Adrenais Msc. Ana Maria da Silva Curado Lins OS HORMÔNIOS ADRENOCORTICAIS - SUPRA-RENAL São duas as glândulas supra-renais. - Situam-se no pólo superior de cada rim – aproximadamente 4g cada. - Córtex: 80% - corticosteróides (esteróides) e andrógenos. - Zona glomerulosa (15%): mineralocorticóides: aldosterona. - Zona fasciculada (70%): glicocorticóides: cortisol. - Zona reticular (15%): andrógenos: DHEA e SDHEA. - Medula: 20% - catecolaminas (adrenalina, noradrenalina e dopamina). - Hormônios corticais são derivados do colesterol. São esteróides, formados a partir da absorção do sangue. Obs. São também formados (em pequena quantidade) no córtex adrenal a partir da Acetilcoenzima A. - 1 Transporte e Destino dos Hormônios Adrenais Cortisol: combina-se com a globulina fixadora do cortisol (CBG) ou transcortina. Aldosterona: 50% na forma livre e o restante frouxamente associada a proteínas. Os hormônios fixam-se ao tecido-alvo, são degradados e excretados através da bile, na urina e nas fezes. Obs. Concentração da aldosterona no sangue: 6ng/dL Concentração de cortisol no sangue: 12ug/dL Efeito da Aldosterona (gerais): Glândulas Sudoríparas: absorvem sódio e excretam potássio e bicarbonato. O suor é composto por cloreto de sódio logo a presença de aldosterona faz com que o sódio não seja liberado. Obs. Quando muita saliva é perdida, haverá ação da aldosterona para absorção de sódio pelas glândulas salivares. No intestino a aldosterona absorve sódio na região do cólon. Mecanismo Celular da Ação da Aldosterona 1. Aldosterona difunde-se para o interior das células tubulares. 2. No citoplasma a aldosterona se combina com receptores específicos. 3. Complexo aldosterona-receptor entra para o núcleo – ativando a transcrição = aumento do mRNA relacionados com síntese protéica com maior absorção de sódio. 4. Tradução citoplasmática: proteínas transportadoras de sódio-potássio-hidrogênio. Regulação da Secreção de Aldosterona - Quase que completamente independente da secreção de outros hormônios. 1. Aumento da concentração do potássio no líquido extracelular = aumento da aldosterona; 2. Aumento da atividade do sistema renina-angiotensina = aumento da aldosterona; 3. Aumento da concentração do sódio no líquido extracelular = diminuição da aldosterona; 4. Aumento da secreção de ACTH – causa pouco efeito na regulação da aldosterona, observando-se um leve aumento de sua secreção. Obs. Basicamente os fatores 1 e 2 são os fundamentais para a regulação da secreção da aldosterona. Funções dos Mineralocorticóides – Aldosterona Regula a concentração de potássio e sódio. Sem aldosterona o potássio sobe muito enquanto o sódio abaixa seu nível. Desencadeia: débito cardíaco diminuído, choque e morte. Efeitos renais e circulatórios da aldosterona: nos túbulos renais a aldosterona causa aumento da absorção de sódio e excreção de potássio, especialmente no túbulo coletor. Quando houver absorção de sódio virá também água, logo, o volume corporal (sangue) aumentará = aumento da pressão arterial (de forma oposta para queda da pressão arterial haverá diurese por pressão). Esse mecanismo é denominado escape da aldosterona. Agora, quando a aldosterona não estiver sendo liberada podemos ter um choque circulatório (hipovolemia). Obs: Aumento da Aldosterona = hipocalemia – Fraqueza muscular. Diminuição da aldosterona = hipercalemia – Toxicidade cardíaca grave. O alto nível de aldosterona faz com que o hidrogênio seja trocado pelo sódio provocando uma alcalose metabólica moderada. Funções dos Glicocorticóides Como glicocorticóide é fundamentalmente representado pelo cortisol = hidrocortisona. - O receptor para o cortisol e para aldosterona são os mesmos, logo, quando o cortisol é sintetizado, imediatamente é convertido em hidrocortisona, não ligando-se ao receptor da aldosterona. Efeitos do cortisol sobre os carboidratos Estimulação da gliconeogênese: aumento das enzimas para conversão de aminoácidos em glicose no fígado – via tradução. Cortisol mobiliza proteínas dos músculos para serem transformadas em glicose = gliconeogênese. Inibição da utilização de glicose pelas células – inibem oxidação do NADH. Conclusão: estes dois efeitos citados acima faz com que a glicemia aumente muito = “efeito diabetogênico” – diabetes adrenal. - Diz-se que: o diabetes hipofisário é fracamente sensível à insulina enquanto o diabetes adrenal é moderadamente sensível à insulina e o diabetes pancreático fortemente sensível à insulina. 2 Efeito do cortisol sobre as gorduras Efeito do cortisol sobre as proteínas - Mobilização Há redução das proteínas celulares – dos músculos (originando fraqueza) e tecidos linfóides (imunodepressão). Aumento das proteínas hepáticas e plasmáticas – são exceções às depleções protéicas observadas em quase todo o organismo. Conclusão: o cortisol diminui o transporte protéico para as células extra-hepáticas, aumenta os aminoácidos no plasma e nas células intra-hepáticas – aumento da gliconeogênese (hepática). • O cortisol tem 2 efeitos antiinflamatórios • 1. Pode liberar os processos inflamatórios antes mesmos de começarem: a) Cortisol dificulta o rompimento das membranas dos lisossomos (enzimas proteolíticas-inflamatórias são diminuídas). b) Permeabilidade capilar é diminuída – não há vazamento de plasma puro. c) Diminuição da formação das prostaglandinas = diminuição da fagocitose e também da migração dos leucócitos para as áreas lesadas. d) Depressão do sistema imune, diminuição da produção de linfócitos T. e) Inibição das interleucinas-1 (pirogênio leucocitário) = diminuição do processo febril = diminuição da vasodilatação. • 2. Efeito do cortisol sobre o processo de resolução da inflamação: - aumento da velocidade de cura. • Obs. Há indicação de cortisol para inflamações locais graves, quando há efeitos nocivos não da lesão mas da inflamação. • Outros efeitos do cortisol • - Efeitos sobre a alergia (o mesmo que bloqueio inflamatório): reduz o efeito da anafilaxia. - Altas doses de cortisol podem causar atrofia do tecido linfóide por todo o corpo = imunodepressão. - Alta do cortisol = policitemia. - Baixo cortisol = anemia. dos ácidos graxos dos tecidos adiposos (como não entra glicose nestas células adiposas, elas começam a liberar ácidos graxos). - Alta taxa de utilização de ácidos graxos pelas células. - Apesar da utilização dos ácidos graxos há grande estímulo para o apetite = obesidade pelo cortisol (“cara de lua”). Função do cortisol no estresse e na inflamação - Qualquer tipo de estresse = aumento da secreção de ACTH = aumento do cortisol. - Uma explicação para este fato é que o cortisol disponibiliza para o tecido lesado muito aminoácido. Em situações de traumas, fraturas, o cortisol aumenta muito. Efeitos antiinflamatótios do cortisol - O cortisol em casos de inflamações (decorrentes de infecções, traumatismos) bloqueia o processo inflamatório. - Etapas da Inflamação: 1. Liberação do tecido lesado de substâncias químicas que ativam o processo de inflamação (histamina, bradicinina, prostaglandinas). 2. Aumento do fluxo sangüíneo local lesado = eritema. 3. Vazamento de plasma puro dos capilares para área lesada seguida de coagulação do líquido tecidual = formação de edema não-depressível. 4. Infiltração da área por leucócitos. 5. Proliferação de tecido fibroso. • Regulação da secreção de cortisol • - A regulação se dá pelo ACTH. - Inicialmente o hipotálamo libera CRH que pelo sistema de vasos porta hipotalâmicos-hipofisários atingem a eminência média e a adenohipófise. O CRH funciona como um neurotransmissor ativando AMPc fazendo a liberação do ACTH. O ACTH por sua vez, atinge o córtex da supra-renal ativando novamente o sistema AMPc que forma os hormônios adrenocorticais (cortisol). Há ativação de uma proteína quinase A que converte colesterol em pregnenolona (etapa limitante da velocidade de síntese do cortisol). - Qualquer tipo de estresse mental ou físico estimula o CRH devido a sua associação com o sistema límbico. - A inibição do ACTH se dá por feedback para o hipotálamo e hipófise. - Os glicocorticóides apresentam ritmo circadiano em sua liberação (24h). • Observações: - Quando o ACTH é secretado, outros hormônios também são liberados: - MSH (hormônio melanócito estimulante); • - Beta-lipotrofina; - Beta-endorfina. • O MSH forma pigmentos pretos (melanina) na pele. O MSH em alguns animais é secretado pela parte intermédia da hipófise. O MSH é muito sensível à luz (fotosenssível). 3 Andrógenos Adrenais Secretados pelas porções reticulares do córtex da glândula supra-renal. - São responsáveis por parte do desenvolvimento dos órgãos sexuais masculinos e femininos, com grande poder masculinizante. • Anormalidades Adrenocorticais • 1. Hipoadrenalismo – Doença de Addison - Incapacidade adrenocortical (auto-imune em 80% dos casos); - Deficiência de mineralocorticóides: hipovolemia, hiponatremia, hipercalemia; - Deficiência de glicocorticóides – não haverá síntese adequada de glicose. Não haverá também proteção do cortisol sobre os diversos órgãos, logo uma simples infecção podará levar ao óbito. - Tratamento: administração de mineralocorticóides e glicocorticóides. • Obs. Há momentos de necessidades críticas de glicocorticóides = crises addisonianas. - 2. Hiperadrenalismo – Síndrome de Cushing - Hipersecreç Hipersecreção do có córtex da adrenal. - Causada: tumores secretores do cortisol ou por uma hiperplasia bilateral por exemplo. - Deposiç Deposição de gordura nas regiões torá torácicas e abdominais. - Hipertensão bem freqü freqüente. - Fraqueza – diminuiç diminuição das proteí proteínas extraextra-hepá hepáticas com imunodepressão grave. - Tratamento: remoç remoção tumoral; tumoral; diminuiç diminuição da secreç secreção de ACTH, se possí possível; adrenalectomia parcial ou total. 3. Aldosterismo Primá Primário – - Tumor na zona glomerulosa da glândula suprasupra-renal. - Hipocalemia; Hipocalemia; hipertensão; baixa renina plasmá plasmática. - Tratamento: remoç remoção tumoral. tumoral. Síndrome Adrenogenital – • - Tumor adrenocortical com altas secreções de andrógenos – características masculinizantes. - As mulheres tornam-se masculinizadas, por isso, é mais fácil fazer diagnóstico nas mulheres do que nos homens já que nestes, os sintomas confundem-se com a própria puberdade. A figura abaixo mostra um menino com 4 anos de idade e síndrome adrenogenital. 4 5