XI Encontro da SBQ-Rio de Janeiro Universidade Federal Fluminense, 29 a 31 de outubro de 2007 XI ENCONTRO DA SBQ-RIO DE JANEIRO P124 Compostos monoaromáticos em combustível automotivo: monitoramento e controle da poluição ambiental Lauro de Sena Laurentino (IC)1; Edson Ferreira da Silva (PQ)2, Mônica Regina Marques Palermo de Aguiar1 (PQ) 1. Programa de Pós-graduação em Química, Instituto de Química, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Maracanã, 20550-900, Rio de Janeiro, RJ. 2. Transpetro - Petrobras [email protected] Introdução e Objetivos A qualidade dos combustíveis de grande parte dos postos de abastecimento da cidade do Rio de Janeiro é um ponto de grande preocupação da população. A gasolina automotiva, por exemplo, apresenta alguns compostos altamente tóxicos que de diversas formas podem interferir na saúde da população. Os componentes mais prejudiciais são: benzeno, etil-Benzeno, tolueno e xileno (chamados BETX) que apresentam alta toxicidade. O caráter tóxico do benzeno está relacionado diretamente com o seu potencial carcinogênico e mutagênico. Investigações ocupacionais em diferentes indústrias mostram que o benzeno desempenha um indubitável papel de risco aos humanos. Estudando a poluição de aromáticos no ar, destacam que os hidrocarbonetos aromáticos provocam danos à saúde, principalmente devido à toxicidade e/ou mutagenicidade ou carcinogenicidade dos BTEX. Também advertem que a inalação de tolueno ou xilenos pode induzir distúrbios no modo de falar, na visão, audição, no controle dos músculos e outros, além de sugerirem a associação entre benzeno e xilenos e o surgimento de tumores cerebrais. A presença desses compostos na gasolina contribui para a poluição de águas subterrâneas devido à má conservação dos tanques de armazenamento e do ar atmosférico por se tratar de compostos voláteis. O presente trabalho tem como objetivo geral tratar da contaminação por compostos monoaromáticos, como benzeno, tolueno, etil-benzeno e xileno (BTEX) presentes na gasolina, com vistas à melhoria da qualidade da população dos grandes centros e em especial dos frentistas de postos revendedores. Estes compostos afetam diretamente a saúde dos trabalhadores dos postos de trabalho e põem em risco as populações circunvizinha. Resultados e Discussão Foram analisadas a gasolina de 5 postos situados entorno da UERJ. Em todas as coletas, tomou-se o cuidado de pegar a gasolina no dia de recarga do posto e mantêlas em banho de gelo para evitar evaporação durante o transporte. Os resultados foram feitos em triplicada e foram feitas duas coleta em dias diferentes. Os resultados médios obtidos estão apresentados na Tabela 1. Tabela 1: Teor de BTEXs em gasolina Bandeira do Posto (Localização) ALE (Rua São Francisco Xavier, ao lado da Uerj) BR Distribuidoras (a Oswaldo Aranha- Perto da CEFETEQ- RJ) DINAMO (perto da Pça da bandeira Ipiranga (perto da Pça da bandeira BR Distribuidoras (Rua Radial Oeste, ao lado da Uerj) Teor médio (%) BZ TOL Xi EB 0,91 2,6 3,3 0,3 0,86 2,5 3,2 0 0,65 1,7 1,5 0 0,67 1,8 1,7 0 0,82 2,4 3,0 0 BZ: benzeno; TOL: tolueno; XI; xilenos; EB: etilbenzeno Foi observado que em todos os postos, o teor de benzeno está abaixo da Portaria de XI Encontro da SBQ-Rio de Janeiro Universidade Federal Fluminense, 29 a 31 de outubro de 2007 1999 da Agência Nacional de Petróleo, fixa os teores máximos de benzeno permitido na gasolina. Os teores fixados foram: 2,7 % para a gasolina A (que sai da refinaria) e 2% para a gasolina B (que chega aos postos de abastecimento já com adição de álcool). Esta Portaria aplicada pela ANP está em desacordo com a Portaria Interministerial nº 3, de 28 de abril de 1982, do Ministério do Trabalho e Ministério de Saúde, que resolve no seu artigo 1º: “Proibir, em todo o Território Nacional, a fabricação de produtos que contenham “benzeno” em sua composição, admitida, porém, a presença dessa substância, como agente contaminante, em percentual não-superior a 1% (um por cento), em volume”. Esta Portaria foi formulada, na época, com base na recomendação da Comissão incumbida de estudar o “benzeno” e seus efeitos para o organismo humano. A comissão foi constiuída por representantes do Ministério da Saúde, Ministério do Trabalho, Conselho de Desenvolvimento Industrial, Conselho Nacional do Petróleo, PETROBRÁS, SIDERBRÁS, Petroquímica União, ABIQUIM e ASSOCISOLVE, tendo em vista haver no mercado nacional produtos que substituem industrialmente o “benzeno” com vantagem técnica e de menos risco para a saúde do manipulador e do usuário. A ANP alega que desconhecia o teor da portaria de 1982, e afirma que havia previsão de liberação de importação de gasolina a partir de julho do ano 2000 e, para assegurar que não seriam importados produto com altos teores de benzeno, entendeu ser necessário a edição da sua Portaria. Os teores foram fixados de acordo com a legislação européia vigente na época. Porém, atualmente a União Européia já propõe 1% como teor máximo de benzeno. Dados da ANP, de 1999, apresentados pela CETESB no Seminário Estadual do Benzeno, em 2000, mostram que em São Paulo os teores de benzeno na gasolina em postos de abastecimento estavam na média em 1%. Atualmente, diante da ação tóxica e poluente do benzeno na gasolina já existem várias propostas visando sua minimização e/ou que venham no mínimo obedecer a Portaria Ministerial n°1, de 28 de abril de 1982, do Ministério do Trabalho e Ministério de Saúde. Conclusão Entretanto, mesmo sendo encontrado um teor abaixo do permitido pela ANP, este valor está muito próximo ao permitido pelo Ministério do Trabalho e do Ministério de Saúde. Atualmente, diante da ação tóxica e poluente do benzeno na gasolina já existem várias propostas visando sua minimização e/ou que venham no mínimo obedecer a Portaria Ministerial n°1, de 28 de abril de 1982, do Ministério do Trabalho e Ministério de Saúde. Referências bibliográficas ANP – AGÊNCIA NACIONAL DE PETRÓLEO BRASIL, MINISTÉRIO DO TRABALHO (MT) & MINISTÉRIO DA SAÚDE (MS) – Portaria Ministerial n°3, 28 de abril, 1982. BRASIL. Ministério da Previdência Social (MPS). Benzenismo: norma técnica sobre intoxicação ao benzeno. Brasília: MPS, INSS, 1993. 28 p. DIESAT - DEPARTAMENTO INTERSINDICAL DE ESTUDOS E PESQUISAS DE SAÚDE E DOS AMBIENTES DE TRABALHO, A vida por salário - Morte lenta no trabalho, São Paulo: Editora Oboré, 224 p. EUROPEAN CHEMICAL INDUSTRY ECOLOGY AND TOXICOLOGY CENTRE. 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