UNIVERSIDADE DO MINHO POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS Orientador: Prof. Doutor Rui Manuel de Medeiros Melo Silva Co-orientador: Prof. Doutora Margarida Paula Pedra Amorim Casal RAQUEL JORGE FERREIRA CATARINO Porto, 2005 DISSERTAÇÃO DE CANDIDATURA AO GRAU DE MESTRE APRESENTADA À UNIVERSIDADE DO MINHO AGRADECIMENTOS Ao Professor Doutor Rui Medeiros, orientador deste trabalho, pela paciência, motivação e incentivo, sempre disposto a oferecer estímulos e ouvir com interesse e ânimo todas as questões, dúvidas e problemas e pela confiança depositada em mim e no meu trabalho. À Doutora Margarida Casal, pelos comentários, observações e críticas construtivas a este trabalho e pelo empenho dedicado ao Mestrado de Genética Molecular. Ao Núcleo Regional do Norte da Liga Portuguesa Contra o Cancro, em particular ao Dr. Cardoso da Silva e ao Dr. Vítor Veloso, por me concederem a bolsa que permitiu a realização deste trabalho. Ao Professor Carlos Lopes, pela disponibilização dos meios necessários à realização deste projecto. À Dra. Deolinda Pereira e ao Dr. Eduardo Breda, pelo apoio fundamental na parte clínica deste trabalho. Aos meus colegas de trabalho, que apesar das dificuldades continuam a batalhar pela investigação básica. À Paula pelos momentos e desabafos de confidências, à Gui pelo constante sorriso e boa disposição, à Xaninha pelo carinho, à Dani e ao Hugo pelo incentivo e prestabilidade e à Ana, pela amizade e intervalos cúmplices. V Aos meus amigos, sempre interessados e solícitos em ajudar-me, por suportarem e perdoarem as minhas ausências. À Tânia pela amizade franca e incondicional, à Mafas pela partilha de choros e risos, ao Viet pela fraternidade, à Joaninha pela amizade para uma vida e à Vaninhas, que apesar de estar longe, está sempre presente quando é preciso… Ao Joaquim Paulo, pela disponibilidade e paciência infinitas na elaboração da parte gráfica desta dissertação. À minha madrinha, vítima desta doença e desde sempre razão motivadora para eu estudar Oncologia. Ao Rui, sempre solícito, por toda a dedicação, paciência, amor e carinho e pelos pequenos grandes miminhos determinantes para o meu sorriso diário e fácil… À minha família, pelo apoio incondicional. Aos meus pais, por terem suportado todos os meus encargos, pela confiança que me incutem e pela felicidade que sempre me proporcionam. Foi graças a todo o vosso apoio que tive oportunidade de estudar o que sempre gostei e de concluir esta dissertação, podendo retribuir um pouco do orgulho que sinto pelo dois. Ao meu irmão e à minha mana de sangue e sempre… Ao meu avô, que sempre acreditou em mim… VI INDICE Índice RESUMO IX ABSTRACT XV INTRODUÇÃO 1 BIOLOGIA MOLECULAR DO CANCRO 3 VARIAÇÕES GENÉTICAS: POLIMORFISMOS 8 CANCRO E CICLO CELULAR 10 VÍRUS E CANCRO 13 CICLINA D1 E CANCRO 17 POLIMORFISMO A870G NO GENE CCND1 21 CANCRO DO COLO DO ÚTERO 23 CANCRO DA NASOFARINGE 27 OBJECTIVOS 31 MATERIAL E MÉTODOS 35 POPULAÇÃO 37 Indivíduos Controlo 37 Pacientes com Cancro do Colo do Útero 38 Pacientes com Cancro da Nasofaringe 40 PROCESSAMENTO DAS AMOSTRAS 42 AMPLIFICAÇÃO DO DNA POR PCR 43 Identificação do fragmento do produto de PCR ANÁLISE DO POLIMORFISMO NO GENE CCND1 POR RFLP Identificação dos fragmentos obtidos por RFLP POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS VII 44 44 45 INDICE ANÁLISE ESTATÍSTICA 45 47 RESULTADOS AMPLIFICAÇÃO DO DNA 49 ANÁLISE DO POLIMORFISMO A870G NO GENE CCND1 49 FREQUÊNCIAS ALÉLICAS E GENOTÍPICAS DO POLIMORFISMO A870G CCND1 51 Indivíduos Controlo 51 Pacientes com Lesões do Colo do Útero 53 Pacientes com Cancro da Nasofaringe 61 DISCUSSÃO 69 SUSCEPTIBILIDADE PARA CANCRO DO COLO DO ÚTERO 71 SUSCEPTIBILIDADE PARA CANCRO DA NASOFARINGE 74 CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS FUTURAS 79 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 85 POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS VIII RESUMO A carcinogénese é um processo que envolve várias etapas e reflecte as alterações genéticas que promovem a transformação progressiva de células humanas normais em células altamente malignas.Nos últimos anos tem vindo a tornar-se clara a importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação de DNA e manutenção da integridade genómica, no controlo da proliferação e diferenciação celular ou no metabolismo de carcinogénios. A variação genética inter-individual pode constituir um factor importante na caracterização da susceptibilidade para o desenvolvimento de cancro. Pensa-se que algumas destas variantes genéticas podem ser definidas como alelos de susceptibilidade de baixa penetrância, conferindo um risco alterado para desenvolver cancro. Têm sido descritos muitos estudos relativamente à epidemiologia do cancro e aos efeitos carcinogénicos de microrganismos, nomeadamente os vírus. No caso de vírus que possuem a capacidade de persistir nas células que infectam, pensa-se que o mecanismo mais frequente resulta da alteração do controlo do ciclo celular e predisposição para modificações mais alargadas na expressão genética das células. A proteína ciclina D1 (CCND1) parece ser muito importante na regulação do ciclo celular, particularmente no ponto de controlo G1/S do ciclo celular. O gene CCND1 é um proto-oncogene mapeado no cromossoma 11q13 muitas vezes alterado em diversos tipos de tumores. Foi identificado um polimorfismo no nucleótido 870 do gene CCND1, que POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS XI RESUMO consiste na transição das bases azotadas adenina e guanina no exão 4 do gene. Neste trabalho foi desenvolvido um estudo do tipo caso-controlo, com os objectivos de analisar a frequência do polimorfismo A870G no gene da ciclina D1 (CCND1) num grupo de indivíduos sem qualquer patologia, em mulheres com carcinoma do colo do útero e indivíduos com carcinoma da nasofaringe e verificar e avaliar a existência de associações entre a frequência do polimorfismo estudado e susceptibilidade genética para carcinoma do colo do útero e nasofaringe. Foram analisadas amostras de DNA correspondentes a quatrocentos e cinquenta e nove (459) indivíduos. O grupo de indivíduos controlo consistiu em cento e oitenta e sete (187) indivíduos normais sem patologia oncológica conhecida, constituído por cento e três (103) mulheres e oitenta e quatro (84) homens. Foram analisadas amostras de DNA de 178 mulheres com lesões colo do útero e 94 indivíduos com cancro da nasofaringe. A análise do polimorfismo e avaliação dos genótipos foi efectuada através da técnica PCR-RFLP. Através da análise dos resultados observou-se que mulheres portadoras do genótipo GG possuem um risco 3,67 vezes superior para o desenvolvimento de lesões de alto grau do colo do útero (OR=3,67; 95% CI 1,45-9,31; p=0,007) e 3,24 vezes superior para o desenvolvimento de carcinoma espinocelular do colo do útero (OR=3,24; 95% CI 1,41-7,46; p=0,006). Relativamente ao grupo de indivíduos com carcinoma da POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS XII RESUMO nasofaringe, a análise das frequências dos genótipos CCND1 indica que indivíduos portadores do genótipo GG possuem um risco acrescido no desenvolvimento de cancro da nasofaringe (OR=2,17; 95% CI 1,19-3,98; p=0,016) e um risco ainda superior quando analisados os resultados relativos ao tipo histológico indiferenciado (UCNT) em indivíduos portadores do genótipo GG (OR=2,32; 95% CI 1,20-4,17; p=0,018). Estes resultados podem ajudar na compreensão do papel e influência da ciclina D1 no cancro, dos mecanismos biológicos do cancro do colo uterino e da nasofaringe e na definição de um perfil genético para estas neoplasias. POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS XIII ABSTRACT Tumorigenesis in humans is a multistep process and these steps reflect genetic alterations that drive the progressive transformation of normal cells into highly malignant derivatives. In the last few years low penetrance genes have been intensely studied, namely genes involved in DNA repair, genomic integrity maintenance, cell cycle control and metabolism of carcinogens. The genetic variation between individuals may be important in the characterization of cancer susceptibility. Some of these genetic variations can be defined as low penetrance susceptibility alleles, conferring an altered risk in cancer development. Many important discoveries relating to cancer epidemiology and to the carcinogenic effects of micro-organisms, namely virus, have been reported. The mechanism likely to occur more frequently is the imprinting of modified cell cycle control and predisposition to more extensive changes in cellular gene expression in the case of viruses that persist in the cells they infect. Cyclin D1 (CCND1) is a protein very important in cell cycle regulation, particularly in the G1/S checkpoint of the cell cycle. CCND1 is a proto-oncogene located on human chromosome 11q13 often altered in many human tumors. A single nucleotide polymorphism at nucleotide 870 has been identified. We performed a case-control study, in order to analyze the frequency of the A870G CCND1 polymorphism in healthy individuals, women with lesions of the uterine cervix and individuals POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS XVII with ABSTRACT nasopharyngeal carcinoma, and evaluate the possible associations between the frequency of the polymorphism and genetic susceptibility to cervical and nasopharyngeal cancers. We analysed DNA samples of 459 individuals: 178 women with cervical lesions and 94 individuals with nasopharyngeal cancer. The control group consisted of 187 healthy individuals, including 103 women and 84 men. The analysis of the A870G polymorphism was performed by PCRRFPL techniques. The GG genotype was associated with a 3,67 fold higher risk for the development of high-grade lesions of the cervix (OR=3,67; 95% CI 1,459,31; p=0,007) and a 3.24 fold increased risk for the development of squamous invasive cervical cancer (OR=3,24; 95% CI 1,41-7,46; p=0,006). Concerning the nasopharyngeal cancer group, the analysis of the frequencies of CCND1 genotypes indicates that individuals carrying the GG genotype have a 2,17 fold increased risk for the development of nasopharyngeal cancer (OR=2,17; 95% CI 1,19-3,98; p=0,016) and a slightly higher susceptibility, with a risk of 2,32 fold (OR=2,32; 95% CI 1,20-4,17; p=0,018), when considering the undifferentiated histological type of nasopharyngeal carcinoma (UCNT). These results can lead to a better understanding of cyclin D1 influence in cancer, the biological mechanisms of cervical and nasopharyngeal cancers and in the definition of a genetic profile for these diseases. POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS XVIII INTRODUÇÃO Biologia Molecular do Cancro O cancro constitui um importante problema de saúde pública a nível mundial, sendo detectados todos os anos cerca de 10 milhões de novos casos no mundo inteiro (Parkin 2001). Em Portugal, esta doença constitui a segunda causa de morte (Pinheiro et al. 2003). O cancro é uma doença que envolve alterações dinâmicas no genoma, que se encontra alterado em múltiplos locais nas células cancerígenas. A carcinogénese é um processo que envolve várias etapas e reflecte as alterações genéticas que promovem a transformação progressiva de células humanas normais em células altamente malignas (Hanahan e Weinberg 2000). Danos não letais no material genético são a base da carcinogénese, podendo ser herdados ou adquiridos ao longo da vida através da acção de agentes ambientais, nomeadamente compostos químicos, radiação e agentes infecciosos (Kumar et al. 2003). O número exacto de alterações necessárias ao desenvolvimento de neoplasias não é conhecido, variando provavelmente com o tipo de alteração e tipo de tumor. O objectivo da investigação oncológica consiste na definição destas alterações moleculares e no desenvolvimento de estratégias de prevenção e tratamento eficazes (Weber 2002). Um tumor maligno é então o resultado de uma série de alterações no DNA de uma única célula, ou clones desta célula, que originam perda das funções normais, crescimento celular descontrolado e, por vezes, metástases (dispersão de células malignas e crescimento neoplásico à POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS 3 INTRODUÇÃO distância do tumor primário). A progressão de uma célula normal até uma célula maligna é um processo lento e envolve a acumulação de mutações em genes determinantes, nomeadamente em proto-oncogenes (genes cuja função consiste na indução da proliferação celular), genes supressores tumorais (genes que codificam geralmente proteínas que inibem a divisão celular), genes associados à regulação da apoptose e genes envolvidos na reparação de DNA (Brennan 2002). Durante a carcinogénese, seis propriedades celulares essenciais são alteradas e adquiridas pelas células malignas, designadamente a autosuficiência em factores de crescimento, insensibilidade a sinais inibidores de crescimento, potencial replicativo ilimitado, fuga à apoptose, capacidade de invasão tecidular e metastização e angiogénese (figura 1). POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS 4 INTRODUÇÃO Figura 1 – Alterações necessárias adquiridas pelas células malignas (adaptado de Hanahan e Weinberg 2000). POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS 5 INTRODUÇÃO Os meios através dos quais estas alterações podem ser adquiridas variam no seu mecanismo e cronologia. O número de mutações necessárias para adquirir uma determinada propriedade é também variável conduzindo, no entanto, ao mesmo resultado (Weber 2002). Por outro lado, os mecanismos celulares que impedem a carcinogénese podem diferir entre indivíduos, devido à variabilidade populacional dos genes polimórficos que regulam estes processos (Brennan 2002). A variação genética inter-individual pode constituir um factor importante na caracterização da susceptibilidade para o desenvolvimento de cancro. Tem sido sugerido que os genes envolvidos na susceptibilidade para cancro podem ser considerados de acordo com a sua penetrância: o grupo de genes de susceptibilidade com elevada penetrância, como o caso dos genes BRCA1 e APC e o grupo de genes de susceptibilidade de baixa penetrância, que são genes comuns com uma interacção gene-ambiente e associação geralmente esporádica (Shields e Harris 1991). Nos últimos anos tem vindo a tornar-se clara a importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação de DNA e na manutenção da integridade genómica, no controlo da proliferação e diferenciação celular ou no metabolismo de carcinogénios. Embora estes genes tenham um menor impacto no risco individual para o cancro, podem ter relevância quando analisados em termos de risco atribuível na população. Estas descobertas podem ajudar na elaboração de estratégias de prevenção direccionadas para indivíduos de alto risco (Brennan 2002). POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS 6 INTRODUÇÃO As causas de uma determinada neoplasia variam de indivíduo para indivíduo, tornando-se essencial compreender estas variantes genéticas de modo a definir grupos de indivíduos que sejam mais susceptíveis a uma determinada neoplasia. A epidemiologia molecular surge como a ciência que analisa a contribuição dos potenciais factores de risco genéticos e ambientais, identificados a nível molecular, para a etiologia, distribuição e prevenção da doença ao nível das populações. POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS 7 INTRODUÇÃO Variações Genéticas: Polimorfismos Polimorfismos são variações na sequência de DNA que existem em indivíduos normais de uma população, estando a variante menos frequente presente em pelo menos 1% da população (Brookes 1999). As variações de sequência mais comuns no genoma humano são single nucleotide polymorphisms (SNPs), isto é, polimorfismos em que a variação ocorre num único nucleótido (Erichsen e Chanock 2004). Pensa-se que algumas destas variantes genéticas podem ser definidas como alelos de susceptibilidade de baixa penetrância, conferindo um risco alterado para desenvolver cancro. O risco para cancro parece ser influenciado pelos padrões de SNPs que o indivíduo possui em determinados genes chave de susceptibilidade (Brookes 1999). A avaliação do risco relativo (RR) estima a magnitude de uma associação entre o factor de exposição, como o polimorfismo, e a doença, constituindo uma indicação sobre a probabilidade de desenvolvimento da doença no grupo portador de uma das variantes desse polimorfismo comparativamente às restantes. Grande parte dos estudos realizados é do tipo caso-controlo, em que o risco relativo pode ser avaliado pela determinação do quociente OR (Odds Ratio). O Odds Ratio representa a magnitude desta associação e fornece informação que pode ser importante no julgamento da causalidade e na definição do risco atribuível, ou seja, a proporção de todos os casos da doença atribuível ao factor de risco (Knudsen et al. 2001). POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS 8 INTRODUÇÃO A análise de SNPs e haplótipos na pesquisa oncológica pode ajudar na determinação e elaboração de terapias para a intervenção e prevenção do cancro. POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS 9 INTRODUÇÃO Cancro e Ciclo Celular O cancro é, na sua essência, uma doença do ciclo celular (Pines 1995). Alterações no controlo de mecanismos e vias chave da regulação da proliferação celular são acontecimentos necessários para o estabelecimento de um tumor. O ciclo celular é constituído por quatro fases ou processos estritamente coordenados: fase M, fase G1, fase S e fase G2. Na fase M ocorre mitose (divisão celular), seguida da fase G1, que corresponde a um intervalo entre a mitose e o início da replicação do DNA. A fase G1 antecede a fase S, onde ocorre replicação do DNA, que por sua vez é seguida da fase G2, durante a qual a célula continua a crescer e a sintetizar proteínas na preparação para a mitose. A progressão das células através do ciclo celular é estritamente regulada por sinais extracelulares e internos que monitorizam e coordenam os vários processos que ocorrem durante as diferentes fases do ciclo celular. Esta coordenação entre fases é dependente de um sistema de checkpoints (pontos de controlo) e vias bioquímicas de transdução de sinal, que previnem a entrada numa nova fase até que os eventos que ocorrem na fase anterior sejam completados (Nurse 2002). Esta progressão ordenada é controlada por ciclinas, cinases dependentes de ciclinas (CDKs) e pelos seus inibidores. As CDKs promovem o ciclo celular através da fosforilação de proteínas alvo que são necessárias à progressão das células para uma nova fase do ciclo celular e POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS 10 INTRODUÇÃO são activadas por fosforilação após a ligação das ciclinas (subunidades reguladoras), formando-se um complexo ciclina-CDK (Kumar et al. 2003). Embora cada fase do ciclo celular seja estritamente regulada, a transição da fase G1 para a fase S constitui um ponto de controlo de extrema importância, pois após esta passagem as células são forçadas a progredir através da fase S (Sherr 1996). Quando a célula recebe sinais indutores de crescimento, a síntese de ciclinas D que complexam com as CDK4 e CDK6 e de ciclina E, que complexa com a CDK2, são estimuladas. Estes complexos fosforilam a proteína retinoblastoma (RB) e provocam a libertação dos factores de transcrição que vão activar a expressão de genes necessários à progressão através da fase S do ciclo celular (Sherr 1995; Sherr 1996) (figura 2). A ciclina D1 tem sido particularmente estudada, devido ao seu papel importante na promoção da carcinogénese. POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS 11 INTRODUÇÃO Figura 2 – Ilustração esquemática do papel das ciclinas e cinases dependentes de ciclinas (CDKs) na regulação do ciclo celular (adaptado de Kumar et al. 2003). POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS 12 INTRODUÇÃO Vírus e Cancro Nos últimos anos têm sido descritos muitos estudos relativamente à epidemiologia do cancro e aos efeitos carcinogénicos de microrganismos. Agentes infecciosos, especialmente os vírus, contribuem para mais de 20% das neoplasias (quadro I). Aproximadamente um quinto de todos os carcinomas registados no mundo surgem no estômago (9%), fígado (6%) e colo do útero (5%) (Talbot e Crawford 2004). A replicação do genoma de muitos vírus de DNA encontra-se parcialmente dependente da célula hospedeira. Neste processo, podem alterar a expressão genética do hospedeiro para promoverem a síntese de DNA e a proliferação celular. No caso de vírus que possuem a capacidade de persistir nas células que infectam, pensa-se que o mecanismo mais frequente resulta da alteração do controlo do ciclo celular e da predisposição para modificações mais alargadas na expressão genética das células (Pagano et al. 2004). POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS 13 INTRODUÇÃO POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS 14 INTRODUÇÃO Papilomavirus Humano - HPV O HPV (Human Papillomavirus) é um vírus pequeno de DNA de cadeia dupla, pertencente à família Papovaviridae. Foram já catalogados mais de 120 tipos de HPVs, estabelecidos por homologia da sequência de DNA. Os tipos de HPV associados a risco para cancro incluem as variantes 16, 18, 31, 33, 35, 39, 45, 51, 52, 56, 58, 59 e 68 (Duarte-Franco e Franco 2004). Dados epidemiológicos, moleculares e clínicos sugerem que os HPVs de alto risco, especialmente o HPV-16 e o HPV-18, desempenham o papel principal na etiologia do cancro do colo do útero. Mais de 90% dos carcinomas do colo uterino possuem DNA de HPV de alto risco (Bosch et al. 2002). As proteínas virais E6 e E7 do HPV possuem propriedades oncogénicas, importantes para a imortalização celular, desregulação do ciclo celular e inibição da apoptose (Wolf et al. 2003). Epstein-Barr vírus - EBV O EBV (Epstein-Barr Vírus) é um vírus de dupla cadeia de DNA, que pertence à família Herpesviridae e infecta principalmente linfócitos B (Kuppers 2003). O vírus foi originalmente isolado a partir de biópsias de Linfoma de Burkitt. Posteriormente, a infecção por EBV foi associada ao desenvolvimento do cancro da nasofaringe, linfomas pós-transplante, uma percentagem de linfomas não-Hodgkin e cancros gástricos e a raros exemplos de linfomas de células T (Young e Rickinson 2004). O EBV possui a capacidade de alterar a regulação do crescimento dos linfócitos B e de induzir a transformação de crescimento permanente. O genoma do POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS 15 INTRODUÇÃO EBV codifica diversas proteínas que alteram profundamente a expressão celular, nomeadamente o oncogene LMP1 (Latent Membrane Protein 1), essencial para a transformação dos linfócitos e juntamente com outro gene viral, o LMP2 (Latent Membrane Protein 2), contribui para a activação da expressão de genes celulares, principalmente através da activação do factor de transcrição NFkappaB (Nuclear Factor kappa B) (Pagano et al. 2004). Outras neoplasias epiteliais, nomeadamente cancro do pulmão, do cólon, da bexiga e da próstata, são promovidas por imunossupressão, sugerindo que podem existir vírus ainda não identificados com um papel importante no desenvolvimento destas neoplasias (Talbot e Crawford 2004). POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS 16 INTRODUÇÃO Ciclina D1 e Cancro A ciclina D1 (CCND1) parece funcionar como um sensor chave na integração dos sinais extracelulares em células que se encontram no início da fase G1 do ciclo celular, mediando a sua função através da ligação às CDKs. A abundância de CCND1 é induzida por factores de crescimento, nomeadamente EGF (Endothelial Growth Factor) (Alisi et al. 2003), FGF2 (Fibroblast Growth Factor-2) (Holnthoner et al. 2002), aminoácidos (Nelsen et al. 2003), LPA (ácido lisofosfatídico) (Hu et al. 2003) e hormonas gástricas (Song et al. 2003; Pradeep et al. 2004), cada um regulando a expressão de CCND1 em tipos celulares específicos. Vários sinais oncogénicos induzem a expressão de CCND1, incluindo RAS (Albanese et al. 1995), Src (Lee et al. 1999), Neu (Lee et al. 2000) e βcatenina (Shtutman et al. 1999; Lin et al. 2000). O gene CCND1 é um proto-oncogene mapeado no cromossoma 11q13 (figura 3), que codifica uma proteína de 33.7 kDa (Bates e Peters 1995), sendo também designado de bcl-1 ou PRAD1. Foi originalmente isolado como um gene clonado, rearranjado e sobre-expresso em adenomas da paratiróide (Motokura et al. 1991). POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS 17 INTRODUÇÃO A B Figura 3 – Localização do gene CCND1 no cromossoma 11 (A) e estrutura do transcrito (B). O CCND1 é um proto-oncogene muitas vezes activado durante o desenvolvimento de tumores através de vários mecanismos, nomeadamente por translocação e amplificação (figura 4). Em alguns adenomas da paratiróide ocorre inversão, envolvendo as regiões 11q13 e 11q15, o que resulta na expressão de CCND1 sob o controlo do promotor do gene da hormona paratiróide (Motokura et al. 1991). Em linfomas de células B, o gene CCND1 sofre translocação e fica sob o controlo do elemento regulador do gene da imunoglobulina no cromossoma 14q32 (de Boer et al. 1993). A activação do gene (devido a amplificação ou rearranjo cromossómico) e/ou sobre-expressão da proteína têm sido descritos em vários tipos de tumores, nomeadamente cólon (Palmqvist et al. 1998), POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS 18 INTRODUÇÃO mama (Marsh e Varley 1998), cabeça-pescoço (Callender et al. 1994), pulmão (Betticher et al. 1996), bexiga (Sgambato et al. 2002), fígado (Nishida et al. 1994) e próstata (Chen et al. 1998). A sobre-expressão de CCND1 tem também sido correlacionada com proliferação aumentada, podendo originar a passagem prematura da célula através do ponto de controlo G1/S, resultando na propagação de erros não reparados no DNA, acumulação de erros genéticos e numa vantagem selectiva de crescimento para as células alteradas (Quelle et al. 1993; Zheng et al. 2001). Figura 4 – Mecanismos de activação de CCND1 em tumores humanos (adaptado de Bates e Peters 1995). POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS 19 INTRODUÇÃO A amplificação do gene e a expressão desregulada de CCND1 em células tumorais têm também sido associadas a sobrevida livre de doença reduzida e mau prognóstico, apesar de haver alguma controvérsia nestas associações (McIntosh et al. 1995; Michalides et al. 1995; Betticher et al. 1996; Keum et al. 1999; Drobnjak et al. 2000). POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS 20 INTRODUÇÃO Polimorfismo A870G no gene CCND1 Betticher e colaboradores identificaram um polimorfismo no nucleótido 870 do gene CCND1, que consiste na transição das bases azotadas adenina e guanina no exão 4 do gene. Este polimorfismo não origina uma mudança de aminoácido, no entanto, o nucleótido variante interfere com o splicing do exão 4 para o exão 5, dada a sua localização no splice donor site do exão 4 do gene CCND1. O RNAm pode sofrer splicing alternativo e originar dois transcritos diferentes (a e b), que existem simultaneamente em diversos tecidos (figura 5). O transcrito a sofre splicing normal e o transcrito b é cortado no intrão 4 e não possui o as sequências existentes no exão 5 do gene. O alelo G está associado a ambos os transcritos, enquanto que o alelo A, que está apenas associado ao transcrito b, dá origem ao splicing alternativo, resultando numa proteína truncada que não possui as sequências envolvidas na degradação rápida e turnover da proteína codificadas no exão 5 do gene (Betticher et al. 1995). POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS 21 INTRODUÇÃO Isoforma a Figura 5 – Splicing normal e alternativo do gene CCND1 (adaptado de Fu et al. 2004). Os diferentes genótipos têm sido significativamente associados à carcinogénese e prognóstico clínico em diversas neoplasias, nomeadamente cancro da próstata (Wang et al. 2003), cabeça-pescoço, (Matthias et al. 1998; Matthias et al. 1999; Holley et al. 2001; Wang et al. 2002; Monteiro et al. 2004), bexiga (Wang et al. 2002) e colorectal (McKay et al. 2000). POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS 22 INTRODUÇÃO Cancro do Colo do Útero O tipo histológico mais comum de cancro do colo do útero é o carcinoma espinocelular, que pode ser queratinizante ou não queratinizante. Os adenocarcinomas são responsáveis por apenas 14% dos cancros do colo do útero. Os carcinomas adenoescamosos e de pequenas células são relativamente raros (Pazdur 1995). Nos últimos anos as taxas de incidência e mortalidade têm diminuído consideravelmente nos países desenvolvidos, provavelmente devido à aplicação de programas de rastreio citológico, nomeadamente o teste de Papanicolau. O cancro do colo do útero é um problema de saúde pública, com aproximadamente 500000 mulheres a desenvolverem a doença por ano, em todo o mundo. Em muitos países menos desenvolvidos constitui a causa mais comum de morte por cancro. O cancro do colo uterino ocupa o segundo lugar das neoplasias nas mulheres em todo o mundo, sendo que aproximadamente 80% dos casos surgem em países menos desenvolvidos (Waggoner 2003). Em Portugal, a taxa de incidência ajustada à idade de novos casos de cancro do colo uterino por ano é de 17,0 por cada 100 000 mulheres e na União Europeia, de 10,5 por cada 100 000 mulheres. A taxa de mortalidade anual ajustada à idade por cancro do colo do útero em cada 100 000 indivíduos é de 6,3 em Portugal e de 4,4 na União Europeia (Pinheiro et al. 2003) (figura 6). POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS 23 INTRODUÇÃO Figura 6 – Incidência do cancro do colo do útero no mundo em 2000 (adaptado de Parkin 2001). FACTORES DE RISCO A infecção por tipos de HPV de alto risco é presentemente aceite como o principal factor causal no desenvolvimento de cancro do colo do útero, sendo um factor necessário, mas não suficiente, para o desenvolvimento desta neoplasia. Grande parte das infecções provocadas pelo HPV é transiente e apenas uma porção se torna persistente. O risco para o desenvolvimento de lesões intra-epiteliais precursoras de cancro do colo do útero é substancialmente aumentado em mulheres que desenvolvem infecções persistentes com tipos de HPV oncogénicos (Bosch et al. 2002). Outros factores de risco importantes incluem o número de parceiros sexuais, a idade de coitarca, outras infecções sexualmente transmissíveis e o fumo de cigarro. O número de partos tem também sido associado ao desenvolvimento de cancro do colo uterino, sendo que múltiplas gravidezes provocam um efeito traumático e imunossupressor POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS 24 INTRODUÇÃO cumulativo no colo do útero, podendo facilitar a infecção por HPV. Tem também sido descrita uma associação entre o uso prolongado de contraceptivos orais e risco aumentado para cancro do colo do útero. Relativamente a factores alimentares, a ingestão de frutas e vegetais que contêm carotenóides e vitaminas C, A e E parece reduzir o risco para cancro do colo uterino (Franco et al. 2001; Duarte-Franco e Franco 2004). Factores genéticos, como haplótipos HLA específicos e polimorfismos em alguns genes envolvidos na regulação do ciclo celular e reparação do DNA têm sido associados ao desenvolvimento desta neoplasia (Hildesheim e Wang 2002a; Jee et al. 2004) (figura 7). POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS 25 INTRODUÇÃO Figura 7 – Modelo etiológico da infecção por HPV e cancro do colo do útero e possível papel de outros co-factores na persistência da infecção e mediação da progressão das lesões (adaptado de Franco et al. 2001). POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS 26 INTRODUÇÃO Cancro da Nasofaringe O cancro da nasofaringe (NPC) constitui um tipo distinto de cancro da cabeça-pescoço. A classificação segundo a World Health Organization (WHO) distingue três tipos histológicos de NPC, baseada no grau de diferenciação. O carcinoma de células escamosas (SCC) queratinizante, pertence ao tipo I, semelhante a outros cancros da cabeça-pescoço. No tipo II agrupam-se os carcinomas não queratinizantes e no tipo III, mais comum, os carcinomas indiferenciados (UCNT – Undifferentiated Carcinoma of the Nasopharyngeal Type). O carcinoma indiferenciado possui uma morfologia típica, com um infiltrado linfoplasmocítico proeminente, também denominado de linfoepitelioma (Pazdur 1995). Os diferentes tipos histológicos de NPC são encontrados em regiões endémicas e não endémicas. Em zonas endémicas, o tipo III é responsável por mais de 97% dos casos, enquanto que o SCC queratinizante é mais comum em países Ocidentais (75%) (Marks et al. 1998). O cancro da nasofaringe é raro na maioria dos países, especialmente na Europa e América do Norte, com incidência anual inferior a 1/100 000 indivíduos. Nestes países o tipo histológico mais comum é o indiferenciado, que está associado ao consumo de fumo de cigarro, com incidência de 0,5-2 em 100 000 indivíduos por ano. No entanto, a incidência de NPC é elevada em várias regiões no sul da China, nomeadamente na região de Cantão perto de Guangzhou, onde a POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS 27 INTRODUÇÃO incidência é aproximadamente de 30-80/100 000 indivíduos por ano. Outras áreas de elevada incidência incluem a Ilha Formosa, o Vietname e as Filipinas. Nestas áreas, é provável que a dieta desempenhe um papel importante na carcinogénese, dado que a dieta característica destas populações consiste em carne e peixe curados que quando cozinhados podem libertar nitrosaminas voláteis. Os países Arábia Saudita, Caraíbas e populações de Esquimós do Alasca e Gronelândia possuem uma incidência intermédia de NPC (Spano et al. 2003) (figura 8). Esta neoplasia possui uma distribuição diferente entre homens e mulheres, sendo que a taxa homem/mulher é normalmente de dois ou três homens para uma mulher (Spano et al. 2003). A distribuição do NPC de acordo com a idade não é idêntica no Sudeste Asiático e Norte de África. Na Ásia, a maioria dos casos surge na quinta ou sexta década de vida. No Norte de Africa, a distribuição parece ser bimodal, com um pico por volta dos cinquenta anos de idade e outro mais pequeno em indivíduos entre os 10 e 25 anos. Esta forma juvenil da doença é responsável por aproximadamente 20% dos pacientes e possui características clínicas e biológicas distintas (Spano et al. 2003). As taxas de sobrevida aos 5 anos variam de 30 a 60%, dependendo do estádio do tumor, da técnica de radiação utilizada e da percentagem de pacientes com linfoepitelioma. POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS 28 INTRODUÇÃO Figura 8 – Incidência do cancro da nasofaringe no mundo em 2000 (adaptado de Parkin 2001). FACTORES DE RISCO Os factores etiológicos que parecem ser importantes no desenvolvimento do carcinoma da nasofaringe incluem susceptibilidade genética e factores ambientais, nomeadamente a dieta e infecção por Epstein-Barr vírus. A dieta é um factor de extrema relevância no desenvolvimento de NPC. Como foi referido anteriormente, a ingestão de peixe curado e outros alimentos preservados, tradicionais do sul da China, contêm nitrosaminas voláteis que são factores associados ao desenvolvimento de cancro da nasofaringe (Lo e Huang 2004). A infecção por EBV está fortemente associada ao NPC. Pensa-se que o EBV desempenha um papel crítico na transformação das células epiteliais na nasofaringe em cancro invasivo (Lo e Huang 2004). POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS 29 INTRODUÇÃO Relativamente aos factores genéticos, têm sido observadas perdas de material genético em alguns cromossomas, nomeadamente 3p, 9, 11q, 13q, 14q e 16q e ganho de material genético no cromossoma 12. Tem sido sugerido um papel importante dos haplótipos do HLA com o desenvolvimento de NPC, sendo que alguns antigénios do HLA possuem uma eficiência reduzida na activação da resposta imunológica à infecção por EBV (Hildesheim et al. 2002b). Alguns polimorfismos em genes envolvidos na metabolização de carcinogénios (CYP2E1) e reparação de DNA (XRCC1 e hOGG1) têm sido associados a risco aumentado para o desenvolvimento de NPC (Hildesheim et al. 1997; Nazar-Stewart et al. 1999; Cho et al. 2003). O cancro da nasofaringe envolve a acumulação de diversas alterações genéticas que resultam na modificação de vários mecanismos celulares, como a alteração de vias envolvidas na regulação do ciclo celular, nomeadamente as vias da TP53 e RB (Lo e Huang 2004). POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS 30 OBJECTIVOS Neste trabalho foi desenvolvido um estudo do tipo caso-controlo, com os objectivos de: - Analisar a frequência do polimorfismo A870G no gene da ciclina D1 (CCND1) num grupo de indivíduos sem qualquer patologia, em mulheres com carcinoma do colo do útero e indivíduos com carcinoma da nasofaringe; - Verificar e avaliar a existência de associações entre a frequência do polimorfismo estudado e susceptibilidade genética para carcinoma do colo do útero e da nasofaringe. POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS 33 MATERIAL E MÉTODOS POPULAÇÃO Neste trabalho foi realizado um estudo do tipo caso-controlo em quatrocentos e cinquenta e nove (459) indivíduos. Todas as amostras estudadas foram provenientes de indivíduos da região norte de Portugal. INDIVÍDUOS CONTROLO O grupo de indivíduos controlo consistiu em cento e oitenta e sete (187) indivíduos normais sem patologia oncológica conhecida, constituído por cento e três (103) mulheres e oitenta e quatro (84) homens, com uma idade média de 55,0 anos, desvio padrão (dp) de 16,8 e mediana de 55,0 anos. Relativamente ao sub-grupo controlo constituído pelos 84 homens, a média das idades foi de 54,5 anos, desvio padrão de 17,4 e mediana de 56,5 anos. O sub-grupo controlo constituído pelas 103 mulheres possui uma idade média de 46,7 anos, desvio padrão de 12,5 e mediana de 46,0 anos. POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS 37 MATERIAL E MÉTODOS PACIENTES COM CANCRO DO COLO DO ÚTERO Foram analisadas amostras referentes às primeiras amostras de cento e setenta e oito (178) mulheres com lesões colo do útero diagnosticado no Instituto Português de Oncologia Francisco Gentil – Centro Regional de Oncologia do Porto e que deram entrada no laboratório de Patologia Molecular entre 1997 e 2003. A idade média de diagnóstico foi de 46,6 anos (dp de 12,7) e a mediana de 46,0 anos. Aquando do diagnóstico foram analisadas as seguintes características clínico-patológicas: tipo e grau de lesão, de acordo com o recente sistema de classificação de Bethesda, tipo histológico do tumor e estádio, de acordo a FIGO – Federation Interantionale de Gynecologie et d’Obstetrique e AJCC – American Joint Comittee on Cancer. Em alguns casos não foi possível a obtenção de informação relativamente ao estádio do tumor. Estes dados estão descritos no quadro II. POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS 38 MATERIAL E MÉTODOS POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS 39 MATERIAL E MÉTODOS PACIENTES COM CANCRO DA NASOFARINGE Foram analisadas amostras referentes às primeiras amostras de noventa e quatro (94) indivíduos com cancro da nasofaringe diagnosticado no Instituto Português de Oncologia Francisco Gentil – Centro Regional de Oncologia do Porto e que deram entrada no laboratório de Patologia Molecular entre 2001 e 2004. A idade média de diagnóstico foi de 47,9 anos (dp de 14,5) e a mediana de 50,0 anos. Foram analisadas as seguintes características clínico-patológicas na altura do diagnóstico: tipo e grau histológico e estádio do tumor, de acordo a AJCC – American Joint Comittee on Cancer. Não foi possível a obtenção de informação relativamente a estas características em alguns casos. Estes dados estão descritos no quadro III. POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS 40 MATERIAL E MÉTODOS POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS 41 MATERIAL E MÉTODOS PROCESSAMENTO DAS AMOSTRAS Foram recolhidos aproximadamente 8 ml de sangue periférico dos indivíduos atrás referidos, através de uma técnica padronizada de colheita intravenosa, para tubos contendo uma solução de EDTA. O isolamento de DNA genómico foi efectuado através da técnica mista salting-out-clorofórmio a partir de células nucleadas de sangue periférico (Mullenbach et al. 1989). Adicionou-se uma solução hipotónica (AKE) às amostras, de forma a provocar a lise dos eritrócitos e incubou-se a 4ºC durante 30 minutos. Centrifugou-se a 2000 rpm (rotações por minuto), durante 10 minutos a 4ºC e ressuspendeu-se o sedimento na solução hipotónica. Centrifugou-se novamente e ressuspendeu-se o sedimento em PBS, seguindo-se outra centrifugação a 2000 rpm durante 10 minutos a 4ºC. Após a obtenção do sedimento de células, desprezou-se o sobrenadante e ressuspendeu-se o sedimento em 4 ml de tampão SE, de modo a provocar a lise das células nucleadas. Adicionou-se SDS (dodecilsulfato de sódio, Gibco BRL 5525UA), promovendo a dissociação do DNA de proteínas. Adicionou-se posteriormente proteinase K (Boehringer Mannheim 745723), para uma concentração final de 200 µg/ml e incubou-se a 55ºC durante 12 horas para degradação proteica. Adicionou-se 1 ml de NaCl 6 M previamente aquecido (concentração final de 1,5 M), de forma a precipitar as proteínas (salting-out). A separação das proteínas foi realizada através da adição de igual volume POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS 42 MATERIAL E MÉTODOS de clorofórmio (Merck 1124451000) e agitação suave durante 30 a 60 minutos. De seguida, centrifugou-se a 2500 rpm, durante 10 minutos a 4ºC com o objectivo de separar a fase aquosa que contém o DNA, da fase orgânica, que contém as proteínas degradadas. Recolheu-se a fase aquosa e adicionou-se igual volume de isopropanol (Panreac cod131090), para precipitação do DNA. O DNA foi posteriormente lavado com etanol (Merck 1009831000) a 70% (p/v). Após evaporação do etanol, ressuspendeu-se o sedimento em água bidestilada. Armazenaram-se as amostras a 4ºC ou -20ºC, consoante o tempo de armazenamento previsto. AMPLIFICAÇÃO DO DNA POR PCR A região do gene CCND1 pretendida foi amplificada através da técnica de Polimerase Chain Reaction (PCR), de forma a obter um fragmento de 167 pares de base (pb) (Betticher et al. 1995). A reacção foi efectuada num termociclador programável Biometra T-Gradient, num volume final de 50 µl, consistindo em aproximadamente 0,2 µg de DNA genómico, 1 U de Taq DNA polimerase (MBI Fermentas, #EP0402) e respectivo tampão de reacção 1×, 1,5 mM de MgCl2 (MBI Fermentas), 0,2 mM de desoxinucleosídeos trifosfato (dNTP) (MBI Fermentas, #R0192), e 30 ρmol de primers específicos para a região do gene pretendida (F: 5’ GTG AAG TTC ATT TCC AAT CCG C 3’ e R: 5’ GGG ACA TCA CCC TCA CCC POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS 43 MATERIAL E MÉTODOS TCA CTT AC 3’). As condições da reacção incluíram um passo de prédesnaturação a 95ºC durante 10 minutos para activar a enzima, seguido de 35 ciclos de desnaturação a 94ºC durante 1 minuto, annealing a 55ºC durante 1 minuto e extensão a 72ºC durante 1 minuto, com um passo de extensão final durante 2 minutos a 72ºC. IDENTIFICAÇÃO DO FRAGMENTO DO PRODUTO DE PCR A identificação do fragmento de DNA foi efectuada por electroforese em géis de agarose a 1.5% (p/v), corados com brometo de etídeo e visualizados sob luz ultravioleta, num equipamento Image Master VDS (Pharmacia Biotech). ANÁLISE DO POLIMORFISMO A870G NO GENE CCND1 POR RFLP O polimorfismo estudado foi analisado através da técnica Restriction Fragment Lenght Polymorphism (RFLP). Cerca de 15 µl de produtos de PCR foram submetidos a digestão enzimática com 1U da enzima de restrição ScrF1 (Fermentas #ER1422) e respectivo tampão de reacção durante 4 horas a 37ºC. POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS 44 MATERIAL E MÉTODOS IDENTIFICAÇÃO DOS FRAGMENTOS OBTIDOS POR RFLP Os fragmentos obtidos por RFLP foram submetidos a electroforese em géis de agarose a 3% (p/v), corados com brometo de etídeo e visualizados sob luz ultravioleta. O produto de PCR de 167 pb é cortado pela enzima, se o alelo G estiver presente, originando dois fragmentos de 145 e 22 pb. ANÁLISE ESTATÍSTICA A análise estatística dos resultados foi efectuada com auxílio do software estatístico SPSS (Versão 11,5, SPSS Inc., 2002) Epi Info (Versão 3,3, 2004). A análise do qui-quadrado foi utilizada para comparar variáveis categóricas, com um nível de significância de 5%. O valor de p foi obtido pelo teste de χ2 e considerado estatisticamente significativo quando inferior a 0,05. O valor Odds Ratio (OR) e o seu Intervalo de Confiança de 95% (95% CI) foram calculados como uma medida da associação entre os alelos e genótipos do gene CCND1 e o risco para cancro. O equilíbrio de Hardy-Weinberg foi testado através de um teste goodness of fit de Pearson, de forma a comparar as frequências observadas e esperadas. POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS 45 MATERIAL E MÉTODOS Foi calculada a Proporção Atribuível (PA), fracção de doença atribuível a um dado factor de risco, através da fórmula: PA = PRF × 11/OR; PRF é a percentagem do factor de risco nos casos e OR é o Odds Ratio. POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS 46 RESULTADOS AMPLIFICAÇÃO DO DNA A região do gene CCND1 pretendida foi amplificada por PCR, de forma a obter um fragmento de 167 pares de base (pb). Os produtos de PCR foram submetidos a electroforese em géis de agarose a 1,5 % (p/v), corados com brometo de etídeo, utilizando um marcador molecular de peso conhecido (marcador de 100 pb), de forma a verificar a amplificação do fragmento de DNA pretendido de 167 pb (figura 9). Figura 9 – Análise da amplificação dos produtos de PCR em gel de agarose a 1,5 %, exemplificando o fragmento de 167 pb, correspondente à região de CCND1 amplificada (M – marcador molecular de 100 pb). ANÁLISE DO POLIMORFISMO A870G NO GENE CCND1 A técnica RFLP permitiu a visualização dos genótipos possíveis do polimorfismo A870G no gene CCND1. Após digestão enzimática, a enzima de restrição ScrF1 origina dois fragmentos de DNA quando o alelo G está POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS 49 RESULTADOS presente (145 e 22 pb) e apenas um, com peso de 167 pb, no caso de presença do alelo A. Através da visualização dos géis de agarose a 3% (figura 10), podemos observar três padrões de fragmentos possíveis: um único fragmento de 167 pb, correspondente ao genótipo homozigótico AA; um fragmento de 145 pb e outro de 167 pb, correspondente ao genótipo heterozigótico AG; ou um único fragmento de 145 pb, no caso de genótipo homozigótico GG. A banda de 22 pb não é visível nos géis de agarose, visto que possui um peso molecular muito baixo. Figura 10 – Análise do polimorfismo A870G no gene CCND1 por RFLP em gel de agarose a 3%, exemplificando os três padrões de RFLP obtidos. M – marcador molecular de 100 pb; 1,3 e 7 – heterozigóticos AG; 2,4 e 5 – homozigóticos GG; 6 e 8 – homozigóticos AA. POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS 50 RESULTADOS FREQUÊNCIAS ALÉLICAS E GENOTÍPICAS DO POLIMORFISMO A870G CCND1 INDIVÍDUOS CONTROLO As frequências genotípicas do polimorfismo A870G no gene CCND1 nos indivíduos controlo estão descritas no quadro IV. O grupo de indivíduos controlo total, constituído por 187 indivíduos, dos quais 103 mulheres e 84 homens, possuiu frequências genotípicas de 28,9%, 56,1% e 15,0% relativamente aos genótipos AA, AG e GG, respectivamente. Relativamente ao modelo recessivo, as frequências obtidas foram de 85,0% para os genótipos AA/AG e de 15,0% para o genótipo homozigótico GG. O sub-grupo controlo constituído pelas 103 mulheres possuiu uma distribuição genotípica constituída por 37,9% relativamente ao genótipo AA, 53,4% relativamente ao genótipo AG e 8,7% relativamente ao genótipo GG. No modelo recessivo, a frequência dos genótipos AA/AG foi de 91,3% e 8,7% para o genótipo GG. Relativamente ao sub-grupo controlo constituído pelos 84 homens, as frequências dos genótipos AA, AG e GG observadas foram respectivamente 17,9%, 59,5% e 22,6%. No que respeita ao modelo recessivo, as frequências obtidas foram de 77,4% para os genótipos AA/AG e de 22,6% para o genótipo homozigótico GG. POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS 51 RESULTADOS POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS 52 RESULTADOS PACIENTES COM LESÕES DO COLO DO ÚTERO A distribuição dos alelos e genótipos do polimorfismo A870G no gene CCND1 entre o grupo controlo e o grupo de pacientes com lesões do colo do útero (casos), incluindo lesões de alto grau (HSIL) e carcinoma espinocelular do colo do útero (ICC) está descrita no quadro V. POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS 53 RESULTADOS POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS 54 RESULTADOS A frequência do alelo G foi superior no grupo de pacientes com lesões do colo do útero (46,9%) relativamente ao grupo controlo (35,4%) e esta diferença é estatisticamente significativa (p=0,011). A frequência dos genótipos AA, AG e GG foi de 37,9, 53,4 e 8,7%, respectivamente, no grupo controlo e de 30,8, 44,7 e 24,5%, respectivamente, no grupo dos casos. A distribuição das frequências genotípicas de ambos os grupos está de acordo com o esperado segundo os princípios de Hardy-Weinberg para populações em equilíbrio (P=0,672 no grupo dos casos e P=0,461 no grupo controlo). A análise das frequências dos genótipos CCND1 indica que mulheres portadoras do genótipo GG possuem um risco cerca de 3,4 vezes superior no desenvolvimento de lesões do colo do útero (OR=3,38; 95% CI 1,55-7,41; p=0,001). A estratificação da análise de acordo com a mediana das idades dos pacientes indicou que o grupo de mulheres com idade superior a 46 anos portadoras do genótipo GG, possui um risco aumentado de cerca de 3 vezes no desenvolvimento de lesões do colo do útero (OR=3,20; 95% CI 1,25-8,16; p=0,017). No caso dos pacientes com carcinoma do colo do útero, a proporção de casos de cancro do colo uterino atribuível à influência do genótipo GG foi de 17,26%. Na figura 11 estão representadas as distribuições genotípicas do polimorfismo A870G no gene CCND1 no grupo controlo e grupos de lesões POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS 55 RESULTADOS do colo uterino, incluindo lesões de alto grau (HSIL) e carcinoma espinocelular do colo do útero (ICC). As frequências genotípicas no grupo controlo, no grupo de pacientes com lesões de alto grau e carcinoma espinocelular do colo do útero e resultados da análise estatística tendo em conta o grau de lesão estão descritas no quadro VI. 100 GG GG 90 GG 80 Percentagem 70 60 50 GG AA/AG AA/AG 40 AA/AG AA/AG 30 20 10 0 Controlos HSIL ICC Figura 11 – Representação gráfica da distribuição das frequências do polimorfismo A870G no gene CCND1 nos grupos controlo, pacientes com lesões de alto grau do colo uterino (HSIL) e no grupo de pacientes com carcinoma espinocelular do colo do útero (ICC). POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS 56 RESULTADOS POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS 57 RESULTADOS Através da análise dos resultados observou-se que mulheres portadoras do genótipo GG possuem um risco 3,67 vezes superior para o desenvolvimento de lesões de alto grau do colo do útero (OR=3,67; 95% CI 1,45-9,31; p=0,007) e de 3,24 vezes superior para o desenvolvimento de carcinoma espinocelular do colo do útero (OR=3,24; 95% CI 1,417,46; p=0,006). VARIÁVEIS CLÍNICO-PATOLÓGICAS Foi analisado o estádio do tumor com o objectivo de avaliar a influência do polimorfismo A870G no na agressividade e progressão tumoral. Foi efectuada uma re-codificação do estádio, de forma a avaliar diferenciadamente os estádios menos agressivos (I, IIa) e os estádios mais agressivos com invasão e envolvimento dos paramétrios (IIb, III e IV). Na figura 12 está representada a distribuição dos genótipos CCND1 nos diferentes estádios dos casos de carcinoma espinocelular do colo uterino. POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS 58 RESULTADOS 100 90 80 Percentagem 70 GG GG 60 GG 50 AA/AG 40 30 20 AA/AG AA/AG 10 0 <II b ≥ II b Figura 12 – Representação gráfica da distribuição das frequências do polimorfismo A870G no gene CCND1 nos diferentes estádios tumorais. No quadro VII estão descritos os resultados da análise estatística referente às frequências dos genótipos CCND1 nos diferentes estádios. Não se verificaram diferenças estatisticamente significativas frequências genotípicas nestes dois grupos de casos (p=0,49). POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS 59 nas RESULTADOS POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS 60 RESULTADOS PACIENTES COM CANCRO DA NASOFARINGE A distribuição dos alelos e genótipos do polimorfismo A870G no gene CCND1 entre o grupo controlo e o grupo de pacientes com cancro da nasofaringe está descrita no quadro VIII. No grupo de pacientes com carcinoma da nasofaringe, as frequências de ambos os alelos, A e G, foi de 50,0%. A frequência dos genótipos AA, AG e GG foi de 28,9, 56,1 e 15,0%, respectivamente no grupo controlo e 27,7, 44,6 e 27,7%, respectivamente no grupo dos pacientes com cancro da nasofaringe. A percentagem de indivíduos portadores do genótipo GG foi superior no grupo dos pacientes, relativamente ao grupo controlo (figura 13). POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS 61 RESULTADOS 100 90 GG GG Percentagem 80 70 60 GG 50 40 AA/AG AA/AG AA/AG 30 20 10 0 NPC Controlos Figura 13 - Representação gráfica da distribuição das frequências do polimorfismo A870G no gene CCND1 nos grupos controlo e pacientes com cancro da nasofaringe. A distribuição das frequências genotípicas de ambos os grupos está de acordo com o esperado segundo os princípios de Hardy-Weinberg para populações em equilíbrio (P=0,804 no grupo dos casos e P=0,357 no grupo controlo). A análise das frequências dos genótipos CCND1 indica que indivíduos portadores do genótipo GG possuem um risco acrescido no desenvolvimento de cancro da nasofaringe (OR=2,17; 95% CI 1,19-3,98; p=0,016). POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS 62 RESULTADOS POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS 63 RESULTADOS No quadro IX estão descritas as frequências genotípicas no grupo controlo e no grupo de pacientes com carcinoma indiferenciado da nasofaringe (UCNT). A análise estatística dos resultados tendo em conta este tipo histológico demonstra um risco ainda superior no desenvolvimento de UCNT em indivíduos portadores do genótipo GG (OR=2,32; 95% CI 1,20-4,17; p=0,018). A proporção de casos de cancro da nasofaringe atribuível à influência do genótipo GG foi de 14,94%. POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS 64 RESULTADOS POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS 65 RESULTADOS VARIÁVEIS CLÍNICO-PATOLÓGICAS O grupo de pacientes com cancro da nasofaringe foi estratificado de acordo com o estádio do tumor e presença/ausência de metástases ganglionares, com o intuito de analisar uma possível influência do polimorfismo A870G na agressividade tumoral. Na figura 14 estão representadas as distribuições dos genótipos CCND1 nas diferentes variáveis clínico-patológicas analisadas no grupo de pacientes com cancro da nasofaringe. Novamente, foi efectuada uma recodificação do estádio do tumor, com o objectivo de comparar os estádios menos agressivos (I, II e III) e o estádio de maior agressividade (IV). 100 100 GG GG 90 80 80 70 70 60 GG 50 40 AA/AG AA/AG AA/AG 30 Percentagem Percentagem 90 60 GG 50 40 AA/AG AA/AG Não Sim AA/AG 30 20 20 10 10 0 GG GG 0 I/II/III IV A B Figura 14 – Representação gráfica da distribuição das frequências do polimorfismo A870G no gene CCND1 nos diferentes estádios tumorais (A) e referente à presença/ausência de metastização ganglionar (B). POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS 66 RESULTADOS No quadro X apresentam-se os resultados da análise estatística referente às distribuições dos genótipos CCND1 nos diferentes estádios e referentes à metastização ganglionar. Não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas nas frequências genotípicas dos sub-grupos definidos tendo em conta as variáveis clínico-patológicas analisadas (para a variável estádio do tumor, p=0,795 e presença/ausência de metastização ganglionar, p=0,788). POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS 67 RESULTADOS POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS 68 DISCUSSÃO Nos últimos anos a investigação oncológica tem demonstrado que o cancro é uma doença que envolve alterações dinâmicas no genoma. Alterações no controlo de mecanismos e vias chave da regulação da proliferação celular são eventos necessários para o estabelecimento de um tumor. O gene CCND1 é um proto-oncogene envolvido na regulação do ciclo celular e alterações neste gene têm sido descritas em vários tumores. O polimorfismo A870G no gene CCND1 tem sido analisado em alguns tipos de neoplasias, com resultados controversos. Os objectivos deste estudo consistiram na análise da frequência do polimorfismo no codão 870 no gene CCND1 em indivíduos sem qualquer patologia, em mulheres com lesões do colo uterino e indivíduos com cancro da nasofaringe e avaliar a existência de associações entre a frequência do polimorfismo estudado e a susceptibilidade para cancro do colo do útero e cancro da nasofaringe. SUSCEPTIBILIDADE PARA CANCRO DO COLO DO ÚTERO O cancro do colo do útero permanece um problema de saúde pública mundial, especialmente em países em vias de desenvolvimento. A infecção por estirpes de HPV de alto risco constitui o principal factor etiológico associado à carcinogénese do cancro do colo do uterino. No entanto, apenas uma percentagem das mulheres infectadas desenvolve POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS 71 DISCUSSÃO esta neoplasia. Pensa-se que factores genéticos individuais, em associação com a infecção, sejam responsáveis por uma maior susceptibilidade de determinadas mulheres para o desenvolvimento de cancro do colo uterino (Bosch et al. 2002). As oncoproteínas E6 e E7 do HPV são importantes na imortalização celular e alteram pontos de controlo do ciclo celular. A oncoproteína E7 possui a capacidade de ligação à proteína retinoblastoma (RB) tornando-a funcionalmente inactiva. Quando as células se aproximam da fase S do ciclo celular, a RB é fosforilada, originando a libertação dos factores de transcrição E2F e activando a expressão dos genes necessários à progressão através da fase S do ciclo celular. A oncoproteína E7 do HPV ultrapassa este controlo e liga-se directamente à RB, originando a libertação não fisiológica dos factores E2F. A acumulação de alterações genéticas como resultado de alterações no controlo de checkpoints do ciclo celular pode ser um mecanismo importante no processo de imortalização celular por estirpes de HPV de alto risco (Koromilas et al. 2001; Tindle 2002; Scheffner e Whitaker 2003). O gene CCND1 codifica a proteína ciclina D1, que é expressa em resposta a sinais mitogénicos e promove a transição através do ponto de controlo G1/S do ciclo celular. Southern e Herrington (Southern e Herrington 1998) descreveram a ausência de expressão de CCND1 na maioria das lesões de baixo grau do colo uterino infectadas por estirpes de HPV de alto risco e sobre-expressão de CCND1 na maior parte das lesões infectadas com estirpes de HPV de baixo risco. Estes resultados são POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS 72 DISCUSSÃO concordantes com as observações in vitro de que a sobre-expressão de CCND1 não é necessária à progressão através da fase G1 em linhas celulares de queratinócitos humanos que expressam as oncoproteínas E6 e E7 das estirpes de HPV de alto risco. A ligação da proteína E7 à RB faz com que a célula não necessite de CCND1 e assegura a libertação dos factores de transcrição E2F. Consequentemente, as células progridem para a fase S do ciclo celular e é induzida a expressão dos genes necessários à síntese celular e viral (Lukas et al. 1994). A proteína E7 do HPV 16 possui homologia com os locais de ligação à RB da CCND1, induzindo consequentemente a libertação dos factores de transcrição E2F (Cho et al. 2002). As ciclinas D ligam-se ao domínio hipofosforilado da RB através de sequências LXCXE, que são partilhadas com vários vírus de DNA associados a tumores (Dowdy et al. 1993). Um artigo publicado recentemente (Bae et al. 2001) indica que a expressão do RNAm e da proteína CCND1 é baixa em células malignas do colo uterino e sugere que a expressão da proteína é regulada a nível da transcrição. Por outro lado, a expressão de CCND1 tem sido correlacionada com os genótipos do polimorfismo A870G no gene, sugerindo que o genótipo GG está associado a uma baixa expressão de CCND1 em carcinomas de células escamosas (Holley et al. 2001). Se a disponibilidade de CCND1 na célula é reduzida, é possível que os níveis reduzidos da proteína originem uma menor interacção com a RB de forma quantitativa. Dado que a proteína E7 do HPV possui homologia com os locais de ligação da CCND1 à RB, isto pode facilitar a interacção da POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS 73 DISCUSSÃO oncoproteína E7 com a RB. Assim, a CCND1 pode não competir com a oncoproteína E7 pelo mesmo local de ligação à RB, facilitando e promovendo a ligação da proteína E7 a este regulador celular, com a consequente libertação dos factores de transcrição E2F e induzindo a expressão de genes necessários à síntese celular e viral. Os nossos resultados sugerem que mulheres portadoras do genótipo GG no gene CCND1 possuem um risco aumentado para o desenvolvimento de lesões no colo do útero (OR=3,67 para lesões de alto grau e OR=3,24 para carcinoma espinocelular do colo uterino). O polimorfismo A870G no gene CCND1 pode então actuar como um co-factor da infecção por HPV na indução e iniciação da carcinogénese do colo uterino. SUSCEPTIBILIDADE PARA CANCRO DA NASOFARINGE O cancro da nasofaringe é uma neoplasia associada ao vírus Epstein-Barr. No entanto, a etiologia do NPC é complexa e multi-factorial, sendo que carcinogénios de origem não viral e predisposição genética podem constituir outros factores etiológicos de importância relevante. Vários polimorfismos genéticos relacionados com a susceptibilidade individual para o cancro têm sido estudados relativamente à sua associação com o risco para NPC. POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS 74 DISCUSSÃO Neste estudo, o polimorfismo A870G no gene CCND1 foi analisado de forma a avaliar a sua importância no desenvolvimento de NPC. Os nossos resultados indicam que indivíduos portadores do genótipo GG possuem um risco 2,17 vezes superior para o desenvolvimento de cancro da nasofaringe e uma susceptibilidade ainda superior, com um risco acrescido de 2,32 vezes, quando considerados apenas os casos de pacientes com carcinoma indiferenciado da nasofaringe, associado à infecção por EBV. Estes resultados são concordantes com os resultados publicados recentemente por Deng e colaboradores, que demonstram que a proteína LMP1 do EBV possui a capacidade de regular o crescimento celular pela expressão de CCND1 através da via NF-kB no NPC e sugerem que o polimorfismo A870G no gene CCND1 está associado ao desenvolvimento e susceptibilidade para NPC (Deng et al. 2002). Os nossos resultados são concordantes com os encontrados por outros autores, sugerindo que o genótipo GG está associado ao desenvolvimento de tumores. Matthias e colaboradores (Matthias et al. 1998; Matthias et al. 1999) demonstram que o genótipo GG de CCND1 está associado a tumores pouco diferenciados de cabeça-pescoço e sobrevida livre de doença reduzida em carcinomas da laringe e faringe, POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS 75 DISCUSSÃO estabelecendo uma ligação entre os alelos A870G de CCND1 com a expressão da proteína e prognóstico clínico nos carcinomas de células escamosas da cabeça-pescoço. Um estudo realizado na população portuguesa refere uma correlação entre o genótipo GG e susceptibilidade aumentada para o desenvolvimento de tumores na laringe (Monteiro et al. 2004). No entanto, o papel dos diferentes genótipos do gene CCND1 no desenvolvimento de neoplasias não é ainda claramente conhecido, tendo sido publicados resultados controversos (Kong et al. 2000; Zheng et al. 2001; Wang et al. 2002; Wang et al. 2003). Tem sido sugerido que o transcripto b é originado maioritariamente através do alelo A em vários tipos de células tumorais. O genótipo AA origina um aumento dos níveis de transcrito b nas células tumorais, resultando num aumento da quantidade de uma proteína que não possui sequências envolvidas no turnover e degradação rápida, a região PEST (destruction box), e possui um tempo de semi-vida superior (Betticher et al. 1995; Sawa et al. 1998; Wang et al. 2002). O mecanismo para esta associação não é ainda conhecido e embora o alelo G origine uma menor quantidade de transcripto b do que o alelo A, os indivíduos que possuem o genótipo GG podem possuir níveis celulares de CCND1 diferentes dos indivíduos que possuem o genótipo AA. Por outro lado, um estudo recente indica que o transcripto b origina uma proteína que não é acumulada de forma alterada nas células e possui uma estabilidade semelhante à proteína originada pelo transcripto a. Este POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS 76 DISCUSSÃO estudo demonstra ainda que o transcripto a constitui um catalisador mais eficiente da fosforilação/inactivação da RB (Solomon et al. 2003). Estes resultados sugerem que o efeito do genótipo no comportamento do tumor pode exibir algum grau de especificidade tecidular. É possível que estes resultados controversos reproduzam os diferentes mecanismos através dos quais a expressão alterada da ciclina D1 ocorre no cancro. Por outro lado, a contribuição de polimorfismos genéticos no risco para cancro pode ser dependente da população estudada, assim como de factores ambientais e outros factores que influenciam essa mesma população. Têm sido descritas diferenças étnicas e geográficas relativamente à frequência genotípica de diversos polimorfismos. Os nossos resultados obtidos na população portuguesa são concordantes com um estudo recentemente publicado e realizado na nossa população (Monteiro et al. 2004). Estes resultados podem ajudar na compreensão do papel da ciclina D1 no desenvolvimento de cancro do colo uterino e da nasofaringe. POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS 77 CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS FUTURAS A ciclina D1 é um regulador positivo importante do ponto de controlo G1/S do ciclo celular que tem sido correlacionado com vários tipos de tumores humanos. O gene CCND1 é um dos genes mais frequentemente alterados em neoplasias humanas, dado que a expressão alterada da proteína pode originar a proliferação celular desregulada. Vários estudos recentemente publicados indicam que o gene CCND1 pode constituir um marcador molecular muito útil na determinação do prognóstico clínico de alguns tumores. O polimorfismo A/G no codão 870 do gene CCND1 tem sido relacionado com o prognóstico clínico e risco alterados para diversas neoplasias. Este estudo demonstra que o genótipo GG do polimorfismo A870G no gene CCND1 parece ter um papel preponderante na susceptibilidade para cancro do colo do útero e da nasofaringe, conferindo um risco acrescido no desenvolvimento destes tumores. A análise de variações genéticas inter-individuais, como os polimorfismos, pode contribuir para uma melhor caracterização da susceptibilidade para cancro. A definição de sub-grupos de indivíduos mais susceptíveis para determinadas neoplasias, de acordo com o seu genoma, pode ser determinante na elaboração de estratégias de prevenção para estas doenças. Estudos realizados em culturas de tecidos demonstram que a CCND1 possui a capacidade de potenciar a transformação oncogénica de POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS 81 CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS FUTURAS outros oncogenes, nomeadamente RAS, Src e E1A. O papel da CCND1 parece ser dependente e específico para o tipo de tecido e oncogene. Estudos posteriores poderão incluir a análise combinada com outros polimorfismos que foram já associados a susceptibilidade para cancro e publicados pelo nosso grupo, incluindo CYP2E1, GST, ecNOS, ARStuI, VDR, TP53, CCR2 (Medeiros et al. 2002; Ferreira et al. 2003; Medeiros et al. 2003a; Medeiros et al. 2003b; Medeiros et al. 2004; Coelho et al. 2005; Santos et al. 2005). Pretendemos também aumentar a amostragem do estudo, com o objectivo de alargar os resultados a amostras de grande número e analisar o papel do polimorfismo na susceptibilidade para outros cancros, nomeadamente outras neoplasias associadas a vírus. Estudos recentes sugerem que a CCND1 pode constituir um potencial alvo terapêutico em alguns carcinomas (Sauter et al. 1999; Sauter et al. 2002; Fu et al. 2004) e parece alterar a sensibilidade das células tumorais à radiação ionizante (Coco Martin et al. 1999; Finkielstein et al. 2002; Jayasurya et al. 2004). É também nosso objectivo alargar este estudo numa perspectiva farmacogenómica, com o intuito de avaliar o papel deste polimorfismo na resposta à terapia. Acreditamos que a continuação deste estudo é então fundamental, de forma a uma melhor compreensão do papel e influência da ciclina D1 POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS 82 CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS FUTURAS no cancro, dos mecanismos biológicos do cancro do colo do útero e da nasofaringe e na definição de um perfil genético para estas neoplasias. POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS 83 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Albanese C, Johnson J, Watanabe G, Eklund N, Vu D, Arnold A, Pestell RG (1995). "Transforming p21ras mutants and c-Ets-2 activate the cyclin D1 promoter through distinguishable regions." J Biol Chem 270: 23589-97. Alisi A, Spagnuolo S, Leoni S (2003). 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POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS 102 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Wang L, Habuchi T, Mitsumori K, Li Z, Kamoto T, Kinoshita H, Tsuchiya N, Sato K, Ohyama C, Nakamura A, Ogawa O, Kato T (2003). "Increased risk of prostate cancer associated with AA genotype of cyclin D1 gene A870G polymorphism." Int J Cancer 103(1): 11620. Weber LB (2002). "Cancer Genomics." Cancer Cell 1: 37-47. Wolf JK, Franco EL, Arbeit JM, Shroyer KR, Wu TC, Runowicz CD, Tortolero-Luna G, Herrero R, Crum CP (2003). "Innovations in understanding the biology of cervical cancer." Cancer 98: 2064-9. Young LS, Rickinson AB (2004). "Epstein-Barr virus: 40 years on." Nat Rev Cancer 4: 757-68. Zheng Y, Shen H, Sturgis E.M, Wang Li-E, Eicher S.A, Strom S.S, Frazier M.L, Spitz M.R, Wei Q (2001). "Cyclin D1 polymorphism and risk for squamous cell carcinoma of the head and neck: a case-control study." Carcinogenesis 22(8): 1195-99. POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS 103 ANEXOS ANEXO I – SOLUÇÕES PBS Na2HPO4 1,48g/l (Merck 1065860500) NaH2PO4 0,495 g/l (Merck 63460500) NaCl 7,2 g/l (Panreac cod131659) AKE NH4Cl 82,9 g/l (Merck 101146) KHCO2 10 g/l (Merck 48540500) EDTA 0,37 g/l (Merck 108418) SE NaCl 75 mM (Panreac cod131659) EDTA 25 mM (Merck 108418) POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS ANEXOS ANEXO II Provas do artigo intitulado “Increased risk of cervical cancer associated with cyclin D1 gene A870G polymorphism”, aceite para publicação na revista Cancer Genetics and Cytogenetics. POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS Increased risk of cervical cancer associated with cyclin D1 gene A870G polymorphism Raquel Catarinoa, Ana Matosa,b, Daniela Pintoa, Deolinda Pereirac, Rogéria Craveirod, André Vasconcelosa, Carlos Lopesa, Rui Medeirosa*. a Molecular Oncology Unit of Portuguese Institute of Oncology - Porto, Portugal b Gynaecology Department of Júlio Dinis Maternity c Medical Oncology Department of Portuguese Institute of Oncology - Porto, Portugal d Radiobiology Department of Portuguese Institute of Oncology - Porto, Portugal *Correspondence should be addressed to: Rui Medeiros, PhD Instituto Português de Oncologia, Porto, Laboratórios - Piso 4, Unit of Molecular Oncology, R. Dr. Ant. Bernardino Almeida, 4200-072 Porto, Portugal. Tel: 351 - 22 5084000 (Ext 5414) Email: [email protected] POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS ABSTRACT Human papillomavirus (HPV) play the major role in the etiology of cervical cancer. However, a complex correlation between viral and cellular genes is necessary for cell cycle control deregulation in the progression to invasive cervical cancer (ICC). Cyclin D1 (CCND1) is an important positive regulator of the G1/S phase of the cell cycle. The CCND1 gene is located at chromosome 11q13 and is often altered in human cancers. We analysed the A870G CCND1 polymorphism by PCR-RFLP in 246 women including, 50 cases with high-grade squamous intraepithelial lesions of the cervix (HSIL), 93 with ICC and 103 healthy women. The GG genotype was associated with a 4.32 fold higher risk for the development of HSIL (aOR=4.32, 95% CI 1.50-12.46, P=0.0067), and a 3.26 fold increased risk for the development of ICC (aOR=3.26, 95% CI 1.42-7.53, P=0.006). The proportion of cervical cancer cases attributable to the GG CCND1 genotype was 17.26%. This is the first study reporting that A870G CCND1 polymorphism could act as a cofactor of HPV in the initiation of cervical carcinogenesis, particularly in the transformation zone of HPV infected women, supporting evidence for a genetic factor on ICC risk. POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS INTRODUCTION Invasive cervical cancer (ICC) is the most common gynaecologic malignancy worldwide and one of the most common causes of death in women. In Portugal, cervical cancer has an age-standardised incidence rate of 17.0 per 100.000 women and is responsible for 4.2% of malignant deaths [1]. The primary cause in the development of ICC is infection with human papillomavirus (HPV). More than 90% of squamous cervical cancers contain HPV DNA [2]. HPV 16 and 18 have two transcriptional units, E6 and E7, which encode proteins important for cell immortalization [3]. Integration of HPV DNA into the host genome results in the constitutive expression of the viral oncoproteins E6 and E7, which deregulate cell cycle control through interaction with oncogenes and tumor-suppressor gene products, initiating the crucial step for tumorigenesis [4,5]. The E7 oncoprotein binds to retinoblastoma protein (RB), and the related pocket proteins p107 and p130, leading to functional inactivation of these proliferation regulators, which ultimately allows unchecked cell-cycle progression in cells infected with HPV 16 or 18 [4,6,7]. Epidemiological and clinical data suggest that human papillomavirus, especially HPV-16 and HPV-18 (high-risk HPV), play the major role in the etiology of cervical cancer [8]. However, some researchers acknowledge that HPV is a necessary but not a sufficient factor in the etiology of ICC. The progression from HPV infection to cancer involves other environmental and host factors. Singlenucleotide polymorphism (SNP) markers should be considered in the determination of the combinations of genetic factors involved in precancerous changes to cervical cancer [9]. It is unclear whether the association of these POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS environmental and genetic factors with cervical cancer reflects secondary associations also attributable to infection, or if they are independent risk factors, or even if they act as cofactors of HPV infection in induction of cervical carcinogenesis [10]. A frequent target in transitional cell carcinogenesis is the deregulation of G1/S phase progression in the cell cycle which is regulated by cyclins, cyclin-dependent kinases and their inhibitors [11]. Cyclin D1 (CCND1) is a key regulator of cell cycle progression, an important positive regulator of the G1/S phase and a demonstrated oncogene [12,13,14]. CCND1 is located at chromosome 11q13 and alterations in this gene have been described in several cancers [15,16-20,21]. CCND1 regulates cell cycle progression by activating cyclin-dependent kinases 4 and 6 (CDK4 and CDK6), which in turn phosphorylate RB. This reaction inactivates RB and is postulated to lead to progression through a G1-S checkpoint, committing the cell to DNA replication [22,23]. Recently, it has been reported that CCND1 mRNA is alternatively spliced to produce two transcripts (a and b), which are present simultaneously in a variety of normal tissues and cancer cells [24,25]. Betticher and colleagues [25] identified a single base pair polymorphism (A870G) in CCND1, and CCND1 genotypes have been significantly associated with carcinogenesis and clinical outcome in a variety of cancers [26-32]. Alterations in this gene, such as gene amplifications and overexpression have been observed in cervical cancer patients [33-36]. The genetic association between CCND1 A870G polymorphism and genetic susceptibility to cervical cancer has not yet been investigated. The aim of our POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS study was to determine if the CCND1 genotypes were associated with genetic susceptibility to cervical cancer. PATIENTS AND METHODS PATIENTS We tested the association between the CCND1 A870G polymorphism and risk of cervical cancer using a case-control study. 143 patients were selected for this study; 50 patients with histologically confirmed high-grade intraepithelial squamous lesions of the cervix (HSIL) and 93 with also histologically confirmed invasive cervical carcinoma (ICC). Patients were admitted to the Portuguese Oncology Institute-Porto, Portugal, during the period from 1997 to 2003. The median age at diagnosis was 46 years (standard deviation 12.5). The control group consisted of 103 healthy women, with a median age of 55 (standard deviation 16.3), without clinical history of cancer, from the same geographic area as the case group. All samples were taken after informed consent according to the declaration of Helsinki. POLYMERASE CHAIN REACTION/RESTRICTION FRAGMENT LENGTH POLYMORPHISM (PCR-RFLP) ANALYSIS DNA was extracted from peripheral blood leukocytes from each study subject using a salting out protocol [37]. The detection of the A870G polymorphism of CCND1 was carried out essentially as previously described [25]. The PCR reactions consisted of nearly 0.2 µg of genomic DNA, 30 ρmol of each primer, 0.2 mM of each dNTP, 1.5 mM MgCl2, 1 × Taq Buffer, and 1 U of Taq DNA polymerase to a final volume of 50 µl. Primers used in the analysis were CY26 POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS (5´GTG AAG TTC ATT TCC AAT CCG C 3´) and CY27 (5´ GGG ACA TCA CCC TCA CCC TCA CTT AC 3´). Thirty five cycles were performed, consisting of an initial heating at 95ºC for 10 min to activate the enzyme, followed by 35 cycles of denaturation at 94ºC for 1 min, annealing at 55ºC for 1 min and extension at 72ºC for 1 min, with a final extension step at 72ºC for 2 min. PCR products (15 µl) were digested with 1 U ScrF1 at 37ºC for 4 hr, and visualized by electrophoresis on 3% agarose containing 0.5 µg/ml ethidium bromide. The 167 bp PCR product generated is not cut by ScrF1 if the A allele is Figure 1 present, whereas the product from the G allele is cut to produce fragments of 145 and 22 bp (Fig.1). STATISTICAL ANALYSIS Analysis of data was performed using the computer software SPSS for Windows (Version 12.0) and Epi Info (version 6.04). Chi-square analysis was used to compare categorical variables and a 5% level of significance was used in the analysis. The odds ratio (OR) and its 95% confidence interval (CI) were calculated as a measurement of the association between CCND1 genotypes and cervical cancer risk. The Hardy-Weinberg equilibrium was tested by a Pearson goodness of fit test to compare the observed versus the expected genotype frequencies. Logistic regression analysis was used to calculate the adjusted OR (aOR) and 95% CI for the influence of CCND1 genotypes in the risk of cervical cancer, with adjustment for age. We calculated the attributable proportion (AP) using the following formula: AP = PRF × (1-1/OR), where AP is the fraction of disease attributable to the risk factor POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS and PRF is the percentage of the risk factor in case subjects and OR is the odds ratio. RESULTS The distribution of CCND1 genotypes among cases and controls and the risk of cervical cancer due to the influence of CCND1 polymorphism are shown in Table Table1 1. The frequency of the G allele was higher in cases (46.9%) than in controls (35.4%), and this difference was statistically significant (P=0.011). The frequencies of AA, AG and GG genotypes were 37.9, 53.4 and 8.7%, respectively in normal controls, and 30.8, 44.7 and 24.5%, respectively in the case group. The genotype distribution of both groups was in the Hardy-Weinberg equilibrium (P=0.672 in the case group and 0.461 in the control group). The analysis of the frequencies of CCND1 genotypes indicates that women carrying two G-alleles have a 3-fold increase in the risk for cervical lesions (aOR=3.48, 95% CI 1.577.70, P=0.0021). The stratification of the analysis according to the patients median age (women older than 46 versus younger than 46 years) lead to the observation that, for the group of women older than 46 years carrying two G alleles, there is a statistically significant threefold increase of cervical cancer risk (OR=3.20, 95% IC 1.25-8.16, P=0.017). No significant differences were found in the frequencies of CCND1 genotypes between different stages of ICC (histological differentiation), as shown in Table 2. However, women carrying the GG genotype have 4.32 fold higher risk for the development of HSIL (aOR=4.32, 95% CI 1.50-12.46, P=0.0067), and a 3.26 fold POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS Table 2 increased risk for the development of ICC (aOR=3.26, 95% CI 1.42-7.53, P=0.006). For the ICC patients, the proportion of cervical cancer cases attributable to the GG CCND1 genotype was 17.26%. DISCUSSION Cervical cancer remains a major worldwide health problem, especially in developing countries. During the past decades, the expansion of molecular biology has been of great importance in understanding the basis of cancer development and progression. The mechanism of cervical cancer carcinogenesis is not well understood. Our study is the first report suggesting a role for CCND1 polymorphism in cervical cancer. It is now known that specific types of human papillomavirus (HPV) are the principal etiologic agents for both cervical cancer and its precursors. However, the discrepancy between high rates of HPV infection and low rates of cervical cancer development among women suggests that additional genetic events are necessary for progression to a malignant phenotype, namely alterations in oncogenes and tumor suppressor genes [8]. HPVs encode two proteins, E6 and E7, which are important for cell immortalization. HPV 16 E6 and E7 disrupt cell cycle checkpoints, particularly affecting nearly all cyclin-dependent kinase inhibitors linked to the G1 and G2 checkpoints, in each case through a different mechanism [3]. E7 binds to RB originating its functional inactivation [4,6]. In quiescent cells, RB is complexed to the transcription factor E2F. Approaching S phase of the cell cycle, RB becomes POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS hyperphosphorylated, causing release of E2F, which then activates expression of growth-associated genes. E7 bypasses this RB-dependent control by binding to RB and causing the non-physiological release of active E2F [38,39]. HPV infection may constitute the initial cause of subsequent genetic alterations leading to the development of cervical tumors, whether the mechanism is due to direct integration of HPV DNA or subsequent interaction with other cellular proteins or both [40]. The accumulation of genetic abnormalities as a result of alterations in cell cycle checkpoint control is likely to be an important mechanism in the process of cellular immortalization by high-risk HPVs [41]. CCND1 encodes cyclin D1 protein, which is expressed in response to mitogenic signals promoting transition through the restriction point in the G1 phase of the cell cycle [23]. Shirley and colleagues [42] reported the absence of CCND1 expression in the majority of naturally occurring low-grade cervical lesions infected with high-risk HPVs, in contrast with the overexpression of CCND1 in most lesions containing low-risk HPVs. These findings are compatible with the in vitro observation that CCND1 overexpression is not required for G1 phase progression in human keratinocyte cell lines expressing the E6 and E7 proteins of high-risk HPVs [43]. The binding of the E7 protein of high-risk HPVs to the RB protein obviates the requirement of the cell for CCND1 and ensures the unrestricted release of E2F transcriptional factors. This in turn leads to S phase entry, thereby inducing the expression of genes required for cellular and viral synthesis [43]. HPV 16 E7 shows homology with the RB binding sites of CCND1, consequently inducing the release of E2F transcriptional factors [44]. D-type cyclins bind to the POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS pocket domain of hypophosphorylated RB through their LXCXE sequences, which are shared with several DNA tumour viruses [45]. Several genetic polymorphisms contributing to individual’s susceptibility to cancer have been studied regarding their association with cervical cancer risk [46,47]. In this study we analysed a single-nucleotide polymorphism in CCND1, in order to evaluate its importance in the development of cervical cancer. The A870G polymorphism at codon 242 within the conserved splice donor site of exon 4 of the gene appears to modulate the splicing of CCND1 mRNA, originating two transcripts (a and b), which are present in a variety of tissues [25,48,49]. The transcript a is identical to the reported CCND1 cDNA [12]. However, transcript b fails to splice at the exon 4/intron4 boundary, does not contain exon 5, and terminates downstream of exon 4. The main difference in the cyclin D1 proteins encoded by the two transcripts (a and b) is in the C-terminal PEST-rich region (destruction box) encoded by exon 5 which is responsible for rapid intracellular degradation and turnover of the G1 cyclins [25,48,50]. It has been suggested that the variant A allele is a major source of variant transcript b in several types of cancer cells [25,29,49]. The AA genotype increases the products of transcript b in tumor tissue cells, resulting in an increase of an altered protein that lacks the PEST-region with increased half-life [25,29]. Duk-Soo Bae and colleagues [33] reported that CCND1 mRNA and protein expression is decreased in cervical cancer, suggesting that CCND1 expression is regulated at the level of transcription. Moreover, CCND1 expression has been correlated with the CCND1 genotypes, suggesting that the GG genotype is associated with low expression of CCND1 in squamous cell carcinoma [51]. We POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS hypothesize that if the availability of CCND1 in the cell is reduced, there is less CCND1 to interact with the RB in a quantitative manner. Since high-risk HPV E7 protein shows homology with the RB binding sites of CCND1, the reduced levels of this cyclin in the cell may facilitate the interaction of the HPV E7 protein with the RB. Therefore, CCND1 may not compete with HPV protein E7 for the same binding site in RB, endorsing the binding of E7 to this cell cycle regulator, with consequent release of the transcriptional factors E2F and inducing the expression of genes required for cellular and viral synthesis. Our results suggest that women carrying the CCND1 GG genotype have increased risk for the development of cervical lesions (aOR=4,32 for HSIL and aOR=3.26 for ICC) and are consistent with previous findings suggesting that CCND1 GG genotype is associated with cancer development. Matthias and colleagues [27, 52] reported that CCND1 GG genotype was associated with poorly differentiated tumors of head and neck and reduced disease-free interval in laryngeal and pharyngeal carcinomas, independently from tumor differentiation, providing a link between CCND1 A870G alleles with CCND1 expression and clinical outcome in SCCHN (Squamous Cell Carcinoma of the Head and Neck). A recent report [51] found a significant trend between a reduction in the proportion of CCND1-expressing cells within the tumors of patients with CCND1 GG. Another recent published study reported a correlation between GG genotype and increased susceptibility for laryngeal tumor development [53]. However, controversial results have been reported regarding the role of CCND1 genotypes in cancer development [26,28,29,30,32]. The mechanism for this association is unknown, although because the G allele splices less of transcript b than the A allele, POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS individuals with CCND1 GG may have different cellular levels of CCND1 to subjects with CCND1 AA. Furthermore, these results suggest that the effect of genotype on tumor behaviour may exhibit some degree of tissue specificity [27]. It is possible that these conflicting results in part reflect the many different mechanisms through which deregulated expression of CCND1 can occur in cancer. The contribution of genetic polymorphisms to the risk for cervical cancer may be dependent on the studied population, as well as on several environmental and other factors that influence that population. Geographical or ethnic differences have been reported regarding the genotype frequency of several polymorphisms. Our results within the Portuguese population are consistent with a recently published study in our population [53]. To the best of our knowledge, this is the first study that demonstrates an association between A870G CCND1 polymorphism and risk for cervical cancer. Our results suggest that A870G CCND1 polymorphism could act as a cofactor of HPV in induction and initiation of cervical carcinogenesis, particularly in the transformation zone of HPV infected women, supporting evidence for a genetic factor on ICC risk. Further studies may include the analysis of other genetic polymorphisms (CYP2E1, GST, ecNOS, ARStuI, VDR) that have been already associated with cancer risk [54-58] in order to characterize the genetic profile of cervical cancer susceptibility. Moreover, in order to assess the gene-viral interaction, additional studies should include an ideal control group of HPV positive women without cervical cancer to a more accurate adjustment for this association. POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS The determination of a genetic profile may help to explain the observation that not all high-risk HPV-infected SIL lesions will progress to invasive carcinomas. Larger scale molecular studies are needed to confirm the role of A870G polymorphism of CCND1 in cervical cancer. These results can lead to a better understanding of cyclin D1 influence in cancer, the biological mechanisms of cervical cancer and in the definition of a genetic profile for this disease. ACKNOWLEDGEMENTS The authors thank the Liga Portuguesa Contra o Cancro (Portuguese League against Cancer) – Centro Regional do Norte for their support. We gratefully acknowledge funding of this work by the Ministry of Health of Portugal (CFICS – 206/2001). The current affiliation of Ana Matos is Júlio Dinis Maternity. POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS REFERENCES [1].Pinheiro PS, Tyczynski JE, Bray F, Amado J, Matos E, Parkin DM. 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POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS Table 1 Prevalence and odds ratios (OR) of CCND1 genotypes and alleles among control group and patients with cervical lesions (HSIL and ICC) Patients (n=143) n % * Controls (n=103) n % OR 95% CI P Alleles* A G 152 134 53.1 46.9 133 73 64.6 35.4 1.00 1.61 reference 1.09-2.36 0.011 Genotype AA AG GG 44 64 35 30.8 44.7 24.5 39 55 9 37.9 53.4 8.7 1.00 1.03 3.45 reference 0.59-1.81 1.47-7.56 1.000 0.004 Recessive model AA/AG GG 108 35 75.5 24.5 94 9 91.3 8.7 1.00 3.48** reference 1.57-7.70** 0.0021** Age <46 years AA/AG GG 52 16 76.5 23.5 28 2 93.3 6.7 1.00 4.31 reference 0.92-20.10 0.052 ≥46 years AA/AG GG 56 19 74.7 25.3 66 7 90.4 9.6 1.00 3.20 reference 1.25-8.16 0.017 Total allele number in the case group=286 and control group=206. P, OR and 95% CI using logistic regression analysis adjusting for age. ** POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS Table 2 Distribution of CCND1 genotypes among case and control groups and histological stage of ICC CCND1 genotype N (frequency) OR 95% CI P AA/AG GG Controls (n=103) 94 (91.3) 9 (8.7) 1.00 reference HSIL (n=50) 37 (74.0) 13 (26.0) 4.32* 1.50-12.46* 0.0067* ICC (n=93) 71 (76.3) 22 (23.7) 3.26* 1.42-7.53* 0.006* <IIb 3 (16.7) 15 (83.3) 1.00 reference ≥IIb 7 (26.9) 19 (73.1) 0.543 0.12-2.46 Cases FIGO staging * 0.49 P, OR and 95% CI using logistic regression analysis adjusting for age. POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS Figure 1. Analysis of the CCND1 genotypes – Restriction Fragment Length Polymorphism of the PCR products. M – 100 bp ladder; cases 1, 3 and 7 – CCND1 heterozygous (G/A); cases 2, 4 and 5 – homozygous GG; case 6 and 8 – homozygous AA. POLIMORFISMO NO GENE DA CICLINA D1 EM NEOPLASIAS ASSOCIADAS A VÍRUS