dor e desconforto no rosto ou de cabeça, dificuldade de movimentação da boca e perda de estrutura dentária, de forma que o conhecimento que será construído a partir desta pesquisa possa contribuir para melhorar qualidade de vida de pacientes acometidos por bruxismo. 73 Asra (sr.) não terá nenhum tipo de despesa para participar desta pesquisa, bem como nada será pago por sua participação. Diante de eventuais danos estará garantida sua indenização. Todas as informações pessoais coletadas neste estudo são estritamente confidenciais, com total sigilo na manutenção da sua identidade e privacidade quando da divulgação dos dados da pesquisa. Afirmo que aceitei participar por minha própria vontade, sem receber qualquer incentivo financeiro ou pagamentos. Também entendo não ter qualquer ônus, e que participo com a finalidade exclusiva de colaborar para o sucesso da pesquisa e eventual benefício clínico dela decorrente. A participação nesse estudo é totalmente voluntária. Fui ainda informado(a) de que posso me retirar desse(a) estudo / pesquisa / programa a qualquer momento, com plena liberdade de escolha, sem prejuízo para meu acompanhamento, e sem sofrer quaisquer sanções ou constrangimentos. No caso de intercorrências relacionadas diretamente ao estudo do qual estou participando, fui devidamente instruído a procurar assistência em saúde nos endereços abaixo relacionados. Eventuais dúvidas acerca dos procedimentos, riscos, benefícios e outros assuntos relacionados com a pesquisa ou com o tratamento individual poderão ser esclarecidas pelo(s) pesquisadora seguir identificados, ou pela entidade responsável/ Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Instituição - pessoalmente ou por telefone. Confiro que recebi uma via deste termo de consentimento, e autorizo a execução do trabalho de pesquisa e a divulgação dos dados obtidos neste estudo. Obs: Não assine esse termo se ainda tiver dúvida a respeito. Identificação do paciente: Nome: ________________________________________________ Endereço: _____________________________________________ Telefone: ______________________________________________ Tendo em vista os itens acima apresentados, eu, de forma livre e esclarecida, manifesto meu consentimento em participar da pesquisa Participante da Pesquisa Pesquisador Local e data:_____________________ 74 Apêndice 2. Avaliação Inicial Nome da Paciente: Avaliação Eletromiográfica dos Músculos Masseter e Temporal quando submetidos a Tratamento Com Toxina Botulínica do Tipo A em Pacientes com Bruxismo. Primeira Avaliação Data: 75 Identificação Nome: RG:Órgão Expedidor: CPF: Data de Nascimento: sexo: Naturalidade: Nacionalidade: Estado Civil: Cônjuge: Grupo étnico: Endereço Residencial: Tel Residencial: ( )Tel Celular: ( ) Tel para Recados: ( ) Falar com: Endereço Profissional: Tel: Profissão: Indicado por: CD anterior: Último Tratamento: Critérios Diagnósticos de Pesquisa em Disfunção Temporomandibular (DTM): Eixo II Research Diagnostic Criteria for Temporomandibular Disorders (RDC/TMD): Axis II Por favor, leia cada pergunta e marque com um X somente a resposta que achar mais correta. 1. O que você acha da sua saúde em geral? 1 2 3 4 5 Ótima Boa Regular Ruim Péssima 2. Você diria que a saúde da sua boca é: 1 2 3 4 5 Ótima Boa Regular Ruim Péssima 3. Você já sentiu dor na face em locais como: a mandíbula (queixo), nos lados da cabeça, na frente do ouvido, ou no ouvido nas últimas quatro semanas? → Se a sua resposta foi NÃO, passe para a pergunta 14.a → Se a sua resposta foi SIM, passe para a próxima pergunta 0 Não Sim 1 4. Há quanto tempo a sua dor na face começou pela primeira vez? → Se começou há um ano ou mais, responda a pergunta 4.a → Se começou há menos de um ano, responda a pergunta 4.b 4.a. Há quantos anos a sua dor na face começou pela primeira vez? ____ ____ anos → Passe para pergunta 5 4.b. Há quantos meses a sua dor na face começou pela primeira vez? ____ ____ meses 76 5. A dor na face ocorre? O tempo todo Aparece e desaparece Ocorreu somente uma vez 1 2 3 6. Você já procurou algum profissional de saúde para tratar a sua dor na face? Não Sim, nos últimos 6 meses Sim, há mais de seis meses 1 2 3 7. Em uma escala de 0 a 10, se você tivesse que dar uma nota para a sua dor na face agora, neste exato momento, que nota você daria, onde 0 é “nenhuma dor” e 10 é a “pior dor possível”? 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Nenhuma 10 A pior dor possível 8. Pense na pior dor na face que você já sentiu nos últimos seis meses, dê uma nota para ela, onde 0 é “nenhuma dor” e 10 é a “pior dor possível”? 0 1 2 3 4 5 6 Nenhuma 7 8 9 10 A pior dor possível 9. Pense em todas as dores na face que você já sentiu nos últimos seis meses, qual o valor médio você daria para essas dores, utilizando uma escala de 0 a 10, onde 0 é “nenhuma dor” e 10 é a “pior dor possível”? 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Nenhuma 10 A pior dor possível 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 10. Aproximadamente quantos dias nos últimos 6 meses você esteve afastado de suas atividades diárias como: trabalho, escola e serviço doméstico, devido a sua dor na face? ____ ____ dias 11. Nos últimos 6 meses, o quanto esta dor na face interferiu nas suas atividades diárias, utilizando uma escala de 0 a 10, onde 0 é “nenhuma interferência” e 10 é “incapaz de realizar qualquer atividade”? 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Nenhuma Incapaz de realizar interferência qualquer atividade 77 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1 2 12. Nos últimos 6 meses, o quanto esta dor na face mudou a sua disposição de participar de atividades de lazer, sociais e familiares, onde 3 0 é “nenhuma mudança” e 10 é “mudança extrema”? 4 5 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 6 7 Nenhuma Mudança 8 mudança extrema 9 10 1 2 13. Nos últimos 6 meses, o quanto esta dor na face mudou a sua capacidade de trabalhar (incluindo serviços domésticos), onde 0 é 3 “nenhuma mudança” e 10 é “mudança extrema”? 4 5 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 6 7 Nenhuma Mudança 8 mudança extrema 9 10 14.a. Alguma vez a sua mandíbula (queixo) já ficou travada de uma forma que você não conseguiu abrir totalmente a boca? → Se você NUNCA teve travamento da mandíbula, passe para a pergunta 15.a → Se você JÁ TEVE travamento da mandíbula passe para a próxima pergunta Não Sim 0 1 0 14.b. Este travamento da mandíbula (queixo) foi grave a ponto de interferir com a sua capacidade de mastigar? Não Sim 15.a. Você ouve estalos quando mastiga, abre ou fecha a boca? Não Sim 15.b. Quando você mastiga, abre ou fecha a boca, você ouve o barulho (rangido) na frente do ouvido como se fosse osso contra osso? Não Sim Não Sim 1 0 1 0 1 0 15.c. Você já percebeu ou alguém falou que você range (ringi) ou aperta os dentes quando está dormindo? 1 0 15.d. Durante o dia, você range (ringi) ou aperta os seus dentes? Não Sim 15.e. Você sente a sua mandíbula (queixo) “cansada” ou dolorida quando acorda pela manhã? Não Sim 15.f. Você ouve apitos ou zumbidos nos seus ouvidos? Não Sim 1 0 1 0 1 0 15.g. Você sente desconfortável ou diferente a forma como os seus dentes se encostam? Não Sim 16.a. Você tem artrite reumatóide, lúpus ou qualquer outra doença que afeta muitas articulações (juntas) do seu corpo? Não Sim 1 0 78 1 0 16.b. Você sabe se seus avós, pais ou irmãos já tiveram artrite reumatóide, lúpus ou qualquer outra doença que afeta muitas articulações (juntas) do corpo? Não Sim 1 0 16.c. Você já teve ou tem alguma articulação (junta) que fica dolorida ou incha, sem ser a articulação (junta) perto do ouvido? → Se você NÃO teve dor ou inchaço, passe para a pergunta 17.a → Se você JÁ TEVE dor ou inchaço, passe para a próxima pergunta Não Sim 16.d. A dor ou inchaço que você sente nessa articulação (junta) apareceu várias vezes nos últimos doze meses? Não Sim 17.a. Você teve recentemente alguma pancada ou trauma na face ou na mandíbula (queixo)? → Se a sua resposta foi NÃO, passe para a pergunta 18 Não Sim 1 0 1 0 1 → Se a sua resposta foi SIM, passe para a próxima pergunta 0 17.b. A sua dor na face já existia antes da pancada ou trauma ? Não Sim 18. Durante os últimos 6 meses você tem tido problemas de dor de cabeça ou enxaqueca? Não Sim 1 Não Sim 0 1 1 0 19. Quais atividades a sua dor na face ou problema na mandíbula (queixo) impedem, limitam ou prejudicam? a. Mastigar 0 g. Atividade sexual Sim 1 Não 0 1 h. Limpar os dentes ou a face Não Sim 0 1 b. Beber (tomar líquidos) Não Sim 0 1 i. Bocejar (abrir a boca quando está com sono) Não c. Fazer exercícios físicos ou ginástica 0 1 Sim Não Sim 0 1 d. Comer alimentos duros Sim 0 1 j. Engolir Não Sim k. Conversar Não Sim Não 0 1 0 1 e.. Comer alimentos moles Não Sim 0 1 f. Sorrir ou gargalhar Não Sim 0 1 l. Ficar com o rosto normal: sem a aparência de dor ou triste Sim Não 79 20. Nas últimas quatro semanas, o quanto você tem estado angustiado ou preocupado: Nem Um Um Pouco Moderadamente Muito Extremamente Pouco (0) (1) (2) (3) (4) a. Por sentir dores de cabeça b. Pela perda de interesse ou prazer sexual c. Por ter fraqueza ou tontura d. Por sentir “aperto no peito” ou no coração e. Pela sensação de falta de energia ou lentidão f. Por ter pensamentos sobre morte ou relacionados ao ato de morrer g. Por ter falta de apetite h. Por chorar facilmente i. Por culpar-se pelas coisa que acontecem ao seu redor j. Por sentir dores na parte inferior das costas k. Por sentir-se só l. Por sentir-se triste m. Por preocupar-se muito com as coisas n. Por não sentir interesse pelas coisas o. Por ter enjôo ou problemas no estômago p. Por ter músculos doloridos q. Por ter dificuldade em adormecer r. Por ter dificuldade em respirar s. Por sentir de vez em quando calor ou frio t. Por sentir dormência ou formigamento em partes do corpo u. Por sentir um “nó na garganta” v. Por sentir-se desanimado sobre o futuro w. Por sentir-se fraco em partes do corpo x. Pela sensação de peso nos braços ou pernas y. Por ter pensamentos sobre acabar com a sua vida z. Por comer demais aa. Por acordar de madrugada bb. Por ter sono agitado ou perturbado cc. Pela sensação de que tudo é um esforço ou sacrifício dd. Por sentir-se inútil 80 ee. Pela sensação de ser enganado ou iludido ff. Por ter sentimentos de culpa 21. O quanto você acha que tem sido os cuidados que tem tomado com a sua saúde de uma forma geral? Ótimo Bom Regular Ruim Péssimo 22. O quanto você acha que tem sido os cuidados que tem tomado com a saúde da sua boca? 23. Qual a data do seu nascimento? 24. Qual o seu sexo ? Ótimo Bom Regular Ruim Péssimo Dia _____ Mês ____________ Ano ______ 1 2 Masculino Feminino Aleútas, Esquimó ou Índio Americano 25. Qual a sua cor ou raça? 1 2 3 4 5 Asiático ou Insulano Pacífico Preta Branca Outra → Se a sua resposta foi Outra, passe para as próximas alternativas sobre a sua cor ou raça: Parda Amarela Indígena Fonte: 6 7 8 Rio de Janeiro: IBGE, 2000. 1 2 3 4 5 6 7 8 Porto Riquenho Cubano Mexicano Mexicano Americano 26. Qual a sua origem ou dos seus familiares? Chicano Outro Latino Americano Outro Espanhol Nenhuma acima → Se a sua resposta foi Nenhuma acima, passe para as outras alternativas sobre a sua origem ou dos seus familiares: 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 Índio Português Francês Holandês Espanhol Africano Italiano Japonês Alemão Outro favor especificar: _________________________ Não sabe 27. Até que ano da escola você frequentou? → Marque com um X apenas uma resposta: Nunca frequentei a escola 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 00 Ensino básico (primário) 1ª série 2ª série 3ª série 4ª série Ensino fundamental (ginásio) 5ª série 6ª série 7ª série 8ª série 81 Ensino médio (científico) 1ª ano 2ª ano 3ª ano Ensino superior (faculdade ou pós-graduação) 1ª ano 2ª ano 3ª ano 4ª ano 28.a. Durante as duas últimas semanas, você trabalhou em emprego ou negócio, pago ou não (não incluindo trabalho em casa) ? → Se a sua resposta foi SIM, passe para a pergunta 29 → Se a sua resposta foi NÃO, passe para a próxima pergunta 28.b. Embora você não tenha trabalhado nas duas últimas semanas, você tinha um emprego ou negócio? → Se a sua resposta foi SIM, passe para a pergunta 29 → Se a sua resposta foi NÃO, passe para a próxima pergunta 5ª ano 6ª ano Sim Sim Não 1 2 Não 1 2 28.c. Você estava procurando emprego ou afastado temporariamente Sim, procurando emprego Sim, afastado temporariamente do trabalho do trabalho, durante as duas últimas semanas? Sim, os dois, procurando emprego e afastado temporariamente do trabalho Não 29. Qual o seu estado civil? Casado(a)- esposo(a) morando na mesma casa Casado(a)- esposo(a) não morando na mesma casa Viúvo (a) Divorciado (a) Separado (a) Nunca Casei – Solteiro (a) Morando junto 30. Quanto a sua família ganhou por mês nos últimos 12 Coloque o valor: R$ ______________ meses? Favor NÃO preencher. Deverá ser preenchido pelo profissional ____ 0 –1 salário mínimo ____ 1 – 2 salários mínimos ____ 2 – 5 salários mínimos ____ 5 – 10 salários mínimos ____ mais de 10 salários mínimos ___ ___ ___ ___ ___ - ___ ___ ___ 31. Qual o seu C.E.P.? 82 1 2 3 4 1 2 3 4 5 6 7 83 VII. Palpação muscular e articular DIREITA ESQUERDA Protocolo RDC Protocolo RDC Sem dor suave moderada severa Sem dor suave moderada severa Locais não dolorosos Mastóide (porção lateral superior) 0 1 2 3 0 1 2 3 Frontal (em linha com a pupila, abaixo do cabelo) 0 1 2 3 0 1 2 3 Vértex (1 cm lateral topo crânio) 0 1 2 3 0 1 2 3 Temporal posterior (“parte de trás da têmpora”) 0 1 2 3 0 1 2 3 Temporal médio (“meio da têmpora”) 0 1 2 3 0 1 2 3 Temporal anterior (“parte anterior da têmpora”) 0 1 2 3 0 1 2 3 Masseter origem (“bochecha/abaixo do zigomáti)co” 0 1 2 3 0 1 2 3 Masseter corpo (“bochecha/lado da face”) 0 1 2 3 0 1 2 3 Masseter inserção (“bochecha/linha da mandíbula”) 0 1 2 3 0 1 2 3 Região mandibular posterior (“mandíbula/ região da garganta”) 0 1 2 3 0 1 2 3 Região submandibular (“abaixo do queixo”) 0 1 2 3 0 1 2 3 Pólo lateral (“externo”) 0 1 2 3 0 1 2 3 Inserção posterior (“dentro do ouvido”) 0 1 2 3 0 1 2 3 Área do pterigóideu lateral (“área retromolar superior”) 0 1 2 3 0 1 2 3 Tendão do temporal (“tendão”) 0 1 2 3 0 1 2 3 Músculos extra-orais e cervicais Dor articular Músculos intra-orais 84 Avaliação do Bruxismo (Pontuação)- Modificada Você está ciente de apertar / cerrar os dentes (ou alguém ouviu você ranger os dentes durante a noite)? ( ) Sim (2 pontos) ( ) Não(0 pontos) Acorda pela manhã com a mandíbula fadigada? ( ) Sim (2 pontos) ( ) Não (0 pontos) Você tem dentes ou gengivas doloridos ao despertar ou hipersensibilidade ao ar frio ou líquido pela manhã? ( ) Sim (2 pontos) ( ) Não(0 pontos) Estalo ou travamento da articulação temporomandibular? ( ) Sim (2 pontos) ( ) Não (0 pontos) Presença de hipertrofia de masseter em contração voluntária? ( ) Sim (2 pontos) ( ) Não(0 pontos) Utiliza placas mio relaxantes? ( ) Sim (2 pontos) ( ) Não (0 pontos) As placas mio relaxantes proporcionam alívio bom para você? ( ) Sim (2 pontos) ( ) Não (0 pontos) ( ) Não se aplica (0 pontos) Apresenta cefaléia temporalao acordarpela manhã? ( ) Não (0 pontos) ( ) Sim, ocasionalmente (2 pontos) ( ) Sim, frequentemente (2 pontos) Reclama de desconforto, fadiga, rigidez dos músculos ou dor na parte da manhã? ( ) Sem dor (0 pontos) ( ) Sim, ocasionalmente (1-2 dias / semana)(2 pontos) ( ) Sim, freqüentemente (≥ 3 dias / semana) (3 pontos) ( ) Sim, preciso analgésicos frequentemente (qualquer frequência)(4 pontos) Presença de perda de superfície dentária (desgaste do dente) dentro da faixa normal de movimentos da mandíbula ou em posição excêntrica? ( ) Nenhum desgaste ou desgaste desprezável de esmalte(0 pontos) ( ) Desgaste de esmalte à dentina em pontos individuais (2 pontos) ( ) Desgaste da dentina ≤ 1/3 da altura da coroa (3 pontos) ( ) Desgaste da dentina >1/3 da altura da coroa(4 pontos) Somar a pontuação e multiplicar por 4 = ELETROMIOGRAFIA Músculo Masseter Direito. __________mV Músculo Masseter Esuerdo__________mV Músculo Temporal Direito __________mVMúsculo Temporal Esquerdo __________mV 85 Apêndice 3. Avaliação de Retorno Avaliação Eletromiográfica dos Músculos Masseter e Temporal quando submetidos a Tratamento Com Toxina Botulínica do Tipo A em Pacientes com Bruxismo. Nome: Status da Avaliação ( ) Primeiro retorno ( ) Segundo retorno ( ) Avaliação final Data: 86 FICHA DE AVALIAÇÃO Avaliação do Bruxismo (Pontuação)- Modificada Você está ciente de apertar / cerrar os dentes (ou alguém ouviu você ranger os dentes durante a noite)? ( ) Sim (2 pontos) ( ) Não(0 pontos) Acorda pela manhã com a mandíbula fadigada? ( ) Sim (2 pontos) ( ) Não (0 pontos) Você tem dentes ou gengivas doloridos ao despertar ou hipersensibilidade ao ar frio ou líquido pela manhã? ( ) Sim (2 pontos) ( ) Não(0 pontos) Estalo ou travamento da articulação temporomandibular? ( ) Sim (2 pontos) ( ) Não (0 pontos) Presença de hipertrofia de masseter em contração voluntária? ( ) Sim (2 pontos) ( ) Não(0 pontos) Utiliza placas mio relaxantes? ( ) Sim (2 pontos) ( ) Não (0 pontos) As placas mio relaxantes proporcionam alívio bom para você? ( ) Sim (2 pontos) ( ) Não (0 pontos) ( ) Não se aplica (0 pontos) Apresenta cefaléia temporalao acordarpela manhã? ( ) Não (0 pontos) ( ) Sim, ocasionalmente (2 pontos) ( ) Sim, frequentemente (2 pontos) Reclama de desconforto, fadiga, rigidez dos músculos ou dor na parte da manhã? ( ) Sem dor (0 pontos) ( ) Sim, ocasionalmente (1-2 dias / semana)(2 pontos) ( ) Sim, freqüentemente (≥ 3 dias / semana) (3 pontos) ( ) Sim, preciso analgésicos frequentemente (qualquer frequência)(4 pontos) Presença de perda de superfície dentária (desgaste do dente) dentro da faixa normal de movimentos da mandíbula ou em posição excêntrica? ( ) Nenhum desgaste ou desgaste desprezável de esmalte(0 pontos) ( ) Desgaste de esmalte à dentina em pontos individuais (2 pontos) ( ) Desgaste da dentina ≤ 1/3 da altura da coroa (3 pontos) ( ) Desgaste da dentina >1/3 da altura da coroa(4 pontos) Somar a pontuação e multiplicar por 4 = MEDICAÇÃO CONCOMITANTE O paciente recebeu qualquer medicamento concomitante dentro de 30 dias anteriores à entrada no estudo, ou durante o estudo? ( ) Não ( ) Sim Especifique a droga e posologia: TERAPIAS NÃO MEDICAMENTOSAS CONCOMITANTES O paciente recebeu qualquer terapia não medicamentosa concomitante dentro de 30 dias anteriores à entrada no estudo, ou durante o estudo? ( ) Não ( ) Sim Especifique a terapia, duração e frequência: ELETROMIOGRAFIA músculo masseter direito. __________μV músculo masseter esquerdo. _________μV músculo temporal direito. _________μV músculo temporal esquerdo.________ μV A aplicação de toxina botulínica diminuiu a dor? 0----1----2---3---4---5---6---7---8---9---10 87 A aplicação de toxina botulínica melhorou minha qualidade de vida? 0----1----2---3---4---5---6---7---8---9---10 Considero o tratamento do bruxismo com toxina botulínica satisfatório. 0----1----2---3---4---5---6---7---8---9---10 EVENTOS ADVERSOS Algum efeito adverso (local ou sistêmico) foi relatado pelo paciente ? ( ) Não Especifique: STATUS DA VISITA ( ) Continuar a próxima visita motivo? ( ) Sim. ( ) Não continuar a próxima visita, qual 88 89