do mundo judaico

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do mundo judaico
Moacyr Scliar
Renato Alarcão
Temas Cultura judaica (narrativas bíblicas, festas e costumes,
diáspora, história de Israel); Diversidade cultural; Tolerância
Ilustrações
TRADIÇÕES POPULARES
Guia de leitura
para o professor
48 páginas
O autor
Moacyr Scliar nasceu em Porto Alegre,
RS, em 23 de março de 1937. Médico
com especialização em Saúde Pública,
é um dos mais conhecidos escritores
brasileiros da atualidade, autor de
mais de 60 livros para adultos, jovens e
crianças. O carnaval dos animais (1968),
A balada do falso Messias (1976),
O centauro no jardim (1980), Max e os
felinos (1981) e A mulher que escreveu
a Bíblia (1999) são alguns títulos seus.
Como cronista, escreve para veículos
de grande circulação, como os jornais
Zero Hora e Folha de S.Paulo. Vencedor
de um número considerável de prêmios
literários, Scliar é também membro da
Academia Brasileira de Letras (ABL)
desde 2003.
A história do livro
Relevância do tema e organização dos verbetes
Este ABC do mundo judaico propõe uma aproximação ao
universo da cultura judaica e do povo judeu retratados em
seus diversos aspectos, dos tempos bíblicos até os dias de
hoje. Os temas abordados dizem respeito, portanto, a uma
tradição cultural e religiosa antiga, que está na base do cristianismo e do islamismo; a um grupo minoritário muito
ativo (cujos valores compõem o quadro ético que serve de
esteio à civilização ocidental) e a um país, Israel, que vive
em conflito com seus vizinhos numa das regiões mais conflagradas do mundo, o Oriente Médio.
A fim de abarcar esse universo de questões de modo
equilibrado e representativo, os verbetes foram organizados em torno dos seguintes eixos: 1. Festas do calendário
judaico (Pêssach, Rosh Hashaná, Yom Kipur); 2. Cerimônias
em geral (shabat, circuncisão, bar mitzvá, casamento, luto);
3. Objetos rituais (chupá, quipá, xale de oração); 4. Referências bíblicas (Abraão, David, Moisés) e históricas (gueto,
nazismo, usura); 5. Língua (iídiche, hebraico, ladino), livros
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(Torá, Talmude, Zohar) e literatura (Primo Levi, Elie Wiesel);
6. Referências a Israel (Jerusalém, Israel, kibutz).
Desse modo, o livro pretende propiciar não apenas uma introdução ao judaísmo, mas também propor uma reflexão sobre
assuntos como a tolerância cultural e religiosa, a condição de
imigrante, as relações entre povos, culturas e países e questões de
identidade coletiva e individual.
A HISTÓRIA DOS JUDEUS
Fatos geográficos e históricos
O mundo judaico tem duas referências geográficas distintas
ao longo da história. A primeira delas liga-se à terra de Israel (que
corresponde à região bíblica de Canaã), onde os judeus constituíram um reino na Antiguidade. Foi para Canaã que Moisés levou
o povo após a libertação dos escravos judeus do Egito, o Êxodo.
No reinado de David, ele tornou Jerusalém capital, onde depois
foi construído o Grande Templo, do qual hoje resta apenas uma
parede externa, conhecida como “Muro das Lamentações”. Portanto, a terra de Israel está no centro da cultura e da religião judaicas desde as suas origens.
No século I, o reino judeu foi conquistado pelo Império Romano e começou o período da diáspora, durante o qual a população
judaica se dispersou pelos continentes. Ao longo dos séculos, no
entanto, os judeus mantiveram um vínculo espiritual com a terra
de Israel e pequenos núcleos populacionais ali permaneceram.
No século XIX, em meio a movimentos nacionais que enfatizavam a ligação de povos com uma terra e um passado comuns,
grupos judeus fundaram o movimento sionista, que defendia politicamente
o estabelecimento de um Estado moderno na terra
de Israel. Nessa época, a região fazia parte
do Império Turco, tornando-se protetorado britânico após o término da Primeira
Guerra Mundial.
A imigração judaica para a Terra Santa começou em fins do século XIX, com a fundação de núcleos como
os kibutzim, já que muitos dos primeiros imigrantes eram sionistas e socialistas, ou seja, defendiam um modelo de sociedade
no qual, conforme se lê no verbete “Israel” (p. 21), “tudo era
dividido igualmente entre todos”.
A outra referência geográfica na história dos judeus é a diáspora. Nos vários países onde eles passaram a viver a partir do
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século I, organizaram-se em torno de uma série de instituições,
como sinagogas, escolas, entidades assistenciais, cemitérios e outras. Com isso, importantes comunidades foram se estabelecendo em vários países.
Os judeus viveram nessas comunidades períodos de intensa
vitalidade cultural. Em Toledo, na Espanha medieval, floresceu
uma comunidade integrada com os muçulmanos e cristãos. Nos
países em que a maioria era muçulmana, os judeus tinham estatuto próprio e eram respeitados – por isso, em vários países
árabes floresceram comunidades judaicas.
Com os conflitos políticos no século XX, especialmente após
as grandes guerras e a fundação do Estado de Israel, em 1948, a
maioria dos judeus emigrou dos países árabes após sofrer restrições. Mas, apesar de o conflito no Oriente Médio ter misturado
política e religião nos últimos 50 anos, não existe qualquer fundamento religioso ou histórico para se falar em algum antagonismo ancestral.
Os judeus também viveram épocas em que foram vítimas de
preconceito e de perseguição na Idade Média cristã, como durante as Cruzadas e a Inquisição. Foram acusados de deicídio e
outras injúrias, proibidos de cultivar terras, numa época em que
era essa a principal atividade econômica – o que levou muitos
deles a se dedicar ao comércio e à usura.
Foi apenas com o Concílio Ecumênico Vaticano II, ocorrido entre 1962 e 1965 e convocado pelo Papa João XXIII (18811963), que a Igreja católica reconheceu oficialmente a origem judaica do cristianismo, admitindo o judaísmo como religião irmã
e retirando da teologia e da liturgia católicas todas as referências
anti-semitas.
Holocausto e Segunda Guerra Mundial
Com a subida de Adolf Hitler ao poder, em 1933, na Alemanha, o nazismo passou a atacar judeus, democratas, ciganos, homossexuais e povos, culturas e idéias que não se afinassem com a
ideologia ariana (com seus mitos de supremacia racial) e o totalitarismo. Os nazistas então impuseram aos judeus uma série de
leis restritivas, como a proibição de freqüentar escolas e trabalhar
em universidades. De 1939 em diante, quando a Alemanha atacou a Polônia e teve início a Segunda Guerra Mundial, os judeus
foram confinados em guetos, depois deportados para campos de
concentração e de extermínio na Polônia. Seis milhões de judeus
foram mortos, além de milhões de ciganos, testemunhas de Jeo-
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vá, homossexuais, integrantes dos povos da Europa Oriental e os
que os nazistas consideravam “doentes mentais e incuráveis”.
O anti-semitismo nazista não foi a continuação do anti-semitismo medieval, em que os judeus eram excluídos e mesmo
atacados com justificativas teológicas. Os nazistas implementaram, com a força de um Estado, um plano de destruição de todo
o povo judeu, um genocídio em escala industrial – juridicamente
definido pela Organização das Nações Unidas (ONU) como “crime contra a Humanidade”.
Fundação de Israel
Ao fim da guerra, em 1945, quando vieram a público os horrores cometidos pelo nazifascismo, com a criação da ONU, tornou-se consenso a idéia de que era preciso criar um Estado judeu.
Após lutar contra o colonialismo britânico, os judeus formaram
um país independente, o Estado de Israel, em maio de 1948. O
ponto de partida foi a Declaração de Partilha da Palestina pela
ONU, em novembro de 1947, que dividiu a terra entre judeus e
árabes-palestinos.
A guerra que se seguiu entre os países árabes e Israel levou
ao exílio parte da população árabe-palestina que vivia no território e que não chegou a formar um país independente. A atual
Cisjordânia passou para domínio jordaniano e a atual Faixa de
Gaza, para o controle egípcio (até 1967, quando Israel as ocupou). Essa situação originou a questão palestina e a necessidade
de criar um país também para os palestinos. Os árabes-palestinos que permaneceram no território de Israel se tornaram cidadãos israelenses.
O Estado de Israel tem cerca de 20 mil km2 (área equivalente
à do Estado de Sergipe). Depois de pelo menos cinco guerras
(1948, 1956, 1967, 1973 e 1982), Israel tem tratados de paz com o
Egito e a Jordânia. A Faixa de Gaza, atualmente sob jurisdição da
Autoridade Nacional Palestina, e o território da Cisjordânia, de
maioria palestina, deverão formar, ao longo de um processo de
paz, um Estado palestino com fronteiras delimitadas em comum
acordo, concessões de ambos os lados e reconhecimento mútuo.
Israel tem 6,6 milhões de habitantes, dos quais pouco mais de
5 milhões judeus, 1 milhão de israelenses árabes muçulmanos,
113 mil de israelenses árabes cristãos, 170 mil beduínos e cerca
de 106 mil drusos. Suas principais cidades são Jerusalém, TelAviv e Haifa e 40% do seu território é um deserto, o Neguev, cuja
capital é Beer Sheva.
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Judeus no mundo
A população judaica é composta hoje de cerca de 13,5 milhões de pessoas no mundo, 0,002% da população mundial. O
maior núcleo é o Estado de Israel e depois os Estados Unidos,
com cerca de 5,5 milhões de judeus. Fora de Israel e dos Estados
Unidos, atualmente, algumas das principais comunidades judaicas estão na Rússia, França, Inglaterra, além de México, Argentina e Brasil.
A maior parte dos integrantes das comunidades judaicas é de
classe média e recebe o amparo de uma sólida rede de instituições assistenciais, que garante escola, saúde e lazer a praticamente todos os membros. A comunidade dá valor central à escola, à
educação e à cultura, garantindo que todas as crianças estudem e
que a maioria dos jovens possa cursar a universidade.
Tradição e universalismo
A Torá (Pentateuco), o Tanach (a Torá mais os livros dos Profetas e os Escritos), o Talmude (compilação de tratados de leis
e interpretações) e diversas outras fontes literárias compõem a
base religiosa da tradição judaica. A partir dessa tradição, dandolhe continuidade ou buscando rupturas, surgiram também importantes movimentos e autores modernos em defesa de idéias
universalistas, humanistas e socialistas (como Karl Marx, Sigmund Freud e Albert Einstein).
Especificamente no campo literário, os poetas, contistas, romancistas e dramaturgos judeus produziram obras em uma diversidade de idiomas. Primo Levi escrevia em italiano, Bernard
Malamud e Philip Roth escrevem em inglês; Amos Oz, David
Grossman e Iehuda Amichai, em hebraico; Scholem Aleichem,
em iídiche; Moacyr Scliar escreve em português e assim por
diante. Desse modo, os judeus alcançam uma expressão artística
peculiar, que lhes define a identidade combinando traços locais
e cosmopolitismo.
As línguas judaicas
Os judeus não possuem unidade lingüística, mas muitos deles
conhecem o hebraico, a língua em que foram escritos a Torá e os
demais livros religiosos, idioma oficial do Estado de Israel (juntamente com o árabe).
O iídiche já foi a língua mais falada entre os judeus da Europa Oriental, onde, até a Segunda Guerra Mundial, vivia o
maior núcleo populacional judaico. Tal língua, que foi a base
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de manifestações culturais diversas (da literatura à música,
passando pelo teatro e pelo cinema), entrou em processo de
extinção com a morte dos que lhe davam alento, silenciados
pelo Holocausto.
Outro exemplo de língua “judaica” é o ladino, ou judeu-espanhol. Ele passou a ser falado por judeus sefaraditas, ou seja,
aqueles que, expulsos da Península Ibérica no século XV, espalharam-se por países como Turquia e Romênia, entre outros.
Unidade e diversidade
Uma das características marcantes dos judeus é a manutenção de
uma identidade comum, que os singulariza (sejam eles brasileiros,
israelenses, etíopes ou chineses), e, ao mesmo tempo, a diversidade interna – uma marca do judaísmo moderno, quando a religião
deixou de ser o único traço identificatório e, no limite, quando ser
judeu passou a depender de uma escolha do indivíduo.
Não existe no judaísmo uma autoridade religiosa que decida
tudo, como o papa para os católicos. Além disso, as práticas
religiosas variam conforme a linha adotada pelo judeu crente:
ortodoxa, liberal ou reformista. Grosso modo, os judeus ortodoxos defendem a odediência à lei bíblica compreendida ao pé
da letra, isto é, sem grandes margens para adaptações à vida
moderna. Já os liberais e reformistas entendem que se deve preservar a essência da doutrina (por exemplo, os valores éticos),
admitindo a necessidade de mudanças para se inserir plenamente no mundo contemporâneo (revolução nos costumes,
conquistas científicas, tecnológicas etc.) e aceitando novidades
como igualdade religiosa entre os gêneros, a exemplo da ordenação de mulheres (rabinas).
Integrados e rebeldes
No entanto, há judeus que se sentem integrados à cultura judaica sem ser religiosos em sentido estrito, ou seja, há diferentes
graus de participação nesse legado que inclui rituais diários e
semanais, coletivos e individuais. Assim, há judeus que
vão à sinagoga duas vezes por dia, há judeus que vão
uma vez por semana (por exemplo, no shabat), há
judeus que vão apenas nas chamadas Grandes Festas (Páscoa, Ano-Novo e Yom Kipur).
A maior parte das celebrações é feita em família, o
que reforça os laços comunitários. Prevalece a idéia de que
cada indivíduo é responsável pela comunidade e esta é
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responsável por cada um dos seus membros, mantendo escolas,
sinagogas, entidades assistenciais, cemitérios, clubes, associações
culturais, entidades femininas, movimentos de jovens e outros.
Em contrapartida, há também judeus que mantêm uma relação
tensa e contraditória com a tradição judaica, adotando por vezes
uma atitude de questionamento, parcial ou abrangente, dos valores
que lhe servem de esteio. Atualmente encontramos ecos dessa atitude contestadora naqueles para quem o sentimento de “ser judeu”
não passa necessariamente pela identificação com o Estado de Israel
ou com o modelo familiar heterossexual, entre outros casos.
Judeus no Brasil
No período colonial muitos cristãos-novos – judeus convertidos à força para escapar da Inquisição – chegaram ao Brasil
vindos de Portugal (aliás, até a Constituição de 1824, era proibido aos brasileiros professar qualquer outra religião que não a
católica). Esses cristãos-novos conservaram alguns dos costumes
e rituais de seus antepassados.
Mais perto de nós, a entrada de judeus se deu com os imigrantes que começaram a desembarcar por aqui a partir da Primeira
Guerra Mundial. Eles se estabeleceram em cidades grandes: São
Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Salvador, Belo Horizonte,
Curitiba, Recife e Santos. Em 1939 já havia nesses locais comunidades organizadas, com cerca de 40 mil judeus no país.
Após a guerra, novas levas de imigrantes chegaram, compostas por sobreviventes e refugiados do nazismo. Hoje, no Brasil,
existem aproximadamente 100 mil judeus, 90% dos quais vivendo em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre. Eles representam
uma fração da ordem de 0,053% da população brasileira.
Como trabalhar o livro em sala de aula
1. Realizar com os alunos um levantamento geográfico e demográfico da presença judaica no mundo e verificar as porcentagens da população judaica em cada país e continente em relação à população mundial. Que tal comparar os dados relativos a
religião, povo, etnia, destacando alguns países com porcentagens
bem diversas, como o Brasil, a China, o Egito, a Índia e a Indonésia? Com base nisso, é possível propor um trabalho com os
professores de história e geografia, sobre a distribuição desigual
de diferentes religiões e culturas.
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2. Ao lidar com o mapa, os alunos podem localizar o Estado
de Israel e entender sua posição estratégica como uma estreita faixa de passagem entre África, Europa e Ásia. Isso permite
tratar da história dos grandes impérios, povos e religiões (egípcios, assírios, gregos, romanos...) que viveram naquela região e se
estabeleceram no território que hoje corresponde a Israel e aos
países árabes vizinhos.
3. O termo judaísmo compreende, ao mesmo tempo, uma religião, uma cultura, um povo e uma nação. Tal sobreposição dá a
oportunidade de conversar sobre diferenças intra e inter-étnicas,
e sobre as várias formas de se vincular a uma identidade específica (ao contrário do estereótipo, que fixa uma imagem homogênea do grupo).
4. Os povos judeu e árabe são vizinhos no Oriente Médio. Em
São Paulo, por exemplo, descendentes de judeus e árabes dividem lado a lado o comércio, em lugares como a rua 25 de Março
e o bairro do Brás. Proponha aos alunos a seguinte discussão: o
Brasil constitui um exemplo de convívio pacífico e intercâmbio
cultural devido ao encontro entre diferentes povos e tradições?
Como isso se dá, por exemplo, com o racismo e a violência, quase sempre velados, em relação aos negros?
5. Sugira à classe que pesquise em dicionários, enciclopédias
e na internet o significado dos termos judeu, israelita, israelense,
hebreu, judaico, Judéia e Israel. Aproveite o resultado da pesquisa
para demonstrar os sentidos (inclusive pejorativos) subjacentes
a tais termos, reportando-se à sua gênese histórica.
6. Leia com os alunos o seguinte trecho de Elie Wiesel:
“O ato de escrever é para mim, muitas vezes, nada mais que
o desejo secreto ou consciente de gravar palavras numa lápide:
em memória de uma cidade que desapareceu para sempre, em
memória de uma infância no exílio, em memória de todos aqueles que amei e que se foram antes que eu pudesse dizer que os
amava” (Holocausto – canto de uma geração perdida. São Paulo:
Documentário, 1978, p. 31).
O autor está se referindo ao Holocausto (Shoá, em hebraico).
A maioria desses mortos não tem túmulos com seus nomes para
serem visitados no cemitério, já que eles foram mortos, incinerados
e tiveram as cinzas dispersas, para que deles não restasse nenhum
traço. Destruindo a memória dos que pereceram, perpetua-se a violência contra eles cometida. É por essa razão, entre outras, que os
livros, as bibliotecas, os arquivos, os monumentos e os museus são
tão importantes. Eles são “lugares da memória”. Partindo dessa idéia,
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proponha aos alunos que discutam as diferentes formas de lembrar
e marcar um episódio coletivo de violência contra um grupo.
7. Ao lembrar a infância e como começou a escrever, o escritor
Moacyr Scliar registrou:
“Filho e neto de imigrantes, nasci em Porto Alegre, no bairro
do Bom Fim. Ali me criei, ouvindo as histórias que meus pais e
nossos vizinhos contavam, sentados em cadeiras na calçada das
noites de verão ou ao redor da mesa de chá no inverno. Histórias
que incendiavam minha imaginação e que muito cedo me levaram a colocar no papel minhas próprias narrativas – no que era
ajudado por minha mãe, ela própria uma grande contadora de
histórias e professora na escola judaica do bairro. Grande parte
do meu trabalho de ficção resulta de vivências de infância ou da
juventude e também de episódios históricos.
(…) Como escritor, sinto-me herdeiro de uma pesada carga de
sofrimentos e de uma rica tradição cultural, da qual é parte a reverência pela palavra escrita. Livros foram parte da minha vida, e
não sei de melhor maneira para falar de judaísmo do que um livro”
(Judaísmo: dispersão e unidade. São Paulo: Ática, 1994, p. 12 e 13).
Sugira aos alunos que discutam, a partir da leitura desse texto, que tipo de referências um escritor utiliza para compor a sua
literatura.
Elaboração do guia Roney Cytrynowicz; Preparação Fabio Weintraub; Revisão Gislaine Maria
da Silva, Carla Mello Moreira e Márcia Menin
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